Lição 9 – 01 de Setembro de 2013 - CPAD Confrontando os Inimigos da Cruz de Cristo TEXTO ÁUREO Porque muitos há, dos qu...
Lição 9 –
01 de Setembro de
2013 - CPAD
Confrontando os Inimigos da Cruz de
Cristo
TEXTO
ÁUREO
Porque
muitos há, dos quais muitas vezes vos disse e agora também digo, chorando, que
são inimigos da cruz de Cristo (Fp 3.18).
VERDADE
PRÁTICA
A cruz de
Cristo é o ponto central da fé cristã: sem ela não pode haver
cristianismo.
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE
Filipenses
3.17-21
17 - Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado,
segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim
andam.
18 - Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse e
agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de
Cristo.
19 - O fim deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a
glória deles é para confusão deles mesmos, que só pensam nas coisas
terrenas.
20 - Mas a nossa cidade está nos céus, donde também
esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,
21 - que transformará o nosso corpo abatido, para ser
conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a
si todas as coisas.
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
É
estranho ver Paulo chorando em uma carta cheia de alegria! Talvez esteja se
lamentando por si mesmo e por sua situação difícil! Não, ele é um homem de
determinação, e as circunstâncias não o desanimam. Será que está chorando por
causa do que alguns cristãos de Roma faziam com ele? Não, ele tem uma atitude de
submissão e não permite que as pessoas o privem de sua alegria. Essas lágrimas
não são por si mesmo, mas por outros. Um a vez que Paulo tem disposição
espiritual, encontra-se profundamente entristecido pelo modo de vida de alguns
que se dizem cristãos, pessoas que "se preocupam com as coisas
terrenas".
Apesar de não ser possível afirmar com
certeza, é bem provável que Filipenses 3:18, 19 seja uma descrição dos
judaizantes e de seus seguidores. Sem dúvida, Paulo está escrevendo sobre
cristãos professos, não sobre gente de fora da igreja. Os judaizantes eram
"inimigos da cruz de Cristo", pois acrescentavam a Lei de Moisés à obra da
redenção que Cristo ha via realizado na cruz. Por causa de sua obediência às
leis alimentares do Antigo Testamento, pode-se dizer que "o deus deles é o
ventre" (ver Cl 2:20-23); e sua ênfase sobre a circuncisão corresponderia a
glorificar-se em algo que deveria ser motivo de vergonha (ver Cl 6:12-15). Esses
indivíduos não tinham disposição espiritual, mas sim inclinação para as coisas
terrenas. Apegavam-se a credos religiosos e a rituais terrenos que Deus havia
dado a Israel e se opunham às bênçãos que o cristão tem em Cristo (E f 1:3; 2:6;
Cl 3:1-3).
O adjetivo "espiritual" é usado tão
indevidamente quanto o termo "comunhão". Muita gente acredita que o "cristão
espiritual" é místico, distante, sem qualquer senso prático e dado a devaneios.
Quando ora, sua voz adquire um tom lúgubre e trêmulo e faz grandes esforços para
informar a Deus coisas que ele já sabe. Infelizmente, esse tipo de piedade
fervorosa é um péssimo exemplo do que vem a ser a verdadeira espiritualidade. A
pessoa que possui uma disposição espiritual não precisa ser mística nem deixar
de ser prática. Pelo contrário, a disposição espiritual leva o cristão a pensar
com mais clareza e a fazer as coisas com mais
eficiência.
Ter "disposição espiritual" significa,
simplesmente, olhar para a Terra do ponto de vista do céu. "Pensai nas coisas lá
do alto, não nas que são aqui da terra" (Cl 3:2). D. L. Moody costumava
repreender os cristãos por "pensarem tanto no céu a ponto de não valerem coisa
alguma na Terra", e sua exortação continua sendo pertinente.
Os cristãos possuem
dupla cidadania - celestial e terrena, e nossa cidadania no céu deve nos tornar
pessoas melhores na Terra. O cristão com disposição espiritual não se sente
atraído pelas "coisas" deste mundo. Toma suas decisões com base em valores
eternos, não nos modismos passageiros da sociedade. Por causa de seus valores
terrenos, Ló escolheu as planícies irrigadas do Jordão e acabou perdendo tudo.
Moisés recusou os prazeres e tesouros do Egito, pois sua vida tinha um propósito
infinitamente mais maravilhoso (Hb 11:24-26). "Que aproveita ao homem ganhar o
mundo inteiro e perder a sua alma?" (Mc 8:36).
"Pois a nossa pátria está nos
céus" (Fp 3:20). O termo grego traduzido por "pátria" ou "cidadania" dá origem à
palavra "política" em nossa língua. É relacionado ao comportamento de um
indivíduo como cidadão de uma nação. Paulo nos incentiva a ter disposição
espiritual e, para isso, ressalta as características do cristão cuja cidadania
está no céu. Assim como Filipos era uma colônia de Roma em território
estrangeiro, também a Igreja é uma "colônia do céu" na
Terra.
NOSSO NOME ESTÁ REGISTRADO NO
CÉU
Os cidadãos de Filipos desfrutavam do
privilégio de ser cidadãos de Roma fora de Roma. Quando um bebê nascia em
Filipos, era necessário incluir seu nome nos registros locais. Quando o pecador
aceita a Cristo e se torna um cidadão do céu, seu nome é escrito no "Livro da
Vida" (Fp 4:3).
A cidadania é importante. Quando
viajamos para outro país, é essencial ter um passaporte que comprove nossa
cidadania. Ninguém quer ter a mesma sina que Philip Nolan no conto clássico The
Man Withouta Country [O H om em sem País], Nolan amaldiçoou o nome de seu país
e, por isso, foi condenado a viver a bordo de um navio e nunca mais ver sua
terra natal nem sequer ouvir seu nome ou receber notícias acerca do seu
progresso. Passou 56 anos em uma viagem interminável de navio em navio, de mar
em mar e, por fim, foi sepultado nas águas do oceano. Nolan foi um "homem sem
país".
O nome do cristão está escrito no Livro
da Vida, e é isso o que determina sua entrada final no país celestial (Ap
20:15). Quando confessamos Cristo na Terra, ele confessa nosso nome no céu (M t
10:32, 33). Nosso nome "está arrolado nos céus" (Lc 10:20) e ficará registrado
lá para sempre (o verbo grego traduzido por "arrolar", em Lc 10:20, encontra-se
no tempo perfeito: está e permanecerá arrolado de uma vez por
todas).
Uma pessoa que mora em Washington D.C.
providenciou para que meu filho e eu fizéssemos um tour pela Casa Branca. Disse
que deveríamos estar em certo portão às 8 horas da manhã e pediu que levássemos
algum documento de identificação. David e eu fomos até o portão onde, muito
educadamente, um guarda perguntou nosso nome. Nós lhe respondemos, mostrando
nossos documentos, e ele disse:
- Muito bem, Sr. Warren Wiersbee David,
vocês podem entrar!
Conseguimos entrar na Casa Branca
porque nossos nomes estavam anotados em uma lista apropriada, na qual foram
incluídos a pedido de outra pessoa. O mesmo se aplica a nossa entrada no céu:
quando aceitamos a Cristo, nosso nome foi registrado, e entraremos na glória
somente por causa dos méritos dele e de sua
intercessão.
Falamos a linguagem do
céu.
Os que "só se
preocupam com as coisas terrenas" falam de coisas terrenas. A final, o que sai
da boca revela o que se encontra no coração (Mt 12:34-37). O não salvo não
compreende as coisas do Espírito de Deus (1 Co 2:14-16), de modo que não é capaz
de falar sobre esses assuntos. Os cidadãos do céu compreendem as coisas
espirituais, gostam de falar sobre elas e de compartilhá-las uns com os
outros.
"Eles procedem do mundo; por essa
razão, falam da parte do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos de Deus; aquele que
conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto
reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro" (1 Jo 4:5,
6).
Mas falar a linguagem do céu não
envolve apenas o que se diz; também se refere a como se diz. O cristão com
disposição espiritual não sai por aí citando versículos bíblicos o dia todo! Tem
cuidado, porém, de falar de maneira a glorificar a Deus. "A vossa palavra seja
sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada
um" (Cl 4:6). Nossas palavras devem demonstrar moderação e pureza. "N ã o saia
da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para
edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem" (Ef
4:29).
Obedecemos às leis do céu
Os cidadãos de Filipos não eram
governados pela legislação grega, mas sim pelas leis de Roma, apesar de estarem
a centenas de quilômetros da capital do império. Na verdade, foi por causa dessa
política que Paulo acabou sendo preso quando visitou Filipos pela primeira vez
(At 16:16-24). O apóstolo usou sua cidadania romana para lhe garantir proteção
sob a lei romana (At 16:35-40; 21:33-40.
