Texto Áureo “Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor” E...
Texto Áureo
“Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor” Ef 1.4
Verdade Aplicada
A crise de fidelidade tem afetado vários setores da Igreja, ocasionando a perda da unidade, dificuldades na adoração e a perda de sua identidade ética e missionária.
Objetivos da Lição
1. Apresentar as principais áreas afetadas pela crise de fidelidade na Igreja;
2. Compreender a dimensão da crise que se instaurou na tríplice missão da Igreja;
3. Conhecer as três características de uma Igreja fiel.
Glossário
Vital: essencial, básico;
Vanglória: vaidade, orgulho, soberba;
Credo: profissão de fé cristã; doutrina ou programa de princípios.
Textos de referência
Ef 4.20, 21, 25, 32
20 Mas não foi assim que aprendestes a Cristo,
21 se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus.
25 Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros.
32 Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo vos perdoou.
Leituras complementares
Segunda 2Sm 4.4
Terça 1Tm 3.5
Quarta At 12.5
Quinta At 20.28
Sexta 3Jo 10
Sábado Mt 16.18
Esboço da lição:
Introdução
1. As dimensões da crise de fidelidade na Igreja
2. A crise de fidelidade na missão da Igreja
3. As características de uma Igreja fiel
Conclusão
Introdução
Ultimamente, a Igreja vive dias difíceis, pois estamos passando por um momento dramático e angustiante. Alguns acontecimentos se abateram sobre o Corpo de Cristo e alteraram seu conceito diante da sociedade. Sua visão ficou ofuscada, sua missão comprometida, sua unidade abalada e sua comunhão fragmentada. É bem certo que enfrentamos crises em várias dimensões, porém, a área mais atingida é a da fidelidade.
1. As dimensões da crise de fidelidade na Igreja
Atualmente, percebe-se que a Igreja enfrenta crise em várias áreas e os princípios mais prejudicados são: a unidade, a comunhão e a ética.
1.1 A crise de unidade
De acordo com a mente de Cristo e Seus ensinos deixados nos evangelhos, a unidade deve ser um fator de identificação da Igreja (Jo 13.34, 35; 15.12). Entretanto, é exatamente a falta de unidade que mais ocorre nesses dias. Isso indica que estamos em crise, pois somos um povo dividido. A igreja de Corinto representa tipicamente o comportamento de uma igreja sem unidade (1Co 1.10). Eles tinham problemas no culto, nas relações entre os irmãos, nas relações familiares e a igreja ainda tinha aqueles que se dividiam em grupos ou partidos (1Co 1.11-13). Em Filipenses 2.1-5, Paulo escreve sobre a importância vital da unidade cristã. Ele afirma que a unidade espiritual da Igreja é produzida por Deus. Para a igreja em Éfeso, ele confirma que a unidade é construída sobre o fundamento da verdade (Ef 4.1-6). Essa unidade não é externa, mas interna. Não se trata de unidade denominacional, mas espiritual, pois fazemos parte da família de deus e estamos ligados ao Corpo de Cristo (1Co 12.27). Ainda exortando os irmãos filipenses, o apóstolo aponta que, para vencer a crise da unidade, devemos nos afastar do partidarismo e da vanglória.
1.2 A crise de comunhão
A palavra grega “Koinonia” significa comunhão. A ideia básica inserida aqui é compartilhar. As escrituras sempre enfatizam a necessidade da Igreja ser um espaço de vivência comunitária, fraterna e amiga. Essa prática foi entendida pelos primeiros cristãos como de importância tal que faz parte do indispensável Credo apostólico luterano – “Creio na comunhão dos santos”. Essa comunhão envolve o no Corpo de Cristo os salvos de todos os lugares e de todas as épocas. O sentido básico de “Koinonia”é compartilhar alegrias e tristezas (Rm 12.15). Associada a essa noção está a ideia de responsabilidade, isto é, membros do Corpo de Cristo que têm compromisso uns para com os outros viverão a comunhão dos santos.
É comum vermos as igrejas serem marcadas por divisões tolas, quase sempre por motivos fúteis. Muitas sofrem prejuízos de todos os tipos quando os membros não vivem em harmonia e união. Precisamos viver intensamente a comunhão, pois ela também faz parte da razão de ser da Igreja no mundo.
