TEXTO AUREO “Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não...
TEXTO AUREO
“Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas”. 2Co 4.18
VERDADE APLICADA
Um milagre é uma ação que acontece dentro da experiência humana onde as operações da natureza se tornam inertes por ocasião de uma intervenção Divina.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
► Ensinar o que significa um milagre juntamente com seus termos etimológicos;
► Mostrar a diferença entre curas, sinais e maravilhas;
► Fazer com que se compreenda o poder de Deus e sua finalidade.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
Sl 77.11 - Eu me lembrarei das obras do SENHOR; certamente que eu me lembrarei das tuas maravilhas da antiguidade.
Sl 77.12 - Meditarei também em todas as tuas obras, e falarei dos teus feitos.
Sl 77.13 - O teu caminho, ó Deus, está no santuário. Quem é Deus tão grande como o nosso Deus?
Sl 77.14 - Tu és o Deus que fazes maravilhas; tu fizeste notória a tua força entre os povos.
Sl 77.15 - Com o teu braço remiste o teu povo, os filhos de Jacó e de José. (Selá.)
Sl 77.16 - As águas te viram, ó Deus, as águas te viram, e tremeram; os abismos também se abalaram.
Introdução
A crença nos milagres Bíblicos sempre foi uma característica central da fé cristã (Jo 4.48), sabemos que milagres não são acontecimentos do passado, pois estão presentes no dia a dia da igreja cristã. Neste trimestre estudaremos apenas alguns milagres registrados no Antigo Testamento a fim de extrair deles grandes revelações para edificação da nossa fé.
1. Milagres, sua origem e seu significado
Por que Deus se apresenta com sinais tão maravilhosos? O que Ele deseja que venhamos compreender quando os realiza? (Rm 1.19-20). Segundo Tomás de Aquino “quando Deus faz qualquer coisa contrária à ordem da natureza que nós conhecemos e estamos acostumados a observar, nós chamamos de milagre”. Poderíamos definir milagres como: “intervenção sobrenatural no curso usual da natureza; uma suspensão temporária da ordem natural, mediante o agir de Deus”.
1.1. O milagre em sua etimologia
A palavra milagre encontra sua raiz no latim “miraculum” que significa “ver, olhar”. Para os latinos “miraculum” representava as coisas prodigiosas que escapavam a seu entendimento como: os eclipses, as estações do ano, e as tempestades (At 2.20). “Miraculum” provém de “mirari”, que em latim significa: “contemplar com admiração, com espanto, ou com surpresa”. Assim, do ponto de vista etimológico, a palavra milagre não tem necessariamente relação com alguma intervenção divina, ela está ligada ao assombro diante do inefável. Segundo o cristianismo, um milagre é uma intervenção Divina, onde de forma sobrenatural e extraordinária, Deus manifesta sua soberania e amor para com os seres humanos, um ato sem explicação científica razoável.
Cada um dos dons do Espírito é milagroso. São todos sobrenaturais. No sentido geral da palavra “milagres”, todos os dons do Espírito são milagres, mas no sentido etimológico o dom de operação de milagres é um ato específico. Por exemplo, quando Eliseu dividiu as águas do rio Jordão com um golpe do seu manto, ocorreu uma operação de milagre! Houve uma intervenção no decurso usual da natureza. Não conheço mais
ninguém que com um golpe de uma capa abrisse um caminho pelo meio de um rio. (2Rs. 2.14).
1.2. A definição do termo milagre no Antigo Testamento
No Antigo Testamento, o milagre é definido pelo menos por três termos: “teraton”, indicando prodígio como uma intervenção que reconhece a ação do Senhor; “thaumasion”, que expressa melhor à provocação do assombro; e “paradoxon”, que acentua a dimensão da surpresa inesperada. Em qualquer caso, o milagre é um ato pelo qual Deus se dá a conhecer ao homem (Êx 6.6-8), que se encontra maravilhado e espantado diante destes sinais de grandeza. Teologicamente, os milagres têm uma finalidade: eles acontecem para que o crente reconheça a atuação miraculosa como manifestação da Soberania Divina. O objetivo do milagre é antes de tudo, revelar a Soberania Divina, seu amor e misericórdia; ele revela a ação ininterrupta do Pai pela qualidade de vida dos seus filhos (Jo 20.30-31).
