Lição 7 – 18 de Agosto de 2013 - CPAD A Atualidade dos Conselhos Paulinos TEXTO ÁUREO "Resta, irmãos meus, que vos ...
Lição 7 – 18 de Agosto de 2013 - CPAD
A Atualidade dos Conselhos Paulinos
TEXTO ÁUREO
"Resta, irmãos meus, que vos regozijeis no Senhor" (Fp 3.1a).
VERDADE PRÁTICA
Para quem ama a Deus o mais importante é ter um coração renovado pela ação do Espírito Santo.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Filipenses 3.1-10
1 – Resta, irmãos meus, que vos regozijeis no Senhor. Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós.
2 – Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão!
3 – Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne.
4 – Ainda que também podia confiar na carne; se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu:
5 – circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu,
6 – segundo o zelo, perseguidor da igreja; segundo a justiça que há na lei, irrepreensível.
7 – Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo.
8 – E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo
9 – e seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus, pela fé;
10 – para conhecê-lo, e a virtude da sua ressurreição, e a comunicação de suas aflições, sendo feito conforme a sua morte;
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
A exortação (v. 1-3). A expressão "quanto ao mais", no versículo 1, não indica que Paulo está preste a encerrar a carta, pois ele continua escrevendo. Antes, serve para dar início a uma nova sessão. Paulo já havia advertido os filipenses anteriormente, mas volta a alertá-los: "Acautelai-vos dos cães! Acautelai-vos dos maus obreiros! Acautelai-vos da falsa circuncisão!" A quem ele está se referindo nessa advertência tripla? A resposta remete à história do início da Igreja.
Desde o princípio, o evangelho foi dado "primeiramente a vós outros [os judeus]" (ver At 3:26; Rm 1:16), de modo que os sete primeiros capítulos do Livro de Atos falam somente de cristãos judeus ou de gentios prosélitos (At 2:10). Em Atos 8:5-25, a mensagem é levada a Samaria, o que não causou grande polêmica, uma vez que os samaritanos eram, pelos menos em parte, judeus. A discórdia começa quando Pedro leva o evangelho aos gentios em Atos 10. Ele é convocado, oficialmente, a prestar contas de suas atividades (At 11). Afinal, os gentios, em Atos 10, se converteram à fé cristã sem aderir em antes ao judaísmo, acontecimento inteiramente novo na Igreja. Pedro explicou que Deus o havia orientado a pregar aos gentios, e tudo indicava que a questão havia sido resolvida.
Mas essa trégua não durou muito tempo. Paulo foi enviado pelo Espírito Santo a ministrar especificamente aos gentios (At 13:1-3; 22:21). Pedro havia aberto a porta da fé aos gentios em Atos 10, e Paulo seguiu seu exemplo na primeira viagem missionária (ver At 14:26-28). Não tardou para que os cristãos judeus mais rígidos se opusessem ao ministério de Paulo e fossem a Antioquia ensinar que era necessário os gentios se sujeitarem às regras do judaísmo a fim de serem salvos (At 15:1). A assembleia em Jerusalém, descrita em Atos 15, foi realizada para tratar desse desentendimento. O resultado da assembleia foi a aprovação do ministério de Paulo e a vitória do evangelho da graça de Deus. Os gentios não precisavam tornar-se prosélitos a fim de se converterem ao cristianismo.
Os dissidentes, porém, não se deram por satisfeitos. Depois do insucesso de sua oposição a Paulo em Antioquia e em Jerusalém, seguiram o apóstolo por toda parte tentando roubar seus convertidos e suas igrejas. Os estudiosos da Bíblia chamam esse grupo de falsos mestres que tentavam misturar a Lei e a graça de "judaizantes". A Epístola aos Gálatas foi escrita, principalmente, para combater esses falsos ensinamentos. É a esse grupo de judaizantes que Paulo faz referência em Filipenses 3:1, 2, usando três termos para descrevê-los. "Cães." O judeu ortodoxo costumava chamar o gentio de "cão", mas Paulo chama os judeus ortodoxos de "cães"! O objetivo do apóstolo não é insultar esses falsos mestres judeus, mas sim compará-los aos animais carniceiros que as pessoas decentes consideravam tão desprezíveis. Como cães, esses judaizantes mordiam os calcanhares de Paulo e o seguiam de um lugar para outro ladrando suas falsas doutrinas. Eram agitadores e infectavam as vítimas com ideias perigosas.
"Maus obreiros." Esses homens ensinavam que a salvação do pecador dava-se pela fé mais as boas obras, especialmente as obras da Lei. Mas Paulo declara que suas "boas obras", na verdade, são obras perversas, pois são realizadas pela carne (velha natureza), não pelo Espírito, glorificando ao obreiro, não a Jesus Cristo. Efésios 2:8-10 e Tito 3:3-7 deixam claro que ninguém pode ser salvo por suas boas obras, mesmo que estas sejam de cunho religioso. As boas obras de um cristão constituem consequência de sua fé, não os alicerces de sua salvação.
"Falsa circuncisão." No original, Paulo faz um jogo de palavras com o termo "circuncisão". A palavra traduzida por "falsa circuncisão" significa, literalmente, "mutilação". Os judaizantes acreditavam que a circuncisão era essencial para a salvação (At 15:1; Gl 6:12-18); mas Paulo afirma que a circuncisão em si não passa de mutilação! A verdadeira experiência cristã é uma circuncisão espiritual em Cristo (Cl 2:11), não requer uma operação física. A circuncisão, o batismo, a Ceia do Senhor, o dízimo, bem como qualquer outra prática religiosa, não são capazes de salvar o ser humano de seus pecados. Somente a fé em Jesus Cristo pode salvar. Em um contraste com os falsos cristãos, Paulo descreve os cristãos autênticos, a "verdadeira circuncisão" (para um texto paralelo, ver Rm 2:25-29).
Ele adora a Deus no Espírito. Não depende das próprias boas obras, que são apenas obras da carne (ver Jo 4:19-24). Ele se gloria em Jesus Cristo.
Quem depende da religião costuma gloriar-se do que fazem. O verdadeiro cristão não tem motivo algum para gloriar-se (Ef 2:8-10). Toda a sua glória está em Cristo! Em Lucas 18:9-14, Jesus propõe uma parábola que descreve essas duas atitudes opostas. Ele não confia na carne. De acordo com a filosofia religiosa em voga hoje, "Deus ajuda a quem se ajuda". Essa ideia também era comum no tempo de Paulo e é tão errada hoje quando era naquela época (Paulo usa o termo "carne" para designar a "velha natureza" que recebemos em nosso nascimento). A Bíblia não tem coisa alguma positiva a dizer a respeito da "carne", e, no entanto, quase todas as pessoas hoje se fiam inteiramente naquilo que elas próprias são capazes de fazer para agradar a Deus. A carne apenas corrompe os desígnios de Deus na Terra (Gn 6:12). No que se refere à vida espiritual, não serve para coisa alguma (Jo 6:63) e não tem nada de bom em si (Rm 7:18). Não é de se admirar que não devemos confiar na carne!
Uma senhora discutia com seu pastor a questão da fé e das obras.
- Creio que alcançar o céu é como remar um barco - disse a mulher. - Um remo representa a fé, o outro, as obras. Quando usamos os dois juntos, conseguimos chegar aonde queremos. Quando usamos apenas um, nos movemos em círculos.
- Sua ilustração só tem um problema - respondeu o pastor. - Ninguém vai para o céu num barco a remo!
Há somente uma "boa obra" que pode levar o pecador para o céu: a obra que Cristo consumou na cruz (Jo 7:1-4; 19:30; Hb 10:11-14).
O exemplo (v. 4-6). Paulo não está falando em termos hipotéticos; sabia por experiência própria como era inútil tentar obter a salvação por meio das boas obras. Quando era um jovem estudante, assentara-se aos pés do grande rabino Gamaliel (At 22:3). Tinha diante de si uma carreira promissora como líder religioso judeu (Gl 1:13, 14); no entanto, abriu mão de tudo isso para se tornar um membro odiado da "seita cristã" e pregador do evangelho! Na verdade, os judaizantes faziam concessões indevidas a fim de evitar a perseguição (G l 6:12, 13), enquanto Paulo era fiel à mensagem da graça de Cristo e, como resultado, estava sendo perseguido.
Nesta seção extremamente autobiográfica, Paulo examina a própria vida. Ele se torna um "auditor" que confere os livros-caixa para ver quanta riqueza tem e descobre que está falido! A relação de Paulo com a nação. Ele nasceu em uma família hebraica pura e, quando foi circuncidado, passou a fazer parte de uma aliança. Não era um prosélito nem tampouco um descendente de Ismael (o outro filho de Abraão) ou de Esaú (o outro filho de Isaque). Os judaizantes entenderiam a referência de Paulo à tribo de Benjamim, pois Benjamim e José eram os filhos prediletos de Jacó. Haviam nascido de Raquel, sua esposa mais amada. O primeiro rei de Israel era da tribo de Benjamim, e essa pequena tribo permaneceu fiel a Davi durante a rebelião de Absalão. O legado humano que Paulo havia recebido era algo de que poderia se orgulhar! Ao ser medido por esse parâmetro, ele era impecável.
A relação de Paulo com a Lei. "Quanto à lei, fariseu, [...] quanto à justiça que há na lei, irrepreensível" (Fp 3:5, 6). Para os judeus do tempo de Paulo, o fariseu era o que havia alcançado o ápice da experiência religiosa, o ideal mais elevado que um judeu poderia almejar. Se alguém era digno de ir para o céu, esse alguém era o fariseu! Guardava a doutrina ortodoxa (ver At 23:6-9) e tentava cumprir fielmente todos os deveres religiosos (Lc 18:10-14). Apesar de, hoje em dia, empregar-se o termo "fariseu" em referência a pessoas hipócritas, esse não era o uso comum da palavra no tempo de Paulo. Ao ser medido pela justiça da Lei, Paulo era irrepreensível. Guardava a Lei e as tradições perfeitamente.
A reação de Paulo com os inimigos de Israel. Mas não basta crer na verdade; também é preciso opor-se às mentiras. Paulo defendia sua fé ortodoxa perseguindo os seguidores "[daquele] embusteiro", Jesus (Mt 27:62-66). Ele participou do apedrejamento de Estêvão (At 7:54-60) e, depois disso, liderou os ataques contra a Igreja em geral (At 8:1-3). Mesmo anos depois, Paulo reconheceu seu papel na perseguição da Igreja (At 22:1-5; 26:1-11; ver também 1 Tm 1:12-16). Todo judeu podia de vangloriar de sua linhagem (ainda que não pudesse assumir o crédito por isso). Alguns judeus, podiam vangloriar-se de sua dedicação à religião judaica. Mas Paulo podia vangloriar-se de tudo isso e também de seu zelo em perseguir a Igreja.
A essa altura, podemos perguntar: "Como era possível um homem tão sincero quanto Saulo de Tarso estar tão errado?" A resposta é simples: e/e usou os parâmetros errados! Como o jovem rico (Mc 10:17-22) e o fariseu na parábola de Jesus (Lc 18:1014), Saulo de Tarso olhava para o ser exterior, não para o ser interior. Comparava-se a padrões definidos por homens, não por Deus. No que se referia a seu cumprimento exterior dos requisitos da Lei, Paulo era impecável, mas se esqueceu de considerar os pecados interiores que cometia. No Sermão do Monte, Jesus deixa claro que, além dos atos pecaminosos, também existem atitudes e apetites pecaminosos (M t 5:21-48).
Ao olhar para si mesmo ou para os outros, Saulo de Tarso considerava-se justo. Mas, um dia, enxergou a si mesmo em comparação com Jesus Cristo! Foi então que mudou seus parâmetros e valores e abandonou a "justiça pelas obras" em troca da justiça em Jesus Cristo.