1.3 A crise ética
Provavelmente é no campo da ética em que vivemos nossa maior crise. Muitos líderes e crentes em geral estão se esquecendo que a Igreja é sal da terra e luz do mundo e estão se deixando levar pelo espírito de corrupção que domina este mundo (Mt 5.13-16). Líderes que se corrompem, compram e não pagam, envolvem-se em negócios escusos com políticos desonestos e negociam, inclusive, o próprio rebanho. Seguramente, deriva-se dessas ações a nossa recente falta de credibilidade. Oque antes era referência de confiança, hoje é visto com outros olhos. O mundo passou a ver a Igreja como um lugar de exploradores por causa de uns poucos que nos envergonham. No entanto, a Igreja de Cristo, salva e remida, é formada de homens honestos.
Será que Deus está satisfeito com crentes mentirosos e desonestos? Que compram diplomas e títulos? Com servos que se aproveitam de políticos desonestos para tirarem vantagens pessoais? Com líderes que contribuem para que a Igreja do Senhor vá para a justiça e até para a imprensa por negócios escusos? Com pessoas que negociam até os votos da Igreja em campanha eleitorais? Estará o dono da obra, o Senhor da seara, satisfeito conosco?
2. A crise de fidelidade na missão da Igreja
A missão da Igreja é tríplice: ela deve ministrar a Deus, aos seus membros e ao mundo. Compreendemos então sua missão para com Deus, sua missão para consigo mesma e sua missão para com o mundo.
2.1 Sua missão com Deus
A adoração é essencialmente a missão da Igreja com Deus. Em Colossenses 3.16, Paulo encoraja a Igreja a cantar “salmos, hinos e cânticos espirituais, louvando a Deus com gratidão no coração”. A adoração na Igreja não é meramente um preparo para outra coisa; ela é em si mesma o cumprimento de um dos grandes propósitos da Igreja, cujos membros foram criados para o louvor e glória de deus (Ef 1.20).
2.2 Sua missão para consigo mesma
O ministério da Igreja a seus membros é realizado por meio do fortalecimento espiritual e da edificação destes para que ela possa apresentar “todo homem perfeito em Cristo” (Cl 1.28). Em Efésios 4.12, 13, os líderes com dons na igreja foram dados para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério e para edificação do Corpo de Cristo até que cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus; ao estado de homem perfeito, à medida da estatura da plenitude de Cristo.
2.3 Sua missão para com o mundo
A missão da Igreja para com o mundo é realizada pela pregação do Evangelho a todas as pessoas no mundo, seja por meio de palavras, seja por meio de atitudes. Em Mateus 28.19, Jesus ordena aos Seus seguidores que façam discípulos de todas as nações. Para vencer a crise de fidelidade a essa missão, a Igreja deve envolver não somente no evangelismo, mas também em assistência aos pobres e oprimidos (Gl 2.10; Tg 1.27), e, consequentemente, todos os membros devem fazer o bem a todos.
3. As características de uma Igreja fiel
A Igreja que supera as crises de unidade, comunhão e ética, e tudo aquilo que compromete sua missão, certamente possui características de uma Igreja fiel, que vence as influências mundanas.
3.1 Uma Igreja frutífera
Um exemplo marcante de Igreja frutífera são os cristãos tessalonicenses (1Ts 1.5-8). Eles levaram a grande comissão de Cristo a sério (Mt 28.18-20). Serviram de exemplo para outros cristãos, pois difundiam o Evangelho por onde quer que fossem (1Ts 1.7-8). Levaram o Evangelho para toda a cidade, e, muito além de suas fronteiras físicas, para a região da Macedônia até a região da Acaia. Certamente esses cristãos discipulavam outros crentes e evangelizavam os incrédulos. Sem dúvida, outras igrejas foram fundadas graças à propagação do Evangelho que brotou daqueles irmãos.
3.2 Uma Igreja solidária
A Igreja é um enorme celeiro e um grande depositário de vocações, talentos, recursos e potenciais. Neste sentido, seu papel deve ser o de orientar os membros para o serviço à sociedade. Refletindo o nosso chamado para sermos sal e luz. Temos de avançar na questão da solidariedade através da conscientização. Como no sentido original da palavra “igreja” (que vem do grego “ekklesía” e significa “assembleia de santos”), precisamos recuperar a nossa vocação histórica de agentes de transformação e esperança.