1.3. A escatologia do milagre
O milagre antecipa a situação de um futuro escatológico: então não haverá enfermidade, nem sofrimento, nem morte, senão a vida (Ap 21.4).Os milagres são sinais visíveis da antecipação do Reino entre nós (Lc 10.19; 11.20). Eles possuem, portanto, um valor de revelação, na medida em que expressam o poder e a glória de Deus sobre a criação. Assim, pois, o milagre segue sendo um sinal que provoca a reflexão e o discernimento; ele não é realizado somente na ordem da natureza ou na parte física da pessoa, também se manifesta sobre tudo, no silêncio da transformação do coração humano.
O milagre é a intervenção livre de Deus dentro da criação, e no homem para expressar a vitória sobre o mal e a chamada a participação em seu Reino. O milagre se distingue do prodígio: na verdade, ele tende a enfatizar o caráter extraordinário e portentoso de um evento, enquanto que o prodígio é um chamado para que à fé se torne mais genuína e se reconheça a presença de Deus.
2. Curas, sinais, e maravilhas
É imprescindível conhecermos as definições de alguns termos para entendermos de forma mais ampla tanto a profundidade do evento quanto a diferença que existe quando nos referimos aos milagres operados pelo Criador. Vejamos:
2.1. A cura
O grego do Novo Testamento apresenta muitas palavras que descrevem os processos de cura. Vamos nos deter apenas em três principais. São elas: “iasis” - que descreve o ato de curar (Lc 13.32); “therapeúo” - que significa curar, honrar. É dessa palavra que se deriva a palavra terapia (Lc 9.11); “iáomai”- que é um termo muito mais completo, pois não engloba somente a cura física, mas inclui ser livre de pecados, ou ser salvo (At 10.38). Neste sentido, a cura se manifesta tanto como um dom na vida dos cristãos, quanto como um direito legal outorgado pelo sacrifício vicário de Jesus Cristo.
Um milagre jamais nasce de cálculos racionais, ele sempre está ligado a uma atitude de fé (Hb 11.1-3). O Sino Naamã, não mergulhou sete vezes no Jordão porque foi convencido pela medicina; Paulo teve que ver algo extraordinário diante de si para abandonar todo o curso de sua vida e seguir aqueles a quem tinha por hereges.
2.2. O significado de um sinal Divino
A palavra sinal vem do grego “simeion” que indica a marca do poder sobrenatural de Deus, é o selo pelo qual uma pessoa é conhecida, ou se distingue das demais (Mt 12.38; 16.1,4). Esse termo “simeion” é usado para exemplificar um prodígio de maneira incomum e que transcende o natural (At 6.8). Deus realiza sinais para autenticar a missão daquele a quem enviou. Quando Moisés foi comissionado por Deus para livrar Israel do Egito, ele apresentou para Deus sua dificuldade: “mas eis que não me crerão, nem ouvirão a minha voz” (Êx 4.1). Os milagres credenciavam tanto Moisés quanto sua mensagem (Êx 3.20; 4.11-21).
2.3. Maravilhas
“E disse o SENHOR a Moisés: Quando voltares ao Egito, atenta que faças diante de Faraó todas as maravilhas que tenho posto na tua mão” (Êx 4.21a). Em grego se utiliza o vocábulo “terás” para maravilhas, esse é um adjetivo que sempre é usado no plural. “Terás” descreve algo estranho, que deslumbra ou assombra ao espectador, e cuja procedência se atribui a um ato Divino. É conhecido de todos os estudiosos que a operação de maravilhas está alicerçada somente na fé de quem tem sobre si esse dom ou qualificação Divina, o qual dispensa a fé do beneficiado. Quem será que não se assombrou ao ver um caminho no meio do mar e dois muros feitos de água, como se houvesse uma mão a segurá-lo até que todos estivessem a salvo?
Existem expositores que afirmam que os milagres já se encerraram, e que duraram até a era apostólica. Eles afirmam que hoje não é mais preciso
milagres, porque o povo já tem toda a revelação que precisa para crer no Senhor. As Escrituras não ensinam que os milagres cessariam com os apóstolos, Jesus disse que faríamos obras maiores (Jo 14.12). Tanto os sinais quanto a salvação pertecem a promessa de Jesus no texto de Marcos 16.16-17.
