TEXTO ÁUREO “Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus....
“Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus.” (At 7.55).
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Atos 7:55
Texto:
“Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus.” (At 7.55).
🔎 Análise das Palavras-Chave no Grego
- Cheio (πλήρης – plḗrēs)
- Significa “completo, repleto, saturado”.
- Em Atos, frequentemente usado para indicar plenitude do Espírito (At 6.3; 11.24).
- Denota não apenas uma visitação momentânea, mas um estado contínuo de submissão e capacitação divina.
- Aplicação: o cristão deve buscar não apenas uma experiência pontual com o Espírito, mas uma vida de plenitude (Ef 5.18).
- Espírito Santo (πνεύματος ἁγίου – pneumatos hagiou)
- O artigo está ausente, indicando qualidade: “cheio de Espírito Santo”, enfatizando a operação da terceira Pessoa da Trindade.
- Reflete a promessa de Jesus em Atos 1.8, de que o Espírito capacitaria a Igreja para o testemunho até a morte.
- Fixando os olhos (ἀτενίζω – atenízō)
- Verbo usado para descrever um olhar fixo, penetrante, concentrado.
- Aparece também em At 3.4 (Pedro e João olhando o coxo) e em Lc 22.56 (olhar da criada a Pedro).
- Aqui, expressa a fé inabalável de Estêvão, que não se detém nas pedras ou na multidão hostil, mas fixa sua visão no céu.
- Glória (δόξα – dóxa)
- Originalmente “peso, valor, esplendor”. No NT, usada para descrever a manifestação visível da presença e majestade de Deus.
- Remete à visão de Isaías (Is 6.1-3) e Ezequiel (Ez 1.28), e também à transfiguração (Lc 9.32).
- Estêvão vê a realidade celestial antes de entrar nela.
- À direita (ἐκ δεξιῶν – ek dexiōn)
- Lugar de honra, autoridade e poder (Sl 110.1; Mc 16.19; Hb 1.3).
- Diferente de outras passagens que falam de Cristo “sentado”, aqui Ele aparece de pé, como Intercessor e Advogado do mártir (Hb 7.25; 1Jo 2.1).
📚 Referências de Livros Acadêmicos Cristãos
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento: Bruce observa que o fato de Cristo aparecer “em pé” é um sinal de acolhimento ao mártir e uma prova do reconhecimento divino de seu testemunho.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento: Keener ressalta que a visão de Estêvão confirma a cristologia elevada de Lucas, mostrando Jesus compartilhando da glória de Deus e recebendo a mesma honra.
- John Stott — A Mensagem de Atos: Stott destaca que Estêvão, “cheio do Espírito”, experimenta em plenitude a promessa de Cristo de que o Espírito testemunharia dele (Jo 15.26-27).
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração: Peterson mostra que a visão une a obra do Espírito e a exaltação de Cristo, garantindo ao cristão a segurança da presença de Deus mesmo diante da morte.
✝️ Aplicação Pessoal
- Plenitude do Espírito: Assim como Estêvão, o crente deve buscar diariamente ser cheio do Espírito, não apenas em dons, mas em coragem, fé e fidelidade.
- Visão Celestial: Em tempos de perseguição, doença ou adversidade, a fé deve fixar os olhos na eternidade e não nas circunstâncias terrenas (2Co 4.17-18).
- Cristo Intercessor: Saber que Cristo está à direita do Pai, em favor dos santos, traz conforto diante das provações.
- Mártir e Testemunha: Estêvão não foi apenas o primeiro mártir, mas o modelo do verdadeiro testemunho cristão – firme, piedoso e cheio de esperança.
📊 Tabela Expositiva de Atos 7:55
Elemento do Texto
Palavra Grega
Significado
Referências Bíblicas
Aplicação
Cheio do Espírito Santo
πλήρης (plḗrēs)
Repleto, controlado pelo Espírito
At 6.3; Ef 5.18
Viver uma vida de plenitude e obediência
Fixando os olhos
ἀτενίζω (atenízō)
Olhar firme, focado
At 3.4; Lc 22.56
Ter os olhos da fé voltados para Cristo
Viu a glória de Deus
δόξα (dóxa)
Esplendor, manifestação divina
Is 6.1-3; Jo 1.14
Antecipação da glória eterna prometida
Jesus à direita de Deus
ἐκ δεξιῶν (ek dexiōn)
Lugar de poder e honra
Sl 110.1; Hb 1.3
Segurança da intercessão e vitória em Cristo
Jesus em pé
ἑστῶτα (hestōta)
De pé, posição ativa
At 7.56; Hb 7.25
Cristo acolhe e intercede pelos seus mártires
👉 Esse texto é uma poderosa lembrança de que o crente cheio do Espírito vê além das circunstâncias terrenas e contempla a glória de Cristo exaltado, recebendo força para permanecer fiel até o fim.
Atos 7:55
Texto:
“Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus.” (At 7.55).
🔎 Análise das Palavras-Chave no Grego
- Cheio (πλήρης – plḗrēs)
- Significa “completo, repleto, saturado”.
- Em Atos, frequentemente usado para indicar plenitude do Espírito (At 6.3; 11.24).
- Denota não apenas uma visitação momentânea, mas um estado contínuo de submissão e capacitação divina.
- Aplicação: o cristão deve buscar não apenas uma experiência pontual com o Espírito, mas uma vida de plenitude (Ef 5.18).
- Espírito Santo (πνεύματος ἁγίου – pneumatos hagiou)
- O artigo está ausente, indicando qualidade: “cheio de Espírito Santo”, enfatizando a operação da terceira Pessoa da Trindade.
- Reflete a promessa de Jesus em Atos 1.8, de que o Espírito capacitaria a Igreja para o testemunho até a morte.
- Fixando os olhos (ἀτενίζω – atenízō)
- Verbo usado para descrever um olhar fixo, penetrante, concentrado.
- Aparece também em At 3.4 (Pedro e João olhando o coxo) e em Lc 22.56 (olhar da criada a Pedro).
- Aqui, expressa a fé inabalável de Estêvão, que não se detém nas pedras ou na multidão hostil, mas fixa sua visão no céu.
- Glória (δόξα – dóxa)
- Originalmente “peso, valor, esplendor”. No NT, usada para descrever a manifestação visível da presença e majestade de Deus.
- Remete à visão de Isaías (Is 6.1-3) e Ezequiel (Ez 1.28), e também à transfiguração (Lc 9.32).
- Estêvão vê a realidade celestial antes de entrar nela.
- À direita (ἐκ δεξιῶν – ek dexiōn)
- Lugar de honra, autoridade e poder (Sl 110.1; Mc 16.19; Hb 1.3).
- Diferente de outras passagens que falam de Cristo “sentado”, aqui Ele aparece de pé, como Intercessor e Advogado do mártir (Hb 7.25; 1Jo 2.1).
📚 Referências de Livros Acadêmicos Cristãos
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento: Bruce observa que o fato de Cristo aparecer “em pé” é um sinal de acolhimento ao mártir e uma prova do reconhecimento divino de seu testemunho.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento: Keener ressalta que a visão de Estêvão confirma a cristologia elevada de Lucas, mostrando Jesus compartilhando da glória de Deus e recebendo a mesma honra.
- John Stott — A Mensagem de Atos: Stott destaca que Estêvão, “cheio do Espírito”, experimenta em plenitude a promessa de Cristo de que o Espírito testemunharia dele (Jo 15.26-27).
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração: Peterson mostra que a visão une a obra do Espírito e a exaltação de Cristo, garantindo ao cristão a segurança da presença de Deus mesmo diante da morte.
✝️ Aplicação Pessoal
- Plenitude do Espírito: Assim como Estêvão, o crente deve buscar diariamente ser cheio do Espírito, não apenas em dons, mas em coragem, fé e fidelidade.
- Visão Celestial: Em tempos de perseguição, doença ou adversidade, a fé deve fixar os olhos na eternidade e não nas circunstâncias terrenas (2Co 4.17-18).
- Cristo Intercessor: Saber que Cristo está à direita do Pai, em favor dos santos, traz conforto diante das provações.
- Mártir e Testemunha: Estêvão não foi apenas o primeiro mártir, mas o modelo do verdadeiro testemunho cristão – firme, piedoso e cheio de esperança.
📊 Tabela Expositiva de Atos 7:55
Elemento do Texto | Palavra Grega | Significado | Referências Bíblicas | Aplicação |
Cheio do Espírito Santo | πλήρης (plḗrēs) | Repleto, controlado pelo Espírito | At 6.3; Ef 5.18 | Viver uma vida de plenitude e obediência |
Fixando os olhos | ἀτενίζω (atenízō) | Olhar firme, focado | At 3.4; Lc 22.56 | Ter os olhos da fé voltados para Cristo |
Viu a glória de Deus | δόξα (dóxa) | Esplendor, manifestação divina | Is 6.1-3; Jo 1.14 | Antecipação da glória eterna prometida |
Jesus à direita de Deus | ἐκ δεξιῶν (ek dexiōn) | Lugar de poder e honra | Sl 110.1; Hb 1.3 | Segurança da intercessão e vitória em Cristo |
Jesus em pé | ἑστῶτα (hestōta) | De pé, posição ativa | At 7.56; Hb 7.25 | Cristo acolhe e intercede pelos seus mártires |
👉 Esse texto é uma poderosa lembrança de que o crente cheio do Espírito vê além das circunstâncias terrenas e contempla a glória de Cristo exaltado, recebendo força para permanecer fiel até o fim.
VERDADE PRÁTICA
A igreja foi capacitada por Deus para enfrentar um mundo que é hostil à sua fé e valores.
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LEITURA DIÁRIA
Segunda – Mt 10.16 Vivendo em um mundo hostil
Terça – At 20.24 Nada a temer na pregação do Evangelho
Quarta – At 6.10 Capacitados com sabedoria para o confronto
Quinta – At 6.11-13 Caluniados e difamados pelos opositores
Sexta – Ap 2.10 Fiel até à morte nas perseguições contra a fé
Sábado – At 7.60 Morrendo e perdoando pela fé
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Segunda — Mateus 10.16: Vivendo em um mundo hostil
“Eis que eu vos envio como ovelhas ao meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e simples como as pombas.”
Palavras-chave (grego)
- πρόβατα (próbata, “ovelhas”): figura de vulnerabilidade sob o cuidado do Pastor (cf. Jo 10).
- λύκοι (lýkoi, “lobos”): hostilidade/ferocidade contra o rebanho.
- φρόνιμοι (phronímoi, “prudentes/sagazes”): sabedoria prática, discernimento (Mt 7.24; 25.2).
- ἀκέραιοι (akerai̯oi, “puros/ingênuos/íntegros”): sem mistura, íntegros (Fp 2.15).
Notas teológicas
- Missão ocorre em ambiente adverso; Jesus une sagacidade e pureza — não astúcia cínica, nem ingenuidade irresponsável.
- Ética do discípulo: caráter (pureza) e competência (prudência) se pertencem.
Aplicação
- Ore por discernimento para decidir quando falar e como falar; estabeleça limites santos sem se tornar ríspido (Cl 4.5-6).
Leituras acadêmicas
- R. T. France, The Gospel of Matthew (NICNT).
- D. A. Carson, Matthew (EBC).
- Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD), Mt 10.
Terça — Atos 20.24: Nada a temer na pregação do Evangelho
“Em nada considero a vida preciosa para mim, contanto que complete a corrida e o ministério… para testemunhar o evangelho da graça de Deus.”
Palavras-chave (grego)
- τιμίαν (timían, “preciosa”): valor estimado; Paulo relativiza a própria vida em vista do chamado.
- δρόμος (drómos, “corrida”): imagem atlética da vocação a completar (2Tm 4.7).
- διακονία (diakonía, “ministério/serviço”): encargo recebido do Senhor.
- εὐαγγέλιον τῆς χάριτος: boa-nova cuja fonte é graça (cháris), não mérito.
Notas teológicas
- A teleologia do ministério: terminar bem pesa mais que autopreservação.
- Kerygma centrado na graça molda a coragem do missionário.
Aplicação
- Defina métricas de fidelidade, não de sucesso: “completei o que me foi confiado?” (1Co 4.2).
Leituras acadêmicas
- F. F. Bruce, The Book of Acts (NICNT).
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary.
- John Stott, The Message of Acts.
Quarta — Atos 6.10: Capacitados com sabedoria para o confronto
“Não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava.”
Palavras-chave (grego)
- ἀνθίστημι (anthístēmi, “resistir/contrapor-se”): oposição que falha ante evidência e poder.
- σοφία (sophía, “sabedoria”): não mero brilho retórico, mas discernimento inspirado (Lc 21.15).
- πνεῦμα (pneûma): provavelmente referência ao Espírito Santo (cf. 6.5 “cheio do Espírito”), operando através de Estêvão.
Notas teológicas
- Palavra + Espírito: a apologética cristã é pneumatológica; não pode ser reduzida a técnica argumentativa.
- A promessa de Lc 21.15 cumpre-se aqui: “vos darei boca e sabedoria”.
Aplicação
- Estude com diligência e dependa do Espírito em oração; prepare-se, mas confie no Doador (2Tm 2.15; Ef 6.18-20).
Leituras acadêmicas
- David G. Peterson, The Acts of the Apostles (PNTC).
- Ben Witherington III, The Acts of the Apostles.
Quinta — Atos 6.11–13: Caluniados e difamados pelos opositores
“Então subornaram homens… apresentaram falsas testemunhas… ‘palavras blasfemas contra este lugar santo e a Lei’.”
Palavras-chave (grego)
- ὑπέβαλον (hypébalon, “instigaram/subornaram”): manipulação do processo.
- ψευδομάρτυρες (pseudomártyres, “falsas testemunhas”): paralelos ao julgamento de Jesus (Mt 26.59-60).
- βλάσφημα (blásphēma, “blasfêmias”): deturpação do ensino para criminalizar o inocente.
Notas teológicas
- O servo partilha o destino do Mestre: mesma estratégia de calúnia (Jo 15.20).
- O conflito não é apenas intelectual; há iniquidade estrutural (suborno, falso testemunho).
Aplicação
- Responda com integridade e serenidade (1Pe 3.16). Documente fatos, evite retribuir calúnia por calúnia e confie no Justo Juiz (1Pe 2.23).
Leituras acadêmicas
- Stanley M. Horton, Atos (Comentário, CPAD).
- F. F. Bruce, The Book of Acts.
Sexta — Apocalipse 2.10: Fiel até à morte
“Não temas as coisas que estás para sofrer… Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.”
Palavras-chave (grego)
- φοβοῦ μηδέν (phoboû mēdén, “nada temas”): imperativo presente — coragem sustentada.
- μέλλεις παθεῖν (mélleis patheîn, “estás para sofrer”): sofrimento iminente, mas limitado (“dez dias” v.10).
- γίνου πιστὸς ἄχρι θανάτου: fidelidade perseverante até o fim.
- στέφανος τῆς ζωῆς (stéphanos): coroa do vencedor (não diádēma real), recompensa escatológica (Tg 1.12).
Notas teológicas
- Cristo conhece (2.9) e delimita as provas; sua soberania sustenta a perseverança dos santos.
- A esperança da recompensa requalifica a dor presente (Rm 8.18).
Aplicação
- Pratique ritmos de esperança: memorização de promessas, intercessão pela igreja perseguida, hábitos de fidelidade em pequenas provações.
Leituras acadêmicas
- G. K. Beale, The Book of Revelation (NIGTC).
- Grant R. Osborne, Revelation (BECNT).
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
Sábado — Atos 7.60: Morrendo e perdoando pela fé
“Senhor, não lhes imputes este pecado… e, dizendo isto, adormeceu.”
Palavras-chave (grego)
- μὴ στήσῃς (mē stḗsēs, de histēmi “pôr/lançar à conta”): “não registres/credites” — linguagem forense de imputação.
- ἁμαρτία (hamartía, “pecado”): culpa real, mas alvo de intercessão.
- ἐκοιμήθη (ekoimḗthē, “adormeceu”): eufemismo cristão para morte, à luz da ressurreição (1Ts 4.13-14).
Notas teológicas
- Estêvão imita o Crucificado (Lc 23.34,46): martírio como conformidade a Cristo.
- Perdão como ato missionário: testemunho final que semeia (Saulo está presente; At 8.1; 22.20).
Aplicação
- Ore pelos que o ferem; nomeie a dor, entregue a Deus e libere perdão (Mt 5.44; Rm 12.19-21).
Leituras acadêmicas
- Craig S. Keener, Acts.
- John Stott, The Message of Acts.
- Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD), At 7.
Tabela expositiva (resumo da semana)
Dia
Texto
Tema
Termos-chave (grego)
Linha teológica
Aplicação prática
Seg
Mt 10.16
Missão em hostilidade
phronímoi (prudentes), akerai̯oi (puros)
Integrar sagacidade e santidade
Discernir sem cinismo; pureza sem ingenuidade
Ter
At 20.24
Coragem ministerial
drómos (corrida), diakonía, cháris
Terminar bem > autopreservar-se
Métricas de fidelidade; foco na graça
Qua
At 6.10
Sabedoria no confronto
sophía, pneûma, anthístēmi
Apologética pneumatológica
Estudo + dependência do Espírito
Qui
At 6.11-13
Calúnia e fidelidade
hypébalon, pseudomártyres, blásphēma
Servo participa do destino do Mestre
Responder com boa consciência
Sex
Ap 2.10
Perseverança até a morte
phoboû mēdén, stéphanos
Provas limitadas; recompensa certa
Rotinas de esperança e intercessão
Sáb
At 7.60
Perdão no martírio
mē stḗsēs, hamartía, ekoimḗthē
Imitatio Christi no perdão
Perdoar ativamente os ofensores
Bibliografia sugerida (amostragem)
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
Segunda — Mateus 10.16: Vivendo em um mundo hostil
“Eis que eu vos envio como ovelhas ao meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e simples como as pombas.”
Palavras-chave (grego)
- πρόβατα (próbata, “ovelhas”): figura de vulnerabilidade sob o cuidado do Pastor (cf. Jo 10).
- λύκοι (lýkoi, “lobos”): hostilidade/ferocidade contra o rebanho.
- φρόνιμοι (phronímoi, “prudentes/sagazes”): sabedoria prática, discernimento (Mt 7.24; 25.2).
- ἀκέραιοι (akerai̯oi, “puros/ingênuos/íntegros”): sem mistura, íntegros (Fp 2.15).
Notas teológicas
- Missão ocorre em ambiente adverso; Jesus une sagacidade e pureza — não astúcia cínica, nem ingenuidade irresponsável.
- Ética do discípulo: caráter (pureza) e competência (prudência) se pertencem.
Aplicação
- Ore por discernimento para decidir quando falar e como falar; estabeleça limites santos sem se tornar ríspido (Cl 4.5-6).
Leituras acadêmicas
- R. T. France, The Gospel of Matthew (NICNT).
- D. A. Carson, Matthew (EBC).
- Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD), Mt 10.
Terça — Atos 20.24: Nada a temer na pregação do Evangelho
“Em nada considero a vida preciosa para mim, contanto que complete a corrida e o ministério… para testemunhar o evangelho da graça de Deus.”
Palavras-chave (grego)
- τιμίαν (timían, “preciosa”): valor estimado; Paulo relativiza a própria vida em vista do chamado.
- δρόμος (drómos, “corrida”): imagem atlética da vocação a completar (2Tm 4.7).
- διακονία (diakonía, “ministério/serviço”): encargo recebido do Senhor.
- εὐαγγέλιον τῆς χάριτος: boa-nova cuja fonte é graça (cháris), não mérito.
Notas teológicas
- A teleologia do ministério: terminar bem pesa mais que autopreservação.
- Kerygma centrado na graça molda a coragem do missionário.
Aplicação
- Defina métricas de fidelidade, não de sucesso: “completei o que me foi confiado?” (1Co 4.2).
Leituras acadêmicas
- F. F. Bruce, The Book of Acts (NICNT).
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary.
- John Stott, The Message of Acts.
Quarta — Atos 6.10: Capacitados com sabedoria para o confronto
“Não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava.”
Palavras-chave (grego)
- ἀνθίστημι (anthístēmi, “resistir/contrapor-se”): oposição que falha ante evidência e poder.
- σοφία (sophía, “sabedoria”): não mero brilho retórico, mas discernimento inspirado (Lc 21.15).
- πνεῦμα (pneûma): provavelmente referência ao Espírito Santo (cf. 6.5 “cheio do Espírito”), operando através de Estêvão.
Notas teológicas
- Palavra + Espírito: a apologética cristã é pneumatológica; não pode ser reduzida a técnica argumentativa.
- A promessa de Lc 21.15 cumpre-se aqui: “vos darei boca e sabedoria”.
Aplicação
- Estude com diligência e dependa do Espírito em oração; prepare-se, mas confie no Doador (2Tm 2.15; Ef 6.18-20).
Leituras acadêmicas
- David G. Peterson, The Acts of the Apostles (PNTC).
- Ben Witherington III, The Acts of the Apostles.
Quinta — Atos 6.11–13: Caluniados e difamados pelos opositores
“Então subornaram homens… apresentaram falsas testemunhas… ‘palavras blasfemas contra este lugar santo e a Lei’.”
Palavras-chave (grego)
- ὑπέβαλον (hypébalon, “instigaram/subornaram”): manipulação do processo.
- ψευδομάρτυρες (pseudomártyres, “falsas testemunhas”): paralelos ao julgamento de Jesus (Mt 26.59-60).
- βλάσφημα (blásphēma, “blasfêmias”): deturpação do ensino para criminalizar o inocente.
Notas teológicas
- O servo partilha o destino do Mestre: mesma estratégia de calúnia (Jo 15.20).
- O conflito não é apenas intelectual; há iniquidade estrutural (suborno, falso testemunho).
Aplicação
- Responda com integridade e serenidade (1Pe 3.16). Documente fatos, evite retribuir calúnia por calúnia e confie no Justo Juiz (1Pe 2.23).
Leituras acadêmicas
- Stanley M. Horton, Atos (Comentário, CPAD).
- F. F. Bruce, The Book of Acts.
Sexta — Apocalipse 2.10: Fiel até à morte
“Não temas as coisas que estás para sofrer… Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.”
Palavras-chave (grego)
- φοβοῦ μηδέν (phoboû mēdén, “nada temas”): imperativo presente — coragem sustentada.
- μέλλεις παθεῖν (mélleis patheîn, “estás para sofrer”): sofrimento iminente, mas limitado (“dez dias” v.10).
- γίνου πιστὸς ἄχρι θανάτου: fidelidade perseverante até o fim.
- στέφανος τῆς ζωῆς (stéphanos): coroa do vencedor (não diádēma real), recompensa escatológica (Tg 1.12).
Notas teológicas
- Cristo conhece (2.9) e delimita as provas; sua soberania sustenta a perseverança dos santos.
- A esperança da recompensa requalifica a dor presente (Rm 8.18).
Aplicação
- Pratique ritmos de esperança: memorização de promessas, intercessão pela igreja perseguida, hábitos de fidelidade em pequenas provações.
Leituras acadêmicas
- G. K. Beale, The Book of Revelation (NIGTC).
- Grant R. Osborne, Revelation (BECNT).
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
Sábado — Atos 7.60: Morrendo e perdoando pela fé
“Senhor, não lhes imputes este pecado… e, dizendo isto, adormeceu.”
Palavras-chave (grego)
- μὴ στήσῃς (mē stḗsēs, de histēmi “pôr/lançar à conta”): “não registres/credites” — linguagem forense de imputação.
- ἁμαρτία (hamartía, “pecado”): culpa real, mas alvo de intercessão.
- ἐκοιμήθη (ekoimḗthē, “adormeceu”): eufemismo cristão para morte, à luz da ressurreição (1Ts 4.13-14).
Notas teológicas
- Estêvão imita o Crucificado (Lc 23.34,46): martírio como conformidade a Cristo.
- Perdão como ato missionário: testemunho final que semeia (Saulo está presente; At 8.1; 22.20).
Aplicação
- Ore pelos que o ferem; nomeie a dor, entregue a Deus e libere perdão (Mt 5.44; Rm 12.19-21).
Leituras acadêmicas
- Craig S. Keener, Acts.
- John Stott, The Message of Acts.
- Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD), At 7.
Tabela expositiva (resumo da semana)
Dia | Texto | Tema | Termos-chave (grego) | Linha teológica | Aplicação prática |
Seg | Mt 10.16 | Missão em hostilidade | phronímoi (prudentes), akerai̯oi (puros) | Integrar sagacidade e santidade | Discernir sem cinismo; pureza sem ingenuidade |
Ter | At 20.24 | Coragem ministerial | drómos (corrida), diakonía, cháris | Terminar bem > autopreservar-se | Métricas de fidelidade; foco na graça |
Qua | At 6.10 | Sabedoria no confronto | sophía, pneûma, anthístēmi | Apologética pneumatológica | Estudo + dependência do Espírito |
Qui | At 6.11-13 | Calúnia e fidelidade | hypébalon, pseudomártyres, blásphēma | Servo participa do destino do Mestre | Responder com boa consciência |
Sex | Ap 2.10 | Perseverança até a morte | phoboû mēdén, stéphanos | Provas limitadas; recompensa certa | Rotinas de esperança e intercessão |
Sáb | At 7.60 | Perdão no martírio | mē stḗsēs, hamartía, ekoimḗthē | Imitatio Christi no perdão | Perdoar ativamente os ofensores |
Bibliografia sugerida (amostragem)
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
HINOS SUGERIDOS: 418, 509 e 515 da Harpa Cristã.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 6.8-15; 7.54-60.
