TEXTO BÍBLICO BÁSICO Judas 1.3-7,20-23 3- Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da comum salvação, tive por nece...
Judas 1.3-7,20-23
3- Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da comum salvação, tive por necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.
4- Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo.
5- Mas quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto, que, havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu, depois, os que não creram;
6- e aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande Dia;
7- assim como Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se corrompido como aqueles e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno.
20- Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo,
21 - conservai a vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna.
22- E apiedai-vos de alguns que estão duvidosos;
23 e salvai alguns, arrebatando-os do fogo; tende deles misericórdia com temor, aborrecendo até a roupa manchada da carne.
TEXTO ÁUREO
Estes são os que causam divisões, sensuais, que não têm o Espírito.
Judas 19
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1.PROPÓSITO DO LIVRO
Judas, provável irmão de Jesus e servo (δοῦλος) do Senhor, escreve para advertir contra falsos mestres que corroem a igreja por meio de heresias e imoralidade. A carta mistura condenação apocalíptica (juízo), lembranças do passado (Israel, anjos, Sodoma) e instrução pastoral (como edificar-se, orar e resgatar). É, em essência, uma defesa do depósito da fé (a “fé” entregue aos santos) e um apelo à vigilância e misericórdia.
2. EXEGESE DETALHADA (Jd 1.3–7)
2.1. Jd 1.3 — “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos”
- Texto grego relevante: πᾶσαν σπουδὴν… παρακαλῶν ἐπαγωνίζεσθαι τῇ ἅπαξ παραδοθείσῃ τοῖς ἁγίοις πίστει. (variações textuais existem; ver edição crítica).
- Palavras-chave (grego / translit. / sentido):
- σπουδή (spoudē) — “zelo, diligência, esforço intenso” (p. ex. “com toda a diligência/pressa”).
- ἐπαγωνίζεσθαι (epagōnizesthai) — “contender vigorosamente/competir (como atleta)”; aqui: “lutar/defender” a fé. A imagem é de esforço intenso, não de disputa intelectual neutra.
- πίστις (pistis) — “fé, a doutrina messiânica / confiança”.
- ἅπαξ παραδοθείσῃ (hapax paradotheisē) — “entregue/entregada uma vez por todas” — indica a completude e a unicidade do depósito da fé (depositum fidei) que não precisa ser reescrito ou acrescentado.
- Teologia: Judas move o leitor do interesse teórico (“quase escrevo sobre a salvação comum”) para o imperativo prático: defender o depósito recebido. A fé é agora patrimônio a ser guardado, não argumento flexível.
2.2. Jd 1.4 — “converter em dissolução a graça de Deus…”
- Texto grego: παρεισεδύησαν… ἀσεβεῖς, τὴν τοῦ θεοῦ ἡμῶν χάριν μετατιθέντες εἰς ἀσέλγειαν καὶ τὸν μόνον δεσπότην… ἀρνούμενοι.
- Palavras-chave:
- παρεισέδυσαν (pareisedysan) — “entraram dissimuladamente/introduziram-se” (entravam como invasores).
- ἀσεβεῖς (asebeis) — “ímpios, irreverentes”.
- χάρις (charis) — “graça” (favor gratuito de Deus).
- μετατίθεντες… εἰς ἀσέλγειαν (metatithentes… eis aselgeian) — “mudando/convertendo a graça em licenciosidade/lascívia” — grave acusação: os falsos mestres distorcem o dom da graça em pretexto para imoralidade.
- ἀρνούμενοι (arnoumenoi) — “negando/renegando” (aqui: negar o Senhor; Cristo é chamado “ὁ μόνον δεσπότης καὶ κύριος ἡμῶν Ἰησοῦς Χριστός” em alguns manuscritos).
- Teologia: A inversão da graça (usar a graça como carta branca para pecado) é um dos centros polemicos de Judas — eco de Paulo (p. ex. antinomianismo). Judas mistura denúncia moral com declaração cristológica: negar o Senhor é parte do comportamento dos hereges.
2.3. Jd 1.5–7 — Memória histórica e juízo como argumento
- Conteúdo: lembrança de três “sinais” do juízo divino: (a) o êxodo/selvamento do povo seguido da destruição dos incrédulos; (b) os anjos que “não guardaram seu principado” e foram aprisionados; (c) Sodoma e Gomorra e cidades vizinhas, “exemplo” de juízo por imoralidade (ι. e., seguiram “outra carne”).
- Palavras/glosas úteis:
- ἀγγέλους… μὴ τηρήσαντας τὴν ἑαυτῶν ἀρχήν… (anjos que não guardaram seu principado) — frase que remete a tradições judaicas sobre anjos caídos (trad. de livros intertestamentários e apocalípticos).
- ἐν ἀσέλγειᾳ / ἐπορεύθησαν ὀπίσω σαρκὸς ἑτέρας — “foram atrás de outra carne” (tradicionalmente entendido como referência à prática sexual aberrante, seja angelológico ou humano em Sodom/Gomorrah).
- Teologia / estratégia argumentativa: Judas recorre à memória coletiva (Israel, tradições angelológicas, história de Sodoma) para mostrar que Deus julgou severamente no passado — portanto não hesitará em julgar agora. Notar: ele mistura memória canônica e tradições extracânonicas/folclóricas (p.ex. Enoque; cf. Jd 14-15), não porque torne esses livros canônicos, mas porque a tradição judaica preservava certos dados que o autor usa retoricamente.
3. EXEGESE (Jd 1.20–23) — Instrução pastoral final
3.1. Versículo 20 — “edificando-vos… orando no Espírito Santo”
- Grego: ἐποικοδομοῦντες ἑαυτοὺς τῇ ἁγιωτάτῃ ὑμῶν πίστει, ἐν πνεύματι ἁγίῳ προσευχόμενοι.
- Termos:
- ἐποικοδομοῦντες (epoikodomountes) — “edificando”, construção contínua (verbo de progressão): obra espiritual que se faz uns aos outros e a si mesmos.
- ἁγιωτάτῃ (hagiotatē) — superlativo: “a mais santa / santíssima” (= a fé sagrada). Indica a dignidade e reverência do conteúdo da fé.
- ἐν πνεύματι ἁγίῳ (en pneumati hagiō) — “no Espírito Santo” / “no Espírito” — oração inspirada e guiada por Deus; dimensão carismática ou pneumática no cultivo da vida cristã.
- Aplicação: construir a vida espiritual implica disciplina (estudo, comunhão, disciplina moral) e oração dependente do Espírito — não mera técnica humana.
3.2. Versículo 21 — “conservai a vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia…”
- Grego: ἑαυτοὺς ἐν ἀγάπῃ θεοῦ τηρήσατε, προσδεχόμενοι τὸ ἔλεος τοῦ κυρίου ἡμῶν Ἰησοῦ Χριστοῦ εἰς ζωὴν αἰώνιον.
- Termos:
- τηρήσατε (tērēsate) — “conserveis, guardai, preservai” — verbo imperativo, ação contínua de guarda dentro do amor de Deus.
- προσδεχόμενοι (prosd e chomenoi) — “aguardando/esperando atentamente” — esperança ativa que espera a misericórdia (ἔλεος) que traz vida eterna.
- Teologia: observa-se aqui um tenso equilíbrio: ação humana (guardar-se) e esperança/depender da misericórdia de Cristo (salvação como dom que se espera). A exortação não contradiz a doutrina da graça: ela indica a resposta fiel à misericórdia prometida.
3.3. Versículos 22–23 — prática pastoral de misericórdia e disciplina
- Grego (NA): ἐλεᾶτε τοὺς δὲ ὑποπτεύοντας· σῴζετε ἐκ πυρὸς ἁρπάζοντες, οὓς δὲ ἐλεᾶτε ἐν φόβῳ, μισοῦντες καὶ τὸν ἀπὸ τῆς σαρκὸς ἐσπιλωμένον χιτῶνα. (variações textuais existem: ordem e formas verbais).
- Palavras/idéias:
- ἐλεᾶτε / ἐλεεῖτε (elea te / eileite) — “sejam compassivos/tenham misericórdia com” (imperativo pastoral).
- σῴζετε ἐκ πυρὸς ἁρπάζοντες (sōzete ek puros harpazontes) — “salvai, arrebatando do fogo” — linguagem forte, imagem de resgate urgente.
- μισοῦντες… τὸν… χιτῶνα ἐσπιλωμένον (misountes… chitōna espilōmenon) — “odiando até a roupa manchada pela carne” — provavelmente: “aborrecendo a roupa manchada pela carne” = não tolerar a impureza; mas traduzido pastoralmente: amar a pessoa mas abominar o pecado (ou não associar-se com a sujeira moral).
- Aplicação pastoral: duas dimensões — misericórdia proativa (aos que duvidam; aos que podem ser resgatados) e discernimento/repúdio frente ao pecado enraizado (não se identifique com a imundícia moral). É uma mistura difícil: cuidado pastoral + firmeza contra a contaminação do pecado.
4. TEXTO ÁUREO — Jd 1.19 (comentário sobre o versículo-áureo)
“Estes são os que causam divisões, sensuais, que não têm o Espírito.”
- Grego: Οὗτοί εἰσιν οἱ ἀποδιορίζοντες, ψυχικοί, πνεῦμα μὴ ἔχοντες.
- Palavras:
- ἀποδιορίζοντες (apodiorizontes) — vocábulo raro; significa “os que provocam separações/divisões” (daí a tradução “causam divisões” ou “os sectários”). O termo aparece aqui como acusação sociológica: criadores de cisões internas.
- ψυχικοί (psychikoi) — “psíquicos, naturais, mundanos” (comparado a “pneumatikoi”, espirituais). Denota pessoas dominadas pelo “ψυχή” (alma/faculdade natural), não pelo Espírito.
- πνεῦμα μὴ ἔχοντες (pneuma mē echontes) — “não tendo o Espírito” — afirmação direta: sua falta de espiritualidade autêntica se evidencia em divisões e sensualidade.
- Teologia / aplicação: Judas contrasta psíquico vs. pneumatikon (não são apenas “fracos” — são essencialmente desprovidos do Espírito). A acusação é dura: divisores, sensuais, destituídos do Espírito — plantam cisões e desviam a comunidade. Para a igreja hoje: advertência clara contra líderes/carismas que geram separação e promovem comportamento sensual sob pretexto do “evangelho”.
5. NOTAS TEOLÓGICAS GERAIS E APLICAÇÃO PESSOAL
- A fé como depósito (depositum fidei): Judas insiste que a fé foi “once for all” (ἅπαξ) entregue; a missão dos confessores é preservá-la — não reescrevê-la. Aplicação: não relativizar o núcleo do Evangelho por moda teológica.
- A graça não é licença para pecado: homens que “convertem a graça em lascívia” lembram o perigo do antinomianismo. Aplicação pessoal: examine como você entende “graça” — libertação que dá poder para santidade, não pretexto para autoindulgência.
- Juízo histórico e responsabilidade moral: passagens sobre anjos e Sodoma mostram que Deus julga quando a rebelião e a perversidade se institucionalizam. Aplicação: levar a sério a santidade da comunidade e a correção fraterna.
- Prática pastoral equilibrada: instrução final (20–23) equilibra edificação pessoal, oração dependente do Espírito, preservação no amor de Deus, esperança ativa e resgate misericordioso — um modelo para liderança pastoral hoje.
6. TABELA EXPOSITIVA (resumo para uso em slide/ficha)
Texto / Frase
Grego (lemma ± translit.)
Sentido léxico
Nota teológica
Aplicação prática
“com toda a diligência… contendei pela fé” (1.3)
σπουδή (spoudē) ; ἐπαγωνίζεσθαι (epagōnizesthai)
esforço, luta ativa
Fé = depósito a guardar; linguagem de luta espiritual.
Vigiar doutrina; formar defesa apologética e vida piedosa.
“converteram a graça… em lascívia” (1.4)
χάρις → μετατίθημι… εἰς ἀσέλγεια
transformar/virar a graça em imoralidade
Alerta contra antinomianismo
Defender que graça produz santidade, não indulgência.
“anjos… não guardaram seu principado” (1.6)
ἀγγέλους… μὴ τηρήσαντας τὴν ἑαυτῶν ἀρχήν
anjos que deixaram sua esfera
Uso de tradição judaica; juízo aplicável
Lembrar consequências da desobediência cósmica.
“edificando-vos… orando no Espírito” (20)
ἐποικοδομοῦντες… ἐν πνεύματι ἁγίῳ
construir progressivamente, no Espírito
Christian formation = pneumatica + prática
Vida devocional: estudo + oração guiada pelo Espírito.
“conservai-vos no amor de Deus… esperando a misericórdia” (21)
τηρήσατε… προσδεχόμενοι τὸ ἔλεος… εἰς ζωὴν αἰώνιον
guardar/esperar
Guarda ativa + esperança escatológica
Vida de perseverança, esperança ativa.
“causam divisões, sensuais, que não têm o Espírito” (19)
ἀποδιορίζοντες; ψυχικοί; πνεῦμα μὴ ἔχοντες
divisores; mundanos; sem Espírito
Contraste: ‘psíquico’ vs ‘pneumatikon’
Discernir líderes; rejeitar divisões e moral laxismo.
7. BIBLIOGRAFIA / LEITURAS RECOMENDADAS (acadêmicas)
- Peter H. Davids, The Letters of 2 Peter and Jude (Pillar NT Commentary).
- Richard J. Bauckham, Jude & 2 Peter (Word Biblical Commentary).
- Douglas J. Moo, 2 Peter & Jude (NIV Application Commentary).
- Gene L. Green / Robert W. Yarbrough, Jude & 2 Peter (Baker Exegetical Commentary on the NT).
- Para análise léxica: léxicos padrões (BDAG — A Greek-English Lexicon of the NT and Other Early Christian Literature).
8. POSSÍVEIS PERGUNTAS PARA DISCUSSÃO (EBD / JOVENS / PEQUENOS GRUPOS)
- O que significa “a fé que foi entregue uma vez por todas”? Quais limites e flexibilidade há na tradição cristã?
- Como hoje podemos “converter a graça em lascívia” — quais são as tentações contemporâneas desse erro?
- Qual é o equilíbrio entre misericórdia (resgatar do fogo) e discernimento (odiar a roupa manchada)? Como aplicá-lo pastoralmente?
- Como reconhecer “os que causam divisões” na prática local da igreja? Que medidas bíblicas tomaríamos?
