TEXTO BÍBLICO BÁSICO Gênesis 1.26-28 26 - E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os p...
TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Gênesis 1.26-28
26 - E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.
27 - E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.
28 - E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
📖 Esses três blocos bíblicos (Gn 1.26-28; Gn 2.7; Sl 8.3-6) formam uma unidade teológica profunda sobre a antropologia bíblica: a criação, a dignidade, a missão e a posição do ser humano diante de Deus e da criação.
📌 Gênesis 1.26
“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem (tselem), conforme a nossa semelhança (demut); e domine (radah) sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.”
- Imagem (צֶלֶם – tselem): significa “imagem, figura, representação”. No hebraico do Antigo Oriente, tselem era usado para imagens de ídolos que representavam a divindade. Aqui, porém, o homem não é um ídolo, mas representante vivo de Deus no mundo.
- Semelhança (דְּמוּת – demut): significa “semelhança, aparência”. A ideia é que a humanidade não é idêntica a Deus, mas reflete Sua natureza moral, espiritual e relacional.
- Domine (רָדָה – radah): governar, subjugar com autoridade delegada. O domínio humano não é tirania, mas administração responsável como mordomos do Criador.
📖 Teologia: O homem é chamado a ser vice-regente de Deus, refletindo Seu caráter e representando Sua autoridade no mundo criado. Isso conecta-se com a realeza divina no Antigo Oriente, onde reis eram chamados “imagem de deus” — aqui, todo ser humano recebe esse status.
📌 Gênesis 1.27
“E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.”
- O paralelismo hebraico reforça a dignidade humana: três vezes “imagem de Deus” (tselem Elohim).
- Macho e fêmea (זָכָר וּנְקֵבָה – zakar u’neqevah): a identidade sexual é parte da criação e da imagem de Deus. O texto enfatiza que ambos os sexos possuem igualmente a imagem divina, contrariando culturas antigas que inferiorizavam a mulher.
📖 Teologia: A plenitude da imagem divina se expressa na complementaridade de homem e mulher. Aqui nasce a visão bíblica da igualdade essencial e da diferença funcional.
📌 Gênesis 1.28
“E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai (parah), e multiplicai-vos (rabah), e enchei (male’) a terra, e sujeitai-a (kabash); e dominai (radah) sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.”
- Frutificai (פָּרָה – parah): produzir vida, ser fecundo.
- Multiplicai-vos (רָבָה – rabah): crescer em número, expandir.
- Enchei (מָלֵא – male’): completar, ocupar a terra.
- Sujeitai-a (כָּבַשׁ – kabash): literalmente “pisar, subjugar”. Tem ideia de colocar em ordem, governar, mas nunca com destruição.
- Dominai (רָדָה – radah): já explicado, reforçado aqui.
📖 Teologia: O mandato cultural é a vocação humana de desenvolver ciência, cultura, sociedade e tecnologia para a glória de Deus. O homem não é dono absoluto da criação, mas mordomo abençoado e responsável.
📖 Esses três blocos bíblicos (Gn 1.26-28; Gn 2.7; Sl 8.3-6) formam uma unidade teológica profunda sobre a antropologia bíblica: a criação, a dignidade, a missão e a posição do ser humano diante de Deus e da criação.
📌 Gênesis 1.26
“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem (tselem), conforme a nossa semelhança (demut); e domine (radah) sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.”
- Imagem (צֶלֶם – tselem): significa “imagem, figura, representação”. No hebraico do Antigo Oriente, tselem era usado para imagens de ídolos que representavam a divindade. Aqui, porém, o homem não é um ídolo, mas representante vivo de Deus no mundo.
- Semelhança (דְּמוּת – demut): significa “semelhança, aparência”. A ideia é que a humanidade não é idêntica a Deus, mas reflete Sua natureza moral, espiritual e relacional.
- Domine (רָדָה – radah): governar, subjugar com autoridade delegada. O domínio humano não é tirania, mas administração responsável como mordomos do Criador.
📖 Teologia: O homem é chamado a ser vice-regente de Deus, refletindo Seu caráter e representando Sua autoridade no mundo criado. Isso conecta-se com a realeza divina no Antigo Oriente, onde reis eram chamados “imagem de deus” — aqui, todo ser humano recebe esse status.
📌 Gênesis 1.27
“E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.”
- O paralelismo hebraico reforça a dignidade humana: três vezes “imagem de Deus” (tselem Elohim).
- Macho e fêmea (זָכָר וּנְקֵבָה – zakar u’neqevah): a identidade sexual é parte da criação e da imagem de Deus. O texto enfatiza que ambos os sexos possuem igualmente a imagem divina, contrariando culturas antigas que inferiorizavam a mulher.
📖 Teologia: A plenitude da imagem divina se expressa na complementaridade de homem e mulher. Aqui nasce a visão bíblica da igualdade essencial e da diferença funcional.
📌 Gênesis 1.28
“E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai (parah), e multiplicai-vos (rabah), e enchei (male’) a terra, e sujeitai-a (kabash); e dominai (radah) sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.”
- Frutificai (פָּרָה – parah): produzir vida, ser fecundo.
- Multiplicai-vos (רָבָה – rabah): crescer em número, expandir.
- Enchei (מָלֵא – male’): completar, ocupar a terra.
- Sujeitai-a (כָּבַשׁ – kabash): literalmente “pisar, subjugar”. Tem ideia de colocar em ordem, governar, mas nunca com destruição.
- Dominai (רָדָה – radah): já explicado, reforçado aqui.
📖 Teologia: O mandato cultural é a vocação humana de desenvolver ciência, cultura, sociedade e tecnologia para a glória de Deus. O homem não é dono absoluto da criação, mas mordomo abençoado e responsável.
Gênesis 2.7
7 - E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
📌 Gênesis 2.7
“E formou o Senhor Deus o homem do pó (aphar) da terra, e soprou em seus narizes o fôlego (neshamah) da vida; e o homem foi feito alma vivente (nephesh chayyah).”
- Formou (יָצַר – yatsar): verbo usado para o trabalho de um oleiro moldando o barro. Aponta para o cuidado artesanal de Deus.
- Pó (עָפָר – aphar): matéria frágil, transitória. O homem tem origem humilde.
- Soprou (נָפַח – naphach): ação pessoal e íntima de Deus.
- Fôlego (נְשָׁמָה – neshamah): hálito divino, que comunica vida espiritual.
- Alma vivente (נֶפֶשׁ חַיָּה – nephesh chayyah): ser vivo, criatura consciente. O termo não significa apenas “alma imortal”, mas ser integral, corpo animado pelo espírito.
📖 Teologia: O homem é pó e espírito. Sua dignidade vem do sopro de Deus, não da matéria. Assim, a vida humana é sagrada e dependente do Criador.
📌 Gênesis 2.7
“E formou o Senhor Deus o homem do pó (aphar) da terra, e soprou em seus narizes o fôlego (neshamah) da vida; e o homem foi feito alma vivente (nephesh chayyah).”
- Formou (יָצַר – yatsar): verbo usado para o trabalho de um oleiro moldando o barro. Aponta para o cuidado artesanal de Deus.
- Pó (עָפָר – aphar): matéria frágil, transitória. O homem tem origem humilde.
- Soprou (נָפַח – naphach): ação pessoal e íntima de Deus.
- Fôlego (נְשָׁמָה – neshamah): hálito divino, que comunica vida espiritual.
- Alma vivente (נֶפֶשׁ חַיָּה – nephesh chayyah): ser vivo, criatura consciente. O termo não significa apenas “alma imortal”, mas ser integral, corpo animado pelo espírito.
📖 Teologia: O homem é pó e espírito. Sua dignidade vem do sopro de Deus, não da matéria. Assim, a vida humana é sagrada e dependente do Criador.
Salmo 8.3-6
3 - Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste;
4 - que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites?
5 - Contudo, pouco menor o fizeste do que os anjos e de glória e de honra o coroaste.
6 - Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
📌 Salmo 8.3
“Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste;”
- Dedos (אֶצְבָּע – etsba’): linguagem antropomórfica, indicando a delicadeza de Deus como artesão.
- A criação é apresentada como resultado da habilidade divina.
📖 Teologia: O salmista contempla a grandeza do universo e percebe a pequenez humana. O contraste cria o tom de admiração que segue.
📌 Salmo 8.4
“Que é o homem (enosh) mortal para que te lembres dele? E o filho do homem (ben-adam), para que o visites?”
- Homem (אֱנוֹשׁ – enosh): enfatiza a fragilidade, mortalidade.
- Filho do homem (בֶּן־אָדָם – ben-adam): expressão poética para “ser humano”.
- Lembrar (זָכַר – zakar): no hebraico, significa não apenas recordar, mas agir em favor de.
- Visitar (פָּקַד – paqad): cuidar, intervir, exercer supervisão.
📖 Teologia: O mistério do amor de Deus é que Ele Se importa com criaturas frágeis e transitórias. Esse versículo ecoa em Hebreus 2 aplicado a Cristo, o Filho do Homem por excelência.
📌 Salmo 8.5
“Contudo, pouco menor o fizeste do que os anjos (elohim) e de glória (kabod) e de honra (hadar) o coroaste.”
- Elohim (אֱלֹהִים): pode significar “Deus”, “deuses” ou “seres celestiais”. A LXX traduziu como angelous (“anjos”), explicando Hebreus 2.
- Glória (כָּבוֹד – kabod): peso, valor, dignidade.
- Honra (הָדָר – hadar): esplendor, beleza, majestade.
📖 Teologia: O homem ocupa posição especial na ordem criada: inferior apenas a Deus/anjos, mas coroado de dignidade. Isso aponta para a vocação régia do ser humano e, em Cristo, para a exaltação da humanidade redimida.
📌 Salmo 8.6
“Fazes com que ele tenha domínio (mashal) sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés.”
- Domínio (מָשַׁל – mashal): governar, exercer autoridade.
- A linguagem “debaixo dos pés” aponta para soberania.
- Hebreus 2 aplica esse texto a Cristo, que é o verdadeiro cumprimento do Salmo.
📖 Teologia: O salmista retoma o mandato de Gênesis 1. O homem foi feito para governar a criação em aliança com Deus. Contudo, pelo pecado esse domínio foi corrompido. Cristo é quem restaura o plano original, reinando como o último Adão (1Co 15.45-47).
🔎 Síntese Teológica
- Criação: O homem é imagem de Deus (Gn 1.26-27).
- Vocação: Chamado a governar e desenvolver a criação (Gn 1.28).
- Natureza: Pó e sopro, criatura e espírito (Gn 2.7).
- Dignidade: Mesmo pequeno diante do universo, Deus lhe dá glória (Sl 8.3-6).
- Cristologia: Em Cristo, o verdadeiro Filho do Homem, o destino humano de glória e domínio é plenamente cumprido (Hb 2).
📌 Salmo 8.3
“Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste;”
- Dedos (אֶצְבָּע – etsba’): linguagem antropomórfica, indicando a delicadeza de Deus como artesão.
- A criação é apresentada como resultado da habilidade divina.
📖 Teologia: O salmista contempla a grandeza do universo e percebe a pequenez humana. O contraste cria o tom de admiração que segue.
📌 Salmo 8.4
“Que é o homem (enosh) mortal para que te lembres dele? E o filho do homem (ben-adam), para que o visites?”
- Homem (אֱנוֹשׁ – enosh): enfatiza a fragilidade, mortalidade.
- Filho do homem (בֶּן־אָדָם – ben-adam): expressão poética para “ser humano”.
- Lembrar (זָכַר – zakar): no hebraico, significa não apenas recordar, mas agir em favor de.
- Visitar (פָּקַד – paqad): cuidar, intervir, exercer supervisão.
📖 Teologia: O mistério do amor de Deus é que Ele Se importa com criaturas frágeis e transitórias. Esse versículo ecoa em Hebreus 2 aplicado a Cristo, o Filho do Homem por excelência.
📌 Salmo 8.5
“Contudo, pouco menor o fizeste do que os anjos (elohim) e de glória (kabod) e de honra (hadar) o coroaste.”
- Elohim (אֱלֹהִים): pode significar “Deus”, “deuses” ou “seres celestiais”. A LXX traduziu como angelous (“anjos”), explicando Hebreus 2.
- Glória (כָּבוֹד – kabod): peso, valor, dignidade.
- Honra (הָדָר – hadar): esplendor, beleza, majestade.
📖 Teologia: O homem ocupa posição especial na ordem criada: inferior apenas a Deus/anjos, mas coroado de dignidade. Isso aponta para a vocação régia do ser humano e, em Cristo, para a exaltação da humanidade redimida.
📌 Salmo 8.6
“Fazes com que ele tenha domínio (mashal) sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés.”
- Domínio (מָשַׁל – mashal): governar, exercer autoridade.
- A linguagem “debaixo dos pés” aponta para soberania.
- Hebreus 2 aplica esse texto a Cristo, que é o verdadeiro cumprimento do Salmo.
📖 Teologia: O salmista retoma o mandato de Gênesis 1. O homem foi feito para governar a criação em aliança com Deus. Contudo, pelo pecado esse domínio foi corrompido. Cristo é quem restaura o plano original, reinando como o último Adão (1Co 15.45-47).
🔎 Síntese Teológica
- Criação: O homem é imagem de Deus (Gn 1.26-27).
- Vocação: Chamado a governar e desenvolver a criação (Gn 1.28).
- Natureza: Pó e sopro, criatura e espírito (Gn 2.7).
- Dignidade: Mesmo pequeno diante do universo, Deus lhe dá glória (Sl 8.3-6).
- Cristologia: Em Cristo, o verdadeiro Filho do Homem, o destino humano de glória e domínio é plenamente cumprido (Hb 2).
TEXTO ÁUREO
E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.
Gênesis 1.27
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
Segunda-feira – Salmo 139.13,14
Criado de forma admirável pelas mãos de Deus
Terça-feira – Isaías 64.7,8
Somos barro moldado pelas mãos do oleiro
Quarta-feira – Eclesiastes 3.11
A eternidade foi posta no coração humano
Quinta-feira – Jó 10.8,9
Formados por Deus com cuidado e propósito
Sexta-feira – João 4.19-24
Deus é espírito; devemos adorá-lo em verdade
Sábado – Colossenses 3.8-10
Renovados à imagem do Criador
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
✅ Segunda-feira – Salmo 139.13,14
Criado de forma admirável pelas mãos de Deus
Davi reconhece que não é fruto do acaso, mas de uma ação intencional de Deus: “Tu me formaste... fui feito de modo assombrosamente maravilhoso.” A expressão hebraica נִפְלָאִים (nifla’ím) transmite a ideia de algo extraordinário, incomparável. Deus não apenas criou o universo — Ele desceu ao nível microscópico do nosso ser e entreteceu cada célula.
👉 Aplicação: Se Deus te fez com tanto detalhe, Ele não errou ao criar você. Sua identidade não está nos padrões humanos, mas no valor que o Criador te deu.
🛐 Oração: “Senhor, ajuda-me a olhar para mim com os Teus olhos.”
✅ Terça-feira – Isaías 64.7,8
Somos barro moldado pelas mãos do oleiro
Aqui o profeta compara Deus ao יצר (yatsar) — o Oleiro, e nós ao barro. Mesmo após nossos pecados, Isaías não perde a consciência de que ainda estamos nas mãos dEle.
👉 Aplicação: Deus não desistiu de você. Se o barro se deformar, Ele não joga fora — Ele refaz (Jr 18.4). Deixe-se moldar pela vontade dEle.
🛐 Oração: “Quebra o que for necessário e refaz segundo Tua vontade.”
✅ Quarta-feira – Eclesiastes 3.11
A eternidade foi posta no coração humano
O termo עוֹלָם (olam) significa “eternidade” ou “desejo pelo infinito”. Todo ser humano, mesmo sem perceber, carrega uma saudade de algo maior — o desejo por Deus.
👉 Aplicação: Nada neste mundo preencherá completamente o coração humano — porque ele foi projetado para Deus.
🛐 Oração: “Senhor, desperta em mim a fome pela eternidade.”
✅ Quinta-feira – Jó 10.8,9
Formados por Deus com cuidado e propósito
Jó declara: “As tuas mãos me plasmaram...” — mesmo em meio à dor. Ele entende que o fato de sofrer não anula o cuidado de Deus na criação.
👉 Aplicação: Sua origem é prova de amor, mesmo que seu presente seja de luta.
🛐 Oração: “Mesmo não entendendo tudo, confio em Quem me criou.”
✅ Sexta-feira – João 4.19-24
Deus é espírito; devemos adorá-lo em verdade
Jesus move a Samaritana do “lugar de adoração” para a essência da adoração: não geografia, mas espírito e verdade. Deus não busca apenas músicas, mas adoradores.
👉 Aplicação: Você não precisa esperar o culto para adorar. Adoração é estilo de vida.
🛐 Oração: “Faz de mim não apenas alguém que adora, mas um adorador.”
✅ Sábado – Colossenses 3.8-10
Renovados à imagem do Criador
A palavra “renovados” (ἀνακαινόω – anakainoō) indica transformação contínua. A criação não terminou no útero — Deus continua criando em nós diariamente pela santificação.
👉 Aplicação: A imagem de Deus em você não é apenas origem — é destino.
🛐 Oração: “Restaura em mim Tua imagem todos os dias.”
✅ Segunda-feira – Salmo 139.13,14
Criado de forma admirável pelas mãos de Deus
Davi reconhece que não é fruto do acaso, mas de uma ação intencional de Deus: “Tu me formaste... fui feito de modo assombrosamente maravilhoso.” A expressão hebraica נִפְלָאִים (nifla’ím) transmite a ideia de algo extraordinário, incomparável. Deus não apenas criou o universo — Ele desceu ao nível microscópico do nosso ser e entreteceu cada célula.
👉 Aplicação: Se Deus te fez com tanto detalhe, Ele não errou ao criar você. Sua identidade não está nos padrões humanos, mas no valor que o Criador te deu.
🛐 Oração: “Senhor, ajuda-me a olhar para mim com os Teus olhos.”
✅ Terça-feira – Isaías 64.7,8
Somos barro moldado pelas mãos do oleiro
Aqui o profeta compara Deus ao יצר (yatsar) — o Oleiro, e nós ao barro. Mesmo após nossos pecados, Isaías não perde a consciência de que ainda estamos nas mãos dEle.
👉 Aplicação: Deus não desistiu de você. Se o barro se deformar, Ele não joga fora — Ele refaz (Jr 18.4). Deixe-se moldar pela vontade dEle.
🛐 Oração: “Quebra o que for necessário e refaz segundo Tua vontade.”
✅ Quarta-feira – Eclesiastes 3.11
A eternidade foi posta no coração humano
O termo עוֹלָם (olam) significa “eternidade” ou “desejo pelo infinito”. Todo ser humano, mesmo sem perceber, carrega uma saudade de algo maior — o desejo por Deus.
👉 Aplicação: Nada neste mundo preencherá completamente o coração humano — porque ele foi projetado para Deus.
🛐 Oração: “Senhor, desperta em mim a fome pela eternidade.”
✅ Quinta-feira – Jó 10.8,9
Formados por Deus com cuidado e propósito
Jó declara: “As tuas mãos me plasmaram...” — mesmo em meio à dor. Ele entende que o fato de sofrer não anula o cuidado de Deus na criação.
👉 Aplicação: Sua origem é prova de amor, mesmo que seu presente seja de luta.
🛐 Oração: “Mesmo não entendendo tudo, confio em Quem me criou.”
✅ Sexta-feira – João 4.19-24
Deus é espírito; devemos adorá-lo em verdade
Jesus move a Samaritana do “lugar de adoração” para a essência da adoração: não geografia, mas espírito e verdade. Deus não busca apenas músicas, mas adoradores.
👉 Aplicação: Você não precisa esperar o culto para adorar. Adoração é estilo de vida.
🛐 Oração: “Faz de mim não apenas alguém que adora, mas um adorador.”
✅ Sábado – Colossenses 3.8-10
Renovados à imagem do Criador
A palavra “renovados” (ἀνακαινόω – anakainoō) indica transformação contínua. A criação não terminou no útero — Deus continua criando em nós diariamente pela santificação.
👉 Aplicação: A imagem de Deus em você não é apenas origem — é destino.
🛐 Oração: “Restaura em mim Tua imagem todos os dias.”
OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:
• compreender que a humanidade é uma criação especial do Altíssimo, feita com propósito e dignidade;
• rejeitar ideias distorcidas sobre a origem do homem e sua natureza à luz das Escrituras;
• reconhecer os reflexos da imagem de Deus no ser humano e seu chamado à comunhão com Ele..
Este blog foi feito com muito carinho 💝 para você. Ajude-nos 🙏 Envie uma oferta pelo Pix/e-mail: pecadorconfesso@hotmail.com de qualquer valor e você estará colaborando para que esse blog continue trazendo conteúdo exclusivo e de edificação para a sua vida.
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ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Caro professor, este estudo inaugural estabelece os fundamentos sobre os quais se apoiarão todas as demais lições da revista. Compreender quem é o ser humano à luz da Escritura é o primeiro passo para entender sua queda, redenção e propósito eterno. Em tempos de relativismo crescente, reafirmar que fomos criados à imagem de Deus, com valor e propósito, é essencial.
Conduza a aula com sensibilidade, destacando não só o que o homem é, mas também o que ele não é, conforme a perspectiva bíblica. Estimule os alunos a refletirem sobre sua origem, missão e destino. Aproveite a riqueza do tema para promover um debate saudável e equilibrado, com maturidade e empatia.
Excelente aula!
DINAMICA EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Dinâmica: “Criados com Propósito”
Objetivo:
Levar os participantes a compreenderem que o homem foi criado intencionalmente por Deus, à Sua imagem e semelhança, com dignidade, propósito e missão, e a rejeitar ideias distorcidas sobre a origem e natureza humana.
Tempo: 40–50 minutos
Materiais:
- Cartões ou folhas de papel
- Canetas coloridas
- Quadro branco ou flipchart
- Bíblia
Etapa 1 – Introdução (5 minutos)
- Abrir com o texto áureo:
“Porque ainda não sabiam a Escritura, que era necessário que ressuscitasse dos mortos” (Jo 20.9).
- Explicar brevemente que a Ressurreição de Cristo revela a dignidade do homem, mas antes disso, Deus o criou com propósito, imagem e semelhança.
- Contextualizar: “Hoje vamos refletir sobre quem somos e por que fomos criados.”
Etapa 2 – Quebra-gelo: “Como você se vê?” (10 minutos)
- Cada participante recebe um cartão e uma caneta.
- Instrução: escrever uma palavra ou frase que descreva como você se vê (ex.: inteligente, amado, inseguro, forte, limitado).
- Em seguida, cada um compartilha com o grupo.
Objetivo: Mostrar a percepção pessoal versus a visão bíblica da criação do homem.
Etapa 3 – Miniaula interativa (10 minutos)
- Explicar os pontos principais da lição:
- O homem não é pré-existente (Gn 2.7).
- Não é derivado da essência de Deus, nem expressão física (Gn 1.26-27; Jo 4.24).
- Não é resultado de processos evolutivos naturais (Gn 1.1, 2.7).
- É criado com dignidade, racionalidade, moralidade, sociabilidade e espiritualidade.
- Perguntar: “Quais ideias distorcidas sobre o homem vocês já ouviram?”