Atos 6
8 — E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.
9 — E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos Libertos, e dos cireneus, e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão.
10 — E não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava.
11 — Então, subornaram uns homens para que dissessem: Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus.
12 — E excitaram o povo, os anciãos e os escribas; e, investindo com ele, o arrebataram e o levaram ao conselho.
13 — Apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a lei;
14 — porque nós lhe ouvimos dizer que esse Jesus Nazareno há de destruir este lugar e mudar os costumes que Moisés nos deu.
15 — Então, todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo.
Atos 7
54 — E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele.
55 — Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus,
56 — e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus.
57 — Mas eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele.
58 — E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo.
59 — E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito.
60 — E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1. Contexto rápido
O trecho vem na sequência imediata da escolha dos sete diáconos (At 6.1–7). Estêvão, um dos sete, é um pregador Hellenista cujas palavras provocam oposição nas sinagogas do judaísmo da diáspora. O conflito escala: suborno de testemunhas, julgamento perante o Sinédrio e apedrejamento — o primeiro martírio cristão. Lucas articula o episódio para mostrar (a) o Espírito capacitando testemunho eficaz, (b) continuidade entre o destino de Jesus e o destino de Seus seguidores, e (c) como a perseguição impulsiona a expansão missionária (cf. At 8.1–4).
2. Comentário versículo a versículo com análise léxica (grego)
Atos 6:8 — “E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.”
- Gregos-chave:
- πλήρης (plḗrēs) + πίστεως (pisteōs) e δυνάμεως (dunámeōs) — “cheio / cheio de fé e de poder”. πλήρης indica estado de plenitude; a genitiva qualifica de que ele está cheio. δυνάμις aponta aqui para poder com conotação de eficácia miraculos a (cf. uso paulino e lucano).
- σημεῖα καὶ τέρατα (sēmeia kai tērata) — “sinais e prodígios/wonders”. Termos usados por Lucas para a verificação divina da mensagem.
- Comentário: Lucas apresenta Estêvão como porta-voz dotado do Espírito: fé (confiança) + poder (capacidade sobrenatural) produzem ministério visível. Isso situa Estêvão na linha dos grandes servos do AT e na continuidade com a obra de Jesus (sinais que confirmam a mensagem).
Atos 6:9 — “Levantaram-se alguns… da sinagoga chamada dos Libertos… e disputavam com Estêvão.”
- Gregos-chave:
- Λιβερτῶν (Libertōn) — literalmente “libertos” (ex-escravos romanos e seus descendentes) — indica a natureza multiétnica das sinagogas helenísticas (Cirene, Alexandria, Cilícia, Ásia).
- ἀνέστησαν (anestēsan) — “levantaram-se”, isto é, surgiu oposição organizada.
- Comentário: Trata-se de disputa intra-judaica: Hellenistas (grego-falantes) x outros grupos. O cenário ajuda entender por que “falsas testemunhas” e calúnia surgem — não meramente diferença teológica, mas rivalidade política / social.
Atos 6:10 — “Não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava.”
- Gregos-chave:
- σοφίᾳ (sophíā) — “sabedoria”: aqui não só habilidade retórica, mas sabedoria que revela verdade; possui autoridade moral.
- πνεύματι (pneúmati) — “espírito” (provavelmente o Espírito Santo, cf. 6.3,5).
- οὐκ ἠδυνήθησαν ἀνθίστανσθαι (ouk ēdunēthēsan anthistánsthai) — “não puderam resistir” — indica incapacidade de refutar ou neutralizar o efeito da palavra.
- Comentário: A fala de Estêvão é dupla: excelência humana (sabedoria) e ação divina (Espírito). O inimigo perde território não por violência, mas pela força persuasiva e testemunhal do Espírito.
Atos 6:11–14 — “Então subornaram homens… apresentaram falsas testemunhas… palavras blasfemas… este Jesus Nazareno há de destruir este lugar…”
- Gregos-chave:
- ὑπέβαλον (hypébalon) — “subornaram/instigaram” (ação dolosa).
- ψευδομάρτυρες (pseudomártyres) — “falsas testemunhas”.
- βλασφημή (blasphēmía) / βλασφημεῖν (blasphēmein) — “blasfemar” — acusação grave no contexto judaico.
- Comentário: As acusações mostram duas coisas: (1) a estratégia política dos opositores — manipular o processo; (2) o conteúdo do discurso de Estêvão (ele havia criticado a confiança exclusiva no templo e na tradição mosaica), que para os acusadores constituía “blasfêmia”. Note o paralelo com o processo contra Jesus (falsas testemunhas, charges religiosas).
Atos 6:15 — “... viram o seu rosto como o rosto de um anjo.”
- Gregos-chave:
- πρόσωπον ὡς πρόσωπον ἀγγέλου ἔχον (prosōpon hōs prosōpon angelou echon) — “o rosto como o rosto de um anjo” (aparência luminosa/serena).
- Comentário: A descrição marca aprovação celeste e presença de glória; lembra as manifestações divinas do AT (Moses, Is 6; Ezequiel) e sugere que Estêvão participa da realidade escatológica antes da morte.
Atos 7:54 — “Enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele.”
- Gregos-chave: expressão judaica figurativa que indica extrema cólera e ódio — o gesto de “ranger os dentes” (cf. Sl 35:16 LXX).
- Comentário: A reação é emocionalmente violenta — não apenas desacordo intelectual: raiva visceral que prepara a violência física.
Atos 7:55 — “Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus.”
- Gregos-chave:
- ἐπλήσθη πνεύματος ἁγίου (eplēsthē pneumatos hagiou) — “foi cheio do Espírito Santo” (passado perfeito indicativo aoristo: ação plena do Espírito).
- ἀτενίσας (atenisas) — “fixando o olhar” (olhar penetrante, intencional).
- δόξαν (dóxan) — “glória” (manifestação da presença e esplendor divino).
- Ἰησοῦν ἑστῶτα ἐκ δεξιῶν τοῦ θεοῦ (Iēsoun hestōta ek dexaiōn tou Theou) — “Jesus, estando em pé à direita de Deus.” ἑστῶτα (part. de ἵστημι) = em pé, não sentado.
- Comentário: Aqui Lucas combina pneumatologia e cristologia. A visão confirma que Jesus participa da glória de Deus. A imagem de Jesus em pé (e não sentado) tem sido interpretada como sinal de acolhimento/intercessão — o Filho que se levanta para receber e honrar o mártir.
Atos 7:56 — “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem…”
- Gregos-chave:
- οὐρανούς ἀνεῳγμένους (ouranous aneōgmenous) — “céus abertos” (linguagem de revelação profética, e.g. Isaías, Ezequiel).
- ὁ υἱὸς τοῦ ἀνθρώπου (ho huios tou anthrōpou) — “o Filho do Homem” — título carregado de significado apocalíptico (Dn 7.13–14): figura de autoridade universal.
- Comentário: Stephen aplica o título davidico/apocalíptico para Jesus, afirmando sua exaltação messiânica e colocando sua própria morte no quadro da vitória escatológica.
Atos 7:57–58 — “Gritaram, taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele…”
- Gregos-chave: ὤκισαν τά ὦτα (ōkysan ta ōta) — “tapar os ouvidos” (recusa total à verdade); ἐλιθόβολον (elithóloboloun) — “lithobólous” (apedrejar).
- Comentário: A multidão age com unanimidade e violência; o procedimento legal é abandonado; o martírio é extra-judicial.
Atos 7:59–60 — “Senhor Jesus, recebe o meu espírito… Senhor, não lhes imputes este pecado… e adormeceu.”
- Gregos-chave:
- Κύριε Ἰησοῦ, παρέλαβε τὸ πνεῦμά μου (Kyrie Iēsou, parelabe to pneuma mou) — paralelo com palavras de entrega no NT; “recebe o meu espírito” lembra a confiança total em Jesus.
- μὴ ἐπιλογίσῃς αὐτοῖς τὴν ἁμαρτίαν (mē epilogísēs autois tēn hamartían) — “não lhes atribuas/ imputeis este pecado”: ἐπιλογίζομαι = “contabilizar, imputar” (linguagem forense).
- ἐκοιμήθη (ekoimēthē) — “adormeceu”: eufemismo cristão para morte, com subentendido de esperança na ressurreição.
- Comentário: Estêvão repete duas atitudes de Jesus: entrega do espírito e oração de perdão pelos agressores (identificação cristológica e imitatio Christi). “Não lhes imputes” expressa o perdão como justiça restauradora (não anistia moral, mas súplica que Deus não conte aquilo contra eles).
3. Reflexão teológica (síntese)
- Pneumatologia prática: O Espírito capacita a pregação transformadora (6.8, 6.10, 7.55). A eficácia missionária estuda-se no binômio sabedoria + poder (sophia + pneuma).
- Cristologia exaltada: A visão de Estêvão confirma a alta cristologia de Lucas: Jesus está na glória junto a Deus e o título “Filho do Homem” sublinha sua autoridade apocalíptica (universal, vindicativa e vindoura). O gesto de estar em pé comunica acolhimento/intercessão.
- Martírio como conformidade com Cristo: Estêvão é o “proto-mártir” que imita explicitamente Jesus (palavras finais, perdão, entrega do espírito). Lucas mostra que o fiel não é abandonado — ele participa já da glória.
- Justiça e injustiça humana: Procedimentos corruptos (suborno, falso testemunho) contrastam com justiça divina; o julgamento humano falha, mas Deus não falha.
- Missão e perseguição: Perseguição não é sinal de fracasso — é motor para dispersão do evangelho (próximo passo narrativo: At 8).
4. Aplicações práticas para cristãos e igreja
- Dependência do Espírito: Para falar com poder hoje precisamos, como Estêvão, da união entre preparo (estudo, sabedoria) e dependência do Espírito (oração, humildade).
- Coragem e serenidade: A fé não é ausência de medo, mas submissão confiante a Cristo — inclusive diante da morte.
- Testemunho que transforma: A melhor resposta à hostilidade é testemunho veraz e piedoso; a coerência de vida tem maior peso do que argumentação agressiva.
- Prática do perdão: Perdoar os perseguidores (quando possível) é forma suprema de testemunho cristão e instrumento missionário (Saulo presente no apedrejamento).
- Preparação para conflito: A missão pode gerar conflitos. A igreja deve treinar para resistência não violenta, defesa da verdade e cuidado pastoral com vítimas e com ofensores.
5. Tabela expositiva (resumo útil para uso em sala / folha de aula)
Trecho
Palavra grega (lemma) / transliteração
Sentido / nota gram.
Significado teológico
Aplicação prática
At 6.8
πλήρης πίστεως καὶ δυνάμεως (plḗrēs pisteōs kai dunámeōs)
“cheio de fé e poder”
Espírito capacita testemunho e sinais
Busque plenitude espiritual (oração e formação)
At 6.8
σημεῖα καὶ τέρατα (sēmeia kai tērata)
“sinais e prodígios”
Confirmação divina da mensagem
Não desprezar o testemunho do poder de Deus
At 6.9
Λιβερτῶν, Κυρηναίων, Ἀλεξανδρέων…
sinagogas da diáspora
Conflito é intrajudaico / social
Entender diversidade cultural na missão
At 6.10
σοφίᾳ… τῷ πνεύματι (sophíā… to pneúmati)
“sabedoria e o Espírito”
Palavra com autoridade divina
Estudo + dependência do Espírito ao pregar
At 6.11–14
ὑπέβαλον… ψευδομάρτυρες (hypébalon… pseudomártyres)
suborno; falsos testemunhos
Injustiça processual; paralelo com o julgamento de Jesus
Defender a verdade sem retribuir a violência
At 6.15
πρόσωπον ὡς ἀγγέλου
“rosto como de anjo”
Aprovação/manifestação da glória
O cristão pode refletir a glória de Deus
At 7.54
ἐβρυχήσθησαν / rangiam os dentes
expressão de intensa ira
Resposta visceral ao evangelho
Preparar emocionalmente para oposição
At 7.55
ἐπλήσθη πνεύματος ἁγίου (eplēsthē pneumatos hagiou)
“cheio do Espírito Santo”
Pneuma → visão; coragem e revelação
Buscar plenitude e discernimento
At 7.55–56
Ἰησοῦν ἑστῶτα ἐκ δεξιῶν τοῦ θεοῦ
Jesus “em pé” à direita
Cristo exaltado; intercessor; glória compartilhada
Confiança na intercessão e vindicação final
At 7.59–60
παρέλαβε τὸ πνεῦμά… μὴ ἐπιλογίσῃς
“recebe o meu espírito… não lhes imputes”
Imitatio Christi: entrega + perdão
Modelo de oração intercessora e perdão
6. Recomendações bibliográficas (para aprofundamento)
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
Estes autores trazem equilíbrio entre exegese literária, histórico-cultural e aplicação teológica; Keener e Peterson aprofundam contexto e linguagem; Bruce e Witherington têm boa síntese histórica; Stott é pastoral e claro para pregadores.
7. Breve esboço de aula (3 pontos) + perguntas para discussão
Título: “Estêvão: Espírito, Palavra e Perdão — lições do primeiro martírio”
- Capacitação do Espírito (At 6.8–10) — conteúdo: plenitude, sinais, sabedoria. Pergunta: Como equilibrar preparo intelectual e dependência do Espírito hoje?
- O conflito e o testemunho fiel (6.11–15; 7.54–58) — conteúdo: calúnia, processo injusto, martírio. Pergunta: Quais são formas modernas de “suborno de testemunhas” (difamação, redes sociais)? Como reagir?
- Igreja que perdoa e confia (7.59–60) — conteúdo: entrega do espírito, oração pelo inimigo, “adormeceu”. Pergunta: Que práticas espirituais nos ajudam a perdoar agressores?
Conclusão
O episódio de Estêvão é uma aula condensada de pneumatologia, cristologia e ética cristã: o Espírito dá eficácia à proclamação; Jesus é apresentado como exaltado e intercessor; e o martírio revela a lógica paradoxal do Reino (vitória na aparente derrota). Para a igreja contemporânea, o chamado é a coragem que vem do Espírito, a integridade pública da mensagem e a prática do perdão como testemunho evangelístico.
1. Contexto rápido
O trecho vem na sequência imediata da escolha dos sete diáconos (At 6.1–7). Estêvão, um dos sete, é um pregador Hellenista cujas palavras provocam oposição nas sinagogas do judaísmo da diáspora. O conflito escala: suborno de testemunhas, julgamento perante o Sinédrio e apedrejamento — o primeiro martírio cristão. Lucas articula o episódio para mostrar (a) o Espírito capacitando testemunho eficaz, (b) continuidade entre o destino de Jesus e o destino de Seus seguidores, e (c) como a perseguição impulsiona a expansão missionária (cf. At 8.1–4).
2. Comentário versículo a versículo com análise léxica (grego)
Atos 6:8 — “E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.”
- Gregos-chave:
- πλήρης (plḗrēs) + πίστεως (pisteōs) e δυνάμεως (dunámeōs) — “cheio / cheio de fé e de poder”. πλήρης indica estado de plenitude; a genitiva qualifica de que ele está cheio. δυνάμις aponta aqui para poder com conotação de eficácia miraculos a (cf. uso paulino e lucano).
- σημεῖα καὶ τέρατα (sēmeia kai tērata) — “sinais e prodígios/wonders”. Termos usados por Lucas para a verificação divina da mensagem.
- Comentário: Lucas apresenta Estêvão como porta-voz dotado do Espírito: fé (confiança) + poder (capacidade sobrenatural) produzem ministério visível. Isso situa Estêvão na linha dos grandes servos do AT e na continuidade com a obra de Jesus (sinais que confirmam a mensagem).
Atos 6:9 — “Levantaram-se alguns… da sinagoga chamada dos Libertos… e disputavam com Estêvão.”
- Gregos-chave:
- Λιβερτῶν (Libertōn) — literalmente “libertos” (ex-escravos romanos e seus descendentes) — indica a natureza multiétnica das sinagogas helenísticas (Cirene, Alexandria, Cilícia, Ásia).
- ἀνέστησαν (anestēsan) — “levantaram-se”, isto é, surgiu oposição organizada.
- Comentário: Trata-se de disputa intra-judaica: Hellenistas (grego-falantes) x outros grupos. O cenário ajuda entender por que “falsas testemunhas” e calúnia surgem — não meramente diferença teológica, mas rivalidade política / social.
Atos 6:10 — “Não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava.”
- Gregos-chave:
- σοφίᾳ (sophíā) — “sabedoria”: aqui não só habilidade retórica, mas sabedoria que revela verdade; possui autoridade moral.
- πνεύματι (pneúmati) — “espírito” (provavelmente o Espírito Santo, cf. 6.3,5).
- οὐκ ἠδυνήθησαν ἀνθίστανσθαι (ouk ēdunēthēsan anthistánsthai) — “não puderam resistir” — indica incapacidade de refutar ou neutralizar o efeito da palavra.
- Comentário: A fala de Estêvão é dupla: excelência humana (sabedoria) e ação divina (Espírito). O inimigo perde território não por violência, mas pela força persuasiva e testemunhal do Espírito.
Atos 6:11–14 — “Então subornaram homens… apresentaram falsas testemunhas… palavras blasfemas… este Jesus Nazareno há de destruir este lugar…”
- Gregos-chave:
- ὑπέβαλον (hypébalon) — “subornaram/instigaram” (ação dolosa).
- ψευδομάρτυρες (pseudomártyres) — “falsas testemunhas”.
- βλασφημή (blasphēmía) / βλασφημεῖν (blasphēmein) — “blasfemar” — acusação grave no contexto judaico.
- Comentário: As acusações mostram duas coisas: (1) a estratégia política dos opositores — manipular o processo; (2) o conteúdo do discurso de Estêvão (ele havia criticado a confiança exclusiva no templo e na tradição mosaica), que para os acusadores constituía “blasfêmia”. Note o paralelo com o processo contra Jesus (falsas testemunhas, charges religiosas).
Atos 6:15 — “... viram o seu rosto como o rosto de um anjo.”
- Gregos-chave:
- πρόσωπον ὡς πρόσωπον ἀγγέλου ἔχον (prosōpon hōs prosōpon angelou echon) — “o rosto como o rosto de um anjo” (aparência luminosa/serena).
- Comentário: A descrição marca aprovação celeste e presença de glória; lembra as manifestações divinas do AT (Moses, Is 6; Ezequiel) e sugere que Estêvão participa da realidade escatológica antes da morte.
Atos 7:54 — “Enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele.”
- Gregos-chave: expressão judaica figurativa que indica extrema cólera e ódio — o gesto de “ranger os dentes” (cf. Sl 35:16 LXX).
- Comentário: A reação é emocionalmente violenta — não apenas desacordo intelectual: raiva visceral que prepara a violência física.
Atos 7:55 — “Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus.”
- Gregos-chave:
- ἐπλήσθη πνεύματος ἁγίου (eplēsthē pneumatos hagiou) — “foi cheio do Espírito Santo” (passado perfeito indicativo aoristo: ação plena do Espírito).
- ἀτενίσας (atenisas) — “fixando o olhar” (olhar penetrante, intencional).
- δόξαν (dóxan) — “glória” (manifestação da presença e esplendor divino).
- Ἰησοῦν ἑστῶτα ἐκ δεξιῶν τοῦ θεοῦ (Iēsoun hestōta ek dexaiōn tou Theou) — “Jesus, estando em pé à direita de Deus.” ἑστῶτα (part. de ἵστημι) = em pé, não sentado.
- Comentário: Aqui Lucas combina pneumatologia e cristologia. A visão confirma que Jesus participa da glória de Deus. A imagem de Jesus em pé (e não sentado) tem sido interpretada como sinal de acolhimento/intercessão — o Filho que se levanta para receber e honrar o mártir.
Atos 7:56 — “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem…”
- Gregos-chave:
- οὐρανούς ἀνεῳγμένους (ouranous aneōgmenous) — “céus abertos” (linguagem de revelação profética, e.g. Isaías, Ezequiel).
- ὁ υἱὸς τοῦ ἀνθρώπου (ho huios tou anthrōpou) — “o Filho do Homem” — título carregado de significado apocalíptico (Dn 7.13–14): figura de autoridade universal.
- Comentário: Stephen aplica o título davidico/apocalíptico para Jesus, afirmando sua exaltação messiânica e colocando sua própria morte no quadro da vitória escatológica.
Atos 7:57–58 — “Gritaram, taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele…”
- Gregos-chave: ὤκισαν τά ὦτα (ōkysan ta ōta) — “tapar os ouvidos” (recusa total à verdade); ἐλιθόβολον (elithóloboloun) — “lithobólous” (apedrejar).
- Comentário: A multidão age com unanimidade e violência; o procedimento legal é abandonado; o martírio é extra-judicial.
Atos 7:59–60 — “Senhor Jesus, recebe o meu espírito… Senhor, não lhes imputes este pecado… e adormeceu.”
- Gregos-chave:
- Κύριε Ἰησοῦ, παρέλαβε τὸ πνεῦμά μου (Kyrie Iēsou, parelabe to pneuma mou) — paralelo com palavras de entrega no NT; “recebe o meu espírito” lembra a confiança total em Jesus.
- μὴ ἐπιλογίσῃς αὐτοῖς τὴν ἁμαρτίαν (mē epilogísēs autois tēn hamartían) — “não lhes atribuas/ imputeis este pecado”: ἐπιλογίζομαι = “contabilizar, imputar” (linguagem forense).
- ἐκοιμήθη (ekoimēthē) — “adormeceu”: eufemismo cristão para morte, com subentendido de esperança na ressurreição.
- Comentário: Estêvão repete duas atitudes de Jesus: entrega do espírito e oração de perdão pelos agressores (identificação cristológica e imitatio Christi). “Não lhes imputes” expressa o perdão como justiça restauradora (não anistia moral, mas súplica que Deus não conte aquilo contra eles).
3. Reflexão teológica (síntese)
- Pneumatologia prática: O Espírito capacita a pregação transformadora (6.8, 6.10, 7.55). A eficácia missionária estuda-se no binômio sabedoria + poder (sophia + pneuma).
- Cristologia exaltada: A visão de Estêvão confirma a alta cristologia de Lucas: Jesus está na glória junto a Deus e o título “Filho do Homem” sublinha sua autoridade apocalíptica (universal, vindicativa e vindoura). O gesto de estar em pé comunica acolhimento/intercessão.
- Martírio como conformidade com Cristo: Estêvão é o “proto-mártir” que imita explicitamente Jesus (palavras finais, perdão, entrega do espírito). Lucas mostra que o fiel não é abandonado — ele participa já da glória.
- Justiça e injustiça humana: Procedimentos corruptos (suborno, falso testemunho) contrastam com justiça divina; o julgamento humano falha, mas Deus não falha.
- Missão e perseguição: Perseguição não é sinal de fracasso — é motor para dispersão do evangelho (próximo passo narrativo: At 8).
4. Aplicações práticas para cristãos e igreja
- Dependência do Espírito: Para falar com poder hoje precisamos, como Estêvão, da união entre preparo (estudo, sabedoria) e dependência do Espírito (oração, humildade).
- Coragem e serenidade: A fé não é ausência de medo, mas submissão confiante a Cristo — inclusive diante da morte.
- Testemunho que transforma: A melhor resposta à hostilidade é testemunho veraz e piedoso; a coerência de vida tem maior peso do que argumentação agressiva.
- Prática do perdão: Perdoar os perseguidores (quando possível) é forma suprema de testemunho cristão e instrumento missionário (Saulo presente no apedrejamento).
- Preparação para conflito: A missão pode gerar conflitos. A igreja deve treinar para resistência não violenta, defesa da verdade e cuidado pastoral com vítimas e com ofensores.
5. Tabela expositiva (resumo útil para uso em sala / folha de aula)
Trecho | Palavra grega (lemma) / transliteração | Sentido / nota gram. | Significado teológico | Aplicação prática |
At 6.8 | πλήρης πίστεως καὶ δυνάμεως (plḗrēs pisteōs kai dunámeōs) | “cheio de fé e poder” | Espírito capacita testemunho e sinais | Busque plenitude espiritual (oração e formação) |
At 6.8 | σημεῖα καὶ τέρατα (sēmeia kai tērata) | “sinais e prodígios” | Confirmação divina da mensagem | Não desprezar o testemunho do poder de Deus |
At 6.9 | Λιβερτῶν, Κυρηναίων, Ἀλεξανδρέων… | sinagogas da diáspora | Conflito é intrajudaico / social | Entender diversidade cultural na missão |
At 6.10 | σοφίᾳ… τῷ πνεύματι (sophíā… to pneúmati) | “sabedoria e o Espírito” | Palavra com autoridade divina | Estudo + dependência do Espírito ao pregar |
At 6.11–14 | ὑπέβαλον… ψευδομάρτυρες (hypébalon… pseudomártyres) | suborno; falsos testemunhos | Injustiça processual; paralelo com o julgamento de Jesus | Defender a verdade sem retribuir a violência |
At 6.15 | πρόσωπον ὡς ἀγγέλου | “rosto como de anjo” | Aprovação/manifestação da glória | O cristão pode refletir a glória de Deus |
At 7.54 | ἐβρυχήσθησαν / rangiam os dentes | expressão de intensa ira | Resposta visceral ao evangelho | Preparar emocionalmente para oposição |
At 7.55 | ἐπλήσθη πνεύματος ἁγίου (eplēsthē pneumatos hagiou) | “cheio do Espírito Santo” | Pneuma → visão; coragem e revelação | Buscar plenitude e discernimento |
At 7.55–56 | Ἰησοῦν ἑστῶτα ἐκ δεξιῶν τοῦ θεοῦ | Jesus “em pé” à direita | Cristo exaltado; intercessor; glória compartilhada | Confiança na intercessão e vindicação final |
At 7.59–60 | παρέλαβε τὸ πνεῦμά… μὴ ἐπιλογίσῃς | “recebe o meu espírito… não lhes imputes” | Imitatio Christi: entrega + perdão | Modelo de oração intercessora e perdão |
6. Recomendações bibliográficas (para aprofundamento)
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
Estes autores trazem equilíbrio entre exegese literária, histórico-cultural e aplicação teológica; Keener e Peterson aprofundam contexto e linguagem; Bruce e Witherington têm boa síntese histórica; Stott é pastoral e claro para pregadores.