9. Síntese final
Judas combina teologia do juízo e prática pastoral: denuncia forte contra heresia/imoralidade (1.3–16), usa memória histórica para sustentar o argumento (1.5–7, 14–15), e fecha com um trio de instruções pastorais (edifiquem-se, guardem-se no amor, resgatem com misericórdia). Linguisticamente, o autor usa verbos de ação vigorosa (ἐπαγωνίζεσθαι, μετατίθημι, ἐποικοδομοῦντες, τηρήσατε, σῴζετε) — isto é, a fé exige resposta ativa e espiritualmente orientada, não mero intelecto ou passividade. (Textos gregos e notas: consultados e referenciados acima).
1.PROPÓSITO DO LIVRO
Judas, provável irmão de Jesus e servo (δοῦλος) do Senhor, escreve para advertir contra falsos mestres que corroem a igreja por meio de heresias e imoralidade. A carta mistura condenação apocalíptica (juízo), lembranças do passado (Israel, anjos, Sodoma) e instrução pastoral (como edificar-se, orar e resgatar). É, em essência, uma defesa do depósito da fé (a “fé” entregue aos santos) e um apelo à vigilância e misericórdia.
2. EXEGESE DETALHADA (Jd 1.3–7)
2.1. Jd 1.3 — “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos”
- Texto grego relevante: πᾶσαν σπουδὴν… παρακαλῶν ἐπαγωνίζεσθαι τῇ ἅπαξ παραδοθείσῃ τοῖς ἁγίοις πίστει. (variações textuais existem; ver edição crítica).
- Palavras-chave (grego / translit. / sentido):
- σπουδή (spoudē) — “zelo, diligência, esforço intenso” (p. ex. “com toda a diligência/pressa”).
- ἐπαγωνίζεσθαι (epagōnizesthai) — “contender vigorosamente/competir (como atleta)”; aqui: “lutar/defender” a fé. A imagem é de esforço intenso, não de disputa intelectual neutra.
- πίστις (pistis) — “fé, a doutrina messiânica / confiança”.
- ἅπαξ παραδοθείσῃ (hapax paradotheisē) — “entregue/entregada uma vez por todas” — indica a completude e a unicidade do depósito da fé (depositum fidei) que não precisa ser reescrito ou acrescentado.
- Teologia: Judas move o leitor do interesse teórico (“quase escrevo sobre a salvação comum”) para o imperativo prático: defender o depósito recebido. A fé é agora patrimônio a ser guardado, não argumento flexível.
2.2. Jd 1.4 — “converter em dissolução a graça de Deus…”
- Texto grego: παρεισεδύησαν… ἀσεβεῖς, τὴν τοῦ θεοῦ ἡμῶν χάριν μετατιθέντες εἰς ἀσέλγειαν καὶ τὸν μόνον δεσπότην… ἀρνούμενοι.
- Palavras-chave:
- παρεισέδυσαν (pareisedysan) — “entraram dissimuladamente/introduziram-se” (entravam como invasores).
- ἀσεβεῖς (asebeis) — “ímpios, irreverentes”.
- χάρις (charis) — “graça” (favor gratuito de Deus).
- μετατίθεντες… εἰς ἀσέλγειαν (metatithentes… eis aselgeian) — “mudando/convertendo a graça em licenciosidade/lascívia” — grave acusação: os falsos mestres distorcem o dom da graça em pretexto para imoralidade.
- ἀρνούμενοι (arnoumenoi) — “negando/renegando” (aqui: negar o Senhor; Cristo é chamado “ὁ μόνον δεσπότης καὶ κύριος ἡμῶν Ἰησοῦς Χριστός” em alguns manuscritos).
- Teologia: A inversão da graça (usar a graça como carta branca para pecado) é um dos centros polemicos de Judas — eco de Paulo (p. ex. antinomianismo). Judas mistura denúncia moral com declaração cristológica: negar o Senhor é parte do comportamento dos hereges.
2.3. Jd 1.5–7 — Memória histórica e juízo como argumento
- Conteúdo: lembrança de três “sinais” do juízo divino: (a) o êxodo/selvamento do povo seguido da destruição dos incrédulos; (b) os anjos que “não guardaram seu principado” e foram aprisionados; (c) Sodoma e Gomorra e cidades vizinhas, “exemplo” de juízo por imoralidade (ι. e., seguiram “outra carne”).
- Palavras/glosas úteis:
- ἀγγέλους… μὴ τηρήσαντας τὴν ἑαυτῶν ἀρχήν… (anjos que não guardaram seu principado) — frase que remete a tradições judaicas sobre anjos caídos (trad. de livros intertestamentários e apocalípticos).
- ἐν ἀσέλγειᾳ / ἐπορεύθησαν ὀπίσω σαρκὸς ἑτέρας — “foram atrás de outra carne” (tradicionalmente entendido como referência à prática sexual aberrante, seja angelológico ou humano em Sodom/Gomorrah).
- Teologia / estratégia argumentativa: Judas recorre à memória coletiva (Israel, tradições angelológicas, história de Sodoma) para mostrar que Deus julgou severamente no passado — portanto não hesitará em julgar agora. Notar: ele mistura memória canônica e tradições extracânonicas/folclóricas (p.ex. Enoque; cf. Jd 14-15), não porque torne esses livros canônicos, mas porque a tradição judaica preservava certos dados que o autor usa retoricamente.
3. EXEGESE (Jd 1.20–23) — Instrução pastoral final
3.1. Versículo 20 — “edificando-vos… orando no Espírito Santo”
- Grego: ἐποικοδομοῦντες ἑαυτοὺς τῇ ἁγιωτάτῃ ὑμῶν πίστει, ἐν πνεύματι ἁγίῳ προσευχόμενοι.
- Termos:
- ἐποικοδομοῦντες (epoikodomountes) — “edificando”, construção contínua (verbo de progressão): obra espiritual que se faz uns aos outros e a si mesmos.
- ἁγιωτάτῃ (hagiotatē) — superlativo: “a mais santa / santíssima” (= a fé sagrada). Indica a dignidade e reverência do conteúdo da fé.
- ἐν πνεύματι ἁγίῳ (en pneumati hagiō) — “no Espírito Santo” / “no Espírito” — oração inspirada e guiada por Deus; dimensão carismática ou pneumática no cultivo da vida cristã.
- Aplicação: construir a vida espiritual implica disciplina (estudo, comunhão, disciplina moral) e oração dependente do Espírito — não mera técnica humana.
3.2. Versículo 21 — “conservai a vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia…”
- Grego: ἑαυτοὺς ἐν ἀγάπῃ θεοῦ τηρήσατε, προσδεχόμενοι τὸ ἔλεος τοῦ κυρίου ἡμῶν Ἰησοῦ Χριστοῦ εἰς ζωὴν αἰώνιον.
- Termos:
- τηρήσατε (tērēsate) — “conserveis, guardai, preservai” — verbo imperativo, ação contínua de guarda dentro do amor de Deus.
- προσδεχόμενοι (prosd e chomenoi) — “aguardando/esperando atentamente” — esperança ativa que espera a misericórdia (ἔλεος) que traz vida eterna.
- Teologia: observa-se aqui um tenso equilíbrio: ação humana (guardar-se) e esperança/depender da misericórdia de Cristo (salvação como dom que se espera). A exortação não contradiz a doutrina da graça: ela indica a resposta fiel à misericórdia prometida.
3.3. Versículos 22–23 — prática pastoral de misericórdia e disciplina
- Grego (NA): ἐλεᾶτε τοὺς δὲ ὑποπτεύοντας· σῴζετε ἐκ πυρὸς ἁρπάζοντες, οὓς δὲ ἐλεᾶτε ἐν φόβῳ, μισοῦντες καὶ τὸν ἀπὸ τῆς σαρκὸς ἐσπιλωμένον χιτῶνα. (variações textuais existem: ordem e formas verbais).
- Palavras/idéias:
- ἐλεᾶτε / ἐλεεῖτε (elea te / eileite) — “sejam compassivos/tenham misericórdia com” (imperativo pastoral).
- σῴζετε ἐκ πυρὸς ἁρπάζοντες (sōzete ek puros harpazontes) — “salvai, arrebatando do fogo” — linguagem forte, imagem de resgate urgente.
- μισοῦντες… τὸν… χιτῶνα ἐσπιλωμένον (misountes… chitōna espilōmenon) — “odiando até a roupa manchada pela carne” — provavelmente: “aborrecendo a roupa manchada pela carne” = não tolerar a impureza; mas traduzido pastoralmente: amar a pessoa mas abominar o pecado (ou não associar-se com a sujeira moral).
- Aplicação pastoral: duas dimensões — misericórdia proativa (aos que duvidam; aos que podem ser resgatados) e discernimento/repúdio frente ao pecado enraizado (não se identifique com a imundícia moral). É uma mistura difícil: cuidado pastoral + firmeza contra a contaminação do pecado.
4. TEXTO ÁUREO — Jd 1.19 (comentário sobre o versículo-áureo)
“Estes são os que causam divisões, sensuais, que não têm o Espírito.”
- Grego: Οὗτοί εἰσιν οἱ ἀποδιορίζοντες, ψυχικοί, πνεῦμα μὴ ἔχοντες.
- Palavras:
- ἀποδιορίζοντες (apodiorizontes) — vocábulo raro; significa “os que provocam separações/divisões” (daí a tradução “causam divisões” ou “os sectários”). O termo aparece aqui como acusação sociológica: criadores de cisões internas.
- ψυχικοί (psychikoi) — “psíquicos, naturais, mundanos” (comparado a “pneumatikoi”, espirituais). Denota pessoas dominadas pelo “ψυχή” (alma/faculdade natural), não pelo Espírito.
- πνεῦμα μὴ ἔχοντες (pneuma mē echontes) — “não tendo o Espírito” — afirmação direta: sua falta de espiritualidade autêntica se evidencia em divisões e sensualidade.
- Teologia / aplicação: Judas contrasta psíquico vs. pneumatikon (não são apenas “fracos” — são essencialmente desprovidos do Espírito). A acusação é dura: divisores, sensuais, destituídos do Espírito — plantam cisões e desviam a comunidade. Para a igreja hoje: advertência clara contra líderes/carismas que geram separação e promovem comportamento sensual sob pretexto do “evangelho”.
5. NOTAS TEOLÓGICAS GERAIS E APLICAÇÃO PESSOAL
- A fé como depósito (depositum fidei): Judas insiste que a fé foi “once for all” (ἅπαξ) entregue; a missão dos confessores é preservá-la — não reescrevê-la. Aplicação: não relativizar o núcleo do Evangelho por moda teológica.
- A graça não é licença para pecado: homens que “convertem a graça em lascívia” lembram o perigo do antinomianismo. Aplicação pessoal: examine como você entende “graça” — libertação que dá poder para santidade, não pretexto para autoindulgência.
- Juízo histórico e responsabilidade moral: passagens sobre anjos e Sodoma mostram que Deus julga quando a rebelião e a perversidade se institucionalizam. Aplicação: levar a sério a santidade da comunidade e a correção fraterna.
- Prática pastoral equilibrada: instrução final (20–23) equilibra edificação pessoal, oração dependente do Espírito, preservação no amor de Deus, esperança ativa e resgate misericordioso — um modelo para liderança pastoral hoje.
6. TABELA EXPOSITIVA (resumo para uso em slide/ficha)
Texto / Frase | Grego (lemma ± translit.) | Sentido léxico | Nota teológica | Aplicação prática |
“com toda a diligência… contendei pela fé” (1.3) | σπουδή (spoudē) ; ἐπαγωνίζεσθαι (epagōnizesthai) | esforço, luta ativa | Fé = depósito a guardar; linguagem de luta espiritual. | Vigiar doutrina; formar defesa apologética e vida piedosa. |
“converteram a graça… em lascívia” (1.4) | χάρις → μετατίθημι… εἰς ἀσέλγεια | transformar/virar a graça em imoralidade | Alerta contra antinomianismo | Defender que graça produz santidade, não indulgência. |
“anjos… não guardaram seu principado” (1.6) | ἀγγέλους… μὴ τηρήσαντας τὴν ἑαυτῶν ἀρχήν | anjos que deixaram sua esfera | Uso de tradição judaica; juízo aplicável | Lembrar consequências da desobediência cósmica. |
“edificando-vos… orando no Espírito” (20) | ἐποικοδομοῦντες… ἐν πνεύματι ἁγίῳ | construir progressivamente, no Espírito | Christian formation = pneumatica + prática | Vida devocional: estudo + oração guiada pelo Espírito. |
“conservai-vos no amor de Deus… esperando a misericórdia” (21) | τηρήσατε… προσδεχόμενοι τὸ ἔλεος… εἰς ζωὴν αἰώνιον | guardar/esperar | Guarda ativa + esperança escatológica | Vida de perseverança, esperança ativa. |
“causam divisões, sensuais, que não têm o Espírito” (19) | ἀποδιορίζοντες; ψυχικοί; πνεῦμα μὴ ἔχοντες | divisores; mundanos; sem Espírito | Contraste: ‘psíquico’ vs ‘pneumatikon’ | Discernir líderes; rejeitar divisões e moral laxismo. |
7. BIBLIOGRAFIA / LEITURAS RECOMENDADAS (acadêmicas)
- Peter H. Davids, The Letters of 2 Peter and Jude (Pillar NT Commentary).
- Richard J. Bauckham, Jude & 2 Peter (Word Biblical Commentary).
- Douglas J. Moo, 2 Peter & Jude (NIV Application Commentary).
- Gene L. Green / Robert W. Yarbrough, Jude & 2 Peter (Baker Exegetical Commentary on the NT).
- Para análise léxica: léxicos padrões (BDAG — A Greek-English Lexicon of the NT and Other Early Christian Literature).
8. POSSÍVEIS PERGUNTAS PARA DISCUSSÃO (EBD / JOVENS / PEQUENOS GRUPOS)
- O que significa “a fé que foi entregue uma vez por todas”? Quais limites e flexibilidade há na tradição cristã?
- Como hoje podemos “converter a graça em lascívia” — quais são as tentações contemporâneas desse erro?
- Qual é o equilíbrio entre misericórdia (resgatar do fogo) e discernimento (odiar a roupa manchada)? Como aplicá-lo pastoralmente?
- Como reconhecer “os que causam divisões” na prática local da igreja? Que medidas bíblicas tomaríamos?