- Anotar no quadro.
- Rejeitar cada ideia com versículos de referência.
Etapa 4 – Atividade prática: “Imagem de Deus em ação” (15 minutos)
Material: cartões coloridos.
- Dividir os participantes em grupos de 3 a 5 pessoas.
- Cada grupo receberá uma característica do homem criada à imagem de Deus:
- Racionalidade e personalidade
- Moralidade e espiritualidade
- Sociabilidade e infinitude
- Cada grupo deverá:
- Ler o texto bíblico correspondente (Gn 1.26-27, Ec 3.11, Jo 4.24, Rm 2.14-16).
- Criar uma situação prática em que essa característica é aplicada no dia a dia (ex.: tomar decisões éticas, resolver conflitos, amar o próximo, buscar comunhão com Deus).
- Apresentar a situação de forma teatral, dramatização ou storytelling para o restante da turma.
Objetivo: Mostrar que a criação à imagem de Deus não é abstrata, mas prática e relacional.
Etapa 5 – Reflexão final e aplicação pessoal (5–10 minutos)
- Fazer perguntas reflexivas:
- Como minha vida mostra que sou feito à imagem de Deus?
- Quais ideias distorcidas sobre o homem ainda influenciam minha visão de mim mesmo e dos outros?
- Como posso viver diariamente refletindo a glória do Criador?
- Cada participante escreve uma ação prática que vai adotar durante a semana para viver como “imagem de Deus”:
- Ex.: agir com justiça, amar mais, cuidar da criação, buscar crescimento espiritual.
Etapa 6 – Encerramento
- Ler Gn 1.26-27 e Jo 4.24.
- Reforçar:
“O homem não veio do caos nem do acaso. Veio do amor, do barro e do sopro. Veio do alto. Somos a imagem de Deus, criação com propósito, gente com destino.”
- Oração final pedindo ajuda de Deus para viver à Sua imagem e refletir Sua glória.
Observações para facilitador
- Estimular debate e perguntas, principalmente sobre ideias equivocadas (pré-existência da alma, panteísmo, evolucionismo).
- Adaptar dramatizações e storytelling de acordo com idade e perfil do grupo.
- Incentivar memorização do texto áureo e aplicação prática da lição.
Dinâmica: “Criados com Propósito”
Objetivo:
Levar os participantes a compreenderem que o homem foi criado intencionalmente por Deus, à Sua imagem e semelhança, com dignidade, propósito e missão, e a rejeitar ideias distorcidas sobre a origem e natureza humana.
Tempo: 40–50 minutos
Materiais:
- Cartões ou folhas de papel
- Canetas coloridas
- Quadro branco ou flipchart
- Bíblia
Etapa 1 – Introdução (5 minutos)
- Abrir com o texto áureo:
“Porque ainda não sabiam a Escritura, que era necessário que ressuscitasse dos mortos” (Jo 20.9). - Explicar brevemente que a Ressurreição de Cristo revela a dignidade do homem, mas antes disso, Deus o criou com propósito, imagem e semelhança.
- Contextualizar: “Hoje vamos refletir sobre quem somos e por que fomos criados.”
Etapa 2 – Quebra-gelo: “Como você se vê?” (10 minutos)
- Cada participante recebe um cartão e uma caneta.
- Instrução: escrever uma palavra ou frase que descreva como você se vê (ex.: inteligente, amado, inseguro, forte, limitado).
- Em seguida, cada um compartilha com o grupo.
Objetivo: Mostrar a percepção pessoal versus a visão bíblica da criação do homem.
Etapa 3 – Miniaula interativa (10 minutos)
- Explicar os pontos principais da lição:
- O homem não é pré-existente (Gn 2.7).
- Não é derivado da essência de Deus, nem expressão física (Gn 1.26-27; Jo 4.24).
- Não é resultado de processos evolutivos naturais (Gn 1.1, 2.7).
- É criado com dignidade, racionalidade, moralidade, sociabilidade e espiritualidade.
- Perguntar: “Quais ideias distorcidas sobre o homem vocês já ouviram?”
- Anotar no quadro.
- Rejeitar cada ideia com versículos de referência.
Etapa 4 – Atividade prática: “Imagem de Deus em ação” (15 minutos)
Material: cartões coloridos.
- Dividir os participantes em grupos de 3 a 5 pessoas.
- Cada grupo receberá uma característica do homem criada à imagem de Deus:
- Racionalidade e personalidade
- Moralidade e espiritualidade
- Sociabilidade e infinitude
- Cada grupo deverá:
- Ler o texto bíblico correspondente (Gn 1.26-27, Ec 3.11, Jo 4.24, Rm 2.14-16).
- Criar uma situação prática em que essa característica é aplicada no dia a dia (ex.: tomar decisões éticas, resolver conflitos, amar o próximo, buscar comunhão com Deus).
- Apresentar a situação de forma teatral, dramatização ou storytelling para o restante da turma.
Objetivo: Mostrar que a criação à imagem de Deus não é abstrata, mas prática e relacional.
Etapa 5 – Reflexão final e aplicação pessoal (5–10 minutos)
- Fazer perguntas reflexivas:
- Como minha vida mostra que sou feito à imagem de Deus?
- Quais ideias distorcidas sobre o homem ainda influenciam minha visão de mim mesmo e dos outros?
- Como posso viver diariamente refletindo a glória do Criador?
- Cada participante escreve uma ação prática que vai adotar durante a semana para viver como “imagem de Deus”:
- Ex.: agir com justiça, amar mais, cuidar da criação, buscar crescimento espiritual.
Etapa 6 – Encerramento
- Ler Gn 1.26-27 e Jo 4.24.
- Reforçar:
“O homem não veio do caos nem do acaso. Veio do amor, do barro e do sopro. Veio do alto. Somos a imagem de Deus, criação com propósito, gente com destino.” - Oração final pedindo ajuda de Deus para viver à Sua imagem e refletir Sua glória.
Observações para facilitador
- Estimular debate e perguntas, principalmente sobre ideias equivocadas (pré-existência da alma, panteísmo, evolucionismo).
- Adaptar dramatizações e storytelling de acordo com idade e perfil do grupo.
- Incentivar memorização do texto áureo e aplicação prática da lição.
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Em um mundo cada vez mais marcado por incertezas sobre identidade e propósito, a compreensão do que significa ser feito à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26), à luz das Escrituras, é essencial para a formação de uma cosmovisão cristã sadia.
A primeira lição desta revista nos convida a retornar ao princípio, onde o ente humano é revelado não como um acaso da evolução, mas como alguém formado com intenção, com um chamado distinto e com marcas que apontam para o seu Criador.
O relato da Criação é mais do que uma narrativa de origem: é uma declaração de valor, dignidade e propósito da humanidade diante do Altíssimo.
O valor do ser humano não está em sua força, em sua forma ou em qualquer aspecto observável, mas no fato de ter sido moldado pelas mãos de Deus, a sublime Mente eterna. Fomos criados com propósito, chamados à comunhão e enviados ao mundo para refletir Sua glória, com vida, fé, ousadia e destemor.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
A expressão “façamos o ser humano à nossa imagem (*צֶלֶם – tselem) e conforme a nossa semelhança (*דְּמוּת – demuth)” (Gn 1.26) está entre as declarações mais profundas de toda a Escritura. Ambas as palavras hebraicas apontam para algo mais do que aparência física: tselem denota uma representação visível, enquanto demuth carrega a ideia de correspondência funcional ou moral. Logo, o ser humano não é apenas criado por Deus, mas criado para representar Deus.
Teólogos como Imago Dei, segundo Anthony Hoekema em Criados à Sua Imagem (1986), definem este conceito em três dimensões:
- Estrutural – Refere-se às capacidades racionais, morais e espirituais que refletem o Criador.
- Relacional – O homem é criado para comunhão: com Deus, com o próximo e com a criação.
- Funcional – A expressão “domine ele” (Gn 1.26) indica vocação de mordomia e governo.
O Novo Testamento reforça esse conceito à luz de Cristo, “a imagem (εἰκών – eikón) do Deus invisível” (Cl 1.15). Isso nos leva a compreender que a Imago Dei não é apenas algo que recebemos na criação, mas algo que nos é restaurado pela redenção. Assim, somos não apenas criaturas formadas, mas filhos conformados à imagem do Filho (Rm 8.29).
Implicações Práticas
Em um tempo de crise identitária, onde muitos definem seu valor por aparência, sucesso ou performance, a doutrina bíblica declara: “Você tem valor não pelo que faz, mas por quem o criou e para quem foi criado.”
Logo:
- Autocompaixão é anulada quando reconheço que fui tecido pelas mãos do Criador (Sl 139.13).
- Arrogância é destruída, pois ser imagem não me torna autossuficiente, mas dependente do Deus que represento (Jo 15.5).
- Propósito é restaurado, pois viver à imagem de Deus é viver com missão — refletindo Seu caráter no mundo (Mt 5.16).
📊 Tabela Expositiva — O Que Significa Ser Criado à Imagem de Deus?
Aspecto
Termo Bíblico
Significado
Implicação Prática
Ontológico
Tselem (Gn 1.26)
Representação visível de Deus
Minha existência declara quem Deus é
Moral/Espiritual
Demuth (Gn 1.26)
Semelhança de caráter
Sou chamado a refletir santidade e justiça
Cristológico
Eikón (Cl 1.15)
Cristo como imagem perfeita
Minha identidade é modelada em Cristo
Vocacional
“Dominem” (Gn 1.26)
Mandato de governo e serviço
Minha vida tem missão na criação
Redentivo
“Conformados à imagem” (Rm 8.29)
Restauração da Imago Dei
A salvação é um processo de re-espelhamento
✨ Aplicação Final
Você não é obra do acaso. Não é poeira cósmica. Não é estatística. Você é resultado de um conselho divino, moldado com dignidade e chamado com propósito. Enquanto o mundo tenta definir quem você é, Deus já declarou desde o Éden: você é imagem dEle.
A expressão “façamos o ser humano à nossa imagem (*צֶלֶם – tselem) e conforme a nossa semelhança (*דְּמוּת – demuth)” (Gn 1.26) está entre as declarações mais profundas de toda a Escritura. Ambas as palavras hebraicas apontam para algo mais do que aparência física: tselem denota uma representação visível, enquanto demuth carrega a ideia de correspondência funcional ou moral. Logo, o ser humano não é apenas criado por Deus, mas criado para representar Deus.
Teólogos como Imago Dei, segundo Anthony Hoekema em Criados à Sua Imagem (1986), definem este conceito em três dimensões:
- Estrutural – Refere-se às capacidades racionais, morais e espirituais que refletem o Criador.
- Relacional – O homem é criado para comunhão: com Deus, com o próximo e com a criação.
- Funcional – A expressão “domine ele” (Gn 1.26) indica vocação de mordomia e governo.
O Novo Testamento reforça esse conceito à luz de Cristo, “a imagem (εἰκών – eikón) do Deus invisível” (Cl 1.15). Isso nos leva a compreender que a Imago Dei não é apenas algo que recebemos na criação, mas algo que nos é restaurado pela redenção. Assim, somos não apenas criaturas formadas, mas filhos conformados à imagem do Filho (Rm 8.29).
Implicações Práticas
Em um tempo de crise identitária, onde muitos definem seu valor por aparência, sucesso ou performance, a doutrina bíblica declara: “Você tem valor não pelo que faz, mas por quem o criou e para quem foi criado.”
Logo:
- Autocompaixão é anulada quando reconheço que fui tecido pelas mãos do Criador (Sl 139.13).
- Arrogância é destruída, pois ser imagem não me torna autossuficiente, mas dependente do Deus que represento (Jo 15.5).
- Propósito é restaurado, pois viver à imagem de Deus é viver com missão — refletindo Seu caráter no mundo (Mt 5.16).
📊 Tabela Expositiva — O Que Significa Ser Criado à Imagem de Deus?
Aspecto | Termo Bíblico | Significado | Implicação Prática |
Ontológico | Tselem (Gn 1.26) | Representação visível de Deus | Minha existência declara quem Deus é |
Moral/Espiritual | Demuth (Gn 1.26) | Semelhança de caráter | Sou chamado a refletir santidade e justiça |
Cristológico | Eikón (Cl 1.15) | Cristo como imagem perfeita | Minha identidade é modelada em Cristo |
Vocacional | “Dominem” (Gn 1.26) | Mandato de governo e serviço | Minha vida tem missão na criação |
Redentivo | “Conformados à imagem” (Rm 8.29) | Restauração da Imago Dei | A salvação é um processo de re-espelhamento |
✨ Aplicação Final
Você não é obra do acaso. Não é poeira cósmica. Não é estatística. Você é resultado de um conselho divino, moldado com dignidade e chamado com propósito. Enquanto o mundo tenta definir quem você é, Deus já declarou desde o Éden: você é imagem dEle.
1. QUEM É O HOMEM
Responder à pergunta “quem é o homem” é um desafio que ultrapassa as fronteiras da ciência, da filosofia e das artes.
A biologia o descreve como um organismo dotado de sistemas funcionais.
A sociologia o interpreta como um ser que se constitui a partir de suas relações sociais.
A psicologia o define a partir de seus comportamentos, traumas e padrões emocionais.
A filosofia, por sua vez, busca compreendê-lo como um ente racional, agente da História, em constante reflexão sobre si mesmo e o mundo.
Cada uma dessas visões contribui com aspectos parciais da identidade humana, mas nenhuma delas consegue, por si só, apresentar uma definição plena e definitiva.
A Palavra de Deus, por outro lado, oferece uma visão integral e revelada daquele que é chamado de “a coroa da Criação” (cf. Sl 8.5).
Antes de compreender quem é esse ser modelado de pó e fôlego (Gn 2.7; Jó 33.4), à luz da teologia bíblica, é fundamental esclarecer o que ele não é, rejeitando ideias equivocadas que, ao longo dos séculos, têm contribuído para o desvirtuamento de seu verdadeiro propósito.
1.1. Ele não é pré-existente
Diferente do Deus eterno e autoexistente, sem princípio ou fim de dias (Sl 90.2), o ser humano possui um ponto de origem determinado pelo Ato Criador. Isso significa que ele não existia antes de ser formado. Ele foi criado no tempo e inserido na História; por isso, não pode ser confundido com qualquer divindade, nem possuir atributos divinos em sua origem.
A crença na pré-existência da alma — segundo a qual ela (a alma) já existia antes do nascimento físico da criatura humana — está presente em algumas correntes filosóficas, como o platonismo, e em religiões orientais, como o hinduísmo. Essas ideias sustentam que o ser humano reencarna sucessivamente, acumulando experiências rumo à elevação espiritual. No entanto, essa visão contraria o ensino claro das Escrituras, que afirmam que Adão passou a existir quando Deus o formou do pó da terra e lhe soprou o fôlego da vida (Gn 2.7).
Muito além da biologia — Mais do que corpo e razão, o homem é portador da imagem de Deus. Sua existência carrega propósito e revela que sua origem está no alto, não nos processos da natureza. A Bíblia não o apresenta como um espírito em trânsito, mas como uma criação intencional e única, surgida no tempo e com destino eterno. Ele pensa, sente, escolhe e adora.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1. Síntese inicial — a resposta bíblica
A Bíblia responde à pergunta “Quem é o homem?” afirmando que ele é criatura intencional de Deus: feito do pó da terra e vivificado pelo sopro divino (Gn 2.7). É imagem e representação de Deus (Imago Dei: צֶלֶם, tselem; דְּמוּת, demûth — Gn 1.26), portador de dignidade, vocação (mordomia) e destino. A antropologia bíblica é holística: o ser humano é corpo e vida (ou “alma”), espírito e relação; não é apenas matéria nem apenas espírito em trânsito. Sua origem é temporal (não pré-existente), sua vocação é espiritual e social (comunhão e mandato), e seu fim é eschatológico (restauração à imagem do Filho).
2. Exegese e análise lexical (Hebraico e Grego)
2.1 Gênesis 2:7 — origem e vivificação
Hebraico:
וַיִּיצֶר יְהוָה אֱלֹהִים אֶת־הָאָדָם עָפָר מִן־הָאֲדָמָה, וַיִּפַּח בְּאַפָּיו נִשְׁמַת חַיִּים; וַיְהִי הָאָדָם לְנֶפֶשׁ חַיָּה.
Termos importantes:
- וַיִּיצֶר (vayyitzer) — do verbo yāṣar (יצר): “formar, moldar” (imagem do oleiro). Indica ação deliberada, artesanal.
- עָפָר מִן־הָאֲדָמָה (ʿāfār min-ha-ʾădāmâ) — “pó da terra” (a raiz ʾădāmâ conecta Adão à terra).
- וַיִּפַּח בְּאַפָּיו נִשְׁמַת חַיִּים (vayippaḥ b’apav nishmat ḥayyim) — “e soprou nas suas narinas o sopro da vida”: nishmat ḥayyim representa a vivificação divina; o homem passa de pó inerte a nephesh chayyah (נֶפֶשׁ חַיָּה) — “ser vivente / alma vivente”.
- נֶפֶשׁ (nēp̄eš) — termo hebraico rico: vida, ser vivo, consciência; em muitos contextos não separa mecanicamente “alma” do corpo, mas descreve o ser na sua totalidade viva.
2.2 Gênesis 1.26 — Imago Dei
Hebraico: צֶלֶם (tselem) + דְּמוּת (demûth).
- Tselem = “imagem, representação” (um representante visível).
- Demûth = “semelhança, conformidade” (correspondência de caráter/forma funcional).
No NT o termo correspondente é grego εἰκών (eikṓn) — “imagem” (ver Col 1.15; 2Co 3.18). Paulo desenvolve: o homem foi criado para refletir a glória de Deus; a redenção visa restaurar esta imagem (Rm 8:29; Col 3:10).
2.3 Termos antropológicos no NT (grego)
- ἄνθρωπος (ánthrōpos) — “ser humano” (universal).
- σῶμα (sōma) — corpo; σάρξ (sárx) — carne (às vezes com conotação ética/limitada); ψυχή (psūchē) — vida/vida emocional; πνεῦμα (pneuma) — “espírito” (a dimensão relacional com Deus).
A Bíblia usa essa terminologia de modo funcional, muitas vezes entrelaçado, sem promover dualismo grego radical (corpo = mau, alma = bom); ao contrário, apresenta unidade integrada escatologicamente orientada.
3. O que a Bíblia nega (e por quê)
3.1 Não-pré-existência do ser humano
A Escritura ensina que o homem nasce na história: Adão foi formado por Deus no Éden; cada pessoa é “formada” (yāṣar) e “tecida” (verbos de criação) — a vida começa no ato criador (Gn 2:7). Textos como Eclesiastes 12:7 (“o pó volta à terra... o espírito volta a Deus”) e Jó 33:4 (“o espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-poderoso me dá vida”) falam do início e do término da vida humana no âmbito da criação e da devolução ao Criador, não de uma existência prévia. Assim, a doutrina bíblica se opõe à reencarnação / pré-existência da alma (platonismo, hinduísmo, algumas formas de Origenismo primitivo).
3.2 Não-redução do homem à biologia ou a estruturas sociais
A Bíblia não reduz o homem a “apenas um organismo” (biologia) nem a um conjunto de papéis sociais (sociologia). A antropologia bíblica é teológica: o homem é criatura relacional e moral, dotado de consciência, responsabilidade e destinação diante de Deus.
4. Síntese teológica: imagem, vocação e queda
4.1 Imago Dei — estrutura, função e finalidade
A “imagem de Deus” (tselem/demûth) tem três dimensões frequentemente distinguidas por teólogos:
- Estrutural — capacidades racionais, linguísticas, morais, criativas (a semelhança que torna o ser humano capaz de conhecer, decidir e adorar).
- Relacional — a intimidade com Deus e a capacidade de comunidade (made in the image to be in communion).
- Funcional / Vocacional — mandato de mordomia e governo (Genesis 1:28 וּרְדוּ — “subjuguem / dominem” sobre a criação), que deve ser exercido em serviço e responsabilidade.
A queda (Gn 3) não aniquila a imagem, mas a distorce: corrupção da vontade, inclinações pecaminosas, ruptura relacional. A redenção em Cristo é re-criação: somos “conformados à imagem do Filho” (Rm 8:29; Col 3:10; 2 Cor 3:18) — processo escatológico de restauração.
4.2 Constituição do homem — monista bíblico (holismo) vs dualismo filosófico
A perspectiva bíblica clássica é holística: homem = unidade vivente (cf. Gn 2:7 “nephesh chayyah”). A doutrina patrística e a escolástica articulam isso diferentemente:
- Hilemorfismo (Tomás de Aquino): união substancial de matéria (corpo) e forma (alma).
- Reforma (Calvino, Bavinck): enfase na imagem de Deus e na total depravação que afeta toda a pessoa.
A tradição evangélica moderna (p.ex. Wayne Grudem, Millard Erickson, Anthony Hoekema) mantém que o homem é corpo e alma/espírito, mas inseparavelmente humano: não se trata de “uma alma dentro de um corpo” mas de uma pessoa encarnada.
5. História do debate
- Platonismo / Origenismo: ideias de pré-existência e dualismo (a alma é imortal e anterior). Orígenes especulou sobre pré-existência de almas — posição que recebeu críticas e foi problematizada mais tarde.
- Cristianismo clássico (Athanasius, Augustiniano, Tomás): rejeitou pré-existência; enfatizou criação ex nihilo e a dignidade do corpo humano.
- Reforma (Calvino): homem criado bom, caído em pecado; necessidade de redenção.
- Teologia contemporânea (Bavinck, Hoekema, Grudem): reafirma Imago Dei, holismo e restauração em Cristo.
6. Implicações práticas e aplicações pastorais
6.1 Dignidade humana e ética
Se o homem é Imago Dei, então toda vida humana tem dignidade inviolável: orienta posições sobre aborto, eutanásia, racismo, escravidão, pena de morte, políticas públicas e justiça social.
6.2 Vocação e trabalho
O mandato de “dominar” (Gen 1:28 — וּרְדוּ, urĕḏû) é chamado para mordomia sustentável, criatividade e cuidado da criação. O trabalho humano, portanto, tem dignidade teológica — é forma de adoração quando o fazemos sob o senhorio de Cristo.
6.3 Identidade e crise contemporânea
Num mundo de crises identitárias (género, consumo, performance), a teologia bíblica ensina que a identidade última do homem não é social ou biológica apenas, mas teológica: criado por Deus, destinado à comunhão e à glória. Isso traz segurança existencial.
6.4 Pastoral e discipulado
A igreja deve formar pessoas que reconheçam sua origem (criadas), sua condição (caída), sua esperança (redimidas em Cristo) e sua missão (restaurar a criação e amar o próximo). A catequese cristã precisa enfatizar Imago Dei e a obra redentora de Cristo que nos transforma.
7. Aplicação pessoal — perguntas para reflexão e oração
- Se você foi deliberadamente formado por Deus, como isso muda a maneira como trata a si mesmo e os outros?
- De que formas você exerce (ou negligencia) sua vocação de mordomia sobre a criação?
- Onde sua identidade tem sido roubada por o que o mundo valoriza (status, produção, aparência)? Entregue isso a Deus e peça restauração.
Oração sugerida: “Senhor, que eu reconheça minha origem nas Tuas mãos, seja moldado pela Tua graça, e viva para refletir a Tua imagem em amor e serviço.”