7. Breve esboço de aula (3 pontos) + perguntas para discussão
Título: “Estêvão: Espírito, Palavra e Perdão — lições do primeiro martírio”
- Capacitação do Espírito (At 6.8–10) — conteúdo: plenitude, sinais, sabedoria. Pergunta: Como equilibrar preparo intelectual e dependência do Espírito hoje?
- O conflito e o testemunho fiel (6.11–15; 7.54–58) — conteúdo: calúnia, processo injusto, martírio. Pergunta: Quais são formas modernas de “suborno de testemunhas” (difamação, redes sociais)? Como reagir?
- Igreja que perdoa e confia (7.59–60) — conteúdo: entrega do espírito, oração pelo inimigo, “adormeceu”. Pergunta: Que práticas espirituais nos ajudam a perdoar agressores?
Conclusão
O episódio de Estêvão é uma aula condensada de pneumatologia, cristologia e ética cristã: o Espírito dá eficácia à proclamação; Jesus é apresentado como exaltado e intercessor; e o martírio revela a lógica paradoxal do Reino (vitória na aparente derrota). Para a igreja contemporânea, o chamado é a coragem que vem do Espírito, a integridade pública da mensagem e a prática do perdão como testemunho evangelístico.
PLANO DE AULA
1- INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos a vida e o testemunho de Estêvão, um homem cheio de fé, de sabedoria e do Espírito Santo. Ele enfrentou oposição, falsas acusações e, por fim, o martírio, mas permaneceu firme na fé e na defesa do Evangelho. Sua história nos ensina que a Igreja, ao cumprir sua missão, inevitavelmente enfrentará perseguições e desafios. No entanto, assim como Estêvão contemplou a glória de Deus mesmo em meio à adversidade, somos chamados a confiar plenamente no Senhor e a perseverar até o fim. Que esta lição fortaleça nossa fé e nos inspire a ser testemunhas fiéis de Cristo, independentemente das circunstâncias.
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Elencar os desafios enfrentados por Estêvão ao ter sua fé questionada e como isso reflete na experiência da Igreja hoje;
II) Mostrar a defesa da fé feita por Estêvão e sua aplicação para os cristãos na atualidade;
III) Refletir sobre o martírio de Estêvão e a importância da perseverança e fidelidade à missão da Igreja.
B) Motivação: Ao longo da história, a Igreja sempre enfrentou oposição, mas, assim como Estêvão, somos chamados a permanecer firmes na fé. A verdade do Evangelho será contestada, e nossa responsabilidade é conhecer, defender e viver essa fé com coragem. Diante das dificuldades, devemos lembrar de que nosso compromisso com Cristo pode exigir sacrifícios, mas a fidelidade a Ele nos garante a vitória eterna. Que esta lição nos motive a confiar no Senhor e testemunhar o Evangelho com ousadia.
C) Sugestão de Método: Para reforçar o tópico 1, “Estêvão e a Igreja que tem sua fé contestada”, você pode utilizar o método de reflexão dirigida. Inicie apresentando um cenário em que a fé cristã é questionada atualmente, como nas redes sociais, no ambiente acadêmico ou no trabalho. Peça que os alunos discutam desafios que enfrentam ao defender sua fé. Em seguida, oriente-os a relacionar essas experiências com a história de Estêvão, destacando sua postura diante da oposição. Após a discussão e reflexão, escolha alguns alunos para compartilhar suas conclusões e, logo depois, você reforçará que, assim como Estêvão, devemos responder com sabedoria, graça e firmeza na Palavra de Deus.
3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: A história de Estêvão nos ensina que a fé genuína permanece firme, mesmo diante da oposição. Assim como ele, devemos confiar em Deus, defender o Evangelho com coragem e viver de modo que Cristo seja visto em nós. Sua vida e morte nos mostram que o verdadeiro testemunho cristão vai além das palavras. Mesmo em meio ao sofrimento, Estêvão refletiu a glória de Deus e perdoou seus perseguidores com graça, verdade e ousadia.
4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 102, p.40, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto “Estêvão”, localizado depois do segundo tópico, aprofunda um pouco a respeito das características de Estêvão; 2) No final do terceiro tópico, o texto “Honrando a Deus” analisa a forma que podemos ser fiéis ao Senhor sem duvidar.
DINAMICA EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Dinâmica: “Arriscando a Fé como Estêvão”
Objetivo
- Ajudar os participantes a refletirem sobre coragem, fé ativa e entrega total no contexto da vida cristã.
- Estimular a aplicação prática do exemplo de Estêvão na igreja e no dia a dia.
Materiais
- Cartões ou papéis
- Canetas
- Um quadro branco ou flip chart
Passo a Passo
1. Abertura – Contextualização (5 minutos)
- Leia Atos 6.8-15 e 7.54-60 com o grupo.
- Relembre brevemente quem foi Estêvão: cheio do Espírito Santo, corajoso, defensor da fé e mártir.
- Pergunte: “O que Estêvão nos ensina sobre coragem e fidelidade em um mundo hostil?
2. Reflexão Individual – ‘Meu Desafio de Fé’ (10 minutos)
- Entregue a cada participante um cartão ou papel.
- Pergunte:
- Qual é a situação atual em que sua fé é desafiada?
- Como você reagiria se estivesse em uma situação de perseguição, crítica ou injustiça por causa do Evangelho?
- Peça que escrevam uma breve resposta ou reflexão.
3. Partilha em Grupo – ‘Oração e Apoio’ (10 minutos)
- Forme grupos de 3 a 4 pessoas.
- Cada participante compartilha um exemplo de desafio de fé do seu cartão.
- O grupo ora uns pelos outros, pedindo coragem, sabedoria e plenitude do Espírito, como Estêvão experimentou.
4. Encenação – ‘Visão e Coragem’ (15 minutos)
- Divida o grupo em duplas ou trios.
- Cada grupo recebe uma situação fictícia de desafio à fé (ex.: confrontos com colegas de trabalho, resistência familiar ao Evangelho, críticas na escola ou igreja).
- Peça que encenem como agiriam com fé, coragem e perdão, inspirados em Estêvão.
- Depois, cada grupo compartilha a encenação e a lição aprendida.
5. Síntese e Aplicação (10 minutos)
- Reúna o grupo e faça perguntas de reflexão:
- O que aprendemos com Estêvão sobre fé, coragem e martírio espiritual?
- Quais passos podemos dar esta semana para viver uma fé arriscada de forma prática?
- Encerre com oração coletiva, pedindo plenitude do Espírito e coragem para testemunhar a fé.
Observações Pedagógicas
- A dinâmica permite reflexão pessoal, oração, compartilhamento e ação prática.
- Estimula o grupo a conectar o exemplo de Estêvão à vida real, mostrando que arriscar a fé não é apenas no martírio físico, mas em decisões diárias de fidelidade a Cristo.
Dinâmica: “Arriscando a Fé como Estêvão”
Objetivo
- Ajudar os participantes a refletirem sobre coragem, fé ativa e entrega total no contexto da vida cristã.
- Estimular a aplicação prática do exemplo de Estêvão na igreja e no dia a dia.
Materiais
- Cartões ou papéis
- Canetas
- Um quadro branco ou flip chart
Passo a Passo
1. Abertura – Contextualização (5 minutos)
- Leia Atos 6.8-15 e 7.54-60 com o grupo.
- Relembre brevemente quem foi Estêvão: cheio do Espírito Santo, corajoso, defensor da fé e mártir.
- Pergunte: “O que Estêvão nos ensina sobre coragem e fidelidade em um mundo hostil?
2. Reflexão Individual – ‘Meu Desafio de Fé’ (10 minutos)
- Entregue a cada participante um cartão ou papel.
- Pergunte:
- Qual é a situação atual em que sua fé é desafiada?
- Como você reagiria se estivesse em uma situação de perseguição, crítica ou injustiça por causa do Evangelho?
- Peça que escrevam uma breve resposta ou reflexão.
3. Partilha em Grupo – ‘Oração e Apoio’ (10 minutos)
- Forme grupos de 3 a 4 pessoas.
- Cada participante compartilha um exemplo de desafio de fé do seu cartão.
- O grupo ora uns pelos outros, pedindo coragem, sabedoria e plenitude do Espírito, como Estêvão experimentou.
4. Encenação – ‘Visão e Coragem’ (15 minutos)
- Divida o grupo em duplas ou trios.
- Cada grupo recebe uma situação fictícia de desafio à fé (ex.: confrontos com colegas de trabalho, resistência familiar ao Evangelho, críticas na escola ou igreja).
- Peça que encenem como agiriam com fé, coragem e perdão, inspirados em Estêvão.
- Depois, cada grupo compartilha a encenação e a lição aprendida.
5. Síntese e Aplicação (10 minutos)
- Reúna o grupo e faça perguntas de reflexão:
- O que aprendemos com Estêvão sobre fé, coragem e martírio espiritual?
- Quais passos podemos dar esta semana para viver uma fé arriscada de forma prática?
- Encerre com oração coletiva, pedindo plenitude do Espírito e coragem para testemunhar a fé.
Observações Pedagógicas
- A dinâmica permite reflexão pessoal, oração, compartilhamento e ação prática.
- Estimula o grupo a conectar o exemplo de Estêvão à vida real, mostrando que arriscar a fé não é apenas no martírio físico, mas em decisões diárias de fidelidade a Cristo.
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje vamos conhecer um pouco mais sobre a vida de Estêvão, um dos sete escolhidos para a diaconia (At 6.1-7). Quando lemos esse texto do Livro de Atos, logo percebemos que estamos diante de uma pessoa extraordinária — de grande fé, cheio do Espírito Santo e de sabedoria. Um autêntico cristão destemido! Estêvão é um modelo para todo cristão e, sem dúvida, serve de modelo para a Igreja do Senhor. Observamos que a perseguição a Estêvão e seu consequente martírio marcam um momento decisivo na história da igreja cristã — quando a igreja sai para fora dos muros de Jerusalém para alcançar o mundo. Estava tendo, portanto, cumprimento das palavras de Jesus de que a Igreja seria testemunha tanto em Jerusalém, Judeia, Samaria e até os confins da terra. Atos 8.1 marca o início daquilo que foi anunciado em Atos 1.8.
Palavra-Chave: MARTÍRIO
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1. O termo: MARTÍRIO — léxico e desenvolvimento semântico
- Gregos relevantes
- μάρτυς (mártys) — “testemunha”. No grego clássico significa quem testemunha ou dá prova; no NT é usado no sentido jurídico e religioso: aquele que dá testemunho da verdade (At, Jo, Ap).
- μαρτυρία / μαρτύριον (martyría / martyrion) — “testemunho” (ato/efeito de testemunhar). Em contextos cristãos posteriores, a ideia de testemunho veio a ser associada especialmente àquele testemunho que culmina em morte por causa da fé — daí “mártir”.
- Observação: no NT “martírio” ainda é fundamentalmente “testemunho”; o sentido de “morrer por Cristo” é consequência histórica e teológica do uso (Estêvão é o proto-mártir).
- Hebraico / AT
- Palavra hebraica para “testemunho” é עֵד (‘ed) / עֵדוּת (ʿedut); a Septuaginta (LXX) frequentemente traduziu esses termos por μαρτυρία, estabelecendo ligação semântica entre “testemunho” judaico e “martírio” cristão.
- Resumo semântico: no campo bíblico, martírio = testemunho público da verdade de Deus, que pode, por fidelidade radical, levar à morte. O mártir é testemunha que prova a fé até o fim.
2. Exegese teológica (síntese ligada a Estêvão e à sua introdução)
- Estêvão como testemunha plena (πλήρης)
- Lucas descreve Estêvão como cheio do Espírito e dotado de fé e poder (At 6.8). A plenitude do Espírito (πλήρης τοῦ πνεύματος ἁγίου) liga a sua capacidade de testemunhar à autoridade divina: o martírio cristão não é suicídio heroico, mas fruto de ser capacitado pelo Espírito a dar testemunho fiel.
- Martírio = Imitatio Christi
- As últimas palavras de Estêvão (“Senhor, não lhes imputes este pecado”; “recebe o meu espírito”; “adormeceu”) ecoam as palavras de Jesus (Lc 23.34; 23.46). Martírio, no NT, é participação na paixão do Senhor — não apenas semelhança externa, mas identificação teológica: sofrer por Cristo é conformidade com o Senhor crucificado e ressuscitado.
- Cristologia e martírio
- A visão de Estêvão do “Filho do Homem” em pé à direita de Deus (At 7.55–56) une o testemunho do mártir à exaltação de Cristo. O mártir não morre derrotado; ele participa da vitória escatológica: ver a glória de Deus confirma a vindicação divina do testemunho humano.
- Martírio, igreja e missão
- A morte de Estêvão inaugura uma dinâmica em Atos: perseguição → dispersão → evangelização das regiões (At 8.1–4). Assim, martírio tem também uma função missiológica: o testemunho que se dá até a morte é semente que multiplica a obra missionária.
- Justiça humana vs. justiça divina; perdão como testemunho
- O processo contra Estêvão — calúnia, suborno, falso testemunho — revela a injustiça humana. A resposta cristã é paradoxal: não retaliação, mas oração por inimigos (perdão) e confiança na justiça divina. O perdão final de Estêvão é ato teológico e missionário (Saulo está presente; At 8.1; 22.20).
3. Palavras gregas-chaves (com notas)
- μάρτυς (mártys) — “testemunha”. Implicações: autoridade de quem fala; base canônica / jurídica do testemunho.
- μαρτυρία (martyría) — “testemunho”; nos contextos cristãos: identidade da comunidade (ser testemunha de Cristo).
- πλήρης (plḗrēs) + πνεῦμα ἅγιον (pneûma hagion) — “cheio do Espírito Santo”: condição geradora do testemunho eficaz.
- ἀτενίζω (atenízō) — “fixar o olhar” (At 7.55): atitude de fé contemplativa diante da visão — o mártir olha para o céu, não para a multidão.
- ἑστῶτα (hestōta) — “em pé” (Jesus em pé à direita): atos de acolhimento/intercessão; Cristo não é indiferente à morte do fiel.
- ἐκοιμήθη (ekoimēthē) — “adormeceu”: eufemismo cristão que confere sentido da esperança escatológica (ressurreição), não mera extinção.
- μὴ ἐπιλογίσῃς (mē epilogísēs) — “não lhes imputes”: linguagem forense — redenção/absolvição suplicada ao Juiz divino.
4. Principais implicações teológicas
- Pneumatologia prática: o Espírito torna a testemunha persuasiva e capaz até na adversidade.
- Cristologia exaltada: martírio é confirmado pelo Senhor exaltado; a visão de Cristo estabelece que o testemunho fiel encontra acolhida e recompensa na esfera divina.
- Eclesiologia missionária: perseguição não paralisa a igreja; pode provocar expansão missionária.
- Ética do perdão: o perdão do mártir é forma última de testemunho evangelístico e profético.
- Escatologia esperançosa: “adormecer” e visão do céu relocam a morte na perspectiva da vitória final.
5. Referências acadêmicas (seleção para leitura aprofundada)
(clássicos e modernos que tratam de Atos, martírio e contextos)
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
6. Aplicação pessoal e eclesial (prática)
- Busca de plenitude do Espírito: cultivar oração, estudo bíblico e dependência do Espírito para falar e viver com autoridade de testemunho.
- Preparação para o conflito: treinar membros para testemunho não violento — formação em apologética pastoral, manejo de difamação e defesa não agressiva.
- Cultura de perdão: ensinar e praticar o perdão como disciplina comunitária (modelar Estêvão: orar por inimigos).
- Visão escatológica: cultivar “olhos fixos no céu” — leituras e práticas que formem esperança (orações, liturgia, memórias da comunhão dos santos).
- Missão na adversidade: preparar a igreja para ver a perseguição como chamada à missão (capacidade de mobilizar para testemunho e cuidado de missionários/dispersos).
- Pastoral do martírio: lembrar que martírio não é busca de glória, e sim fidelidade; formar discernimento pastoral para apoiar famílias e comunidades afetadas pela perseguição.
7. Tabela expositiva — SUMÁRIO PRÁTICO (para usar em sala/folheto)
Tema / elemento
Palavra grega (lemma) + translit.
Referência textual
Significado teológico
Aplicação prática
Testemunho / Mártir
μάρτυς / μαρτυρία (mártys / martyría)
Atos 7; Apocalipse; Jo
“Testemunha”; o mártir é testemunha que pode chegar à morte por sua fidelidade
Ensinar a comunidade a viver como testemunha contínua; distinguir testemunho e busca de fama
Plenitude do Espírito
πλήρης πνεύματος ἁγίου (plḗrēs pneumatos hagiou)
At 6.8; 7.55
Fonte do poder e da sabedoria do testemunho
Priorizar oração, adoração e disciplina espiritual (preparação do testemunho)
Sabedoria + Espírito
σοφία … πνεῦμα (sophía … pneûma)
At 6.10
Palavra eficaz que combina preparação humana e ação divina
Formação doutrinária + dependência do Espírito em pregação/apologia
Visão celestial
ἀτενίζων / ἑστῶτα (atenízō / hestōta)
At 7.55–56
Olhar fixo no céu; Jesus em pé (acolhimento/intercessão)
Cultivar esperança escatológica; discipulado que aponta para a glória
Perdão do mártir
μὴ ἐπιλογίσῃς (mē epilogísēs)
At 7.60
Pedido para que Deus não compute o pecado dos ofensores
Ensinar prática do perdão como arma espiritual e testemunho evangelístico
Morte = “adormecer”
ἐκοιμήθη (ekoimēthē)
At 7.60; 1Ts 4.13–18
Morte vista à luz da ressurreição; esperança escat.
Pastoral de consolo e liturgia que afirma ressurreição
Perseguição → Missão
narrativa de Atos (8.1–4)
At 8.1–4
Perseguição como motor da dispersão missionária
Planejar apoio a missionários/igrejas em contexto hostil; ver oportunidades em crise
Injustiça humana
ὑπέβαλον / ψευδομάρτυρες (hypébalon / pseudomártyres)
At 6.11–13
Processo corrupto contra o justo
Treinar igreja em ética pública, documentação, testemunho soberano
8. Conclusão breve (para seu uso na lição)
- Martírio é, antes de tudo, testemunho. Em Estêvão vemos a forma mais alta desse testemunho: não espetáculo heroico, mas fidelidade cheia do Espírito, conformidade com Cristo, perdão no momento da violência e esperança na glória vindoura.
- Modela a igreja: o que Estêvão viveu dá um roteiro cristão: formação teológica e espiritual (sabedoria + Espírito), coragem ética (fidelidade), perdão ativo (oração pelos perseguidores), e esperança escatológica (visão do céu).
- Missão e martírio: a lição prática para a igreja é que fidelidade em contexto hostil pode ser a semente da expansão missionária — Deus usa o testemunho fiel para cumprir a promessa de que a igreja alcançaria “até os confins da terra” (At 1.8).
1. O termo: MARTÍRIO — léxico e desenvolvimento semântico
- Gregos relevantes
- μάρτυς (mártys) — “testemunha”. No grego clássico significa quem testemunha ou dá prova; no NT é usado no sentido jurídico e religioso: aquele que dá testemunho da verdade (At, Jo, Ap).
- μαρτυρία / μαρτύριον (martyría / martyrion) — “testemunho” (ato/efeito de testemunhar). Em contextos cristãos posteriores, a ideia de testemunho veio a ser associada especialmente àquele testemunho que culmina em morte por causa da fé — daí “mártir”.
- Observação: no NT “martírio” ainda é fundamentalmente “testemunho”; o sentido de “morrer por Cristo” é consequência histórica e teológica do uso (Estêvão é o proto-mártir).
- Hebraico / AT
- Palavra hebraica para “testemunho” é עֵד (‘ed) / עֵדוּת (ʿedut); a Septuaginta (LXX) frequentemente traduziu esses termos por μαρτυρία, estabelecendo ligação semântica entre “testemunho” judaico e “martírio” cristão.
- Resumo semântico: no campo bíblico, martírio = testemunho público da verdade de Deus, que pode, por fidelidade radical, levar à morte. O mártir é testemunha que prova a fé até o fim.
2. Exegese teológica (síntese ligada a Estêvão e à sua introdução)
- Estêvão como testemunha plena (πλήρης)
- Lucas descreve Estêvão como cheio do Espírito e dotado de fé e poder (At 6.8). A plenitude do Espírito (πλήρης τοῦ πνεύματος ἁγίου) liga a sua capacidade de testemunhar à autoridade divina: o martírio cristão não é suicídio heroico, mas fruto de ser capacitado pelo Espírito a dar testemunho fiel.
- Martírio = Imitatio Christi
- As últimas palavras de Estêvão (“Senhor, não lhes imputes este pecado”; “recebe o meu espírito”; “adormeceu”) ecoam as palavras de Jesus (Lc 23.34; 23.46). Martírio, no NT, é participação na paixão do Senhor — não apenas semelhança externa, mas identificação teológica: sofrer por Cristo é conformidade com o Senhor crucificado e ressuscitado.
- Cristologia e martírio
- A visão de Estêvão do “Filho do Homem” em pé à direita de Deus (At 7.55–56) une o testemunho do mártir à exaltação de Cristo. O mártir não morre derrotado; ele participa da vitória escatológica: ver a glória de Deus confirma a vindicação divina do testemunho humano.
- Martírio, igreja e missão
- A morte de Estêvão inaugura uma dinâmica em Atos: perseguição → dispersão → evangelização das regiões (At 8.1–4). Assim, martírio tem também uma função missiológica: o testemunho que se dá até a morte é semente que multiplica a obra missionária.
- Justiça humana vs. justiça divina; perdão como testemunho
- O processo contra Estêvão — calúnia, suborno, falso testemunho — revela a injustiça humana. A resposta cristã é paradoxal: não retaliação, mas oração por inimigos (perdão) e confiança na justiça divina. O perdão final de Estêvão é ato teológico e missionário (Saulo está presente; At 8.1; 22.20).
3. Palavras gregas-chaves (com notas)
- μάρτυς (mártys) — “testemunha”. Implicações: autoridade de quem fala; base canônica / jurídica do testemunho.
- μαρτυρία (martyría) — “testemunho”; nos contextos cristãos: identidade da comunidade (ser testemunha de Cristo).
- πλήρης (plḗrēs) + πνεῦμα ἅγιον (pneûma hagion) — “cheio do Espírito Santo”: condição geradora do testemunho eficaz.
- ἀτενίζω (atenízō) — “fixar o olhar” (At 7.55): atitude de fé contemplativa diante da visão — o mártir olha para o céu, não para a multidão.
- ἑστῶτα (hestōta) — “em pé” (Jesus em pé à direita): atos de acolhimento/intercessão; Cristo não é indiferente à morte do fiel.
- ἐκοιμήθη (ekoimēthē) — “adormeceu”: eufemismo cristão que confere sentido da esperança escatológica (ressurreição), não mera extinção.
- μὴ ἐπιλογίσῃς (mē epilogísēs) — “não lhes imputes”: linguagem forense — redenção/absolvição suplicada ao Juiz divino.
4. Principais implicações teológicas
- Pneumatologia prática: o Espírito torna a testemunha persuasiva e capaz até na adversidade.
- Cristologia exaltada: martírio é confirmado pelo Senhor exaltado; a visão de Cristo estabelece que o testemunho fiel encontra acolhida e recompensa na esfera divina.
- Eclesiologia missionária: perseguição não paralisa a igreja; pode provocar expansão missionária.
- Ética do perdão: o perdão do mártir é forma última de testemunho evangelístico e profético.
- Escatologia esperançosa: “adormecer” e visão do céu relocam a morte na perspectiva da vitória final.
5. Referências acadêmicas (seleção para leitura aprofundada)
(clássicos e modernos que tratam de Atos, martírio e contextos)
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
6. Aplicação pessoal e eclesial (prática)
- Busca de plenitude do Espírito: cultivar oração, estudo bíblico e dependência do Espírito para falar e viver com autoridade de testemunho.
- Preparação para o conflito: treinar membros para testemunho não violento — formação em apologética pastoral, manejo de difamação e defesa não agressiva.