9. Síntese final
Judas combina teologia do juízo e prática pastoral: denuncia forte contra heresia/imoralidade (1.3–16), usa memória histórica para sustentar o argumento (1.5–7, 14–15), e fecha com um trio de instruções pastorais (edifiquem-se, guardem-se no amor, resgatem com misericórdia). Linguisticamente, o autor usa verbos de ação vigorosa (ἐπαγωνίζεσθαι, μετατίθημι, ἐποικοδομοῦντες, τηρήσατε, σῴζετε) — isto é, a fé exige resposta ativa e espiritualmente orientada, não mero intelecto ou passividade. (Textos gregos e notas: consultados e referenciados acima).
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª feira - Judas 6; 2 Pedro 2.4
Anjos caídos aguardam o juízo eterno de Deus
3ª feira - Zacarias 3.2; Judas 9
O Senhor repreende Satanás
4ª feira - Isaías 5.18-22; Judas 11
Ai dos rebeldes e soberbos; busque a justiça
5ª feira - 2 Pedro 2.13; Judas 12
Falsos líderes são nódoas nas reuniões do Senhor
6ª feira - Judas 20; Colossenses 2.7
Edifiquem-se na fé e permaneçam firmes em Cristo
Sábado - Judas 23; Zacarias 3.2-4
Resgate os perdidos, mas odeie o pecado
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
📌 2ª feira – Judas 6; 2 Pedro 2.4
Tema: Anjos caídos aguardam o juízo eterno de Deus
Judas 6 descreve os anjos que “não guardaram (gr. τηρέω, tēreō = guardar, vigiar, preservar) o seu principado” e foram “reservados (gr. τηρέω novamente, mas agora com sentido judicial) em prisões eternas”. Pedro (2 Pe 2.4) usa ταρταρόω (tartaróō = lançar no Tártaro), termo raro, para mostrar a severidade do juízo. A rebelião angelical, ao abandonar a esfera que Deus lhes havia designado, mostra que nem mesmo os seres celestes escapam da justiça divina.
📖 Aplicação: Se Deus julgou anjos, quanto mais julgará os homens que distorcem sua Palavra (cf. Hb 2.2-3).
📌 3ª feira – Zacarias 3.2; Judas 9
Tema: O Senhor repreende Satanás
Em Zacarias 3.2, o Anjo do Senhor repreende Satanás com autoridade direta: “O Senhor te repreende” (YHWH yigaʿar bekā). Judas 9 retoma o episódio com Miguel, que usa a mesma fórmula: “O Senhor te repreenda” (gr. ἐπιτιμήσαι σοι Κύριος, epitimēsai soi Kyrios). A diferença verbal é notável: em Zacarias está no indicativo (ação já realizada), em Judas no subjuntivo (ação invocada a acontecer). A teologia reforça que a vitória pertence a Deus, não a Miguel.
📖 Aplicação: Nossa luta espiritual (Ef 6.12) não depende de bravatas pessoais, mas da autoridade do Senhor.
📌 4ª feira – Isaías 5.18-22; Judas 11
Tema: Ai dos rebeldes e soberbos; busque a justiça
Isaías denuncia os que “atraem a iniquidade com cordas de falsidade” (ḥebel = corda, símbolo de laço mortal). Judas 11 aplica a mesma advertência contra os hereges, ligando-os a Caim, Balaão e Corá — três exemplos de soberba, ganância e rebelião. O “ai” (hebr. hoy) é expressão profética de lamento e julgamento inevitável.
📖 Aplicação: O orgulho espiritual é tão destrutivo quanto a idolatria. Precisamos viver em humildade e submissão à Palavra.
📌 5ª feira – 2 Pedro 2.13; Judas 12
Tema: Falsos líderes são nódoas nas reuniões do Senhor
Pedro e Judas denunciam líderes hereges como “nódoas” (gr. σπίλοι, spiloi = manchas vergonhosas) nas reuniões de comunhão (agapai, festas de fraternidade). Judas os chama de “nuvens sem água” (nephelai anydroi), metáfora de esterilidade e instabilidade. Esses líderes não só vivem em pecado, mas contaminam o culto e a vida comunitária.
📖 Aplicação: O culto deve ser preservado em santidade; falsos mestres podem transformar celebrações em escândalo.
📌 6ª feira – Judas 20; Colossenses 2.7
Tema: Edifiquem-se na fé e permaneçam firmes em Cristo
Judas orienta os crentes: “edificando-vos (gr. ἐποικοδομέω, epoikodomeō = construir sobre um fundamento) sobre a vossa santíssima fé”. Paulo (Cl 2.7) usa termos semelhantes: “arraigados (gr. ῥιζόω, rhizoō = enraizados) e edificados em Cristo”. A fé cristã é um alicerce inabalável, mas exige manutenção pela oração e obediência.
📖 Aplicação: O crente não pode viver de uma fé herdada, mas de uma fé cultivada diariamente.
📌 Sábado – Judas 23; Zacarias 3.2-4
Tema: Resgate os perdidos, mas odeie o pecado
Judas exorta: “salvai alguns, arrebatando-os (gr. ἁρπάζω, harpazō = arrancar com força) do fogo”. A metáfora se inspira em Zacarias 3.2-4, quando Josué, o sumo sacerdote, é retirado do fogo e purificado. A ordem de “odiar até a roupa manchada da carne” (Jd 23) mostra que a misericórdia deve caminhar junto com a santidade.
📖 Aplicação: Devemos amar os pecadores e resgatá-los, mas sem negociar os padrões de santidade de Deus.
📊 TABELA EXPOSITIVA
Dia
Texto
Palavra-chave (hebr./gr.)
Ênfase Teológica
Aplicação
2ª
Jd 6; 2 Pe 2.4
tartaróō (lançar no Tártaro)
Anjos rebeldes já estão sob juízo
Temer a santidade de Deus
3ª
Zc 3.2; Jd 9
epitimēsai (repreender)
Autoridade pertence a Deus, não a Miguel
Confiar na autoridade do Senhor
4ª
Is 5.18-22; Jd 11
hoy (ai, lamento)
Orgulho e rebeldia atraem juízo
Viver em humildade
5ª
2 Pe 2.13; Jd 12
spiloi (nódoas)
Hereges contaminam a comunhão
Preservar santidade no culto
6ª
Jd 20; Cl 2.7
epoikodomeō (edificar)
Fé é fundamento inabalável
Crescer continuamente na fé
Sáb
Jd 23; Zc 3.2-4
harpazō (arrebatar)
Resgate exige santidade e compaixão
Salvar o perdido sem comprometer a santidade
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
📌 2ª feira – Judas 6; 2 Pedro 2.4
Tema: Anjos caídos aguardam o juízo eterno de Deus
Judas 6 descreve os anjos que “não guardaram (gr. τηρέω, tēreō = guardar, vigiar, preservar) o seu principado” e foram “reservados (gr. τηρέω novamente, mas agora com sentido judicial) em prisões eternas”. Pedro (2 Pe 2.4) usa ταρταρόω (tartaróō = lançar no Tártaro), termo raro, para mostrar a severidade do juízo. A rebelião angelical, ao abandonar a esfera que Deus lhes havia designado, mostra que nem mesmo os seres celestes escapam da justiça divina.
📖 Aplicação: Se Deus julgou anjos, quanto mais julgará os homens que distorcem sua Palavra (cf. Hb 2.2-3).
📌 3ª feira – Zacarias 3.2; Judas 9
Tema: O Senhor repreende Satanás
Em Zacarias 3.2, o Anjo do Senhor repreende Satanás com autoridade direta: “O Senhor te repreende” (YHWH yigaʿar bekā). Judas 9 retoma o episódio com Miguel, que usa a mesma fórmula: “O Senhor te repreenda” (gr. ἐπιτιμήσαι σοι Κύριος, epitimēsai soi Kyrios). A diferença verbal é notável: em Zacarias está no indicativo (ação já realizada), em Judas no subjuntivo (ação invocada a acontecer). A teologia reforça que a vitória pertence a Deus, não a Miguel.
📖 Aplicação: Nossa luta espiritual (Ef 6.12) não depende de bravatas pessoais, mas da autoridade do Senhor.
📌 4ª feira – Isaías 5.18-22; Judas 11
Tema: Ai dos rebeldes e soberbos; busque a justiça
Isaías denuncia os que “atraem a iniquidade com cordas de falsidade” (ḥebel = corda, símbolo de laço mortal). Judas 11 aplica a mesma advertência contra os hereges, ligando-os a Caim, Balaão e Corá — três exemplos de soberba, ganância e rebelião. O “ai” (hebr. hoy) é expressão profética de lamento e julgamento inevitável.
📖 Aplicação: O orgulho espiritual é tão destrutivo quanto a idolatria. Precisamos viver em humildade e submissão à Palavra.
📌 5ª feira – 2 Pedro 2.13; Judas 12
Tema: Falsos líderes são nódoas nas reuniões do Senhor
Pedro e Judas denunciam líderes hereges como “nódoas” (gr. σπίλοι, spiloi = manchas vergonhosas) nas reuniões de comunhão (agapai, festas de fraternidade). Judas os chama de “nuvens sem água” (nephelai anydroi), metáfora de esterilidade e instabilidade. Esses líderes não só vivem em pecado, mas contaminam o culto e a vida comunitária.
📖 Aplicação: O culto deve ser preservado em santidade; falsos mestres podem transformar celebrações em escândalo.
📌 6ª feira – Judas 20; Colossenses 2.7
Tema: Edifiquem-se na fé e permaneçam firmes em Cristo
Judas orienta os crentes: “edificando-vos (gr. ἐποικοδομέω, epoikodomeō = construir sobre um fundamento) sobre a vossa santíssima fé”. Paulo (Cl 2.7) usa termos semelhantes: “arraigados (gr. ῥιζόω, rhizoō = enraizados) e edificados em Cristo”. A fé cristã é um alicerce inabalável, mas exige manutenção pela oração e obediência.
📖 Aplicação: O crente não pode viver de uma fé herdada, mas de uma fé cultivada diariamente.
📌 Sábado – Judas 23; Zacarias 3.2-4
Tema: Resgate os perdidos, mas odeie o pecado
Judas exorta: “salvai alguns, arrebatando-os (gr. ἁρπάζω, harpazō = arrancar com força) do fogo”. A metáfora se inspira em Zacarias 3.2-4, quando Josué, o sumo sacerdote, é retirado do fogo e purificado. A ordem de “odiar até a roupa manchada da carne” (Jd 23) mostra que a misericórdia deve caminhar junto com a santidade.
📖 Aplicação: Devemos amar os pecadores e resgatá-los, mas sem negociar os padrões de santidade de Deus.
📊 TABELA EXPOSITIVA
Dia | Texto | Palavra-chave (hebr./gr.) | Ênfase Teológica | Aplicação |
2ª | Jd 6; 2 Pe 2.4 | tartaróō (lançar no Tártaro) | Anjos rebeldes já estão sob juízo | Temer a santidade de Deus |
3ª | Zc 3.2; Jd 9 | epitimēsai (repreender) | Autoridade pertence a Deus, não a Miguel | Confiar na autoridade do Senhor |
4ª | Is 5.18-22; Jd 11 | hoy (ai, lamento) | Orgulho e rebeldia atraem juízo | Viver em humildade |
5ª | 2 Pe 2.13; Jd 12 | spiloi (nódoas) | Hereges contaminam a comunhão | Preservar santidade no culto |
6ª | Jd 20; Cl 2.7 | epoikodomeō (edificar) | Fé é fundamento inabalável | Crescer continuamente na fé |
Sáb | Jd 23; Zc 3.2-4 | harpazō (arrebatar) | Resgate exige santidade e compaixão | Salvar o perdido sem comprometer a santidade |
OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá:
- reconhecer que a Igreja do Senhor pode ter pessoas que não foram enviadas por Deus;
- compreender que indivíduos de mau-caráter não só prejudicam o testemunho cristão, mas também causam divisões no Corpo de Cristo;
- entender que, quanto aos santos, todo esforço deve ser feito para levar os perdidos ao arrependimento e à salvação.
Este blog foi feito com muito carinho 💝 para você. Ajude-nos 🙏 Envie uma oferta pelo Pix/e-mail: pecadorconfesso@hotmail.com de qualquer valor e você estará colaborando para que esse blog continue trazendo conteúdo exclusivo e de edificação para a sua vida.
CLIQUE NA IMAGEM E CONFIRA AS REVISTAS EM PDF PARA O 4º TRIMESTRE
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Prezado professor, ao abordar esta lição, adote uma postura de vigilância e discernimento. Enfatize a importância de reconhecer que nem todos na Igreja são enviados por Deus e que a presença de pessoas com intenções erradas pode afetar a comunidade.
Ao explicar sobre os falsos mestres e os detratores, procure destacar a responsabilidade dos cristãos em preservar a pureza da fé, sem cair em julgamentos precipitados, mas sempre agindo com amor e verdade. Incentive a reflexão sobre a necessidade de buscar e salvar os perdidos, lembrando que, conforme Judas ensina, todo esforço deve ser feito para restaurar aqueles que ainda podem ser alcançados, agindo com compaixão e temor.
Boa aula!
DINAMICA EXTRA
Comentário de Hubner Braz
🎯 Dinâmica: “Defendendo a Fé, Lutando Juntos”
Texto-base: Judas 3 – “... batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.”
🎲 Objetivo
- Levar os alunos a compreenderem que a vida cristã é uma batalha espiritual.
- Mostrar a importância da unidade da Igreja contra os falsos ensinos.
- Refletir que nossa luta não é contra pessoas, mas contra ideologias e influências malignas (Ef 6.12).
📌 Materiais
- Cartolinas ou folhas A4 (divididas em duas cores: azul e vermelha).
- Canetas ou pincéis.
- Fitas adesivas.
- Versículos impressos (Jd 3, Jd 20-21, Ef 6.11, 1 Pe 5.8).
📝 Passo a Passo
- Introdução (3 min):
O professor explica que Judas escreveu sua carta em tom de guerra espiritual, chamando os crentes a batalharem pela fé. - Divisão dos Grupos (5 min):
- Grupo Azul → Representa os Santos que lutam pela fé.
- Grupo Vermelho → Representa as heresias/infiltrados que tentam enfraquecer a Igreja.
- A Tarefa (10 min):
- Cada grupo recebe 3 minutos para escrever em suas cartolinas:
- Grupo Azul → Armas espirituais e atitudes que fortalecem a Igreja (oração, santidade, estudo da Palavra, comunhão, misericórdia).
- Grupo Vermelho → Ataques e estratégias dos falsos mestres (mentiras, engano, orgulho, distorção da graça, divisão).