8. Tabela expositiva — “Quem é o homem?” (resumo para uso imediato)
Tema
Texto(s)
Termo chave (Heb./Gr.)
Significado teológico
Aplicação prática
Origem
Gn 2.7
יָצַר (yāṣar) / נִשְׁמַת חַיִּים (nishmat ḥayyīm)
Formado do pó e vivificado pelo sopro divino; não pré-existente
Vida humana começa por criação divina; respeito pela vida
Imago Dei
Gn 1.26
צֶלֶם (tselem) / דְּמוּת (demûth) → εἰκών (eikṓn)
Representação e semelhança de Deus (estrutura, relação, função)
Dignidade humana; vocação de mordomia e adoração
Constituição
Gn 2.7; 1Co 15
נֶפֶשׁ (nēp̄eš) / ψυχή (psūchē) / σῶμα (sōma)
Antropologia holística: pessoa encarnada, não dualista
Saúde integral (corpo, mente, espírito)
Vocação
Gn 1.28
וּרְדוּ (urĕḏû) — “dominem”
Mandato de mordomia e responsabilidade sobre a criação
Trabalho com ética; cuidado ambiental
Queda e restauração
Gn 3; Rm 3; Rm 8:29
—
Queda distorce Imago Dei; a redenção em Cristo restaura
Vida de arrependimento e transformação espiritual
Destino
Rm 8; Col 3:10
μεταμόρφωσις / conformidade
Seremos conformados à imagem do Filho
Esperança escatológica; discipulado progressivo
1. Síntese inicial — a resposta bíblica
A Bíblia responde à pergunta “Quem é o homem?” afirmando que ele é criatura intencional de Deus: feito do pó da terra e vivificado pelo sopro divino (Gn 2.7). É imagem e representação de Deus (Imago Dei: צֶלֶם, tselem; דְּמוּת, demûth — Gn 1.26), portador de dignidade, vocação (mordomia) e destino. A antropologia bíblica é holística: o ser humano é corpo e vida (ou “alma”), espírito e relação; não é apenas matéria nem apenas espírito em trânsito. Sua origem é temporal (não pré-existente), sua vocação é espiritual e social (comunhão e mandato), e seu fim é eschatológico (restauração à imagem do Filho).
2. Exegese e análise lexical (Hebraico e Grego)
2.1 Gênesis 2:7 — origem e vivificação
Hebraico:
וַיִּיצֶר יְהוָה אֱלֹהִים אֶת־הָאָדָם עָפָר מִן־הָאֲדָמָה, וַיִּפַּח בְּאַפָּיו נִשְׁמַת חַיִּים; וַיְהִי הָאָדָם לְנֶפֶשׁ חַיָּה.
Termos importantes:
- וַיִּיצֶר (vayyitzer) — do verbo yāṣar (יצר): “formar, moldar” (imagem do oleiro). Indica ação deliberada, artesanal.
- עָפָר מִן־הָאֲדָמָה (ʿāfār min-ha-ʾădāmâ) — “pó da terra” (a raiz ʾădāmâ conecta Adão à terra).
- וַיִּפַּח בְּאַפָּיו נִשְׁמַת חַיִּים (vayippaḥ b’apav nishmat ḥayyim) — “e soprou nas suas narinas o sopro da vida”: nishmat ḥayyim representa a vivificação divina; o homem passa de pó inerte a nephesh chayyah (נֶפֶשׁ חַיָּה) — “ser vivente / alma vivente”.
- נֶפֶשׁ (nēp̄eš) — termo hebraico rico: vida, ser vivo, consciência; em muitos contextos não separa mecanicamente “alma” do corpo, mas descreve o ser na sua totalidade viva.
2.2 Gênesis 1.26 — Imago Dei
Hebraico: צֶלֶם (tselem) + דְּמוּת (demûth).
- Tselem = “imagem, representação” (um representante visível).
- Demûth = “semelhança, conformidade” (correspondência de caráter/forma funcional).
No NT o termo correspondente é grego εἰκών (eikṓn) — “imagem” (ver Col 1.15; 2Co 3.18). Paulo desenvolve: o homem foi criado para refletir a glória de Deus; a redenção visa restaurar esta imagem (Rm 8:29; Col 3:10).
2.3 Termos antropológicos no NT (grego)
- ἄνθρωπος (ánthrōpos) — “ser humano” (universal).
- σῶμα (sōma) — corpo; σάρξ (sárx) — carne (às vezes com conotação ética/limitada); ψυχή (psūchē) — vida/vida emocional; πνεῦμα (pneuma) — “espírito” (a dimensão relacional com Deus).
A Bíblia usa essa terminologia de modo funcional, muitas vezes entrelaçado, sem promover dualismo grego radical (corpo = mau, alma = bom); ao contrário, apresenta unidade integrada escatologicamente orientada.
3. O que a Bíblia nega (e por quê)
3.1 Não-pré-existência do ser humano
A Escritura ensina que o homem nasce na história: Adão foi formado por Deus no Éden; cada pessoa é “formada” (yāṣar) e “tecida” (verbos de criação) — a vida começa no ato criador (Gn 2:7). Textos como Eclesiastes 12:7 (“o pó volta à terra... o espírito volta a Deus”) e Jó 33:4 (“o espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-poderoso me dá vida”) falam do início e do término da vida humana no âmbito da criação e da devolução ao Criador, não de uma existência prévia. Assim, a doutrina bíblica se opõe à reencarnação / pré-existência da alma (platonismo, hinduísmo, algumas formas de Origenismo primitivo).
3.2 Não-redução do homem à biologia ou a estruturas sociais
A Bíblia não reduz o homem a “apenas um organismo” (biologia) nem a um conjunto de papéis sociais (sociologia). A antropologia bíblica é teológica: o homem é criatura relacional e moral, dotado de consciência, responsabilidade e destinação diante de Deus.
4. Síntese teológica: imagem, vocação e queda
4.1 Imago Dei — estrutura, função e finalidade
A “imagem de Deus” (tselem/demûth) tem três dimensões frequentemente distinguidas por teólogos:
- Estrutural — capacidades racionais, linguísticas, morais, criativas (a semelhança que torna o ser humano capaz de conhecer, decidir e adorar).
- Relacional — a intimidade com Deus e a capacidade de comunidade (made in the image to be in communion).
- Funcional / Vocacional — mandato de mordomia e governo (Genesis 1:28 וּרְדוּ — “subjuguem / dominem” sobre a criação), que deve ser exercido em serviço e responsabilidade.
A queda (Gn 3) não aniquila a imagem, mas a distorce: corrupção da vontade, inclinações pecaminosas, ruptura relacional. A redenção em Cristo é re-criação: somos “conformados à imagem do Filho” (Rm 8:29; Col 3:10; 2 Cor 3:18) — processo escatológico de restauração.
4.2 Constituição do homem — monista bíblico (holismo) vs dualismo filosófico
A perspectiva bíblica clássica é holística: homem = unidade vivente (cf. Gn 2:7 “nephesh chayyah”). A doutrina patrística e a escolástica articulam isso diferentemente:
- Hilemorfismo (Tomás de Aquino): união substancial de matéria (corpo) e forma (alma).
- Reforma (Calvino, Bavinck): enfase na imagem de Deus e na total depravação que afeta toda a pessoa.
A tradição evangélica moderna (p.ex. Wayne Grudem, Millard Erickson, Anthony Hoekema) mantém que o homem é corpo e alma/espírito, mas inseparavelmente humano: não se trata de “uma alma dentro de um corpo” mas de uma pessoa encarnada.
5. História do debate
- Platonismo / Origenismo: ideias de pré-existência e dualismo (a alma é imortal e anterior). Orígenes especulou sobre pré-existência de almas — posição que recebeu críticas e foi problematizada mais tarde.
- Cristianismo clássico (Athanasius, Augustiniano, Tomás): rejeitou pré-existência; enfatizou criação ex nihilo e a dignidade do corpo humano.
- Reforma (Calvino): homem criado bom, caído em pecado; necessidade de redenção.
- Teologia contemporânea (Bavinck, Hoekema, Grudem): reafirma Imago Dei, holismo e restauração em Cristo.
6. Implicações práticas e aplicações pastorais
6.1 Dignidade humana e ética
Se o homem é Imago Dei, então toda vida humana tem dignidade inviolável: orienta posições sobre aborto, eutanásia, racismo, escravidão, pena de morte, políticas públicas e justiça social.
6.2 Vocação e trabalho
O mandato de “dominar” (Gen 1:28 — וּרְדוּ, urĕḏû) é chamado para mordomia sustentável, criatividade e cuidado da criação. O trabalho humano, portanto, tem dignidade teológica — é forma de adoração quando o fazemos sob o senhorio de Cristo.
6.3 Identidade e crise contemporânea
Num mundo de crises identitárias (género, consumo, performance), a teologia bíblica ensina que a identidade última do homem não é social ou biológica apenas, mas teológica: criado por Deus, destinado à comunhão e à glória. Isso traz segurança existencial.
6.4 Pastoral e discipulado
A igreja deve formar pessoas que reconheçam sua origem (criadas), sua condição (caída), sua esperança (redimidas em Cristo) e sua missão (restaurar a criação e amar o próximo). A catequese cristã precisa enfatizar Imago Dei e a obra redentora de Cristo que nos transforma.
7. Aplicação pessoal — perguntas para reflexão e oração
- Se você foi deliberadamente formado por Deus, como isso muda a maneira como trata a si mesmo e os outros?
- De que formas você exerce (ou negligencia) sua vocação de mordomia sobre a criação?
- Onde sua identidade tem sido roubada por o que o mundo valoriza (status, produção, aparência)? Entregue isso a Deus e peça restauração.
Oração sugerida: “Senhor, que eu reconheça minha origem nas Tuas mãos, seja moldado pela Tua graça, e viva para refletir a Tua imagem em amor e serviço.”
8. Tabela expositiva — “Quem é o homem?” (resumo para uso imediato)
Tema | Texto(s) | Termo chave (Heb./Gr.) | Significado teológico | Aplicação prática |
Origem | Gn 2.7 | יָצַר (yāṣar) / נִשְׁמַת חַיִּים (nishmat ḥayyīm) | Formado do pó e vivificado pelo sopro divino; não pré-existente | Vida humana começa por criação divina; respeito pela vida |
Imago Dei | Gn 1.26 | צֶלֶם (tselem) / דְּמוּת (demûth) → εἰκών (eikṓn) | Representação e semelhança de Deus (estrutura, relação, função) | Dignidade humana; vocação de mordomia e adoração |
Constituição | Gn 2.7; 1Co 15 | נֶפֶשׁ (nēp̄eš) / ψυχή (psūchē) / σῶμα (sōma) | Antropologia holística: pessoa encarnada, não dualista | Saúde integral (corpo, mente, espírito) |
Vocação | Gn 1.28 | וּרְדוּ (urĕḏû) — “dominem” | Mandato de mordomia e responsabilidade sobre a criação | Trabalho com ética; cuidado ambiental |
Queda e restauração | Gn 3; Rm 3; Rm 8:29 | — | Queda distorce Imago Dei; a redenção em Cristo restaura | Vida de arrependimento e transformação espiritual |
Destino | Rm 8; Col 3:10 | μεταμόρφωσις / conformidade | Seremos conformados à imagem do Filho | Esperança escatológica; discipulado progressivo |
1.2. Ele não é uma derivação da essência de Deus
A afirmação de que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26,27) não implica que ele participe da essência divina. Trata-se de uma semelhança funcional e relacional, refletida em atributos comunicáveis, como racionalidade, moralidade e espiritualidade (cf. Tópico 3). Contudo, o ser humano permanece distinto em natureza, não compartilhando Seus atributos incomunicáveis, como onisciência, onipresença e onipotência.
Identificá-lo como uma extensão da Divindade é adotar uma concepção panteísta — perspectiva filosófico-religiosa segundo a qual Deus e o universo são idênticos (“Deus é tudo e tudo é Deus”), diluindo a distinção entre Criador e criatura. Tal concepção é incompatível com a teologia bíblica, que afirma a transcendência do Eterno (Is 55.8,9; 1 Rs 8.27) e a contingência da Criação (Gn 1.1; Hb 11.3).
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
A Bíblia ensina que o homem foi criado por Deus (ex nihilo) e é portador da imagem de Deus (Imago Dei), mas não é nem pode ser uma derivação da essência divina. A semelhança humana com Deus é funcional-relacional e, por graça, transformativa; não ontológica: o ser humano não participa da ousía (essência) de Deus e não adquire atributos incomunicáveis (onisciência, onipresença, onipotência). Qualquer visão que confunda Criador com criatura (panteísmo) ou que dissolva a distinção ontológica é contrária ao ensino bíblico.
1. Exegese chave — termos e textos
Gênesis 1:26–27 (hebraico e LXX)
- Hebraico: צֶלֶם (tselem) e דְּמוּת (demûth).
- tselem = “imagem”, isto é, representação; implica que o humano representa Deus no mundo.
- demûth = “semelhança/semelhante”, aponta para correspondência funcional/moral.
- Septuaginta (LXX, grego) traduz por εἰκόνα (eikóna) καὶ ὁμοίωσιν (homoíōsin) — a mesma matriz semântica: imagem e semelhança, não identidade de essência.
Conclusão exegética: o texto cria uma analogia de representação e vocação, não uma afirmação de que o ser humano procede da substância divina.
2 Pedro 1:4 — “participais da natureza divina” (μετόχους θείας φύσεως)
- Texto: μετόχους τῆς θείας φύσεως (“co-participantes/partakers of the divine nature”).
- Importante clarificar: metochos (partícipe) aqui significa participação comunicativa (vida, santidade, comunhão) e não conversão ontológica em “deus” substancial. Os pais da Igreja e a tradição reformada leem 2Pe 1:4 como oferta de comunhão redentora, não como fusão de criaturas na essência divina.
Outros textos que mantêm a distinção Criador–criatura
- Isaías 55:8–9; 1 Reis 8:27 — afirmam a transcendência de YHWH (a diferença qualitativa entre Deus e criatura).
- Hebreus 11:3 — mundo formado pela palavra de Deus; contingência criada, não emanativa da divindade.
- Atos 17:24–25; Colossenses 1:16–17; Hebreus 1:3 — Deus é Aquele que cria e sustenta; existência humana depende dele, não delevação da divindade.
2. Conceitos teológicos: comunicação de atributos e limites
Comunicável vs. incomunicável
- Atributos comunicáveis: qualidades divinas que podem refletir-se analogicamente no humano (por exemplo: racionalidade, moralidade, criatividade, capacidade de amar, espiritualidade, capacidade de relacionar-se). Termos bíblicos: σοφία (sabedoria), ἀγάπη (amor), δικαιοσύνη (justiça) — atribuíveis a Deus e, analogicamente, ao homem.
- Atributos incomunicáveis: propriedades constitutivas da divindade que não pertencem à criatura: aseity (auto-existência), omni-atributos (onisciente, παντογνώστης/ “all-knowing”; onipotente, παντοδυναμία; onipresente, πανταχού παρών), eternidade absoluta (αἰώνιος no sentido “sem princípio”), infinita simplicidade divina (θεία ἁπλότης). Esses são exclusivos de Deus e marcam a diferença ontológica.
A Imago Dei significa que o humano espelha alguns aspectos da vida divina, mas sempre de modo finito, contingente e dependente.
3. Crítica ao panteísmo / panenteísmo e o perigo teológico
- Panteísmo: “Deus = universo”. Dissolve toda distinção entre Criador e criatura. Contradiz Gn 1 (transcendência criadora) e textos que falam da contingência da criação.
- Panenteísmo (Deus em tudo, tudo em Deus): tenta manter transcendência mas enfraquece radicalmente a distinção, correndo o risco de reduzir a graça e a redenção a meras mudanças de estado na própria divindade.
Bíblia e teologia clássica recusam ambas as posições, porque as Escrituras preservam sempre a diferença ontológica: Deus cria, não é criado; a criação é contingente, não divina.
4. A visão cristã clássica sobre “participação” (theosis / deificação)
- Oriental (ortodoxa): fala de theosis — “participação na vida divina” (2Pe 1:4) — mas distingue ousía (essência) e energeiai (energias) em certos formuladores (Gregório Palamas). Theosis = participação da criatura na vida de Deus por graça, sem confundir essências.
- Ocidente (reforma/latim): enfatiza restauração da imagem em Cristo (Romanos 8:29), a santificação e união com Cristo, mas igualmente rejeita qualquer mistura ontológica com a essência divina. Autoridades: Agostinho, Tomás de Aquino (hilemorfismo), Calvin, Bavinck.
Síntese teológica útil: participação transformativa ≠ partilha da ousía divina. Deus comunica vida, graça e semelhança moral pela obra de Cristo; isso não equivale a tornar o homem membro da substância divina.
5. Aplicação pastoral e prática
- Dignidade sem divinização: defender a inviolável dignidade humana (contra utilitarismos) sem confundir pessoas com divindade. Toda vida humana merece respeito porque é obra de Deus, mas não é objeto de culto.
- Humildade teológica: reconhecer limites humanos — não há onisciência nem autonomia absoluta; isso cultiva dependência de Deus em sabedoria e decisão.
- Missão e mordomia: Imago Dei implica vocação: governar a criação como mordomos (Gn 1:28), com responsabilidade ética (ambiental, social, econômica).
- Teologia pastoral da restauração: anunciar que a redenção em Cristo restaura a imagem danificada pela queda (Rm 8:29). A oferta de “participação na vida divina” é um convite gracioso, não uma promessa de fusão ontológica.
- Diálogo com cultura: em debates sobre “auto-divinização” (ex.: terapias, movimentos New Age), afirmar tanto a transcendência de Deus quanto a dignidade humana, apontando para a graça redentora — não para a absorção panenteísta.
6. Tabela expositiva — resumo para ensino
Afirmação
Texto(s) bíblicos
Termos chave (Heb./Gr.)
Correção teológica
Aplicação prática
O homem é imagem de Deus
Gn 1:26–27
צֶלֶם / דְּמוּת (tselem / demûth); LXX εἰκόνα / ὁμοίωσιν
Imagem = representação funcional/relacional, não identidade de essência
Dignidade humana e vocação de mordomia
Homem não é derivação da essência divina
Heb 11:3; Is 55:8–9; Acts 17:24–25
—
Criador ≠ criatura; criação é contingente, não emanativa da ousía divina
Rejeitar panteísmo/panenteísmo; afirmar transcendência
Participação vs. identidade
2 Pe 1:4
μετόχους θείας φύσεως (metóchoi theías physéōs)
Participação redentora = comunhão por graça, não fusão de ousías
Theosis (Ortodoxia) e santificação (Ocidente) conciliáveis se bem entendidas
Atributos comunicáveis
Gn 1; Ps; NT
sabedoria (σοφία), amor (ἀγάπη), justiça (δικαιοσύνη)
Reflexos finitos dos atributos divinos
Ética, criatividade, justiça social
Atributos incomunicáveis
Ps 90:2; Is 40; Heb 1
aseity, eternidade, omnis (onipotência etc.)
Exclusivos de Deus; marcam a diferença ontológica
Culto, reverência, dependência
Conclusão
A teologia bíblica mantém rigorosamente a distinção entre Criador e criatura: o ser humano é imagem de Deus no sentido de representação, vocação e capacidade de relação, mas não é uma derivação ontológica da essência divina. A fé cristã oferece a esperança de restauração (re-imago) por Cristo — uma participação transformadora na vida de Deus — sem dissolver a linha que separa o Ser infinito do ser finito.
A Bíblia ensina que o homem foi criado por Deus (ex nihilo) e é portador da imagem de Deus (Imago Dei), mas não é nem pode ser uma derivação da essência divina. A semelhança humana com Deus é funcional-relacional e, por graça, transformativa; não ontológica: o ser humano não participa da ousía (essência) de Deus e não adquire atributos incomunicáveis (onisciência, onipresença, onipotência). Qualquer visão que confunda Criador com criatura (panteísmo) ou que dissolva a distinção ontológica é contrária ao ensino bíblico.
1. Exegese chave — termos e textos
Gênesis 1:26–27 (hebraico e LXX)
- Hebraico: צֶלֶם (tselem) e דְּמוּת (demûth).
- tselem = “imagem”, isto é, representação; implica que o humano representa Deus no mundo.
- demûth = “semelhança/semelhante”, aponta para correspondência funcional/moral.
- Septuaginta (LXX, grego) traduz por εἰκόνα (eikóna) καὶ ὁμοίωσιν (homoíōsin) — a mesma matriz semântica: imagem e semelhança, não identidade de essência.
Conclusão exegética: o texto cria uma analogia de representação e vocação, não uma afirmação de que o ser humano procede da substância divina.
2 Pedro 1:4 — “participais da natureza divina” (μετόχους θείας φύσεως)
- Texto: μετόχους τῆς θείας φύσεως (“co-participantes/partakers of the divine nature”).
- Importante clarificar: metochos (partícipe) aqui significa participação comunicativa (vida, santidade, comunhão) e não conversão ontológica em “deus” substancial. Os pais da Igreja e a tradição reformada leem 2Pe 1:4 como oferta de comunhão redentora, não como fusão de criaturas na essência divina.
Outros textos que mantêm a distinção Criador–criatura
- Isaías 55:8–9; 1 Reis 8:27 — afirmam a transcendência de YHWH (a diferença qualitativa entre Deus e criatura).
- Hebreus 11:3 — mundo formado pela palavra de Deus; contingência criada, não emanativa da divindade.
- Atos 17:24–25; Colossenses 1:16–17; Hebreus 1:3 — Deus é Aquele que cria e sustenta; existência humana depende dele, não delevação da divindade.
2. Conceitos teológicos: comunicação de atributos e limites
Comunicável vs. incomunicável
- Atributos comunicáveis: qualidades divinas que podem refletir-se analogicamente no humano (por exemplo: racionalidade, moralidade, criatividade, capacidade de amar, espiritualidade, capacidade de relacionar-se). Termos bíblicos: σοφία (sabedoria), ἀγάπη (amor), δικαιοσύνη (justiça) — atribuíveis a Deus e, analogicamente, ao homem.
- Atributos incomunicáveis: propriedades constitutivas da divindade que não pertencem à criatura: aseity (auto-existência), omni-atributos (onisciente, παντογνώστης/ “all-knowing”; onipotente, παντοδυναμία; onipresente, πανταχού παρών), eternidade absoluta (αἰώνιος no sentido “sem princípio”), infinita simplicidade divina (θεία ἁπλότης). Esses são exclusivos de Deus e marcam a diferença ontológica.
A Imago Dei significa que o humano espelha alguns aspectos da vida divina, mas sempre de modo finito, contingente e dependente.
3. Crítica ao panteísmo / panenteísmo e o perigo teológico
- Panteísmo: “Deus = universo”. Dissolve toda distinção entre Criador e criatura. Contradiz Gn 1 (transcendência criadora) e textos que falam da contingência da criação.
- Panenteísmo (Deus em tudo, tudo em Deus): tenta manter transcendência mas enfraquece radicalmente a distinção, correndo o risco de reduzir a graça e a redenção a meras mudanças de estado na própria divindade.
Bíblia e teologia clássica recusam ambas as posições, porque as Escrituras preservam sempre a diferença ontológica: Deus cria, não é criado; a criação é contingente, não divina.