- Cultura de perdão: ensinar e praticar o perdão como disciplina comunitária (modelar Estêvão: orar por inimigos).
- Visão escatológica: cultivar “olhos fixos no céu” — leituras e práticas que formem esperança (orações, liturgia, memórias da comunhão dos santos).
- Missão na adversidade: preparar a igreja para ver a perseguição como chamada à missão (capacidade de mobilizar para testemunho e cuidado de missionários/dispersos).
- Pastoral do martírio: lembrar que martírio não é busca de glória, e sim fidelidade; formar discernimento pastoral para apoiar famílias e comunidades afetadas pela perseguição.
7. Tabela expositiva — SUMÁRIO PRÁTICO (para usar em sala/folheto)
Tema / elemento | Palavra grega (lemma) + translit. | Referência textual | Significado teológico | Aplicação prática |
Testemunho / Mártir | μάρτυς / μαρτυρία (mártys / martyría) | Atos 7; Apocalipse; Jo | “Testemunha”; o mártir é testemunha que pode chegar à morte por sua fidelidade | Ensinar a comunidade a viver como testemunha contínua; distinguir testemunho e busca de fama |
Plenitude do Espírito | πλήρης πνεύματος ἁγίου (plḗrēs pneumatos hagiou) | At 6.8; 7.55 | Fonte do poder e da sabedoria do testemunho | Priorizar oração, adoração e disciplina espiritual (preparação do testemunho) |
Sabedoria + Espírito | σοφία … πνεῦμα (sophía … pneûma) | At 6.10 | Palavra eficaz que combina preparação humana e ação divina | Formação doutrinária + dependência do Espírito em pregação/apologia |
Visão celestial | ἀτενίζων / ἑστῶτα (atenízō / hestōta) | At 7.55–56 | Olhar fixo no céu; Jesus em pé (acolhimento/intercessão) | Cultivar esperança escatológica; discipulado que aponta para a glória |
Perdão do mártir | μὴ ἐπιλογίσῃς (mē epilogísēs) | At 7.60 | Pedido para que Deus não compute o pecado dos ofensores | Ensinar prática do perdão como arma espiritual e testemunho evangelístico |
Morte = “adormecer” | ἐκοιμήθη (ekoimēthē) | At 7.60; 1Ts 4.13–18 | Morte vista à luz da ressurreição; esperança escat. | Pastoral de consolo e liturgia que afirma ressurreição |
Perseguição → Missão | narrativa de Atos (8.1–4) | At 8.1–4 | Perseguição como motor da dispersão missionária | Planejar apoio a missionários/igrejas em contexto hostil; ver oportunidades em crise |
Injustiça humana | ὑπέβαλον / ψευδομάρτυρες (hypébalon / pseudomártyres) | At 6.11–13 | Processo corrupto contra o justo | Treinar igreja em ética pública, documentação, testemunho soberano |
8. Conclusão breve (para seu uso na lição)
- Martírio é, antes de tudo, testemunho. Em Estêvão vemos a forma mais alta desse testemunho: não espetáculo heroico, mas fidelidade cheia do Espírito, conformidade com Cristo, perdão no momento da violência e esperança na glória vindoura.
- Modela a igreja: o que Estêvão viveu dá um roteiro cristão: formação teológica e espiritual (sabedoria + Espírito), coragem ética (fidelidade), perdão ativo (oração pelos perseguidores), e esperança escatológica (visão do céu).
- Missão e martírio: a lição prática para a igreja é que fidelidade em contexto hostil pode ser a semente da expansão missionária — Deus usa o testemunho fiel para cumprir a promessa de que a igreja alcançaria “até os confins da terra” (At 1.8).
I- ESTÊVÃO E A IGREJA QUE TEM SUA FÉ CONTESTADA
1- Aprendendo com Estêvão. Com Estêvão, em Atos 6 e 7, aprendemos que a fé cristã sempre será questionada. Ele enfrentou oposição, e todo cristão também enfrentará. A fé será colocada à prova, sem espaço para indecisão. Além disso, Estêvão nos ensina que todo cristão deve saber defender sua fé. Explicar e sustentar as crenças cristãs é uma responsabilidade da Igreja, e cada crente precisa entender no que acredita e como responder a desafios. No entanto, em um mundo que muitas vezes se opõe ao Cristianismo, não basta apenas defender a fé — é preciso estar preparado até mesmo para enfrentar perseguições. Estêvão é um exemplo de coragem, mostrando que tanto o cristão quanto a Igreja devem estar dispostos a permanecer firmes, mesmo que isso signifique perder a liberdade ou até a própria vida.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
I. Estêvão e a igreja que tem sua fé contestada — comentário bíblico-teológico
1) Enquadramento imediato
Nos capítulos 6–7 de Atos Lucas nos apresenta Estêvão como aquele que combina formação bíblica, poder do Espírito e coragem profética. A narrativa mostra que a fé cristã, por sua natureza pública e contracultural, será contestada (oposição verbal, calúnia, processo injusto e, por fim, violência). Esse conflito não é uma falha ocasional: é parte do padrão de missão anunciado por Jesus (cf. Mc 8.34–38; Jo 15.18–20; Mt 10.16–23). Assim, Estêvão é paradigmaticamente o cristão que encara a contestação como ocasião para testemunhar (μάρτυς / μαρτυρία) e, se necessário, perseverar até o martírio.
2) Texto e dinâmica: o que Lucas quer nos ensinar?
- A contestação começa como disputa teológica/prática (sinagogas helenísticas) e torna-se calúnia organizada (suborno de testemunhas).
- Lucas contrapõe a fraqueza aparente da posição de Estêvão (um diácono Hellenista) com a força do Espírito que torna sua palavra inegável: sophía + pneûma.
- A cena culmina com a visão escatológica (céus abertos; o Filho do Homem em pé), assegurando que a verdade proclamada tem respaldo cósmico/teológico — o contestador humano não decide a última palavra.
3) Significado teológico
- Fé pública = alvo de contestação. A proclamação pública do evangelho desafia estruturas religiosas, culturais e sociais; por isso, gera reação.
- Apologética e ética não são opostas. Defender a fé (apologética) deve caminhar junto com santidade, humildade e perdão — Estêvão combina apologia eficaz com oração pelos ofensores.
- Perseverança e esperança escatológica. A resistência fiel não é obstinação cega, mas confiança na vindicação divina: ver a glória de Deus legitima a fidelidade humana.
- Missão paradoxal. A contestação e até o martírio não cessam a missão; frequentemente a impulsionam (dispersão missionária em At 8).
II. Análise léxica (grego) — termos-chave para o tema “fé contestada / defender a fé / perseverar”
Palavra grega
Translit.
Sentido literal / nuance
Relevância para o tema
πίστις
pistis
fé, confiança, lealdade
Núcleo: fé que será contestada; não meramente assentimento intelectual
πειράζω / δοκιμάζω
peirázō / dokimázō
testar / provar
A fé é frequentemente testada; o teste evidencia qualidade (cf. 1Pe 1.6–7)
ἀπολογέομαι / ἀπολογία
apologeomai / apología
dar defesa, fazer apologia
Responsabilidade de “explicar e sustentar” a fé (1Pe 3.15)
σοφία
sophía
sabedoria (ética/cognitiva)
Estêvão fala μετὰ σοφίας — combinação de inteligência e graça
πνεῦμα (ἅγιον)
pneûma (hagion)
Espírito (Santo)
O Espírito é a fonte do poder e da sabedoria no discurso apologético
ὑπομονή
hupomonē
perseverança, firmeza sob pressão
Virtude necessária quando a fé é posta à prova
διώκω / διωγμός
diōkō / diōgmós
perseguir / perseguição
Resultado possível da contestação; realidade histórica da igreja
μαρτύριον / μάρτυς
martyríon / mártys
testemunho; testemunha (mártir)
O testemunho até a morte transforma contestação em martírio
III. Exegese aplicada: como estes termos aparecem em Atos 6–7 (e em passagens paralelas)
- Estêvão é πλήρης πίστεως καὶ δυνάμεως (At 6.8) — plenitude de fé e poder como causa da eficácia do testemunho.
- A oposição não consegue ἀνθίστασθαι (resistir) à sophía e ao pneûma (6.10) — demonstra que o argumento humano é impotente diante do Espírito.
- Quando a teologia se transforma em calúnia (ψευδομάρτυρες), vemos que a contestação pode sair do campo das ideias para o campo da violência; a resposta cristã de Estêvão — oração e perdão — é um antidoto teológico e prático.
IV. Intersecções teológicas importantes (breve)
- Apologética cristocêntrica e pneumatológica — a defesa da fé não é apenas retórica: é testemunho inspirado pelo Espírito. (Apologia + oração.)
- Ética do confronto — o cristão deve saber argumentar e, ao mesmo tempo, manter a integridade moral (evitar calúnia, ódio, violência).
- Perseverança e missão — a capacidade de permanecer fiel sob contestação é crítica para a continuidade da missão e para a testemunha pública da igreja.
V. Referências acadêmicas (selecção para aprofundamento)
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
(Se desejar, eu adiciono referências em português — ex.: Comentário Bíblico Pentecostal (CPAD), ou autores brasileiros — e monto bibliografia anotada.)
VI. Aplicação pessoal e eclesial (prática — “o que fazemos com isso”)
- Formação doutrinária & apologética
- Cada cristão deve ter base bíblica e capacidade de apologeomai (1Pe 3.15): entender o que crê e por quê. Promova grupos de estudo, oficinas de apologética bíblica e preparação para perguntas comuns.
- Dependência do Espírito
- Treinar para falar e agir sob a guia do Espírito: disciplina de oração, jejum e sensibilidade emocional/espiritual para evitar que defesa se torne defesa própria.
- Cultivar a sophía bíblica
- Educação teológica deve caminhar com caráter: sabedoria prática (ética) que modele maneira de falar com respeito, clareza e coragem.
- Estratégias práticas diante de oposição
- Documentação, assessoria, redes de apoio pastoral e legal quando a contestação se torna difamação ou violência; treino em comunicação pública.
- Formar para a perseverança
- Ensinar resistência espiritual (hupomonē) — exercícios de resiliência espiritual, liturgias de consolação e memórias dos mártires como estímulo.
- Prática do perdão
- Modelar e ensinar o perdão ativo: oração pelos perseguidores, programas de reconciliação quando possível, assistência pastoral às vítimas.
- Missão em contexto hostil
- Ver a contestação como oportunidade missionária: promover evangelismo contextualizado e apoio às igrejas perseguídas.
VII. Tabela expositiva — “Estêvão e a Igreja cuja Fé é Contestada” (resumo para impressão / slide)
Tópico
Texto / termo grego
Observação exegética
Implicação prática
Fé contestada
πίστις (pistis)
Fé pública atrai oposição; não é privada
Preparar crentes para confrontos ideológicos e éticos
Testemunho eficaz
σοφία + πνεῦμα (sophía + pneûma)
Palavra combinada com ação do Espírito (At 6.10)
Formação bíblica + dependência do Espírito
Defesa da fé
ἀπολογία (apología) / ἀπολογέομαι
Responsabilidade de explicar crenças (1Pe 3.15)
Cursos, oficinas, recursos pedagógicos na igreja
Teste / prova
πειράζω / δοκιμάζω
Fé é testada e purificada (1Pe 1)
Pastoral de preparação e discipulado resiliente
Perseguição
διωγμός (diōgmos)
Contestação pode evoluir para perseguição física
Rede de apoio, segurança, assistência legal/pastoral
Perseverança
ὑπομονή (hupomonē)
Virtude chave diante do conflito
Exercícios espirituais e formação em resiliência
Perdão
μὴ ἐπιλογίσῃς (mē epilogísēs)
Estêvão ora para que Deus não compute o pecado
Ensinar oração por inimigos e reconciliação
Missão
narrativa At 8 (dispersão)
Contest. → dispersão → evangelização
Planejar missão em contexto adverso
VIII. Observação final curta (para usar como conclusão na aula)
Estêvão nos ensina que a fé cristã, quando é viva e pública, será necessariamente contestada — mas essa contestação pode revelar a autenticidade do testemunho. A igreja não é chamada apenas a responder às objeções, mas a fazê-lo com sabedoria, dependência do Espírito, coragem e perdão. Dessa conjugação nasce uma missão que supera os muros e alcança os confins da terra.
I. Estêvão e a igreja que tem sua fé contestada — comentário bíblico-teológico
1) Enquadramento imediato
Nos capítulos 6–7 de Atos Lucas nos apresenta Estêvão como aquele que combina formação bíblica, poder do Espírito e coragem profética. A narrativa mostra que a fé cristã, por sua natureza pública e contracultural, será contestada (oposição verbal, calúnia, processo injusto e, por fim, violência). Esse conflito não é uma falha ocasional: é parte do padrão de missão anunciado por Jesus (cf. Mc 8.34–38; Jo 15.18–20; Mt 10.16–23). Assim, Estêvão é paradigmaticamente o cristão que encara a contestação como ocasião para testemunhar (μάρτυς / μαρτυρία) e, se necessário, perseverar até o martírio.
2) Texto e dinâmica: o que Lucas quer nos ensinar?
- A contestação começa como disputa teológica/prática (sinagogas helenísticas) e torna-se calúnia organizada (suborno de testemunhas).
- Lucas contrapõe a fraqueza aparente da posição de Estêvão (um diácono Hellenista) com a força do Espírito que torna sua palavra inegável: sophía + pneûma.
- A cena culmina com a visão escatológica (céus abertos; o Filho do Homem em pé), assegurando que a verdade proclamada tem respaldo cósmico/teológico — o contestador humano não decide a última palavra.
3) Significado teológico
- Fé pública = alvo de contestação. A proclamação pública do evangelho desafia estruturas religiosas, culturais e sociais; por isso, gera reação.
- Apologética e ética não são opostas. Defender a fé (apologética) deve caminhar junto com santidade, humildade e perdão — Estêvão combina apologia eficaz com oração pelos ofensores.
- Perseverança e esperança escatológica. A resistência fiel não é obstinação cega, mas confiança na vindicação divina: ver a glória de Deus legitima a fidelidade humana.
- Missão paradoxal. A contestação e até o martírio não cessam a missão; frequentemente a impulsionam (dispersão missionária em At 8).
II. Análise léxica (grego) — termos-chave para o tema “fé contestada / defender a fé / perseverar”
Palavra grega | Translit. | Sentido literal / nuance | Relevância para o tema |
πίστις | pistis | fé, confiança, lealdade | Núcleo: fé que será contestada; não meramente assentimento intelectual |
πειράζω / δοκιμάζω | peirázō / dokimázō | testar / provar | A fé é frequentemente testada; o teste evidencia qualidade (cf. 1Pe 1.6–7) |
ἀπολογέομαι / ἀπολογία | apologeomai / apología | dar defesa, fazer apologia | Responsabilidade de “explicar e sustentar” a fé (1Pe 3.15) |
σοφία | sophía | sabedoria (ética/cognitiva) | Estêvão fala μετὰ σοφίας — combinação de inteligência e graça |
πνεῦμα (ἅγιον) | pneûma (hagion) | Espírito (Santo) | O Espírito é a fonte do poder e da sabedoria no discurso apologético |
ὑπομονή | hupomonē | perseverança, firmeza sob pressão | Virtude necessária quando a fé é posta à prova |
διώκω / διωγμός | diōkō / diōgmós | perseguir / perseguição | Resultado possível da contestação; realidade histórica da igreja |
μαρτύριον / μάρτυς | martyríon / mártys | testemunho; testemunha (mártir) | O testemunho até a morte transforma contestação em martírio |
III. Exegese aplicada: como estes termos aparecem em Atos 6–7 (e em passagens paralelas)
- Estêvão é πλήρης πίστεως καὶ δυνάμεως (At 6.8) — plenitude de fé e poder como causa da eficácia do testemunho.
- A oposição não consegue ἀνθίστασθαι (resistir) à sophía e ao pneûma (6.10) — demonstra que o argumento humano é impotente diante do Espírito.
- Quando a teologia se transforma em calúnia (ψευδομάρτυρες), vemos que a contestação pode sair do campo das ideias para o campo da violência; a resposta cristã de Estêvão — oração e perdão — é um antidoto teológico e prático.
IV. Intersecções teológicas importantes (breve)
- Apologética cristocêntrica e pneumatológica — a defesa da fé não é apenas retórica: é testemunho inspirado pelo Espírito. (Apologia + oração.)
- Ética do confronto — o cristão deve saber argumentar e, ao mesmo tempo, manter a integridade moral (evitar calúnia, ódio, violência).
- Perseverança e missão — a capacidade de permanecer fiel sob contestação é crítica para a continuidade da missão e para a testemunha pública da igreja.
V. Referências acadêmicas (selecção para aprofundamento)
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
(Se desejar, eu adiciono referências em português — ex.: Comentário Bíblico Pentecostal (CPAD), ou autores brasileiros — e monto bibliografia anotada.)
VI. Aplicação pessoal e eclesial (prática — “o que fazemos com isso”)
- Formação doutrinária & apologética
- Cada cristão deve ter base bíblica e capacidade de apologeomai (1Pe 3.15): entender o que crê e por quê. Promova grupos de estudo, oficinas de apologética bíblica e preparação para perguntas comuns.
- Dependência do Espírito
- Treinar para falar e agir sob a guia do Espírito: disciplina de oração, jejum e sensibilidade emocional/espiritual para evitar que defesa se torne defesa própria.
- Cultivar a sophía bíblica
- Educação teológica deve caminhar com caráter: sabedoria prática (ética) que modele maneira de falar com respeito, clareza e coragem.
- Estratégias práticas diante de oposição
- Documentação, assessoria, redes de apoio pastoral e legal quando a contestação se torna difamação ou violência; treino em comunicação pública.
- Formar para a perseverança
- Ensinar resistência espiritual (hupomonē) — exercícios de resiliência espiritual, liturgias de consolação e memórias dos mártires como estímulo.
- Prática do perdão
- Modelar e ensinar o perdão ativo: oração pelos perseguidores, programas de reconciliação quando possível, assistência pastoral às vítimas.
- Missão em contexto hostil
- Ver a contestação como oportunidade missionária: promover evangelismo contextualizado e apoio às igrejas perseguídas.
VII. Tabela expositiva — “Estêvão e a Igreja cuja Fé é Contestada” (resumo para impressão / slide)
Tópico | Texto / termo grego | Observação exegética | Implicação prática |
Fé contestada | πίστις (pistis) | Fé pública atrai oposição; não é privada | Preparar crentes para confrontos ideológicos e éticos |
Testemunho eficaz | σοφία + πνεῦμα (sophía + pneûma) | Palavra combinada com ação do Espírito (At 6.10) | Formação bíblica + dependência do Espírito |
Defesa da fé | ἀπολογία (apología) / ἀπολογέομαι | Responsabilidade de explicar crenças (1Pe 3.15) | Cursos, oficinas, recursos pedagógicos na igreja |
Teste / prova | πειράζω / δοκιμάζω | Fé é testada e purificada (1Pe 1) | Pastoral de preparação e discipulado resiliente |
Perseguição | διωγμός (diōgmos) | Contestação pode evoluir para perseguição física | Rede de apoio, segurança, assistência legal/pastoral |
Perseverança | ὑπομονή (hupomonē) | Virtude chave diante do conflito | Exercícios espirituais e formação em resiliência |
Perdão | μὴ ἐπιλογίσῃς (mē epilogísēs) | Estêvão ora para que Deus não compute o pecado | Ensinar oração por inimigos e reconciliação |
Missão | narrativa At 8 (dispersão) | Contest. → dispersão → evangelização | Planejar missão em contexto adverso |
VIII. Observação final curta (para usar como conclusão na aula)
Estêvão nos ensina que a fé cristã, quando é viva e pública, será necessariamente contestada — mas essa contestação pode revelar a autenticidade do testemunho. A igreja não é chamada apenas a responder às objeções, mas a fazê-lo com sabedoria, dependência do Espírito, coragem e perdão. Dessa conjugação nasce uma missão que supera os muros e alcança os confins da terra.
2- A fé sob ataque. Lucas nos conta que, em um momento do ministério de Estêvão, um grupo de judeus que vivia fora de Israel, chamado de judeus helenistas, se levantou contra ele. Esses judeus faziam parte da Diáspora, ou seja, eram pessoas que tinham se espalhado por outras regiões, fora do território de Israel. Eles não concordaram com o que Estêvão estava ensinando e começaram a se opor ao seu trabalho (At 6.9). Esse levante aconteceu logo após Estêvão fazer “prodígios e grandes sinais entre o povo” (At 6.8). É interessante observar que o verbo grego usado aqui, anistemi, com o sentido de “levantar” é o mesmo verbo usado por Marcos quando disse que houve testemunhas falsas que se levantaram para acusar Jesus (Mc 14.57). Anteriormente, Cristo já fora atacado no seu ministério terreno, agora o ciclo se repetia com seus seguidores. A fé cristã sempre será alvo e objeto de ataque. Se a igreja é verdadeiramente cristã, sempre haverá em algum lugar um levante. Neste episódio, o levante fora motivado por conta da inveja que os religiosos sentiram ao verem suas sinagogas esvaziadas por motivo das pessoas se renderem a um Evangelho de poder. Uma igreja bíblica sempre estará sob ataque e terá sua fé contestada.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
II. A fé sob ataque (At 6.8–9)
1. Leitura do problema
Lucas relata que, depois que Estêvão fazia “prodígios e grandes sinais” (At 6.8), “se levantaram alguns” contra ele (At 6.9). O episódio insere-se no padrão lucano: proclamação eficaz do evangelho → resistência religiosa → conflito público → calúnia → martírio. A imagem central desta seção é que a fé pública e eficaz atrai oposição: quando a Palavra tem efeito real sobre as pessoas e corrói prestígios religiosos, surgem reações humanas de defesa e de agressão.
2. Análise léxica e lingüística (grego / termos relevantes)
ἀνίστημι / ἀνέστησαν (anístēmi / anestēsan)
- Forma/contexto: em At 6.9 Lucas usa ἀνέστησαν (aoristo indicativo, 3ª pl.) — “levantaram-se”, “ergueram-se”.
- Sentido lexical: clássico “levantar, erguer”; usado tanto literalmente (“levantar-se”) quanto figurativamente (“erguer-se em oposição/ato”). Tem forte carga dinâmica: indica ação coordenada, iniciativa coletiva.
- Comparação intertextual: o mesmo verbo (ἀνίστημι/ἀνέστησαν) aparece em julgamentos e tumultos (Marcos 14.57 — “ergueram-se testemunhas para acusá-lo”), o que estabelece um paralelo narrativo entre o conflito contra Jesus e contra seus seguidores. Lucas sugere repetição do padrão: o que ocorreu ao Senhor repete-se com o servo fiel.
Ἑλληνισταί / Diáspora (Hellenists / διασπορά)
- Ἑλληνισταί (Hellenistai) — termo usado em At 6.1 para indicar judeus da diáspora que falavam grego e tinham práticas/expectativas culturais diferentes dos hebraísmos palestinos.
- Διάσπορα (diaspora) — dispersão dos judeus pelo mundo greco-romano; sinagogas helenísticas eram centros religiosos e sociais importantes.
- Relevância: o conflito é intra-judaico (judeus contra judeus), não simplesmente “judeus vs. cristãos gentios”; oposição nasce dentro do pluralismo judaico.
φθόνος / ζηλοτυπία (phthónos / zēlotypía — inveja / ciúme)
- O texto de Atos não diz explicitamente “φθόνος” em 6.9, mas Lucas em outros episódios liga rejeição ao evangelho com inveja/ciúme (At 5.17–18; At 13.45 fala explicitamente de “inveja”). A motivação descrita frequentemente pelos exegetas é a perda de autoridade e o esvaziamento das sinagogas, o que alimenta ressentimento entre líderes religiosos.
σημεῖα καὶ τέρατα (sēmeia kai tērata — sinais e prodígios)
- A referência aos sinais (6.8) sublinha que a reação não é meramente intelectual: a obra visível de Deus provoca deslocamento de pessoas e alteração de status social, causando resistência que pode tornar-se hostil.
3. Exegese teológica — o que Lucas quer comunicar aqui
- Repetição do padrão messiânico: usar o mesmo verbo e a mesma estrutura retórica que cercam o ataque a Jesus liga diretamente o destino dos seguidores ao destino do Mestre. Lucas constrói continuidade: a igreja participa da via crucis do Messias.
- A fé que transforma estrutura social atrai oposição: quando a pregação tem eficácia (conversões, sinais), interessa e ameaça instituições religiosas que dependem de autoridade, clientela e prestígio.
- Contestação é sinal — não prova — de fracasso: a presença do levante indica que a missão está produzindo efeito; o confronto é um índice de impacto missionário, não necessariamente de derrota.
- Dimensão comunitária do ataque: como os opositores vieram das sinagogas da diáspora, o conflito é cultural e social, não só teológico — portanto as respostas da igreja devem considerar fatores sociológicos e pastorais.
4. Referências acadêmicas (seleção para estudo)
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
5. Aplicação pessoal e eclesial (prática, direta)
- Entenda o que atrai oposição: ministérios que geram conversão, cuidado social e mudança de hábito social provavelmente incomodarão quem tem poder ou interesse nas estruturas antigas. Não é motivo para recuar automaticamente — antes, para planejar prudência e fidelidade.
- Formação para resposta pública: treine crentes para apologética pastoral — saber apresentar a fé com clareza, respeito e coragem, evitando reações que escalem o conflito.