2. A JUSTIÇA PELA fé (Fp 3:7-11)
Quando Paulo se encontrou com Jesus Cristo na estrada para Damasco (At 9), creu em Jesus e se tornou um filho de Deus. Foi um milagre instantâneo da graça de Deus, do mesmo tipo que acontece hoje, quando os pecadores reconhecem sua necessidade e se voltam para o Salvador pela fé. Quando Paulo teve seu encontro com Cristo, percebeu como suas boas obras eram fúteis e com o sua suposta justiça era pecaminosa, e uma transação maravilhosa ocorreu. Paulo perdeu algumas coisas, mas ganhou muito mais do que havia perdido!
As perdas de Paulo (v. 7). Para começar, ele perdeu tudo o que era lucro para ele pessoalmente sem Deus. Por certo, Paulo tinha uma excelente reputação como estudioso (At 26:24) e líder religioso. Orgulhava-se de sua herança judaica e de suas realizações religiosas. Todas essas coisas lhe eram preciosas e lhe traziam benefícios. Sem dúvida, tinha muitos amigos que admiravam seu zelo. Mas ao comparar esses tesouros com aquilo que Jesus Cristo poderia oferecer, Paulo percebeu que todas as coisas que lhe eram mais caras não passavam de "refugo". Os próprios "tesouros" davam-lhe glória pessoal, mas não glorificavam a Deus. Constituíam "lucro" somente para ele, portanto eram egoístas. Isso não significa que Paulo repudiasse sua rica herança como judeu ortodoxo. Ao ler as cartas do apóstolo e acompanhar seu ministério no Livro de Atos, vemos como ele estimava tanto seu sangue judeu quanto sua cidadania romana. Converter-se ao cristianismo não o tornou menos judeu. Na verdade, fez dele um judeu completo, um verdadeiro filho de Abraão, tanto em termos espirituais quanto físicos (G l 3:6-9). Ele também não rebaixou seus padrões de moralidade ao perceber como a religião farisaica era superficial. Em vez disso, aceitou o padrão ainda mais elevado de vida, a conformidade com Jesus Cristo (Rm 12:1, 2). Quando uma pessoa torna-se cristã, Deus remove o que é pernicioso e aperfeiçoa tudo o que é bom.
Os lucros de Paulo ( w . 8-11). Mais uma vez, somos lembrados das palavras de Jim Elliot: "Sábio é aquele que dá o que não pode guardar a fim de ganhar o que não pode perder". Essa foi a experiência de Paulo: perdeu sua religião e reputação, mas ganhou muito mais do que perdeu.
O conhecimento de Cristo (v. 8). Trata-se de algo muito maior do que o conhecimento sobre Cristo, pois Paulo possuía esse tipo de informação histórica antes de ser salvo. Ter "conhecimento de Cristo" significa ter um relacionamento pessoal com ele pela fé. É essa experiência que Jesus menciona em João 17:3. Sabemos muita coisa sobre muita gente, até mesmo sobre pessoas que viveram séculos atrás, mas são poucos os que conhecemos pessoalmente. "O cristianismo é Cristo." A salvação é conhecer a Cristo de maneira pessoal.
A justiça de Cristo (v. 9). Quando Paulo era fariseu, a justiça era o grande objetivo de sua vida, mas era uma justiça própria e por obras, algo que ele jamais conseguiria obter completamente. Mas quando Paulo creu em Cristo, perdeu essa justiça própria e ganhou a justiça de Cristo. O termo técnico para essa transação é imputação (ver com atenção Rm 4:1-8) e significa "depositar na conta de alguém". Paulo olhou para a própria "conta bancária" e descobriu que estava espiritualmente falido. Olhou para a de Cristo e viu que o Senhor era perfeito. Quando Paulo aceitou a Cristo, descobriu que Deus havia depositado a justiça de Cristo em sua conta! Descobriu também que seus pecados haviam sido colocados na conta de Cristo na cruz (2 Co 5:21). E Deus prometeu ao apóstolo que jamais imputaria contra ele suas transgressões. Que experiência maravilhosa da graça de Deus! Romanos 9:30 a 10:13 é uma passagem paralela a ser lida com bastante atenção. O que Paulo diz sobre a nação de Israel vale para a própria vida dele antes de ser salvo. Também vale para muitos religiosos de hoje; recusam abrir mão da própria justiça para receber o dom gratuito da justiça de Deus. Muitos religiosos sequer admitem que precisam de qualquer justiça. Como Saulo de Tarso, usam a si mesmas ou aos Dez Mandamentos como parâmetro e não conseguem ver a interior idade do pecado. Paulo teve de abrir mão de sua religião para receber a justiça, mas não considerou isso um sacrifício.
A com unhão de Cristo (vv. 10, 11). Para Paulo, sua conversão não foi o fim, mas sim o começo. Sua experiência com Cristo foi tão extraordinária que transformou sua vida. E essa experiência continuou ao longo dos anos subsequentes. Foi uma experiência pessoal ("para o conhecer"), à medida que o apóstolo caminhou com Cristo, orou, obedeceu à sua vontade e procurou glorificar seu nome. Quando vivia debaixo da Lei, tudo o que Paulo tinha a seu dispor era uma série de regras. Mas em Cristo, tinha um Amigo, um Mestre, um Companheiro constante! Também foi uma experiência poderosa ("e o poder da sua ressurreição"), à medida que o poder da ressurreição de Cristo passou a operar na vida do apóstolo. "Cristo vive em mim" (Gl 2:20). Podemos ler sobre as convicções de Paulo acerca do poder da ressurreição de Cristo e daquilo que ele é capaz de fazer na vida dos cristãos em Efésios 1:15-23 e 3:13-21. Além disso, foi uma experiência dolorosa ("e a comunhão dos seus sofrimentos"). Paulo sabia que era um privilégio sofrer por Cristo (Fp 1:29, 30). Na verdade, o sofrimento havia estado presente nessa experiência desde o princípio (At 9:16). Ao crescer em nosso conhecimento de Cristo e em nossa experiência de seu poder, sofremos ataques do inimigo. Paulo, que em outros tempos havia sido o perseguidor, aprendeu o que significava ser perseguido. Mas valeu a pena, pois andar com Cristo também foi uma experiência prática para ele ("conformando-me com ele na sua morte"). Paulo viveu para Cristo porque morreu para si mesmo (Rm 6 explica essa verdade); tomou sua cruz diariamente e seguiu seu Mestre. O resultado dessa morte foi uma ressurreição espiritual (Fp 3:11) que levou Paulo a andar "em novidade de vida" (Rm 6:4).
INTERAÇÃO
A presente lição busca ressaltar a atualidade que os conselhos do apóstolo Paulo têm para o tempo que se chama "hoje". Além de o apóstolo versar sobre o cuidado com os falsos obreiros, aqueles que distorcem a liberdade em Cristo Jesus, Paulo conclama a igreja a se alegrar em Deus, a despeito de todos os transtornos que ela possa ter sofrido no confronto com os falsos obreiros. A vida de Paulo nos mostra que é possível alegrar-se em meio ao sofrimento. O sofrimento na vida do crente não significa ausência de alegria em Deus. O apóstolo mostrou que a fé no Cristo ressurreto transcende o nosso estado momentâneo de sofrimento. Portanto, prezado professor, alegre-se em Deus.
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Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Dissertar a respeito da alegria do Senhor.
Explicar a tríplice advertência de Paulo contra os inimigos da fé.
Compreender o significado da verdadeira circuncisão cristã.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, para concluir o tópico III da lição, reproduza o esquema abaixo de acordo com as suas possibilidades. O objetivo desta atividade é estabelecer uma diretriz bíblica e clara a respeito do que o apóstolo Paulo estava falando a respeito da "verdadeira circuncisão cristã". À luz do texto de Filipenses 3.1-4 o apóstolo mostra que a "circuncisão" que é realizada pelo Espírito nada tem com a circuncisão imposta pela "carne". Afirme para a classe que o crente em Jesus não se gloria dos seus atributos exteriores, pois sabe que eles não têm o poder de influenciar nada, a não ser para gerar uma falsa piedade, falsa humildade e falsa disciplina com o corpo. Portanto, não são de valor algum para a espiritualidade, senão para a "satisfação da carne" (Cl 2.20-23).
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SEGUNDO O ENSINO DO APÓSTOLO PAULO AOS FILIPENSES, O VERDADEIRO
CRISTÃO É DE FATO A VERDADEIRA CIRCUNCISÃO, NÃO O COSTUME DO JUDAÍSMO. O APÓSTOLO USA TRÊS CONCEITOS PARA IDENTIFICAR TAIS CRISTÃOS:
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1) Eram aqueles "que adoravam pelo Espírito de Deus". A palavra traduzida na NIV como "adoração" (latreuo) é usada na LXX [septuaginta] e no livro de Hebreus para se referir ao serviço dos sacerdotes no templo (Êx 23.25; Dt 6.12; Hb 8.5; 10.2). A palavra é também usada emRomanos 12.1, onde Paulo incita seus ouvintes a oferecerem seus corpos a Deus como sacrifício, bem como um "ato de adoração espiritual". Paulo continua a encorajar os cristãos romanos a permitirem que suas mentes sejam renovadas e suas vidas capacitadas pelo poder do Espírito, exercitando seus dons para servirem uns aos outros (12.2-8).
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2) Os cristãos filipenses não deveriam ter como orgulho quaisquer sinais físicos que demonstrassem sua condição de comunhão, porém, antes, deveriam orgulhar-se em Cristo e na sua obra. Não deveriam depositar a sua confiança em regra e rituais respeitados ou valorizados por aqueles que viviam sob a lei Mosaica. O motivo de orgulho do cristão nunca deveria consistir em ser irrepreensível com respeito aos mandamentos da lei (3.4). A verdadeira circuncisão é formada por aqueles que colocam sua fé somente em Cristo, e que têm nEle seus motivos de orgulho.
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3) "A [verdadeira] circuncisão" são aqueles que não depositam nenhuma confiança na carne. Para Paulo, a ideia de "carne" (sarx) significou frequentemente um "local natural" de existência humana (Rm 9.3; 1 Co 10.18), mas usa frequentemente a palavra em um sentido teológico para se referir à condição da humanidade em rebelião contra Deus. A consequência final de ser dominado pela carne é a morte (Rm 8.6). O cristão é chamado a crucificar a carne e as suas obras e viver de acordo com o Espírito (Gl 5.16ss). Deste modo, sarx traz consigo um significado duplamente nítido em Paulo: (a) É renúncia sincera a toda e qualquer observância da lei cerimonial, como a circuncisão, que alegue poder alcançar a salvação; (b) Paulo, à luz do uso mais amplo do termo sarx, expõe as ações dos judaizantes ao que realmente são: obras realizadas em rebelião contra Deus.
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Paulo mostra que a espiritualidade dos judaizantes está em manter a lei; sua glória está em suas realizações; e sua confiança em cerimônias e costumes religiosos exteriores. Caso alguém pense que Paulo tenha exagerado nesta ênfase, basta olhar para sua vida e veremos que ele sabe o que está dizendo. Antes de se tornar um cristão, ele mesmo aceitava as convicções judaicas.
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COMENTÁRIO
PALAVRA-CHAVE
Conselho: Parecer, juízo, opinião. Advertência que emite; admoestação, aviso.
No capítulo três de sua carta aos Filipenses, Paulo continua revelando preocupação a respeito dos "maus obreiros". Estes se aproveitavam de sua ausência para introduzir falsas doutrinas na igreja. A fim de precavê-la, por três vezes o apóstolo diz: "guardai-vos" (v.2 Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão!). Nesta lição, veremos que Paulo também não deixou de exortar os filipenses a que, mesmo diante das adversidades, se alegrassem no Senhor (v.1 Resta, irmãos meus, que vos regozijeis no Senhor. Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós.), pois a alegria do Senhor é a nossa força (Ne 8.10 Disse-lhes mais: Ide, e comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque esse dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a vossa força.).