O testemunho social da Igreja deve invadir as feiras e praças da cidade, o ambiente de trabalho, a escola, a universidade, entre outros. A fé cristã não cabe entre quatro paredes. Quando seguimos a Cristo devemos contextualizar a verdade, refletindo a imagem de Deus no serviço, na proclamação, na compaixão e no amor (Jo 13.15; 1Pe 2.21).
3.3 Uma Igreja missionária
Segundo o escritor cristão Richard Mayhue, salvo a igreja de Jerusalém, nenhuma outra igreja esteve tão intimamente ligada à expansão missionária quanto a de Antioquia (At 13.1-4). Ele aponta alguns princípios básicos e eternos que contribuíram para o sucesso da referida igreja. Primeiramente, a partida de Paulo e Barnabé foi motivada e direcionada pelo espírito Santo (At 13.2), isto é, estava de acordo com o chamado e vontade de Deus, e não de homens. Em segundo lugar, a igreja confiou os dois obreiros a Deus e os encarregou de promover a expansão do Evangelho, ou seja, foram enviados pelo Espírito Santo e pela igreja local. Entendemos aqui que Paulo e Barnabé estavam debaixo de cobertura espiritual (At 13.3). Outro ponto a ser observado é que a igreja cedeu de boa vontade seus melhores homens, Paulo e Barnabé, em obediência à orientação do Senhor (At 13.4). Ela não foi mesquinha nem individualista em reter ou limitar a obra de Deus na vida dos seus servos e permitiu que o processo no campo missionário tivesse continuidade. Ela não tentou, de forma egoísta, segurá-los para si. Sendo assim, é preciso que a igreja atual reflita e repense sua recente prática missionária. O nosso Mestre já direcionou o caminho a ser trilhado e não podemos pensar em missões de forma diferente. Missões, que inclui o evangelismo local e às nações (At 1.8), não é o título, nem cargo. É trabalho sério. Desse modo, sempre debaixo da orientação do Espírito Santo, urge para pregarmos a Palavra a todo o mundo (Mc 16.15), a tempo e fora de tempo (2Tm 4.2).
Temos que conhecer quem é Jesus. Você tem que conhece-Lo e permitir que Ele perdoe seu pecado e que derrame amor de deus em seu coração. Então você poderá perguntar a Ele: “Senhor. O que quer que eu faça?”. Não pense que Cristo imporá uma lista enorme de coisas que não pode fazer. Quando se caminha com Cristo, você pode fazer o que quiser, pois Cristo fará você querer a vontade de Deus. E hoje a vontade de Deus para a Igreja é que estendamos nossa mão para o próximo. A Bíblia nos ensina que temos de nos tornar pessoas que se importam com os outros. Nossa prioridade é para com os membros do Corpo de Cristo, particularmente com a Igreja Perseguida. Quando nos dirigimos a eles, nós os encontramos abertos para receber o amor de Deus, a única resposta à perseguição. A batalha não será ganha com tanques ou com armas no campo de batalha. A batalha real será travada por aqueles que estão cheios do Espírito Santo de Deus. Pessoas que se disponham a ir e proclamar Jesus Cristo. Que levem a Palavra de Deus. (Irmão André, fundador das Portas Abertas).
Conclusão
Para vencermos a crise de fidelidade instaurada na Igreja, precisamos repensar nossa espiritualidade, nossa ética e nossa unidade. Devemos redescobrir a vontade de Deus através de Sua Palavra e sermos uma Igreja verdadeira, capaz de superar todos os seus desafios e vencer seus dilemas contemporâneos.
Questionário
1. Quais são as três principais crises que prejudicam a Igreja?
R: Unidade, comunhão e ética (1Tm4).
2. Como podemos identificar a crise ética na Igreja?
R: Ela é manifesta em toda sorte de ações que não evidenciam a Igreja como sal da terra e luz do mundo (Mt 5.13-16).