- Sensibilidade cultural: como o conflito é frequentemente também cultural, estudar o público (contexto, valores, temores) evita mal entendidos e permite estratégias mais eficazes de testemunho.
- Preparar a igreja para perseverar: conscientizar que contestação é possível — e às vezes inevitável — e fomentar práticas de resistência não violenta, apoio mútuo e oração.
- Cuidado com a inveja na liderança: monitorar sinais de competição interna na igreja (busca de prestígio, ciúme) que podem replicar a dinâmica da oposição externa; cultivar humildade e transparência.
6. Tabela expositiva (resumo prático para aula / folheto)
Texto / Elemento
Termo grego (lemma)
Observação exegética
Implicação teológica
Aplicação prática
At 6.8–9
σημεῖα καὶ τέρατα (sēmeia kai tērata) / ἀνέστησαν (anestēsan)
Sinais geram impacto; “ergueram-se” indica oposição organizada
Fé eficaz tende a provocar reação humana
Prepare ministérios para resultado prático (evangelismo + proteção pastoral)
At 6.9
Ἑλληνισταί (Hellenistai) / διασπορά (diaspora)
Opositores eram judeus da diáspora (culturais/linguísticos diferentes)
O conflito é também socio-cultural, não só doutrinário
Estudo contextual; diálogo intergrupal dentro do judaísmo / pluralidade social
Parâmetro intertextual
ἀνίστημι (anístēmi) — paralelo com Mc 14.57
Lucas usa verba e moldes retóricos para lembrar o destino de Jesus
Continua a linha de identificação entre Cristo e seus seguidores
Preparar discípulos para sequela (seguir a Cristo mesmo sob custo)
Motivações humanas
(implic.) φθόνος / ζηλοτυπία (inveja/ciúme)
Inveja por perda de fiéis / prestígio é motivo recorrente
Oposição pode ter raiz em interesses humanos, não razões teológicas puras
Pastorais contra a cultura do poder: ensino sobre liderança servil
Resultado prático
dispersão (At 8.1–4)
Perseguição impulsiona missão — evangelho espalha
Deus usa até a oposição para cumprimento missionário
Ver adversidade como campo missionário; apoiar igrejas dispersas
7. Conclusão sintética (para uso no ensino)
Lucas ensina que a fé que realmente transforma o contexto social não ficará sem contestação. O verbo ἀνέστησαν não é neutro: ele descreve um movimento, uma iniciativa coletiva de oposição que replica o padrão enfrentado por Jesus. A lição prática para a igreja contemporânea é dupla: (1) não encobrir a realidade da oposição — prepare-se; (2) não confundir oposição com fracasso — muitas vezes ela é o sinal de que o evangelho está fraturando estruturas e produzindo mudança. Assim, a resposta cristã é: defender a fé com sabedoria e coragem, manter a integridade espiritual e ver na adversidade novas oportunidades missionárias.
II. A fé sob ataque (At 6.8–9)
1. Leitura do problema
Lucas relata que, depois que Estêvão fazia “prodígios e grandes sinais” (At 6.8), “se levantaram alguns” contra ele (At 6.9). O episódio insere-se no padrão lucano: proclamação eficaz do evangelho → resistência religiosa → conflito público → calúnia → martírio. A imagem central desta seção é que a fé pública e eficaz atrai oposição: quando a Palavra tem efeito real sobre as pessoas e corrói prestígios religiosos, surgem reações humanas de defesa e de agressão.
2. Análise léxica e lingüística (grego / termos relevantes)
ἀνίστημι / ἀνέστησαν (anístēmi / anestēsan)
- Forma/contexto: em At 6.9 Lucas usa ἀνέστησαν (aoristo indicativo, 3ª pl.) — “levantaram-se”, “ergueram-se”.
- Sentido lexical: clássico “levantar, erguer”; usado tanto literalmente (“levantar-se”) quanto figurativamente (“erguer-se em oposição/ato”). Tem forte carga dinâmica: indica ação coordenada, iniciativa coletiva.
- Comparação intertextual: o mesmo verbo (ἀνίστημι/ἀνέστησαν) aparece em julgamentos e tumultos (Marcos 14.57 — “ergueram-se testemunhas para acusá-lo”), o que estabelece um paralelo narrativo entre o conflito contra Jesus e contra seus seguidores. Lucas sugere repetição do padrão: o que ocorreu ao Senhor repete-se com o servo fiel.
Ἑλληνισταί / Diáspora (Hellenists / διασπορά)
- Ἑλληνισταί (Hellenistai) — termo usado em At 6.1 para indicar judeus da diáspora que falavam grego e tinham práticas/expectativas culturais diferentes dos hebraísmos palestinos.
- Διάσπορα (diaspora) — dispersão dos judeus pelo mundo greco-romano; sinagogas helenísticas eram centros religiosos e sociais importantes.
- Relevância: o conflito é intra-judaico (judeus contra judeus), não simplesmente “judeus vs. cristãos gentios”; oposição nasce dentro do pluralismo judaico.
φθόνος / ζηλοτυπία (phthónos / zēlotypía — inveja / ciúme)
- O texto de Atos não diz explicitamente “φθόνος” em 6.9, mas Lucas em outros episódios liga rejeição ao evangelho com inveja/ciúme (At 5.17–18; At 13.45 fala explicitamente de “inveja”). A motivação descrita frequentemente pelos exegetas é a perda de autoridade e o esvaziamento das sinagogas, o que alimenta ressentimento entre líderes religiosos.
σημεῖα καὶ τέρατα (sēmeia kai tērata — sinais e prodígios)
- A referência aos sinais (6.8) sublinha que a reação não é meramente intelectual: a obra visível de Deus provoca deslocamento de pessoas e alteração de status social, causando resistência que pode tornar-se hostil.
3. Exegese teológica — o que Lucas quer comunicar aqui
- Repetição do padrão messiânico: usar o mesmo verbo e a mesma estrutura retórica que cercam o ataque a Jesus liga diretamente o destino dos seguidores ao destino do Mestre. Lucas constrói continuidade: a igreja participa da via crucis do Messias.
- A fé que transforma estrutura social atrai oposição: quando a pregação tem eficácia (conversões, sinais), interessa e ameaça instituições religiosas que dependem de autoridade, clientela e prestígio.
- Contestação é sinal — não prova — de fracasso: a presença do levante indica que a missão está produzindo efeito; o confronto é um índice de impacto missionário, não necessariamente de derrota.
- Dimensão comunitária do ataque: como os opositores vieram das sinagogas da diáspora, o conflito é cultural e social, não só teológico — portanto as respostas da igreja devem considerar fatores sociológicos e pastorais.
4. Referências acadêmicas (seleção para estudo)
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
5. Aplicação pessoal e eclesial (prática, direta)
- Entenda o que atrai oposição: ministérios que geram conversão, cuidado social e mudança de hábito social provavelmente incomodarão quem tem poder ou interesse nas estruturas antigas. Não é motivo para recuar automaticamente — antes, para planejar prudência e fidelidade.
- Formação para resposta pública: treine crentes para apologética pastoral — saber apresentar a fé com clareza, respeito e coragem, evitando reações que escalem o conflito.
- Sensibilidade cultural: como o conflito é frequentemente também cultural, estudar o público (contexto, valores, temores) evita mal entendidos e permite estratégias mais eficazes de testemunho.
- Preparar a igreja para perseverar: conscientizar que contestação é possível — e às vezes inevitável — e fomentar práticas de resistência não violenta, apoio mútuo e oração.
- Cuidado com a inveja na liderança: monitorar sinais de competição interna na igreja (busca de prestígio, ciúme) que podem replicar a dinâmica da oposição externa; cultivar humildade e transparência.
6. Tabela expositiva (resumo prático para aula / folheto)
Texto / Elemento | Termo grego (lemma) | Observação exegética | Implicação teológica | Aplicação prática |
At 6.8–9 | σημεῖα καὶ τέρατα (sēmeia kai tērata) / ἀνέστησαν (anestēsan) | Sinais geram impacto; “ergueram-se” indica oposição organizada | Fé eficaz tende a provocar reação humana | Prepare ministérios para resultado prático (evangelismo + proteção pastoral) |
At 6.9 | Ἑλληνισταί (Hellenistai) / διασπορά (diaspora) | Opositores eram judeus da diáspora (culturais/linguísticos diferentes) | O conflito é também socio-cultural, não só doutrinário | Estudo contextual; diálogo intergrupal dentro do judaísmo / pluralidade social |
Parâmetro intertextual | ἀνίστημι (anístēmi) — paralelo com Mc 14.57 | Lucas usa verba e moldes retóricos para lembrar o destino de Jesus | Continua a linha de identificação entre Cristo e seus seguidores | Preparar discípulos para sequela (seguir a Cristo mesmo sob custo) |
Motivações humanas | (implic.) φθόνος / ζηλοτυπία (inveja/ciúme) | Inveja por perda de fiéis / prestígio é motivo recorrente | Oposição pode ter raiz em interesses humanos, não razões teológicas puras | Pastorais contra a cultura do poder: ensino sobre liderança servil |
Resultado prático | dispersão (At 8.1–4) | Perseguição impulsiona missão — evangelho espalha | Deus usa até a oposição para cumprimento missionário | Ver adversidade como campo missionário; apoiar igrejas dispersas |
7. Conclusão sintética (para uso no ensino)
Lucas ensina que a fé que realmente transforma o contexto social não ficará sem contestação. O verbo ἀνέστησαν não é neutro: ele descreve um movimento, uma iniciativa coletiva de oposição que replica o padrão enfrentado por Jesus. A lição prática para a igreja contemporânea é dupla: (1) não encobrir a realidade da oposição — prepare-se; (2) não confundir oposição com fracasso — muitas vezes ela é o sinal de que o evangelho está fraturando estruturas e produzindo mudança. Assim, a resposta cristã é: defender a fé com sabedoria e coragem, manter a integridade espiritual e ver na adversidade novas oportunidades missionárias.
3- A disputa com Estêvão. Uma outra palavra usada nesse texto merece nossa atenção. É o vocábulo “suzéteó”, traduzido aqui como “disputavam”: “E disputavam com Estêvão” (At 6.9). Os léxicos, ou dicionários de grego português, observam que este termo era frequentemente usado no contexto de discussões religiosas ou filosóficas, onde diferentes pontos de vistas estavam sendo examinados ou desafiados. Era uma forma de debater ideias e impor aos outros sua forma de enxergar as coisas. Em outras palavras, os judeus helenistas não estavam simplesmente “discutindo” com Estêvão, isto é, batendo boca, mas procurando, a todo custo, sobrepor sua cosmovisão através de uma narrativa bem construída.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1) O sentido léxico e uso no NT
- Forma e raiz: συζητέω < σύν (com) + ζητέω (procurar, investigar) — literalmente “investigar/perguntar em conjunto”. Lexicógrafos a definem: “discutir, debater, argumentar, disputar (com)”.
- Nuances: pode indicar desde uma conversa investigativa até uma disputa acalorada; no contexto culto/filosófico tende a ter sentido técnico de argumentação pública (debates doutrinários) — não mera conversa de botequim. BDAG e léxicos clássicos ressaltam esse campo semântico.
- Ocorrências no NT: aparece algumas vezes em contextos de discussão pública (por exemplo, em sinagogas e debates: At 6.9; At 9.29; Mc/Lc em contextos de controvérsia pedagógica). O uso em Atos situa a atividade no quadro de disputa religiosa organizada.
2) Leitura exegética de Atos 6.9 (foco no verbo)
- O texto lucano: “… καὶ τῶν ἀπὸ Κιλικίας καὶ τῶν ἀπὸ Ἀσίας, συζητοῦντες τῷ Στεφάνῳ.” — os homens “disputavam/com Estêvão” (particípio presente, ação em desenvolvimento). Esta forma comunica: debate contínuo e organizado, não comentário momentâneo.
- Contexto imediato: o verbo aparece logo após a afirmação de que Estêvão fazia “σημεῖα καὶ τέρατα” (sinais e prodígios). A disputa, portanto, surge como reação ao impacto real do evangelho no público e na prática litúrgico-social das sinagogas. O ato de “συζητεῖν” aqui tem caráter agonístico (luta por domínio discursivo e influência social).
3) Comparação intertextual: paralelos com o tratamento de Jesus
- Você observou a semelhança com o verbo usado por Marcos no processo contra Jesus. Tecnicamente, em Mc 14:57 a imagem narratorial é “ἀναστάντες ἐψευδομαρτύρουν” (“levantaram-se e deram falso testemunho”) — verbo diferente (ἀνίστημι/ἀναστάντες) mas ação narrativa similar: um grupo se ergue para confrontar o pregador, o que reflete padrão retórico comum (o acusado público é “levantado” pela oposição). Assim: o vocabulário exato nem sempre coincide, mas o padrão (oposição organizada, testemunhas, acusações) é repetido entre Jesus e Estêvão. Isso ajuda Lucas a insinuar continuidade no destino de discípulos e Mestre.
4) Implicações teológicas e narrativas
- Natureza pública da fé: o cristianismo primitivo se manifesta no espaço público (sinagogas, praças), logo está sujeito ao escrutínio e à disputa pública. A palavra συζητέω destaca isso: não é debate privado, é confronto público de cosmovisões.
- Apologética institucional vs. apostólica: os helenistas queriam sustentar a narrativa e a autoridade de suas sinagogas; Estêvão representava uma alternativa com poder transformador (sinais). A disputa mostra conflito de autoridade religiosa.
- Risco da disputa retórica: quando o debate visa hegemonia e não busca a verdade, ele rapidamente degenera em calúnia (ψευδομάρτυρες) e violência — como Lucas narra. A palavra συζητέω aponta o início desse processo: argumento → contestação → hostilidade.
- Identificação com Cristo: ao colocar Estêvão em arena discursiva e depois em processo violento, Lucas reaviva o tema da imitatio Christi — os discípulos percorrem o mesmo caminho do Mestre.
5) Aplicação prática (individual e congregacional)
- Formação para debate público: treinar irmãos em apologética básica (1Pe 3.15 aplicada), retórica cristã e manejo de conflitos para que “disputas” sejam ocasiões de evangelho, não de contenda.
- Objetivo ético no diálogo: cultivar atitudes que transformem συζητεῖν em busca de verdade, não em instrumento de poder — promover perguntas honestas, escuta ativa e humildade intelectual.
- Planejamento pastoral: quando o evangelho começa a mover pessoas (sinais, conversões), preparar respostas institucionais — acolhimento, ensino catequético, estratégia de comunicação — para evitar que a controvérsia se torne escândalo.
- Resiliência missionária: saber que a disputa pode escalar (calúnia, perseguição) e por isso formar redes de apoio e estratégias não-violentas de resistência e testemunho (oração, perdão, documentação).
6) Tabela expositiva (pronta para slide / folheto)
Item
Termo grego
Sentido/nuança
Onde aparece
Nota exegética
Aplicação prática
Disputar / Debater
συζητέω (suzētéō)
discutir, debater, disputar publicamente; investigar/juntar-se na busca
At 6.9 (συζητοῦντες τῷ Στεφάνῳ); outros contextos NT
Verbo indica atividade discursiva organizada — debate formal em sinagogas/áreas públicas; ação contínua (particípio).
Treinar apologética e ética no diálogo; promover debate orientado à verdade
Levantar oposição (paralelo)
ἀνίστημι / ἀναστάντες
“erguer-se, levantar-se” — usado em narrativa de acusação
Mc 14:57 (testemunhas se levantam)
Paralelo narrativo: grupos “se levantam” contra Cristo e contra seguidores; padrão de oposição.
Reconhecer padrões de oposição histórica; preparar líderes para enfrentar acusações
Contexto social
Ἑλληνισταί / διασπορά
judeus helenistas da diáspora
At 6.1–9
Conflito também é sócio-cultural, não só doutrinário; sinagogas como arenas retóricas.
Sensibilidade cultural e estratégia missionária contextual
Risco retórico → prático
ψευδομάρτυρες / ὑπέβαλον
false testimony / suborno
At 6.11–13
Debate pode degenerar em calúnia e processo injusto
Formação ética, documentação e redes de apoio pastoral
Fim escatológico
πρόσωπον ὡς ἀγγέλου / ἑστῶτα Ἰησοῦς
rosto de glória; Jesus em pé à direita
At 6.15; 7.55–56
Mesmo em disputa, há confirmação divina do testemunho fiel
Encorajar perseverança e esperança escatológica na igreja
7) Fontes e recomendações para estudo
- Entradas léxicas: Bíblia de Estudo Palavra Chave - Strong’s / Thayer / Mounce / Bill Mounce (on-line) para συζητέω.
- Léxico crítico: BDAG (Bauer–Danker) — tratamento analítico do verbo e suas nuances.
- Comentários e contexto histórico: F. F. Bruce, Craig S. Keener, David G. Peterson, Ben Witherington III — boas análises históricas, socio-retóricas e exegéticas sobre Atos 6–7 e a dinâmica de conflito/oposição nas sinagogas.
8) Conclusão prática e pedagógica (para usar no final de uma lição)
A palavra συζητέω em Atos 6.9 expressa muito mais que uma “discussão acalorada”: descreve a prática institucional de confrontação pública — debate teológico-filosófico usado para manter ou disputar autoridade social e religiosa. Para a igreja hoje, isso significa: (a) prepare-se para dialogar com fluidez intelectual e humildade; (b) deixe que o debate sirva à busca da verdade, não à busca de prestígio; (c) esteja pronto para as consequências (desde a calúnia até a perseguição), sustentado pelo Espírito e pela esperança escatológica.
1) O sentido léxico e uso no NT
- Forma e raiz: συζητέω < σύν (com) + ζητέω (procurar, investigar) — literalmente “investigar/perguntar em conjunto”. Lexicógrafos a definem: “discutir, debater, argumentar, disputar (com)”.
- Nuances: pode indicar desde uma conversa investigativa até uma disputa acalorada; no contexto culto/filosófico tende a ter sentido técnico de argumentação pública (debates doutrinários) — não mera conversa de botequim. BDAG e léxicos clássicos ressaltam esse campo semântico.
- Ocorrências no NT: aparece algumas vezes em contextos de discussão pública (por exemplo, em sinagogas e debates: At 6.9; At 9.29; Mc/Lc em contextos de controvérsia pedagógica). O uso em Atos situa a atividade no quadro de disputa religiosa organizada.
2) Leitura exegética de Atos 6.9 (foco no verbo)
- O texto lucano: “… καὶ τῶν ἀπὸ Κιλικίας καὶ τῶν ἀπὸ Ἀσίας, συζητοῦντες τῷ Στεφάνῳ.” — os homens “disputavam/com Estêvão” (particípio presente, ação em desenvolvimento). Esta forma comunica: debate contínuo e organizado, não comentário momentâneo.
- Contexto imediato: o verbo aparece logo após a afirmação de que Estêvão fazia “σημεῖα καὶ τέρατα” (sinais e prodígios). A disputa, portanto, surge como reação ao impacto real do evangelho no público e na prática litúrgico-social das sinagogas. O ato de “συζητεῖν” aqui tem caráter agonístico (luta por domínio discursivo e influência social).
3) Comparação intertextual: paralelos com o tratamento de Jesus
- Você observou a semelhança com o verbo usado por Marcos no processo contra Jesus. Tecnicamente, em Mc 14:57 a imagem narratorial é “ἀναστάντες ἐψευδομαρτύρουν” (“levantaram-se e deram falso testemunho”) — verbo diferente (ἀνίστημι/ἀναστάντες) mas ação narrativa similar: um grupo se ergue para confrontar o pregador, o que reflete padrão retórico comum (o acusado público é “levantado” pela oposição). Assim: o vocabulário exato nem sempre coincide, mas o padrão (oposição organizada, testemunhas, acusações) é repetido entre Jesus e Estêvão. Isso ajuda Lucas a insinuar continuidade no destino de discípulos e Mestre.
4) Implicações teológicas e narrativas
- Natureza pública da fé: o cristianismo primitivo se manifesta no espaço público (sinagogas, praças), logo está sujeito ao escrutínio e à disputa pública. A palavra συζητέω destaca isso: não é debate privado, é confronto público de cosmovisões.
- Apologética institucional vs. apostólica: os helenistas queriam sustentar a narrativa e a autoridade de suas sinagogas; Estêvão representava uma alternativa com poder transformador (sinais). A disputa mostra conflito de autoridade religiosa.
- Risco da disputa retórica: quando o debate visa hegemonia e não busca a verdade, ele rapidamente degenera em calúnia (ψευδομάρτυρες) e violência — como Lucas narra. A palavra συζητέω aponta o início desse processo: argumento → contestação → hostilidade.
- Identificação com Cristo: ao colocar Estêvão em arena discursiva e depois em processo violento, Lucas reaviva o tema da imitatio Christi — os discípulos percorrem o mesmo caminho do Mestre.
5) Aplicação prática (individual e congregacional)
- Formação para debate público: treinar irmãos em apologética básica (1Pe 3.15 aplicada), retórica cristã e manejo de conflitos para que “disputas” sejam ocasiões de evangelho, não de contenda.
- Objetivo ético no diálogo: cultivar atitudes que transformem συζητεῖν em busca de verdade, não em instrumento de poder — promover perguntas honestas, escuta ativa e humildade intelectual.
- Planejamento pastoral: quando o evangelho começa a mover pessoas (sinais, conversões), preparar respostas institucionais — acolhimento, ensino catequético, estratégia de comunicação — para evitar que a controvérsia se torne escândalo.
- Resiliência missionária: saber que a disputa pode escalar (calúnia, perseguição) e por isso formar redes de apoio e estratégias não-violentas de resistência e testemunho (oração, perdão, documentação).
6) Tabela expositiva (pronta para slide / folheto)
Item | Termo grego | Sentido/nuança | Onde aparece | Nota exegética | Aplicação prática |
Disputar / Debater | συζητέω (suzētéō) | discutir, debater, disputar publicamente; investigar/juntar-se na busca | At 6.9 (συζητοῦντες τῷ Στεφάνῳ); outros contextos NT | Verbo indica atividade discursiva organizada — debate formal em sinagogas/áreas públicas; ação contínua (particípio). | Treinar apologética e ética no diálogo; promover debate orientado à verdade |
Levantar oposição (paralelo) | ἀνίστημι / ἀναστάντες | “erguer-se, levantar-se” — usado em narrativa de acusação | Mc 14:57 (testemunhas se levantam) | Paralelo narrativo: grupos “se levantam” contra Cristo e contra seguidores; padrão de oposição. | Reconhecer padrões de oposição histórica; preparar líderes para enfrentar acusações |
Contexto social | Ἑλληνισταί / διασπορά | judeus helenistas da diáspora | At 6.1–9 | Conflito também é sócio-cultural, não só doutrinário; sinagogas como arenas retóricas. | Sensibilidade cultural e estratégia missionária contextual |
Risco retórico → prático | ψευδομάρτυρες / ὑπέβαλον | false testimony / suborno | At 6.11–13 | Debate pode degenerar em calúnia e processo injusto | Formação ética, documentação e redes de apoio pastoral |
Fim escatológico | πρόσωπον ὡς ἀγγέλου / ἑστῶτα Ἰησοῦς | rosto de glória; Jesus em pé à direita | At 6.15; 7.55–56 | Mesmo em disputa, há confirmação divina do testemunho fiel | Encorajar perseverança e esperança escatológica na igreja |
7) Fontes e recomendações para estudo
- Entradas léxicas: Bíblia de Estudo Palavra Chave - Strong’s / Thayer / Mounce / Bill Mounce (on-line) para συζητέω.
- Léxico crítico: BDAG (Bauer–Danker) — tratamento analítico do verbo e suas nuances.
- Comentários e contexto histórico: F. F. Bruce, Craig S. Keener, David G. Peterson, Ben Witherington III — boas análises históricas, socio-retóricas e exegéticas sobre Atos 6–7 e a dinâmica de conflito/oposição nas sinagogas.
8) Conclusão prática e pedagógica (para usar no final de uma lição)
A palavra συζητέω em Atos 6.9 expressa muito mais que uma “discussão acalorada”: descreve a prática institucional de confrontação pública — debate teológico-filosófico usado para manter ou disputar autoridade social e religiosa. Para a igreja hoje, isso significa: (a) prepare-se para dialogar com fluidez intelectual e humildade; (b) deixe que o debate sirva à busca da verdade, não à busca de prestígio; (c) esteja pronto para as consequências (desde a calúnia até a perseguição), sustentado pelo Espírito e pela esperança escatológica.
4- A falsa narrativa. A Igreja sempre teve de lidar e combater as falsas narrativas. Nos dias de Jesus, Ele foi acusado de enganar o povo (Jo 7.12); quando Ele ressuscitou, criaram a narrativa de que seu corpo havia sido roubado pelos discípulos (Mt 28.13). O apóstolo Paulo foi acusado de pregar contra os decretos de César (At 17.7) e pelo fato de pregar a respeito de Jesus e da ressurreição, o acusaram de pregar “deuses estranhos” (At 17.18). Hoje não é diferente. A igreja luta em várias frentes com falsas narrativas que a todo custo querem minar o seu testemunho e desacreditá-la. Você pode reconhecer algumas dessas narrativas?