1. Regozijo espiritual. A expressão "resta, irmãos meus" (v.1 Resta, irmãos meus, que vos regozijeis no Senhor. Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós.), aparece no texto grego como to loipon, que é traduzido como "finalmente". Ela sugere que Paulo estava concluindo sua carta, mas ainda havia algo importante a dizer aos irmãos da igreja em Filipos. O apóstolo ensina aos irmãos filipenses que a alegria do Senhor é a força que nos faz superar toda e qualquer adversidade. O contentamento que Jesus nos oferece é um reforço para a nossa fé em tempos de adversidade.
2. Exortação ao regozijo. A alegria do Senhor é produzida pelo Espírito Santo no coração do crente. Esta alegria independe das circunstâncias, pois é divina e faz com que o cristão supere as dificuldades. Paulo mostra aos filipenses que esse sentimento de felicidade, concedido pelo Senhor, é uma capacitação divina que fortalece a igreja a suportar as adversidades. Para o apóstolo, que se encontrava na prisão, a alegria do Senhor era como um precioso consolo, capaz de trazer descanso e quietude para a sua alma.
3. Alegria em meio às preocupações e aflição. Paulo percebeu que, em virtude do sofrimento, os irmãos de Filipos poderiam ser tomados pelo desânimo. Por isso, ele os exortou a se alegrarem em Deus, pois a alegria vinda da parte do Senhor nos fortalece (Ne 8.10 Disse-lhes mais: Ide, e comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque esse dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a vossa força.). Triunfante por causa de sua confiança no Cristo ressurreto, o apóstolo sabe que somente aquele que conhece e confia no Senhor, e em sua Palavra, é capaz de regozijar-se diante das dificuldades, tal como ele e Silas o fizeram (At 16.24,25 o qual, tendo recebido tal ordem, os lançou no cárcere interior e lhes segurou os pés no tronco. Perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam.). Deus é o nosso conforto. Nele podemos confiar e regozijar-nos sempre (1 Ts 5.16 Regozijai-vos sempre.).
SINÓPSE DO TÓPICO (1)
A alegria do Senhor, a que Paulo se refere, se manifesta em meio às preocupações e as aflições da vida.
REFLEXÃO
“Eles (os judaizantes) ensinavam, erroneamente, que a circuncisão tornaria os gentios verdadeiramente cristãos.” Elianei Cabral
1. "Guardai-vos dos cães". A hostilidade de Paulo contra os maus obreiros era forte e decisiva, pois eles causavam muitos males à igreja, em especial aos novos convertidos. Paulo chama os judaizantes de "cães", pois estes acreditavam e ensinavam que os gentios deviam obedecer a todas as leis judaicas, um fardo legalista que nem mesmo os próprios judeus suportavam (Gl 2.14 Mas, quando vi que não andavam bem a direitamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?). Os judaizantes eram como "cães" que atacavam os novos convertidos durante a ausência de Paulo. O apóstolo repelia-os com veemência e orientava os filipenses a que deles se resguardassem.
2. "Guardai-vos dos maus obreiros". Estes também são denominados por Paulo como "cães" e os da "circuncisão". Eles espalhavam falsos ensinos, não se importando com a sã doutrina ensinada pelos apóstolos. Pregavam um falso evangelho (Gl 1.8,9 Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo: se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.). Afirmavam que para que os gentios se tornassem cristãos deveriam seguir a lei mosaica e, pior, as tradições judaicas. Todavia, no concílio da igreja em Jerusalém, conforme Atos 15, os apóstolos já haviam discutido sobre o papel da lei judaica em relação aos gentios. Segundo as deliberações do "concílio de Jerusalém" os gentios cristãos não deveriam comer alimentos oferecidos aos ídolos, carne com sangue e sufocada (Lv 17.14 E ele, vendo-os, disse-lhes: Ide e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos.). Deveriam também evitar as práticas sexuais imorais. Não obstante, os "maus obreiros" faziam questão de discordar do ensino paulino, a fim de impor aos gentios as práticas judaicas.
3. "Guardai-vos da circuncisão". Um dos costumes judaicos que aqueles "maus obreiros" queriam impor era a prática da "circuncisão". Eles ensinavam, erroneamente, que a circuncisão tornaria os gentios verdadeiramente cristãos. Paulo então passa a ensinar aos filipenses que a verdadeira circuncisão é aquela operada no coração; logo não é algo da carne, mas do Espírito Santo. De acordo com o Comentário Bíblico Pentecostal, editado pela CPAD, "os cristãos filipenses não deveriam ter como motivo de orgulho quaisquer sinais físicos que demonstrassem sua condição de comunhão, porém, antes, deveriam orgulhar-se em Cristo e na sua obra".
SINÓPSE DO TÓPICO (2)
"Guardai-vos dos cães", "guardai-vos dos maus obreiros", "guardai-vos da circuncisão"; são advertências paulinas a que a igreja se cuidasse com os judaizantes.
1. A circuncisão no Antigo Testamento. Sabemos que a circuncisão era um rito religioso com caráter moral e espiritual, consistindo em um sinal físico de que a pessoa pertencia ao povo com o qual Deus fez um pacto. Era também um sinal de obediência a Deus (Gn 17.11 E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal do concerto entre mim e vós.; At 7.8 E deu-lhe o pacto da circuncisão; e, assim, gerou a Isaque e o circuncidou ao oitavo dia; e Isaque, a Jacó; e Jacó, aos doze patriarcas.). Porém, os seguidores de Jesus não precisam da circuncisão para serem identificados como pertencentes a Ele. A circuncisão do cristão é espiritual e interior, operada pelo Espírito Santo, no coração, mediante a fé em Jesus Cristo (Rm 4.9-11Vem, pois, esta bem-aventurança sobre a circuncisão somente ou também sobre a incircuncisão? Porque dizemos que a fé foi imputada como justiça a Abraão. Como lhe foi, pois, imputada? Estando na circuncisão ou na incircuncisão? Não na circuncisão, mas na incircuncisão. E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé, quando estava na incircuncisão, para que fosse pai de todos os que creem (estando eles também na incircuncisão, a fim de que também a justiça lhes seja imputada)).
2. A verdadeira circuncisão não deixa marcas físicas. Paulo ensina aos colossenses que a verdadeira circuncisão em Cristo não é por intermédio de mãos humanas, mas "no despojo do corpo da carne" (Cl 2.11,12 no qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo da carne: a circuncisão de Cristo. Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos.). É um ato espiritual, levado a efeito pelo Senhor Jesus que remove a nossa velha natureza e nos concede uma nova (2 Co 5.17 Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.). É uma circuncisão do coração (Rm 2.29 Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não na letra, cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.).
3. A verdadeira circuncisão não confia na carne (3.3-7). Os cristãos judaizantes que participavam da igreja em Filipos confiavam muito mais na carne e na circuncisão do que em Cristo. Por isso, Paulo narra a sua história como judeu. Ele declara ter sido circuncidado ao oitavo dia (v.5 circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu,) e ter seguido todos os ritos da lei (v.6 segundo o zelo, perseguidor da igreja; segundo a justiça que há na lei, irrepreensível.). Mas o apóstolo enfatiza que ao encontrar-se com Cristo, renunciou a tudo da velha religião para servir apenas a Cristo. Paulo declara: "Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne" (3.3 segundo o zelo, perseguidor da igreja; segundo a justiça que há na lei, irrepreensível.). A salvação é somente pela fé em Jesus. Nenhum rito religioso é capaz de trazer salvação
A verdadeira circuncisão não confia na carne nem deixa marcas físicas, pois ela é gerada pelo Espírito.
REFLEXÃO
“(...) O apóstolo enfatiza que ao encontrar-se com Cristo, renunciou a tudo da velha religião para servir a Cristo. (...) A salvação é somente pela fé em Jesus. Nenhum rito religioso é capaz de trazer salvação.” Elienai Cabral
Paulo ensinou aos filipenses que a confiança em Cristo nos garante alegria. Tal felicidade independe das circunstâncias e faz-nos enfrentar todas as dificuldades comuns às demais pessoas com uma diferença: temos esperança! Paulo também mostrou aos filipenses que as leis do Antigo Testamento e seus ritos tinham sua importância, todavia, a obediência a tais leis e ritos não garantiam a salvação de ninguém. O que deve ser considerado pelo crente é o seu relacionamento com o Cristo ressurreto.
Subsídio Sócio-Cultural
A Alegria em Filipenses
Todos querem ser felizes. Isto era tão verdadeiro no século I quanto hoje. E, nesta área, várias filosofias ofereciam sistemas éticos que prometiam guiar os estudantes a uma vida completa e feliz. Estes sistemas eram sofisticados demais para confundir 'sentir-se feliz' com felicidade. E assim os filósofos começaram a redefinir o termo, porque embora não pudessem ajudar ninguém a se sentir feliz, era certamente possível convencê-los de que seu estado era feliz, não importa como pudessem se sentir!
Os filósofos consideravam a alegria (chara) uma subdivisão do prazer (hedone). Como uma emoção, chara era vista com desconfiança pelos estóicos, que sob a pressão da opinião comum posteriormente a classificaram como 'um bom humor' da alma. [...]
O que é admirável no uso do NT deste conceito, seja na forma de substantivo (chara) ou verbo (chairo), é que ela retém uma força secular básica. Contudo, a forma como se experimenta este estado de espírito forte, positivo, confiante e exaltado está diretamente ligada a um outro paradoxo da fé. Mesmo sabendo que o caminho para a exaltação é a humilhação voluntária, ilustrada em Filipenses 2.6-11, a alegria do cristão é frequentemente experimentada em circunstâncias que ninguém consideraria feliz! (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.441).
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BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 4.ed. Vol. 2 Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
SAIBA MAIS
Revista Ensinador Cristão
CPAD, nº 55, p.39.
EXERCÍCIOS
1. Quem produz a verdadeira alegria em nossos corações?
R. O Espírito Santo.
2. Quem são os inimigos mencionados por Paulo em Filipenses 3.2?
R. Os judaizantes.
3. O que os judaizantes acreditavam e ensinavam aos cristãos gentios?
R. Eles acreditavam e ensinavam que os gentios deviam obedecer a todas as leis judaicas, um fardo legalista que nem mesmo os próprios judeus suportavam (Gl 2.14).
4. De acordo com a lição o que era a circuncisão no Antigo Testamento?
R. A circuncisão era um rito religioso com caráter moral e espiritual, consistindo em um sinal físico de que a pessoa pertencia ao povo com o qual Deus fez um pacto. Era também um sinal de obediência a Deus (Gn 17.11; At 7.8).
5. Defina a verdadeira circuncisão para o cristão.
R. A circuncisão do cristão é espiritual e interior, operada pelo Espírito Santo, no coração, mediante a fé em Jesus Cristo (Rm 4.9-11)
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REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Comentário Bíblico Expositivo – Warrem W. Wiersbe
Antigo e Novo Testamento Interpretado Versículo Por Versículo - Russell Norman Champlin
Comentário Esperança - Novo Testamento
Comentário Bíblico Matthew Henry - Novo Testamento
Bíblia – THOMPSON (Digital)
Bíblia de Estudo Pentecostal – BEP (Digital)
Dicionário Teológico – Edição revista e ampliada e um Suplemento Biográfico dos Grandes Teólogos e Pensadores – CPAD - Claudionor Corrêa de Andrade
VÍDEOS AULA PARA AUXILIAR OS PROFESSORES E ALUNOS NA ESCOLA DOMINICAL
Aula ministrada pelo Ev. Natalino das Neves - IBADEP
Aula ministrada pelo Pr. Fabio Segantin para a EBD Jardim das Palmeiras
Aula ministrada pelo Ev. Caramuru para a EBD da Assembleia de Deus em Belemzinho
Aula ministrada pelo Professor para a EBD da Assembleia de Deus de Linhares
Aula ministrada pelo Pr. Sidnei Pereira para a EBD da TV EBD
Aula ministrada pelo Pr. Claudionor de Andrade para a EBD da CPAD
3º Trimestre/2013 - Texto Básico: Filipenses 3:1-10
“Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da falsa circuncisão!”(Fp 3:2)
INTRODUÇÃO
Sem dúvida nenhuma, os conselhos do apóstolo Paulo contidos em Fp 3:1-10 são bastante atual, oportuno e urgente. Como ocorria na igreja de Filipos, em nossos dias, a verdade de Deus tem sido atacada. Esses ataques não vêm apenas dos insolentes críticos da fé cristã, mas daqueles que se infiltram na igreja, com falsa piedade e perigosas heresias. Estamos vendo, com profunda consternação, a igreja evangélica brasileira deixando o antigo evangelho, o evangelho da cruz, para abraçar um evangelho híbrido, sincrético e místico. Um evangelho centrado no homem, e não na consumada e bendita obra de Cristo. Precisamos também nos acautelar!