3. Compreendendo o poder sobrenatural de Deus
Jesus nos deixou como herança uma igreja que evangelizava e que estabelecia seu reino usando um poder sobrenatural como ferramenta principal e inseparável. Mas infelizmente, com o passar do tempo, algumas ideias humanas foram sendo introduzidas na igreja, e esse poder sobrenatural foi posto de lado (Lc 10.9,19). Vejamos:
3.1. O que significa o poder de Deus (At 1.8)
No grego a palavra poder é “dunamis”, que também significa: força poderosa, potência ou habilidade inerente ao poder. “Dunamis” é a capacidade de realizar milagres. É o poder de Deus, a Sua habilidade sobrenatural, Seu poder explosivo, Seu poder milagroso. Atualmente, muitas igrejas se mostram negativas a esse poder, porque uma grande soma de cristãos do nosso século jamais presenciou um milagre físico ou uma obra sobrenatural. As metodologias humanas estão substituindo o “dunamis” de Deus, e o resultado é: estamos gerando cristãos sem uma experiência sobrenatural, pessoas enfermas, fracas, e oprimidas em nosso meio. O que nos difere das demais religiões é a mensagem de poder e impacto (Mt 12.24; Mc 6.7; Rm 1.16; 2Col0.4).
Todos os movimentos cristãos, sem importar sua denominação, começaram com uma visitação sobrenatural de Deus, se isso não ocorresse jamais teriam impactado o mundo. Mas onde se encontra esse poder hoje? Quantos ainda desfrutam dele? O que aconteceu? Parece que com o passar do tempo o carnalsubstituiu o espiritual (Gl 3.3).
3.2. Deus se revela no espírito
Quando falamos do sobrenatural devemos ter em mente o nível em que Deus habita. Milagres para Deus são coisas comuns, nós os denominamos como milagres porque nosso nível está totalmente abaixo daquele em que o Criador está. Só existe uma maneira de viver de forma diferenciada, é se ajustando ao nível em que Ele está. Quando o Senhor conduziu Ezequiel ao vale de ossos secos, Ezequiel foi levado em espírito (Ez 37.1). Deus o colocou num nível elevado para que visse aquilo que aos olhos carnais jamais entenderia. Ezequiel viu o império da morte, mas no nível em que estava proferiu a palavra de vida (Ez 37.2-11). Não podemos discernir Deus com cálculos humanos. Deus é espírito, e é no espírito que Ele se revela (Jo 4.24).
3.3. 0 propósito do poder sobrenatural de Deus.
O poder de Deus foi repartido a Sua Igreja para propósitos sérios e específicos que estão diretamente relacionados à propagação de seu Reino na terra (lJo 2.20,27). Devemos lembrar que a “unção” representa para todos nós uma grande responsabilidade. Quando uma pessoa é investida de autoridade, deixa de ser uma pessoa comum e passa a ser vista de forma diferente pelos demais. Essa “unção” lhe dará uma autoridade que antes não possuía, e caso venha usá-la de forma indevida, tanto poderá trazer sérios danos para si quanto para os demais. Noé foi chamado por Deus para salvar o mundo e sua missão foi construir uma arca. Mais tarde plantou uma vinha, com o vinho produzido se embebedou e amaldiçoou seu filho. Quando foi responsável salvou o mundo, quando foi irresponsável amaldiçoou sua família (Gn 6.17-18; 9.21-25). Lembre-se: Unção não é autopromoção é responsabilidade!
Conclusão
O poder de Deus está à disposição de todos nós (Jo 14.12). Milagres não são coisas do passado, eles sempre serão uma realidade na vida de todo aquele que crê (Mc 16.17). Um dos propósitos mais importantes pelo qual Deus nos ungiu foi para nos tornar testemunhas de Seu poder. Que os sinais nos sigam por onde passarmos (At 1.8).
QUESTIONÁRIO
1. Como poderíamos definir milagres?
R. Como intervenção sobrenatural no curso usual da natureza.
2. Qual o objetivo principal de um milagre?
R. Revelar a soberania, o amor e a misericórdia de Deus (Lc 17.13-14).
3. Acerca de que os milagres testificam?
R. Do Reino de Deus e de seus frutos (Lc 10.49).
4. O que difere o cristianismo das demais religiões?
R. Sua mensagem de poder e impacto (Rm 1.16).
5. Deus é Espírito, e como podemos entendê-lo?
R. Estando no mesmo nível que Ele está (Ez 37.1).
REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 4º Trimestre de 2014, ano 24 nº 93 – Jovens e Adultos - “Dominical” Professor – MILAGRES DO ANTIGO TESTAMENTO: COMPREENDENDO O CUIDADO DIVINO ATRAVÉS DAS INTERVENÇÕES MILAGROSAS NA HISTÓRIA DO SEU POVO.
Pastor Dr. Samuel Cássio Ferreira
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