Em Filipenses 3:17, Paulo adverte os
cristãos filipenses a não imitarem o tipo errado de cidadão. "Sede imitadores
meus." É evidente que Paulo era imitador de Cristo, de modo que não se trata de
uma admoestação egotista (1 Co 11:1). Paulo considerava-se um "estrangeiro"
neste mundo, um "peregrino e forasteiro" (ver 1 Pe 2:11).
Sua vida era governada
pelas leis do céu, e era isso o que o tornava diferente. Preocupava-se com os
outros, não consigo mesmo; estava interessado em dar, não em receber; era
motivado pelo amor (2 Co 5:14), não pelo ódio. Pela fé, Paulo obedecia à Palavra
de Deus, sabendo que, um dia, seria recompensado. Ainda que, no presente,
estivesse sofrendo oposição e perseguição dos homens, no dia do julgamento
final, seria vitorioso.
Infelizmente, como no tempo de Paulo,
ainda há quem afirme ser cidadão do céu, mas cuja vida não condiz com essa
declaração. Pode ser um indivíduo zeloso em suas atividades religiosas, até
mesmo austero em suas disciplinas, mas não mostrar qualquer sinal de que é o
Espírito de Deus que controla sua vida. Tudo o que faz é motivado pela carne;
ele próprio recebe toda a glória e, para piorar, além de estar desviado, também
faz outros se desviarem. Não é de se admirar que Paulo tenha chorado por
isso.
Somos leais à causa do
céu
A cruz de Jesus Cristo é o tema da
Bíblia, o cerne do evangelho e a principal fonte de louvor no céu (Ap 5:8-10). A
cruz é prova do amor de Deus pelos pecadores (Rm 5:8) e de sua aversão ao
pecado. Ela condena o que o mundo valoriza. Julga a humanidade e declara o
veredicto incontestável: culpados!
Em que sentido os judaizantes eram
"inimigos da cruz de Cristo"? Em primeiro lugar, a cruz deu cabo da religião do
Antigo Testamento. Através do véu do templo rasgado em duas partes, Deus
anunciava que o caminho para ele se encontrava aberto por meio de Cristo (Hb
10:19-25). Quando Jesus clamou: "Está consumado!", fez um único sacrifício por
todos os pecados e, desse modo, pôs fim ao sistema sacrificial (H b
10:1-14).
Por meio de sua morte e ressurreição,
Jesus realizou a "circuncisão espiritual" que tornava a circuncisão ritual
desnecessária (Cl 2:10-13). Tudo aquilo que os judaizantes defendiam havia sido
eliminado pela morte de Cristo na cruz!
Além do mais, tudo aquilo a que se
dedicavam era condenado pela cruz.
Jesus havia derrubado o muro de separação
entre judeus e gentios (Ef 2:14-16), e os judaizantes estavam reconstruindo esse
muro! Obedeciam às "ordenanças da carne" (H b 9:10), regras atraentes para a
carne e não dirigidas pelo Espírito. O verdadeiro cristão crucifica a carne (G l
5:24) e também o mundo (Gl 6:14). No entanto, os judaizantes preocupavam-se "com
as coisas terrenas".
A cruz deve ser o centro da vida do cristão. Ele não se
gloria em homens, em religião nem nas próprias realizações; ele se gloria na
cruz (Gl 6:14).
Paulo chora porque sabe o que o futuro
reserva para esses homens: "O destino deles é a perdição" (Fp 3:19). Essa
palavra dá a ideia de esbanjamento e de extravio (é traduzida por "desperdício"
em M c 14:4).
Esse é o termo usado no texto original,
quando Judas é chamado de "filho da perdição" (Jo 17:12). Uma vida desperdiçada
e uma eternidade de perdição! Entretanto, o verdadeiro filho de Deus, cuja
cidadania está no céu, tem um futuro
esplendoroso.
Aguardamos o Senhor do
céu
Os judaizantes viviam no passado,
tentando convencer os filipenses a voltar a Moisés e à Lei, mas o verdadeiro
cristão vive no futuro, aguardando a volta de seu Salvador (Fp 3:20, 21). Como
contado em Filipenses 3:111, Paulo descobriu novos valores. Com o atleta em
Filipenses 3:12-16, demonstrou novo vigor. Agora, como estrangeiro, tem uma nova
visão: "Aguardamos o Salvador!" É essa expectativa da vinda de Cristo que motiva
o cristão com disposição espiritual.
Um a esperança futura exerce grande
poder no presente. Por causa da expectativa de habitar em uma cidade, Abraão
contentou-se em viver em uma tenda (Hb 11:13-16). Por causa da expectativa de
recompensas do céu, Moisés dispôs-se a abrir mão dos tesouros na Terra (Hb
11:2426). Por causa "da alegria que lhe estava proposta" (Hb 12:2), Jesus
dispôs-se a sofrer na cruz. O fato de que Jesus Cristo vai voltar é uma forte
motivação para vivermos de modo consagrado e para trabalharmos com dedicação
hoje. "E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como
ele é puro" (ver 1 Jo 2:28 - 3:3).
O cidadão do céu que vive na Terra não
fica desanimado, pois sabe que, um dia, seu Senhor vai voltar. Continua
realizando seu trabalho com toda dedicação para que seu Senhor não volte e o
encontre vivendo em desobediência (Lc 12:40-48). O cristão com disposição
espiritual não vive em função das coisas deste mundo; antes, vive na expectativa
das coisas do mundo por vir. Isso não significa que ignora suas
responsabilidades diárias ou delas descuida, mas sim que seus atos no presente
são governados por aquilo que Cristo fará no
futuro.
Paulo menciona, de modo específico, que
o cristão receberá um corpo glorificado, como o corpo de Cristo. Hoje, vivemos
em um "corpo de humilhação" (Fp 3:21); mas quando virmos a Cristo, receberemos
um corpo de glória. Acontecerá num instante, num piscar de olhos (1 Co
15:42-53)! Então, todas as coisas do mundo deixarão de ter valor para nós, como
não devem, relativamente, ter hoje em dia! Se estivermos vivendo no futuro,
exercitaremos a disposição espiritual e viveremos para as coisas verdadeiramente
importantes.
Quando Jesus voltar, há de "subordinar
a si todas as coisas" (Fp 3:21b). O termo "subordinar" significa "organizar em
ordem de dependência, do inferior ao superior". Esse é o problema hoje em dia:
não colocar as coisas na devida ordem de
prioridade.
Uma vez que nossos valores encontram-se
distorcidos, desperdiçamos nosso vigor em atividades inúteis, e nossa visão está
de tal modo obscurecida que a volta de Cristo não parece ter qualquer poder para
motivar nossa vida. Viver no futuro significa deixar que Cristo ordene as coisas
de acordo com a verdadeira importância. Significa vislumbrar sempre os valores
celestiais e ter a ousadia de crer na promessa de Deus que diz: "aquele, porém,
que faz a vontade de Deus permanece eternamente" (1 Jo
2:17).
INTERAÇÃO
No
capítulo três da Carta aos Filipenses, Paulo faz uma severa advertência contra
os judaizantes, denominados pelo apóstolo de "inimigos da cruz de Cristo". Estes
apregoavam o legalismo, a lei e os códigos de conduta, porém não conheciam a
cruz de Cristo. Todavia, Paulo chama a atenção não somente a respeito dos
judaizantes, mas também quanto os irmãos que não viviam de acordo com o modelo
de serviço e sacrifício de Cristo. Paulo pede aos filipenses que lutem contra
estes inimigos a fim de que não venham sucumbir na fé. Esta advertência de Paulo
deve ser levada a sério pela igreja na atualidade, pois atualmente também muitos
são os inimigos da cruz de
Cristo
|
Após esta
aula, o aluno deverá estar apto a:
Conscientizar-se a respeito da
necessidade de se manter firme em Cristo.
Saber
quais são os inimigos da cruz de Cristo
Aprender
a respeito do futuro glorioso daqueles que amam a cruz de
Cristo.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Professor, para a apresentação do
tópico II da lição sugerimos que o quadro abaixo seja reproduzido de acordo com
as suas possibilidades. Divida a turma em grupos e distribua cópias e canetas.
Em seguida faça as seguintes indagações: "Quem são os inimigos da cruz de
Cristo?" "Como combater estes inimigos?" Ouça a todos com atenção e em seguida
peça que em grupo preencham o quadro. Reúna novamente os grupos. Solicite que
mostrem o quadro completo e discuta com os alunos as respostas. Conclua
enfatizando que para identificarmos e combatermos os inimigos da cruz de Cristo
precisamos conhecer a Palavra de Deus e perseverar na doutrina dos
apóstolos
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INIMIGOS DA CRUZ DE
CRISTO
| |
CARACTERÍSTICAS
|
O QUE A
PALAVRA DE DEUS DIZ A
RESPEITO
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COMENTÁRIO
PALAVRA-CHAVE
Inimigos: Na lição são os judaizantes e
aqueles que não tinham comunhão com a cruz de
Cristo.