4. A visão cristã clássica sobre “participação” (theosis / deificação)
- Oriental (ortodoxa): fala de theosis — “participação na vida divina” (2Pe 1:4) — mas distingue ousía (essência) e energeiai (energias) em certos formuladores (Gregório Palamas). Theosis = participação da criatura na vida de Deus por graça, sem confundir essências.
- Ocidente (reforma/latim): enfatiza restauração da imagem em Cristo (Romanos 8:29), a santificação e união com Cristo, mas igualmente rejeita qualquer mistura ontológica com a essência divina. Autoridades: Agostinho, Tomás de Aquino (hilemorfismo), Calvin, Bavinck.
Síntese teológica útil: participação transformativa ≠ partilha da ousía divina. Deus comunica vida, graça e semelhança moral pela obra de Cristo; isso não equivale a tornar o homem membro da substância divina.
5. Aplicação pastoral e prática
- Dignidade sem divinização: defender a inviolável dignidade humana (contra utilitarismos) sem confundir pessoas com divindade. Toda vida humana merece respeito porque é obra de Deus, mas não é objeto de culto.
- Humildade teológica: reconhecer limites humanos — não há onisciência nem autonomia absoluta; isso cultiva dependência de Deus em sabedoria e decisão.
- Missão e mordomia: Imago Dei implica vocação: governar a criação como mordomos (Gn 1:28), com responsabilidade ética (ambiental, social, econômica).
- Teologia pastoral da restauração: anunciar que a redenção em Cristo restaura a imagem danificada pela queda (Rm 8:29). A oferta de “participação na vida divina” é um convite gracioso, não uma promessa de fusão ontológica.
- Diálogo com cultura: em debates sobre “auto-divinização” (ex.: terapias, movimentos New Age), afirmar tanto a transcendência de Deus quanto a dignidade humana, apontando para a graça redentora — não para a absorção panenteísta.
6. Tabela expositiva — resumo para ensino
Afirmação | Texto(s) bíblicos | Termos chave (Heb./Gr.) | Correção teológica | Aplicação prática |
O homem é imagem de Deus | Gn 1:26–27 | צֶלֶם / דְּמוּת (tselem / demûth); LXX εἰκόνα / ὁμοίωσιν | Imagem = representação funcional/relacional, não identidade de essência | Dignidade humana e vocação de mordomia |
Homem não é derivação da essência divina | Heb 11:3; Is 55:8–9; Acts 17:24–25 | — | Criador ≠ criatura; criação é contingente, não emanativa da ousía divina | Rejeitar panteísmo/panenteísmo; afirmar transcendência |
Participação vs. identidade | 2 Pe 1:4 | μετόχους θείας φύσεως (metóchoi theías physéōs) | Participação redentora = comunhão por graça, não fusão de ousías | Theosis (Ortodoxia) e santificação (Ocidente) conciliáveis se bem entendidas |
Atributos comunicáveis | Gn 1; Ps; NT | sabedoria (σοφία), amor (ἀγάπη), justiça (δικαιοσύνη) | Reflexos finitos dos atributos divinos | Ética, criatividade, justiça social |
Atributos incomunicáveis | Ps 90:2; Is 40; Heb 1 | aseity, eternidade, omnis (onipotência etc.) | Exclusivos de Deus; marcam a diferença ontológica | Culto, reverência, dependência |
Conclusão
A teologia bíblica mantém rigorosamente a distinção entre Criador e criatura: o ser humano é imagem de Deus no sentido de representação, vocação e capacidade de relação, mas não é uma derivação ontológica da essência divina. A fé cristã oferece a esperança de restauração (re-imago) por Cristo — uma participação transformadora na vida de Deus — sem dissolver a linha que separa o Ser infinito do ser finito.
1.3. Ele não é a expressão física do Eterno
Alguns escritores sagrados utilizaram termos como mãos (Êx 15.12), olhos (2 Cr 16.9), braços (Dt 33.27) e olhos e ouvidos (Sl 34.15) para fazer referência às manifestações do Altíssimo na história bíblica. Tais descrições devem ser interpretadas como antropomorfismos teológicos — recursos linguísticos por meio dos quais os atributos e ações divinas são comunicados em termos humanos, a fim de tornar a revelação compreensível à nossa mente limitada.
Contudo, é necessário afirmar com clareza que Deus é espírito (Jo 4.24) e, portanto, não possui corporeidade física. Atribuir ao Criador uma forma humana literal é reduzir Sua natureza ao plano material, algo incompatível com a revelação das Escrituras, que o descreve como invisível, eterno e exaltado acima de toda a Criação (1 Tm 1.17).
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1. Tese principal
As Escrituras usam com frequência linguagem antropomórfica (mãos, olhos, braços etc.) para comunicar ações e atributos de Deus de forma compreensível ao ser humano. Isso não significa que Deus tenha corpo físico: a revelação bíblica afirma claramente que Deus é espírito (πνεῦμα, Jo 4.24), invisível e transcendente (1Tm 1.17; Ex 3.14). Os antropomorfismos são recursos de linguagem (accommodatio) — expressões condescendentes que traduzem a ação divina em termos humanos. Teologia fiel distingue a forma figurativa da linguagem da realidade ontológica: Deus age no mundo, mas não como criatura corpórea.
2. Análise exegética e lexical (Hebraico / Grego)
2.1 Termos hebraicos e passagens citadas
- יד (yād) — “mão”: Ex 15.12 (vírgula LXX/MT) — “moveste com a tua mão” (כַּפְּךָ). Yād frequentemente indica poder operativo de Deus (p.ex. Ex 3:20; Dt 4:34).
- עינים/עין (ʿayin / ʿayinîm) — “olho(s)”: 2Cr 16.9 (Heb.: עֵין ה׳), onde se diz que “os olhos do Senhor percorrem toda a terra”. O verbo e a imagem transmitem vigilância e cuidado.
- זרוע (zərūaʿ) — “braço”: Dt 33.27; Isa 53 e Sl 98:1 — braço simboliza ação poderosa e libertadora (e.g. יָֽמִין / “mão direita”).
- אֹזֶן (ʾōzen) — “ouvido”: Sl 34.15 (“os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor”). O termo aponta para atenção e prontidão de Deus para ouvir.
Essas imagens fazem parte da linguagem antropopática e antropomórfica do AT — descrevem como Deus age e se relaciona sem atribuir-lhe uma forma física.
2.2 Termos gregos e NT
- πνεῦμα (pneuma) — “espírito”: João 4.24 — ὁ θεὸς πνεῦμα ἐστίν: “Deus é espírito.” Aqui o termo nega corporeidade divina e direciona para uma compreensão de Deus como ser não corpóreo, relacional e dinamicamente presente.
- ἀόρατος (aoratos) — “invisível”: 1Tm 1.17 — Deus é descrito como o Deus “invisível” (ὁ ἀόρατος).
- σῶμα (sōma) / σάρξ (sarx) — termos usados para a humanidade; o Evangelho de João sublinha que o Logos, embora divino, se fez carne (σὰρξ ἐγένετο, Jo 1.14) — isto é, a encarnação é singular: Deus assume corpo humano em Jesus, sem, porém, tornar a condição divina corpórea (misteriosa união hipostática).
2.3 Léxicos e raízes
- Para estudo lexical: HALOT (hebraico) e BDAG (grego) tratam yād, zərūaʿ, ʿayin, pneuma como imagens semíticas e helenísticas que comunicam atributos operativos de Deus por analogia.
3. Antropomorfismo teológico: tipos e funções
3.1 O que é antropomorfismo?
Antropomorfismo é o uso de categorias humanas para falar de Deus — mãos, olhos, face, coração, joelhos. Há duas categorias correlatas:
- Antropopatia: atribuir emoções humanas a Deus (ex.: “Deus se irritou”, “Deus se compadece”).
- Antropomorfismo propriamente dito: atribuir partes do corpo como “mão”, “braço”, “olhos”.
3.2 Funções hermenêuticas do antropomorfismo
- Accommodatio (condescensão): Deus se comunica segundo a capacidade finita do receptor (cf. Ex 3:14 — “Eu Sou” explicado por imagens).
- Analogía: linguagem analógica (não unívoca, não equívoca) — falamos de Deus de forma proporcional: o “braço de Deus” expressa poder sem afirmar literalidade corporal.
- Pastoral: imagens sensíveis ajudam a transmitir consolo, justiça e presença divina (ex.: “os olhos do Senhor sobre nós”).
3.3 Limites e perigos
- Tomar o antropomorfismo literalmente conduz ao corporeísmo (atribuir corpo a Deus) e, por fim, ao idólatra (imaginar Deus com forma finita).
- Tomar somente negativas (apophatic theology) sem as imagens bíblicas pode levar a abstrações que tornam Deus distante e incompreensível.
4. Tradição teológica: patrística, medieval e reforma
4.1 Patrística e teologia apofática
- Maimônides (judaísmo medieval) e a tradição apofática (negativa) cristã afirmam que não podemos predicar idem sobre Deus; portanto, muitas imagens são negativas (Deus não é corpo).
- Gregório de Nissa e teólogos orientais reconheceram imagens, mas sempre delinearam a transcendência divina.
4.2 Medieval / Tomás de Aquino
- Tomás de Aquino distinguiu entre linguagem unívoca, equívoca e análoga. As imagens corporais para Deus são análogas — não implicam identidade literal.
- Ele também sustentou que Deus é simples (divina simplicidade), sem partes, o que exclui corporeidade.
4.3 Reforma (Calvino)
- João Calvino insistiu na necessidade das imagens para a compreensão humana, mas advertiu fortemente contra imaginar Deus como corpo material. Ele enfatizou que as Escrituras falam “conforme ao homem”— aceitável para conhecimento limitado, mas sempre com crítica ao antropomorfismo literal e idolatria.
5. A encarnação: exceção singular, não regra
O Logos se fez carne (Jo 1.14) é um evento único: Deus assume humanidade em Cristo; isso não é prova de que Deus em si é corpóreo. A teologia cristã clássica (Concílio de Calcedônia) ensina que em Cristo há união hipostática: duas naturezas (divina e humana) em uma Pessoa. Mas isto não transforma a natureza divina em corporalidade; antes, assume que o Filho realiza a ação redentora por meio de um corpo real.
6. Confrontando práticas e crenças contemporâneas
- Imagens populares (estátuas, pinturas) podem ser úteis para ensinar, mas correm risco de produzir conceitos iconográficos errados: ver a imagem como representação simbólica é legítimo; ver a imagem como identidade real é idolatria.
- Movimentos espiritualistas que literalmente personificam Deus com traços humanos confundem transcendência e imanência.
7. Aplicação pastoral e espiritual
- Culto e adoração — adorar sem antropomorfismo literal: use imagens bíblicas para expressar atributos de Deus, mas mantenha a reverência pela transcendência divina.
- Leitura bíblica — interprete antropomorfismos como recursos pedagógicos; desenvolva prática de leitura que combine sensibilidade conversacional com teologia negativa (Deus é mais do que nossas imagens).
- Prevenção de idolatria — ensine a congregação a distinguir entre símbolo e realidade; cultos não devem promover representações de Deus que levem à concepção de um “deus limitado”.
- Consolo e confiança — as imagens (mão, braço, olhos) são instrumentos bíblicos para consolo: “os olhos do Senhor estão sobre ti” nos garantem cuidado real. Use-as pastoralmente com equilíbrio teológico.
8. Tabela expositiva (para ensino / folheto)
Texto bíblico
Termo/Imagem
Tipo de linguagem
O que comunica
Como interpretar
Êxodo 15:12
יד (mão)
Antropomorfismo (mão divina)
Poder libertador de Deus
Imagem de ação / não corporeidade
2Cr 16:9; Sl 34:15
עין/אוזן (olhos/ouvidos)
Antropopatia/antropomorfismo
Vigilância e atenção de Deus
Vigilância/Providência (análoga)
Dt 33:27; Is 53
זרוע (braço)
Símbolo de poder e salvação
Ação poderosa e libertadora
Brasil: governo e salvação, não forma literária
Jo 4:24
πνεῦμα (espírito)
Afirmativa ontológica
Deus é não-corpóreo, relacional
Afirmação central sobre natureza divina
1 Tm 1:17
ἀόρατος (invisível)
Teologia apofática
Deus transcendente e invisível
Evitar corporeísmo e idolatria
Jo 1:14
σὰρξ ἐγένετο
Encarnação (exceção histórica)
O Verbo assume humanidade em Cristo
União hipostática: singular, não regra para Deus
9. Conclusão
A Bíblia fala de Deus “com mãos, olhos, braços” para nos tornar compreensível o Seu agir no mundo; mas jamais ensina que Deus é corpo. A verdade bíblica é dupla e complementar: Deus é transcendente e invisível (Deus é espírito); por outro lado, Ele é também o Deus que se aproxima e age, de modo que a linguagem antropomórfica é necessária para nossa comunicação e adoração. A encarnação de Cristo é o ato singular pelo qual o Verbo assume a condição humana — isso reafirma que, em si mesmo, Deus não é uma expressão física, mas o que se fez visível por amor numa única e decisiva intervenção.
1. Tese principal
As Escrituras usam com frequência linguagem antropomórfica (mãos, olhos, braços etc.) para comunicar ações e atributos de Deus de forma compreensível ao ser humano. Isso não significa que Deus tenha corpo físico: a revelação bíblica afirma claramente que Deus é espírito (πνεῦμα, Jo 4.24), invisível e transcendente (1Tm 1.17; Ex 3.14). Os antropomorfismos são recursos de linguagem (accommodatio) — expressões condescendentes que traduzem a ação divina em termos humanos. Teologia fiel distingue a forma figurativa da linguagem da realidade ontológica: Deus age no mundo, mas não como criatura corpórea.
2. Análise exegética e lexical (Hebraico / Grego)
2.1 Termos hebraicos e passagens citadas
- יד (yād) — “mão”: Ex 15.12 (vírgula LXX/MT) — “moveste com a tua mão” (כַּפְּךָ). Yād frequentemente indica poder operativo de Deus (p.ex. Ex 3:20; Dt 4:34).
- עינים/עין (ʿayin / ʿayinîm) — “olho(s)”: 2Cr 16.9 (Heb.: עֵין ה׳), onde se diz que “os olhos do Senhor percorrem toda a terra”. O verbo e a imagem transmitem vigilância e cuidado.
- זרוע (zərūaʿ) — “braço”: Dt 33.27; Isa 53 e Sl 98:1 — braço simboliza ação poderosa e libertadora (e.g. יָֽמִין / “mão direita”).
- אֹזֶן (ʾōzen) — “ouvido”: Sl 34.15 (“os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atentos ao seu clamor”). O termo aponta para atenção e prontidão de Deus para ouvir.
Essas imagens fazem parte da linguagem antropopática e antropomórfica do AT — descrevem como Deus age e se relaciona sem atribuir-lhe uma forma física.
2.2 Termos gregos e NT
- πνεῦμα (pneuma) — “espírito”: João 4.24 — ὁ θεὸς πνεῦμα ἐστίν: “Deus é espírito.” Aqui o termo nega corporeidade divina e direciona para uma compreensão de Deus como ser não corpóreo, relacional e dinamicamente presente.
- ἀόρατος (aoratos) — “invisível”: 1Tm 1.17 — Deus é descrito como o Deus “invisível” (ὁ ἀόρατος).
- σῶμα (sōma) / σάρξ (sarx) — termos usados para a humanidade; o Evangelho de João sublinha que o Logos, embora divino, se fez carne (σὰρξ ἐγένετο, Jo 1.14) — isto é, a encarnação é singular: Deus assume corpo humano em Jesus, sem, porém, tornar a condição divina corpórea (misteriosa união hipostática).
2.3 Léxicos e raízes
- Para estudo lexical: HALOT (hebraico) e BDAG (grego) tratam yād, zərūaʿ, ʿayin, pneuma como imagens semíticas e helenísticas que comunicam atributos operativos de Deus por analogia.
3. Antropomorfismo teológico: tipos e funções
3.1 O que é antropomorfismo?
Antropomorfismo é o uso de categorias humanas para falar de Deus — mãos, olhos, face, coração, joelhos. Há duas categorias correlatas:
- Antropopatia: atribuir emoções humanas a Deus (ex.: “Deus se irritou”, “Deus se compadece”).
- Antropomorfismo propriamente dito: atribuir partes do corpo como “mão”, “braço”, “olhos”.
3.2 Funções hermenêuticas do antropomorfismo
- Accommodatio (condescensão): Deus se comunica segundo a capacidade finita do receptor (cf. Ex 3:14 — “Eu Sou” explicado por imagens).
- Analogía: linguagem analógica (não unívoca, não equívoca) — falamos de Deus de forma proporcional: o “braço de Deus” expressa poder sem afirmar literalidade corporal.
- Pastoral: imagens sensíveis ajudam a transmitir consolo, justiça e presença divina (ex.: “os olhos do Senhor sobre nós”).
3.3 Limites e perigos
- Tomar o antropomorfismo literalmente conduz ao corporeísmo (atribuir corpo a Deus) e, por fim, ao idólatra (imaginar Deus com forma finita).
- Tomar somente negativas (apophatic theology) sem as imagens bíblicas pode levar a abstrações que tornam Deus distante e incompreensível.
4. Tradição teológica: patrística, medieval e reforma
4.1 Patrística e teologia apofática
- Maimônides (judaísmo medieval) e a tradição apofática (negativa) cristã afirmam que não podemos predicar idem sobre Deus; portanto, muitas imagens são negativas (Deus não é corpo).
- Gregório de Nissa e teólogos orientais reconheceram imagens, mas sempre delinearam a transcendência divina.
4.2 Medieval / Tomás de Aquino
- Tomás de Aquino distinguiu entre linguagem unívoca, equívoca e análoga. As imagens corporais para Deus são análogas — não implicam identidade literal.
- Ele também sustentou que Deus é simples (divina simplicidade), sem partes, o que exclui corporeidade.
4.3 Reforma (Calvino)
- João Calvino insistiu na necessidade das imagens para a compreensão humana, mas advertiu fortemente contra imaginar Deus como corpo material. Ele enfatizou que as Escrituras falam “conforme ao homem”— aceitável para conhecimento limitado, mas sempre com crítica ao antropomorfismo literal e idolatria.
5. A encarnação: exceção singular, não regra
O Logos se fez carne (Jo 1.14) é um evento único: Deus assume humanidade em Cristo; isso não é prova de que Deus em si é corpóreo. A teologia cristã clássica (Concílio de Calcedônia) ensina que em Cristo há união hipostática: duas naturezas (divina e humana) em uma Pessoa. Mas isto não transforma a natureza divina em corporalidade; antes, assume que o Filho realiza a ação redentora por meio de um corpo real.
6. Confrontando práticas e crenças contemporâneas
- Imagens populares (estátuas, pinturas) podem ser úteis para ensinar, mas correm risco de produzir conceitos iconográficos errados: ver a imagem como representação simbólica é legítimo; ver a imagem como identidade real é idolatria.
- Movimentos espiritualistas que literalmente personificam Deus com traços humanos confundem transcendência e imanência.
7. Aplicação pastoral e espiritual
- Culto e adoração — adorar sem antropomorfismo literal: use imagens bíblicas para expressar atributos de Deus, mas mantenha a reverência pela transcendência divina.
- Leitura bíblica — interprete antropomorfismos como recursos pedagógicos; desenvolva prática de leitura que combine sensibilidade conversacional com teologia negativa (Deus é mais do que nossas imagens).
- Prevenção de idolatria — ensine a congregação a distinguir entre símbolo e realidade; cultos não devem promover representações de Deus que levem à concepção de um “deus limitado”.
- Consolo e confiança — as imagens (mão, braço, olhos) são instrumentos bíblicos para consolo: “os olhos do Senhor estão sobre ti” nos garantem cuidado real. Use-as pastoralmente com equilíbrio teológico.
8. Tabela expositiva (para ensino / folheto)
Texto bíblico | Termo/Imagem | Tipo de linguagem | O que comunica | Como interpretar |
Êxodo 15:12 | יד (mão) | Antropomorfismo (mão divina) | Poder libertador de Deus | Imagem de ação / não corporeidade |
2Cr 16:9; Sl 34:15 | עין/אוזן (olhos/ouvidos) | Antropopatia/antropomorfismo | Vigilância e atenção de Deus | Vigilância/Providência (análoga) |
Dt 33:27; Is 53 | זרוע (braço) | Símbolo de poder e salvação | Ação poderosa e libertadora | Brasil: governo e salvação, não forma literária |
Jo 4:24 | πνεῦμα (espírito) | Afirmativa ontológica | Deus é não-corpóreo, relacional | Afirmação central sobre natureza divina |
1 Tm 1:17 | ἀόρατος (invisível) | Teologia apofática | Deus transcendente e invisível | Evitar corporeísmo e idolatria |
Jo 1:14 | σὰρξ ἐγένετο | Encarnação (exceção histórica) | O Verbo assume humanidade em Cristo | União hipostática: singular, não regra para Deus |
9. Conclusão
A Bíblia fala de Deus “com mãos, olhos, braços” para nos tornar compreensível o Seu agir no mundo; mas jamais ensina que Deus é corpo. A verdade bíblica é dupla e complementar: Deus é transcendente e invisível (Deus é espírito); por outro lado, Ele é também o Deus que se aproxima e age, de modo que a linguagem antropomórfica é necessária para nossa comunicação e adoração. A encarnação de Cristo é o ato singular pelo qual o Verbo assume a condição humana — isso reafirma que, em si mesmo, Deus não é uma expressão física, mas o que se fez visível por amor numa única e decisiva intervenção.
1.4. Ele não é resultado de um processo evolutivo
A teoria da evolução das espécies, popularizada por Charles Darwin em sua obra “A origem das espécies” (1859), propõe que a diversidade da vida surgiu por meio de um processo gradual de seleção natural. Durante uma expedição a bordo do navio Beagle (1831–1836), Darwin observou a fauna e a flora em diferentes regiões, especialmente nas Ilhas Galápagos — situadas no Oceano Pacífico, próximas à costa da América do Sul —, e formulou suas ideias com base nas variações entre as espécies.
Embora amplamente difundida no meio acadêmico, a teoria evolutiva permanece sendo objeto de pesados debates e densos questionamentos — especialmente no que se refere à origem da humanidade, à consciência moral e à espiritualidade. Ela não explica aspectos profundos de sua natureza, como a sede por transcendência, a racionalidade complexa, a noção de eternidade (Ec 3.11) e o senso moral que está inscrito em sua consciência.
De acordo com a Palavra sagrada, o ser humano não é resultado de um processo aleatório e impessoal, mas fruto de um Ato Criador intencional (Gn 1.27; 2.7). A fé cristã não nega a observação do cosmos, mas afirma que a origem e o destino do homem ultrapassam as explicações naturalistas. A verdade revelada em Gênesis continua sendo o fundamento seguro da nossa esperança: No princípio, criou Deus os céus e a terra (Gn 1.1; grifo do autor).