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1. Panorama: a Igreja e as falsas narrativas
Desde o ministério de Jesus até o período paulino e a era apostólica, vemos repetidas tentativas de desacreditar o Evangelho por meio de narrativas alternativas: dizer que Jesus enganava o povo (Jo 7.12), inventar que o corpo foi roubado (Mt 28.13), acusar pregadores de introduzir “deuses estranhos” (At 17.18) ou de conspirar contra autoridades (acusação política; At 17.7). Essas respostas humanas revelam motivações variadas — medo, perda de poder, incompreensão, inveja — e técnicas também variadas: calúnia, boato, suborno, reinterpretação dos fatos. O episódio de Estêvão insere-se nessa linha: os opositores constroem uma narrativa (blasfêmia, destruição do templo) para neutralizar seu testemunho (cf. Mt 28.11–15; Jo 7.12; At 17.18).
2. Palavras gregas e conceitos-chave (análise léxica)
1) ψευδομαρτυρία / ψευδομαρτυρέω (pseudomarturía / pseudomartyreō) — “falso testemunho / dar falso testemunho”
- Sentido: declarar como verdade algo que é falso; tecnicamente, criar um enredo que serve como prova contra alguém. No NT essas formas carregam forte sanção moral e legal. (Strong’s / Bill Mounce).
2) πλάνη / πλανάω (planḗ / planaó) — “erro, engano, desviar”
- Distinção útil (lexicográfica): πλάνη muitas vezes descreve errar por engano ou ser levado à ilusão; δόλος/δόλος refere-se a enganar com má-fé. Isso ajuda a distinguir entre quem acredita numa falsidade por ignorância e quem a promove deliberadamente. (BDAG / Strong’s / Bill Mounce).
3) βλάσφημια / βλασφημέω (blasphēmía / blasphēmeō) — “blasfêmia, difamação religiosa”
- No contexto judaico-palestino é acusaçõa grave; transformar uma crítica teológica numa acusação de blasfêmia era forma eficiente de deslegitimar um pregador. (uso em Atos e paralelo com o processo de Jesus).
4) Vocabulário retórico: συζητέω (suzētéō — “disputar/debater”) e ἀνίστημι (anístēmi — “levantar-se/erguer”)
- Ambos aparecem nos relatos de controvérsia (At 6.9 usa-se συζητοῦντες; Marcos e outros usam ἀνίστησις em processos). Esses verbos situam a atividade no domínio do debate público e da ação coordenada.
3. Tipos de “falsas narrativas” (bíblicas → contemporâneas) e suas motivações
- Acusações religiosas (blasfêmia, heresia) — mecanismo: apresentar a nova mensagem como profana; objetivo: preservar autoridade religiosa (cf. acusações contra Jesus e Estêvão). Motivações: medo religioso, preservação do status quo.
- Teorias conspiratórias / roubo de provas factuais — exemplo: “roubaram o corpo” (Mt 28.13): estratégia para explicar o inexplicável e desacreditar a ressurreição; hoje equivalentes: inventar vídeos, manipular evidências.
- Desinformação política (acusação de ação contra o Estado) — exemplo: Paulo acusado de conspirar contra César; tática para criminalizar o movimento religioso. Hoje: acusar igrejas de sediar insurreição, lavagem de dinheiro etc.
- Difamação e calúnia pessoal (suborno de testemunhas) — organizar testemunhas falsas (At 6.11–13) para construir narrativa jurídica; hoje: campanhas de difamação em massa, fake news pagas.
- Descontextualização doutrinária (rotular como “deuses estranhos”) — rotular ideias para torná-las cognitivamente inacessíveis ao público (At 17.18). Hoje: rotular crenças como “seitas perigosas”, “retrocesso” etc.
4. O porquê das falsas narrativas (dimensões teológicas e sociais)
- Sociologia do poder: instituições religiosas e políticas reagem quando perdem controle social; narrativas falsas preservam lealdade e legitimidade. (Witherington, Keener, Frend explicam bem a dinâmica histórica).
- Medo do novo: mudança produz ansiedade; acusar de enganar ou corromper o povo é mecanismo de desaceleração da mudança.
- Imediatismo retórico: inventar uma explicação simples (roubo do corpo, engano do povo) é cognitivamente mais receptível que aceitar um evento sobrenatural ou realidade revolucionária.
Referências exegéticas e históricas: F. F. Bruce; Craig Keener; Ben Witherington; W. H. C. Frend — cada um ajuda a entender tanto o texto quanto o contexto social das narrativas acusatórias.
5. Respostas bíblico-teológicas e pastorais às falsas narrativas
- Verificação e transparência
- Expor fatos, documentar evidências, abrir procedimentos internos que previnam abuso e demonizem boatos (At 28:11–15 mostra tentativa contrária — os líderes pagam para criar “a versão oficial” — a igreja deve fazer o oposto: transparência).
- Apologética pública ancorada na humildade
- Responder com clareza teológica e evidencial (1Pe 3.15) sem replicar a retórica hostil; combinar razão, testemunho e oração. (Keener; Stott).
- Formação da comunidade
- Educar a base para reconhecer desinformação (alfabetização midiática), cultivar discernimento teológico e ethos ético que recusa a vindita.
- Prática do perdão e testemunho moral
- Como Estêvão: oração pelos acusadores e integridade ante a calúnia (At 7.60) — o perdão é resposta profética que corrói a eficácia da narrativa.
- Aproveitar a crise para missão
- Lucas nos mostra que a perseguição e as narrativas hostis muitas vezes impulsionaram a dispersão e o avanço missionário (At 8). Ver adversidade como ponto de partida para missão.
6. Aplicação pessoal e congregacional (prática imediata)
- Individuo: aprenda a verificar fontes; antes de compartilhar um boato, confirme. Aprenda a apresentar a fé com clareza e caridade.
- Igreja: crie um protocolo de comunicação (quem fala, como responde, onde publicar) e capacite a liderança em gestão de crise e mídia.
- Pastoral: quando falsas narrativas atingirem membros, ofereça suporte psicológico, aconselhamento, assistência jurídica se necessário, e sempre proclame a verdade com evidência e testemunho coerente.
- Missional: treine discipulado que não se rende ao sentimento de ameaça; use crises para formar discípulos resilientes.
7. Tabela expositiva — “Falsas narrativas: exemplos bíblicos → hoje” (pronta para slide / impressão)
Falsa narrativa (exemplo bíblico)
Fórmula / técnica usada
Motivações humanas
Equivalente contemporâneo
Resposta cristã
“Ele engana o povo” (Jo 7.12)
Rotular como enganador; desacreditar moral/teologicamente
Medo do desafio teológico, perda de autoridade
Acusar líderes de manipulação emocional
Apologética honesta; abertura de diálogo; testemunho coerente.
“Os discípulos roubaram o corpo” (Mt 28.13)
Inventar explicação alternativa; suborno de guardas
Preservar ordem religiosa; explicar o inexplicável
Conspirações: “fizeram vídeo falso”, “plantaram provas”
Transparência, documentação, testemunho ocular, confrontação pública de mentiras.
“Ele apresenta deuses estranhos” (At 17.18)
Rotular como irrelevante/estrangeiro
Xenofobia religiosa; proteção cultural
Chamar crenças de “seitas extremistas” ou “ideologias perigosas”
Contextualização teológica, clareza doutrinária, diálogo público.
Fake witnesses / suborno (At 6.11–13)
Falsas testemunhas; calúnia
Interesse em destruir reputação
Campanhas pagas de difamação, deepfakes
Ética processual, apoio legal, prática do perdão, exposição da verdade.
Alegações políticas (At 17.7)
Acusar de subversão ao Estado
Criminalizar religião → controle
Acusar igrejas de crimes políticos/econômicos
Compliance, transparência financeira, diálogo com autoridades.
8. Leituras recomendadas (acadêmicas e práticas)
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
9. Conclusão curta (para ler em sala)
A história bíblica demonstra que falsas narrativas são armas antigas — e eficazes — contra o Evangelho. Elas se originam em medos e interesses humanos, procuram explicar ou neutralizar o acontecimento transformador, e funcionam por meio de rotulagem, invenção de fatos ou suborno. A resposta cristã não é só refutar com argumentos, mas viver com transparência, oferecer perdão profético, formar discípulos articulados e usar as crises como oportunidade missionária — sempre ancorada na oração e na dependência do Espírito.
1. Panorama: a Igreja e as falsas narrativas
Desde o ministério de Jesus até o período paulino e a era apostólica, vemos repetidas tentativas de desacreditar o Evangelho por meio de narrativas alternativas: dizer que Jesus enganava o povo (Jo 7.12), inventar que o corpo foi roubado (Mt 28.13), acusar pregadores de introduzir “deuses estranhos” (At 17.18) ou de conspirar contra autoridades (acusação política; At 17.7). Essas respostas humanas revelam motivações variadas — medo, perda de poder, incompreensão, inveja — e técnicas também variadas: calúnia, boato, suborno, reinterpretação dos fatos. O episódio de Estêvão insere-se nessa linha: os opositores constroem uma narrativa (blasfêmia, destruição do templo) para neutralizar seu testemunho (cf. Mt 28.11–15; Jo 7.12; At 17.18).
2. Palavras gregas e conceitos-chave (análise léxica)
1) ψευδομαρτυρία / ψευδομαρτυρέω (pseudomarturía / pseudomartyreō) — “falso testemunho / dar falso testemunho”
- Sentido: declarar como verdade algo que é falso; tecnicamente, criar um enredo que serve como prova contra alguém. No NT essas formas carregam forte sanção moral e legal. (Strong’s / Bill Mounce).
2) πλάνη / πλανάω (planḗ / planaó) — “erro, engano, desviar”
- Distinção útil (lexicográfica): πλάνη muitas vezes descreve errar por engano ou ser levado à ilusão; δόλος/δόλος refere-se a enganar com má-fé. Isso ajuda a distinguir entre quem acredita numa falsidade por ignorância e quem a promove deliberadamente. (BDAG / Strong’s / Bill Mounce).
3) βλάσφημια / βλασφημέω (blasphēmía / blasphēmeō) — “blasfêmia, difamação religiosa”
- No contexto judaico-palestino é acusaçõa grave; transformar uma crítica teológica numa acusação de blasfêmia era forma eficiente de deslegitimar um pregador. (uso em Atos e paralelo com o processo de Jesus).
4) Vocabulário retórico: συζητέω (suzētéō — “disputar/debater”) e ἀνίστημι (anístēmi — “levantar-se/erguer”)
- Ambos aparecem nos relatos de controvérsia (At 6.9 usa-se συζητοῦντες; Marcos e outros usam ἀνίστησις em processos). Esses verbos situam a atividade no domínio do debate público e da ação coordenada.
3. Tipos de “falsas narrativas” (bíblicas → contemporâneas) e suas motivações
- Acusações religiosas (blasfêmia, heresia) — mecanismo: apresentar a nova mensagem como profana; objetivo: preservar autoridade religiosa (cf. acusações contra Jesus e Estêvão). Motivações: medo religioso, preservação do status quo.
- Teorias conspiratórias / roubo de provas factuais — exemplo: “roubaram o corpo” (Mt 28.13): estratégia para explicar o inexplicável e desacreditar a ressurreição; hoje equivalentes: inventar vídeos, manipular evidências.
- Desinformação política (acusação de ação contra o Estado) — exemplo: Paulo acusado de conspirar contra César; tática para criminalizar o movimento religioso. Hoje: acusar igrejas de sediar insurreição, lavagem de dinheiro etc.
- Difamação e calúnia pessoal (suborno de testemunhas) — organizar testemunhas falsas (At 6.11–13) para construir narrativa jurídica; hoje: campanhas de difamação em massa, fake news pagas.
- Descontextualização doutrinária (rotular como “deuses estranhos”) — rotular ideias para torná-las cognitivamente inacessíveis ao público (At 17.18). Hoje: rotular crenças como “seitas perigosas”, “retrocesso” etc.
4. O porquê das falsas narrativas (dimensões teológicas e sociais)
- Sociologia do poder: instituições religiosas e políticas reagem quando perdem controle social; narrativas falsas preservam lealdade e legitimidade. (Witherington, Keener, Frend explicam bem a dinâmica histórica).
- Medo do novo: mudança produz ansiedade; acusar de enganar ou corromper o povo é mecanismo de desaceleração da mudança.
- Imediatismo retórico: inventar uma explicação simples (roubo do corpo, engano do povo) é cognitivamente mais receptível que aceitar um evento sobrenatural ou realidade revolucionária.
Referências exegéticas e históricas: F. F. Bruce; Craig Keener; Ben Witherington; W. H. C. Frend — cada um ajuda a entender tanto o texto quanto o contexto social das narrativas acusatórias.
5. Respostas bíblico-teológicas e pastorais às falsas narrativas
- Verificação e transparência
- Expor fatos, documentar evidências, abrir procedimentos internos que previnam abuso e demonizem boatos (At 28:11–15 mostra tentativa contrária — os líderes pagam para criar “a versão oficial” — a igreja deve fazer o oposto: transparência).
- Apologética pública ancorada na humildade
- Responder com clareza teológica e evidencial (1Pe 3.15) sem replicar a retórica hostil; combinar razão, testemunho e oração. (Keener; Stott).
- Formação da comunidade
- Educar a base para reconhecer desinformação (alfabetização midiática), cultivar discernimento teológico e ethos ético que recusa a vindita.
- Prática do perdão e testemunho moral
- Como Estêvão: oração pelos acusadores e integridade ante a calúnia (At 7.60) — o perdão é resposta profética que corrói a eficácia da narrativa.
- Aproveitar a crise para missão
- Lucas nos mostra que a perseguição e as narrativas hostis muitas vezes impulsionaram a dispersão e o avanço missionário (At 8). Ver adversidade como ponto de partida para missão.
6. Aplicação pessoal e congregacional (prática imediata)
- Individuo: aprenda a verificar fontes; antes de compartilhar um boato, confirme. Aprenda a apresentar a fé com clareza e caridade.
- Igreja: crie um protocolo de comunicação (quem fala, como responde, onde publicar) e capacite a liderança em gestão de crise e mídia.
- Pastoral: quando falsas narrativas atingirem membros, ofereça suporte psicológico, aconselhamento, assistência jurídica se necessário, e sempre proclame a verdade com evidência e testemunho coerente.
- Missional: treine discipulado que não se rende ao sentimento de ameaça; use crises para formar discípulos resilientes.
7. Tabela expositiva — “Falsas narrativas: exemplos bíblicos → hoje” (pronta para slide / impressão)
Falsa narrativa (exemplo bíblico) | Fórmula / técnica usada | Motivações humanas | Equivalente contemporâneo | Resposta cristã |
“Ele engana o povo” (Jo 7.12) | Rotular como enganador; desacreditar moral/teologicamente | Medo do desafio teológico, perda de autoridade | Acusar líderes de manipulação emocional | Apologética honesta; abertura de diálogo; testemunho coerente. |
“Os discípulos roubaram o corpo” (Mt 28.13) | Inventar explicação alternativa; suborno de guardas | Preservar ordem religiosa; explicar o inexplicável | Conspirações: “fizeram vídeo falso”, “plantaram provas” | Transparência, documentação, testemunho ocular, confrontação pública de mentiras. |
“Ele apresenta deuses estranhos” (At 17.18) | Rotular como irrelevante/estrangeiro | Xenofobia religiosa; proteção cultural | Chamar crenças de “seitas extremistas” ou “ideologias perigosas” | Contextualização teológica, clareza doutrinária, diálogo público. |
Fake witnesses / suborno (At 6.11–13) | Falsas testemunhas; calúnia | Interesse em destruir reputação | Campanhas pagas de difamação, deepfakes | Ética processual, apoio legal, prática do perdão, exposição da verdade. |
Alegações políticas (At 17.7) | Acusar de subversão ao Estado | Criminalizar religião → controle | Acusar igrejas de crimes políticos/econômicos | Compliance, transparência financeira, diálogo com autoridades. |
8. Leituras recomendadas (acadêmicas e práticas)
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
9. Conclusão curta (para ler em sala)
A história bíblica demonstra que falsas narrativas são armas antigas — e eficazes — contra o Evangelho. Elas se originam em medos e interesses humanos, procuram explicar ou neutralizar o acontecimento transformador, e funcionam por meio de rotulagem, invenção de fatos ou suborno. A resposta cristã não é só refutar com argumentos, mas viver com transparência, oferecer perdão profético, formar discípulos articulados e usar as crises como oportunidade missionária — sempre ancorada na oração e na dependência do Espírito.
SINOPSE I
A fé de Estêvão foi desafiada por opositores, mas ele permaneceu firme na verdade.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
“ESTÊVÃO SE DEFENDE PERANTE O SINÉDRIO
Estêvão está onde seu Mestre estava quando Ele foi condenado à morte. O Sinédrio se reuniu para condená-lo sob a semelhante acusação de blasfêmia. O Estêvão cheio do Espírito deve ter sabido que ele sofreria o mesmo destino que seu Salvador. Com suas palavras diante do conselho, ele faz extraordinário discurso. Ele cita a história de Israel desde Abraão até Salomão, narrando os procedimentos de Deus para com seu povo. Ele escolhe do Antigo Testamento acontecimentos que confrontam seus ouvintes […].” Amplie mais o seu conhecimento, lendo o Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento — Volume 1, editado pela CPAD, p.660.
II- ESTÊVÃO E A IGREJA QUE DEFENDE SUA FÉ
1- Deus na história do seu povo. Estêvão é conhecido como o primeiro defensor da fé cristã e o primeiro mártir da Igreja. Ele faz uma defesa apaixonada da fé, usando a própria história do povo de Israel como base. No capítulo 7 do livro de Atos, encontramos seu discurso completo, no qual, guiado pelo Espírito Santo, ele não apenas mostra como Deus sempre agiu na história do seu povo, mas também revela o propósito principal dessa história: provar que Jesus é o Cristo. Durante sua fala, Estêvão menciona grandes nomes como Abraão, José e Moisés, destacando que todos eles viveram na esperança da vinda do Messias, que mesmo sendo tão esperado, acabou rejeitado. A defesa de Estêvão nos ensina que toda explicação e defesa da fé cristã — a chamada apologética — deve sempre ter um objetivo central: apontar para Jesus Cristo.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
A. Contexto e objetivo de Atos 7
O discurso de Estêvão (At 7) é uma apologia narrativa: ele responde às acusações (blasfêmia, ataque ao templo e à lei) não atacando ad hominem os acusadores, mas contando a grande história de Deus com Israel — da chamada de Abraão até a história da arca/tabernáculo e dos profetas — para mostrar o padrão: Deus escolhe, conduz, dá promessas que culminam em Cristo, mas o povo frequentemente rejeita seus mensageiros e, por fim, o próprio Messias. O objetivo apologético é claro: recontextualizar Jesus dentro da história sagrada, de modo que a rejeição a Jesus seja vista como continuidade da rejeição profética; e, portanto, a proclamação cristológica é a continuação legítima da história de Israel.
B. Método teológico de Estêvão — por que funciona como apologética?
- Salvacionismo narrativo
- Em vez de basear-se apenas em provas filosóficas ou demonstrações racionais, Estêvão usa a narrativa fundamental (historia salutis) — o fio vermelho das Escrituras — para mostrar que Jesus é o ponto culminante das promessas divinas. A narrativa tem maior poder persuasivo entre ouvintes que reverenciam a tradição bíblica.
- Reinterpretação intra-canônica
- Estêvão lê as Escrituras em seu próprio eixo (typology e cumprimento): os patriarcas, Josué/Moisés, o tabernáculo e os profetas apontam para uma culminação em Cristo. Ele move a comunidade a ver Jesus como cumprimento, não ruptura.
- Uso de autoridade comum
- Ele emprega nomes e textos que os ouvintes aceitam como autoritativos (Abraão, José, Moisés) — isso reduz resistências iniciais e ganha “direito de fala” sobre os mesmos meios de autoridade dos opositores.
- Acusação inversa
- Em vez de se defender individualmente, Estêvão desloca a acusação para a história: quem rejeita Jesus repete o pecado de rejeitar os servos de Deus. A acusação passa a ser contra o coletivo (a tradição e seus líderes), não contra ele como indivíduo.
- Pneumatologia e coragem profética
- O discurso é guiado pelo Espírito (At 6.10; 7.55) — a apologética não é apenas estratégica, é inspirada; isso dá ousadia e legitimação teológica ao argumento.
C. Análise lexical (grego e hebraico) — termos-chave e seu peso apologético
Observação: dou as formas gregas predominantemente usadas no texto de Atos (Lucas), e onde pertinente assinalo termos hebraicos/semíticos que sublinham conceitos do AT.
- Χριστός (Christos) — “Ungido / Messias”
- Palavra central: Estêvão quer mostrar que as promessas do mashiach (hebr. מָשִׁיחַ) encontram em Jesus sua realização. A apologética é cristocêntrica: todo argumento converge para Χριστός.
- ἐπαγγελία (epangelía) — “promessa”
- Termo que marca as promessas feitas a Abraão e à sua descendência (a “herança” e “terra” e a bênção para todas as nações). Estêvão mostra que o fio das ἐπαγγελίαι aponta para a culminação em Cristo.
- διαθήκη (diathḗkē) — “aliança / pacto” (hebr. בְּרִית – berît)
- A história da aliança revela a fidelidade de Deus mesmo diante da infidelidade humana; Jesus é apresentado como cumprimento do propósito da aliança.
- ὑπερήσπασθαι / ἀρνέομαι / ἀποδοκιμάζω — “rejeitar / recusar / desaprovar”
- Verbos que descrevem a reação humana contra os mensageiros divinos e, por fim, contra o Messias. Estêvão recapitula essa antropologia da infidelidade.
- πρόσωπον ὡς πρόσωπον ἀγγέλου / δόξα (prosōpon… angelou / dóxa) — “rostos/ glória”
- Descrição da aparência de Estêvão (At 6.15) e, posteriormente, sua visão da glória (7.55) funciona como confirmação teofânica: a história aponta para Deus e o fim confirma a verdade.
- υἱὸς τοῦ ἀνθρώπου (huios tou anthrōpou) — “Filho do Homem”
- Termo apocalíptico que Estêvão utiliza para rotular Jesus (7.56), enraizando a reivindicação messiânica em Daniel 7:13—14 (visão de autoridade universal) — potente movimento apologético para ouvintes judaicos letrados.
- σπέρμα / σπέρμα Αβραάμ (sperma / sperma Abraam) — “descendência / semente”
- Estêvão relembra a promessa à “semente” de Abraão, e mostra que a verdadeira semente é o Cristo e o povo messiânico.
- νόμος (nomos) e ναός (naos) — “Lei” e “Templo”
- Estêvão não nega a importância da Lei e do Templo, mas relativiza a confiança absoluta neles quando são usados para rejeitar o cumprimento messiânico. Sua hermenêutica reorienta a função das instituições para apontarem ao Filho.
D. Referências acadêmicas (seleção útil para preparo de aula e aprofundamento)
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
E. Aplicações práticas — como ensinar/aplicar essa apologética hoje
- Apologética narrativa
- Em vez de somente debater argumentos filosóficos, ensine a leitura canônica: mostre como as Escrituras formam uma história cujo clímax é Cristo. Use genealogias, promessas e profecias como pistas na narrativa que apontam para Jesus.
- Contextualizar para o interlocutor
- Estêvão usou elementos que seus ouvintes valorizavam (patriarcas, Moisés). Hoje: conheça os pressupostos de quem ouve (cultural, filosófico, religioso) e comece nos pontos de contato.
- Apologética cristocêntrica
- Faça da cristologia o ponto central: todo argumento deve convergir para “por que Jesus?” — significado, vida, morte e ressurreição como resposta final às necessidades humanas e às promessas de Deus.
- Combinação cabeça + coração + Espírito
- Estëvão não era só erudito; foi cheio do Espírito e falou com ousadia e compaixão. Forme discípulos que estudem (cabeça), se apaixonem (coração) e dependam do Espírito (oração).
- Descrições corretas do templo/lei
- Ao tratar instituições religiosas ou elementos culturais, reoriente-os para o propósito teocêntrico: ferramentas que apontam para Cristo, não fins em si mesmas.
- Apologética pastoral
- Prepare líderes para usar a história redentiva em contextos de dúvida e crise (pastoral care): consolo, esperança e confiança no plano contínuo de Deus.
- Evitar triunfalismo
- Estêvão aponta para Cristo e termina sendo rejeitado; a apologética que aponta para Jesus não garante sucesso humano imediato — é fidelidade ao mistério revelado, não tática de vitória social.
F. Tabela expositiva — “Estêvão: Apologética pela História de Israel” (para slide / folha)
Seção do Discurso (Atos 7)
Elemento narrativo usado
Termo chave (gr. / heb.)