Das
advertências de Paulo à igreja em Filipos, a exortação para que permanecessem
firmes na fé e mantivessem a alegria que a nova vida em Cristo proporciona, é
uma das mais importantes. O apóstolo assim os estimula, por estar ciente dos
falsos cristãos que haviam se infiltrado no seio da igreja. Tais eram, de fato,
inimigos da cruz de Cristo.
I. EXORTAÇÃO À FIRMEZA EM CRISTO (3.17
Irmãos, sede meus
imitadores, e observai os que andam segundo o exemplo que tendes em
nós.)
1.
Imitando o exemplo de Paulo (v.17a). Quando Paulo pediu aos filipenses para que
o imitassem, não estava sendo presunçoso. Precisamos compreender a atitude do
apóstolo não como falta de modéstia, ou falsa humildade, mas imbuída de uma
coragem espiritual e moral de colocar-se, em Cristo, como referência de vida e
fé para aquela igreja (1 Co 4.16,17; 11.1;
Ef 5.1). Paulo mostrou que a verdadeira
humildade acata serenamente a responsabilidade de vivermos uma vida digna de ser
imitada. Que saibamos refletir sobre isso num tempo em que estamos carentes de
referências ministeriais.
2. O
exemplo de outros obreiros fiéis (v.17b). O texto da ARA tem uma tradução melhor
dessa passagem: "observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós".
Paulo estava reconhecendo o valor da influência testemunhal de outros cristãos,
entre os quais Timóteo e Epafrodito, que eram referências para as suas
comunidades. O apóstolo chama a atenção dos cristãos filipenses para observarem
os fiéis e aprenderem uns com os outros objetivando a não se desviarem da
fé.
3.
Tendo outro estilo de vida. Muitas
vezes somos forçados a acreditar que somente os obreiros devem ter um estilo de
vida separado exclusivamente a Deus. Essa dualidade entre "clero" e "leigos"
remonta à velha prática eclesiástica estabelecida pela Igreja Romana, na Idade
Média, onde uma elite (o clero) governa a igreja e esta (os leigos) se torna
refém daquela. É urgente resgatar o ideal da Reforma Protestante, ou seja, a
"doutrina do sacerdócio de todos os crentes", ou "Sacerdócio Universal",
reivindicada em 1 Pedro 2.9 (Mas vós sois a geração eleita, o
sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as
grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa
luz.). Todos nós, obreiros ou não,
temos o livre acesso ao trono da Graça de Deus por Cristo Jesus. Não tentemos
costurar o véu que Deus rasgou!
SINÓPSE
DO TÓPICO (1)
Todo
crente, obreiros ou não, tem livre acesso ao trono da Graça de Deus por Cristo
Jesus.
REFLEXÃO
“Todos
nós, obreiros ou não, temos o livre acesso ao trono da graça de Deus por Cristo
Jesus. Não tentemos costurar o véu que Deus
rasgou.”
II. OS INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO (3.18,19 Pois muitos há, dos quais muitas vezes
vos disse, e agora novamente digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo.
O seu fim é a perdição, o seu Deus é o ventre, e a sua glória é a vergonha. Só
pensam nas coisas terrenas.)
1. Os
inimigos da cruz (v.18). Depois de
identificar os inimigos da cruz de Cristo, Paulo mostra que o ministério
pastoral é regado com muitas lágrimas. A maior luta do apóstolo era com as
heresias dos falsos cristãos judeus. Paulo chama os judaizantes de "inimigos da
cruz de Cristo". O apóstolo conclamou a igreja a resistir tais inimigos, mesmo
que com lágrimas, pois eles tinham como objetivo principal minar a sua
autoridade pastoral. O apóstolo já havia enfrentado inimigos semelhantes em
Corinto (1 Co 6.12 Todas as coisas me são lícitas, mas nem
todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por
nenhuma delas.). Agora, em Filipos, havia outro grupo que adotava a
doutrina gnóstica. Este grupo de falsos crentes (3.18,19)
afirmava erroneamente que a matéria é ruim. Logo, não há nenhum problema em
pecar através da "carne", pois toda e qualquer coisa que fizermos com o corpo, e
através dele, não afetará a nossa alma. Essa ideia herética e diabólica é
energicamente refutada pela Palavra de Deus (1 Ts
5.23 O mesmo Deus
de paz vos santifique completamente. E todo o vosso espírito, alma e corpo sejam
plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo.).
2. "O
deus deles é o ventre" (3.19 O seu fim é a perdição, o seu Deus é o
ventre, e a sua glória é a vergonha. Só pensam nas coisas
terrenas.). O termo "ventre" aqui é
figurado e representa os "apetites" carnais e sensuais. Os inimigos da cruz
viviam para satisfazer os prazeres da carne - glutonaria, bebedice, imoralidade
sexual, etc. - satisfazendo todos os desejos lascivos, pois acreditavam que tais
atitudes "meramente carnais" não afetariam a alma nem o espírito. Porém, o
ensino de Paulo aos gálatas derruba por terra esse equivocado pensamento (Gl 5.16,17
Digo, porém:
Andai no Espírito, e não satisfareis à concupiscência da carne. Pois a carne
deseja o que é contrário ao Espírito, e o Espírito o que é contrário à carne.
Estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis.).
3. "A
glória deles" (3.19 O seu fim é a perdição, o seu Deus é o
ventre, e a sua glória é a vergonha. Só pensam nas coisas
terrenas.). Paulo sabia que aqueles
falsos crentes não tinham qualquer escrúpulo nem vergonha. Entregavam-se às
degradações morais sem o menor pudor e, mesmo assim, queriam estar na igreja
como se nada tivessem feito de errado. O apóstolo os trata como inimigos da cruz
de Cristo, porque as atitudes deles invalidavam a obra expiatória do Senhor. A
declaração paulina é enfática acerca daqueles que negam a eficácia da cruz de
Cristo: a perdição eterna.
O castigo
dos ímpios será inevitável e eterno (Ap 21.8
Mas, quanto aos
medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos adúlteros,
e aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a sua parte será no
lago que arde com fogo e enxofre, que é a segunda morte.; Mt 25.46
E irão estes para
o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna.). Um dia, eles ressuscitarão para se apresentarem
diante do Grande Trono Branco, no Juízo Final, e serão julgados e lançados na
Geena (o lago de fogo), que é o estado final dos ímpios e dos demônios (Ap 20.11-15).
SINÓPSE
DO TÓPICO (2)
Paulo
conclamou a igreja a resistir os inimigos da cruz de Cristo, mesmo que com
lágrimas. Estes inimigos tinham como objetivo principal minar a fé dos
irmãos.
III. - O FUTURO GLORIOSO DOS QUE AMAM A CRUZ DE CRISTO
(3.20,21
Mas a nossa
pátria está nos céus, de onde esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que
transformará o nosso corpo de humilhação, para ser conforme o seu corpo
glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as
coisas.)
1.
"Mas a nossa cidade está nos céus"
(Fp
3.20 Mas a nossa pátria
está nos céus, de onde esperamos o Salvador, o Senhor Jesus
Cristo,). Os inimigos da cruz de Cristo
eram os crentes que viviam para as coisas terrenas. Paulo, então, lembra aos
irmãos de Filipos que "a nossa cidade está nos céus". Quando o apóstolo escreveu
tais palavras, ele tomou como exemplo a cidade de Filipos. Segundo a Bíblia de
Estudo Aplicação Pessoal, "Filipos estava localizada na principal rota de
transportes da Macedônia, uma extensão da Via Ápia, que unia a parte oriental do
império à Itália".
O
apóstolo faz questão de mostrar que aquilo que Cristo tem preparado para os
crentes é algo muito superior a Filipos (v.20). O apóstolo mostra que o cidadão romano
honrava a César, porém os crentes de Filipos deveriam honrar muito mais a Jesus
Cristo, o Rei da pátria celestial. Em breve o Senhor virá sobre as nuvens do céu
com poder e glória, para arrebatar a sua igreja levando-a para a cidade celeste,
a Nova Jerusalém (Mt 24.31 E ele enviará os seus anjos, com grande
clangor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro
ventos, de uma à outra extremidade dos céus.; At
1.9-11).
2.
"Que transformará o nosso corpo abatido"
(Fp 3.21
que transformará
o nosso corpo de humilhação, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o
seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.).
O estado atual do nosso corpo é de fraqueza, pois ainda estamos sujeitos às
enfermidades e à morte. Mas um dia receberemos um corpo glorificado e
incorruptível. Os gnósticos ensinavam que o mal era inerente ao corpo. Por isso,
diziam que só se deve servir a Deus com o espírito. Eles afirmavam ainda que de
nada aproveita cuidar do corpo, pois este se perderá. Erroneamente,
acrescentavam que o interesse de Cristo é salvar apenas o
espírito.