I. A ALEGRIA DO SENHOR
“... Alegrai-vos no Senhor...”(Fp 3:1. Como já disse no inicio deste trimestre, a nota dominante em toda a carta aos FIlipenses é a alegria triunfante. Paulo, embora fosse um prisioneiro, era muito feliz, e incentivava e ainda incentiva seus leitores a sempre a alegrarem-se em Cristo. Aliás, a alegria aqui não é um substantivo é um verbo, que está no imperativo: “alegrai-vos”, isto porque o evangelho que nos alcançou é “nova de grande alegria”, o reino de Deus que está dentro de nós é alegria no Espírito Santo, o fruto do Espírito é alegria, e a ordem de Deus é “alegrai-vos. E mais, a alegria do cristão não é um sentimento, é uma pessoa: o Senhor Jesus. Por isso, Paulo diz : “Alegrai-vos no Senhor”. Quem tem Jesus, experimenta essa verdadeira alegria; Quem não tem Jesus, pode ter momentos de alegria, mas não a alegria verdadeira.
A verdadeira alegria não se confunde com momentos felizes. A felicidade é frequentemente confundida com a alegria, mas as duas são muito diferentes. A alegria cristã vem de conhecer e confiar em Deus; a felicidade vem como resultado de circunstâncias favoráveis. A alegria cristã não é ausência de problemas nem circunstâncias favoráveis; a alegria cristã é duradoura, é ultracircunstancial; podemos sentir alegria apesar dos nossos problemas mais profundos; a felicidade é temporária, porque ela é baseada em circunstâncias externas. A alegria cristã está centrada não em coisas ou situações, mas na Pessoa de Cristo; Ele é a nossa alegria; nossa alegria é cristocêntrica!
Paulo era capaz de se alegrar apesar de seu sofrimento porque ele conhecia e confiava em Deus. Ele não deixava que as circunstâncias adversas o desanimassem. Para permanecermos alegres, devemos nos lembrar, constantemente, do amor de Deus por nós e da nossa vida definitiva com Ele no Céu. A alegria de conhecer a Cristo mantinha Paulo equilibrado, não importando quais fossem as suas circunstâncias, boas ou ruins (ler Fp 4:12). Paulo nunca se cansava de dizer isto aos crentes de Filipos, porque era para o próprio bem deles. Uma atitude de alegria ajudaria os crentes a se guardarem contra as práticas sobre as quais Paulo tão intensamente advertia: dissensão, murmuração, e atitudes de superioridade. Se perdermos a alegria do Senhor, estaremos suscetíveis a estas atitudes. A alegria atua como uma barreira contra elas. Ela garante a segurança da nossa esperança cristã.
II. A TRÍPLICE ADVERTÊNCIA CONTRA OS INIMIGOS (Fp 3:2-4)
“Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão! Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne”(Fp 3:2,3).
Paulo adverte os crentes a se guardarem de um grupo de pessoas em particular que ele descreveu usando três termos depreciativos diferentes: cães, maus obreiros e circuncisão. É provável que essas três expressões se refiram ao mesmo grupo de homens: os falsos ensinadores, que procuravam submeter os cristãos ao judaísmo e ensinavam que só haveria justificação para quem guardasse a lei e seus rituais.
1. “Guardai-vos dos cães”. Em primeiro lugar, tais ensinadores eram “cães”. Na Bíblia, os “cães” são animais imundos. Esse termo era usado pelos judeus para descrever os gentios. Nas terras do Oriente, os cães eram criaturas sem lar e, como não tinham dono, viviam nas ruas procurando alimento onde pudessem. Paulo vira o feitiço contra o feiticeiro, aplicando a alcunha de “cães” aos falsos ensinadores do judaísmo que procuravam corromper a Igreja. Eles viviam à margem da Igreja, procurando sobreviver de rituais e de cerimônias. “Apanhavam migalhas quando podiam estar assentados dentro da festa”.
2. “Guardai-vos dos maus obreiros”. Em segundo lugar, aqueles ensinadores eram “maus obreiros”. Eles eram obreiros da iniquidade (Lc 13:27) e obreiros fraudulentos (1Co 11:13). Desviavam a atenção de Cristo e de Sua redenção perfeita e a fixavam em rituais ultrapassados e em obras humanas. Eles trabalhavam contra Deus e para desfazerem a obra de Deus. Laboravam para o erro e para desviarem as pessoas da verdade. Para esses mestres judaizantes, agir com justiça era observar a lei e segui-la em seus múltiplos detalhes e cumprir suas inumeráveis regras e prescrições. Mas Paulo estava seguro de que a única classe de justiça que agrada a Deus consiste em render-se livremente à Sua graça.
3. “Guardai-vos da circuncisão”. Em terceiro lugar, Paulo se referem a esses ensinadores como homens da “circuncisão” ou da “falsa circuncisão”(ARA). Esses ensinadores que se diziam cristãos de origem judaica erroneamente acreditavam que era essencial que os gentios seguissem todas as leis do Antigo Testamento, dizendo que os crentes gentios tinham que ser circuncidados para que pudessem ser salvos. Esses mestres judaizantes trocaram a graça de Deus por um rito físico. Eles queriam inserir na mensagem do evangelho a obrigatoriedade da circuncisão como condição indispensável para a salvação (At 15:1). Assim, a salvação deixava de ser pela fé somente e passava a depender do esforço humano. Eles se vangloriavam de uma incisão na carne, em vez de uma mudança no coração. Eles cortavam o prepúcio do órgão sexual masculino, porém não cortavam o prepúcio do coração. Paulo escarnece dessa falsa confiança deles no rito da circuncisão, em vez de confiarem na graça de Deus.
Paulo, mesmo sob algemas, não cala sua voz. Ele denuncia e desmascara esses mestres com veemência como já fizera outras vezes (Gl 1:6-9; 3:1; 5:1-12; 6:12-15; 2Co 11:13). A preocupação de Paulo era que nada ficasse no caminho da verdade simples de sua mensagem: que a salvação, para judeus e gentios igualmente, vem somente através da fé em Jesus Cristo. E a igreja primitiva já tinha confirmado o ensino de Paulo no Concílio de Jerusalém, há onze anos (veja At 15).
III. A VERDADEIRA CIRCUNCISÃO (Fp 3:3)
Assim como Paulo fez uma tríplice descrição dos falsos mestres, também faz uma tríplice identificação do povo de Deus. Os falsos mestres queriam tornar o cristianismo uma seita judaica. Eles ensinavam que a salvação dependia da circuncisão, anulando, assim, a suficiência do sacrifício de Cristo. Pregavam que a graça de Deus não era suficiente para a salvação e que o homem tinha de concorrer e cooperar com Deus nessa obra, circuncidando-se. Paulo refuta vigorosamente essa heresia, mostrando que a verdadeira circuncisão não é aquela feita na carne, mas a circuncisão do coração, operada pelo Espírito Santo de Deus. A Igreja, e não os falsos mestres, é que possui a verdadeira circuncisão. Paulo diz: "Porque nós é que somos a circuncisão...” (Fp 3:3).
1. A circuncisão no Antigo Testamento. No Antigo Testamento, a circuncisão tinha sido um sinal e selo da aliança ou pacto que Deus fez com Abraão e seus descendentes – “Disse mais Deus a Abraão: guardarás a minha aliança, tu e tua descendência no decurso das suas gerações. Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós e a tua descendência: todo macho entre vós será circuncidado. Circuncidareis a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal de aliança entre mim e vós” (Gn 17:9-11-ARA). Era, portanto, um sinal físico para o povo de Deus do seu relacionamento com o Senhor. Também, era um meio de fazer o povo de Deus, os judeus, lembrar-se das promessas que Deus lhe dera, e das suas próprias obrigações pessoais ante a aliança (Gn 17:14). Esse ato tinha também uma aplicação espiritual, porque a marca física deveria ser o sinal de um relacionamento espiritual com Deus – “E o SENHOR, teu Deus,circuncidará o teu coração e o coração de tua semente, para amares ao SENHOR, teu Deus, com todo o coração e com toda a tua alma, para sempre” (Dt 30:6).
2. A verdadeira circuncisão não deixa marcas físicas. Em determinada época, o sinal físico de circuncisão separou o povo de Deus, os judeus, dos gentios. Depois de Jesus Cristo, todas as pessoas podem fazer parte da família de Deus, crendo em Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Os cristãos autênticos são os únicos verdadeiros circuncidados.
Diz o apóstolo Paulo: “Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne” (Fp 3:3). Nós [os cristãos autênticos] é que somos a circuncisão – não aqueles que por sorte nasceram de pais judeus nem os que são circuncidados fisicamente, mas aqueles que reconhecem que a carne para nada aproveita, que o homem, na própria força, nada pode fazer para conseguir um sorriso de aprovação de Deus. A verdadeira circuncisão não deixa marcas físicas.
Para aqueles que fazem parte da verdadeira circuncisão, o apóstolo Paulo apresenta três características:
a) Adoramos a Deus no Espírito (Fp 3:3b). O povo de Deus é identificado pela adoração. Os crentes adoram por meio do Espirito de Deus e no Espirito de Deus. O Espirito Santo, que é a terceira Pessoa da Trindade, é vital para todos os aspectos da nossa vida cristã. A igreja adora a Deus e o faz mediante a ação do Espírito Santo. Toda adoração que não é prestada a Deus é idolatria; toda adoração oferecida a Deus sem a ação do Espírito não é aceitável por Ele. A adoração é sempre inspirada pelo Espirito Santo.
b) Nos gloriamos em Cristo Jesus (Fp 3:3c). A palavra traduzida como “gloriar-se” também poderia ser traduzida como “exaltar”. Paulo explicou que os verdadeiros cristãos exultam, não em suas obras, como se de alguma forma salvassem a si mesmo, mas somente em Cristo Jesus. Somente Ele é a base de nosso regozijo. O povo de Deus se gloria na cruz de Cristo, isto é, em sua expiação, como a única base para a sua salvação. O Senhor é o objeto da exultação dos crentes. Portanto, aquele que se gloria, glorie-se no Senhor (1Co 1:31; 2Co 10:17).
c) Não confiamos na carne (Fp 3:3d). “Carne” aqui é a natureza humana centrada em si mesma. Mesmo quando exerce a moral e a religião, o ser humano fica preso a seu eu, cultiva e o gloria, até mesmo quando cita o nome de Deus. Na igreja de Filipos, os judaizantes estavam cofiados na “carne”, em rituais, em cerimônias externas, em realizações humanas. Eles dependiam de sua obediência à lei judaica, e especialmente à aliança da circuncisão, para torná-los aceitáveis a Deus. Em contraste, os autênticos cristãos não colocavam a sua confiança em nada que fizessem ou deixassem de fazer, mas naquilo que Deus, através de Jesus Cristo, havia feito por eles. A igreja é um povo que põe sua confiança em Deus e sua fé na Pessoa bendita de Jesus Cristo.