3. Quais são as três missões da Igreja?
R: Missão com Deus, missão consigo mesma e missão com o mundo (Ef 1.20).
4. Quais são as características de uma Igreja fiel?
R: Frutífera, solitária e missionária (1Ts 1.5-8).
5. O que é preciso para vencermos a crise de fidelidade instaurada na Igreja?
R: Repensar nossa espiritualidade, nossa ética e nossa unidade (Jo 17.20-23).
Fontes:
Bíblia Sagrada – Concordância, Dicionário e Harpa – Editora Betel.
COMENTÁRIOS ADICIONAIS
INTRODUÇÃO
O que é ser cristão no mundo, hoje? Parece que está cada vez mais difícil encontrar relação entre aquilo que nós cristãos dizemos crer com o nosso comportamento na vida cotidiana. Fidelidade não é um termo apenas para ser estudado, antes é um padrão para ser vivenciado. O cristianismo, em si, não é apenas uma forma de ver; é sobretudo um modo de viver (1 Pe 1.15-16; 1 Ts 4.7). Uma coisa é dizermos que somos cristãos, outra coisa é agirmos como cristãos. isto tem comprometido não só nossa fidelidade para com Deus como também nossa unidade e comunhão com os santos, bem como a nossa missão e conceito diante da sociedade.
1. AS DIMENSÕES DA CRISE DE FIDELIDADE NA IGREJA
As dimensões da crise de fidelidade na igreja, diz respeito às mais diversas áreas cristãs comprometidas pela falta de observância e prática dos padrões, conceitos e princípios éticos e Bíblicos e o devido cumprimento de sua missão, quer seja na relação com Deus (comunhão, adoração, etc) quer seja no relacionamento com os domésticos da fé (comunhão, educação, visitação, unidade, etc), quer seja no relacionamento com os não cristãos (evangelização, obra social, ética cristã, etc). Entretanto, o comentarista da lição, restringiu-se a falar apenas sobre a dimensão da crise na igreja no seu relacionamento com os domésticos na fé (unidade e comunhão) e no seu relacionamento para o mundo (ética).
1.1. A crise de unidade
A crise de unidade interna na igreja se estabelece pela falta de fé, piedade, temor, amor, integridade de vida e etc (Rm 1. 21-32). A igreja de Jesus Cristo é constituída de homens e mulheres que foram chamados para deixarem o mundo e ingressarem no exército de Deus e uma de suas missões é promover a edificação de seus membros (Ef 4.11-13). Cada cristão é um membro do corpo de Cristo (1 Co 12.27). Cada um tem uma função diferente dentro desse corpo, mas todos trabalhamos em um só benefício: a edificação desse corpo (Ef 4.12-13). Assim todos fazemos parte de uma unidade homogênea. A unidade interna da igreja é imprescindível para que os desafios sejam vencidos e sua missão seja cumprida (1 Co 1.10). Uma igreja aonde a desordem, a confusão, os ressentimentos e a divisão reina certamente não prosperará (Mt 12.25; 1 Co 3.3-5; 5.1-2; 6.1-7). Um reino unido prevalece, mas o mesmo não acontece com um reino dividido, pois a divisão é o primeiro sinal indicador de derrota para qualquer comunidade. Infelizmente, o inimigo vem usando a arma da desunião contra a igreja e muitas, nos dias atuais, tem se assemelhado com a igreja de Corinto (1 Co 3.1-9). Você tem feito sua parte para manter preservado o corpo de Cristo? Ou tem promovido divisões e dissensões entre os irmãos? Roguemos para que a oração sacerdotal de Cristo, em prol da unidade da igreja (Jo 17.11,20,21), se cumpra nos dias atuais e lutemos para que a Palavra e o Espírito Santo de Deus possa trazer renovação na nossa relação, tanto com Deus quanto com os nossos irmãos. Deus quer e exige que o seu povo permaneça unido (1 Co 1.10).