A Palavra
de Deus refuta tal doutrina. Ainda que venhamos a sucumbir à morte, seremos um
dia transformados e teremos um corpo glorioso semelhante ao de Cristo
glorificado (Fp 3.21; 1 Ts 5.23 O mesmo Deus de paz vos santifique
completamente. E todo o vosso espírito, alma e corpo sejam plenamente
conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo.; 1
Co 15.42-54).
3.
Vivendo em esperança.
Vivemos tempos
trabalhosos e difíceis (2 Tm 3.1-9). Quantas
falsas doutrinas querem adentrar nossas igrejas. Infelizmente, não são poucos os
que naufragam na fé. Nós, contudo, à semelhança de Paulo, nutrimos uma gloriosa
esperança (Rm 8.18 Para mim tenho por certo que as aflições
deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser
revelada.). Haja o que houver, aconteça
o que acontecer, o nosso coração estará seguro em Deus e em sua promessa (Ap 7.17 Pois o Cordeiro que está no meio do
trono os apascentará e os conduzirá às fontes das águas da vida. E Deus lhes
enxugará dos olhos toda lágrima.; 21.4).
À
semelhança de Paulo precisamos ter a confiança de que o futuro daqueles que amam
a cruz de Cristo será glorioso.
REFLEXÃO
“A
aliança deles (filipenses) com Deus do céu é tão forte que eles permaneceriam
firmes na batalha contra os oponentes, o que estavam comprometidos com a
perspectivas caída e os desejos terrenos. A esperança dos santos é que o céu
completará o processo e os libertará, transformando seu corpo
abatido”.
Precisamos estar atentos, pois muitos
são os inimigos da cruz de Cristo. Eles procuram introduzir, sorrateiramente,
doutrinas contrárias e perniciosas à fé cristã. Muitos são os ardis do
adversário para enganar os crentes e macular a Igreja do Senhor. Por isso,
precisamos vigiar, orar e perseverar no "ensino dos apóstolos" até a vinda de
Jesus. Eis a promessa que gera a gloriosa esperança em nosso coração.
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICOI
Subsídio
Teológico
"Cidadania e unidade celestial.
A visão
cósmica e apocalíptica de Paulo da realidade é enfatizada pelo conceito de
cidadania celestial do crente (3.20).
Em Filipenses 1, esse conceito vem à
tona no verbo politeuesthe ('viver como cidadão'). Seu cognato, politeuma
('nação; comunidade'), aparece no capítulo
3 de Filipenses. O termo sugere relação com polis ('Cidade-estado'),
isto é, a nova comunidade de Cristo, cuja origem é o céu. Por isso, Paulo
escreve: 'Nossa nação [cidadania] está no céu' (3.20). Paulo afirma que esta cidadania existe
hoje; não é apenas uma esperança futura. O termo, como tal, expressa uma
orientação e uma identidade fundamentais dos crentes.
[...]
Filipenses 1.27-30 apresenta o ponto
de que a vida do crente deve ser digna dessa origem; ela deve ser digna de sua
relação com o evangelho de Cristo. Isso quer dizer que se deve perseguir a
união, enquanto a comunidade permanece unida 'num mesmo espírito' (v. 27) no evangelho. Na verdade não é mais
necessário temer os oponentes, embora o chamado para essa nova comunidade seja
para crer e para sofrer. Os filipenses, ao se entregar a esse chamado,
compartilhariam a mesma luta (agõna) que Paulo empreende, e, por essa
razão, eles teriam comunhão com ele e demonstrariam sua união com ele e com
Cristo em humilde serviço (1.29-2.11)". (ZUCK, Roy B (Ed.). Teologia do
Novo Testamento. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
p.362).
|
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICOII
Subsídio
Teológico
"Uma
advertência solene (Fp 3.17-19)
Nos
versos 1-4, Paulo adverte seus
leitores contra um erro do lado judaico, a saber, o legalismo, que é submeter a
vida à escravidão das leis de Moisés. Nos versos 17-21, adverte-os contra o perigo do lado
pagão, a saber: a frouxidão moral.
'Sede
meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós'
(cf. 1 Co 11.1. Rm 16.17). O que deviam imitar? Nos versos
7-13, lemos que Paulo não tinha
confiança no seu eu - próprio, que estava disposto a sacrificar todas as coisas
por Cristo, que reconhecia a sua própria imperfeição e que estava grandemente
desejoso para avançar com o Senhor. Sua advertência é necessária, porque há
aqueles que tomam uma atitude diferente. São 'inimigos da cruz de Cristo', não
por causa de qualquer hostilidade da parte deles, mas por causa das vidas que
vivem. Interessam-se mais em satisfazer os seus apetites do que servir a Deus
('o deus deles é o ventre') e jactam-se das liberdades que tomam na
licenciosidade e vidas impuras (2 Pe
2.19). 'Só pensam nas coisas terrenas' - alegam estar no caminho do
Céu, mas amam as coisas mundanas; 'o destino deles é a destruição'. Contraste
com o verso 14" (PEARLMAN, Myer. Epístolas Paulinas: Semeando as Doutrinas
Cristãs. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1998,
pp.141-42).
|
BIBLIOGRAFIA
SUGERIDA
ZUCK, Roy
B. Teologia do Novo Testamento. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD,
2008.
RICHARDS,
Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1. ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2007.
SAIBA
MAIS
Revista
Ensinador Cristão
CPAD, nº
55, p.40.
EXERCÍCIOS
1. O que
Paulo pretendia ao pedir que os filipenses o
imitassem?
R. Paulo
pretendia mostrar que a verdadeira humildade acata serenamente a
responsabilidade de vivermos uma vida digna de ser imitada.
2. O que
a dualidade entre "clero" e "leigos" remonta?
R.
Remonta à velha prática eclesiástica estabelecida pela Igreja Romana, na Idade
Média, onde uma elite (o clero) governa a igreja e esta (os leigos) se torna
refém daquela.
3. O que
significa o termo "ventre" empregado por
Paulo?
R. O
termo "ventre" tem um sentido figurado e representa os "apetites" carnais e
sensuais.
4. A
exemplo dos cidadãos romanos que honravam a César, quem os filipenses deveriam
honrar?
R. Os
crentes de Filipos deveriam honrar muito mais a Jesus Cristo, o Rei da pátria
celestial.
5. O teu
coração está seguro em Deus? Há esperança em você?
R.
Resposta pessoal.
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REFERÊCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
Comentário Bíblico Expositivo – Warrem
W. Wiersbe
Antigo e Novo Testamento Interpretado
Versículo Por Versículo - Russell Norman Champlin
Comentário Esperança - Novo Testamento
Comentário Bíblico Matthew Henry - Novo
Testamento
Bíblia – THOMPSON
(Digital)
Bíblia de Estudo Pentecostal – BEP
(Digital)
Dicionário Teológico – Edição revista e ampliada e um Suplemento Biográfico dos Grandes Teólogos e Pensadores – CPAD - Claudionor Corrêa de Andrade
1º Vídeo Pré-Aula - Dicas da CPAD para que o professor possa
dar uma boa aula: O pastor Natalino das Neves ajuda você na preparação da
sua aula de Escola Dominical falando sobre o tema da lição 9 - Confrontando os Inimigos da Cruz de Cristo.
2º Vídeo Pré-Aula - Dicas da CPAD para que o professor possa
dar uma boa aula: O pastor Euclides de Olívio ajuda você na preparação da
sua aula de Escola Dominical falando sobre o tema da lição 9 - Confrontando os Inimigos da Cruz de Cristo.
3º Vídeo Pré-Aula - Dicas da CPAD para que o professor possa
dar uma boa aula: O pastor Caramuru ajuda você na preparação da
sua aula de Escola Dominical falando sobre o tema da lição 8 - A suprema
aspiração do crente.
4º Vídeo Pré-Aula - Dicas da CPAD para que o professor possa
dar uma boa aula: O pastor Fábio Segantin ajuda você na preparação da
sua aula de Escola Dominical falando sobre o tema da lição 8 - A suprema
aspiração do crente.
5º Vídeo Pré-Aula - Dicas da CPAD para que o professor possa
dar uma boa aula: O pastor Sidney Pereira ajuda você na preparação da
sua aula de Escola Dominical falando sobre o tema da lição 9 - Confrontando os Inimigos da Cruz de Cristo.
6º Vídeo Pré-Aula - Dicas da CPAD para que o professor possa dar uma boa aula: O pastor Sidney Pereira ajuda você na preparação da sua aula de Escola Dominical falando sobre o tema da lição 9 - Confrontando os Inimigos da Cruz de Cristo.
Em breve mais vídeos...
Breve Comentário do Pastor Elienai Cabral - Filipenses 3.18-21
A cruz de Cristo é o ponto
convergente da fé cristã. Ou se ama ou se odeia a cruz de Cristo.