CONCLUSÃO
Tenhamos cuidado para não perdermos a identidade de verdadeiros cristãos. Conservemos a sã doutrina, pois o Inimigo tenta macular a Igreja de Cristo mediante as heresias, modismos e costumes mundanos, através de influências externas e, principalmente internas. Sigamos o conselho de Paulo a Igreja de Filipos: “Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guarda-vos da falsa circuncisão” (Fp 3:2); e também a Timóteo: "Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina..." (1Tm 4:16).
------------- Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista.
Referências Bibliográficas:
PORTAL ESCOLA DOMINICAL
3º Trimestre de 2013 - CPAD
FILIPENSES: a humildade de
Cristo como exemplo para a Igreja Comentários da revista da CPAD: Elienai
Cabral
Consultor Doutrinário e
Teológico da CPAD: Pr. Antonio Gilberto
ESBOÇO Nº 7
LIÇÃO Nº 7 – A ATUALIDADE DOS
CONSELHOS PAULINOS
Os conselhos de Paulo aos filipenses revelam a
perenidade da Palavra de Deus.
INTRODUÇÃO
- Na sequência do estudo da carta aos
filipenses, adentraremos na chamada “parte prática” da epístola, em que
o apóstolo já inicia recomendando algumas condutas àqueles crentes.
- Os conselhos dados pelo apóstolo não se
circunscrevem aos crentes de Filipos, mas revela como deve ser o comportamento
de quem tem uma genuína e autêntica vida cristã.
I –
OS ENSINOS CONSTANTES DO APÓSTOLO PAULO
- Damos início, neste estudo da epístola de Paulo
aos filipenses, à “parte prática” da carta, ou seja, a parte da carta onde o
apóstolo Paujlo dá ênfase ao comportamento que os cristãos filipenses deveriam
ter para demonstrar a sua salvação em Cristo Jesus.
- Esta “parte prática”, que abrange os capítulos
3 e 4 da epístola, inicia-se com uma afirmação do apóstolo que deveriam os
crentes de Filipos se alegrassem no Senhor, ensino este que Paulo revela já
ter dado aos filipenses no passado, mas que não se cansava de repetir, pois
seria segurança para aqueles irmãos (Fp.3:1).
- Vemos, por primeiro, que o apóstolo Paulo
era avesso a “novidades”, a “inovações”. “Não me aborreço de escrever-vos as
mesmas coisas” (Fp.3:1). Paulo sabia que a Palavra de Deus deveria ser
ensinada sempre, em todo instante, de modo repetitivo, exaustivo, pois, sem a
Palavra, não pode haver segurança na vida espiritual.
- Todo e qualquer pessoa comprometida com o
apascentar do povo de Deus não pode ter outra conduta senão a de sempre ensinar
as mesmas coisas, de dizer as mesmas coisas, pois a Palavra de Deus não muda (I
Pe.1:25), já que é testemunha de Cristo (Jo.5:39), é a Verdade, que é o próprio
Cristo (Jo.14:6; 17:17) e, como tal, é a mesma ontem, hoje e eternamente
(Hb.13:8).
- Quantos, entretanto, em nossos dias, já não
mais ensinam a Palavra de Deus, buscam trazer “inovações”, “novidades” a fim de
“prender a atenção” e “atrair” pessoas, esquecidos de que o verdadeiro e
genuíno servo de Deus não se aborrece com as “mesmas coisas”, pois, como dizia
o saudoso pastor Walter Marques de Melo (1933-2012): “O Evangelho é o mesmo”.
- Vivemos num mundo em que impera a “cultura do
descartável”, ou seja, onde é prevalecente a cultura superficial, que não gera
qualquer comprometimento, onde as pessoas vivem a buscar coisas novas, já que
nada lhes satisfaz. Dentro desta situação, não é difícil que muitos corram de
uma para outra parte, sempre buscando “o novo”, numa atitude, porém, que não
pode ser, de modo algum, compartilhada pelos que servem a Cristo que, sendo
diferentes do mundo, não podem querer se saciar nas coisas passageiras deste
mundo, mas, sim, fundamentar-se na Palavra de Deus, que jamais há de passar
(Mt.24:35).
- O apóstolo, apesar de toda a sua erudição,
não tinha outro objetivo senão “escrever as mesmas coisas” para as igrejas,
pois seu foco era trazer “segurança” para os cristãos, para os servos do
Senhor. Somente se tem segurança quando se ensina a Palavra de Deus, quando se
constrói a vida na rocha, que é Cristo (Mt.7:24,25; I Co.10:4).
- É preciso haver uma perseverança no ensino
doutrinário, uma continuidade, uma exaustão, que nada mais é que a devida
alimentação do povo de Deus, pois o salvo precisa se alimentar diariamente da
Palavra de Deus (Mt.4:4).
- Vivemos dias de carência do ensino da Palavra
de Deus nas igrejas locais, onde, lamentavelmente, muitos obreiros foram
indevidamente separados para aquela função, já que não são aptos para ensinar
(I Tm.3:1,2), e outros, embora até tenham condições de ensinar, preferem saciar
esta “curiosidade por novidades” que domina a mentalidade de muitos que
cristãos se dizem ser em nossos dias, a “ensinar as mesmas coisas”. Que Deus
modifique este trágico quadro!
- Paulo fez questão de dizer que não se
aborrecia de escrever as mesmas coisas, porque dissera aos filipenses que restava
dizer-lhes que deveriam se alegrar no Senhor. Temos, aqui, portanto, o retorno
ao tema da alegria, que marca tanto esta carta.
- Esta é a sétima alegria mencionada na
carta, a saber, a “alegria de estar em Cristo”. “…Quando o Divino Mestre
estava se despedindo dos Seus discípulos logo antes do Seu suplício, Ele lhes
falava muito em alegria. Disse-lhes: ‘Assim também vós agora, na verdade,
tendes tristeza, mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a
vossa alegria ninguém poderá tirar’ (João 16.22). Paulo era exemplo vivo desta
verdade, pois quando tudo lhe era contrário então era que o seu coração
transbordava de alegria!…” (SENA NETO, José de Barbosa. Carta aos filipenses: a
carta da alegria! Disponível em: http://www.cpr.org.br/bn-filipenses.htm Acesso
em 12 jun. 2013).
- Paulo, mais uma vez, mostrava aos crentes de
Filipos que não havia motivo algum para abalos na fé, para tristezas e
angústias. Eles pertenciam ao corpo de Cristo, eles estavam em Cristo e, como
tal, tinham garantida a sua salvação, se permanecessem fiéis até o fim. Ninguém
poderia lhes tirar esta alegria, pois Jesus havia vencido a morte e o pecado e
aberto o caminho para a comunhão com Deus e para a vida eterna, de sorte que
ninguém nem nada nos poderia separar do amor de Deus que há em Cristo Jesus
(Rm.8:38,39).
- Se soubéssemos o que significa “estar em
Cristo”, se jamais nos esquecêssemos o significado de pertencermos à Igreja,
certamente não daríamos tanta vazão a sentimentos de tristeza, decepção,
angústia e tantas outras coisas que tumultuam a nossa vida sobre a face da
Terra.
- Se estamos em Cristo, se desfrutamos de
comunhão com Ele, não há motivo senão para nos alegrarmos na Sua presença,
pois, mesmo não merecendo, estamos marchando para Sião, para a Jerusalém
celeste, para, em glória, termos a companhia do Senhor para todo o sempre. Quem
tem esta noção sabe, claramente, que as aflições do tempo presente não são para
comparar com a glória que em nós há de ser revelada (Rm.8:18).
- Não é por outro motivo que o apóstolo, mesmo
aprisionado e correndo risco de vida, era capaz de não só demonstrar mas de
transmitir alegria aos crentes de Filipos, porque muitos salvos, ainda hoje,
mesmo em situações extremamente delicadas, quando são visitados por outros para
ser consolados, acabam por consolar os seus visitantes. É a presença da
“alegria em Cristo” na vida daqueles que são salvos!
II –
A NECESSÁRIA VIGILÂNCIA DIANTE DOS ADVERSÁRIOS DA OBRA DE DEUS
- Apesar de termos a “alegria em Cristo”, que
ninguém nos pode tirar, ainda estamos neste mundo (Jo.17:11) e, diante desta
realidade, o apóstolo, mostrando mais uma vez que o verdadeiro cristão deve
estar sempre atento à realidade e jamais se deixar levar por ilusões, recomenda
aos filipenses que deveriam ter uma atitude de vigilância, de prudência
enquanto estivessem em sua peregrinação terrena.
- Não podemos nos iludir com um falso
“triunfalismo”. Se é verdade que ninguém pode tirar a nossa alegria em Cristo,
se é verdade que, estando em Jesus, estamos livres do poder do maligno, não podemos
nos esquecer que nosso processo de salvação somente findará com a glorificação,
a se dar única e exclusivamente no dia do arrebatamento da Igreja, de modo que
precisamos nos manter fiéis e em constante vigilância até aquele dia ou quando
formos promovidos para a eternidade. É este, aliás, o ensino de Nosso Senhor e
Salvador: “E as coisas que vos digo digo-as a todos: Vigiai.” (Mc.13:37).
- Por isso, além de uma vida de intensa
busca a Deus, o cristão deve tomar algumas precauções, a fim de não se contaminar
com o mundo e o pecado, como que um “lado negativo”, um “lado de abstenção”
que a vida com Deus exige.
- É precisamente este o sentido da expressão
“guardai-vos” que encontramos nas primeiras recomendações do apóstolo aos
filipenses. Como ensina Russell Norman Champlin, a expressão grega original é
“blepete” (βλέπετε), “…verbo de uso
comum que significar ‘ver’, embora também usado com o sentido de ‘considerar’,
‘observar’, ‘dirigir a atenção para’ ou, mais forte ainda, ‘acautelar-se’…” (O Novo Testamento interpretado
versículo por versículo, v.5, p.44).
- A primeira destas providências que devem
ser tomadas pelo cristão é o de “guardar-se dos cães” (Fp.3:2). Tal ensino
do apóstolo não era nenhuma inovação, pois o próprio Senhor Jesus, no sermão
do monte, já havia ensinado Seus discípulos a que “não dessem aos cães as
coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas” (Mt.7:6).
- Naturalmente, que não está aqui o apóstolo
nem tampouco o Senhor Jesus a se referirem aos animais conhecidos como os
“melhores amigos do homem”. Para bem entendermos esta expressão bíblica,
devemos nos remeter à cultura judaica.
- Como Paulo não ensinava nada novo, como ele
mesmo acabara de afirmar, é proveitoso analisarmos seu ensino à luz do que
havia dito o Senhor Jesus no sermão do monte.
- Quando o Senhor Jesus fala em cães e porcos,
devemos observar que ambos “…eram animais imundos, segundo a lei dos judeus ( I
Rs.21:19; 22:38; II Sm.3:8; 9:8; Mt.25:26; Ap.22:15). Esses animais são
símbolos de certos tipos de homens. Há várias ideias sobre isso: 1. Os hereges
(cães); os inimigos (especialmente no sentido religioso); os indivíduos hostis
(os porcos). 2. De acordo com Agostinho,os perseguidores hostis (cães);
os indivíduos imundos, sem sentimento algum de santidade (porcos). Paulo se
referiu a homens assim:’… para que sejamos livres dos homens perversos e maus;
porque a fé não é de todos’ (I Ts.3:2).Os escritos judaicos falam de alguns
homens como se fossem animais imundos e desavergonhados. Provavelmente Jesus
pensou em tais referências ao proferir essas palavras. A experiência humana
confirma o fato de que alguns indivíduos se encontram em nível mais baixo que
aquele ocupado pelos animais, devido às suas ações violentas e amorais…” (CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo
Testamento interpretado versículo por versículo, v.1, p.331) (destaque
original).