- Confronto Simbólico (7 min):
- Cada grupo apresenta seus pontos (alternadamente).
- O professor conduz, mostrando que para cada ataque do inimigo, há uma defesa espiritual já ensinada nas Escrituras.
- Ex.: “Divisão” (vermelho) → “Unidade e amor fraternal” (azul).
- Conclusão (5 min):
- O professor cola no quadro um cartaz final escrito:
“A vitória é do Senhor, e os santos prevalecerão se permanecerem na fé (Jd 24-25).” - Lê-se em voz alta a doxologia de Judas 24-25 como encerramento.
📖 Aplicação
- Judas nos lembra que não basta apenas reconhecer os falsos ensinos: é preciso lutar ativamente pela fé.
- Nossa luta não é isolada, mas em comunidade. O cristão sozinho é vulnerável, mas juntos somos fortes no Senhor.
- O Espírito Santo é quem sustenta a Igreja até o fim.
💡 Dica Extra
Se houver tempo, peça que cada aluno escreva em um papel “minha arma espiritual para esta semana” (oração, jejum, leitura da Palavra, louvor etc.) e compartilhe no grupo como forma de compromisso.
🎯 Dinâmica: “Defendendo a Fé, Lutando Juntos”
Texto-base: Judas 3 – “... batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.”
🎲 Objetivo
- Levar os alunos a compreenderem que a vida cristã é uma batalha espiritual.
- Mostrar a importância da unidade da Igreja contra os falsos ensinos.
- Refletir que nossa luta não é contra pessoas, mas contra ideologias e influências malignas (Ef 6.12).
📌 Materiais
- Cartolinas ou folhas A4 (divididas em duas cores: azul e vermelha).
- Canetas ou pincéis.
- Fitas adesivas.
- Versículos impressos (Jd 3, Jd 20-21, Ef 6.11, 1 Pe 5.8).
📝 Passo a Passo
- Introdução (3 min):
O professor explica que Judas escreveu sua carta em tom de guerra espiritual, chamando os crentes a batalharem pela fé. - Divisão dos Grupos (5 min):
- Grupo Azul → Representa os Santos que lutam pela fé.
- Grupo Vermelho → Representa as heresias/infiltrados que tentam enfraquecer a Igreja.
- A Tarefa (10 min):
- Cada grupo recebe 3 minutos para escrever em suas cartolinas:
- Grupo Azul → Armas espirituais e atitudes que fortalecem a Igreja (oração, santidade, estudo da Palavra, comunhão, misericórdia).
- Grupo Vermelho → Ataques e estratégias dos falsos mestres (mentiras, engano, orgulho, distorção da graça, divisão).
- Confronto Simbólico (7 min):
- Cada grupo apresenta seus pontos (alternadamente).
- O professor conduz, mostrando que para cada ataque do inimigo, há uma defesa espiritual já ensinada nas Escrituras.
- Ex.: “Divisão” (vermelho) → “Unidade e amor fraternal” (azul).
- Conclusão (5 min):
- O professor cola no quadro um cartaz final escrito:
“A vitória é do Senhor, e os santos prevalecerão se permanecerem na fé (Jd 24-25).” - Lê-se em voz alta a doxologia de Judas 24-25 como encerramento.
📖 Aplicação
- Judas nos lembra que não basta apenas reconhecer os falsos ensinos: é preciso lutar ativamente pela fé.
- Nossa luta não é isolada, mas em comunidade. O cristão sozinho é vulnerável, mas juntos somos fortes no Senhor.
- O Espírito Santo é quem sustenta a Igreja até o fim.
💡 Dica Extra
Se houver tempo, peça que cada aluno escreva em um papel “minha arma espiritual para esta semana” (oração, jejum, leitura da Palavra, louvor etc.) e compartilhe no grupo como forma de compromisso.
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
A carta de Judas não foi escrita com caráter teológico, mas como uma exortação apologética, com o propósito de proteger os crentes contra a heresia gnóstica, que ameaçava profundamente a vida espiritual da Igreja. O autor aborda a necessidade de defender a fé contra ensinamentos errôneos, alertando sobre as consequências dessas doutrinas.
________________________________
Ao comparar a epístola de Judas com a segunda carta de Pedro, observam- -se semelhanças entre os textos. Apesar das divergências sobre a ordem de escrita, muitos estudiosos acreditam que Pedro tenha se baseado em Judas, especialmente em trechos específicos (cf. Lição 7).
________________________________
1. AUTORIA, DATA E PROPÓSITO
A carta de Judas permanece relevante, pois aborda de forma objetiva os perigos que doutrinas falsas representam para a fé cristã. Embora a heresia do gnosticismo tenha sido a principal ameaça na época, a Igreja contemporânea ainda enfrenta uma variedade de crenças distorcidas, tanto externas quanto internas, originadas por má interpretação das Escrituras.
1.1. O autor
O autor se apresenta como Judas, irmão de Tiago, líder da igreja em Jerusalém (cf. Mc 6.3). Embora também fosse meio-irmão de Jesus, ele opta por se identificar apenas como irmão de Tiago, mantendo discrição quanto ao seu vínculo familiar com o Senhor.
1.2. A data
A carta foi escrita por volta de 68 d.C., antes da destruição de Jerusalém em 70 d.C. Não há referência explícita aos destinatários, razão pela qual ela é classificada entre as Epístolas Católicas, ou universais.
1.3. O propósito
Inicialmente, Judas planejava escrever sobre a comum salvação, provavelmente abordando a graça oferecida a judeus e gentios em Cristo. No entanto, ao começar a redigir, ele percebeu a necessidade urgente de exortar os crentes a batalharem pela fé que uma vez foi dada aos santos (Jd 3). Esta mudança de propósito reflete a inspiração divina no texto sagrado, evidenciando que os escritores bíblicos foram guiados pelo Espírito Santo, conforme versa a tradição conservadora sobre a inspiração verbal e plenária das Escrituras.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Carta de Judas (introdução, autoria, data, propósito)
A síntese já aponta os pontos essenciais: Judas é sobretudo uma exortação apologética — uma carta de combate pastoral voltada a proteger a comunidade cristã contra falsos mestres que deformam a fé e a graça.
1. Leitura sinóptica: gênero e propósito
- Gênero: epístola curta de caráter exortativo-apologético: não é tratado sistemático de doutrina, mas advertência pastoral que combina condenação dos falsos mestres com instrução prática para a comunidade (cf. ἐπαγωνίζεσθαι τῆς πίστεως, ἐποικοδομοῦντες κ.-ο.κ.).
- Propósito imediato: proteger o depósito da fé (τῇ ἅπαξ παραδοθείσῃ πίστει), advertir contra quem “converte a graça em dissolução” (1.4), e ensinar o cuidado pastoral prático (1.20–23).
- Estratégia retórica: Judas mistura lembranças canônicas (Israel, Êxodo), tradições intertestamentárias (anjos caídos; Enoque), e exemplos históricos (Sodoma) para construir um argumento de juízo e urgência.
2. Autoria, data e destinatários (análise e equilíbrio)
Autoria
- O autor se identifica como Ἰούδας, ἀδελφὸς Ἰακώβου — “Judas, irmão de Tiago” (cf. Mc 6:3; Mt 13:55) — muito provavelmente Judas, meio-irmão de Jesus (ou irmão de Tiago, o líder de Jerusalém).
- A opção de não reivindicar parentesco messiânico com Jesus (ele se apresenta humildemente como “servo/ὁ δοῦλος” em algumas leituras) é coerente com um perfil literário de modéstia e autoridade eclesial local (Jerusalém).
- Tradição patrística (Ireneu, Tertuliano, Eusebio) aceita essa identificação; contudo, a carta circulou como epístola católica (destinatários não explicitados), o que ajuda a explicar a formulação universal.
Data
- A sua proposta de c. 68 d.C. é perfeitamente plausível (final do primeiro século, antes de 70 d.C. é frequentemente sugerido por quem pensa que a lembrança do templo intacto ainda é provável).
- A literatura crítica aponta um intervalo mais amplo (c. 60–90 d.C.) — muito depende do relacionamento literário com 2 Pedro (ver abaixo). Aceitar c. 68 é coerente com sua colocação tradicional, mas mantenha abertura historiográfica.
Destinatários
- Judas não nomeia destinatários específicos; a carta é dirigida à comunidade cristã em geral (epístola “católica”): alerta universal contra falsos mestres que surgem em várias comunidades.
3. A mudança de propósito literário (1.3): “batalhar pela fé”
- Texto-núcleo: Judas pretendia tratar da “comum salvação”, mas mudou o tema por necessidade pastoral: “escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé”.
- Teologia prática: a fé não é mero conteúdo teórico mas depósito a ser guardado e contendido (imagética atlética: ἐπαγωνίζεσθαι). A “fé” é here τὸ παραδοθὲν — uma tradição apostólica recebida once for all (ἅπαξ παραδοθείσα).
- Isso sublinha a responsabilidade comunitária de proteger a ortodoxia e a ética cristã frente à contaminação doutrinária e moral.
4. Principais temas teológicos (síntese)
- A graça não é licença para a dissolução moral. (1.4) A acusação contra os hereges é dupla: μετατίθεντες τὴν χάριν… εἰς ἀσέλγειαν — “converteram a graça em licenciosidade” — isto é, distorceram a doutrina da graça em pretexto para pecado (antinomianismo).
- Juízo histórico e exemplaridade. (1.5–7) Judas recorre a eventos históricos/tradicionais (Israel no êxodo, anjos caídos, Sodoma/Gomorra) para afirmar que Deus julga a rebelião e a contaminação moral.
- A edificação pneumática e vigilante. (1.20–21) A cura comunitária exige: edificação ἐν πνεύματι ἁγίῳ, preservação no amor de Deus, e esperança ativa na misericórdia de Cristo.
- Misericórdia com discernimento. (1.22–23) Duas ações pastorais simultâneas: resgatar os duvidosos com compaixão; arrancar alguns do fogo com urgência; ao mesmo tempo, abominar “a roupa manchada da carne” — amar pessoas, repudiar o pecado que contamina.
5. Análise léxica (grego) — termos centrais (lemma / translit. / sentido)
- σπουδή (spoudē) — zelo, diligência; “com toda a diligência” (1.3).
- ἐπαγωνίζεσθαι (epagōnizesthai) — lutar vigorosamente, contender (fig. atlética).
- ἅπαξ παραδοθείσα (hapax paradotheisa) — “uma vez por todas entregue” — o depósito final da fé apostólica.
- χάρις (charis) — graça; aqui: dom que pode ser deturpado.
- ἀσέλγεια (aselgeia) — licenciosidade, lascívia; contrasta com a vida santa.
- ἀγγέλους… μη τηρήσαντας τὴν ἑαυτῶν ἀρχήν — lembrança da tradição dos anjos que “não guardaram sua ordem” (1.6) — linguagem angelológica ligada a tradições intertestamentárias.
- ἐποικοδομοῦντες (epoikodomountes) — edificando (progressiva construção espiritual).
- ἐν πνεύματι ἁγίῳ (en pneumati hagiō) — “no Espírito Santo” — oração e vida guiadas pneumàticamente.
- τηρήσατε (tērēsate) — guardar/conservar (no amor de Deus).
- σῴζετε… ἁρπάζοντες ἐκ πυρός (sōzete… harpazontes ek puros) — salvar, “arrebatando do fogo” — imagem urgente de resgate.
- ἀποδιορίζοντες; ψυχικοί; πνεῦμα μὴ ἔχοντες — “causadores de divisões; psíquicos (sensuais/mundanos); sem o Espírito” (Jd 1.19 — texto-ouro).
6. Jude e 2 Pedro — relação literária (breve avaliação)
- Existe clara interdependência literária entre Judas e 2 Pedro (especialmente 2 Pet 2). A maioria dos estudiosos atualmente entende que 2 Pedro reutiliza material de Judas (isto explica as semelhanças e o tom ampliado de 2 Pedro).
- Teologicamente isso mostra que tanto Jude quanto 2 Pedro circulavam na tradição cristã como advertências complementares contra heresias emergentes. Mesmo quando um autor usa material do outro, a autoridade apostólica/espiritual da mensagem é reconhecida pela igreja antiga.
7. Uso de tradições não-canônicas (Enoque, tradições angelológicas)
- Judas cita Enoque (Jd 14–15) e alude a tradições angelológicas (1.6). Isto não torna Enoque canônico, mas mostra que o autor recorre a materiais judaicos amplamente conhecidos e julgados úteis para persuadir sua audiência. O critério apostólico não é “canonicidade de fonte” mas consonância doutrinária e eficácia pastoral.
8. Referências acadêmicas recomendadas (selecção para professor/esudante)
- Peter H. Davids, The Letters of 2 Peter and Jude (Pillar NTC) — comentário exegético-pastoral.
- Karen H. Jobes, 1 Peter, Jude (BECNT — Jude & 2 Peter) — leitura acessível e erudita, bom para professores.
- Richard Bauckham, Jude & 2 Peter (WBC) — investigação detalhada e histórica.
- Gene L. Green & Robert W. Yarbrough, The Letters of 2 Peter and Jude (Baker Exegetical) — boa síntese crítica e teológica.
- Léxicos: BDAG — para consulta lexical do grego.
9. Aplicação pessoal e pastoral (prática)
- Contenda pela fé (prática doutrinária): mantenha conhecimento saudável da doutrina apostólica; treine a comunidade para identificar e confrontar distorções (não com hostilidade, mas com discernimento).
- Graça e santidade: ensine que a graça de Deus não autoriza a imoralidade — graça produz transformação ética; defina e modele uma espiritualidade que conjuga perdão e santidade.
- Discernimento comunitário: desenvolver estruturas de cuidado (conselho pastoral, discipulado, mecanismos de proteção) que permitam resgatar os "duvidosos" e proteger a comunidade dos divisores.
- Prática espiritual pneumática: cultive oração “no Espírito”, estudo bíblico e edificação mútua (programas que formem capacidade de “guardar-se no amor de Deus”).
- Misericórdia com firmeza: praticar a tática de Judas — compaixão para com os vacilantes; restituição e urgência para os que podem ser salvos; rejeição/abominação daquilo que contamina (mas sem desumanizar a pessoa).
Exemplo prático para EBD/jovens: criar “grupos de defesa da fé” que estudem apologética básica, identificando hoje as formas modernas de “converter a graça em dissolução” (p.ex. moralidade relativista, certas leituras de “liberdade” que fomentam hedonismo).