Porque muitos há, dos quais
muitas vezes vos disse e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz
de Cristo. O fim deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles
é para confusão deles mesmos, que só pensam nas coisas terrenas. Mas a nossa
cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,
que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso,
segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas. (Fp
3.18-21)
O capítulo 3 é um capítulo que
retrata o apóstolo Paulo como um homem sensível, que chora, mas não se deixa
esmorecer ante a ameaça à fé dos filipenses promovida pelos falsos obreiros. Ao
mesmo tempo que vemos Paulo chorando, nós o vemos exortando a igreja a que não
desanimasse e não perdesse a alegria do Espírito.
Ele faz advertências e
exortações conscientizando a igreja de que a doutrina de Cristo não pode sofrer
o dano das heresias dos grupos judaizantes e dos gnosticistas.
Ele os trata com muito amor e
respeito e os incentiva a que permaneçam firmes na fé, mantendo a alegria que a
nova vida em Cristo proporciona. No texto dos versículos 17 a 21, o apóstolo
Paulo apela aos filipenses para que fiquem atentos com os falsos cristãos
infiltrados no seio da igreja, que eram, de fato, inimigos da cruz de Cristo.
Precauções
com os Inimigos da Cruz de Cristo.
O apóstolo Paulo trata os
falsos obreiros, semeadores de sementes daninhas na seara do Senhor, como
“inimigos da cruz de Cristo”. E uma linguagem metafórica que ilustra aquelas
pessoas que não comungam a fé cristã como experiência. Antes de identificá-los,
o apóstolo exorta a igreja a que se mantenha firme na fé em Cristo (4.1).
1. A
firmeza na fé é a muralha contra as heresias dos inimigos da cruz de Cristo
(4.1)
Esse primeiro ponto não
obedece à ordem cronológica do texto. Avançamos no texto com a exortação de
Paulo, quando diz aos filipenses: "... estai assim firmes no Senhor”.
O verbo estar significa
“achar-se, ou manter-se; permanecer”. Paulo usa o verbo no imperativo “estai”
ou “permanecei” em relação ao sentido de estar firme na fé recebida para poder
lutar contra as astutas ciladas do Diabo (Ef 6.11,13,14).
Para confrontar os inimigos da
cruz, é necessário que as convicções da obra redentora por meio da cruz de
Cristo sejam mais fortes que os ataques do Inimigo de nossas almas. Em toda a
carta, a alegria é a chave de superação sobre os problemas.
2.
Paulo se apresenta à igreja como exemplo de comportamento a ser imitado (3.17a)
Em nossos tempos modernos,
Paulo seria criticado e tratado como presunçoso, mas é preciso entender com que
atitude ele concitou aos irmãos de Filipos que o imitassem na fé e no
testemunho pessoal. Não foi falta de modéstia, nem a demonstração de uma falsa
humildade, mas foi a coragem moral e espiritual para se colocar como
referencial de vida e fé em Cristo (1 Co 4.16,17).
Falta em nossos tempos
referenciais de obreiros verdadeiros que se coloquem como padrão de conduta
cristã. A verdadeira humildade serenamente aceita a responsabilidade de viver
uma vida ministerial digna de ser imitada.
3.
Paulo lembra o exemplo de outros obreiros fiéis (3.17b)
Sem dúvida, uma das alegrias
de Paulo era a influência positiva de irmãos da igreja que andavam segundo o
padrão de conduta e demonstração de fé que ele mesmo se fizera referencial.
O texto na Edição Revista e
Atualizada expressa melhor, quando diz: “e observai os que andam segundo o
modelo que tendes em nós”. Paulo não estava atraindo para si o mérito de
referencial, de exemplo, mas estava reconhecendo o valor da influência do
testemunho de outros cristãos, entre os quais, Timóteo e Epafrodito.
Ele chama a atenção dos
cristãos filipenses no sentido de observarem e considerarem os fiéis, por causa
dos maus exemplos de maus obreiros (3.2) que procuravam desviar a fé dos fiéis.
A verdadeira humildade quando
vivida serenamente torna-se modelo de vida e comportamento. Lamentavelmente,
existem muitos obreiros fraudulentos com o evangelho cujo exemplo seria
desastroso seguir. O apóstolo Paulo se apresenta como modelo a ser imitado, bem
como o de outros fiéis servos de Deus que, como ele, seguem o modelo supremo
que é Cristo.
4.
Exortando com firmeza e com lágrimas (3.18b)
As lágrimas fazem parte da
vida pastoral. Elas são águas que regam uma plantação.
A vida pastoral sempre tem um
misto de amargura e doçura no exercício da vida eclesiástica. Ao ter
conhecimento das ameaças heréticas levadas por falsos obreiros, Paulo os
identifica como inimigos da cruz de Cristo.
Seu coração passou a ter
pulsações mais fortes e a emoção das notícias o fizeram chorar. Eram lágrimas
de preocupação e ao mesmo tempo de extrema sensibilidade com os problemas de
ordem doutrinária que afetavam a igreja. Paulo demonstra que o ministério
pastoral é regado com lágrimas.
A maior luta do apóstolo era
com as heresias dos falsos cristãos judeus que tentavam trazer para o seio da igreja
as ideias judaizantes e gnosticistas. A esses ele os chama de “inimigos da cruz
de Cristo”.
Paulo exortou a igreja que
resistisse, mesmo que com lágrimas, mas resistisse às investidas maléficas
desses falsos obreiros.
O zelo pastoral identificava
essas pessoas como falsos mestres que posavam como modelos de liderança cristã,
mas que tinham como objetivo principal, minar a autoridade pastoral de Paulo.
Os Inimigos da Cruz de Cristo
1. A
identificação dos inimigos da cruz de Cristo
Havia na igreja alguns
cristãos advindos do judaísmo que não conseguiam se desvencilhar da velha
religião. Queriam acrescentar a Lei de Moisés à obra da redenção realizada por
Cristo.
Queriam manter alguns ritos e
costumes como elementos indispensáveis à obra de salvação realizada por Cristo
Jesus. Eram coisas ligadas às leis alimentares que faziam parte da estrutura
moral e social da lei mosaica. Portanto, o apóstolo Paulo identifica aqueles
judaizantes como “inimigos da cruz de Cristo”, porque eles negavam o valor da
cruz de Cristo (G1 5.11; 6.12,14). Paulo dá a resposta a esses falsos cristãos
quando diz que “o deus deles é o ventre” (3.19).
Essa batalha doutrinária era
travada não só em Filipos, mas em todas as igrejas da Ásia Menor, como em
Éfeso, Tessalônica, Colossos, Bereia, Corinto, Antioquia e outras mais. Porém,
percebe-se que naquele momento Paulo se deparava com duas frentes antagônicas e
perigosas. Uma em Corinto, com um grupo que proibia o casamento (1 Co 7.1), e
outro grupo constituído por libertinos que defendiam a ideia de que “tudo é
permissível” (1 Co 6.12).
Agora, em Filipos, outro grupo
de cristãos adotava a falsa doutrina da separação entre carne e espírito, no
sentido de que entre ambos não havia choque. Com a carne serviam à carne, sem
afetar o espírito, e com o espírito, serviam ao espírito sem afetar a carne.
Essencialmente, essa ideia do
gnosticismo é falsa e refutada na Bíblia. Paulo disse aos tessalonicenses: “E o
mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e
corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo” (1 Ts 5.23). Eram pessoas voltadas para o materialismo e para a
satisfação carnal da glutonaria, por isso, o “deus deles é o ventre” (3.19).
2. “O
deus deles é o ventre” (3.19)
A expressão “o deus deles é o
ventre”, exegeticamente, pode ser analisada em duas perspectivas. Uma
perspectiva é aquela voltada para o sentido físico em que o comer e beber
obedecem à ética e às purificações rituais das tradições judaicas.
Os seguidores desses rituais
entendiam que o deixar de comer carne de porco e de outros animais proibidos na
lei mosaica lhes garantia uma religiosidade exemplar de relação com Deus. Por
outro lado, a segunda perspectiva refere-se à busca do prazer físico no comer e
beber. O termo “ventre” tem um sentido figurado que representa os apetites, os
desejos carnais e sensuais. Paulo acusa esses falsos judeus de viverem para
satisfazer os prazeres da carne, da glutonaria, da bebedice, da imoralidade
sexual, satisfazendo todos os desejos lascivos.
O pastor Hernandes Dias Lopes,
em seu comentário da Carta aos Filipenses, escreveu: “Eles vivem encurvados
para o próprio umbigo”. Essas pessoas eram consideradas como inimigas da cruz
de Cristo porque queriam que a Lei de Moisés, com seus rituais, fosse um meio
de chegar a Deus.
Ora, se o cumprimento da lei
não pode conduzir ninguém a Deus, pelo contrário, condenou a todos, então,
somente a graça do Senhor Jesus Cristo é capaz de salvar o homem dos seus
pecados.
Os adeptos da filosofia
gnóstica, fingindo-se cristãos, tentaram injetar suas heresias no seio da
igreja. Entendiam essas pessoas que o que fizessem com a carne não afetaria as
coisas do Espírito, mas o mesmo apóstolo falou aos gálatas: “Digo, porém: Andai
em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça
contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõe-se um ao outro;
para que não façais o que quereis” (G1 5.16,17).