Propósito teológico
Aplicação prática
Introdução (Abrangência histórica)
Chamado de Abraão
ἐπαγγελία (epangelía) / בְּרִית (berît)
Deus promete e conduz uma promessa universal
Ensinar a promessa abraâmica como fio condutor da Bíblia
Abraão e a Promessa
Semente / descendência
σπέρμα (sperma) / מָשִׁיחַ (māšîaḫ)
A “semente” aponta para o Messias
Mostrar continuidade entre promessas patriarcais e Cristo
José
Providência nas adversidades
σχέσις τῆς σωτηρίας (providence)
Deus usa sofrimento para cumprir propósito
Consolar em sofrimento: Deus não perde o controle
Moisés e Êxodo
Lei e libertação
νόμος (nomos); λυτρωτής (lytrōtḗs)
A Lei prepara; Cristo cumpre a libertação plena
Explicar relação Lei-Graça-Cristo com clareza
Tabernáculo / Templo
Lugar-síntese da presença
ναός (naos) / δόξα (dóxa)
O templo apontava à presença; Cristo o personifica
Reorientar fé institucional para Cristo, não para edifício
Profetas
Chamado e rejeição dos mensageiros
προφήτης (prophétés)
Padrão de rejeição contra os enviados de Deus
Revelar o padrão: rejeitar mensageiros = rejeitar Deus
Clímax: Jesus
Filho do Homem em pé / Χριστός
υἱὸς τοῦ ἀνθρώπου / Χριστός
Jesus é o cumprimento apocalíptico; a rejeição atual é padrão histórico
Pôr Jesus no centro de toda argumentação e pregação
Conclusão retórica
Reversão das acusações
ἀπώθησις / ἀποδοκιμασία (rejeição)
Mostra que a rejeição de Jesus é continuidade histórica do pecado
Convocar a comunidade ao arrependimento e conversão
Conclusão (para apresentar em sala)
A defesa de Estêvão nos ensina a forma mais poderosa e bíblica de apologética: a de recolocar os interlocutores na própria história sagrada e mostrar que Jesus é o clímax desse enredo. Isso exige erudição bíblica, sensibilidade pastoral, coragem profética e dependência do Espírito. Para a igreja hoje, a lição é clara: aprenda a contar a história das promessas de Deus de modo que todos — crentes e buscadores — vejam que a trave mestra da Escritura é Cristo.
A. Contexto e objetivo de Atos 7
O discurso de Estêvão (At 7) é uma apologia narrativa: ele responde às acusações (blasfêmia, ataque ao templo e à lei) não atacando ad hominem os acusadores, mas contando a grande história de Deus com Israel — da chamada de Abraão até a história da arca/tabernáculo e dos profetas — para mostrar o padrão: Deus escolhe, conduz, dá promessas que culminam em Cristo, mas o povo frequentemente rejeita seus mensageiros e, por fim, o próprio Messias. O objetivo apologético é claro: recontextualizar Jesus dentro da história sagrada, de modo que a rejeição a Jesus seja vista como continuidade da rejeição profética; e, portanto, a proclamação cristológica é a continuação legítima da história de Israel.
B. Método teológico de Estêvão — por que funciona como apologética?
- Salvacionismo narrativo
- Em vez de basear-se apenas em provas filosóficas ou demonstrações racionais, Estêvão usa a narrativa fundamental (historia salutis) — o fio vermelho das Escrituras — para mostrar que Jesus é o ponto culminante das promessas divinas. A narrativa tem maior poder persuasivo entre ouvintes que reverenciam a tradição bíblica.
- Reinterpretação intra-canônica
- Estêvão lê as Escrituras em seu próprio eixo (typology e cumprimento): os patriarcas, Josué/Moisés, o tabernáculo e os profetas apontam para uma culminação em Cristo. Ele move a comunidade a ver Jesus como cumprimento, não ruptura.
- Uso de autoridade comum
- Ele emprega nomes e textos que os ouvintes aceitam como autoritativos (Abraão, José, Moisés) — isso reduz resistências iniciais e ganha “direito de fala” sobre os mesmos meios de autoridade dos opositores.
- Acusação inversa
- Em vez de se defender individualmente, Estêvão desloca a acusação para a história: quem rejeita Jesus repete o pecado de rejeitar os servos de Deus. A acusação passa a ser contra o coletivo (a tradição e seus líderes), não contra ele como indivíduo.
- Pneumatologia e coragem profética
- O discurso é guiado pelo Espírito (At 6.10; 7.55) — a apologética não é apenas estratégica, é inspirada; isso dá ousadia e legitimação teológica ao argumento.
C. Análise lexical (grego e hebraico) — termos-chave e seu peso apologético
Observação: dou as formas gregas predominantemente usadas no texto de Atos (Lucas), e onde pertinente assinalo termos hebraicos/semíticos que sublinham conceitos do AT.
- Χριστός (Christos) — “Ungido / Messias”
- Palavra central: Estêvão quer mostrar que as promessas do mashiach (hebr. מָשִׁיחַ) encontram em Jesus sua realização. A apologética é cristocêntrica: todo argumento converge para Χριστός.
- ἐπαγγελία (epangelía) — “promessa”
- Termo que marca as promessas feitas a Abraão e à sua descendência (a “herança” e “terra” e a bênção para todas as nações). Estêvão mostra que o fio das ἐπαγγελίαι aponta para a culminação em Cristo.
- διαθήκη (diathḗkē) — “aliança / pacto” (hebr. בְּרִית – berît)
- A história da aliança revela a fidelidade de Deus mesmo diante da infidelidade humana; Jesus é apresentado como cumprimento do propósito da aliança.
- ὑπερήσπασθαι / ἀρνέομαι / ἀποδοκιμάζω — “rejeitar / recusar / desaprovar”
- Verbos que descrevem a reação humana contra os mensageiros divinos e, por fim, contra o Messias. Estêvão recapitula essa antropologia da infidelidade.
- πρόσωπον ὡς πρόσωπον ἀγγέλου / δόξα (prosōpon… angelou / dóxa) — “rostos/ glória”
- Descrição da aparência de Estêvão (At 6.15) e, posteriormente, sua visão da glória (7.55) funciona como confirmação teofânica: a história aponta para Deus e o fim confirma a verdade.
- υἱὸς τοῦ ἀνθρώπου (huios tou anthrōpou) — “Filho do Homem”
- Termo apocalíptico que Estêvão utiliza para rotular Jesus (7.56), enraizando a reivindicação messiânica em Daniel 7:13—14 (visão de autoridade universal) — potente movimento apologético para ouvintes judaicos letrados.
- σπέρμα / σπέρμα Αβραάμ (sperma / sperma Abraam) — “descendência / semente”
- Estêvão relembra a promessa à “semente” de Abraão, e mostra que a verdadeira semente é o Cristo e o povo messiânico.
- νόμος (nomos) e ναός (naos) — “Lei” e “Templo”
- Estêvão não nega a importância da Lei e do Templo, mas relativiza a confiança absoluta neles quando são usados para rejeitar o cumprimento messiânico. Sua hermenêutica reorienta a função das instituições para apontarem ao Filho.
D. Referências acadêmicas (seleção útil para preparo de aula e aprofundamento)
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
E. Aplicações práticas — como ensinar/aplicar essa apologética hoje
- Apologética narrativa
- Em vez de somente debater argumentos filosóficos, ensine a leitura canônica: mostre como as Escrituras formam uma história cujo clímax é Cristo. Use genealogias, promessas e profecias como pistas na narrativa que apontam para Jesus.
- Contextualizar para o interlocutor
- Estêvão usou elementos que seus ouvintes valorizavam (patriarcas, Moisés). Hoje: conheça os pressupostos de quem ouve (cultural, filosófico, religioso) e comece nos pontos de contato.
- Apologética cristocêntrica
- Faça da cristologia o ponto central: todo argumento deve convergir para “por que Jesus?” — significado, vida, morte e ressurreição como resposta final às necessidades humanas e às promessas de Deus.
- Combinação cabeça + coração + Espírito
- Estëvão não era só erudito; foi cheio do Espírito e falou com ousadia e compaixão. Forme discípulos que estudem (cabeça), se apaixonem (coração) e dependam do Espírito (oração).
- Descrições corretas do templo/lei
- Ao tratar instituições religiosas ou elementos culturais, reoriente-os para o propósito teocêntrico: ferramentas que apontam para Cristo, não fins em si mesmas.
- Apologética pastoral
- Prepare líderes para usar a história redentiva em contextos de dúvida e crise (pastoral care): consolo, esperança e confiança no plano contínuo de Deus.
- Evitar triunfalismo
- Estêvão aponta para Cristo e termina sendo rejeitado; a apologética que aponta para Jesus não garante sucesso humano imediato — é fidelidade ao mistério revelado, não tática de vitória social.
F. Tabela expositiva — “Estêvão: Apologética pela História de Israel” (para slide / folha)
Seção do Discurso (Atos 7) | Elemento narrativo usado | Termo chave (gr. / heb.) | Propósito teológico | Aplicação prática |
Introdução (Abrangência histórica) | Chamado de Abraão | ἐπαγγελία (epangelía) / בְּרִית (berît) | Deus promete e conduz uma promessa universal | Ensinar a promessa abraâmica como fio condutor da Bíblia |
Abraão e a Promessa | Semente / descendência | σπέρμα (sperma) / מָשִׁיחַ (māšîaḫ) | A “semente” aponta para o Messias | Mostrar continuidade entre promessas patriarcais e Cristo |
José | Providência nas adversidades | σχέσις τῆς σωτηρίας (providence) | Deus usa sofrimento para cumprir propósito | Consolar em sofrimento: Deus não perde o controle |
Moisés e Êxodo | Lei e libertação | νόμος (nomos); λυτρωτής (lytrōtḗs) | A Lei prepara; Cristo cumpre a libertação plena | Explicar relação Lei-Graça-Cristo com clareza |
Tabernáculo / Templo | Lugar-síntese da presença | ναός (naos) / δόξα (dóxa) | O templo apontava à presença; Cristo o personifica | Reorientar fé institucional para Cristo, não para edifício |
Profetas | Chamado e rejeição dos mensageiros | προφήτης (prophétés) | Padrão de rejeição contra os enviados de Deus | Revelar o padrão: rejeitar mensageiros = rejeitar Deus |
Clímax: Jesus | Filho do Homem em pé / Χριστός | υἱὸς τοῦ ἀνθρώπου / Χριστός | Jesus é o cumprimento apocalíptico; a rejeição atual é padrão histórico | Pôr Jesus no centro de toda argumentação e pregação |
Conclusão retórica | Reversão das acusações | ἀπώθησις / ἀποδοκιμασία (rejeição) | Mostra que a rejeição de Jesus é continuidade histórica do pecado | Convocar a comunidade ao arrependimento e conversão |
Conclusão (para apresentar em sala)
A defesa de Estêvão nos ensina a forma mais poderosa e bíblica de apologética: a de recolocar os interlocutores na própria história sagrada e mostrar que Jesus é o clímax desse enredo. Isso exige erudição bíblica, sensibilidade pastoral, coragem profética e dependência do Espírito. Para a igreja hoje, a lição é clara: aprenda a contar a história das promessas de Deus de modo que todos — crentes e buscadores — vejam que a trave mestra da Escritura é Cristo.
2- Corações endurecidos. Concluindo sua defesa da fé, Estêvão disse: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim, vós sois como vossos pais” (At 7.51). Mesmo diante dos fatos apresentados por Estêvão em uma defesa suficientemente convincente, seus adversários preferiram ignorar. Na verdade, ninguém convence quem não quer ser convencido. Deus não força ninguém a crer, nem tampouco o condena sem lhe dar, antes, oportunidade. O texto mostra que o Espírito Santo não tem espaço em corações endurecidos.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Atos 7:51
Texto:
“Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais.”
1. Análise das Palavras-Chave no Grego
- “Dura cerviz” (σκληροτράχηλοι – sklērotrácheloi)
- De sklērós = duro, inflexível, e tráchēlos = pescoço.
- Expressão idiomática para rebeldia obstinada, usada também no AT (Êx 32:9; Dt 9:6).
- Indica resistência ativa à submissão, como um boi que não aceita o jugo.
- “Incircuncisos de coração e ouvidos” (ἀπερίτμητοι τῇ καρδίᾳ καὶ τοῖς ὠσίν – aperitmētoi tē kardia kai tois ōsin)
- Aperitmētos = sem circuncisão, usado figurativamente para impureza e rebeldia.
- “Coração” (kardia) = centro da vida interior (pensamentos, vontade, afetos).
- “Ouvidos” (ōta) = capacidade espiritual de ouvir e obedecer a Deus.
- Aqui, Estêvão denuncia uma religião apenas externa, sem transformação interior (cf. Jr 6:10; Rm 2:28-29).
- “Resistis” (ἀντιπίπτετε – antipiptete)
- Literalmente: “cair contra, opor-se, resistir”.
- Indica hostilidade ativa contra o Espírito Santo, não mera indiferença.
- No AT, Israel frequentemente “entristeceu” ou “resistiu” ao Espírito (Is 63:10).
2. Contexto Teológico
Estêvão, ao final de sua defesa, denuncia que os líderes judaicos repetiam a história de seus antepassados: rejeitavam os profetas e agora rejeitavam o Messias. A circuncisão, sinal da aliança, era apenas ritualística, não acompanhada de obediência do coração. Isso ecoa as palavras de Moisés: “Circuncidai, pois, o vosso coração” (Dt 10:16).
Conforme F. F. Bruce (em The Book of Acts), Estêvão estava mostrando que a verdadeira questão não era o Templo ou a Lei, mas a rebeldia persistente de Israel contra Deus.
3. Aplicação Pessoal
- O perigo do ritual sem coração: é possível ser “religioso” e, ao mesmo tempo, endurecido contra Deus.
- Resistir ao Espírito Santo não é apenas rejeitar o Evangelho abertamente, mas também sufocar a voz de Deus em pequenas desobediências.
- O discípulo de Cristo deve examinar se sua fé está apenas em práticas externas ou se flui de um coração transformado.
4. Referências de Livros Acadêmicos Cristãos
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento: destaca a denúncia profética de Estêvão como continuidade da crítica profética do AT.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento: observa que Estêvão usa linguagem profética dura para mostrar que a rejeição a Cristo é a rejeição ao Espírito.
- John Stott — A Mensagem de Atos: lembra que a resistência ao Espírito não é um acidente, mas um padrão repetido ao longo da história de Israel.
Tabela Expositiva de Atos 7:51
Expressão Bíblica
Termo Grego/Hebraico
Sentido Teológico
Aplicação Pessoal
Dura cerviz
sklērotráchelos (σκληροτράχηλος)
Rebeldia obstinada contra Deus, como animal que não aceita o jugo
Examinar se temos áreas em que resistimos à vontade de Deus
Incircuncisos de coração
aperitmētos kardia (ἀπερίτμητος καρδία)
Religião apenas externa, sem transformação interior
Buscar uma fé autêntica, que muda sentimentos e decisões
Incircuncisos de ouvidos
aperitmētos ōsin (ἀπερίτμητος ὠσίν)
Falta de sensibilidade espiritual para ouvir a voz de Deus
Cultivar atenção à Palavra e à voz do Espírito Santo
Resistir ao Espírito
antipiptete tō Pneumati (ἀντιπίπτετε τῷ Πνεύματι)
Hostilidade ativa contra a obra do Espírito
Submeter-se ao Espírito, sem sufocar sua direção na vida
Assim como vossos pais
ὡς οἱ πατέρες ὑμῶν
Continuidade da incredulidade histórica de Israel
Evitar repetir padrões de dureza espiritual da tradição sem vida
📌 Síntese:
Estêvão mostra que o maior inimigo da fé não é a perseguição externa, mas o coração endurecido que resiste à obra do Espírito. A verdadeira defesa da fé não é apenas intelectual, mas espiritual, exigindo submissão à voz de Deus.
Atos 7:51
Texto:
“Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais.”
1. Análise das Palavras-Chave no Grego
- “Dura cerviz” (σκληροτράχηλοι – sklērotrácheloi)
- De sklērós = duro, inflexível, e tráchēlos = pescoço.
- Expressão idiomática para rebeldia obstinada, usada também no AT (Êx 32:9; Dt 9:6).
- Indica resistência ativa à submissão, como um boi que não aceita o jugo.
- “Incircuncisos de coração e ouvidos” (ἀπερίτμητοι τῇ καρδίᾳ καὶ τοῖς ὠσίν – aperitmētoi tē kardia kai tois ōsin)
- Aperitmētos = sem circuncisão, usado figurativamente para impureza e rebeldia.
- “Coração” (kardia) = centro da vida interior (pensamentos, vontade, afetos).
- “Ouvidos” (ōta) = capacidade espiritual de ouvir e obedecer a Deus.
- Aqui, Estêvão denuncia uma religião apenas externa, sem transformação interior (cf. Jr 6:10; Rm 2:28-29).
- “Resistis” (ἀντιπίπτετε – antipiptete)
- Literalmente: “cair contra, opor-se, resistir”.
- Indica hostilidade ativa contra o Espírito Santo, não mera indiferença.
- No AT, Israel frequentemente “entristeceu” ou “resistiu” ao Espírito (Is 63:10).
2. Contexto Teológico
Estêvão, ao final de sua defesa, denuncia que os líderes judaicos repetiam a história de seus antepassados: rejeitavam os profetas e agora rejeitavam o Messias. A circuncisão, sinal da aliança, era apenas ritualística, não acompanhada de obediência do coração. Isso ecoa as palavras de Moisés: “Circuncidai, pois, o vosso coração” (Dt 10:16).
Conforme F. F. Bruce (em The Book of Acts), Estêvão estava mostrando que a verdadeira questão não era o Templo ou a Lei, mas a rebeldia persistente de Israel contra Deus.
3. Aplicação Pessoal
- O perigo do ritual sem coração: é possível ser “religioso” e, ao mesmo tempo, endurecido contra Deus.
- Resistir ao Espírito Santo não é apenas rejeitar o Evangelho abertamente, mas também sufocar a voz de Deus em pequenas desobediências.
- O discípulo de Cristo deve examinar se sua fé está apenas em práticas externas ou se flui de um coração transformado.
4. Referências de Livros Acadêmicos Cristãos
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento: destaca a denúncia profética de Estêvão como continuidade da crítica profética do AT.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento: observa que Estêvão usa linguagem profética dura para mostrar que a rejeição a Cristo é a rejeição ao Espírito.
- John Stott — A Mensagem de Atos: lembra que a resistência ao Espírito não é um acidente, mas um padrão repetido ao longo da história de Israel.
Tabela Expositiva de Atos 7:51
Expressão Bíblica | Termo Grego/Hebraico | Sentido Teológico | Aplicação Pessoal |
Dura cerviz | sklērotráchelos (σκληροτράχηλος) | Rebeldia obstinada contra Deus, como animal que não aceita o jugo | Examinar se temos áreas em que resistimos à vontade de Deus |
Incircuncisos de coração | aperitmētos kardia (ἀπερίτμητος καρδία) | Religião apenas externa, sem transformação interior | Buscar uma fé autêntica, que muda sentimentos e decisões |
Incircuncisos de ouvidos | aperitmētos ōsin (ἀπερίτμητος ὠσίν) | Falta de sensibilidade espiritual para ouvir a voz de Deus | Cultivar atenção à Palavra e à voz do Espírito Santo |
Resistir ao Espírito | antipiptete tō Pneumati (ἀντιπίπτετε τῷ Πνεύματι) | Hostilidade ativa contra a obra do Espírito | Submeter-se ao Espírito, sem sufocar sua direção na vida |
Assim como vossos pais | ὡς οἱ πατέρες ὑμῶν | Continuidade da incredulidade histórica de Israel | Evitar repetir padrões de dureza espiritual da tradição sem vida |
📌 Síntese:
Estêvão mostra que o maior inimigo da fé não é a perseguição externa, mas o coração endurecido que resiste à obra do Espírito. A verdadeira defesa da fé não é apenas intelectual, mas espiritual, exigindo submissão à voz de Deus.
SINOPSE II
Estêvão defendeu o Evangelho com sabedoria e coragem, mesmo diante da perseguição.
AUXÍLIO VIDA CRISTÃ
“ESTÊVÃO, além de ser um bom administrador, foi também um poderoso orador. Quando confrontado no Templo por vários grupos antagônicos ao Cristianismo, usou uma lógica convincente para refutá-los. Isto está claro na defesa da fé que ele fez diante do Sinédrio. Estêvão apresentou um resumo da história dos judeus e fez poderosas aplicações das Escrituras, o que atormentou seus ouvintes. Durante seu discurso, ele provavelmente percebeu que estava redigindo sua sentença de morte. Os membros do Sinédrio não podiam suportar que suas motivações ‘malignas’ fossem expostas. Apedrejaram Estêvão até à morte enquanto ele orava pedindo que o Senhor os perdoasse. As palavras finais do discípulo demonstram o quanto se tornou parecido com Jesus em pouco tempo. A morte de Estêvão causou um duradouro impacto sobre o jovem Saulo de Tarso, que deixou de ser um violento perseguidor dos cristãos para tornar-se um dos maiores defensores e pregadores do evangelho que a Igreja já conheceu.” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.1490).
III- ESTÊVÃO E O MARTÍRIO DA IGREJA
1- Contemplando a vitória da cruz. Diante de um grupo enfurecido (At 7.54), Estêvão contemplou a glória de Deus: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus” (At 7.56). Uma igreja que contempla o Cristo glorificado não nega a sua fé, pois ela contempla a vitória da cruz. Assim como Estêvão, o apóstolo Paulo demonstrou estar pronto, não somente para sofrer pelo nome de Jesus, mas morrer por Ele (At 21.13). Uma igreja que mantém seus olhos no Cristo glorificado não tem nada a temer.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Atos 7:56
Texto:
“Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus.”
1. Contexto Histórico e Teológico
- Estêvão está diante do Sinédrio, acusadores irados (At 7.54-57). Sua morte parece iminente, mas ele não teme.
- A visão é teofânica e cristológica: ele vê a glória de Deus e o Filho do Homem em posição de autoridade (à mão direita de Deus).
- Lucas apresenta a visão como uma confirmação celestial da fidelidade de Estêvão: assim como Cristo foi exaltado após a crucificação (At 2.32-36; Ef 1.20-21), o mártir experimenta antecipadamente a glória.
2. Análise das Palavras-Chave no Grego
- “Vejo” (ὁρῶ – horō)
- Verbo que indica percepção clara e objetiva, não mera imaginação.
- Lucas reforça que Estêvão foi capacitado pelo Espírito (At 6.10, 7.55) para ver realidades espirituais invisíveis aos demais.
- “Céus abertos” (οὐρανοὶ ἀνεῳγμένοι – ouranoi aneōgmenoi)
- Simboliza intercessão, acesso à presença de Deus e fim da separação entre céu e terra.
- Remete a Is 6:1 (Isaías vê o Senhor nos céus) e a visão de Ezequiel 1:1; é sinal de revelação divina e confirmação profética.
- “Filho do Homem” (υἱὸς τοῦ ἀνθρώπου – huios tou anthrōpou)
- Título messiânico derivado de Daniel 7:13-14.
- Indica autoridade universal, posição exaltada, e ligação direta com a obra redentora de Cristo.
- “À mão direita de Deus” (ἐν δεξιᾷ τοῦ θεοῦ – en dexia tou Theou)
- Expressão de honra, poder e autoridade plena.
- Ligação com textos como Salmo 110:1 e At 2:33-36; mostra que Estêvão contempla Cristo exaltado, mesmo antes de sua própria morte.
3. Perspectiva Teológica
- Martírio e contemplação:
- O martírio não é apenas sofrimento, mas participação na glória de Cristo.
- Estêvão vê a realidade espiritual eterna e se firma na confiança de que a morte física não é derrota.
- Cristo glorificado como modelo e âncora:
- Uma igreja que mantém os olhos em Cristo não teme perseguição, pois entende que o poder e a vitória finais pertencem ao Senhor.
- A visão reflete a esperança escatológica: a exaltação do justo e a vindicação divina frente à injustiça humana.
- Continuidade com a experiência de Paulo:
- At 21.13 mostra que Paulo também se prepara para sofrer e morrer pelo Evangelho, olhando para o mesmo Cristo glorificado.
4. Aplicação Pessoal
- Fé firme sob perseguição: manter os olhos na glória de Cristo ajuda o cristão a resistir às pressões externas e internas.
- Visão espiritual: cultive discernimento para ver além do presente, reconhecendo a soberania de Deus sobre as circunstâncias.
- Coragem para o testemunho: assim como Estêvão, a coragem do cristão nasce da certeza da presença de Cristo exaltado.
- Esperança escatológica: a morte não é fim; o fiel participa da vitória de Cristo.
5. Referências Acadêmicas
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento – visão teológica do martírio de Estêvão e sua importância na expansão da igreja.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento – análise detalhada do contexto histórico-cultural da visão e sua ligação com Daniel 7.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração – enfatiza a dimensão cristológica da visão e o papel do Espírito Santo.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva , The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary – destaca a função da visão como fortalecimento espiritual diante da hostilidade.
6. Tabela Expositiva: Atos 7:56
Elemento do Versículo
Termo Grego/Hebraico
Significado Teológico
Aplicação Prática
Vejo
ὁρῶ (horō)
Percepção espiritual clara, não imaginação
Buscar visão espiritual guiada pelo Espírito Santo
Céus abertos
οὐρανοὶ ἀνεῳγμένοι
Acesso à presença de Deus; revelação divina
Confiar que Deus está presente e ativo mesmo em crises
Filho do Homem
υἱὸς τοῦ ἀνθρώπου
Título messiânico; autoridade universal
Reconhecer Cristo como Senhor soberano e juiz
À mão direita de Deus
ἐν δεξιᾷ τοῦ Θεοῦ
Honra, poder, vitória final
Fixar os olhos em Cristo exaltado para coragem e esperança
Contexto de perseguição
At 7.54-57
Martírio é participação na glória de Cristo
Enfrentar oposição com firmeza e fé inabalável
Síntese:
A visão de Estêvão demonstra que a força do cristão está na contemplação de Cristo glorificado, e não na ausência de perigo. O martírio é a expressão máxima da fé que não teme o mundo, pois o crente está seguro na presença e vitória de Cristo.