1.2. A crise de comunhão
Comunhão, segundo o Dicionário Teológico, é o "vinculo de unidade fraternal mantida pelo Espírito Santo e que leva os cristãos a se sentirem um só corpo em Jesus Cristo". Seu conceito não é portanto, um mero casuísmo, mas uma prática que leva cada crente a sentir-se vinculado a um só corpo. Portanto, é a comunhão que faz da igreja um organismo espiritual perfeito de homens e mulheres que, apesar de suas procedências étnicas e diversidades culturais, sentem-se e agem como irmãos (1 Co 12.12; Ef 4. 15). A comunhão faz parte dos grandes propósitos de Deus, desde o início da igreja, e sua prática deve se encontrar em pleno vigor na atualidade. A falta dela conduz a igreja a uma crise sem precedentes. A comunhão é algo belo e agradável, razão pela qual o Senhor sempre procura nos conduzir a uma vida de intimidade com Ele. Embora essa comunhão seja algo individual e pessoal o reflexo dela resulta em comunhão coletiva, isto é, com os irmãos. O salmista exclama com entusiasmo: "Oh! quão bom e agradável é que os irmãos vivam em união"! (Sl 133.1). O verdadeiro cristão tem e mantem comunhão com outros cristãos, compartilhando suas alegrias, necessidade, sofrimentos e sentimentos (Rm 12.15; Gl 5.13; 6.1; Jo 13.34; Cl 3.13; 1 Ts 4.14; Tg 5.16). Somente uma igreja que experimenta a verdadeira comunhão com Cristo e com os seus membros em particular, sobreviverá neste tempo de crise. Precisamos pois ser unidos e solidários, amando-nos uns aos outros, como filhos do mesmo pai, resgatado pelo mesmo salvador e conduzidos pelo mesmo Espírito (Ef 4.3-4).
1.3. A crise ética
A ética da Igreja deve basear-se no caráter de Deus, segundo o que está revelado na Bíblia. O comportamento ético da igreja perante o mundo deveria ser um referencial de conduta para todos os indivíduos e instituições humanas existentes, mas infelizmente nossa realidade atual é outra. Ao invés de uma missão ética com base nos princípios que levam os crentes a um viver pleno de virtudes, valores morais e espirituais, segundo as Escrituras, o que vivenciamos são as inversões destes valores. Valores, estes, que estão sendo substituídos por valores efêmeros deste mundo. Não se buscam mais o Reino de Deus em primeiro lugar como Jesus ordenou (Mt 6.33; Lc 6.46-49). Lamentavelmente, os crentes da igreja atual estão engajados na busca pela satisfação plena aqui na terra, e ainda, usa o Evangelho como meio de vida e fonte de lucros e vantagens. Parece absurdo, mas as coisas de Deus estão sendo vendidas, negociadas sem nenhum temor. Desprezar os princípios e valores éticos e morais é um grande equivoco, principalmente, da parte dos líderes. Quando apoiamos ou ficamos do lado de pessoas sem os pré-requisitos requeridos pela Palavra de Deus, estamos dizendo que somos iguais a eles, e aí já não é somente inversão, mas falta de dignidade cristã.
2. A CRISE DE FIDELIDADE NA MISSÃO DA IGREJA
Abarcar um estudo sobre a missão da igreja em sua totalidade, não é uma tarefa muito fácil, daí existir muitos posicionamentos quanto à classificação de sua missão. Basicamente, podemos dizer que a igreja existe para: adorar a Deus (Is 43.21; Sl 29.2; 95.6; Mt 4.10; Jo 4.24), levar o conhecimento Dele às nações (Mt 28.19; Mc 16.15-20) e promover a edificação e o crescimento de seus membros (Ef 4.11-16). Em outras palavras a missão da igreja se resume em três aspecto distinto: Sua missão para com Deus, sua missão para consigo mesma e sua missão para com os descrentes. Vale aqui ressaltar que o cumprimento delas devem ocorrer de forma simultânea. Enquanto adora a Deus, edifica-se a si mesma em amor e também expande sua esfera de ação para todas as direções, através do evangelismo.