3. “A
glória deles está na sua infâmia” (3.19)
O que Paulo diz incisivamente
é que eles deveriam se envergonhar das coisas das quais se gloriavam. A Edição
da Bíblia Viva traduz o texto com estas palavras: “eles têm orgulho daquilo que
deveria envergonhá-los”.
A palavra infâmia tem vários
sentidos, tais como: aquilo que fere a honra; torpeza, vileza, abjeção. Paulo
sabia que aqueles falsos cristãos não tinham qualquer escrúpulo, nem vergonha.
Entregavam-se às degradações morais sem o menor pudor e queriam estar na igreja
como se nada fizessem.
Paulo os trata como inimigos
da cruz de Cristo, porque com seus comportamentos, a obra expiatória de Cristo
passava a não ter valor algum. Esses falsos mestres escarneciam da virtude e
exaltavam o opróbrio. Eram inimigos da cruz de Cristo porque invertiam os
valores e desfaziam os padrões morais estabelecidos para a igreja. Ora,
aprendemos que a santidade implica na separação total da vida de pecado.
4. “O
destino deles é a perdição” (3.19)
A declaração de Paulo é
enfática acerca daqueles que negam a eficácia da cruz de Cristo: a perdição eterna.
O fim e a recompensa final daqueles que rejeitam a cruz de Cristo é perdição
total, ou seja, a perda da vida eterna. O castigo dos ímpios será inevitável e
eterno (Ap 21.8; Mt 25.46). Um dia, eles ressuscitarão para se apresentarem
diante do Grande Trono Branco do Juízo Final, quando serão julgados e lançados
no Geena (o Lago de fogo), que é o estado final dos ímpios e dos demônios (Ap
20.11-15).
Ser “amante da cruz de Cristo”
não significa ser adorador da cruz. Para os evangélicos, a cruz é tão somente
um símbolo do cristianismo. O que amamos da cruz de Cristo é o próprio Cristo,
que nos garante a vida eterna. A palavra da cruz é “loucura para os que
perecem, mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus” (1 Co 1.18).
Perante a cruz de Cristo não
há meio termo. Ou se reconhece a Cristo como o Deus todo poderoso, Senhor e
Salvador nosso, ou se vive para as paixões da carne, como os que fazem do “seu
ventre, o seu deus”. Para esses não há futuro, nem esperança, mas para os
salvos em Cristo há uma esperança de vida eterna. Os inimigos da cruz de Cristo
nunca se fazem cidadãos dos céus, do Reino celestial preparado para os salvos
em Cristo.
1. “Mas
a nossa cidade está nos céus” (Fp 3.20)
Qualquer cidadão pertencente a
um país para adquirir direito de cidadania em outro país passa por um processo
legal de mudança de cidadania para conseguir esse direito. Paulo faz menção da
cidadania celestial (v. 20) e declara que para obter esse direito a pessoa
precisa corresponder à transformação de vida exigida. Somente pela obra de
regeneração do Espírito Santo será possível ter direito e acesso à “cidade
celestial” onde habita o Senhor.
A palavra “cidade” é, também,
traduzida por “pátria”. Quando Paulo escrevia essas palavras estava pensando no
“status” cívico de Filipos, tão importante como colônia romana.
A despeito das benesses
materiais da cidade de Filipos e de tudo quanto se oferecia à sociedade, Paulo
fala de uma cidade que está nos céus. Trata-se de algo superior e espiritual
“de onde também esperamos o Salvador” (3.20).
O ato de esperar traduz a
esperança dos crentes. O cidadão romano honrava a César como o salvador geral
do império, enquanto o cristão honra e serve ao Senhor Jesus Cristo, o Rei da
pátria celestial. Se a cidadania romana representava vantagens materiais e
sociais para os filipenses, muito mais os crentes em Cristo obtêm vantagens com
a cidadania celestial.
Ralph Herring escreveu que “a
igreja local devia ser como uma colônia do céu. Leis celestiais e modos
celestiais deviam distinguir seus membros, diferenciando-os dos demais ao
redor”. Nossa esperança aponta para a cidade que está nos céus. Em breve o
Senhor Jesus virá sobre as nuvens do céu com poder e glória (Mt 24.31; At
1.9-11; 1 Ts 4.16; 2 Ts 1.7).
2.
“Que transformará o nosso corpo abatido” (Fp 3.21)
A doutrina da transformação do
nosso corpo envolve dois eventos importantes. O primeiro evento diz respeito à
transformação dos vivos no Arrebatamento da igreja e em seguida, no mesmo
evento, à transformação dos mortos em Cristo (1 Ts 4.13-18). Essa doutrina não
é uma utopia, mas de fato vai acontecer.
O estado atual de nossos
corpos é de humilhação, porque é temporal. Os libertinos (gnosticistas) achavam
que o mal era inerente ao corpo, por isso, ensinavam que só se servia a Deus
com o espírito. Ensinavam que de nada serve cuidar do corpo, porque se perderá
mesmo e que Cristo salvará apenas o espírito. Refutamos essa doutrina porque a
Bíblia ensina o contrário. Esse corpo de humilhação poderá sucumbir à morte,
mas, por fim, se levantará transformado e glorioso, igual ao corpo glorioso de
Cristo depois de sua ressurreição (Fp 3.21; 1 Ts 5.23; 1 Co 15.42-52).
A transformação que vai
ocorrer implica uma metamorfose instantânea e sobrenatural operada pelo
Espírito Santo. O versículo 21 diz que “o nosso corpo abatido” será
transformado “para ser conforme o seu corpo glorioso”. O corpo ressurreto de
Cristo era literalmente “um corpo” que foi revestido de espiritualidade, não
mais limitado pela massa física, porque a lei de gravidade não mais podia afetar
seu corpo glorioso. Assim, será o nosso corpo mortal, depois da transformação.
Teremos corpos espirituais revestidos da habitação celestial (1 Co
15.22,23,40-44).
A Bíblia diz que o poder de
transformação dos corpos ressurretos e dos corpos dos vivos na sua vida será
segundo a eficácia do poder que Ele tem de subordinar a si todas as coisas (Fp
3.21). A transformação não dependerá do homem, mas do poder de Cristo (Ef
1.22).
Fim do comentário do Pastor Elienai Cabral
IGREJA
EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS - MINISTÉRIO DO BELÉM
ESTUDO
PREPARATÓRIO PARA OS PROFESSORES DA ESCOLA DOMINICAL
BELÉM-
SEDE
TERCEIRO
TRIMESTRE DE 2013
TEMA
– FILIPENSES: a humildade de Cristo como exemplo para a Igreja
COMENTARISTA
: Elienai Cabral
ESBOÇO
Nº 9
LIÇÃO
Nº 9 – CONFRONTANDO OS INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO
Devemos sempre enfrentar
inimigos da cruz do Cristo infiltrados nas igrejas locais.
INTRODUÇÃO
- Na sequência do estudo da
carta de Paulo aos filipenses, estudaremos hoje o final do capítulo terceiro,
quando o apóstolo, após ter falado a respeito dos judaizantes, fala também de
outro grupo que perturbava a fé nas igrejas locais cristãs, a quem o apóstolo
chama de “inimigos da cruz de Cristo”.
- Os servos de Cristo Jesus
devem ter consciência de que, no meio da igreja local, infiltram-se os
“inimigos da cruz de Cristo”.
I –
IMITANDO AO APÓSTOLO PAULO
- Na continuidade do estudo da
carta de Paulo aos filipenses, prossigamos o estudo do capítulo terceiro, que,
conforme já estudado, compõe a “parte prática” da epístola, ou seja, o instante
em que o apóstolo está interessado em dar lições a respeito do comportamento,
da conduta dos crentes de Filipos.
- O apóstolo havia mostrado
aos crentes de Filipos que o alvo, o objetivo de cada um dos servos de Cristo
Jesus era a ressurreição dos mortos, algo ainda não atingido, que deveria se
iniciar com a participação na ressurreição de Jesus e na comunicação de Suas aflições,
que é a vida cristã.
- Todavia, a vida cristã,
embora se iniciasse com esta morte para o mundo e esta vida para Deus, não se
esgotava nisto, mas tinha uma finalidade, algo a ser alcançado, que é a
ressurreição dos mortos, ou seja, a glorificação, último ato do processo da
salvação, que ocorrerá no dia do arrebatamento da Igreja.
- Por isso, o cristão, disse o
apóstolo dos gentios, não pode, de modo algum, prender-se ao passado, mas fazer
da sua vida com Cristo sobre a face da Terra uma jornada, uma peregrinação
contínua e progressiva, em que procuramos nos aproximar mais e mais do Senhor,
sabendo que a nossa salvação está hoje mais próxima do que quando aceitamos a
fé (Rm.13:11).