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1. Posição resumida
A Escritura apresenta o ser humano como obra intencional de Deus (não fruto do mero acaso): formado (יָצַר yāṣar), criado (בָּרָא bārāʾ), e vivificado pelo sopro divino (נִשְׁמַת חַיִּים nishmat ḥayyîm) — Gn 1–2. Essa afirmação responde à pergunta do porquê (finalidade, dignidade, vocação) e não necessariamente à pergunta técnica do como (mecanismos naturais). Há cristãos que entendem processos naturais como meios usados por Deus (teísmo evolutivo / evolutionary creation), e há cristãos que defendem uma criação direta especial. O que é teologicamente inegociável, segundo a Escritura, é: origem intencional, dignidade humana (Imago Dei) e responsabilidade criativa.
2. Exegese e análise lexical (hebraico / grego)
2.1 Gênesis 1–2: verbos e termos essenciais
- בָּרָא (bārāʾ) — “criou”: verbo divino preferido pela Bíblia para ação criadora soberana (Gn 1.1). Em hebraico bíblico, bārāʾ é exclusivo à ação de Deus, marcando novidade originária.
- יָצַר (yāṣar) — “formar, moldar” (Gn 2.7): imagem do oleiro; indica trabalho intencional, artesanal — não produto aleatório.
- נִשְׁמַת חַיִּים (nishmat ḥayyîm) — “sopro/fôlego de vida”: ato vivificador de Deus que distingue o ser humano (e outros seres vivos) do pó inerte. A expressão sugere que a vida humana é dom direto de Deus.
- צֶלֶם / דְּמוּת (tselem / demûth) — “imagem / semelhança” (Gn 1.26–27): termo de fundo teológico indicando representação funcional e relacional — o humano é representante de Deus na criação, não derivação ontológica da divindade.
2.2 Corpus do NT / LXX (grego)
- εἰκών (eikōn) — imagem (Col 1.15; 2Cor 4.4): no NT cristológico, Cristo é a imagem perfeita do Deus invisível; os humanos são chamados à restauração dessa imagem (Rm 8:29; Col 3:10).
- ψυχή / σῶμα / πνεῦμα (psūchē / sōma / pneuma) — termos que expressam diversidade terminológica no NT para vida, corpo e espírito; a antropologia bíblica tende ao holismo, não ao dualismo grego estrito.
(Para estudo lexical: consulte HALOT para hebraico e BDAG para grego.)
3. O que a Bíblia está dizendo (nível teológico)
- Criação intencional — Deus não cria por acaso; Ele fala, forma e vivifica. A origem humana tem finalidade (comunhão com Deus, vocação de mordomia).
- Imago Dei — ser humano é representante de Deus: racionalidade, moralidade, capacidade relacional e vocação ética/creativa são reflexos da vida divina comunicável, mas finita.
- Sopro vivificante — vida humana é dom (não mera propriedade emergente sem significado transcendental).
- Queda e redenção — a criação foi distorcida pela queda; a redenção em Cristo visa restaurar a imagem e o propósito originais.
4. Diálogo honesto com a ciência — posições cristãs usuais
O debate entre “criação direta” e “evolução” costuma ser mal reduzido a antagonismo. Há pelo menos três posturas cristãs responsáveis:
- Criacionismo jovem-terra (Young Earth Creationism) — nega grande parte da cronologia geológica e defende que Deus criou em seis dias literais e recentemente. Afirma rejeição da evolução humana. (Posição comum em alguns círculos evangélicos conservadores.)
- Criacionismo da velha terra / Framework / Day-age — aceita uma Terra antiga, interpreta os “dias” de Gn 1 de modo não-literalista estrito; contudo, tende a sustentar atos criativos especiais para a origem humana.
- Teísmo evolutivo / Evolutionary Creation — aceita a evolução biológica como mecanismo usado por Deus para desenvolver a vida, inclusive a humana, mas afirma que a origem última e a finalidade são divinas. Autores como Francis Collins e Denis Lamoureux representam versões desta postura.
- Design inteligente / crítica ao naturalismo — não necessariamente afirma criação instantânea, mas questiona se mecanismos puramente naturalistas explicam aspectos da vida (informação genética, irreducible complexity — tema controverso na ciência).
Observações metodológicas:
- A ciência investiga mecanismos e gera hipóteses falsificáveis; a teologia fala de sentido, propósito e valor. O erro está em conflacionar método com teleologia: ciência não responde por que última — teologia o faz.
- Filósofos e teólogos como Alvin Plantinga argumentaram que não há incompatibilidade lógica entre ciência e fé; o conflito real aparece quando qualquer lado pretende monopolizar a autoridade final sobre todos os tipos de pergunta.
5. Questões que a teoria evolutiva não responde (da perspectiva teológica)
A teoria da seleção natural oferece explicações poderosas sobre variação, adaptação e descentralização das espécies. Mas, se tomada como explicação exclusiva e teleologia negativa, ela encontra limites para explicar:
- Senso moral objetivo: por que há normas morais universais e a percepção de dever?
- A sede de transcendência: necessidade religiosa/teleológica que não se reduz a vantagem reprodutiva.
- Raciocínio abstrato e consciência reflexiva: como surgir de modo pleno (embora neurociência ofereça hipóteses, a questão última do significado persiste).
- Significado e propósito último: a evolução explica mecanismos, não finalidade última.
(Nota: cientistas-cristãos argumentam que processos naturais não excluem a ação providencial de Deus; ver abaixo.)
6. Aplicação pastoral e pessoal
- Reassegurar dignidade e propósito — em contextos onde a pessoa se vê “acaso”, proclame que a vida é dom intencional de Deus (Gn 1–2; Sl 139).
- Educar com humildade intelectual — formar crentes que saibam dialogar com a ciência sem temer nem capitular: clarificar perguntas distintas (método ≠ propósito).
- Fomentar confiança apologética — equipar jovens para responder a objeções: a fé cristã não depende de ignorância científica; é compatível de modos diversos com descobertas científicas.
- Política bioética e dignidade humana — a visão criacionista reforça respeito à vida (aborto, eutanásia, experimentação), pois cada pessoa tem dignidade inerente.
- Discipulado integral — enfatizar que a redenção em Cristo é restauração da Imago Dei: a salvação transforma identidade (Rm 8:29), não apenas corrige ignorância científica.
7. Tabela expositiva — síntese para aula / folheto
Tópico
Texto/Termo bíblico
O que afirma a Bíblia
Como lidar com a ciência
A origem humana
Gn 1.26–27; Gn 2.7 — בָּרָא / יָצַר / נִשְׁמַת חַיִּים
Criação intencional por Deus; homem = imagem de Deus
Ciência explica mecanismos; teologia explica propósito
Imago Dei
Gn 1.26 (צֶלֶם / דְּמוּת) / Col 1.15 (εἰκών)
Representação funcional/relacional de Deus
Implica dignidade, ética e vocação
Evolução (teoria)
Darwin (1859) — seleção natural
Explica variação e adaptação ao nível biológico
Pode ser considerada por cristãos como possível meio; não resolve teleologia
Questões não-científicas
Ec 3.11; consciência moral; transcendência
Apontam para dimensão de sentido e destino
Teologia oferece respostas de propósito e esperança
Posições cristãs
Criacionismo, Old-earth, Theistic Evolution, Evolutionary Creation
Diversidade de respostas dentro do cristianismo
Escolha hermenêutica informada e responsável; manter núcleo teológico
Inegociável bíblico
Gn 1–2; Rm 8:29
Origem última intencional; Imago Dei; destino redentor em Cristo
Diálogo crítico com ciência: método ≠ finalidade
8. Conclusão
A afirmação bíblica de que o homem é fruto de um ato criador intencional (Gn 1.1; 1.26–27; 2.7) não é uma negação automática do método científico, mas uma declaração de propósito: origem com sentido, vocação moral e destino escatológico. O diálogo com a teoria da evolução deve ser feito com seriedade intelectual e humildade teológica: reconhecer limites metodológicos da ciência, sem abdicar do núcleo bíblico — dignidade humana (Imago Dei), vivificação por Deus e esperança em Cristo. Em última instância, a fé cristã sustenta que a vida humana tem origem pessoal (Deus), não resultado final de um processo meramente impessoal e aleatório.
1. Posição resumida
A Escritura apresenta o ser humano como obra intencional de Deus (não fruto do mero acaso): formado (יָצַר yāṣar), criado (בָּרָא bārāʾ), e vivificado pelo sopro divino (נִשְׁמַת חַיִּים nishmat ḥayyîm) — Gn 1–2. Essa afirmação responde à pergunta do porquê (finalidade, dignidade, vocação) e não necessariamente à pergunta técnica do como (mecanismos naturais). Há cristãos que entendem processos naturais como meios usados por Deus (teísmo evolutivo / evolutionary creation), e há cristãos que defendem uma criação direta especial. O que é teologicamente inegociável, segundo a Escritura, é: origem intencional, dignidade humana (Imago Dei) e responsabilidade criativa.
2. Exegese e análise lexical (hebraico / grego)
2.1 Gênesis 1–2: verbos e termos essenciais
- בָּרָא (bārāʾ) — “criou”: verbo divino preferido pela Bíblia para ação criadora soberana (Gn 1.1). Em hebraico bíblico, bārāʾ é exclusivo à ação de Deus, marcando novidade originária.
- יָצַר (yāṣar) — “formar, moldar” (Gn 2.7): imagem do oleiro; indica trabalho intencional, artesanal — não produto aleatório.
- נִשְׁמַת חַיִּים (nishmat ḥayyîm) — “sopro/fôlego de vida”: ato vivificador de Deus que distingue o ser humano (e outros seres vivos) do pó inerte. A expressão sugere que a vida humana é dom direto de Deus.
- צֶלֶם / דְּמוּת (tselem / demûth) — “imagem / semelhança” (Gn 1.26–27): termo de fundo teológico indicando representação funcional e relacional — o humano é representante de Deus na criação, não derivação ontológica da divindade.
2.2 Corpus do NT / LXX (grego)
- εἰκών (eikōn) — imagem (Col 1.15; 2Cor 4.4): no NT cristológico, Cristo é a imagem perfeita do Deus invisível; os humanos são chamados à restauração dessa imagem (Rm 8:29; Col 3:10).
- ψυχή / σῶμα / πνεῦμα (psūchē / sōma / pneuma) — termos que expressam diversidade terminológica no NT para vida, corpo e espírito; a antropologia bíblica tende ao holismo, não ao dualismo grego estrito.
(Para estudo lexical: consulte HALOT para hebraico e BDAG para grego.)
3. O que a Bíblia está dizendo (nível teológico)
- Criação intencional — Deus não cria por acaso; Ele fala, forma e vivifica. A origem humana tem finalidade (comunhão com Deus, vocação de mordomia).
- Imago Dei — ser humano é representante de Deus: racionalidade, moralidade, capacidade relacional e vocação ética/creativa são reflexos da vida divina comunicável, mas finita.
- Sopro vivificante — vida humana é dom (não mera propriedade emergente sem significado transcendental).
- Queda e redenção — a criação foi distorcida pela queda; a redenção em Cristo visa restaurar a imagem e o propósito originais.
4. Diálogo honesto com a ciência — posições cristãs usuais
O debate entre “criação direta” e “evolução” costuma ser mal reduzido a antagonismo. Há pelo menos três posturas cristãs responsáveis:
- Criacionismo jovem-terra (Young Earth Creationism) — nega grande parte da cronologia geológica e defende que Deus criou em seis dias literais e recentemente. Afirma rejeição da evolução humana. (Posição comum em alguns círculos evangélicos conservadores.)
- Criacionismo da velha terra / Framework / Day-age — aceita uma Terra antiga, interpreta os “dias” de Gn 1 de modo não-literalista estrito; contudo, tende a sustentar atos criativos especiais para a origem humana.
- Teísmo evolutivo / Evolutionary Creation — aceita a evolução biológica como mecanismo usado por Deus para desenvolver a vida, inclusive a humana, mas afirma que a origem última e a finalidade são divinas. Autores como Francis Collins e Denis Lamoureux representam versões desta postura.
- Design inteligente / crítica ao naturalismo — não necessariamente afirma criação instantânea, mas questiona se mecanismos puramente naturalistas explicam aspectos da vida (informação genética, irreducible complexity — tema controverso na ciência).
Observações metodológicas:
- A ciência investiga mecanismos e gera hipóteses falsificáveis; a teologia fala de sentido, propósito e valor. O erro está em conflacionar método com teleologia: ciência não responde por que última — teologia o faz.
- Filósofos e teólogos como Alvin Plantinga argumentaram que não há incompatibilidade lógica entre ciência e fé; o conflito real aparece quando qualquer lado pretende monopolizar a autoridade final sobre todos os tipos de pergunta.
5. Questões que a teoria evolutiva não responde (da perspectiva teológica)
A teoria da seleção natural oferece explicações poderosas sobre variação, adaptação e descentralização das espécies. Mas, se tomada como explicação exclusiva e teleologia negativa, ela encontra limites para explicar:
- Senso moral objetivo: por que há normas morais universais e a percepção de dever?
- A sede de transcendência: necessidade religiosa/teleológica que não se reduz a vantagem reprodutiva.
- Raciocínio abstrato e consciência reflexiva: como surgir de modo pleno (embora neurociência ofereça hipóteses, a questão última do significado persiste).
- Significado e propósito último: a evolução explica mecanismos, não finalidade última.
(Nota: cientistas-cristãos argumentam que processos naturais não excluem a ação providencial de Deus; ver abaixo.)
6. Aplicação pastoral e pessoal
- Reassegurar dignidade e propósito — em contextos onde a pessoa se vê “acaso”, proclame que a vida é dom intencional de Deus (Gn 1–2; Sl 139).
- Educar com humildade intelectual — formar crentes que saibam dialogar com a ciência sem temer nem capitular: clarificar perguntas distintas (método ≠ propósito).
- Fomentar confiança apologética — equipar jovens para responder a objeções: a fé cristã não depende de ignorância científica; é compatível de modos diversos com descobertas científicas.
- Política bioética e dignidade humana — a visão criacionista reforça respeito à vida (aborto, eutanásia, experimentação), pois cada pessoa tem dignidade inerente.
- Discipulado integral — enfatizar que a redenção em Cristo é restauração da Imago Dei: a salvação transforma identidade (Rm 8:29), não apenas corrige ignorância científica.
7. Tabela expositiva — síntese para aula / folheto
Tópico | Texto/Termo bíblico | O que afirma a Bíblia | Como lidar com a ciência |
A origem humana | Gn 1.26–27; Gn 2.7 — בָּרָא / יָצַר / נִשְׁמַת חַיִּים | Criação intencional por Deus; homem = imagem de Deus | Ciência explica mecanismos; teologia explica propósito |
Imago Dei | Gn 1.26 (צֶלֶם / דְּמוּת) / Col 1.15 (εἰκών) | Representação funcional/relacional de Deus | Implica dignidade, ética e vocação |
Evolução (teoria) | Darwin (1859) — seleção natural | Explica variação e adaptação ao nível biológico | Pode ser considerada por cristãos como possível meio; não resolve teleologia |
Questões não-científicas | Ec 3.11; consciência moral; transcendência | Apontam para dimensão de sentido e destino | Teologia oferece respostas de propósito e esperança |
Posições cristãs | Criacionismo, Old-earth, Theistic Evolution, Evolutionary Creation | Diversidade de respostas dentro do cristianismo | Escolha hermenêutica informada e responsável; manter núcleo teológico |
Inegociável bíblico | Gn 1–2; Rm 8:29 | Origem última intencional; Imago Dei; destino redentor em Cristo | Diálogo crítico com ciência: método ≠ finalidade |
8. Conclusão
A afirmação bíblica de que o homem é fruto de um ato criador intencional (Gn 1.1; 1.26–27; 2.7) não é uma negação automática do método científico, mas uma declaração de propósito: origem com sentido, vocação moral e destino escatológico. O diálogo com a teoria da evolução deve ser feito com seriedade intelectual e humildade teológica: reconhecer limites metodológicos da ciência, sem abdicar do núcleo bíblico — dignidade humana (Imago Dei), vivificação por Deus e esperança em Cristo. Em última instância, a fé cristã sustenta que a vida humana tem origem pessoal (Deus), não resultado final de um processo meramente impessoal e aleatório.
2. COMO O HOMEM FOI CRIADO
A afirmação de que o homem foi criado por Deus, à Sua imagem e semelhança, é um dos pilares fundamentais do testemunho das Escrituras. Em contraste com as múltiplas tentativas reducionistas de explicar sua origem com base apenas em processos naturais ou construções filosóficas, a cosmovisão bíblica sustenta que seu princípio está diretamente ligado à vontade soberana, ao propósito eterno e ao poder do Altíssimo.
2.1. Criado de forma direta e intencional
Entre os teólogos cristãos, destacam-se duas principais interpretações quanto à criação do ser humano. A perspectiva mediata propõe que ele foi formado pelo Eterno por meio de um processo progressivo, ao longo do tempo. Já a visão imediata sustenta que sua constituição se deu de forma direta, completa e definitiva, tal como o conhecemos hoje.
Ainda que ambas as visões busquem honrar a ação divina, a narrativa bíblica enfatiza que o homem não surgiu de forças naturais nem de processos evolutivos. Não há evidências de que tenha vindo das valências da matéria. Pelo contrário, tudo aponta para sua origem sobrenatural.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
2. COMO O HOMEM FOI CRIADO
A Bíblia apresenta a origem humana como obra deliberada e soberana de Deus: não mera consequência impessoal de processos naturais, mas fruto da vontade criadora do Altíssimo. Essa afirmação tem quatro dimensões inseparáveis na Escritura: (1) Deus é agente (criação ex nihilo / ação divina), (2) o homem é formado (ação artesanal: o oleiro), (3) é vivificado (sopro, dom de vida) e (4) é posto como imagem do Criador (Imago Dei) com vocação e destino. Qualquer reflexão séria sobre “como” exige recuperar essas quatro perspectivas e distinguir níveis de explicação — teológico (por quê) versus empírico-científico (como, por quais meios).
1. Exegese e análise lexical (principais termos hebraicos e gregos)
Gênesis 1–2: verbos e imagens centrais
- בָּרָא (bārāʾ) — “criar” (Gn 1.1, etc.). Em hebraico bíblico, bārāʾ é verbo característico da ação divina e indica produção nova, originária, frequentemente traduzido “criar (do nada)” quando considerado em conjunto com o ensino bíblico da criação ex nihilo.
- יָצַר (yāṣar) — “formar, moldar” (Gn 2.7). O verbo evoca a imagem do oleiro: ação artesanal, intencional, pessoal. Onde bārāʾ acentua o ato originador, yāṣar enfatiza a formação cuidadosa.
- נִשְׁמַת חַיִּים (nishmat ḥayyîm) — “o sopro/fôlego da vida” (Gn 2.7). A vivificação é apresentada como dom divino: a matéria recebe vida pelo sopro criador — indicação teológica de que a vida humana depende diretamente de Deus.
- צֶלֶם / דְּמוּת (tselem / demûth) — “imagem / semelhança” (Gn 1.26–27). Tselem aponta a representação; demûth a correspondência funcional/relacional. Não afirmam participação ontológica na ousía divina, mas dignidade e vocação.
Termos no grego (LXX / NT)
- εἰκών (eikṓn) — “imagem” (Col 1.15; 2Cor 4.4). No NT cristológico, Cristo é a eikōn perfeita; o homem é chamado à conformidade com a eikōn do Filho (Rm 8.29; Col 3.10).
- ψυχή (psūchē) / σῶμα (sōma) / πνεῦμα (pneuma) — vocabulário antropológico do NT que insiste na unidade pessoal (holismo) mais que no dualismo platônico.
- Léxicos recomendados para estudo: HALOT (hebraico) e BDAG (grego) — consultar entradas para bārāʾ, yāṣar, nishma, tselem, eikōn.
2. Criação imediata vs. mediata — o que significam e como dialogam com a Escritura
2.1 Criação imediata (creatio immediata)
- Posição: o ser humano foi constituído direta e instantaneamente por ato específico de Deus (formado e vivificado na sua forma atual).
- Motivações bíblicas: leitura literal de Gn 2.7; ênfase em yāṣar + nishmat ḥayyîm como ato singular e pessoal; tradição histórica que vê Adão e Eva como “tipos” formados diretamente.
- Implicações teológicas: sublinha a singularidade ontológica e a especial dignidade do ser humano; afasta totalmente a explicação puramente mecanicista.
2.2 Criação mediata (creatio mediata / teísmo evolutivo possível)
- Posição: Deus é o agente soberano; contudo, pode ter utilizado meios desenvolvimentistas (processos naturais ao longo do tempo) como instrumento de sua ação criadora. A constituição plena do ser humano (ou da alma humana) pode ter envolvido um ato final especial (vivificação) sobre um processo.
- Motivação bíblica/teológica: mantém criação como ato de Deus (criação ex nihilo e providência), mas abre espaço ao reconhecimento científico de fósseis, tempo profundo e mecanismos biológicos.
- Implicações teológicas: busca harmonizar autoridade das Escrituras em matéria de sentido com responsabilidade epistemológica diante dos dados empíricos.
2.3 Observação hermenêutica fundamental
A Escritura é peremptória quanto à origem intencional e finalidadedo homem; não é um manual técnico sobre mecanismos empíricos. Distinguir níveis de pergunta (método → ciência; finalidade → teologia) evita contradições artificiais. Ambas as posições procuram preservar a ação divina; diferem quanto à mediação dos meios.
3. Doutrina conexa: criação ex nihilo, Imago Dei e sopro vivificante
- Criação ex nihilo (Gn 1.1; Hb 11.3) — Deus é autor da existência contingente; toda criatura depende dele.
- Imago Dei — implica dignidade, responsabilidade e destino; não confere à criatura atributos incomunicáveis de Deus, mas funcionalidade reflexiva (racionalidade, moralidade, capacidade de relação).
- Sopro de vida — (נשמת חיים) indica que a vida humana é dom — a realidade pessoal do homem advém de encontro entre matéria formada e fôlego divino.
4. Leitura bíblica dos relatos: complementares, não contraditórios
Gn 1 (visão sacerdotal / cosmológica) e Gn 2 (relato mais antropocêntrico, artesanal) não se contradizem necessariamente; antes, fornecem perspectivas complementares: Gn 1 proclama o encargo e dignidade (Imago Dei); Gn 2 descreve a ação formadora e vivificadora (yāṣar + nishma). A leitura teológica precisa integrar ambas: Deus fala, forma, e dá vida.
5. Referências acadêmicas cristãs (para aprofundamento)
- Wayne Grudem / Millard Erickson / John Frame — sínteses teológicas evangélicas sobre antropologia e criação.
- Patrística e clássicos: Agostinho (sobre criação e tempo), Tomás de Aquino (analogia e criação), João Calvino (Institutas, sobre acomodação e ação divina).
6. Implicações teológicas e pastorais (aplicação pessoal)
- Identidade e dignidade: A compreensão de que o homem foi criado intencionalmente por Deus funda nossa auto-estima não em desempenho, mas em origem e vocação. Isso transforma pastoralmente questões de autoimagem, sexualidade, abuso e exclusão.
- Vocação e trabalho: Ser imagem implica missão — trabalho e criação são vocação sagrada (mordomia). O trabalho diário é esfera de adoração.
- Ciência e fé: Incentivar crentes a estudar ciência com humildade epistemológica, sem medo de diálogo, mas mantendo inalienável o núcleo teológico (origem intencional e Imago Dei).
- Consolo no sofrimento: O sopro vivificante lembra que cada vida é dom; em dor e perda crer na ação pessoal de Deus dá sentido e esperança.