- Neste texto, “…o apóstolo destacava um
grupo particular de homens religiosos, os quais deveriam ser vigiados
especialmente para que suas doutrinas e suas práticas não viessem a macular a
pureza da comunidade cristã de Filipos. De acordo com a lei levítica, o cão
era um animal imundo; era um termo comum entre os judeus, como designação dos
gentios. O cão era reputado animal de pouco valor; o preço de compra de um
deles era equiparado com o preço do uso de uma prostituta. Um israelita não
podia fazer penetrar na casa de Deus nem os cães e nem as prostitutas,
porquanto isso seria considerado uma abominação, segundo se lê em Dt. 23:18.(…).
O trecho de Rm.22:15 menciona que os ‘cães’ ficarão fora da cidade celestial; e
isso indica os corruptos. Nos escritos de Homero esse termo é usado para falar
de pessoas audazes e desavergonhadas, especialmente mulheres. No presente texto
está em foco o caráter moral dos falsos mestres, em importar se eram
‘judaizantes’ ou não, em contraste com a pureza que se espera nos verdadeiros
crentes. O cão é um animal sem-vergonha, voraz, aproveitador, desordeiro,
vagabundo, briguento; e é possível que algumas dessas qualidades negativas
devam ser compreendidas acerca daqueles sobre quem Paulo falava assim
indiretamente…”(CHAMPLIN, op.cit., v.5,
p.44).
- Precisamos ter cuidado para não nos
comprometermos com pessoas que não têm temor a Deus, que não se respeitam nem
considerar as coisas santas, as coisas de Deus, pessoas que menosprezam o que é
sagrado, que não levam em conta os ensinos da Palavra de Deus, que vivem como
se Deus não existisse e cuja religiosidade apenas reflete a sua vontade e não a
vontade de Deus. Estes são os “cães”, pessoas que rejeitam os ensinos e a
autoridade do Senhor e que não podem mudar nossa mentalidade e nossa maneira de
viver temente a Deus.
- “…Nosso mundo moderno e autossuficiente,
infelizmente, já não precisa mais de Deus; vive como se o Todo-Poderoso não
existisse, e agora sofre. O Papa Bento XVI disse que o homem moderno construiu
um mundo que não tem mais lugar para o Senhor.…” (AQUINO, Felipe. O mundo vive como se Deus não existisse. Disponível
em: http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?e=11981
Acesso em 12 jun. 2013). É esta a mentalidade própria dos “cães”, que
devemos evitar e prevenir, para que possamos chegar ao final de nossa jornada
terrena guardando a salvação que nos foi dada por Jesus Cristo.
- Muitos, infelizmente, estão a se envolver com
os “cães” em nossos dias. Vivem uma vida espiritual frívola e não têm qualquer
vergonha, misturando-se com o pecado e com o mundo e, o que é pior, trazendo o
mundanismo para as coisas sagradas, profanando o culto a Deus. Tomemos cuidado
com estas pessoas, pois elas podem nos levar a ficar de fora do lar celestial!
- Mas, além dos “cães”, o apóstolo também nos
manda guardar dos “maus obreiros”. Paulo já havia se referido a eles no
início da carta, ao dizer que alguns estavam a pregar o Evangelho por inveja e
por porfia, querendo acrescentar mais aflições ao apóstolo (Fp.1:15,17).
- Vemos, pois, que, já naquele tempo, havia, na
igreja, os “maus obreiros”, pessoas que estavam a se ocupar do ministério da
palavra mas que não o faziam puramente, sendo dominados pelas obras da carne,
tais como invejas, porfias e contenções. Por isso, o Senhor Jesus nos manda
observar os frutos daqueles que dizem servir a Cristo, pois há aqueles
verdadeiros lobos que estão travestidos de peles de ovelhas (Mt.7:15,16).
- Tais “maus obreiros”, sempre existentes no
meio das igrejas locais, aumentaram em número em nossos dias, pois isto é mais
um sinal da proximidade do arrebatamento da Igreja (Mt.24:11; II Pe.2:1-3). Por
isso, a presença e descoberta de “maus obreiros” entre os cristãos não deve ser
um fator de desestabilização de nossa fé em Jesus Cristo, pois tais escândalos
são inevitáveis (Mt.18:7).
- O que não podemos é seguir as dissoluções
destes “maus obreiros” (II Pe.2:2), a fim de não ser por eles enganados e,
assim, retornemos ao erro de que estávamos nos afastando desde o instante em
que passamos a servir a Deus (II Pe.2:18), não nos deixando levar pelo
“discurso da liberdade” que estes servos do pecado e da corrupção andam
alardeando (II Pe.2:19).
- Ao contrário do apóstolo Paulo, estes “maus
obreiros” são peritos em anunciar “novidades”, em ser atraentes e em fazerem
coro com aqueles “maus sacerdotes” dos tempos de Malaquias, onde tudo “não
fazia mal” (Ml.1:8). Tomemos cuidado, amados irmãos, com estes “facilitadores”,
com estes “crentes modernos”, que nada mais são que “maus obreiros”, de quem
devemos nos guardar se quisermos terminar com êxito a nossa jornada terrena.
- Mas o apóstolo também manda que os crentes
de Filipos vigiassem e se guardassem da circuncisão. Aqui a melhor tradução
não é a da Versão Almeida Revista e Corrigida, pois o texto original não fala
da circuncisão em si, mas, sim, de “mutilação, amputação”, pois este é o
significado da palavra “katatomé” (κατατομή), motivo por que
se deve preferir seja a expressão “falsa circuncisão”, utilizada pela Versão
Almeida Revista e Atualizada e pela Nova Versão Internacional ou, ainda,
“falsos circuncidados”, utilizada pela Tradução Brasileira e pela Bíblia de
Jerusalém. “…A palavra aqui empregada pode significar apenas ‘falsa
circuncisão’. Esses reivindicavam para si mesmos o título de ‘circuncisão’, com
o que queriam dar a entender que eram o verdadeiro povo de Deus, os herdeiros
da provisão do pacto abraâmico, dentro do qual o rito da circuncisão era o
sinal oficial da identificação do povo de Deus. No entanto, segundo a opinião
de Paulo, não mereciam ser chamados de ‘a circuncisão’; por isso é que o
apóstolo lançou mão de um termo diferente, para mostrar que tão somente se
sujeitavam a uma operação física, mas sem que isso tivesse qualquer valor
espiritual.…” (CHAMPLIN, op.cit., v.5,
p.44).
OBS: “…Por um jogo de
palavras, em tom de desprezo, Paulo assimila a ‘circuncisão’ carnal dos judeus
às ‘incisões que jorravam sangue, dos cultos gentílicos (ver I Rs.18:28 cfr.
Gl.5:12).…” (BÍBLIA DE JERUSALÉM, nota d a Fp.3:2, p.2051).
- Segundo alguns estudiosos, esta continuidade
da carta de Paulo aos filipenses, que compõe a parte prática da epístola, teria
sido motivada precisamente pela notícia de que haviam chegado a Filipos alguns
“judaizantes” que, aproveitando o fato da prolongada prisão do apóstolo,
estariam ali para perturbar a fé daqueles crentes e levá-los à observância da lei
mosaica.
OBS: “…Aparentemente,
existia um problema com os judaizantes em Filipo semelhante ao que havia na
Galácia(…). Na realidade, creio que este era a principal causa de dissensão em
Filipo. Alguns creem, pela mudança de tom no v.1, que Sha’ul [Paulo, observação
nossa] tinha a intenção de encerrar a carta por aqui, no entanto, tendo
recebido a notícia repentina de nova atividade entre os judaizantes, teria
respondido com o alerta categórico a seguir. Acredito, porém, que ele já estava
decidido a escrever-lhes de novo as mesmas coisas (ou seja, sua exortação à
humildade do capítulo 2), reafirmando a mesma coisa de forma negativa, como uma
advertência para não se gloriar, uma vez que a humildade exclui o orgulho. Além
disso, assim como ele usou o Messias como o supremo exemplo (2:5-11), ele agora
usa os orgulhosos judaizantes como um exemplo negativo (vv.2-9).…” (STERN,
David H. Trad. de Regina Aranha et alii. Comentário judaico do Novo
Testamento, p. 647).
- Na vida cristã, devemos fugir também da
religiosidade externa, daquela religiosidade apenas de aparência, que nos
tornará fariseus mas não verdadeiros servos de Cristo Jesus. O apóstolo,
inclusive no uso de um termo diferente para se referir à “circuncisão”, quer
mostrar aos filipenses que o que importa na vida com Cristo não é a aparência,
mas, sim, a presença de uma verdadeira imitação de Jesus, de uma vida de
humildade e de comunhão com o Senhor, independentemente de aparência exterior.
- A questão relativa à observância da
circuncisão por parte dos crentes gentios já tinha motivado o concílio de
Jerusalém (At.15), ocasião em que se decidira que os cristãos não estavam
submetidos à lei de Moisés e, portanto, não deveriam observar seus rituais. Naquela
mesma reunião da Igreja, apenas se disse que os gentios estavam sujeitos aos
chamados “sete preceitos dos descendentes de Noé”, ou seja, às ordenanças
estatuídas por Deus após o dilúvio, que havia abrangido a todas as nações
(compare Gn.9:1-17 com At.15:28,29).
- Ora, a circuncisão, embora anterior à lei
mosaica (Gn.17:23-27), era posterior a esta ordenança estatuída a todas as
nações e, portanto, estava relacionada com a nação israelita e não com os
demais gentios, motivo pelo qual não era de observância obrigatória para os
cristãos gentios.
- A vida cristã traz uma nova circuncisão,
que é a “circuncisão do coração”, que já era, inclusive, prevista na lei de
Moisés (Dt.10:16) e nos profetas (Jr.4:4), da qual a circuncisão carnal era
apenas uma figura, uma sombra, que nada valeria sem que se tivesse a outra. Mais
do que os varões recortarem os seus prepúcios, o que Deus exigia, tanto de
homens quanto de mulheres, é que retirassem os “prepúcios de seus corações”,
que não endurecessem a sua cerviz, ou seja, que se submetessem à vontade de
Deus e fossem tementes ao Senhor.
- É precisamente isto que ensina o apóstolo aos
filipenses, dizendo que “a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em
espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo e não confiamos na carne” (Fp.3:3).
- Quando o apóstolo fala que
“a circuncisão somos nós”, vemos, por primeiro, que se utiliza da palavra que
realmente significa “circuncisão”, ou seja, a palavra grega “peritomé” (περιτομή), para, precisamente, reforçar que está a falar,
agora, da real, autêntica e verdadeira circuncisão e não do simulacro levado a
efeito pelos “judaizantes”.
- “…nós somos os circuncisos espiritualmente,
nós ‘com coração e ouvidos circuncisos’ (…), nós, os que tivemos os prepúcios
‘de nossa velha natureza’ removidos (…), nós que adoramos pelo Espírito de
Deus e que fazemos do Messias Yeshua nossa confiança! Não confiamos em
qualificações humanas (vv.4-9), literalmente, ‘não(…) na carne’, não em
‘uma circuncisão (…) feita por mãos humanas’ (Cl.2:11)…” (STERN, David H. op.cit., p.648) (negrito original).
- O apóstolo mostra aos crentes de Filipos que a
verdadeira circuncisão, ou seja, a verdadeira aliança, o verdadeiro
comprometimento com Deus advém de um serviço ao Senhor em espírito,
ecoando, assim, as palavras do Senhor Jesus à mulher samaritana, que diziam que
o Pai estava à procura de verdadeiros adoradores, que adorassem o Pai em
espírito e em verdade (Jo.4:23,24).