- Conquanto o apóstolo tenha
dito que não podemos nos prender ao que passou, visto que o tempo de nossa
salvação é sempre “hoje” (Hb.4:7-9), devendo sempre avançar a fim de alcançar o
galardão que se encontra com o Senhor Jesus (Fp.3:13,14; Ap.22:12), era
necessário que haja, por parte dos cristãos, um sentimento de aperfeiçoamento.
- “Pelo que todos que já somos
perfeitos, sintamos isto mesmo e, se sentis alguma coisa doutra maneira, também
Deus vo-lo revelará” (Fp.3:15). Esta expressão do apóstolo pode gerar alguma
perplexidade, visto que o próprio Paulo, algumas linhas antes, havia dito
peremptoriamente que não havia atingido a perfeição (Fp.3:12). Como, então,
fala, agora, que sentia que era perfeito?
- A boa compreensão do texto é
nos dada pelos comentadores da Bíblia de Jerusalém que informam ter sido esta
expressão uma “caçoada paulina”, ou seja, uma ironia. O apóstolo afirma que não
era perfeito e, ainda que se considerasse “perfeito” ou aceitasse assim ser
chamado, deveria ter este mesmo sentimento de humildade e de reconhecimento de
que a jornada cristã apenas termina na glorificação, que ainda não havia sido
atingida.
- Paulo, ainda, afirma que
este sentimento, que estava presente primeiramente nele, também deveria ser uma
constante em todos os que serviam a Jesus Cristo e tinha a convicção de que se
algum crente não tinha este sentimento, adquiri-lo-ia quando houvesse a devida
revelação de Jesus para os que achavam perfeitos (Fp.3:15).
- Esta expressão do apóstolo
mostra, claramente, que o crescimento espiritual do cristão, além de ser uma
realidade e uma necessidade, também traz àquele que estiver crescendo na graça
e no conhecimento do Senhor um sentimento de aperfeiçoamento e, como tal, a
consciência de que ainda não é perfeito e que precisa, por isso, mais e mais se
aproximar do Senhor.
- Ao contrário do que se pode
imaginar, o crescimento espiritual não torna a pessoa mais independente, mais
senhora de si. Pelo contrário, quanto mais se cresce espiritualmente, quanto
mais se aproxima de Deus, mais e mais se nota a sua insignificância diante de
Deus, mais e mais se percebe a grandeza do Senhor e, deste modo, a pessoa mais
e mais se torna dependente de Cristo, mais e mais se percebe a imensa
necessidade e indispensabilidade da presença do Senhor em nossas vidas para que
se possa sobreviver espiritualmente neste mundo enquanto não vem a
glorificação.
- Nos dias em que vivemos, há
um verdadeiro culto à soberba, à independência diante de Deus, à
autossuficiência. Muitos são os que se acham “perfeitos” e, como tal, sem qualquer necessidade de depender do
Senhor, que, não raras vezes, é tratado apenas como um “empregado”, um “servo
especial”, pronto a atender aos caprichos de quem diz servi-l’O.
- Nada mais anticristão,
amados irmãos! O verdadeiro discípulo de Cristo Jesus, na medida em que se aproxima
do Mestre, percebe-Lhe a grandeza, a infinitude, a plenitude da divindade que
n’Ele há (Cl.1:19) e, desta maneira, compreende quão pequeno é diante de
tamanha majestade e de quanto d’Ele necessita para sua sobrevivência espiritual
até a glorificação.
- Que sentimento temos tido,
amados irmãos? Temos nos deixado levar pelas falácias da superioridade
espiritual, da perfeição, da soberba que muitos têm incutido em nossas mentes,
nestes dias de tantos falsos ensinos e tantas heresias? Ou temos tido uma real
aproximação do Senhor, uma vida de intensa comunhão com o Senhor que nos
permite a revelação de Sua grandeza e majestade, que nos faz cada vez mais
submissos a Ele?
- Que nosso sentimento seja o
mesmo do apóstolo Paulo, que queria que todos os crentes filipenses sentissem o
mesmo, sentimento este que foi descrito poeticamente pelo poeta sacro anônimo
autor do hino 88 da Harpa Cristã:
“Jesus, meu Rei, Mestre e Senhor, O Teu amor revela a mim, enquanto eu aqui
viver até eu ver da vida o fim. Revela a nós, Senhor, Jesus, meu Salvador, as
maravilhas mil do Teu divino amor e, com veraz louvor, fervente gratidão, eleva
a Ti, Jesus, Senhor, o nosso coração” (primeira estrofe e refrão).
- O sentimento de
aperfeiçoamento, portanto, longe de ser um sentimento de autossuficiência, de
superioridade, é a compreensão, a revelação da grandeza divina e da nossa
insignificância, que nos faz mais próximos de Cristo, mas, por isso mesmo, nos
faz sentir mais dependentes da graça e da misericórdia do Senhor.
- Quando se chega a este
estágio de crescimento espiritual, a este sentimento de impotência e de
compreensão da nossa necessidade de Deus, isto nos faz que sigamos a “mesma
regra”, que tenhamos o mesmo sentimento (Fp.3:16).
- O crescimento espiritual faz
com que a unidade do corpo de Cristo, de que o apóstolo já falara nesta
epístola, conforme visto em lições anteriores, seja reforçada. A comunhão com
Cristo faz com que todos sintam o mesmo, tenham a “mesma regra” e o “mesmo
sentimento”.
- É extremamente interessante vermos que o apóstolo se refere a “regra” e
“sentimento” quando fala desta unidade que se reforça entre aqueles que
crescem espiritualmente no corpo de Cristo. Esta dualidade, a saber, “regra” e
“sentimento” mostra claramente que a vida cristã não pode ser unilateral, mas
deve abarcar tanto aspectos objetivos (“regra”),
quanto aspectos subjetivos (“sentimento”).
- Existe uma “regra”, que deve ser seguida por todos
os cristãos. A vida cristã não é uma vida sem regras, uma vida sem mandamentos,
como muitos, equivocadamente, passam a defender, como se existisse uma oposição
entre lei e graça baseada na existência, ou não, de regras, de mandamentos.
- A graça possui, sim, regras
e mandamentos a serem seguidos. O apóstolo Paulo fala de uma “lei de Cristo” (I Co.9:21; Gl.6:2),
como também, quando escreveu aos gálatas, afirmou existir uma “regra” segundo a
qual devemos andar (Gl.6:16).
- Lucas, nos Atos dos
Apóstolos, é claríssimo ao dizer que, enquanto o Senhor Jesus esteve ressurreto
sobre a face da Terra, um dos Seus trabalhos foi o de dar mandamentos aos
discípulos pelo Espírito Santo (At.1:2), tendo, também, o apóstolo João
confirmado que os cristãos receberam da parte do Senhor um mandamento (I
Jo.2:7).
- Assim, não podemos aceitar
que se diga que, no tempo da graça, haja uma verdadeira “anomia”, ou seja, ausência de regras, que tudo é permitido, que
nada deve ser determinado ao cristão, pois estamos em “liberdade”. A verdadeira
liberdade não é a ausência de regras, como muitos pensam, mas, sim, um estado
onde a pessoa pode desenvolver-se plenamente por causa das regras que a regem.
- Esta “mesma regra” é aquilo que o apóstolo já havia narrado, qual seja,
a justiça que vem de Deus pela fé em Cristo Jesus. Quando cremos em Cristo
Jesus e passamos a fazer-Lhe a vontade, nossa justiça excede a dos escribas e
fariseus e, por meio desta justiça, poderemos entrar no reino dos céus
(Mt.5:20).
- Esta regra é algo objetivo,
ou seja, algo que é determinado que sigamos, que está fora de nós, que é
estatuído pelo Senhor e que devemos seguir. É a Sua Palavra, que a nós foi
revelada e que deve ser seguida por todos quantos se dizem discípulos do Senhor
Jesus.
- Não se pode, portanto, “mudar” a regra, nem tampouco
desconsiderá-la, mas devemos obedecer ao seu conteúdo, de coração,
submetendo-nos à vontade do Senhor, pois esta Palavra permanece para sempre (I
Pe.1:25).
- Eis a razão pela qual
devemos repudiar todos quantos não querem seguir o que está na Bíblia Sagrada,
todos quantos têm trazido “inovações”,
“invenções”, afastando-se do que se encontra nas Escrituras. Tais pessoas
não andam conforme a “mesma regra” e, portanto, não podem ser consideradas como
servas de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Lembremos disto!
- Mas, além da “regra”, temos, também, o “sentimento”. A vida cristã não é
dissociada da sensibilidade. Somos seres humanos e, como tal, temos tanto a
razão quanto a emoção. Nossas emoções, nossos sentimentos também devem ser os
mesmos, ou seja, nossa sensibilidade deve reproduzir o sentimento de Cristo
Jesus. É o sentimento de humildade, de abnegação, de obediência, de profunda e
completa submissão à vontade do Senhor.