- Missão apologética: Preparar respostas serenas para jovens que questionam fé diante da ciência — explicar níveis de pergunta (método vs finalidade) e mostrar coerência teológica.
Exercício prático: meditar em Gn 2.7 e Sl 139.13–16; orar reconhecendo que fomos “formados de modo admirável” e pedir sabedoria para viver nossa vocação.
7. Tabela expositiva (síntese para ensino/folheto)
Item
Texto(s)
Termo heb./gr.
Significado teológico
Aplicação prática
Ação criadora
Gn 1.1; Gn 1.26
בָּרָא (bārāʾ)
Criação originária por Deus (soberania)
A vida humana é contingente e fundada em Deus
Formação humana
Gn 2.7
יָצַר (yāṣar)
Moldada pelo Oleiro — ação intencional e artesanal
Cada pessoa é única e valiosa
Vivificação
Gn 2.7
נִשְׁמַת חַיִּים (nishmat ḥayyîm)
Sopro de vida — dom pessoal de Deus
Vida = dom; ética pró-vida e consolo pastoral
Imago Dei
Gn 1.26–27
צֶלֶם / דְּמוּת (tselem / demûth) ; LXX εἰκών/ὁμοίωσις
Representação e semelhança funcional/relacional
Dignidade humana, vocação de mordomia e santidade
Criação imediata
Gn 2.7 (interpretação)
—
Formação direta e completa por ato divino
Realça singularidade humana; útil pastoralmente
Criação mediata
Gn 1–2 (interpretação)
—
Deus agente soberano; pode mediar meios naturais
Permite diálogo informado com a ciência
Nível de explicação
Escritura (finalidade) / Ciência (mecanismo)
—
Teologia responde propósito; ciência investiga meios
Ensino que integra fé e razão
8. Conclusão sintética
A Bíblia proclama que o homem foi criado por Deus, formado com cuidado, vivificado pelo Seu sopro e constituído para refletir a sua imagem. A controvérsia moderna entre “imediatismo” e “mediacionismo” é, em última instância, pergunta sobre meios, não sobre a soberania e intenção de Deus. A fé cristã sustenta que, seja qual for o modo judicialmente aceito, a origem humana é intencional, a vida é dom e a dignidade humana é fundada na Imago Dei — pressupostos que orientam teologia, ética e ministério pastoral.
2. COMO O HOMEM FOI CRIADO
A Bíblia apresenta a origem humana como obra deliberada e soberana de Deus: não mera consequência impessoal de processos naturais, mas fruto da vontade criadora do Altíssimo. Essa afirmação tem quatro dimensões inseparáveis na Escritura: (1) Deus é agente (criação ex nihilo / ação divina), (2) o homem é formado (ação artesanal: o oleiro), (3) é vivificado (sopro, dom de vida) e (4) é posto como imagem do Criador (Imago Dei) com vocação e destino. Qualquer reflexão séria sobre “como” exige recuperar essas quatro perspectivas e distinguir níveis de explicação — teológico (por quê) versus empírico-científico (como, por quais meios).
1. Exegese e análise lexical (principais termos hebraicos e gregos)
Gênesis 1–2: verbos e imagens centrais
- בָּרָא (bārāʾ) — “criar” (Gn 1.1, etc.). Em hebraico bíblico, bārāʾ é verbo característico da ação divina e indica produção nova, originária, frequentemente traduzido “criar (do nada)” quando considerado em conjunto com o ensino bíblico da criação ex nihilo.
- יָצַר (yāṣar) — “formar, moldar” (Gn 2.7). O verbo evoca a imagem do oleiro: ação artesanal, intencional, pessoal. Onde bārāʾ acentua o ato originador, yāṣar enfatiza a formação cuidadosa.
- נִשְׁמַת חַיִּים (nishmat ḥayyîm) — “o sopro/fôlego da vida” (Gn 2.7). A vivificação é apresentada como dom divino: a matéria recebe vida pelo sopro criador — indicação teológica de que a vida humana depende diretamente de Deus.
- צֶלֶם / דְּמוּת (tselem / demûth) — “imagem / semelhança” (Gn 1.26–27). Tselem aponta a representação; demûth a correspondência funcional/relacional. Não afirmam participação ontológica na ousía divina, mas dignidade e vocação.
Termos no grego (LXX / NT)
- εἰκών (eikṓn) — “imagem” (Col 1.15; 2Cor 4.4). No NT cristológico, Cristo é a eikōn perfeita; o homem é chamado à conformidade com a eikōn do Filho (Rm 8.29; Col 3.10).
- ψυχή (psūchē) / σῶμα (sōma) / πνεῦμα (pneuma) — vocabulário antropológico do NT que insiste na unidade pessoal (holismo) mais que no dualismo platônico.
- Léxicos recomendados para estudo: HALOT (hebraico) e BDAG (grego) — consultar entradas para bārāʾ, yāṣar, nishma, tselem, eikōn.
2. Criação imediata vs. mediata — o que significam e como dialogam com a Escritura
2.1 Criação imediata (creatio immediata)
- Posição: o ser humano foi constituído direta e instantaneamente por ato específico de Deus (formado e vivificado na sua forma atual).
- Motivações bíblicas: leitura literal de Gn 2.7; ênfase em yāṣar + nishmat ḥayyîm como ato singular e pessoal; tradição histórica que vê Adão e Eva como “tipos” formados diretamente.
- Implicações teológicas: sublinha a singularidade ontológica e a especial dignidade do ser humano; afasta totalmente a explicação puramente mecanicista.
2.2 Criação mediata (creatio mediata / teísmo evolutivo possível)
- Posição: Deus é o agente soberano; contudo, pode ter utilizado meios desenvolvimentistas (processos naturais ao longo do tempo) como instrumento de sua ação criadora. A constituição plena do ser humano (ou da alma humana) pode ter envolvido um ato final especial (vivificação) sobre um processo.
- Motivação bíblica/teológica: mantém criação como ato de Deus (criação ex nihilo e providência), mas abre espaço ao reconhecimento científico de fósseis, tempo profundo e mecanismos biológicos.
- Implicações teológicas: busca harmonizar autoridade das Escrituras em matéria de sentido com responsabilidade epistemológica diante dos dados empíricos.
2.3 Observação hermenêutica fundamental
A Escritura é peremptória quanto à origem intencional e finalidadedo homem; não é um manual técnico sobre mecanismos empíricos. Distinguir níveis de pergunta (método → ciência; finalidade → teologia) evita contradições artificiais. Ambas as posições procuram preservar a ação divina; diferem quanto à mediação dos meios.
3. Doutrina conexa: criação ex nihilo, Imago Dei e sopro vivificante
- Criação ex nihilo (Gn 1.1; Hb 11.3) — Deus é autor da existência contingente; toda criatura depende dele.
- Imago Dei — implica dignidade, responsabilidade e destino; não confere à criatura atributos incomunicáveis de Deus, mas funcionalidade reflexiva (racionalidade, moralidade, capacidade de relação).
- Sopro de vida — (נשמת חיים) indica que a vida humana é dom — a realidade pessoal do homem advém de encontro entre matéria formada e fôlego divino.
4. Leitura bíblica dos relatos: complementares, não contraditórios
Gn 1 (visão sacerdotal / cosmológica) e Gn 2 (relato mais antropocêntrico, artesanal) não se contradizem necessariamente; antes, fornecem perspectivas complementares: Gn 1 proclama o encargo e dignidade (Imago Dei); Gn 2 descreve a ação formadora e vivificadora (yāṣar + nishma). A leitura teológica precisa integrar ambas: Deus fala, forma, e dá vida.
5. Referências acadêmicas cristãs (para aprofundamento)
- Wayne Grudem / Millard Erickson / John Frame — sínteses teológicas evangélicas sobre antropologia e criação.
- Patrística e clássicos: Agostinho (sobre criação e tempo), Tomás de Aquino (analogia e criação), João Calvino (Institutas, sobre acomodação e ação divina).
6. Implicações teológicas e pastorais (aplicação pessoal)
- Identidade e dignidade: A compreensão de que o homem foi criado intencionalmente por Deus funda nossa auto-estima não em desempenho, mas em origem e vocação. Isso transforma pastoralmente questões de autoimagem, sexualidade, abuso e exclusão.
- Vocação e trabalho: Ser imagem implica missão — trabalho e criação são vocação sagrada (mordomia). O trabalho diário é esfera de adoração.
- Ciência e fé: Incentivar crentes a estudar ciência com humildade epistemológica, sem medo de diálogo, mas mantendo inalienável o núcleo teológico (origem intencional e Imago Dei).
- Consolo no sofrimento: O sopro vivificante lembra que cada vida é dom; em dor e perda crer na ação pessoal de Deus dá sentido e esperança.
- Missão apologética: Preparar respostas serenas para jovens que questionam fé diante da ciência — explicar níveis de pergunta (método vs finalidade) e mostrar coerência teológica.
Exercício prático: meditar em Gn 2.7 e Sl 139.13–16; orar reconhecendo que fomos “formados de modo admirável” e pedir sabedoria para viver nossa vocação.
7. Tabela expositiva (síntese para ensino/folheto)
Item | Texto(s) | Termo heb./gr. | Significado teológico | Aplicação prática |
Ação criadora | Gn 1.1; Gn 1.26 | בָּרָא (bārāʾ) | Criação originária por Deus (soberania) | A vida humana é contingente e fundada em Deus |
Formação humana | Gn 2.7 | יָצַר (yāṣar) | Moldada pelo Oleiro — ação intencional e artesanal | Cada pessoa é única e valiosa |
Vivificação | Gn 2.7 | נִשְׁמַת חַיִּים (nishmat ḥayyîm) | Sopro de vida — dom pessoal de Deus | Vida = dom; ética pró-vida e consolo pastoral |
Imago Dei | Gn 1.26–27 | צֶלֶם / דְּמוּת (tselem / demûth) ; LXX εἰκών/ὁμοίωσις | Representação e semelhança funcional/relacional | Dignidade humana, vocação de mordomia e santidade |
Criação imediata | Gn 2.7 (interpretação) | — | Formação direta e completa por ato divino | Realça singularidade humana; útil pastoralmente |
Criação mediata | Gn 1–2 (interpretação) | — | Deus agente soberano; pode mediar meios naturais | Permite diálogo informado com a ciência |
Nível de explicação | Escritura (finalidade) / Ciência (mecanismo) | — | Teologia responde propósito; ciência investiga meios | Ensino que integra fé e razão |
8. Conclusão sintética
A Bíblia proclama que o homem foi criado por Deus, formado com cuidado, vivificado pelo Seu sopro e constituído para refletir a sua imagem. A controvérsia moderna entre “imediatismo” e “mediacionismo” é, em última instância, pergunta sobre meios, não sobre a soberania e intenção de Deus. A fé cristã sustenta que, seja qual for o modo judicialmente aceito, a origem humana é intencional, a vida é dom e a dignidade humana é fundada na Imago Dei — pressupostos que orientam teologia, ética e ministério pastoral.
2.1.1. A linguagem bíblica da criação intencional
A criatura humana foi formada de maneira intencional e direta. Em Gênesis 1.27, o verbo hebraico bā·rā (“criar”) indica um ato exclusivo do Criador ao trazer à existência algo absolutamente novo.
Em Gênesis 2.7, o escritor sagrado emprega o verbo yāṣar (“modelar”, “moldar”), revelando o cuidado e a proximidade do Senhor na formação do homem a partir do pó da terra. A maneira como o texto apresenta essa criação é distinta da dos demais elementos da natureza: aqui, Deus se envolve diretamente, formando-o com as próprias mãos e soprando nele o fôlego da vida (Gn 2.7).
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1. O quadro literário imediato
Os dois relatos de Gênesis apresentam perspectivas complementares sobre a origem humana. Gênesis 1 (câmara sacerdotal/priestly) proclama a vocação e a dignidade do humano (criado à imagem e semelhança), enquanto Gênesis 2 (traço yahwista / narrativa mais antropocêntrica) descreve com pormenor a formação do homem: o molde, o sopro e a presença pessoal de Deus. Lermos os dois textos em conjunto é ler o mesmo fato a partir de duas dimensões: universal-teológica (Gn 1) e pessoal-existencial (Gn 2).
2. Dois verbos centrais: bārāʾ (בָּרָא) e yāṣar (יָצַר)
2.1 bārāʾ — “criar” (Gn 1.1; 1.27)
- Léxico/uso: bārāʾ é o verbo paradigmático da ação divina nos primeiros versículos da Escritura. No hebraico bíblico aparece preferencialmente aplicado à atividade de Deus (criar, fazer novo).
- Sentido teológico: expressa originação absoluta, autoridade e soberania divinas. Quando se diz que Deus bārāʾ o homem, a Escritura afirma que a existência humana tem início na vontade criadora de Deus — não é produto necessário do cosmos ou de processos autocausais.
- Implicação: a criação é novidade absoluta, obra que carrega a marca do Criador.
2.2 yāṣar — “modelar, moldar” (Gn 2.7)
- Léxico/uso: yāṣar evoca linguagem do oleiro, do artesão; é um verbo que sugere ação íntima, cuidadosa e formativa.
- Significado narrativo: Gn 2 descreve Deus que forma o homem do pó (ʿāp̄ār) e sopra vida em suas narinas — uma cena de proximidade e relação.
- Teologia pastoral: apresenta a criação humana não só como ato transcendente mas também como ato pessoal — Deus que aproxima, toca, molda e dá vida.
Resumo comparativo: bārāʾ (ato criador de âmbito cósmico e soberano) + yāṣar (ato formador, artesanal, íntimo) colaboram para mostrar a totalidade da ação criadora: Deus é ao mesmo tempo transcendente e pessoal.
3. O sopro da vida: nishmat ḥayyîm (נִשְׁמַת חַיִּים) e a noção de nephesh chayyah
- Gn 2.7 diz literalmente que Deus “soprou nas suas narinas o nishmat chayyim” e o homem tornou-se nephesh chayyah — muitas traduções: “alma vivente / ser vivente”.
- O termo hebraico נֶפֶשׁ (nephesh) é multifacetado: vida, pessoa vivo, ser sensitivo—a Bíblia hebraica não opera com um dualismo alma/corpo à maneira grega, mas descreve unidade vivente.
- Teologicamente: o sopro não é um encaixe mecânico entre matéria e espírito; é imagem literária para dizer que a vida humana é dom relacional: a própria vida constitui-se em dependência e comunicação com Deus.
No grego (LXX / NT) aparecem termos correlatos: ψυχή (psuchē) e πνεῦμα (pneuma); João enfatizará o caráter relacional de Deus ao dizer “Deus é espírito” (πνεῦμα, Jo 4.24), mas também que a vida humana é vivificada por Deus.
4. A singularidade humana na linguagem da imago (tselem / demûth; εἰκών / ὁμοίωσις)
- Em Gn 1.26–27 o humano é descrito como צֶלֶם (tselem) e דְּמוּת (demûth) — imagem e semelhança.
- Essas palavras não afirmam participação na essência de Deus, mas representação funcional: o ser humano é chamado a representar, refletir e administrar a criação à semelhança de Deus.
- Na Septuaginta e no NT o termo é traduzido por εἰκόνα (eikōn) (Col 1.15; 2Cor 4.4), o que abre a ponte cristológica: Cristo é a imagem perfeita; a redenção é restauração da imagem (Rm 8.29; Col 3.10).
5. Por que a narrativa usa essa linguagem?
- Comunicação apropriada — A linguagem antropomórfica e artesanal permite ao leitor humano compreender a ação divina; mas a teologia mantém a distinção Criador-criatura.
- Ética e dignidade — Descrever a formação como ato pessoal de Deus fundamenta a dignidade intrínseca de cada vida humana.
- Relação e vocação — O sopro, as mãos do oleiro e a imagem indicam que o humano existe para relação com Deus e para missão (mordomia).
6. Aplicação pastoral e prática
- Dignidade humana: a criação intencional reafirma que cada pessoa é valiosa por ser obra direta de Deus — base bíblica contra racismo, eugenia, aborto e desumanizações.
- Identidade e autoestima: a origem intencional dá resposta cristã à angústia existencial do “acaso” — não somos acidente cósmico, somos chamados.
- Vocação e trabalho: ser feito à imagem implica responsabilidade de cuidado e criatividade (mordomia): o trabalho é participação no mandato divino.
- Consolo no sofrimento: o mesmo Deus que formou intimamente conhece nossa fragilidade — expressão pastoral potente quando se acompanha o que sofre.
- Diálogo com ciência: reconhecer a linguagem teológica do texto permite diálogo com descobertas científicas sem perder o centro: propósito, dignidade, dependência do Criador.
7. Perguntas para reflexão pessoal / grupo
- Como a ideia de “moldado pelas mãos de Deus” muda a forma como vejo meu corpo e minha história?
- De que forma minha vocação diária (trabalho, família, comunidade) pode ser entendida como participação no mandato da imagem?
- Em que ocasiões me sinto tratado como “objeto” e como posso exercer e promover dignidade para outros?
8. Tabela expositiva — resumo (uso rápido)
Expressão bíblica
Texto(s)
Termo heb./grego
Sentido principal
Aplicação prática
“Criado”
Gn 1.27; Gn 1.1
בָּרָא (bārāʾ) / LXX ἐποίησεν
Ato originador e soberano de Deus
Fundamental para dignidade humana
“Formado / moldado”
Gn 2.7
יָצַר (yāṣar)
Ação artesanal, íntima, pessoal (oleiro)
Deus próximo; vida como dom pessoal
“Sopro da vida”
Gn 2.7
נִשְׁמַת חַיִּים (nishmat ḥayyîm) / ψυχή / πνεῦμα
Vivificação; relação criador-criado
Vida = dom; base para ética pró-vida
“Imagem / semelhança”
Gn 1.26–27
צֶלֶם / דְּמוּת (tselem / demûth) ; εἰκόνα / ὁμοίωσις
Representação funcional e vocação
Vocação: refletir a glória/divindade em serviço
Dois aspectos complementares
Gn 1 / Gn 2
Priestly / Yahwistic
Gn1 = vocação universal; Gn2 = ação pessoal
Leitura integrada: propósito + relação
9. Conclusão
A linguagem bíblica da criação intencional conjuga o poder criador (bārāʾ) e a proximidade formadora (yāṣar) de Deus: Ele não apenas traz o homem à existência, mas o molda com cuidado e lhe dá vida pessoal. Essas imagens são o fundamento teológico para entender a nossa dignidade, vocação e dependência do Criador — e oferecem recursos ricos para a pastoral, a ética e o diálogo com a cultura.
1. O quadro literário imediato
Os dois relatos de Gênesis apresentam perspectivas complementares sobre a origem humana. Gênesis 1 (câmara sacerdotal/priestly) proclama a vocação e a dignidade do humano (criado à imagem e semelhança), enquanto Gênesis 2 (traço yahwista / narrativa mais antropocêntrica) descreve com pormenor a formação do homem: o molde, o sopro e a presença pessoal de Deus. Lermos os dois textos em conjunto é ler o mesmo fato a partir de duas dimensões: universal-teológica (Gn 1) e pessoal-existencial (Gn 2).
2. Dois verbos centrais: bārāʾ (בָּרָא) e yāṣar (יָצַר)
2.1 bārāʾ — “criar” (Gn 1.1; 1.27)
- Léxico/uso: bārāʾ é o verbo paradigmático da ação divina nos primeiros versículos da Escritura. No hebraico bíblico aparece preferencialmente aplicado à atividade de Deus (criar, fazer novo).
- Sentido teológico: expressa originação absoluta, autoridade e soberania divinas. Quando se diz que Deus bārāʾ o homem, a Escritura afirma que a existência humana tem início na vontade criadora de Deus — não é produto necessário do cosmos ou de processos autocausais.
- Implicação: a criação é novidade absoluta, obra que carrega a marca do Criador.
2.2 yāṣar — “modelar, moldar” (Gn 2.7)
- Léxico/uso: yāṣar evoca linguagem do oleiro, do artesão; é um verbo que sugere ação íntima, cuidadosa e formativa.
- Significado narrativo: Gn 2 descreve Deus que forma o homem do pó (ʿāp̄ār) e sopra vida em suas narinas — uma cena de proximidade e relação.
- Teologia pastoral: apresenta a criação humana não só como ato transcendente mas também como ato pessoal — Deus que aproxima, toca, molda e dá vida.
Resumo comparativo: bārāʾ (ato criador de âmbito cósmico e soberano) + yāṣar (ato formador, artesanal, íntimo) colaboram para mostrar a totalidade da ação criadora: Deus é ao mesmo tempo transcendente e pessoal.
3. O sopro da vida: nishmat ḥayyîm (נִשְׁמַת חַיִּים) e a noção de nephesh chayyah
- Gn 2.7 diz literalmente que Deus “soprou nas suas narinas o nishmat chayyim” e o homem tornou-se nephesh chayyah — muitas traduções: “alma vivente / ser vivente”.
- O termo hebraico נֶפֶשׁ (nephesh) é multifacetado: vida, pessoa vivo, ser sensitivo—a Bíblia hebraica não opera com um dualismo alma/corpo à maneira grega, mas descreve unidade vivente.
- Teologicamente: o sopro não é um encaixe mecânico entre matéria e espírito; é imagem literária para dizer que a vida humana é dom relacional: a própria vida constitui-se em dependência e comunicação com Deus.
No grego (LXX / NT) aparecem termos correlatos: ψυχή (psuchē) e πνεῦμα (pneuma); João enfatizará o caráter relacional de Deus ao dizer “Deus é espírito” (πνεῦμα, Jo 4.24), mas também que a vida humana é vivificada por Deus.
4. A singularidade humana na linguagem da imago (tselem / demûth; εἰκών / ὁμοίωσις)
- Em Gn 1.26–27 o humano é descrito como צֶלֶם (tselem) e דְּמוּת (demûth) — imagem e semelhança.
- Essas palavras não afirmam participação na essência de Deus, mas representação funcional: o ser humano é chamado a representar, refletir e administrar a criação à semelhança de Deus.
- Na Septuaginta e no NT o termo é traduzido por εἰκόνα (eikōn) (Col 1.15; 2Cor 4.4), o que abre a ponte cristológica: Cristo é a imagem perfeita; a redenção é restauração da imagem (Rm 8.29; Col 3.10).
5. Por que a narrativa usa essa linguagem?
- Comunicação apropriada — A linguagem antropomórfica e artesanal permite ao leitor humano compreender a ação divina; mas a teologia mantém a distinção Criador-criatura.
- Ética e dignidade — Descrever a formação como ato pessoal de Deus fundamenta a dignidade intrínseca de cada vida humana.
- Relação e vocação — O sopro, as mãos do oleiro e a imagem indicam que o humano existe para relação com Deus e para missão (mordomia).
6. Aplicação pastoral e prática
- Dignidade humana: a criação intencional reafirma que cada pessoa é valiosa por ser obra direta de Deus — base bíblica contra racismo, eugenia, aborto e desumanizações.
- Identidade e autoestima: a origem intencional dá resposta cristã à angústia existencial do “acaso” — não somos acidente cósmico, somos chamados.
- Vocação e trabalho: ser feito à imagem implica responsabilidade de cuidado e criatividade (mordomia): o trabalho é participação no mandato divino.
- Consolo no sofrimento: o mesmo Deus que formou intimamente conhece nossa fragilidade — expressão pastoral potente quando se acompanha o que sofre.