10. Tabela expositiva (resumo para apostila / slide)
Texto / Tema
Termo grego (lemma)
Sentido lexical
Observação teológica
Aplicação prática
1.3 — Contender pela fé
σπουδή; ἐπαγωνίζεσθαι
zelo; lutar vigorosamente
A fé é depósito apostólico a ser defendido
Treinar vigilância doutrinal; formar grupos de estudo
1.4 — Graça ≠ licença
χάρις → εἰς ἀσέλγειαν
graça → licenciosidade
Alerta contra distorção antinomiana da graça
Ensino sobre graça e santidade; discipulado ético
1.5–7 — Juízo exemplar
ἀγγελοι/Σοδόμα
tradições judáicas de juízo
Deus julga rebelião e contaminação moral
Perceber seriedade moral; promover arrependimento
1.20–21 — Edificação pneumática
ἐποικοδομοῦντες; ἐν πνεύματι ἁγίῳ
edificar; no Espírito Santo
Formação espiritual guiada pelo Espírito
Cultivar oração no Espírito; discipulado relacional
1.22–23 — Misericórdia com discernimento
ἐλεᾶτε; σῴζετε ἐκ πυρός
compadecer; salvar urgentemente
Ação pastoral dupla: resgate + proteção
Protocolos pastorais para restauração e disciplina
1.19 — Divisores sem Espírito
ἀποδιορίζοντες; ψυχικοί; πνεῦμα μὴ ἔχοντες
divisores; mundanos; sem Espírito
Sinais de falsos mestres: divisões, sensualidade
Discernir líderes; manter comunidade unida na verdade
Conclusão
A carta de Judas é um claro chamado à vigilância: doutrina, ética e espiritualidade não podem ser dissociadas. A postura do autor — urgente, pastoral e retórica — mostra que a saúde da igreja depende tanto do conteúdo correto da fé quanto da prática piedosa e da oração pneumática. Guardar a fé “once for all” implica tanto defender a doutrina como cultivar misericórdia prática com discernimento.
Carta de Judas (introdução, autoria, data, propósito)
A síntese já aponta os pontos essenciais: Judas é sobretudo uma exortação apologética — uma carta de combate pastoral voltada a proteger a comunidade cristã contra falsos mestres que deformam a fé e a graça.
1. Leitura sinóptica: gênero e propósito
- Gênero: epístola curta de caráter exortativo-apologético: não é tratado sistemático de doutrina, mas advertência pastoral que combina condenação dos falsos mestres com instrução prática para a comunidade (cf. ἐπαγωνίζεσθαι τῆς πίστεως, ἐποικοδομοῦντες κ.-ο.κ.).
- Propósito imediato: proteger o depósito da fé (τῇ ἅπαξ παραδοθείσῃ πίστει), advertir contra quem “converte a graça em dissolução” (1.4), e ensinar o cuidado pastoral prático (1.20–23).
- Estratégia retórica: Judas mistura lembranças canônicas (Israel, Êxodo), tradições intertestamentárias (anjos caídos; Enoque), e exemplos históricos (Sodoma) para construir um argumento de juízo e urgência.
2. Autoria, data e destinatários (análise e equilíbrio)
Autoria
- O autor se identifica como Ἰούδας, ἀδελφὸς Ἰακώβου — “Judas, irmão de Tiago” (cf. Mc 6:3; Mt 13:55) — muito provavelmente Judas, meio-irmão de Jesus (ou irmão de Tiago, o líder de Jerusalém).
- A opção de não reivindicar parentesco messiânico com Jesus (ele se apresenta humildemente como “servo/ὁ δοῦλος” em algumas leituras) é coerente com um perfil literário de modéstia e autoridade eclesial local (Jerusalém).
- Tradição patrística (Ireneu, Tertuliano, Eusebio) aceita essa identificação; contudo, a carta circulou como epístola católica (destinatários não explicitados), o que ajuda a explicar a formulação universal.
Data
- A sua proposta de c. 68 d.C. é perfeitamente plausível (final do primeiro século, antes de 70 d.C. é frequentemente sugerido por quem pensa que a lembrança do templo intacto ainda é provável).
- A literatura crítica aponta um intervalo mais amplo (c. 60–90 d.C.) — muito depende do relacionamento literário com 2 Pedro (ver abaixo). Aceitar c. 68 é coerente com sua colocação tradicional, mas mantenha abertura historiográfica.
Destinatários
- Judas não nomeia destinatários específicos; a carta é dirigida à comunidade cristã em geral (epístola “católica”): alerta universal contra falsos mestres que surgem em várias comunidades.
3. A mudança de propósito literário (1.3): “batalhar pela fé”
- Texto-núcleo: Judas pretendia tratar da “comum salvação”, mas mudou o tema por necessidade pastoral: “escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé”.
- Teologia prática: a fé não é mero conteúdo teórico mas depósito a ser guardado e contendido (imagética atlética: ἐπαγωνίζεσθαι). A “fé” é here τὸ παραδοθὲν — uma tradição apostólica recebida once for all (ἅπαξ παραδοθείσα).
- Isso sublinha a responsabilidade comunitária de proteger a ortodoxia e a ética cristã frente à contaminação doutrinária e moral.
4. Principais temas teológicos (síntese)
- A graça não é licença para a dissolução moral. (1.4) A acusação contra os hereges é dupla: μετατίθεντες τὴν χάριν… εἰς ἀσέλγειαν — “converteram a graça em licenciosidade” — isto é, distorceram a doutrina da graça em pretexto para pecado (antinomianismo).
- Juízo histórico e exemplaridade. (1.5–7) Judas recorre a eventos históricos/tradicionais (Israel no êxodo, anjos caídos, Sodoma/Gomorra) para afirmar que Deus julga a rebelião e a contaminação moral.
- A edificação pneumática e vigilante. (1.20–21) A cura comunitária exige: edificação ἐν πνεύματι ἁγίῳ, preservação no amor de Deus, e esperança ativa na misericórdia de Cristo.
- Misericórdia com discernimento. (1.22–23) Duas ações pastorais simultâneas: resgatar os duvidosos com compaixão; arrancar alguns do fogo com urgência; ao mesmo tempo, abominar “a roupa manchada da carne” — amar pessoas, repudiar o pecado que contamina.
5. Análise léxica (grego) — termos centrais (lemma / translit. / sentido)
- σπουδή (spoudē) — zelo, diligência; “com toda a diligência” (1.3).
- ἐπαγωνίζεσθαι (epagōnizesthai) — lutar vigorosamente, contender (fig. atlética).
- ἅπαξ παραδοθείσα (hapax paradotheisa) — “uma vez por todas entregue” — o depósito final da fé apostólica.
- χάρις (charis) — graça; aqui: dom que pode ser deturpado.
- ἀσέλγεια (aselgeia) — licenciosidade, lascívia; contrasta com a vida santa.
- ἀγγέλους… μη τηρήσαντας τὴν ἑαυτῶν ἀρχήν — lembrança da tradição dos anjos que “não guardaram sua ordem” (1.6) — linguagem angelológica ligada a tradições intertestamentárias.
- ἐποικοδομοῦντες (epoikodomountes) — edificando (progressiva construção espiritual).
- ἐν πνεύματι ἁγίῳ (en pneumati hagiō) — “no Espírito Santo” — oração e vida guiadas pneumàticamente.
- τηρήσατε (tērēsate) — guardar/conservar (no amor de Deus).
- σῴζετε… ἁρπάζοντες ἐκ πυρός (sōzete… harpazontes ek puros) — salvar, “arrebatando do fogo” — imagem urgente de resgate.
- ἀποδιορίζοντες; ψυχικοί; πνεῦμα μὴ ἔχοντες — “causadores de divisões; psíquicos (sensuais/mundanos); sem o Espírito” (Jd 1.19 — texto-ouro).
6. Jude e 2 Pedro — relação literária (breve avaliação)
- Existe clara interdependência literária entre Judas e 2 Pedro (especialmente 2 Pet 2). A maioria dos estudiosos atualmente entende que 2 Pedro reutiliza material de Judas (isto explica as semelhanças e o tom ampliado de 2 Pedro).
- Teologicamente isso mostra que tanto Jude quanto 2 Pedro circulavam na tradição cristã como advertências complementares contra heresias emergentes. Mesmo quando um autor usa material do outro, a autoridade apostólica/espiritual da mensagem é reconhecida pela igreja antiga.
7. Uso de tradições não-canônicas (Enoque, tradições angelológicas)
- Judas cita Enoque (Jd 14–15) e alude a tradições angelológicas (1.6). Isto não torna Enoque canônico, mas mostra que o autor recorre a materiais judaicos amplamente conhecidos e julgados úteis para persuadir sua audiência. O critério apostólico não é “canonicidade de fonte” mas consonância doutrinária e eficácia pastoral.
8. Referências acadêmicas recomendadas (selecção para professor/esudante)
- Peter H. Davids, The Letters of 2 Peter and Jude (Pillar NTC) — comentário exegético-pastoral.
- Karen H. Jobes, 1 Peter, Jude (BECNT — Jude & 2 Peter) — leitura acessível e erudita, bom para professores.
- Richard Bauckham, Jude & 2 Peter (WBC) — investigação detalhada e histórica.
- Gene L. Green & Robert W. Yarbrough, The Letters of 2 Peter and Jude (Baker Exegetical) — boa síntese crítica e teológica.
- Léxicos: BDAG — para consulta lexical do grego.
9. Aplicação pessoal e pastoral (prática)
- Contenda pela fé (prática doutrinária): mantenha conhecimento saudável da doutrina apostólica; treine a comunidade para identificar e confrontar distorções (não com hostilidade, mas com discernimento).
- Graça e santidade: ensine que a graça de Deus não autoriza a imoralidade — graça produz transformação ética; defina e modele uma espiritualidade que conjuga perdão e santidade.
- Discernimento comunitário: desenvolver estruturas de cuidado (conselho pastoral, discipulado, mecanismos de proteção) que permitam resgatar os "duvidosos" e proteger a comunidade dos divisores.
- Prática espiritual pneumática: cultive oração “no Espírito”, estudo bíblico e edificação mútua (programas que formem capacidade de “guardar-se no amor de Deus”).
- Misericórdia com firmeza: praticar a tática de Judas — compaixão para com os vacilantes; restituição e urgência para os que podem ser salvos; rejeição/abominação daquilo que contamina (mas sem desumanizar a pessoa).
Exemplo prático para EBD/jovens: criar “grupos de defesa da fé” que estudem apologética básica, identificando hoje as formas modernas de “converter a graça em dissolução” (p.ex. moralidade relativista, certas leituras de “liberdade” que fomentam hedonismo).
10. Tabela expositiva (resumo para apostila / slide)
Texto / Tema | Termo grego (lemma) | Sentido lexical | Observação teológica | Aplicação prática |
1.3 — Contender pela fé | σπουδή; ἐπαγωνίζεσθαι | zelo; lutar vigorosamente | A fé é depósito apostólico a ser defendido | Treinar vigilância doutrinal; formar grupos de estudo |
1.4 — Graça ≠ licença | χάρις → εἰς ἀσέλγειαν | graça → licenciosidade | Alerta contra distorção antinomiana da graça | Ensino sobre graça e santidade; discipulado ético |
1.5–7 — Juízo exemplar | ἀγγελοι/Σοδόμα | tradições judáicas de juízo | Deus julga rebelião e contaminação moral | Perceber seriedade moral; promover arrependimento |
1.20–21 — Edificação pneumática | ἐποικοδομοῦντες; ἐν πνεύματι ἁγίῳ | edificar; no Espírito Santo | Formação espiritual guiada pelo Espírito | Cultivar oração no Espírito; discipulado relacional |
1.22–23 — Misericórdia com discernimento | ἐλεᾶτε; σῴζετε ἐκ πυρός | compadecer; salvar urgentemente | Ação pastoral dupla: resgate + proteção | Protocolos pastorais para restauração e disciplina |
1.19 — Divisores sem Espírito | ἀποδιορίζοντες; ψυχικοί; πνεῦμα μὴ ἔχοντες | divisores; mundanos; sem Espírito | Sinais de falsos mestres: divisões, sensualidade | Discernir líderes; manter comunidade unida na verdade |
Conclusão
A carta de Judas é um claro chamado à vigilância: doutrina, ética e espiritualidade não podem ser dissociadas. A postura do autor — urgente, pastoral e retórica — mostra que a saúde da igreja depende tanto do conteúdo correto da fé quanto da prática piedosa e da oração pneumática. Guardar a fé “once for all” implica tanto defender a doutrina como cultivar misericórdia prática com discernimento.
2. OS INFILTRADOS
No primeiro século, a Igreja enfrentou a infiltração do gnosticismo, uma corrente filosófica que tentava mesclar suas crenças com o cristianismo, distorcendo sua essência para transformá-lo em uma religião esotérica e libertina.
Esse movimento foi orquestrado pelo diabo, com o objetivo de substituir a verdadeira mensagem de Cristo, enfraquecer a missão redentora e desviar os fiéis do caminho da salvação, afastando-os de Jesus como Salvador e Senhor.
2.1. As características e o propósito dos infiltrados
Judas os descreve como ímpios (gr. asebeis; cf. Jd 4,15,18), ou seja, "homens sem Deus". Estes buscavam substituir a revelação divina por seres angelicais - considerados intermediários entre Deus e os homens - e negavam a soberania do Eterno e a divindade de Jesus Cristo.
Além disso, promoviam a ideia de que a graça permitia o pecado sem a exigência de santidade, distorcendo completa- mente o propósito da salvação. Nas palavras de Judas: convertiam em dissolução a graça de Deus (Jd 4).
2.1.1. Exemplos bíblicos de que Deus não tolerou abusos
Judas apresenta três exemplos que ilustram a intolerância do Altíssimo aos abusos: os hebreus no deserto, onde o Senhor destruiu os que não creram (Jd 5); os anjos que, seduzidos por Lúcifer, abandonaram sua posição e foram aprisionados até o Juízo Final (Jd 6); e a destruição de Sodoma e Gomorra, cujos habitantes, envolvidos em práticas imorais, sofreram a pena do fogo eterno (Jd 7). Esses exemplos revelam a seriedade do juízo divino.
2.2. A postura dos infiltrados
Os hereges que perturbam a Igreja demonstram uma postura semelhante à dos exemplos citados no tópico anterior, pois contaminam a sua carne, e rejeitam a dominação, e vituperam as autoridades (Jd 8). Os gnósticos, por se julgarem superiores, recusavam a submissão à autoridade e ainda difamavam as lideranças estabelecidas.