Atos 7:56
Texto:
“Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus.”
1. Contexto Histórico e Teológico
- Estêvão está diante do Sinédrio, acusadores irados (At 7.54-57). Sua morte parece iminente, mas ele não teme.
- A visão é teofânica e cristológica: ele vê a glória de Deus e o Filho do Homem em posição de autoridade (à mão direita de Deus).
- Lucas apresenta a visão como uma confirmação celestial da fidelidade de Estêvão: assim como Cristo foi exaltado após a crucificação (At 2.32-36; Ef 1.20-21), o mártir experimenta antecipadamente a glória.
2. Análise das Palavras-Chave no Grego
- “Vejo” (ὁρῶ – horō)
- Verbo que indica percepção clara e objetiva, não mera imaginação.
- Lucas reforça que Estêvão foi capacitado pelo Espírito (At 6.10, 7.55) para ver realidades espirituais invisíveis aos demais.
- “Céus abertos” (οὐρανοὶ ἀνεῳγμένοι – ouranoi aneōgmenoi)
- Simboliza intercessão, acesso à presença de Deus e fim da separação entre céu e terra.
- Remete a Is 6:1 (Isaías vê o Senhor nos céus) e a visão de Ezequiel 1:1; é sinal de revelação divina e confirmação profética.
- “Filho do Homem” (υἱὸς τοῦ ἀνθρώπου – huios tou anthrōpou)
- Título messiânico derivado de Daniel 7:13-14.
- Indica autoridade universal, posição exaltada, e ligação direta com a obra redentora de Cristo.
- “À mão direita de Deus” (ἐν δεξιᾷ τοῦ θεοῦ – en dexia tou Theou)
- Expressão de honra, poder e autoridade plena.
- Ligação com textos como Salmo 110:1 e At 2:33-36; mostra que Estêvão contempla Cristo exaltado, mesmo antes de sua própria morte.
3. Perspectiva Teológica
- Martírio e contemplação:
- O martírio não é apenas sofrimento, mas participação na glória de Cristo.
- Estêvão vê a realidade espiritual eterna e se firma na confiança de que a morte física não é derrota.
- Cristo glorificado como modelo e âncora:
- Uma igreja que mantém os olhos em Cristo não teme perseguição, pois entende que o poder e a vitória finais pertencem ao Senhor.
- A visão reflete a esperança escatológica: a exaltação do justo e a vindicação divina frente à injustiça humana.
- Continuidade com a experiência de Paulo:
- At 21.13 mostra que Paulo também se prepara para sofrer e morrer pelo Evangelho, olhando para o mesmo Cristo glorificado.
4. Aplicação Pessoal
- Fé firme sob perseguição: manter os olhos na glória de Cristo ajuda o cristão a resistir às pressões externas e internas.
- Visão espiritual: cultive discernimento para ver além do presente, reconhecendo a soberania de Deus sobre as circunstâncias.
- Coragem para o testemunho: assim como Estêvão, a coragem do cristão nasce da certeza da presença de Cristo exaltado.
- Esperança escatológica: a morte não é fim; o fiel participa da vitória de Cristo.
5. Referências Acadêmicas
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento – visão teológica do martírio de Estêvão e sua importância na expansão da igreja.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento – análise detalhada do contexto histórico-cultural da visão e sua ligação com Daniel 7.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração – enfatiza a dimensão cristológica da visão e o papel do Espírito Santo.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva , The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary – destaca a função da visão como fortalecimento espiritual diante da hostilidade.
6. Tabela Expositiva: Atos 7:56
Elemento do Versículo | Termo Grego/Hebraico | Significado Teológico | Aplicação Prática |
Vejo | ὁρῶ (horō) | Percepção espiritual clara, não imaginação | Buscar visão espiritual guiada pelo Espírito Santo |
Céus abertos | οὐρανοὶ ἀνεῳγμένοι | Acesso à presença de Deus; revelação divina | Confiar que Deus está presente e ativo mesmo em crises |
Filho do Homem | υἱὸς τοῦ ἀνθρώπου | Título messiânico; autoridade universal | Reconhecer Cristo como Senhor soberano e juiz |
À mão direita de Deus | ἐν δεξιᾷ τοῦ Θεοῦ | Honra, poder, vitória final | Fixar os olhos em Cristo exaltado para coragem e esperança |
Contexto de perseguição | At 7.54-57 | Martírio é participação na glória de Cristo | Enfrentar oposição com firmeza e fé inabalável |
Síntese:
A visão de Estêvão demonstra que a força do cristão está na contemplação de Cristo glorificado, e não na ausência de perigo. O martírio é a expressão máxima da fé que não teme o mundo, pois o crente está seguro na presença e vitória de Cristo.
2- Perdoando o agressor. A última declaração de Estêvão antes de sua morte é marcante e cheia de significado: “E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu” (At 7.60). Aqui vemos um cristão que não teme a morte porque contempla a coroa da vida (Ap 2.10). Temos aqui a figura de uma igreja que, literalmente, se dá pelo perdido, que se sacrifica por ele. Esse deve ser o modelo a seguir.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Atos 7:60
Texto:
“E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu.”
1. Análise das Palavras-Chave no Grego
- “Pondo-se de joelhos” (ἐγκαθίσας τὰ γόνατα – egkathisas ta gona)
- Expressão de humildade e oração intensa.
- Mostra submissão total a Deus e reverência diante da autoridade divina.
- “Clamou com grande voz” (κραυγάζων μεγάλῃ φωνῇ – kraugazōn megalē phōnē)
- Indica oração fervorosa, que combina coragem e devoção.
- Não é murmúrio passivo; é expressão de confiança absoluta no poder de Deus para perdoar e julgar.
- “Não lhes imputes este pecado” (μὴ λογίσῃ τὸ ἁμάρτημα τοῦτο – mē logisēi to hamartēma touto)
- Logizomai = considerar, imputar, colocar no débito moral.
- Estêvão intercede pelo perdão daqueles que o matam, seguindo o exemplo de Cristo (Lc 23:34).
- Mostra uma grandeza espiritual, que não busca justiça própria, mas entrega o julgamento a Deus.
- “Adormeceu” (ἐκοιμήθη – ekoimēthē)
- Eufemismo bíblico para a morte, com ênfase na tranquilidade e esperança escatológica.
- Contrasta o fim violento com a paz em Cristo; lembra João 11:11-14 (“Lázaro dormia…”) e Ap 14:13.
2. Perspectiva Teológica
- Cristologia e imitação de Cristo
- Estêvão reproduz o perdão de Cristo na cruz (Lc 23:34).
- O mártir mostra que a vitória sobre o pecado e a morte é espiritual e não apenas física.
- Martírio como testemunho vivo
- O perdão do agressor demonstra que o martírio não é vingança, mas missão de amor e intercessão, refletindo o caráter do Reino de Deus.
- O ato serve como prova da autenticidade da fé cristã: mesmo na morte, o crente é instrumento de graça.
- A esperança escatológica
- “Adormeceu” sublinha que a morte não é fim; há uma expectativa de recompensa celestial (cf. Ap 2:10).
- O martírio não destrói o corpo de Cristo, mas o testemunho se perpetua na igreja e no plano divino.
3. Aplicação Pessoal
- Perdão radical: cultivar perdão até mesmo diante de injustiças extremas; confiar que Deus é justo.
- Oração intercessória: aprender a clamar pelo bem de outros, inclusive de inimigos, seguindo o exemplo de Estêvão.
- Coragem no testemunho: viver de forma que o Evangelho seja visível, mesmo que custe sacrifício pessoal.
- Esperança escatológica: encarar a morte e adversidades com confiança na coroa da vida prometida (Ap 2:10).
4. Referências Acadêmicas Cristãs
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento – enfatiza o paralelismo entre Estêvão e Cristo na cruz, e a força espiritual do perdão.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento – detalha o contexto histórico e a dimensão intercessória do martírio de Estêvão.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva – analisa o martírio como testemunho apologético.
- John Stott — A Mensagem de Atos – destaca o papel do Espírito e da oração em meio à perseguição.
5. Tabela Expositiva: Atos 7:60
Elemento do Versículo
Termo Grego
Significado Teológico
Aplicação Prática
Pondo-se de joelhos
ἐγκαθίσας τὰ γόνατα
Humildade, submissão e oração intensa
Cultivar oração profunda em momentos de crise
Clamou com grande voz
κραυγάζων μεγάλῃ φωνῇ
Oração fervorosa, confiança em Deus
Não temer a expressão pública da fé e intercessão
Não lhes imputes este pecado
μὴ λογίσῃ τὸ ἁμάρτημα τοῦτο
Perdão ao agressor; entrega do julgamento a Deus
Praticar perdão radical e intercessão por inimigos
Adormeceu
ἐκοιμήθη
Eufemismo para morte com paz e esperança escatológica
Confiar na vida eterna e na coroa da vida (Ap 2:10)
Contexto
Martírio sob perseguição
Testemunho supremo de fé e amor
Inspirar coragem e entrega total no serviço cristão
Síntese:
Estêvão nos ensina que perdão, coragem e esperança em Deus transformam o martírio em testemunho vivo. A igreja que se sacrifica por amor ao perdido reflete o próprio caráter de Cristo e garante que o Evangelho continue avançando, mesmo diante da morte.
Atos 7:60
Texto:
“E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu.”
1. Análise das Palavras-Chave no Grego
- “Pondo-se de joelhos” (ἐγκαθίσας τὰ γόνατα – egkathisas ta gona)
- Expressão de humildade e oração intensa.
- Mostra submissão total a Deus e reverência diante da autoridade divina.
- “Clamou com grande voz” (κραυγάζων μεγάλῃ φωνῇ – kraugazōn megalē phōnē)
- Indica oração fervorosa, que combina coragem e devoção.
- Não é murmúrio passivo; é expressão de confiança absoluta no poder de Deus para perdoar e julgar.
- “Não lhes imputes este pecado” (μὴ λογίσῃ τὸ ἁμάρτημα τοῦτο – mē logisēi to hamartēma touto)
- Logizomai = considerar, imputar, colocar no débito moral.
- Estêvão intercede pelo perdão daqueles que o matam, seguindo o exemplo de Cristo (Lc 23:34).
- Mostra uma grandeza espiritual, que não busca justiça própria, mas entrega o julgamento a Deus.
- “Adormeceu” (ἐκοιμήθη – ekoimēthē)
- Eufemismo bíblico para a morte, com ênfase na tranquilidade e esperança escatológica.
- Contrasta o fim violento com a paz em Cristo; lembra João 11:11-14 (“Lázaro dormia…”) e Ap 14:13.
2. Perspectiva Teológica
- Cristologia e imitação de Cristo
- Estêvão reproduz o perdão de Cristo na cruz (Lc 23:34).
- O mártir mostra que a vitória sobre o pecado e a morte é espiritual e não apenas física.
- Martírio como testemunho vivo
- O perdão do agressor demonstra que o martírio não é vingança, mas missão de amor e intercessão, refletindo o caráter do Reino de Deus.
- O ato serve como prova da autenticidade da fé cristã: mesmo na morte, o crente é instrumento de graça.
- A esperança escatológica
- “Adormeceu” sublinha que a morte não é fim; há uma expectativa de recompensa celestial (cf. Ap 2:10).
- O martírio não destrói o corpo de Cristo, mas o testemunho se perpetua na igreja e no plano divino.
3. Aplicação Pessoal
- Perdão radical: cultivar perdão até mesmo diante de injustiças extremas; confiar que Deus é justo.
- Oração intercessória: aprender a clamar pelo bem de outros, inclusive de inimigos, seguindo o exemplo de Estêvão.
- Coragem no testemunho: viver de forma que o Evangelho seja visível, mesmo que custe sacrifício pessoal.
- Esperança escatológica: encarar a morte e adversidades com confiança na coroa da vida prometida (Ap 2:10).
4. Referências Acadêmicas Cristãs
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento – enfatiza o paralelismo entre Estêvão e Cristo na cruz, e a força espiritual do perdão.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento – detalha o contexto histórico e a dimensão intercessória do martírio de Estêvão.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva – analisa o martírio como testemunho apologético.
- John Stott — A Mensagem de Atos – destaca o papel do Espírito e da oração em meio à perseguição.
5. Tabela Expositiva: Atos 7:60
Elemento do Versículo | Termo Grego | Significado Teológico | Aplicação Prática |
Pondo-se de joelhos | ἐγκαθίσας τὰ γόνατα | Humildade, submissão e oração intensa | Cultivar oração profunda em momentos de crise |
Clamou com grande voz | κραυγάζων μεγάλῃ φωνῇ | Oração fervorosa, confiança em Deus | Não temer a expressão pública da fé e intercessão |
Não lhes imputes este pecado | μὴ λογίσῃ τὸ ἁμάρτημα τοῦτο | Perdão ao agressor; entrega do julgamento a Deus | Praticar perdão radical e intercessão por inimigos |
Adormeceu | ἐκοιμήθη | Eufemismo para morte com paz e esperança escatológica | Confiar na vida eterna e na coroa da vida (Ap 2:10) |
Contexto | Martírio sob perseguição | Testemunho supremo de fé e amor | Inspirar coragem e entrega total no serviço cristão |
Síntese:
Estêvão nos ensina que perdão, coragem e esperança em Deus transformam o martírio em testemunho vivo. A igreja que se sacrifica por amor ao perdido reflete o próprio caráter de Cristo e garante que o Evangelho continue avançando, mesmo diante da morte.
SINOPSE III
A fidelidade de Estêvão a Cristo o levou ao martírio, tornando-o um exemplo de perseverança na fé.
AUXÍLIO VIDA CRISTÃ
HONRANDO A DEUS
“Estêvão viu a glória de Deus e Jesus, o Messias, à direita do Pai. As palavras do discípulo foram semelhantes às de Jesus diante do Sinédrio (Mt 26.64; Mc 14.62; Lc 22.69). A visão de Estêvão apoiava a reivindicação de Jesus; ela irritou os líderes judeus que condenaram Jesus à morte por blasfêmia. Por não tolerarem as palavras de Estêvão, mataram-no. Talvez as pessoas não nos matem por testemunharmos a respeito de Cristo, mas podem deixar claro que não desejam ouvir a verdade e tentar nos calar. Continue honrando a Deus por meio de sua conduta e de suas palavras; embora muitos possam rebelar-se contra você e sua mensagem, alguns seguirão a Cristo. Lembre-se de que a morte de Estêvão causou um profundo impacto na vida de Paulo, que mais tarde se tornou o maior missionário cristão. Mesmo aqueles que se opõem a você agora, podem mais tarde se voltar para Cristo.” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.1492).
CONCLUSÃO
Estêvão, um dos sete escolhidos para o trabalho social da primeira igreja, representa o modelo de uma igreja verdadeiramente bíblica. Qualificado, cheio de fé e do Espírito Santo, não teme se posicionar diante de um mundo e de uma cultura contrários. Não teme o sofrimento e nem mesmo a morte na defesa daquilo que acredita e prega. É o modelo de uma igreja, que em vez de ficar no seu conforto, vai até as últimas consequências, arriscando-se pelo seu Senhor.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Conclusão sobre Estêvão
1. Contexto e Significado
Estêvão é apresentado em Atos 6 e 7 como um exemplo paradigmático do cristão maduro e da igreja bíblica:
- Escolhido para a diaconia: sua nomeação como um dos sete (At 6.1-7) mostra que a liderança na igreja deve ser qualificada e capacitada pelo Espírito.
- Cheio de fé e do Espírito Santo: o termo grego usado é πλήρης πνεύματος ἁγίου (plērēs pneumatos hagiou), indicando plenitude de poder espiritual e sabedoria.
- Coragem diante da oposição: Estêvão enfrenta oposição organizada (At 6.9-15) e, mesmo assim, mantém a firmeza na fé.
Ele é o modelo de uma igreja ativa, fiel e corajosa, que não se limita à segurança de seus muros, mas se compromete com a missão de Cristo, mesmo sob risco de perseguição e martírio.
2. Análise das Palavras-Chave no Grego
- “Cheio de fé e do Espírito Santo” (πλήρης πίστεως καὶ πνεύματος ἁγίου – plērēs pisteōs kai pneumatos hagiou)
- Plērēs: plenitude, abundância, sem vazio ou falta; a fé de Estêvão não é superficial.
- Pisteōs: fé ativa, confiança em Deus que se manifesta em ação.
- Pneumatos Hagiou: capacitação divina para testemunhar, ensinar e realizar milagres (At 6.8, 10).
- “Não teme” (οὐ φοβήθη – ou phobēthē)
- Expressa coragem moral e espiritual; a fé verdadeira vence o medo humano.
- “Arriscando-se pelo seu Senhor”
- Implica disposição para o sacrifício total, ecoando a palavra grega paratithēmi (entregar, colocar à disposição) – entrega da própria vida como testemunho do Evangelho.
3. Perspectiva Teológica
- Modelo de igreja bíblica:
- Cheia do Espírito: a igreja não se sustenta apenas em estruturas, mas na presença e ação do Espírito Santo.
- Corajosa e missionária: enfrenta desafios culturais, oposição e perseguição sem renunciar à verdade.
- Apologética e exemplar: defende a fé com conhecimento e sabedoria, seguindo o padrão de Cristo.
- Dimensão escatológica e ética:
- O martírio de Estêvão antecipa a vitória final de Cristo e serve como exemplo de fidelidade que inspira perseverança na igreja atual (cf. Ap 2.10).
4. Aplicação Pessoal
- Avaliar se a fé é apenas formal ou plena, como a de Estêvão.
- Cultivar coragem para testemunhar a fé em contextos hostis.
- Ser uma igreja que atua, não apenas assiste; que cumpre a missão mesmo sob risco.
- Desenvolver uma vida de oração, estudo bíblico e dependência do Espírito Santo para agir com sabedoria e fé.
5. Referências Acadêmicas Cristãs
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento – enfatiza a plenitude do Espírito em Estêvão e a continuidade da missão apostólica.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento – destaca o contexto cultural, a oposição e a coragem de Estêvão como padrão para a igreja.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva – analisa o modelo de igreja que se envolve no mundo sem comprometer a fé.
- John Stott — A Mensagem de Atos – reforça a importância da fé plena e da coragem como características da igreja bíblica.
6. Tabela Expositiva – Modelo de Igreja Bíblica em Estêvão
Característica
Termo Grego
Significado Teológico
Aplicação Prática
Plenitude do Espírito
πλήρης πνεύματος ἁγίου
Capacitação divina para serviço e testemunho
Buscar direção e capacitação do Espírito Santo na vida pessoal e na igreja
Fé ativa
πίστεως
Confiança e ação em Deus, mesmo diante de desafios
Exercitar fé que se manifesta em atos de coragem e serviço
Coragem
οὐ φοβήθη
Não sucumbir ao medo humano; permanecer firme
Enfrentar oposição, críticas e desafios sem renunciar à fé
Entrega total
παρατίθημι
Sacrifício e disposição para servir até a morte
Viver a fé com compromisso absoluto, disposto a arriscar-se pelo Evangelho
Testemunho
martírio
Fidelidade que reflete Cristo e fortalece a igreja
Inspirar outros a permanecerem firmes e confiantes na missão da igreja
Síntese:
Estêvão é o exemplo perfeito de uma igreja bíblica cheia do Espírito, corajosa e missionária, disposta a se sacrificar pelo Evangelho. Ele demonstra que fé, coragem e entrega são inseparáveis da vida cristã autêntica. A igreja atual deve imitar esse modelo, permanecendo firme, atuante e confiando na presença de Cristo glorificado.
Conclusão sobre Estêvão
1. Contexto e Significado
Estêvão é apresentado em Atos 6 e 7 como um exemplo paradigmático do cristão maduro e da igreja bíblica:
- Escolhido para a diaconia: sua nomeação como um dos sete (At 6.1-7) mostra que a liderança na igreja deve ser qualificada e capacitada pelo Espírito.
- Cheio de fé e do Espírito Santo: o termo grego usado é πλήρης πνεύματος ἁγίου (plērēs pneumatos hagiou), indicando plenitude de poder espiritual e sabedoria.
- Coragem diante da oposição: Estêvão enfrenta oposição organizada (At 6.9-15) e, mesmo assim, mantém a firmeza na fé.
Ele é o modelo de uma igreja ativa, fiel e corajosa, que não se limita à segurança de seus muros, mas se compromete com a missão de Cristo, mesmo sob risco de perseguição e martírio.
2. Análise das Palavras-Chave no Grego
- “Cheio de fé e do Espírito Santo” (πλήρης πίστεως καὶ πνεύματος ἁγίου – plērēs pisteōs kai pneumatos hagiou)
- Plērēs: plenitude, abundância, sem vazio ou falta; a fé de Estêvão não é superficial.
- Pisteōs: fé ativa, confiança em Deus que se manifesta em ação.
- Pneumatos Hagiou: capacitação divina para testemunhar, ensinar e realizar milagres (At 6.8, 10).
- “Não teme” (οὐ φοβήθη – ou phobēthē)
- Expressa coragem moral e espiritual; a fé verdadeira vence o medo humano.
- “Arriscando-se pelo seu Senhor”
- Implica disposição para o sacrifício total, ecoando a palavra grega paratithēmi (entregar, colocar à disposição) – entrega da própria vida como testemunho do Evangelho.
3. Perspectiva Teológica
- Modelo de igreja bíblica:
- Cheia do Espírito: a igreja não se sustenta apenas em estruturas, mas na presença e ação do Espírito Santo.
- Corajosa e missionária: enfrenta desafios culturais, oposição e perseguição sem renunciar à verdade.
- Apologética e exemplar: defende a fé com conhecimento e sabedoria, seguindo o padrão de Cristo.
- Dimensão escatológica e ética:
- O martírio de Estêvão antecipa a vitória final de Cristo e serve como exemplo de fidelidade que inspira perseverança na igreja atual (cf. Ap 2.10).
4. Aplicação Pessoal
- Avaliar se a fé é apenas formal ou plena, como a de Estêvão.
- Cultivar coragem para testemunhar a fé em contextos hostis.
- Ser uma igreja que atua, não apenas assiste; que cumpre a missão mesmo sob risco.
- Desenvolver uma vida de oração, estudo bíblico e dependência do Espírito Santo para agir com sabedoria e fé.
5. Referências Acadêmicas Cristãs
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento – enfatiza a plenitude do Espírito em Estêvão e a continuidade da missão apostólica.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento – destaca o contexto cultural, a oposição e a coragem de Estêvão como padrão para a igreja.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva – analisa o modelo de igreja que se envolve no mundo sem comprometer a fé.
- John Stott — A Mensagem de Atos – reforça a importância da fé plena e da coragem como características da igreja bíblica.
6. Tabela Expositiva – Modelo de Igreja Bíblica em Estêvão
Característica | Termo Grego | Significado Teológico | Aplicação Prática |
Plenitude do Espírito | πλήρης πνεύματος ἁγίου | Capacitação divina para serviço e testemunho | Buscar direção e capacitação do Espírito Santo na vida pessoal e na igreja |
Fé ativa | πίστεως | Confiança e ação em Deus, mesmo diante de desafios | Exercitar fé que se manifesta em atos de coragem e serviço |
Coragem | οὐ φοβήθη | Não sucumbir ao medo humano; permanecer firme | Enfrentar oposição, críticas e desafios sem renunciar à fé |
Entrega total | παρατίθημι | Sacrifício e disposição para servir até a morte | Viver a fé com compromisso absoluto, disposto a arriscar-se pelo Evangelho |
Testemunho | martírio | Fidelidade que reflete Cristo e fortalece a igreja | Inspirar outros a permanecerem firmes e confiantes na missão da igreja |
Síntese:
Estêvão é o exemplo perfeito de uma igreja bíblica cheia do Espírito, corajosa e missionária, disposta a se sacrificar pelo Evangelho. Ele demonstra que fé, coragem e entrega são inseparáveis da vida cristã autêntica. A igreja atual deve imitar esse modelo, permanecendo firme, atuante e confiando na presença de Cristo glorificado.
REVISANDO O CONTEÚDO
1- O que podemos aprender com Estêvão?
Aprendemos que a fé cristã sempre será questionada, será colocada à prova, mas não há espaço para indecisão. Estêvão nos ensina que todo cristão deve saber defender a sua fé.
2- Quem foram os que se levantaram contra Estêvão?
Um grupo de judeus que viviam fora de Israel, chamados de judeus helenistas, se levantaram contra ele. Esses judeus faziam parte da Diáspora.
3- Contra o quê a Igreja sempre teve que lidar e combater?
A igreja sempre teve que lidar e combater as falsas narrativas. A igreja luta em várias frentes com falsas narrativas que a todo custo querem minar o seu testemunho e desacreditá-la.
4- Como Estêvão fez uma defesa apaixonada da fé?
Ele faz uma defesa apaixonada da fé, usando a própria história do povo de Israel como base.
5- O que Estêvão pôde contemplar diante de um grupo enfurecido?
Diante de um grupo enfurecido (At 7.54), Estêvão contemplou a glória de Deus: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus” (At 7.56).
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