- Diálogo com ciência: reconhecer a linguagem teológica do texto permite diálogo com descobertas científicas sem perder o centro: propósito, dignidade, dependência do Criador.
7. Perguntas para reflexão pessoal / grupo
- Como a ideia de “moldado pelas mãos de Deus” muda a forma como vejo meu corpo e minha história?
- De que forma minha vocação diária (trabalho, família, comunidade) pode ser entendida como participação no mandato da imagem?
- Em que ocasiões me sinto tratado como “objeto” e como posso exercer e promover dignidade para outros?
8. Tabela expositiva — resumo (uso rápido)
Expressão bíblica | Texto(s) | Termo heb./grego | Sentido principal | Aplicação prática |
“Criado” | Gn 1.27; Gn 1.1 | בָּרָא (bārāʾ) / LXX ἐποίησεν | Ato originador e soberano de Deus | Fundamental para dignidade humana |
“Formado / moldado” | Gn 2.7 | יָצַר (yāṣar) | Ação artesanal, íntima, pessoal (oleiro) | Deus próximo; vida como dom pessoal |
“Sopro da vida” | Gn 2.7 | נִשְׁמַת חַיִּים (nishmat ḥayyîm) / ψυχή / πνεῦμα | Vivificação; relação criador-criado | Vida = dom; base para ética pró-vida |
“Imagem / semelhança” | Gn 1.26–27 | צֶלֶם / דְּמוּת (tselem / demûth) ; εἰκόνα / ὁμοίωσις | Representação funcional e vocação | Vocação: refletir a glória/divindade em serviço |
Dois aspectos complementares | Gn 1 / Gn 2 | Priestly / Yahwistic | Gn1 = vocação universal; Gn2 = ação pessoal | Leitura integrada: propósito + relação |
9. Conclusão
A linguagem bíblica da criação intencional conjuga o poder criador (bārāʾ) e a proximidade formadora (yāṣar) de Deus: Ele não apenas traz o homem à existência, mas o molda com cuidado e lhe dá vida pessoal. Essas imagens são o fundamento teológico para entender a nossa dignidade, vocação e dependência do Criador — e oferecem recursos ricos para a pastoral, a ética e o diálogo com a cultura.
2.2. Criado com identidade, dignidade e missão
A doutrina bíblica da Criação não tem por objetivo fixar datas, mas revelar a intencionalidade divina. Genealogias, como as de Gênesis, visam apontar a linhagem messiânica (cf. Gn 5; 10), não estabelecer cronologias absolutas. Mais importante que saber quando a humanidade foi criada é compreender por que e para quem foi criada.
Diferente das teorias naturalistas, que o reduzem a um animal racional aperfeiçoado, o texto sagrado o apresenta como único ser feito à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26,27), com capacidade de se relacionar com Ele, refletir Seus atributos e exercer domínio responsável sobre a Criação (Gn 1.28-30). Essa distinção lhe confere honra, consciência moral e vocação espiritual.
Chamado à existência para viver em comunhão com o Altíssimo e manifestar Sua glória no mundo, o ser humano só encontra sentido quando compreende e responde a esse chamado. Nesse sentido, a doutrina da Criação não constitui um elemento periférico da fé cristã, mas o alicerce a partir do qual se entende a Queda, a Redenção e o destino eterno da humanidade.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1. O propósito da criação humana
O texto de Gênesis 1.26–27 enfatiza que o homem foi criado à imagem (tselem, צֶלֶם) e semelhança (demût, דְּמוּת) de Deus. Diferente da mera função biológica ou racional, estes termos apontam para identidade, dignidade e vocação espiritual:
- Identidade: O ser humano possui uma natureza relacional e única, distinta de toda a criação (Sl 8.5–6).
- Dignidade: A imagem de Deus confere valor intrínseco e inalienável, independentemente de status, riqueza ou aparência.
- Missão: Refletir atributos de Deus e exercer domínio responsável sobre a Criação (Gn 1.28–30) — domínio entendido como mordomia, não exploração.
1.1 Palavra hebraica: tselem e demût
- צֶלֶם (tselem): sugere representação, figura ou reflexo. O humano é representante funcional de Deus na Criação.
- דְּמוּת (demût): implica semelhança relacional; não indica participação na essência divina (ousia), mas capacidade de refletir atributos comunicáveis como moralidade, racionalidade e espiritualidade.
- Aplicação teológica: O homem não é deus nem extensão da divindade; é portador da vocação de imagem, chamado a refletir a glória de Deus.
2. Chamado à comunhão com Deus
O homem foi criado para relacionar-se com o Criador (Gn 2.7; Jo 4.24). A vida humana não se esgota em existência material, mas em relacionamento com Deus. Paulo reforça essa perspectiva ao ensinar que fomos criados em Cristo para boas obras (Ef 2.10).
- A consciência moral, presente em cada ser humano, indica a dimensão espiritual e relacional da Criação (Rm 2.14–15).
- A vocação espiritual se manifesta na capacidade de adorar, obedecer e refletir o caráter de Deus.
3. Domínio responsável sobre a Criação
Gn 1.28–30 apresenta a humanidade com mandato de domínio (radah, רָדָה) e mordomia. A palavra radah refere-se à governança justa e responsável, e não ao despotismo ou exploração.
- A criação humana inclui capacidade de decisão ética, responsabilidade ecológica e cuidado com a vida.
- A missão do homem é integrar identidade, dignidade e vocação, vivendo de forma consciente perante Deus e a Criação.
4. Implicações para a fé cristã
- A Criação fornece a base para entender a Queda: o homem desvia-se de sua vocação ao pecado.
- Permite compreender a Redenção: Cristo é a restauração da Imagem de Deus (Rm 8.29; Col 3.10).
- Fundamenta a esperança escatológica: o homem foi criado para a eternidade, cuja realização final se dá em comunhão plena com Deus.
5. Leituras acadêmicas recomendadas
- Anthony A. Hoekema, Criados a Imagem de Deus – estudo evangélico profundo sobre Imago Dei.
- John Walton, O mundo em Gênesis – contexto cultural e funcional da narrativa de criação.
- Herman Bavinck, Reformada Dogmatica– criação, imagem de Deus e providência.
- F.F. Bruce, Comentários do Novo Testamento – relação da criação com a mensagem cristológica e salvífica.
- Léxicos: Biblia de Estudo Palavra Chave— para estudo lexical das palavras-chave.
6. Aplicação pessoal
- Reconhecimento da dignidade: Cada pessoa possui valor inalienável, independentemente da opinião social ou profissional.
- Vocação e missão: Exercitar domínio justo e mordomia ambiental, cultural e espiritual.
- Relacionamento com Deus: Buscar comunhão diária, oração e adoração, reconhecendo que nossa identidade se completa em Cristo.
- Propósito existencial: O sentido da vida não está no acaso ou na biologia, mas no chamado de Deus para refletir Sua glória.
7. Tabela expositiva
Aspecto
Texto(s)
Palavra hebraica / grega
Significado
Aplicação prática
Identidade
Gn 1.26–27
צֶלֶם (tselem) / εἰκόνα (eikōn)
Representação funcional de Deus
Reconhecer dignidade pessoal e alheia
Semelhança / vocação
Gn 1.26
דְּמוּת (demût) / ὁμοίωσις (homoiōsis)
Capacidade de refletir atributos de Deus
Exercício de espiritualidade e moralidade
Chamado à comunhão
Gn 2.7; Jo 4.24
נִשְׁמַת חַיִּים (nishmat ḥayyîm) / πνεῦμα (pneuma)
Relação direta com Deus, vivificação
Vida espiritual ativa, oração e adoração
Domínio / mordomia
Gn 1.28–30
רָדָה (radah)
Governança responsável sobre a Criação
Ética, cuidado ambiental, liderança justa
Propósito eterno
Ec 3.11; Rm 8.29
—
O homem existe para cumprir vocação e viver em comunhão eterna
Esperança, missão e sentido de vida
1. O propósito da criação humana
O texto de Gênesis 1.26–27 enfatiza que o homem foi criado à imagem (tselem, צֶלֶם) e semelhança (demût, דְּמוּת) de Deus. Diferente da mera função biológica ou racional, estes termos apontam para identidade, dignidade e vocação espiritual:
- Identidade: O ser humano possui uma natureza relacional e única, distinta de toda a criação (Sl 8.5–6).
- Dignidade: A imagem de Deus confere valor intrínseco e inalienável, independentemente de status, riqueza ou aparência.
- Missão: Refletir atributos de Deus e exercer domínio responsável sobre a Criação (Gn 1.28–30) — domínio entendido como mordomia, não exploração.
1.1 Palavra hebraica: tselem e demût
- צֶלֶם (tselem): sugere representação, figura ou reflexo. O humano é representante funcional de Deus na Criação.
- דְּמוּת (demût): implica semelhança relacional; não indica participação na essência divina (ousia), mas capacidade de refletir atributos comunicáveis como moralidade, racionalidade e espiritualidade.
- Aplicação teológica: O homem não é deus nem extensão da divindade; é portador da vocação de imagem, chamado a refletir a glória de Deus.
2. Chamado à comunhão com Deus
O homem foi criado para relacionar-se com o Criador (Gn 2.7; Jo 4.24). A vida humana não se esgota em existência material, mas em relacionamento com Deus. Paulo reforça essa perspectiva ao ensinar que fomos criados em Cristo para boas obras (Ef 2.10).
- A consciência moral, presente em cada ser humano, indica a dimensão espiritual e relacional da Criação (Rm 2.14–15).
- A vocação espiritual se manifesta na capacidade de adorar, obedecer e refletir o caráter de Deus.
3. Domínio responsável sobre a Criação
Gn 1.28–30 apresenta a humanidade com mandato de domínio (radah, רָדָה) e mordomia. A palavra radah refere-se à governança justa e responsável, e não ao despotismo ou exploração.
- A criação humana inclui capacidade de decisão ética, responsabilidade ecológica e cuidado com a vida.
- A missão do homem é integrar identidade, dignidade e vocação, vivendo de forma consciente perante Deus e a Criação.
4. Implicações para a fé cristã
- A Criação fornece a base para entender a Queda: o homem desvia-se de sua vocação ao pecado.
- Permite compreender a Redenção: Cristo é a restauração da Imagem de Deus (Rm 8.29; Col 3.10).
- Fundamenta a esperança escatológica: o homem foi criado para a eternidade, cuja realização final se dá em comunhão plena com Deus.
5. Leituras acadêmicas recomendadas
- Anthony A. Hoekema, Criados a Imagem de Deus – estudo evangélico profundo sobre Imago Dei.
- John Walton, O mundo em Gênesis – contexto cultural e funcional da narrativa de criação.
- Herman Bavinck, Reformada Dogmatica– criação, imagem de Deus e providência.
- F.F. Bruce, Comentários do Novo Testamento – relação da criação com a mensagem cristológica e salvífica.
- Léxicos: Biblia de Estudo Palavra Chave— para estudo lexical das palavras-chave.
6. Aplicação pessoal
- Reconhecimento da dignidade: Cada pessoa possui valor inalienável, independentemente da opinião social ou profissional.
- Vocação e missão: Exercitar domínio justo e mordomia ambiental, cultural e espiritual.
- Relacionamento com Deus: Buscar comunhão diária, oração e adoração, reconhecendo que nossa identidade se completa em Cristo.
- Propósito existencial: O sentido da vida não está no acaso ou na biologia, mas no chamado de Deus para refletir Sua glória.
7. Tabela expositiva
Aspecto | Texto(s) | Palavra hebraica / grega | Significado | Aplicação prática |
Identidade | Gn 1.26–27 | צֶלֶם (tselem) / εἰκόνα (eikōn) | Representação funcional de Deus | Reconhecer dignidade pessoal e alheia |
Semelhança / vocação | Gn 1.26 | דְּמוּת (demût) / ὁμοίωσις (homoiōsis) | Capacidade de refletir atributos de Deus | Exercício de espiritualidade e moralidade |
Chamado à comunhão | Gn 2.7; Jo 4.24 | נִשְׁמַת חַיִּים (nishmat ḥayyîm) / πνεῦμα (pneuma) | Relação direta com Deus, vivificação | Vida espiritual ativa, oração e adoração |
Domínio / mordomia | Gn 1.28–30 | רָדָה (radah) | Governança responsável sobre a Criação | Ética, cuidado ambiental, liderança justa |
Propósito eterno | Ec 3.11; Rm 8.29 | — | O homem existe para cumprir vocação e viver em comunhão eterna | Esperança, missão e sentido de vida |
3. CARACTERÍSTICAS DO SER CRIADO À IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS
Criados à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26,27), homens e mulheres carregam em si Seus atributos comunicáveis.
Isso não significa que sejam divinos, mas que o Senhor lhes conferiu qualidades que os distinguem de todos os demais seres criados.
Essas características apontam para seu chamado original: refletir Sua glória, relacionar-se com Ele e com o próximo, exercer administração sobre a Criação e viver em santidade.
A seguir, são apresentadas seis dessas características:
3.1. Personalidade e racionalidade
Deus é um ser pessoal e relacional (1 Jo 4.8). Criado à Sua imagem e semelhança, o ser humano possui também uma personalidade, isto é, consciência de si, vontade, emoções e a capacidade de comunicar-se e construir vínculos significativos.
Essa dimensão fundamenta sua responsabilidade moral. Entre os elementos que a compõem, destaca-se a racionalidade (Cl 3.10; Pv 1.7) — expressão da interioridade que possibilita compreender, interpretar e transformar a realidade. Tal faculdade reflete a mente do Criador e impulsiona o desenvolvimento das artes, das ciências e da cultura.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1. A imagem de Deus e a personalidade humana
Gênesis 1.26–27 apresenta o homem como criatura à imagem (tselem, צֶלֶם) e semelhança (demût, דְּמוּת*) de Deus. Essa identidade implica personalidade, ou seja, capacidade de ser um ser consciente, responsável e relacional.
- A personalidade humana é reflexo da personalidade de Deus, que é pessoal, comunicável e relacional (1 Jo 4.8; Dt 6.5; Mt 22.37).
- O ser humano não é mero organismo biológico, mas possuidor de interioridade, vontade, afetos e consciência moral, capazes de interação com Deus, consigo mesmo e com outros.
1.1 Palavra hebraica: nefesh e grega: psyche
- נֶפֶשׁ (nefesh): refere-se ao ser vivente, à alma, à pessoa inteira — não apenas o corpo físico. Indica vida consciente e relacional (Gn 2.7).
- ψυχή (psyche): no Novo Testamento, designa a vida pessoal e a mente consciente (Mt 16.26; 1 Pe 1.9).
- Aplicação teológica: A racionalidade é uma das dimensões em que a imagem de Deus se manifesta, evidenciando nossa capacidade de discernir, escolher e agir eticamente.
2. Racionalidade: reflexo da mente do Criador
O ser humano possui faculdades intelectuais, o que permite compreender, interpretar e transformar a realidade. Essa característica:
- Reflete a mente de Deus (nous, νοῦς, inteligência, sabedoria criativa) — Gn 2.19–20, onde Adão nomeia os animais, exercendo discernimento.
- Permite responsabilidade moral e ética — Racionalidade possibilita escolha consciente entre o bem e o mal (Dt 30.19; Pv 1.7).
- Fundamento das artes, ciências e cultura — Tal racionalidade evidencia a capacidade de criar, organizar e valorizar a beleza, de maneira que a humanidade cumpre o mandato de refletir a glória de Deus.
3. Relação com a moralidade e espiritualidade
- A racionalidade não é neutra, mas ligada à moralidade e à vocação espiritual.
- É por meio da consciência racional que o homem entende o conceito de pecado, bem e mal (Rm 2.14–15), podendo escolher relacionar-se com Deus ou desviar-se da Sua vontade.
- A dimensão racional sustenta a adoração consciente (latreia, λατρεία, João 4.23–24), pois é necessário entendimento e entrega voluntária para glorificar a Deus.
4. Aplicação pessoal
- Autoconhecimento: Reconhecer que somos seres conscientes, com responsabilidade pessoal diante de Deus.
- Relacionamento interpessoal: Valorizar comunicação, empatia e ética nos relacionamentos, refletindo a imagem de Deus.
- Uso da racionalidade: Tomar decisões sábias e éticas, aplicar conhecimento para o bem da comunidade e da Criação.
- Desenvolvimento cultural e espiritual: Usar dons intelectuais para glorificar a Deus, criando, aprendendo e ensinando de forma sábia.
5. Tabela expositiva
Característica
Texto(s)
Palavra hebraica / grega
Significado
Aplicação prática
Personalidade
Gn 1.26–27; 2.7
נֶפֶשׁ (nefesh) / ψυχή (psyche)
Vida consciente, relacional e interioridade
Valorizar relações, autoconhecimento e ética
Racionalidade
Cl 3.10; Pv 1.7; Gn 2.19–20
νοῦς (nous)
Capacidade de entender, discernir, criar e escolher
Tomar decisões éticas, desenvolver cultura e ciência
Responsabilidade moral
Dt 30.19; Rm 2.14–15
—
Escolha entre bem e mal, consciência moral
Viver de forma justa, ética e espiritualmente consciente
Adoração consciente
Jo 4.23–24
λατρεία (latreia)
Adorar em espírito e em verdade
Cultivar fé com entendimento, oração e louvor intencional
1. A imagem de Deus e a personalidade humana
Gênesis 1.26–27 apresenta o homem como criatura à imagem (tselem, צֶלֶם) e semelhança (demût, דְּמוּת*) de Deus. Essa identidade implica personalidade, ou seja, capacidade de ser um ser consciente, responsável e relacional.
- A personalidade humana é reflexo da personalidade de Deus, que é pessoal, comunicável e relacional (1 Jo 4.8; Dt 6.5; Mt 22.37).
- O ser humano não é mero organismo biológico, mas possuidor de interioridade, vontade, afetos e consciência moral, capazes de interação com Deus, consigo mesmo e com outros.
1.1 Palavra hebraica: nefesh e grega: psyche
- נֶפֶשׁ (nefesh): refere-se ao ser vivente, à alma, à pessoa inteira — não apenas o corpo físico. Indica vida consciente e relacional (Gn 2.7).
- ψυχή (psyche): no Novo Testamento, designa a vida pessoal e a mente consciente (Mt 16.26; 1 Pe 1.9).
- Aplicação teológica: A racionalidade é uma das dimensões em que a imagem de Deus se manifesta, evidenciando nossa capacidade de discernir, escolher e agir eticamente.
2. Racionalidade: reflexo da mente do Criador
O ser humano possui faculdades intelectuais, o que permite compreender, interpretar e transformar a realidade. Essa característica:
- Reflete a mente de Deus (nous, νοῦς, inteligência, sabedoria criativa) — Gn 2.19–20, onde Adão nomeia os animais, exercendo discernimento.
- Permite responsabilidade moral e ética — Racionalidade possibilita escolha consciente entre o bem e o mal (Dt 30.19; Pv 1.7).
- Fundamento das artes, ciências e cultura — Tal racionalidade evidencia a capacidade de criar, organizar e valorizar a beleza, de maneira que a humanidade cumpre o mandato de refletir a glória de Deus.
3. Relação com a moralidade e espiritualidade
- A racionalidade não é neutra, mas ligada à moralidade e à vocação espiritual.
- É por meio da consciência racional que o homem entende o conceito de pecado, bem e mal (Rm 2.14–15), podendo escolher relacionar-se com Deus ou desviar-se da Sua vontade.
- A dimensão racional sustenta a adoração consciente (latreia, λατρεία, João 4.23–24), pois é necessário entendimento e entrega voluntária para glorificar a Deus.
4. Aplicação pessoal
- Autoconhecimento: Reconhecer que somos seres conscientes, com responsabilidade pessoal diante de Deus.
- Relacionamento interpessoal: Valorizar comunicação, empatia e ética nos relacionamentos, refletindo a imagem de Deus.
- Uso da racionalidade: Tomar decisões sábias e éticas, aplicar conhecimento para o bem da comunidade e da Criação.
- Desenvolvimento cultural e espiritual: Usar dons intelectuais para glorificar a Deus, criando, aprendendo e ensinando de forma sábia.
5. Tabela expositiva
Característica | Texto(s) | Palavra hebraica / grega | Significado | Aplicação prática |
Personalidade | Gn 1.26–27; 2.7 | נֶפֶשׁ (nefesh) / ψυχή (psyche) | Vida consciente, relacional e interioridade | Valorizar relações, autoconhecimento e ética |
Racionalidade | Cl 3.10; Pv 1.7; Gn 2.19–20 | νοῦς (nous) | Capacidade de entender, discernir, criar e escolher | Tomar decisões éticas, desenvolver cultura e ciência |
Responsabilidade moral | Dt 30.19; Rm 2.14–15 | — | Escolha entre bem e mal, consciência moral | Viver de forma justa, ética e espiritualmente consciente |
Adoração consciente | Jo 4.23–24 | λατρεία (latreia) | Adorar em espírito e em verdade | Cultivar fé com entendimento, oração e louvor intencional |
3.2. Moralidade e espiritualidade
Por serem dotados de consciência moral, homens e mulheres possuem um senso inato do certo e do errado, do justo e do injusto, sendo responsáveis por suas escolhas e julgados por elas (Rm 2.14-16). Essa sensibilidade ética os distingue dos demais seres vivos e os torna passíveis de arrependimento, perdão e reconciliação.
Essa dimensão, orientada para o bem e a verdade, conecta-se à espiritualidade — a capacidade de se relacionar com Deus e perceber realidades que transcendem o visível. Criado para a comunhão com o Divino, o ser humano adora, busca sentido e se eleva além da matéria. Essa espiritualidade não se reduz a ritos: é um vínculo vivo com o Criador (Jo 4.24).
3.3. Sociabilidade e infinitude
Não é bom que o homem esteja só (Gn 2.18) — essa afirmação revela que a convivência está no cerne do propósito divino para a humanidade. Fomos criados para viver em comunhão: com a família, a comunidade de fé e a sociedade. O isolamento prolongado compromete nossa realização plena e fere a vocação relacional inscrita por Deus em nossa constituição.
Mais do que necessidade circunstancial, a sociabilidade carrega um anseio de permanência: quem ama deseja continuar amando, e todo vínculo verdadeiro aspira perdurar. Esse impulso revela o eco da eternidade que Deus plantou no coração humano (Ec 3.11). Fomos criados não apenas para vínculos passageiros, mas para a comunhão eterna — com o Criador e com o próximo.
Embora tenhamos um início marcado no tempo, nossa existência não tem fim, e nosso destino eterno depende da resposta dada à revelação divina. Essas marcas evidenciam não apenas honra, mas a vocação mais elevada da humanidade: refletir a imagem do Criador e viver para a Sua glória.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
3.2 Moralidade e espiritualidade
1. Consciência moral
O ser humano, criado à imagem de Deus, possui sensibilidade ética inata (diakrisis, διάκρισις; discernimento).
- Romanos 2.14-16 apresenta a moralidade como elemento universal, gravado na consciência (syneidesis, συνείδησις), independentemente da Lei.
- Essa capacidade ética distingue o homem dos demais seres vivos, permitindo arrependimento, perdão e reconciliação com Deus (Sl 51.10; Ez 36.26).