2.2.1. Exemplos bíblicos de respeito à autoridade divina
Judas destaca o respeito à autoridade divina ao citar Miguel, que, apesar de sua alta posição celestial, não insultou Satanás, mas disse: O Senhor te repreenda (Jd 9), reconhecendo que o julgamento pertence a Deus.
Um exemplo semelhante ocorre em Zacarias 3.2, quando o Anjo do Senhor, uma manifestação de Jesus, repreende Satanás com as palavras: O Senhor te repreende.
A diferença entre ambos os textos está no modo verbal: em Judas, o verbo está no subjuntivo, enquanto em Zacarias está no indicativo, sublinhando a soberania do Altíssimo.
2.3. A natureza dos infiltrados
Os hereges descritos por Judas se destacam por sua atitude pedante, criticando e discutindo assuntos que não compreendem, até mesmo blasfemando contra a divindade (Jd 10). Judas os compara a animais irracionais.
No versículo 11, inicia com um "ai", expressão que denota dor e sinaliza o juízo divino sobre aqueles que persistem em sua maldade, como indicado em Isaías (Is 5.18,21,22), Sofonias (Sf 3.1), Mateus (Mt 18.7) e Apocalipse (Ap 11.14).
________________________________
Judas, no verso 9, ilustra a gravidade da rejeição à autoridade, recorrendo a um argumento de um livro apócrifo, mencionado por Orígenes, "A Assunção de Moisés". Este texto, agora perdido, relatava a disputa entre Miguel e o diabo pelo corpo de Moisés, com Satanás acusando Moisés de indignidade devido a um suposto crime no Egito.
________________________________
2.3.1. São seguidores do caminho de Caim, Balaão e Corá
Judas descreve os hereges como seguidores do caminho de Caim, que, tomado pela inveja, matou seu irmão por ter sido aceito por Deus (Jd 11; cf. Gn 4.4,8). Os gnósticos associavam Caim aos hilíacos (gr. hylé = "matéria"), indivíduos tão presos à matéria que não poderiam ser salvos.
Além disso, o escritor sagrado os acusa de se perderem na ganância, como Balaão, que foi contratado para profetizar contra os hebreus, mas não profetizou; antes, colocou tropeços no caminho deles (cf. Nm 22.23; 31.16).
Finalmente, ele compara esses hereges à rebelião de Corá, que, ao desafiar a autoridade de Moisés, foi engolido pela ter- ra (cf. Nm 16.1-34). Para Judas, esses falsos mestres estão irremediavelmente perdidos.
2.3.2. Apresentam comportamento desrespeitoso e são espiritualmente estéreis
Nas festas de fraternidade, como a Ceia do Senhor, descritas em 1 Coríntios 11.2, os hereges se embriagavam e praticavam atos imorais, desrespeitando os princípios cristãos (Jd 12; cf. 2 Pe 2.13). Judas os descreve como:
- manchas em vossas festas de fraternidade (...), pois desconsideravam os pobres, que não tinham o que levar para as celebrações, enquanto se alimentavam excessivamente (Jd 12b);
- nuvens sem água, levadas pelos ventos, ou seja, pessoas instáveis e estéreis, como árvores murchas, infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas - eles não tinham a capacidade de produzir frutos espirituais, apenas faziam barulho e sem contribuir para o bem da Igreja (Jd 12b);
- ondas impetuosas do mar, que escumam as suas mesmas abominações, representando a maneira como espalham sua imundícia por onde passam (Jd 13a); e
- estrelas errantes, em referência à crença de que estrelas e anjos mudam de posição. Isso simboliza sua natureza instável e repreensível, já que, como as estrelas, esses hereges estão destinados à escuridão das trevas, conforme o juízo de Deus (Jd 13b). Judas vaticina que o juízo já está reservado para eles, o que remete à profecia encontrada no livro apócrifo de Enoque (18.12-16), que descreve o castigo dos ímpios e a condenação dos transgressores.
2.3.3. São murmuradores e inconstantes
Judas denuncia os hereges como murmuradores queixosos de sua sorte, seguindo suas próprias concupiscências e expressando arrogância (Jd 16). Esses gnósticos, espiritualmente desqualificados, eram incapazes de integrar a Igreja de Cristo.
Ainda hoje, atitudes semelhantes podem ser encontradas entre os que se desviam da verdade. No entanto, é importante destacar que, embora estejam em condição espiritual degradante, nada impede que sejam transformados pela Palavra, caso se arrependam (2 Tm 2.25,26).
2.4. O juízo divino sobre os infiltrados: a profecia de Enoque
Judas faz referência à profecia de Enoque, o sétimo após Adão, que anuncia a vinda do Senhor com milhares de seus santos para fazer juízo contra os ímpios, condenando-os por suas obras de impiedade e palavras blasfemas contra Deus (Jd 14,15, cf. 1 Tm 1.9).
Embora o Livro de Enoque não faça parte do cânon sagrado, sua citação por Judas é válida, pois o Espírito Santo permitiu essa menção devido à sua verossimilhança. A obra, conhecida como "O Livro de Enoque Etíope", não foi escrito pelo Enoque de Gênesis 5.18-24, mas a citação contida em Judas é considerada uma fonte confiável para o contexto abordado.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
2. OS INFILTRADOS (Judas 4–16)
2.1. As características e o propósito dos infiltrados
Judas descreve esses falsos mestres como ímpios (asebeis, ἀσεβεῖς, Jd 4, 15, 18), termo que no grego significa “irreverentes, sem temor a Deus, vivendo como se Ele não existisse” (cf. Biblia de Estudo Palavra Chave). Sua perversidade aparece em duas frentes:
- Corrompem a graça de Deus em dissolução (aselgeia, ἀσέλγεια) — palavra que indica “libertinagem, lascívia, comportamento sem limites” (Bauer, BDAG). Esses mestres defendiam que a graça seria licença para pecar (cf. Rm 6.1,15).
- Negam (arneomai, ἀρνέομαι) a soberania de Cristo (Jd 4) — aqui o verbo traz o sentido de “repudiar, rejeitar”, indicando que a negação não era apenas teórica, mas prática, uma vida que desmentia a confissão cristã.
⚖️ Referência acadêmica: Douglas Moo observa que “para Judas, o perigo não era externo, mas interno: falsos mestres estavam transformando a graça em pretexto para vício, distorcendo o coração do Evangelho” (The NIV Application Commentary: 2 Peter & Jude).
📖 Aplicação pessoal: Hoje, ainda que o gnosticismo clássico não exista, muitas formas de evangelho distorcido continuam ensinando uma “graça barata” (Bonhoeffer) que não exige arrependimento. O cristão precisa discernir e rejeitar tais doutrinas.
2.1.1. Exemplos bíblicos do juízo divino (Jd 5–7)
- Israel incrédulo no deserto — embora libertos do Egito, foram destruídos por falta de fé (Nm 14).
- Anjos caídos (archē, ἀρχή = “princípio, domínio” e oikētērion, οἰκητήριον = “habitação própria”), que abandonaram seu estado original e estão em cadeias até o juízo (cf. 2Pe 2.4).
- Sodoma e Gomorra — “indo após outra carne” (sarkos heteras, σαρκός ἑτέρας), ou seja, práticas sexuais contrárias à ordem divina, sofreram a “pena do fogo eterno”.
📚 Richard Bauckham comenta que Judas usa esses exemplos para “mostrar que a graça nunca anulou a santidade; onde há rebeldia contra Deus, inevitavelmente há juízo” (Word Biblical Commentary: Jude, 2 Peter).
📖 Aplicação pessoal: A história bíblica nos alerta: privilégios espirituais não substituem fé e obediência.
2.2. A postura dos infiltrados
Eles são descritos como pessoas que contaminam a carne (miainō, μιαίνω = “manchar, poluir”), rejeitam a autoridade (kyriotēs, κυριότης = “senhorio, domínio”) e difamam autoridades superiores (blasphēmeō, βλασφημέω, Jd 8).
📖 Exemplo positivo: o arcanjo Miguel não ousou pronunciar juízo contra Satanás, mas disse: “O Senhor te repreenda” (Jd 9). Aqui, Judas mostra que até seres celestiais reconhecem os limites da autoridade e se submetem ao juízo divino.
📚 Thomas Schreiner observa: “A arrogância dos falsos mestres é contrastada com a humildade angelical de Miguel; a rebeldia contra a ordem de Deus é marca do espírito anticristão” (New American Commentary: 1, 2 Peter, Jude).
📖 Aplicação pessoal: Submissão à autoridade divina e respeito às lideranças espirituais são marcas do verdadeiro cristão.
2.3. A natureza dos infiltrados
Judas usa imagens fortes:
- Manchas nas festas de fraternidade (spilades, σπιλάδες = “rochas ocultas”, perigos escondidos, Jd 12).
- Nuvens sem água, árvores infrutíferas, ondas impetuosas, estrelas errantes — imagens que destacam esterilidade, instabilidade e condenação inevitável.
Judas ainda os associa a três arquétipos do Antigo Testamento (Jd 11):
- Caim — inveja e homicídio (Gn 4).
- Balaão — ganância e tropeço (Nm 22; 31.16).
- Corá — rebelião contra a autoridade (Nm 16).
📚 Warren Wiersbe comenta: “Esses falsos mestres são perigosos porque se parecem com crentes sinceros, mas não produzem fruto do Espírito. São como nuvens sem chuva — aparência sem realidade” (Be Alert: 2 Peter, 2 & 3 John, Jude).
📖 Aplicação pessoal: A igreja de hoje também precisa de discernimento, porque nem todo discurso espiritual tem raízes em Cristo.
2.4. O juízo divino sobre os infiltrados (Jd 14–15)
Judas cita a profecia de Enoque, destacando que o Senhor virá com seus santos para executar juízo. Essa referência, embora de um livro não canônico, é usada sob inspiração do Espírito Santo para confirmar a certeza do julgamento.
📚 Bauckham lembra: “Judas não canoniza o Livro de Enoque, mas usa sua tradição como testemunho de uma verdade já revelada: Deus julgará os ímpios” (Jude, 2 Peter, WBC).
📖 Aplicação pessoal: O juízo final deve gerar em nós reverência, vigilância e compromisso em permanecer na fé.
📊 Tabela Expositiva – Judas 4–16
Aspecto
Grego-chave
Exemplo bíblico
Aplicação prática
Natureza dos falsos mestres
ἀσεβεῖς (asebeis) – ímpios
Negam a soberania de Cristo (Jd 4)
Falsos mestres negam Cristo por palavras e atitudes
Juízo exemplificado
ἀρχή (archē) – principado / σάρξ ἑτέρα (sarx hetera) – outra carne
Israel incrédulo, anjos caídos, Sodoma e Gomorra (Jd 5–7)
A graça não anula a santidade; incredulidade gera juízo
Postura arrogante
βλασφημέω (blasphēmeō) – difamar
Miguel reconhece autoridade de Deus (Jd 9)
O cristão deve ser submisso à ordem divina
Imagens metafóricas
σπιλάδες (spilades) – rochas ocultas
Nuvens sem água, árvores mortas, ondas impetuosas (Jd 12–13)
Falsos mestres aparentam espiritualidade, mas são estéreis
Exemplos de rebeldia
Caim, Balaão, Corá (Jd 11)
Rejeição, ganância e rebeldia
O cristão deve cultivar fé, santidade e submissão
Juízo final
Προφητεία de Enoque (Jd 14–15)
Vinda do Senhor em juízo
Esperança e temor santo devem guiar nossa vida
2. OS INFILTRADOS (Judas 4–16)
2.1. As características e o propósito dos infiltrados
Judas descreve esses falsos mestres como ímpios (asebeis, ἀσεβεῖς, Jd 4, 15, 18), termo que no grego significa “irreverentes, sem temor a Deus, vivendo como se Ele não existisse” (cf. Biblia de Estudo Palavra Chave). Sua perversidade aparece em duas frentes:
- Corrompem a graça de Deus em dissolução (aselgeia, ἀσέλγεια) — palavra que indica “libertinagem, lascívia, comportamento sem limites” (Bauer, BDAG). Esses mestres defendiam que a graça seria licença para pecar (cf. Rm 6.1,15).
- Negam (arneomai, ἀρνέομαι) a soberania de Cristo (Jd 4) — aqui o verbo traz o sentido de “repudiar, rejeitar”, indicando que a negação não era apenas teórica, mas prática, uma vida que desmentia a confissão cristã.
⚖️ Referência acadêmica: Douglas Moo observa que “para Judas, o perigo não era externo, mas interno: falsos mestres estavam transformando a graça em pretexto para vício, distorcendo o coração do Evangelho” (The NIV Application Commentary: 2 Peter & Jude).
📖 Aplicação pessoal: Hoje, ainda que o gnosticismo clássico não exista, muitas formas de evangelho distorcido continuam ensinando uma “graça barata” (Bonhoeffer) que não exige arrependimento. O cristão precisa discernir e rejeitar tais doutrinas.
2.1.1. Exemplos bíblicos do juízo divino (Jd 5–7)
- Israel incrédulo no deserto — embora libertos do Egito, foram destruídos por falta de fé (Nm 14).
- Anjos caídos (archē, ἀρχή = “princípio, domínio” e oikētērion, οἰκητήριον = “habitação própria”), que abandonaram seu estado original e estão em cadeias até o juízo (cf. 2Pe 2.4).
- Sodoma e Gomorra — “indo após outra carne” (sarkos heteras, σαρκός ἑτέρας), ou seja, práticas sexuais contrárias à ordem divina, sofreram a “pena do fogo eterno”.
📚 Richard Bauckham comenta que Judas usa esses exemplos para “mostrar que a graça nunca anulou a santidade; onde há rebeldia contra Deus, inevitavelmente há juízo” (Word Biblical Commentary: Jude, 2 Peter).
📖 Aplicação pessoal: A história bíblica nos alerta: privilégios espirituais não substituem fé e obediência.
2.2. A postura dos infiltrados
Eles são descritos como pessoas que contaminam a carne (miainō, μιαίνω = “manchar, poluir”), rejeitam a autoridade (kyriotēs, κυριότης = “senhorio, domínio”) e difamam autoridades superiores (blasphēmeō, βλασφημέω, Jd 8).