2.1. Sua Missão para com Deus
Basicamente a missão da igreja para com Deus se constitui na prática do serviço e adoração que prestamos a Deus. Apesar de serem distintos, "Servir a Deus" tem uma relação direta com o "adorar a Deus". O serviço que fazemos para Deus por amor e gratidão é uma forma de adoração. Entretanto, nosso comentarista, coloca a adoração como sendo essencialmente a missão da igreja para com Deus. Nas Escrituras muito se diz sobre o serviço e a adoração prestada ao Deus Criador. Em linhas gerais, o termo "adoração" tem o sentido de "chegar-se a Deus de modo reverente, submisso e agradecido, a fim de glorificá-lo (Sl 95.6; 2 Cr 29.30; Mt 2.11). O homem foi criado para a glória de Deus, e, Ele espera receber de modo livre e espontâneo o devido louvor e serviço de sua criação. Com a queda de Adao e Eva, esse senso de adoração foi completamente desvirtuado. Mas Deus providenciou a restauração da humanidade mediante a revelação de Seu Filho Jesus Cristo. O apóstolo Pedro em sua primeira epistola indica que o crente em Jesus Cristo é conhecido primeiramente como adorador (1 Pe 2-10). Deus é infinitamente sublime em majestade, poder, santidade, bondade, amor, etc. Por isso, devemos adorá-Lo e serví-Lo com toda reverência.
2.2. Sua Missão para consigo mesma
Podemos dizer que a missão da igreja para consigo mesma visa entre outras coisas a formação e edificação do povo de Deus. Deus quer que a igreja se esforce e forme no cristão o caráter de Cristo, deixando-o cada vez mais semelhante a Ele. Na conversão, Ele não deseja que sejam mudados apenas os valores espirituais das pessoas que se regeneram, mas também dos conceitos e prioridades mediante o estudo da Sua Palavra (Jo 17.17). Ele quer que se mude o caráter dela, tratando-as mediante o exemplo e o ensino da Palavra, a qual serve como modeladora. O caráter cristão é fundamental para que os crentes possam perseverar e continuar na jornada cristã. De acordo com o apóstolo Paulo, Jesus quer levantar uma igreja gloriosa e santa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante (Ef 5.26-27); edificada com ouro, prata e pedras preciosas (1 Co 3.11-15); até que todos cheguemos à medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef 4.13). A não observância desse principio, talvez, seja a maior responsável pela crise de fidelidade existente na igreja dos dias hodiernos. Entretanto, a igreja que observa esse importante princípio, certamente se tornarão um povo diferente, fiel, de boas obras, humildes, pacientes, mansos, justos, generosos, sinceros, bons, felizes, honrados, íntegros e etc (Tt 2.14).
2.3. Sua Missão para com o mundo
A missão da igreja para com o mundo é realizada através da propagação do evangelho. Essa é uma missão que ela jamais poderá negligenciar. A igreja de Cristo não pode se enclausurar dentro de quatros paredes, mas deve cumprir a sua missão para com os descrentes, indo buscá-lo onde quer que estejam (Mt 28.19; Mc 16.15-20). O sucesso da igreja não pode ser avaliados por suas atividades filantrópicas, educacionais e materiais, mas por seu alcance evangelístico. Todas as atividades dentro da igreja são importantes, mas nenhuma é tão prioritária quanto o da evangelização. As Boas Novas do Evangelho deve chegar a todas as extremidades da terra, pois a salvação que Cristo consumou no calvário visa toda a humanidade (At 1.8; Mt 28.19). A propagação do Evangelho é a melhor maneira de fazer a humanidade conhecer a Deus, sua vontade e sua graça salvadora. A igreja precisa buscar e resgatar sua missão.
3. AS CARACTERISTICA DE UMA IGREJA FIEL
Além de uma igreja frutífera, solidária e missionária outra caracteristica também importante para determinar uma igreja fiel é que ela precisa ter um entendimento correto do Evangelho e manter-se fundamentada na Palavra de Deus (Ap 14.12; Mt 24.45-46; Lc 16.10; Ap 3.8). Igreja fiel e verdadeira é determinada, principalmente, pela base doutrinária que ela mantem em relação a Cristo e à Palavra de Deus, isto é, suas doutrinas devem estar de acordo com as ordenanças de Deus (1 Pe 4.11). A única igreja da Ásia a receber somente elogios da parte de Jesus, foi a Igreja de Filandélfia (Ap 3.7-13), mas o que caracterizava essa igreja, residia no fato deles guardarem a Palavra. A Igreja de Filandélfia era uma igreja fiel, pois ela se achava fielmente submissa à Palavra de Deus. Pregavam, ensinavam, obedeciam, viviam e compartilhava. Não se afastaram da Palavra (Ap 3.8,10).