- Esta é a verdadeira adoração que caracteriza
os genuínos e autênticos servos do Senhor, uma adoração em espírito e em
verdade, ou seja, um serviço a Deus que vem de dentro para fora, que começa com
a comunhão nossa com o Senhor, feito pelo perdão dos pecados pela fé em Jesus Cristo,
que nos une a Deus (Rm.5:1) e faz com que passemos a andar segundo o espírito e
não mais segundo a carne (Rm.8:1).
- A verdadeira circuncisão é uma aliança que se
firma entre nós e Deus, a partir da fé em Cristo Jesus, que faz servir a Deus,
a ter, preliminarmente, confiança em Deus e uma boa consciência, uma
consciência sem ofensa diante de Deus e dos homens (At.23:1; 24:16), uma
consciência que testifique que estamos a viver neste mundo com simplicidade e
sinceridade de Deus, não com sabedoria carnal, mas na graça de Deus (II
Co.1:12).
- Paulo demonstra a todos nós que o que
importa, na vida cristã, é estarmos a servir a Deus, incentivados e estimulados
por uma profunda convicção interior, resultado de uma profunda atenção à
vontade de Deus, com total atenção ao que nos fala o Espírito Santo ao nosso
espírito, para que, assim, realizemos aquilo que o Senhor deseja em nossas
vidas.
- Para tanto, torna-se absolutamente necessário
que confiemos em Deus, que tenhamos fé e que, apesar de todas as dificuldades e
vicissitudes nesta vida sobre a face da Terra, prossigamos buscando agradar a
Deus, pois cremos que Ele existe e é galardoador dos que O buscam (Hb.11:6).
- Lamentavelmente, não são poucos os que se
contentam apenas em apresentar um estereótipo, uma imagem externa de
cristianismo, preocupando-se apenas na “mutilação do corpo”, ou seja, no
seguimento de rituais e cerimônias, para se apresentarem como “santos”, quando,
na verdade, não passam de “sepulcros caiados” (Mt.23:25-28). São os “modernos
fariseus”, que não abandonam o pecado e acrescentam à vida pecaminosa a
hipocrisia religiosa. Tomemos cuidado, amados irmãos, para não sermos mais uns
destes!
- O verdadeiro e genuíno servo do Senhor,
além de servir a Deus em espírito, também se gloria em Jesus Cristo. Tudo
quanto faz é para a glória de Deus Pai, assim como o Senhor Jesus, que Se
humilhou e depois foi exaltado única e exclusivamente para glorificar ao Pai
(Jo.17:4; I Co.15:28). Por isso, o verdadeiro cristão, quando pratica boas
obras, leva à glorificação do Pai (Mt.5:16).
- Neste gloriar é que encontramos mais uma
evidência de quem serve a Deus e de quem não O serve. Em nossos dias, não são
poucos aqueles que procuram a glória para si, esquecidos de que Deus não
reparte a Sua glória com ninguém (Is.42:8).
- Muitos, em nossos dias, estão a querer se
utilizar até do Senhor Jesus para auferirem glória para si. Tudo quanto fazem é
para seu próprio enaltecimento, para a sua fama, para seu engrandecimento, para
seu benefício. Nada mais anticristão! Tudo deve ser feito para a glória de Deus
Pai. Foi assim que fez o Senhor Jesus, é assim que devem fazer os Seus
discípulos.
- O culto à personalidade tem invadido o
ambiente das nossas igrejas locais e proliferam aqueles que querem ter em torno
de si discípulos, que querem ter seguidores, em vez de se portarem como meros
pastores que estão conduzindo o rebanho ao encontro de Jesus, em vez de terem
como objetivo glorificarem o nome do Pai e de levarem todos a ficar em torno do
Senhor Jesus.
- Os judaizantes não tinham outro objetivo
senão se gloriarem a si mesmos na carne daqueles que aceitavam se circuncidar,
como Paulo já havia advertido os gálatas (Gl.6:13). Esta é a finalidade dos
“mandamentos de homens” (Is.29:13; Mc.7:7; Tt.1:14) que, vez por outra,
exsurgem no meio da Igreja, regras que têm por escopo tão somente mostrar o
“poder” e a “influência” deste e daquele, mas que nada servem para nos levar à
presença de Deus.
- Aliás, esta autoglorificação era mais uma das
características dos fariseus que causavam ojeriza em Cristo Jesus, como
denuncia o Mestre em seu mais duro discurso proferido durante Seu ministério
terreno, precisamente contra este tipo de religioso hipócrita (Mt.23:5).
- Estes “falsos circuncidados” nada mais
fazem senão levar o povo de Deus para longe do Senhor, apresentando uma vã
e falsa adoração a Deus, visto que não servem ao Senhor mas a si próprios, ao
seu ego, sendo pessoas que se desviaram da verdade, se é que alguma vez a
receberam. Portanto, fujamos de toda e qualquer atitude de religiosidade
externa, de moderno farisaísmo, para que não percamos a salvação assim como os
que defendem e estimulam tal atitude hipócrita.
- Quem serve genuinamente a Deus também não
confia na carne. O princípio da confiança do cristão é a confiança em
Cristo Jesus. A nossa fé em Jesus nos justifica e nos faz entrar em comunhão
com Deus. Somente se retivermos este princípio da confiança até o fim é que seremos
participantes de Cristo e, assim, membros de Seu corpo e candidatos a morarmos
com Ele eternamente nos céus (Hb.3:14).
- Quando, porém, deixamos de confiar em Jesus
para confiarmos na carne, ou seja, em nossa natureza pecaminosa, em nosso velho
“eu”, não mais agradamos ao Senhor e pomos em risco a nossa salvação, “…porque
a inclinação da carne é morte (…) porquanto a inclinação da carne é inimizade
contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto,
os que estão na carne, não podem agradar a Deus” (Rm.8:6-8).
- A nossa natureza pecaminosa, herdada de
nossos primeiros pais, não pode herdar o reino de Deus (I Co.15:50), de modo
que jamais podemos confiar nesta natureza para servirmos ao Senhor. Muitos
estavam a pregar a Cristo por inveja, porfia, contenção, ou seja, eram movidos
pela carne para tanto, mas, ainda que pessoas estivessem se convertendo com tal
atitude, por eles confiarem na carne estavam fadados à perdição com tais
atitudes.
- Muitos, atualmente, estão a confiar na carne
e levam uma vida supostamente espiritual, crendo que, mais dia, menos dia, por
sua “insistência” e “constância” na frequência a cultos, em uma vida religiosa,
alcançarão a misericórdia divina e a salvação de suas almas. Afinal de contas,
seriam “pessoas de bem”, “pessoas piedosas”, “pessoas de boa índole”.
- Nada mais enganoso, porém, visto que as obras
não salvam pessoa alguma, muito menos obras motivadas pela carne, pela natureza
pecaminosa, que leva a um desagrado de Deus.
- Em nossos dias, muitos obreiros têm permitido
indevidamente a participação no meio da igreja local de pessoas que não deram
quaisquer frutos de arrependimento, pessoas que não demonstram qualquer
conversão, mas que se encontram no meio dos salvos em Cristo Jesus por circunstâncias
as mais variadas, como laços de parentesco, costume, hábito e tantas outras
coisas.
- Tal atitude revela, nestes
obreiros, uma confiança na carne, uma confiança nas circunstâncias
estabelecidas, como se a frequência a cultos, o costume e o hábito de
participação nas reuniões da congregação, a familiaridade, o tempo decorrido
fossem fatores que levassem à conversão, à transformação da vida.
- Contudo, o apóstolo faz questão de dizer que
a confiança na carne não caracteriza um verdadeiro e autêntico servo de Deus e,
para tanto, dá-se como exemplo para mostrar que isto é absolutamente inútil e
até prejudicial mesmo a uma vida espiritual.
- O apóstolo mostra que se alguém cabia confiar
na carne, este alguém teria de ser o próprio Paulo. Afinal de contas, ele era
“judeu da gema”, havia sido circuncidado ao oitavo dia, conforme o mandamento
(Gn.17:12), sendo da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de
hebreus e que, ainda por cima, havia sido um fariseu exemplar (Fp.3:5).
- Paulo estava mostrando aos filipenses que,
diante destas credenciais judaicas, se ele confiasse na carne, teria sido ele o
primeiro a exigir daqueles crentes a observância da lei mosaica quando lhes
pregou o Evangelho em Filipos. No entanto, em momento algum, fez qualquer
referência à lei, apesar de ser uma pessoa circuncidada, que provinha de
genuína linhagem de Israel, e que, como se não bastasse a sua origem, ainda
havia seguido a mais rigorosa de todas as seitas judaicas, o farisaísmo, que não
só cumpria os 613 mandamentos da lei mosaica, mas também havia criado um
sem-número de outros mandamentos (Mt.23:4).
- Mas Paulo vai além e mostra que, caso
confiasse na carne, jamais poderia ser um cristão, pois, antes de sua
conversão, havia sido extremamente zeloso a ponto de perseguir a própria
Igreja, fato que não o impedia, aliás, de ser visto como justo e irrepreensível
aos olhos da “justiça que há na lei” (Fp.3:6).
- Assim, o que o apóstolo mostra aos crentes de
Filipos é que, quando se confia na carne, quando se procura servir a Deus
mediante o atendimento à nossa natureza pecaminosa, o resultado outro não é
senão o de nos tornarmos inimigos de Cristo, de nos tornarmos perseguidores
da Igreja, que é o povo de Deus, que é o próprio corpo de Cristo, como, aliás,
mais adiante falará de modo mais minudente, como haveremos de estudar na lição
9.
- Quem anda segundo a carne não agrada a Deus
e, por isso mesmo, torna-se inimigo de Deus, pois a carne é antagônica ao
senhorio de Cristo, é oposta à comunhão com o Senhor. Não podemos, pois, de
forma alguma, confiarmos na carne, se realmente queremos participar da vida
eterna com o Senhor Jesus. Pensemos nisto!
III –
A OPÇÃO DO APÓSTOLO QUE DEVIA SER SEGUIDA PELOS CRENTES FILIPENSES
- Paulo, ao se pôr como exemplo para os crentes
de Filipos, mostra, claramente, que a justiça que há na lei” não é o critério
para que alguém seja considerado salvo. A salvação não vem pela observância da
lei e, sim, pela graça de Deus, por meio da fé, que é um dom de Deus (Ef.2:8).
- O que verificamos aqui é que o apóstolo
Paulo recusa que “a justiça que há na lei” possa trazer alguma salvação a quem
quer que seja. Como já ensinara aos gálatas, Paulo reforça o ensino de que
a lei, embora seja justa, santa e boa (Rm.7:12), não salva, mas, antes, condena
o homem à perdição, visto que ninguém nunca conseguiu cumprir a lei (Gl.3:11) e
quem transgride um dos pontos da lei, é transgressor de todos eles (Tg.2:10).
- Como ensina o teólogo escocês James D.G. Dunn
(1939 - ): “…A lei é usada pelo poder do pecado para enganar a fraqueza humana
da carne. Se relacionarmos isso com o juízo errôneo de Israel com respeito à
lei, poderíamos dizer que para Paulo o apego de Israel à sua posição
privilegiada era em si mesmo exemplo clássico de como o pecado abusa da lei e
aproveita a fraqueza da carne para introduzir a humanidade na conexão pecado e
morte. Como o pecado transforma o ‘desejo’ em ‘concupiscência’, assim também o
pecado que transformou a lei em gramma [dívida, nota de cobrança,
observação nossa] para Israel. Foi a lei concentrada na exigência da
circuncisão na carne que deu ao pecado a oportunidade de pôr Israel numa
perspectiva carnal.…” (DUNN, James D.G.
Trad. de Edwino Royer. A teologia do apóstolo Paulo, p.202).