📖 Exemplo positivo: o arcanjo Miguel não ousou pronunciar juízo contra Satanás, mas disse: “O Senhor te repreenda” (Jd 9). Aqui, Judas mostra que até seres celestiais reconhecem os limites da autoridade e se submetem ao juízo divino.
📚 Thomas Schreiner observa: “A arrogância dos falsos mestres é contrastada com a humildade angelical de Miguel; a rebeldia contra a ordem de Deus é marca do espírito anticristão” (New American Commentary: 1, 2 Peter, Jude).
📖 Aplicação pessoal: Submissão à autoridade divina e respeito às lideranças espirituais são marcas do verdadeiro cristão.
2.3. A natureza dos infiltrados
Judas usa imagens fortes:
- Manchas nas festas de fraternidade (spilades, σπιλάδες = “rochas ocultas”, perigos escondidos, Jd 12).
- Nuvens sem água, árvores infrutíferas, ondas impetuosas, estrelas errantes — imagens que destacam esterilidade, instabilidade e condenação inevitável.
Judas ainda os associa a três arquétipos do Antigo Testamento (Jd 11):
- Caim — inveja e homicídio (Gn 4).
- Balaão — ganância e tropeço (Nm 22; 31.16).
- Corá — rebelião contra a autoridade (Nm 16).
📚 Warren Wiersbe comenta: “Esses falsos mestres são perigosos porque se parecem com crentes sinceros, mas não produzem fruto do Espírito. São como nuvens sem chuva — aparência sem realidade” (Be Alert: 2 Peter, 2 & 3 John, Jude).
📖 Aplicação pessoal: A igreja de hoje também precisa de discernimento, porque nem todo discurso espiritual tem raízes em Cristo.
2.4. O juízo divino sobre os infiltrados (Jd 14–15)
Judas cita a profecia de Enoque, destacando que o Senhor virá com seus santos para executar juízo. Essa referência, embora de um livro não canônico, é usada sob inspiração do Espírito Santo para confirmar a certeza do julgamento.
📚 Bauckham lembra: “Judas não canoniza o Livro de Enoque, mas usa sua tradição como testemunho de uma verdade já revelada: Deus julgará os ímpios” (Jude, 2 Peter, WBC).
📖 Aplicação pessoal: O juízo final deve gerar em nós reverência, vigilância e compromisso em permanecer na fé.
📊 Tabela Expositiva – Judas 4–16
Aspecto | Grego-chave | Exemplo bíblico | Aplicação prática |
Natureza dos falsos mestres | ἀσεβεῖς (asebeis) – ímpios | Negam a soberania de Cristo (Jd 4) | Falsos mestres negam Cristo por palavras e atitudes |
Juízo exemplificado | ἀρχή (archē) – principado / σάρξ ἑτέρα (sarx hetera) – outra carne | Israel incrédulo, anjos caídos, Sodoma e Gomorra (Jd 5–7) | A graça não anula a santidade; incredulidade gera juízo |
Postura arrogante | βλασφημέω (blasphēmeō) – difamar | Miguel reconhece autoridade de Deus (Jd 9) | O cristão deve ser submisso à ordem divina |
Imagens metafóricas | σπιλάδες (spilades) – rochas ocultas | Nuvens sem água, árvores mortas, ondas impetuosas (Jd 12–13) | Falsos mestres aparentam espiritualidade, mas são estéreis |
Exemplos de rebeldia | Caim, Balaão, Corá (Jd 11) | Rejeição, ganância e rebeldia | O cristão deve cultivar fé, santidade e submissão |
Juízo final | Προφητεία de Enoque (Jd 14–15) | Vinda do Senhor em juízo | Esperança e temor santo devem guiar nossa vida |
3. APELO DO AUTOR
A partir do versículo 17, o escritor sagrado apela aos leitores para que se lembrem dos ensinamentos dos apóstolos sobre os escarnecedores que surgiriam nos últimos tempos
(d 19). Tais indivíduos seriam antinomistas, vivendo de acordo com seus próprios desejos carnais, negando a verdade ensinada por Jesus e pelos apóstolos sobre a vida espiritual. Por isso, Judas os descreve como sensuais e sem a presença do Espírito Santo. Além disso, esses hereges promoveriam divisões na Igreja, seduzindo muitos, como também alertaram Paulo (Rm 16.17,18) e João (2 Jo 10,11).
3.1. Edifiquem-se e orem
Judas exorta os crentes a se edificarem sobre sua santíssima fé (Jd 20), fortalecendo-se no que aprenderam dos ensinamentos apostólicos. Essa fé, totalmente santa, se distingue da visão gnóstica, que promove a depravação moral. Além disso, ele destaca a importância da oração no Espírito Santo, um princípio que ressoa com a orientação de Paulo à igreja de Corinto (1 Co 14.14,15).
3.2. Apiedem-se, salvem os que puderem
Judas orienta os crentes a apiedarem-se (gr. eleate = "ter compaixão") de alguns que estão duvidosos (Jd 22), referindo-se àqueles que, influenciados pelos falsos mestres gnósticos, caíram em dúvida. Ao contrário dos hereges, esses ainda poderiam ser restaurados.
Judas também os exorta a salvar alguns, arrebatando-os do fogo (Jd 23). Esse simbolismo remete a Zacarias 3.2-4, em que Josué, o sumo sacerdote, é retirado do fogo e purificado de suas iniquidades. De igual modo, os crentes são chamados a ajudar aqueles que podem ser salvos, removendo suas impurezas espirituais e conduzindo-os à purificação.
CONCLUSÃO
O autor conclui sua epístola louvando ao Senhor, reconhecendo Sua capacidade de proteger os crentes, impedindo-os de cair e apresentando-os irrepreensíveis diante de Sua glória, com grande alegria (Jd 24). Ele afirma a soberania do Altíssimo, proclamando: Ao único Deus, Salvador nosso, por Jesus Cristo, nosso Senhor, seja glória e majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém! (Jd 25). Esta doxologia final sublinha a supremacia divina e a certeza da salvação e proteção garantidas aos fiéis.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1. Panorama sintético
Judas 17–23 constitui o núcleo pastoral da carta: após denunciar os falsos mestres (Jd 1–16), o autor dá instruções concretas para a comunidade resistir às infiltrações. O apelo é triplo e equilibrado: (a) edifiquem-se e orem (20); (b) conservai-vos no amor e esperai (21); (c) praticai misericórdia com discernimento — compaixão pelos vacilantes, resgate urgente dos que podem ser salvos, e rejeição do pecado contaminador (22–23). A carta conclui com uma poderosa doxologia (24–25) que refunda a esperança no Senhor soberano.
2. Exegese e análise léxica (Jd 17–23)
2.1. “Lembrai-vos…” (Jd 17)
Texto e função: Judas lembra a tradição apostólica: os apóstolos já anunciaram que nos últimos tempos apareceriam escarnecedores. O verbo μνημονεύετε (mnēmoneuete) — “lembrai-vos” — convoca à memória comunitária como antídoto teológico e pastoral.
Léxico: mnēmoneuō = recordar com intenção prática; memória como norma formativa.
Observação teológica: Em ambiente de crise doutrinária, a recordação da ortodoxia apostólica é terapêutica: a memória protege do desvio.
2.2. “Edificando-vos… orando no Espírito” (Jd 20)
Texto-chave: ἐποικοδομοῦντες ἑαυτοὺς τῇ ἁγιωτάτῃ ὑμῶν πίστει, ἐν πνεύματι ἁγίῳ προσευχόμενοι.
Léxico:
- ἐποικοδομέω (epoikodomeō) — edificar, construir sobre (figurado: crescimento espiritual).
- ἁγιωτάτη πίστις (hagiotatē pistis) — “vossa santíssima fé” (superlativo que sublinha a pureza e a dignidade do conteúdo apostólico).
- ἐν πνεύματι ἁγίῳ (en pneumati hagiō) — “no Espírito Santo” — modus de oração e vida espiritual.
Teologia prática: Crescimento espiritual é obra comunitária e pneumática; não se empilha saber sem oração; a edificação é vertical (no Espírito) e horizontal (na fé sã).
2.3. “Conservai a vós mesmos no amor de Deus…” (Jd 21)
Texto-chave: ἑαυτοὺς ἐν ἀγάπῃ θεοῦ τηρήσατε, προσδεχόμενοι τὸ ἔλεος… εἰς ζωὴν αἰώνιον.
Léxico:
- τηρέω (tēreō) — guardar, conservar; aqui tem sentido de vigilância moral e protegida.
- προσδεχόμενοι (prosdexom enoi) — esperando atentamente; activa espera na misericórdia.
- ἔλεος (eleos) — misericórdia; vinculada à atuação salvífica de Cristo.
- ζωή αἰώνιος (zōē aiōnios) — a vida eterna esperada.
Equilíbrio teológico: responsabilidade humana (guardar-se no amor) e confiança escatológica (esperar a misericórdia de Cristo). Guardar-se no amor de Deus é estilo de vida que preserva a comunidade.
2.4. “Apiedai-vos… salvai… tende deles misericórdia com temor, aborrecendo até a roupa manchada da carne” (Jd 22–23)
Três ações pastorais (verbo-imperativo):
- Ἐλεᾶτε (eleate) — tenham compaixão dos que duvidam. Compaixão para os vacilantes: pastoral restauradora.
- σῴζετε (sōzete) ἐκ πυρὸς ἁρπάζοντες — salvai, arrebatando (harpazontes) do fogo: urgência e energia no resgate.
- ἔχοντες οἰκτιρμούς ἐν φόβῳ, μισοῦντες ἔστω καὶ τὸν ἐσπιλωμένον χιτῶνα τῆς σαρκός — tenham misericórdia com temor, aborrecendo até a roupa manchada pela carne.
Análise léxica/semântica:
- χαράσσειν não aparece, mas ἁρπάζοντες dá ideia de ação ativa e às vezes violenta para salvar.
- σπιλωμένος χιτών — “túnica manchada” — imagem de impureza moral; amar a pessoa, mas abominar a contaminação.
Princípio pastoral: A comunidade deve combinar ternura com discernimento: resgatar o recuperável, rejeitar a contaminação.
3. Exegese e análise da Conclusão / Doxologia (Jd 24–25)
3.1. Texto e conteúdo
Jd 24–25 — grande doxologia final: louvor a Deus que “pode vos guardar de tropeçar e vos apresentar irrepreensíveis perante a sua glória com alegria” e que é digno de glória e majestade etc.
3.2. Palavras-chaves e nuances
- δυνατέω (dunateō) — “poder”/“capacidade” de guardar; Deus como protetor providencial.
- παραστήσει (parastēsei) — “apresentar/estabelecer” — verbo escatológico: apresentação diante da glória divina.
- ἀνεκλάλητος ὕμνος (aneklálētos) — não usado aqui textualmente, mas o tom é de hino exultante.
- προ της αἰώνων (pro tēs aiōnōn) — “antes dos séculos” — enfatiza eternidade de Deus.
Teologia redentora: A doxologia fecha a carta com certeza escatológica — o juízo veio contra os ímpios, mas para os guardados há preservação e apresentação gloriosa: o drama cósmico termina na glória do Senhor.
4. Idéias teológicas centrais e intertextualidade
- Memória apostólica como norma (Jd 17) — a tradição apostólica é parâmetro de fé e prática; o apelo à lembrança reforça a autoridade.
- Edificação no Espírito — cristianismo não é apenas doutrina, é construção espiritual pneumática que se traduz em oração e vida comunitária.
- Compaixão com discernimento — modelo pastoral maduro (resgate/arrebatamento + rejeição da contaminação).
- Soberania e cuidado divino — a doxologia final reafirma a promessa de Deus de guardar e apresentar o seu povo, mesmo em meio à perseguição e imigração de falsos mestres.
5. Referências acadêmicas (seleção para estudo)
- Peter H. Davids — The Letters of 2 Peter and Jude (Pillar).
- Richard Bauckham — Jude & 2 Peter (WBC).
- Karen Jobes — 1 Peter, Jude (BECNT) — ótima para leigos e professores.
- Douglas J. Moo — comentário em NIVAC (2 Peter & Jude).
- BDAG — léxico grego para as entradas epoikodomeō, eleos, harpazō, tēreō, pneuma.
(essas obras aprofundam o contexto, intertextualidade e leitura histórica).
6. Aplicação prática (pessoal e eclesial)
6.1. Para o indivíduo
- Memória formativa: mantenha você mesmo e sua família ancorados na “fé santíssima” — leia e memorize o ensino apostólico; a memória molda a resistência.
- Vida devocional pneumática: pratique oração no Espírito (oração guiada, dependente, não meramente repetitiva); busque edificação através da Palavra e do Espírito.
- Discernimento pastoral: aprenda a distinguir entre quem precisa de compaixão e quem é fonte de contaminação; ame pessoas, combata práticas.
- Esperança ativa: viver no amor de Deus esperando a misericórdia de Cristo — esperança que molda atitudes (perdão, perseverança).
6.2. Para a comunidade / igreja
- Programas de caregiving: criar ministérios que identifiquem “duvidosos” e proporcionem acompanhamento restaurador (mentoria, discipulado intensivo).
- Políticas de disciplina e restauração: ter protocolos claros de resgate, disciplina, e reintegração — combinar urgência com paciência.
- Formação doutrinária: cultivar cursos/estudos sobre o depósito da fé e métodos de detecção de heresias contemporâneas (pseudomisticismos, antinomianismos, sincretismos).
- Doxologia comunitária: encerrar conflitos e instruações com tempo de louvor e confiança na soberania de Deus; a teologia confessional fortalece a prática.
7. Tabela expositiva (resumo pronto para apostila / slide)
Passagem
Palavra grega
Sentido / nota
Implicação teológica
Aplicação prática
Jd 17 — “Lembrai-vos”
μνημονεύετε (mnēmoneuete)
Recordar a tradição apostólica
Memória protege contra heresia
Estudos sistemáticos da fé; catequese
Jd 20 — “Edificando-vos”
ἐποικοδομοῦντες (epoikodomeō)
Construir progressivamente na fé
Crescimento pneumático (espiritual)
Discipulado sob a orientação do Espírito
Jd 20 — “Orando no Espírito”
ἐν πνεύματι ἁγίῳ
Oração guiada pelo Espírito
Dependência pneumática para resistência
Cultos de oração, intercessão guiada
Jd 21 — “Guardai-vos no amor”
τηρήσατε ἐν ἀγάπῃ
Guardar-se no amor de Deus
Combin. responsabilidade + esperança
Vida comunitária de amor e vigilância
Jd 22–23 — “Apiedai… salvai… aborrecendo a roupa manchada”
Ἐλεᾶτε; σῴζετε ἁρπάζοντες; σπιλωμένος χιτών
Misericórdia com urgência e discernimento
Misericórdia + disciplina pastoral
Rotinas de acolhida, restauração e disciplina
Jd 24–25 — Doxologia
δυνάμενος, παραστήσει, πᾶσα δόξα
Deus pode guardar e apresentar
Confiança escatológica e doxológica
Encerramento de lições com louvor e esperança
8. Breves perguntas para reflexão em EBD / pequenos grupos
- Como praticamos hoje “oração no Espírito” em nossas reuniões? Está sendo mera repetição ou depende do Espírito?