3.1. Uma igreja frutífera
Uma igreja frutífera é uma igreja cujo os seus resultados espirituais são oriundos de uma vida cristã fundamentada na Palavra de Deus (Lc 6.43-45). É uma igreja viva, autêntica, ativa, perseverante, graciosa e relevante, que glorifica a Deus e faz discípulos maduros e reprodutivos. Uma igreja onde a adoração é genuina, a evangelização é um estilo de vida, o discipulado é assumido por todos, a comunhão é sentida a cada semana e o serviço é realizado com base nos dons espirituais. Esta é a correta visão de uma igreja frutífera. Cada discípulo um cristão frutífero, eis o ideal das Escrituras (Sl 92.12-14).
3.2. Uma igreja solidária
Uma igreja solidária é uma igreja que está sempre procurando ajudar alguém que precise, quer seja para com os domésticos na fé, quer seja para com os descrentes. A solidariedade era constante na igreja primitiva (At 2.45). De nada adianta a igreja pregar a fé se não tiver obras (Tg 2.14-26), pois embora as obras não garantam a salvação (Ef 2.8-9), nós fomos chamados em Cristo para boas obras, às quais Deus de antemão preparou para que andassemos nelas (Ef 2.10). Ajudar o próximo é uma marca do caráter cristão que nunca pode ser esquecida na igreja. Quando a igreja é solidária, seu testemunho fala mais alto que sua pregação.
3.3. Uma igreja missionária
A igreja de hoje esta ligada à igreja primitiva, não apenas por suas raízes históricas, mas também pela responsabilidade de evangelizar os povos de todas as nações (At 1.8). Nada, a não ser a evangelização do mundo, justifica ainda a presença da igreja na terra. Muitos pensam que a missão da igreja está restrita aos limites da cidade em que ela está localizada, mas isto não é verdade. A extensão da responsabilidade da igreja é grande em sua amplitude. Jesus antes de ser assunto ao céu, disse: "Ide, ensinai todas as nações..." (Mt 28.19). Todos os membros da igreja devem ser treinados para serem testemunhas de Jesus até os confins da terra (At 1.8). A realidade é que nem todos podem fazer isto, mas todos devem está comprometidos e com o coração voltado para esta tarefa tão grandiosa que Cristo confiou a nós (Jo 15.16). Igreja que não evangeliza não é igreja verdadeira e não está apta para o reino de Deus (Lc 9.62).
CONCLUSÃO
Para vencermos a crise de fidelidade instaurada na igreja dos dias atuais, precisamos por em prática nosso comprometimento com o reino de Deus. O grande problema que a igreja enfrenta nos dias atuais é o pequeno envolvimento dos fiéis para realizar o trabalho de Deus na terra. Há muito trabalho para ser feito, grande expectativa para ser atendida e pouca participação da maioria. Precisamos buscar nossas origens, recuperar nossa identidade e redescobrir nosso padrão de viver segundo os moldes bíblicos.
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
JOVENS e ADULTOS - EDITORA BETEL. Ano 25, nº 94 - 1º Trimestre de 2015 – Fidelidade, lição 05 - A crise de fidelidade na Igreja.
JOVENS e ADULTOS - EDITORA BETEL. Ano 21, nº 79 - 2º Trimestre de 2011 – Os desafios da Igreja.
JOVENS e ADULTOS - EDITORA BETEL. Ano 20, nº 75 - 2º Trimestre de 2010 – Família, Igreja e Sociedade.
LIÇÕES BÍBLICAS - EDITORA CPAD. Jovens e Adultos - 4º Trimestre de 1996. Missões - Janelas para o oriente.
LIÇÕES BÍBLICAS - EDITORA CPAD. Jovens e Adultos - 1º Trimestre de 2007. A Igreja e a sua Missão.
ANDRADE, claudionor Correia de. Dicionário Teológico. Editora CPAD.
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Português. Tradução de João Ferreira de Almeida – com Referências e Variantes. Revista e Corrigida. CPAD – Edição de 1995.
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