- Hebraico: chaqaq (חָקַק) – gravar ou inscrever; refere-se ao modo como Deus “grava” a Lei e a moralidade no coração humano (Jr 31.33).
2. Espiritualidade
A moralidade está intrinsecamente ligada à espiritualidade, isto é, a capacidade de perceber e se relacionar com realidades transcendentais.
- O homem é criatura relacional com Deus (pneuma, πνεῦμα) e capaz de adoração consciente (Jo 4.24).
- A espiritualidade não se reduz a ritos formais, mas envolve comunhão viva e contínua com o Criador, manifestada em ética, oração, estudo e serviço.
- Essa dimensão reflete a imagem de Deus comunicável, demonstrando que fomos feitos para mais do que existência material.
3.3 Sociabilidade e infinitude
1. Sociabilidade
A afirmação “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18) revela:
- A vocação relacional do ser humano: somos chamados para comunhão com familiares, comunidade de fé e sociedade.
- A sociabilidade não é mera necessidade física, mas expressão da imagem de Deus, que é trinitária e relacional (Mt 28.19).
- Hebraico: ishah (אִשָּׁה) – criada como complemento de Adão; indica que a sociabilidade é essencial e intencional na constituição humana.
2. Infinitude
A convivência reflete desejo de permanência e eternidade:
- O impulso de amar e criar vínculos duradouros revela a eternidade plantada no coração humano (Ec 3.11).
- Embora o ser humano tenha início no tempo (yom, יוֹם), sua alma (nefesh, נֶפֶשׁ) e destino transcendem o presente, apontando para a vida eterna em comunhão com Deus.
- A infinitude é uma marca da imagem de Deus: existimos para refletir Sua glória em tempo presente e eterno.
Aplicação pessoal
- Ética e espiritualidade: Viver de forma íntegra, consciente e conectada com Deus.
- Relacionamentos saudáveis: Valorizar família, amigos e comunidade de fé como expressão do design divino.
- Percepção da eternidade: Lembrar que nossas ações têm impacto eterno; investir em relacionamentos e vocações duradouras.
- Adoração e sentido: Desenvolver vida espiritual que transcenda rituais e mova coração, mente e ações para Deus.
Tabela expositiva
Característica
Texto(s)
Palavra hebraica / grega
Significado
Aplicação prática
Consciência moral
Rm 2.14-16; Sl 51.10
συνείδησις (syneidesis)
Capacidade inata de discernir certo e errado
Escolher o bem, arrepender-se e reconciliar-se com Deus
Espiritualidade
Jo 4.24; 1 Co 2.11
πνεῦμα (pneuma)
Capacidade de perceber e se relacionar com Deus
Adorar, orar e buscar comunhão verdadeira
Sociabilidade
Gn 2.18; Mt 28.19
אִשָּׁה (ishah)
Vocação relacional e complementaridade
Valorizar família, igreja e comunidade
Infinitude
Ec 3.11; 1 Pe 1.3
נֶפֶשׁ (nefesh)
Desejo e vocação para eternidade
Viver com propósito eterno, investir em relações duradouras
3.2 Moralidade e espiritualidade
1. Consciência moral
O ser humano, criado à imagem de Deus, possui sensibilidade ética inata (diakrisis, διάκρισις; discernimento).
- Romanos 2.14-16 apresenta a moralidade como elemento universal, gravado na consciência (syneidesis, συνείδησις), independentemente da Lei.
- Essa capacidade ética distingue o homem dos demais seres vivos, permitindo arrependimento, perdão e reconciliação com Deus (Sl 51.10; Ez 36.26).
- Hebraico: chaqaq (חָקַק) – gravar ou inscrever; refere-se ao modo como Deus “grava” a Lei e a moralidade no coração humano (Jr 31.33).
2. Espiritualidade
A moralidade está intrinsecamente ligada à espiritualidade, isto é, a capacidade de perceber e se relacionar com realidades transcendentais.
- O homem é criatura relacional com Deus (pneuma, πνεῦμα) e capaz de adoração consciente (Jo 4.24).
- A espiritualidade não se reduz a ritos formais, mas envolve comunhão viva e contínua com o Criador, manifestada em ética, oração, estudo e serviço.
- Essa dimensão reflete a imagem de Deus comunicável, demonstrando que fomos feitos para mais do que existência material.
3.3 Sociabilidade e infinitude
1. Sociabilidade
A afirmação “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18) revela:
- A vocação relacional do ser humano: somos chamados para comunhão com familiares, comunidade de fé e sociedade.
- A sociabilidade não é mera necessidade física, mas expressão da imagem de Deus, que é trinitária e relacional (Mt 28.19).
- Hebraico: ishah (אִשָּׁה) – criada como complemento de Adão; indica que a sociabilidade é essencial e intencional na constituição humana.
2. Infinitude
A convivência reflete desejo de permanência e eternidade:
- O impulso de amar e criar vínculos duradouros revela a eternidade plantada no coração humano (Ec 3.11).
- Embora o ser humano tenha início no tempo (yom, יוֹם), sua alma (nefesh, נֶפֶשׁ) e destino transcendem o presente, apontando para a vida eterna em comunhão com Deus.
- A infinitude é uma marca da imagem de Deus: existimos para refletir Sua glória em tempo presente e eterno.
Aplicação pessoal
- Ética e espiritualidade: Viver de forma íntegra, consciente e conectada com Deus.
- Relacionamentos saudáveis: Valorizar família, amigos e comunidade de fé como expressão do design divino.
- Percepção da eternidade: Lembrar que nossas ações têm impacto eterno; investir em relacionamentos e vocações duradouras.
- Adoração e sentido: Desenvolver vida espiritual que transcenda rituais e mova coração, mente e ações para Deus.
Tabela expositiva
Característica | Texto(s) | Palavra hebraica / grega | Significado | Aplicação prática |
Consciência moral | Rm 2.14-16; Sl 51.10 | συνείδησις (syneidesis) | Capacidade inata de discernir certo e errado | Escolher o bem, arrepender-se e reconciliar-se com Deus |
Espiritualidade | Jo 4.24; 1 Co 2.11 | πνεῦμα (pneuma) | Capacidade de perceber e se relacionar com Deus | Adorar, orar e buscar comunhão verdadeira |
Sociabilidade | Gn 2.18; Mt 28.19 | אִשָּׁה (ishah) | Vocação relacional e complementaridade | Valorizar família, igreja e comunidade |
Infinitude | Ec 3.11; 1 Pe 1.3 | נֶפֶשׁ (nefesh) | Desejo e vocação para eternidade | Viver com propósito eterno, investir em relações duradouras |
CONCLUSÃO
O homem não veio do caos nem do acaso. Veio do amor, do barro e do sopro. Veio do alto. Relembrar essa realidade nos devolve o chão — e o céu. Somos a imagem de Deus em carne, alma e espírito. Somos criação com propósito, gente com destino.
Que esta lição desperte em nós não apenas o entendimento, mas a reverência.
Que ao olhar para si, cada um veja o toque do Criador; e ao olhar para o outro, reconheça a dignidade de quem também carrega, ainda que ofuscada, a imagem do Eterno.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1. O homem como obra do Criador
A declaração de que o homem “não veio do caos nem do acaso, mas do amor, do barro e do sopro” sintetiza a doutrina bíblica da Criação.
- Gênesis 2.7 descreve: “formou o Senhor Deus o homem do pó da terra (‘adamah’ – אָדָמָה*) e soprou em suas narinas o fôlego da vida (‘nephesh chayyah’ – נֶפֶשׁ חַיָּה), e o homem tornou-se alma vivente”*.
- ‘Adamah’: enfatiza a matéria terrestre, limitada, contingente e dependente do Criador.
- ‘Nephesh chayyah’: fôlego vivificante, alma animada, elemento espiritual conferido diretamente por Deus, distinguindo o homem de todas as demais criaturas.
- Essa combinação revela que a humanidade é corpórea e espiritual, formada com cuidado, intenção e dignidade, não produto de forças naturais impessoais.
2. Imago Dei: corpo, alma e espírito
O conceito de ser humano como imagem de Deus (tselem Elohim – צֶלֶם אֱלֹהִים; Gn 1.26-27) carrega dimensões práticas e teológicas:
- Cognitiva e racional: capacidade de pensar, discernir, criar e conhecer a verdade (dianoia – διάνοια; Cl 3.10).
- Moral e espiritual: senso de certo e errado, propensão à justiça, consciência da eternidade (syneidesis – συνείδησις; Rm 2.14-16).
- Relacional e sociável: vocação para comunhão com Deus e com o próximo (ishah – אִשָּׁה; Gn 2.18).
- Responsabilidade e mordomia: exercer domínio sobre a Criação em obediência ao Criador (Gn 1.28).
A imagem de Deus é comunicável, refletida no caráter e na ação humana, mas não implica participação na essência divina (ousia), preservando a transcendência de Deus.
3. Aplicação prática
- Reconhecimento do valor próprio: Saber que nossa existência tem origem divina reforça autoestima baseada em Deus, não em méritos humanos.
- Relacionamentos respeitosos: Cada pessoa carrega a imagem do Eterno, devendo ser tratada com dignidade, compaixão e honra.
- Vocação e propósito: Buscar viver de maneira coerente com a identidade de imagem de Deus, refletindo Sua glória na vida pessoal, familiar e social.
- Adoração e reverência: Compreender nossa origem nos leva a uma vida de gratidão, adoração e reverência, reconhecendo que somos criação com propósito e destino eterno.
4. Tabela expositiva
Elemento
Referência bíblica
Palavra hebraica/grega
Significado teológico
Aplicação prática
Matéria terrestre
Gn 2.7
adamah (אָדָמָה)
Pó da terra, contingência e dependência de Deus
Humildade e reconhecimento da origem divina
Fôlego vital
Gn 2.7
nephesh chayyah (נֶפֶשׁ חַיָּה)
Vida espiritual e alma vivente
Cuidar da alma e cultivar comunhão com Deus
Imagem de Deus
Gn 1.26-27
tselem Elohim (צֶלֶם אֱלֹהִים)
Reflexo dos atributos comunicáveis de Deus
Viver refletindo caráter, ética e glória de Deus
Racionalidade
Cl 3.10
dianoia (διάνοια)
Capacidade de discernir e conhecer a verdade
Desenvolver mente e consciência alinhadas à vontade divina
Moralidade
Rm 2.14-16
syneidesis (συνείδησις)
Consciência do certo e errado
Tomar decisões éticas e responsáveis diante de Deus
Relacional
Gn 2.18
ishah (אִשָּׁה)
Necessidade de comunhão e relacionamento
Cultivar vínculos saudáveis, amorosos e duradouros
Síntese teológica
A conclusão desta lição nos lembra que a humanidade não é produto do acaso, mas obra intencional do Deus eterno. Somos corpo, alma e espírito, criados para refletir a glória divina, viver em comunhão e exercer mordomia sobre a Criação. Reconhecer nossa origem e dignidade fortalece fé, propósito, ética e relacionamentos, e nos conecta à esperança eterna.
1. O homem como obra do Criador
A declaração de que o homem “não veio do caos nem do acaso, mas do amor, do barro e do sopro” sintetiza a doutrina bíblica da Criação.
- Gênesis 2.7 descreve: “formou o Senhor Deus o homem do pó da terra (‘adamah’ – אָדָמָה*) e soprou em suas narinas o fôlego da vida (‘nephesh chayyah’ – נֶפֶשׁ חַיָּה), e o homem tornou-se alma vivente”*.
- ‘Adamah’: enfatiza a matéria terrestre, limitada, contingente e dependente do Criador.
- ‘Nephesh chayyah’: fôlego vivificante, alma animada, elemento espiritual conferido diretamente por Deus, distinguindo o homem de todas as demais criaturas.
- Essa combinação revela que a humanidade é corpórea e espiritual, formada com cuidado, intenção e dignidade, não produto de forças naturais impessoais.
2. Imago Dei: corpo, alma e espírito
O conceito de ser humano como imagem de Deus (tselem Elohim – צֶלֶם אֱלֹהִים; Gn 1.26-27) carrega dimensões práticas e teológicas:
- Cognitiva e racional: capacidade de pensar, discernir, criar e conhecer a verdade (dianoia – διάνοια; Cl 3.10).
- Moral e espiritual: senso de certo e errado, propensão à justiça, consciência da eternidade (syneidesis – συνείδησις; Rm 2.14-16).
- Relacional e sociável: vocação para comunhão com Deus e com o próximo (ishah – אִשָּׁה; Gn 2.18).
- Responsabilidade e mordomia: exercer domínio sobre a Criação em obediência ao Criador (Gn 1.28).
A imagem de Deus é comunicável, refletida no caráter e na ação humana, mas não implica participação na essência divina (ousia), preservando a transcendência de Deus.
3. Aplicação prática
- Reconhecimento do valor próprio: Saber que nossa existência tem origem divina reforça autoestima baseada em Deus, não em méritos humanos.
- Relacionamentos respeitosos: Cada pessoa carrega a imagem do Eterno, devendo ser tratada com dignidade, compaixão e honra.
- Vocação e propósito: Buscar viver de maneira coerente com a identidade de imagem de Deus, refletindo Sua glória na vida pessoal, familiar e social.
- Adoração e reverência: Compreender nossa origem nos leva a uma vida de gratidão, adoração e reverência, reconhecendo que somos criação com propósito e destino eterno.
4. Tabela expositiva
Elemento | Referência bíblica | Palavra hebraica/grega | Significado teológico | Aplicação prática |
Matéria terrestre | Gn 2.7 | adamah (אָדָמָה) | Pó da terra, contingência e dependência de Deus | Humildade e reconhecimento da origem divina |
Fôlego vital | Gn 2.7 | nephesh chayyah (נֶפֶשׁ חַיָּה) | Vida espiritual e alma vivente | Cuidar da alma e cultivar comunhão com Deus |
Imagem de Deus | Gn 1.26-27 | tselem Elohim (צֶלֶם אֱלֹהִים) | Reflexo dos atributos comunicáveis de Deus | Viver refletindo caráter, ética e glória de Deus |
Racionalidade | Cl 3.10 | dianoia (διάνοια) | Capacidade de discernir e conhecer a verdade | Desenvolver mente e consciência alinhadas à vontade divina |
Moralidade | Rm 2.14-16 | syneidesis (συνείδησις) | Consciência do certo e errado | Tomar decisões éticas e responsáveis diante de Deus |
Relacional | Gn 2.18 | ishah (אִשָּׁה) | Necessidade de comunhão e relacionamento | Cultivar vínculos saudáveis, amorosos e duradouros |
Síntese teológica
A conclusão desta lição nos lembra que a humanidade não é produto do acaso, mas obra intencional do Deus eterno. Somos corpo, alma e espírito, criados para refletir a glória divina, viver em comunhão e exercer mordomia sobre a Criação. Reconhecer nossa origem e dignidade fortalece fé, propósito, ética e relacionamentos, e nos conecta à esperança eterna.
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Segundo a Escritura, em que aspectos o homem se distingue das demais criaturas?
R.: Na personalidade, racionalidade, moralidade, espiritualidade, sociabilidade e infinitude.
Revista Central Gospel
Revista Central Gospel.
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SAIBA TUDO SOBRE A ESCOLA DOMINICAL:
BÔNUS EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1. Ideias distorcidas sobre a origem e natureza do homem
Ideia distorcida
Descrição
Problemas teológicos e filosóficos
Pré-existência da alma
Afirma que a alma existia antes do corpo físico e que reencarna em diferentes vidas, como em algumas correntes do platonismo ou religiões orientais (hinduísmo).
Contraria Gn 2.7, que mostra que o homem foi formado do pó e recebeu o fôlego da vida no momento de sua criação. Nega a unicidade e intencionalidade da criação humana.
Derivação da essência de Deus (panteísmo)
Afirma que o homem é uma extensão ou manifestação direta da divindade, confundindo Criador e criatura.
Contraria Gn 1.26-27, Is 55.8-9 e 1 Rs 8.27. Reduz a transcendência de Deus e nega a contingência do homem.
Expressão física de Deus (antropomorfismo literal)
Supõe que Deus possui corpo humano ou que o homem é uma manifestação física de Deus.
Contraria Jo 4.24 e 1 Tm 1.17. Deus é espírito e invisível; antropomorfismos são figuras de linguagem para compreendermos Sua ação.
Evolucionismo naturalista
Afirma que o homem surgiu por seleção natural, mutação ou processos aleatórios, sem intenção divina.
Contraria Gn 1.1; 1.27; 2.7. Não explica a racionalidade, moralidade, espiritualidade e anseio por eternidade que só uma criação intencional pode fundamentar.
Reducionismo científico
Vê o homem apenas como organismo biológico, produto da natureza, sem alma, propósito ou dimensão espiritual.
Contraria Gn 1.26-27; Ec 3.11; Jo 4.24. Ignora a vocação do homem à comunhão com Deus e sua capacidade de refletir a imagem divina.
2. Como combater e rejeitar essas ideias à luz das Escrituras
- Reafirmar a criação intencional de Deus
- Gn 1.26-27; 2.7: O homem foi formado diretamente do pó e recebeu o sopro divino.
- Combate a ideia de pré-existência da alma ou surgimento acidental.
- Preservar a distinção entre Criador e criatura
- Is 55.8-9; 1 Rs 8.27: Deus é transcendente e não compartilha sua essência com o homem.
- Rejeita concepções panteístas ou que confundem o homem com Deus.
- Entender antropomorfismos como linguagem figurativa
- Êx 15.12; Sl 34.15; Jo 4.24: Deus age e se revela em termos humanos, mas não possui forma física.
- Corrige interpretações literais que reduzem Deus à dimensão material.
- Reconhecer a natureza tripartida e especial do homem
- Gn 2.7; Ec 3.11; Cl 3.10: Corpo, alma e espírito, criados para refletir Deus.
- Combate o reducionismo científico e naturalista.
- Sustentar a vocação e dignidade humanas
- Gn 1.28-30; Rm 2.14-16; Jo 4.24: O homem é racional, moral, espiritual e relacional.
- Rejeita a visão do homem como mero animal racional sem propósito ou transcendência.
3. Estratégias práticas para rejeitar essas ideias distorcidas
- Estudo sistemático da Bíblia
- Focar nos textos de Gênesis, Salmos, Eclesiastes e João sobre criação, imagem de Deus e espiritualidade.
- Ensino e discipulado
- Integrar teologia bíblica e apologética cristã para conscientizar sobre a origem, natureza e dignidade do homem.
- Refutação com lógica e Escrituras
- Expor inconsistências do evolucionismo naturalista, panteísmo ou reencarnação frente ao relato bíblico e à razão moral.
- Aplicação prática
- Viver a identidade de imagem de Deus no cotidiano, valorizando a dignidade humana e o chamado divino.
Conclusão
O homem não é fruto do acaso, nem extensão da divindade, nem expressão física de Deus, nem mero resultado evolutivo. Ele é criação direta, intencional e relacional do Deus eterno, feito à Sua imagem e semelhança, com corpo, alma e espírito, dotado de racionalidade, moralidade, sociabilidade e espiritualidade. Compreender isso fortalece fé, propósito, moral e esperança eterna.
1. Ideias distorcidas sobre a origem e natureza do homem
Ideia distorcida | Descrição | Problemas teológicos e filosóficos |
Pré-existência da alma | Afirma que a alma existia antes do corpo físico e que reencarna em diferentes vidas, como em algumas correntes do platonismo ou religiões orientais (hinduísmo). | Contraria Gn 2.7, que mostra que o homem foi formado do pó e recebeu o fôlego da vida no momento de sua criação. Nega a unicidade e intencionalidade da criação humana. |
Derivação da essência de Deus (panteísmo) | Afirma que o homem é uma extensão ou manifestação direta da divindade, confundindo Criador e criatura. | Contraria Gn 1.26-27, Is 55.8-9 e 1 Rs 8.27. Reduz a transcendência de Deus e nega a contingência do homem. |
Expressão física de Deus (antropomorfismo literal) | Supõe que Deus possui corpo humano ou que o homem é uma manifestação física de Deus. | Contraria Jo 4.24 e 1 Tm 1.17. Deus é espírito e invisível; antropomorfismos são figuras de linguagem para compreendermos Sua ação. |
Evolucionismo naturalista | Afirma que o homem surgiu por seleção natural, mutação ou processos aleatórios, sem intenção divina. | Contraria Gn 1.1; 1.27; 2.7. Não explica a racionalidade, moralidade, espiritualidade e anseio por eternidade que só uma criação intencional pode fundamentar. |
Reducionismo científico | Vê o homem apenas como organismo biológico, produto da natureza, sem alma, propósito ou dimensão espiritual. | Contraria Gn 1.26-27; Ec 3.11; Jo 4.24. Ignora a vocação do homem à comunhão com Deus e sua capacidade de refletir a imagem divina. |
2. Como combater e rejeitar essas ideias à luz das Escrituras
- Reafirmar a criação intencional de Deus
- Gn 1.26-27; 2.7: O homem foi formado diretamente do pó e recebeu o sopro divino.
- Combate a ideia de pré-existência da alma ou surgimento acidental.
- Preservar a distinção entre Criador e criatura
- Is 55.8-9; 1 Rs 8.27: Deus é transcendente e não compartilha sua essência com o homem.
- Rejeita concepções panteístas ou que confundem o homem com Deus.
- Entender antropomorfismos como linguagem figurativa
- Êx 15.12; Sl 34.15; Jo 4.24: Deus age e se revela em termos humanos, mas não possui forma física.
- Corrige interpretações literais que reduzem Deus à dimensão material.
- Reconhecer a natureza tripartida e especial do homem
- Gn 2.7; Ec 3.11; Cl 3.10: Corpo, alma e espírito, criados para refletir Deus.
- Combate o reducionismo científico e naturalista.
- Sustentar a vocação e dignidade humanas
- Gn 1.28-30; Rm 2.14-16; Jo 4.24: O homem é racional, moral, espiritual e relacional.
- Rejeita a visão do homem como mero animal racional sem propósito ou transcendência.
3. Estratégias práticas para rejeitar essas ideias distorcidas
- Estudo sistemático da Bíblia
- Focar nos textos de Gênesis, Salmos, Eclesiastes e João sobre criação, imagem de Deus e espiritualidade.
- Ensino e discipulado
- Integrar teologia bíblica e apologética cristã para conscientizar sobre a origem, natureza e dignidade do homem.
- Refutação com lógica e Escrituras
- Expor inconsistências do evolucionismo naturalista, panteísmo ou reencarnação frente ao relato bíblico e à razão moral.
- Aplicação prática
- Viver a identidade de imagem de Deus no cotidiano, valorizando a dignidade humana e o chamado divino.
Conclusão
O homem não é fruto do acaso, nem extensão da divindade, nem expressão física de Deus, nem mero resultado evolutivo. Ele é criação direta, intencional e relacional do Deus eterno, feito à Sua imagem e semelhança, com corpo, alma e espírito, dotado de racionalidade, moralidade, sociabilidade e espiritualidade. Compreender isso fortalece fé, propósito, moral e esperança eterna.
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EBD 4° Trimestre De 2025 | CPAD Adultos – TEMA: O HOMEM A SALVAÇAO E O PECADO| Escola Biblica Dominical | Lição 01: A Igreja que nasceu no Pentecostes
Quem compromete-se com a EBD não inventa histórias, mas fala o que está escrito na Bíblia!
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