- Quem são os “duvidosos” em nossa igreja? Que programas temos para acompanhá-los?
- Onde corrermos o risco de “aborrecer a roupa manchada” em vez de amar a pessoa? Como equilibrar compaixão com discernimento?
- Em que momentos a memória apostólica (tradição) tem sido um recurso para resistir a modas doutrinárias?
Síntese final
O apelo de Judas é eminentemente pastoral: ele não apenas condena (certo e necessário) — sobretudo ele equipa a comunidade com instrumentos espirituais para a luta: memória apostólica, edificação pneumática, vigilância no amor, prática de misericórdia com discernimento e confiança na ação preservadora de Deus. A doxologia final assegura que, enquanto a igreja faz sua parte, Deus também opera com poder para apresentar os seus irrepreensíveis. Em tempos de erro e sedução espiritual, essa combinação de zelo e graça continua sendo o padrão bíblico para a igreja fiel.
1. Panorama sintético
Judas 17–23 constitui o núcleo pastoral da carta: após denunciar os falsos mestres (Jd 1–16), o autor dá instruções concretas para a comunidade resistir às infiltrações. O apelo é triplo e equilibrado: (a) edifiquem-se e orem (20); (b) conservai-vos no amor e esperai (21); (c) praticai misericórdia com discernimento — compaixão pelos vacilantes, resgate urgente dos que podem ser salvos, e rejeição do pecado contaminador (22–23). A carta conclui com uma poderosa doxologia (24–25) que refunda a esperança no Senhor soberano.
2. Exegese e análise léxica (Jd 17–23)
2.1. “Lembrai-vos…” (Jd 17)
Texto e função: Judas lembra a tradição apostólica: os apóstolos já anunciaram que nos últimos tempos apareceriam escarnecedores. O verbo μνημονεύετε (mnēmoneuete) — “lembrai-vos” — convoca à memória comunitária como antídoto teológico e pastoral.
Léxico: mnēmoneuō = recordar com intenção prática; memória como norma formativa.
Observação teológica: Em ambiente de crise doutrinária, a recordação da ortodoxia apostólica é terapêutica: a memória protege do desvio.
2.2. “Edificando-vos… orando no Espírito” (Jd 20)
Texto-chave: ἐποικοδομοῦντες ἑαυτοὺς τῇ ἁγιωτάτῃ ὑμῶν πίστει, ἐν πνεύματι ἁγίῳ προσευχόμενοι.
Léxico:
- ἐποικοδομέω (epoikodomeō) — edificar, construir sobre (figurado: crescimento espiritual).
- ἁγιωτάτη πίστις (hagiotatē pistis) — “vossa santíssima fé” (superlativo que sublinha a pureza e a dignidade do conteúdo apostólico).
- ἐν πνεύματι ἁγίῳ (en pneumati hagiō) — “no Espírito Santo” — modus de oração e vida espiritual.
Teologia prática: Crescimento espiritual é obra comunitária e pneumática; não se empilha saber sem oração; a edificação é vertical (no Espírito) e horizontal (na fé sã).
2.3. “Conservai a vós mesmos no amor de Deus…” (Jd 21)
Texto-chave: ἑαυτοὺς ἐν ἀγάπῃ θεοῦ τηρήσατε, προσδεχόμενοι τὸ ἔλεος… εἰς ζωὴν αἰώνιον.
Léxico:
- τηρέω (tēreō) — guardar, conservar; aqui tem sentido de vigilância moral e protegida.
- προσδεχόμενοι (prosdexom enoi) — esperando atentamente; activa espera na misericórdia.
- ἔλεος (eleos) — misericórdia; vinculada à atuação salvífica de Cristo.
- ζωή αἰώνιος (zōē aiōnios) — a vida eterna esperada.
Equilíbrio teológico: responsabilidade humana (guardar-se no amor) e confiança escatológica (esperar a misericórdia de Cristo). Guardar-se no amor de Deus é estilo de vida que preserva a comunidade.
2.4. “Apiedai-vos… salvai… tende deles misericórdia com temor, aborrecendo até a roupa manchada da carne” (Jd 22–23)
Três ações pastorais (verbo-imperativo):
- Ἐλεᾶτε (eleate) — tenham compaixão dos que duvidam. Compaixão para os vacilantes: pastoral restauradora.
- σῴζετε (sōzete) ἐκ πυρὸς ἁρπάζοντες — salvai, arrebatando (harpazontes) do fogo: urgência e energia no resgate.
- ἔχοντες οἰκτιρμούς ἐν φόβῳ, μισοῦντες ἔστω καὶ τὸν ἐσπιλωμένον χιτῶνα τῆς σαρκός — tenham misericórdia com temor, aborrecendo até a roupa manchada pela carne.
Análise léxica/semântica:
- χαράσσειν não aparece, mas ἁρπάζοντες dá ideia de ação ativa e às vezes violenta para salvar.
- σπιλωμένος χιτών — “túnica manchada” — imagem de impureza moral; amar a pessoa, mas abominar a contaminação.
Princípio pastoral: A comunidade deve combinar ternura com discernimento: resgatar o recuperável, rejeitar a contaminação.
3. Exegese e análise da Conclusão / Doxologia (Jd 24–25)
3.1. Texto e conteúdo
Jd 24–25 — grande doxologia final: louvor a Deus que “pode vos guardar de tropeçar e vos apresentar irrepreensíveis perante a sua glória com alegria” e que é digno de glória e majestade etc.
3.2. Palavras-chaves e nuances
- δυνατέω (dunateō) — “poder”/“capacidade” de guardar; Deus como protetor providencial.
- παραστήσει (parastēsei) — “apresentar/estabelecer” — verbo escatológico: apresentação diante da glória divina.
- ἀνεκλάλητος ὕμνος (aneklálētos) — não usado aqui textualmente, mas o tom é de hino exultante.
- προ της αἰώνων (pro tēs aiōnōn) — “antes dos séculos” — enfatiza eternidade de Deus.
Teologia redentora: A doxologia fecha a carta com certeza escatológica — o juízo veio contra os ímpios, mas para os guardados há preservação e apresentação gloriosa: o drama cósmico termina na glória do Senhor.
4. Idéias teológicas centrais e intertextualidade
- Memória apostólica como norma (Jd 17) — a tradição apostólica é parâmetro de fé e prática; o apelo à lembrança reforça a autoridade.
- Edificação no Espírito — cristianismo não é apenas doutrina, é construção espiritual pneumática que se traduz em oração e vida comunitária.
- Compaixão com discernimento — modelo pastoral maduro (resgate/arrebatamento + rejeição da contaminação).
- Soberania e cuidado divino — a doxologia final reafirma a promessa de Deus de guardar e apresentar o seu povo, mesmo em meio à perseguição e imigração de falsos mestres.
5. Referências acadêmicas (seleção para estudo)
- Peter H. Davids — The Letters of 2 Peter and Jude (Pillar).
- Richard Bauckham — Jude & 2 Peter (WBC).
- Karen Jobes — 1 Peter, Jude (BECNT) — ótima para leigos e professores.
- Douglas J. Moo — comentário em NIVAC (2 Peter & Jude).
- BDAG — léxico grego para as entradas epoikodomeō, eleos, harpazō, tēreō, pneuma.
(essas obras aprofundam o contexto, intertextualidade e leitura histórica).
6. Aplicação prática (pessoal e eclesial)
6.1. Para o indivíduo
- Memória formativa: mantenha você mesmo e sua família ancorados na “fé santíssima” — leia e memorize o ensino apostólico; a memória molda a resistência.
- Vida devocional pneumática: pratique oração no Espírito (oração guiada, dependente, não meramente repetitiva); busque edificação através da Palavra e do Espírito.
- Discernimento pastoral: aprenda a distinguir entre quem precisa de compaixão e quem é fonte de contaminação; ame pessoas, combata práticas.
- Esperança ativa: viver no amor de Deus esperando a misericórdia de Cristo — esperança que molda atitudes (perdão, perseverança).
6.2. Para a comunidade / igreja
- Programas de caregiving: criar ministérios que identifiquem “duvidosos” e proporcionem acompanhamento restaurador (mentoria, discipulado intensivo).
- Políticas de disciplina e restauração: ter protocolos claros de resgate, disciplina, e reintegração — combinar urgência com paciência.
- Formação doutrinária: cultivar cursos/estudos sobre o depósito da fé e métodos de detecção de heresias contemporâneas (pseudomisticismos, antinomianismos, sincretismos).
- Doxologia comunitária: encerrar conflitos e instruações com tempo de louvor e confiança na soberania de Deus; a teologia confessional fortalece a prática.
7. Tabela expositiva (resumo pronto para apostila / slide)
Passagem | Palavra grega | Sentido / nota | Implicação teológica | Aplicação prática |
Jd 17 — “Lembrai-vos” | μνημονεύετε (mnēmoneuete) | Recordar a tradição apostólica | Memória protege contra heresia | Estudos sistemáticos da fé; catequese |
Jd 20 — “Edificando-vos” | ἐποικοδομοῦντες (epoikodomeō) | Construir progressivamente na fé | Crescimento pneumático (espiritual) | Discipulado sob a orientação do Espírito |
Jd 20 — “Orando no Espírito” | ἐν πνεύματι ἁγίῳ | Oração guiada pelo Espírito | Dependência pneumática para resistência | Cultos de oração, intercessão guiada |
Jd 21 — “Guardai-vos no amor” | τηρήσατε ἐν ἀγάπῃ | Guardar-se no amor de Deus | Combin. responsabilidade + esperança | Vida comunitária de amor e vigilância |
Jd 22–23 — “Apiedai… salvai… aborrecendo a roupa manchada” | Ἐλεᾶτε; σῴζετε ἁρπάζοντες; σπιλωμένος χιτών | Misericórdia com urgência e discernimento | Misericórdia + disciplina pastoral | Rotinas de acolhida, restauração e disciplina |
Jd 24–25 — Doxologia | δυνάμενος, παραστήσει, πᾶσα δόξα | Deus pode guardar e apresentar | Confiança escatológica e doxológica | Encerramento de lições com louvor e esperança |
8. Breves perguntas para reflexão em EBD / pequenos grupos
- Como praticamos hoje “oração no Espírito” em nossas reuniões? Está sendo mera repetição ou depende do Espírito?
- Quem são os “duvidosos” em nossa igreja? Que programas temos para acompanhá-los?
- Onde corrermos o risco de “aborrecer a roupa manchada” em vez de amar a pessoa? Como equilibrar compaixão com discernimento?
- Em que momentos a memória apostólica (tradição) tem sido um recurso para resistir a modas doutrinárias?
Síntese final
O apelo de Judas é eminentemente pastoral: ele não apenas condena (certo e necessário) — sobretudo ele equipa a comunidade com instrumentos espirituais para a luta: memória apostólica, edificação pneumática, vigilância no amor, prática de misericórdia com discernimento e confiança na ação preservadora de Deus. A doxologia final assegura que, enquanto a igreja faz sua parte, Deus também opera com poder para apresentar os seus irrepreensíveis. Em tempos de erro e sedução espiritual, essa combinação de zelo e graça continua sendo o padrão bíblico para a igreja fiel.
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Como Judas descreve os que causam divisão na Igreja do Senhor?
R.: Judas os descreve como sensuais, ou seja, pessoas guia- das pelos desejos carnais, e que não possuem o Espírito Santo.
Revista Central Gospel
Revista Central Gospel.
Gostou do site? Ajude-nos a manter e melhorar ainda mais este Site. Nos abençoe com Uma Oferta pelo PIX: TEL (15)99798-4063 – Seja Um Parceiro Desta Obra. “Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos dará; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”. (Lucas 6:38). O PDF desse estudo, se encontra no acesso vip ebd, adquira, mande uma mensagem no WhatsApp.
SAIBA TUDO SOBRE A ESCOLA DOMINICAL:
SAIBA TUDO SOBRE A ESCOLA DOMINICAL
EBD 3° Trimestre De 2025 | CPAD Adultos – TEMA: A IGREJA EM JERUSALÉM: Doutrina, Comunhão e Fé: A Base para o Crescimento da Igreja em meio às Perseguições | Escola Biblica Dominical | Lição 01: A Igreja que nasceu no Pentecostes
Quem compromete-se com a EBD não inventa histórias, mas fala o que está escrito na Bíblia!
EBD 3° Trimestre De 2025 | CPAD Adultos – TEMA: A IGREJA EM JERUSALÉM: Doutrina, Comunhão e Fé: A Base para o Crescimento da Igreja em meio às Perseguições | Escola Biblica Dominical | Lição 01: A Igreja que nasceu no Pentecostes
Quem compromete-se com a EBD não inventa histórias, mas fala o que está escrito na Bíblia!
📩 Adquira UM DOS PACOTES do acesso Vip ou arquivo avulso de qualquer ano | Saiba mais pelo Zap.
- O acesso vip foi pensado para facilitar o superintende e professores de EBD, dá a possibilidade de ter em mãos, Slides, Subsídios de todas as classes e faixas etárias. Saiba qual as opções, e adquira! Entre em contato.
- O acesso vip foi pensado para facilitar o superintende e professores de EBD, dá a possibilidade de ter em mãos, Slides, Subsídios de todas as classes e faixas etárias. Saiba qual as opções, e adquira! Entre em contato.
ADQUIRA O ACESSO VIP ou os conteúdos em pdf 👆👆👆👆👆👆 Entre em contato.
Os conteúdos tem lhe abençoado? Nos abençoe também com Uma Oferta Voluntária de qualquer valor pelo PIX: E-MAIL pecadorconfesso@hotmail.com – ou, PIX:TEL (15)99798-4063 Seja Um Parceiro Desta Obra. “Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos dará; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”. Lucas 6:38
- ////////----------/////////--------------///////////













COMMENTS