- Quem quer se prevalecer através da
“justiça que há na lei” acaba perdendo a sua salvação, pois a lei não salva
pessoa alguma. Paulo, mesmo tendo sido zeloso pela observância da lei, havia se
tornado um mero perseguidor da Igreja, um inimigo de Cristo enquanto quis
pautar a sua vida pela lei e, por isso, repudiava toda e qualquer conduta que
alguém que cristão se dissesse ser que se baseasse na observância da lei.
- Hoje em dia, têm ganhado força movimentos que
buscam seguir a observância da lei entre os que cristãos se dizem ser, movimentos
que não se reduzem ao sabatismo, mas que têm novas versões, como as daqueles
que buscam retomar a celebração de festividades judaicas ou rituais e
cerimoniais judaicos. Tudo isto é extremamente perigoso, é a busca de uma
“justiça que há na lei”, algo que leva, inevitavelmente, à perdição. Tomemos
cuidado com isto, amados irmãos!
- Paulo diz aos filipenses que eles deveriam
seguir o Seu exemplo e, portanto, não se firmar na “justiça que há na lei”,
como queriam convencê-los os judaizantes que se apresentavam naquela igreja,
provavelmente animados com o abalo na esperança e na fé daqueles crentes diante
da prolongada prisão do apóstolo.
- Antes, o apóstolo considerou que tudo quanto
havia obtido por intermédio da lei, tudo quanto havia conseguido na sua vida
farisaica, representava para ele mero “esterco” (Fp.3:8), como “perda”
(Fp.3:7), pois para o apóstolo o ganho era tão somente Cristo.
- A base da conduta do cristão, para o
apóstolo Paulo, não poderia ser a lei, mas, sim, um tripé, a saber: a fé, o Espírito
e o próprio Cristo. Como afirma o teólogo James D.G. Dunn: “…já sugerimos
que os princípios fundamentais da ética de Paulo podem ser resumidos em termos
que refletem diretamente as ênfases do seu evangelho: justificação pela fé,
participação em Cristo e dom do Espírito.…” (op.cit., p.74).
- Somente sendo justificados pela fé em Cristo
Jesus, ingressando, por isso, no corpo de Cristo e recebendo o Espírito Santo,
o cristão pode ter um comportamento que seja agradável a Deus. Por isso, Paulo,
ao crer em Jesus, ao ingressar na Igreja e a receber o Espírito Santo, não
tinha mais relação alguma com tudo aquilo que havia praticado no passado, era
uma nova criatura.
- A irrepreensibilidade de sua conduta com base
na lei o havia tornado tão somente um perseguidor da Igreja, um inimigo de
Cristo. Agora, como havia abandonado tudo aquilo, pela salvação, tudo aquilo
não era senão perda, senão “esterco”. Esta palavra, no original grego, é
“skubálon” (σκύβαλον), que tem o
significado de “lixo, esterco, refugo”.
- O que o apóstolo quis indicar com o uso desta
expressão para representar aquilo que dava tanto valor antes de sua salvação? Como
diz Champlin: “…Sem importar o que Paulo tivesse querido dizer exatamente, o
inegável é que a declaração é perfeitamente enfática. Tudo quanto os elementos
legalistas consideravam dotado de grande valor, tudo quanto propagavam como
tal, no seio da igreja cristã, o apóstolo dos gentios reputava inútil e
repugnante, como lixo que pode ser lançado aos cães, como refugo lançado no
monturo…” (op.cit., v.5, p.49).
- Para que possamos ter uma vida
verdadeiramente cristã, torna-se necessário que rompamos com o que fazíamos no
passado, que deixemos de dar valor àquilo que era para nós extremamente
valioso antes de conhecermos a Cristo. Jesus deve ser a nossa razão de viver,
não mais devemos viver mas, sim, permitir que Cristo viva em nós (Gl.2:20). É
isto que nos diz o apóstolo. Será que é isto que temos observado em nossas
vidas?
- Nos dias hodiernos, não são poucos os que
querem prevalecer a sua condição de cristãos precisamente com as coisas que
faziam antes. Não são poucos os que querem mostrar a sua condição de
verdadeiros e genuínos servos de Deus fazendo ecoar o que faziam antes e,
pasmem todos, até voltando a fazer o que faziam antes.
- Paulo afirma aos filipenses
que eles jamais seriam cristãos verdadeiros se continuassem a dar valor a
coisas que não têm valor, a coisas que já haviam sido superadas pela nossa
salvação em Jesus. Se não tomamos por sem nenhum valor aquilo a que dávamos
valor antes de nossa salvação, de maneira alguma poderemos ser salvos.
- Como observa Champlin, “…para alguém ganhar o
verdadeiro ‘ganho’ é mister desfazer-se do ‘refugo’ que antes reputava como
lucro. Assim fez Paulo. Portanto, ‘ganhar a Cristo’ é equiparado com a
participação em Sua ressurreição, em sua forma de vida eterna (…), em Suas
perfeições (…), em Seu prêmio eterno da vida imortal, a completa salvação, por
cuja causa Cristo o tinha conquistado…” (op.cit., v.5, p.49).
- Será que temos tido a Jesus Cristo como nosso
ganho? Ou será que ainda não abandonamos a nossa “vida velha” e continuamos a
dar valor àquilo que não tem valor algum?
- Paulo considerou que “todas as coisas” lhe
foram consideradas como “perda” pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus,
a quem considerava seu Senhor, pelo qual havia perdido todas estas coisas
(Fp.3:8).
- Será que temos este mesmo sentimento? Paulo
dizia aos filipenses que eles deveriam desconsiderar todas as coisas desta vida
e preferir a “excelência do conhecimento de Cristo Jesus”, ou seja, a
intimidade cada vez maior com Jesus, até porque Ele é nosso Senhor, e,
portanto, devemos obedecer-Lhe, cumprir a Sua vontade.
- Contudo, não são poucos os que cristãos se
dizem ser que vivem exatamente o contrário do que aqui se preconiza. Não deixam
as coisas deste mundo, nem se interessam em se aproximar cada vez de Cristo. Pelo
contrário, querem se apegar às coisas passageiras e ilusórias desta vida,
mantendo uma distância cada vez maior de Cristo, já que, para se ter a
“excelência do conhecimento de Cristo”, torna-se necessário se dedicar a uma
vida de oração, de meditação nas Escrituras, de busca do poder de Deus. Como é
que estamos, amados irmãos?
- Para assim agir, temos de tomar a “justiça
que vem pela fé”, ou seja, devemos confiar em Cristo, abrir mão de todas as
coisas, renunciar a todas as coisas e seguir o caminho de Cristo, confiando
que, ao final, alcançaremos a salvação.
- Ir após Jesus, ter uma vida cristã é negar-se
a si mesmo, tomar a cruz e segui-l’O (Mc.8:34; Lc.9:23) e isto jamais será
feito se nós não O conhecermos, à virtude de Sua ressurreição e à comunicação
de Suas aflições, sendo feitos conforme à Sua morte (Fp.3:9,10).
- Para que imitemos o apóstolo Paulo, torna-se
imperioso que, por primeiro, conheçamos a Cristo, ou seja, tenhamos intimidade
com Ele, a tal ponto que não mais vivamos, mas Ele viva em nós (Gl.2:20).
- Ora, ter intimidade com Jesus a este ponto é
desenvolver um relacionamento cada vez mais estreito com o Senhor Jesus, o que
somente é possível se buscarmos o reino de Deus e a sua justiça (Mt.6:33). Isto
exige uma vida cada vez mais intensa de oração, de meditação nas Escrituras e
de busca do poder de Deus.
- Entretanto, muitos, na atualidade, têm
preferido a religiosidade exterior, a mera frequência a cultos, a membresia
formal em uma igreja local, a assunção de alguns comportamentos externos, algo
muito, mas muito diverso mesmo do que está a nos ensinar o apóstolo Paulo.
- Mas, além de “conhecer” a Cristo, temos
também de experimentarmos a “virtude da Sua ressurreição”, ou seja, temos
de ser provas vivas de que Cristo ressuscitou e que, com Sua ressurreição,
venceu o pecado e a morte. Temos de ter uma nova vida, uma vida transformada,
que demonstre cabalmente que, com a Sua ressurreição, Cristo efetivamente
salvou a humanidade.
- Somente experimentaremos a
“virtude da ressurreição de Cristo”, se morrermos para o mundo e vivermos única
e exclusivamente para Cristo. É isto, aliás, o que é simbolizado no ato do
batismo das águas. Somente se nossos corpos passarem a ser instrumentos de
justiça e não mais de pecado é que poderemos “conhecer a virtude da
ressurreição de Cristo” em nossas vidas (Rm.6:4-19).
- Mas Paulo também nos convida a que
conheçamos a “comunicação de Suas aflições”, ou seja, nossa comunhão com o
Senhor Jesus faz com que também participemos de Suas aflições. Devemos, também,
sofrer por causa de Cristo enquanto estivermos neste mundo, o que é algo
inevitável e natural, já que, por estarmos em comunhão com o Senhor, o mundo
nos aborrece (Jo.15:18,19).
- Não foi por outro motivo que o Senhor Jesus
disse que no mundo teríamos aflições (Jo.16:33). Uma vez em comunhão com o
Senhor, tornamo-nos um “corpo estranho” neste mundo que, em razão disso, passa
a nos atacar, a querer nos expelir, a querer nos destruir.
- Vemos aqui, portanto, como mentem os arautos
da teologia da confissão positiva e da teologia da prosperidade. É precisamente
porque estamos em comunhão com Deus que passamos por aflições neste mundo, é
este um sinal indicativo de nossa salvação, bem ao contrário do que afirmam
estes falsos mestres. A falta de oposição do mundo a nós é fator que deve nos
inquietar, pois não estaremos tendo a experiência das aflições de Cristo
(Lc.6:26).
- Paulo mostra como a sua prisão representava
esta comunicação nas aflições de Cristo. Desta maneira, ao invés de isto
demonstrar uma fraqueza do apóstolo ou uma possível desaprovação divina ao seu
modo de pregar o Evangelho, o que poderia estar sendo explorado pelos
judaizantes que tumultuavam a fé dos filipenses, era este, sem dúvida, um fator
inegável de que o trabalho do apóstolo era aprovado por Deus, pois ele estava
se fazendo participante das aflições de Cristo, como deve ocorrer com todo
aquele que tem uma vida cristã genuína e autêntica.
- Por fim, o apóstolo diz que devemos, na
vida cristã, sermos feitos conforme à morte de Cristo. Paulo aqui repete o
tema já tratado quando dissertara a respeito da “kenosis” de Cristo. Se não
morrermos como Cristo, se não nos submetermos, por obediência, até a morte, se
não tomarmos o vitupério de Cristo, de modo algum poderemos ter a Sua
glorificação: “…se é certo que com eEe padecemos, para que também com Ele
sejamos glorificados” (Rm.8:17).
- Não há como chegarmos ao trono de glória nos
céus se não passarmos antes pela cruz do Calvário. A glorificação é precedida
da humilhação. Lembremos sempre disto!
- Os conselhos dados pelo
apóstolo Paulo aos filipenses são extremamente atuais, pois revelam o que é a
vida cristã, são a Palavra de Deus, que não muda com o tempo. Se realmente
queremos chegar ao céu, se queremos ter uma vida cristã genuína, não podemos
deixar de observar o que o apóstolo ensina aos seus queridos irmãos de Filipos.
Será que temos observado estas recomendações?
Pensemos nisto!
Colaboração para o Site Pecador Confesso - Ev.
Dr. Caramuru Afonso Francisco
Colaboração para o Site Pecador Confesso -
Presbítero Eudes L Souza
Colaboração para o Site Pecador Confesso - Ev.
Natlino das Neves
Colaboração para o Site Pecador Confesso - Pastor
Alexandre Coelho
Texto Editado e Postado por Hubner Braz
(@PecadorConfesso)
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