- O verdadeiro discípulo de
Cristo Jesus é alguém que segue a mesma regra e o mesmo sentimento do Senhor, é
alguém que, durante sua peregrinação terrena, está completamente envolvido com
Deus, seguindo-Lhe os mandamentos, como também os sentimentos. Temos sido
assim?
- O apóstolo Paulo podia
exigir isto dos crentes de Filipos porque ele mesmo era um exemplo a ser seguido,
a ser imitado. Repetindo o que já dissera aos crentes de Corinto (I Co.11:1), o
apóstolo disse aos filipenses que fossem seus imitadores, andando conforme ele
estava a andar e, ainda mais, tendo cuidado de todos quantos agiam da mesma
maneira (Fp.3:17).
- Paulo retirava a sua
autoridade apostólica do exemplo que dava aos crentes de Filipos que o
acompanhavam desde o início de sua segunda viagem missionária. Décadas já se
tinham passado, mas os crentes filipenses viam no testemunho de Paulo a prova
de que realmente se tratava de um apóstolo de Cristo Jesus, de alguém que
realmente tinha se encontrado com o Senhor e que não mais vivia para si, mas
cuja vida se dava na fé do Filho de Deus (Gl.2:20).
- Paulo podia mandar os
filipenses a seguirem a mesma regra e o mesmo sentimento porque ele próprio
estava a seguir à risca o mandamento de Cristo e a ter o mesmo sentimento que
havia no Senhor Jesus, estando, inclusive, como já observamos ao longo deste
trimestre, de estar disposto a dar sua vida em prol do Evangelho.
- O exemplo, o bom testemunho
são fundamentais e essenciais para que tenhamos autoridade espiritual diante
dos crentes e dos incrédulos. Através da nossa frutificação espiritual, teremos
condição de levar os outros homens a glorificar ao nosso Pai que está nos céus
(Mt.5:16), mesmo que tal glorificação se dê por intermédio de calúnias e
difamações (I Pe.2:12).
- Quando assim fazemos,
estamos imitando o próprio Jesus Cristo, cuja autoridade com que ensinava
advinha, precisamente, do Seu exemplo, o que O diferençava dos escribas e
fariseus, que ensinavam mas não praticavam aquilo que ensinavam (Mt.7:28,29;
23:2-4).
- Advém daí a grande diferença
entre a justiça que vem pela lei e a justiça que vem pela fé. A lei
contentava-se com o exterior, com a aparência externa, enquanto que a graça
exige uma mudança interior, de dentro para fora, sem o que não terá qualquer
validade.
- Este andar conforme a regra
e o sentimento de Jesus Cristo não é uma caminhada fácil. O próprio Paulo manda
aos filipenses que tivessem cuidado neste caminhar (Fp.3:17), prova de que se
trata de um caminho que, para ser trilhado, exige muita dedicação e muito
cuidado.
- Este caminho conduz à
salvação, mas, como afirma o próprio Senhor Jesus, é um caminho apertado
(Mt.7:14), cheio de percalços e perigos, como, aliás, de forma muito
elucidativa, descreveu o pregador e
escritor inglês John Bunyan (1628-1688) em sua obra “O Peregrino”.
- Este cuidado que temos de
ter ao trilhar este caminho é o de nos aproximarmos cada vez mais do Senhor, a
santificação progressiva de que falam os estudiosos das Escrituras, este
contínuo andar em direção ao Senhor, que Se nos revelará cada vez mais,
fazendo-nos depender d’Ele mais e mais, até que atinjamos, naquele dia, a
estatura de Cristo, de varão perfeito (Ef.4:13), ocasião em que se alcançará a
“unidade da fé” e o “conhecimento do Filho de Deus”.
- Assim, ainda que tenhamos de
avançar, não possamos nos prender ao que já passou, o fato é que o passado tem,
sim, um papel a desempenhar em nossa vida cristã, que é o de nos dar
referências, paradigmas, modelos a serem imitados. Paulo mandava que os
filipenses o observassem e, diante de tudo que haviam vivenciado com o apóstolo
todos aqueles anos, seguissem seu exemplo, repetindo os gestos, atitudes e ações
do apóstolo.
- Por isso, o escritor aos
hebreus manda que lembrássemos dos nossos pastores que tenham nos falado a
palavra de Deus, imitando a sua fé, atentando para a sua maneira de viver
(Hb.13:7). Eis, portanto, a importância de sermos conhecedores da história da
Igreja, para que, através dela, tenhamos modelos a seguir.
OBS: Esta circunstância
fica mais clara pela versão de Fp.3:17 na Bíblia de Jerusalém, que ora
transcrevemos: “Sede meus imitadores,
irmãos, e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós”. A
propósito, eis o que diz a nota a respeito deste versículo naquela versão
bíblica: “Paulo espera que os indivíduos dentro da comunidade mostrem
iniciativa e responsabilidade, e os recomenda como líderes II Ts.5:12s; I
Co.16:15s)” (BÍBLIA DE JERUSALÉM, nota
m, p.2051).
- Esta imitação, contudo,
tinha um critério, a saber: a regra e o sentimento de Cristo Jesus. Tais
pessoas devem ser imitadas, devem ser seguidas em seu exemplo na exata medida
em que reflitam o que está nas Escrituras Sagradas, na medida em que suas vidas
demonstrem a mesma humildade que houve em Cristo Jesus, o despojamento da
glória, a obediência até a morte, o cumprimento da vontade de Deus.
- Tais pessoas devem ser
imitadas, devem ter seu exemplo seguido, mas porque foram, antes de mais nada,
imitadoras de Cristo Jesus (I Co.11:1). Assim fazendo, tais pessoas estarão, na
verdade, seguindo a Cristo, tendo no exemplo daquelas pessoas, um incentivo, um
estímulo a imitar o Senhor Jesus.
II –
OS INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO
- Por que o apóstolo Paulo
estabelece este critério para os crentes de Filipos? Por que não poderiam ser
imitados todos aqueles que se diziam cristãos e que, inclusive, conviviam na
igreja de Filipos?
- O apóstolo Paulo responde a
esta indagação, dizendo que “muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e
agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo” (Fp.3:18).
- O apóstolo Paulo era
realista, como, aliás, deve ser todo o servo de Cristo Jesus. Desde os
primórdios da evangelização em Filipos e, ao longo de seu ministério
apostólico, o apóstolo dos gentios jamais escondeu dos crentes filipenses a
realidade de que há pessoas infiltradas, que se introduzem encobertamente no
meio dos cristãos (II Pe.2:1) mas que são, na verdade, “inimigos da cruz de
Cristo”.
- Paulo faz questão de dizer
que já havia dito isto aos filipenses “muitas vezes” e repetia mais uma vez,
dentro, aliás, da sua linha de “não se esquecer de escrever-lhes as mesmas
coisas” (Fp.3:1).
- Enquanto havia aqueles que
tinham o mesmo sentimento do Senhor Jesus, sendo obedientes até a morte, e
morte de cruz, que não titubeavam em fazer a vontade de Deus, mesmo que isto
significasse a abnegação, ou seja, a negação de si mesmos, tomando a sua cruz e
seguindo ao Senhor (Mc.8:34; Lc.9:23), havia aqueles que seguiam o caminho
contrário, que eram inimigos da cruz de Cristo.
- “…No Novo Testamento, a Cruz
é símbolo da virtude da penitência, domínio das paixões desregradas e do sofrer
por amor de Cristo e da Igreja pela salvação do mundo…” (AQUINO, Felipe. Por que a Cruz é o sinal do cristão? Disponível em:
http://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2013/04/15/por-que-a-cruz-e-sinal-do-cristao/#more-6241
Acesso em 25 jun. 2013). Como mostra o apóstolo Paulo, foi na cruz que o
Senhor Jesus demonstrou de forma excelente a Sua obediência ao Pai (Fp.2:8) e é
na “cruz de cada dia” (Lc.9:23) que
provamos nossa obediência e comunhão com o Senhor.
- A cruz é o símbolo da
vontade de Deus e da negação de nós mesmos, da nossa própria vontade. É o
símbolo da submissão. Não é por outro motivo que o apóstolo Paulo diz que sua
velha natureza estava crucificada com Cristo (Gl.2:20), bem como que somente se
gloriava na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está
crucificado para mim e eu, para o mundo (Gl.6:14).
- A cruz, portanto, é o sinal
que nos permite vislumbrar o sentido de nossa vida neste mundo após o encontro
que tivemos com o Senhor Jesus. Por meio deste sinal, percebemos, claramente,
que não podemos fazer mais o que queremos, mas, sim, aquilo que o Senhor quer
de nós.
- Por este sinal, percebemos
que não mais vivemos para nós mesmos, mas única e exclusivamente para o Senhor,
para fazer-Lhe a vontade, para nos mantermos separados do mundo e do pecado,
sabendo que, quem levar a sua cruz, como fez nosso Salvador, também obterá a
glorificação naquele dia, como o Senhor Jesus a obteve.
- No entanto, mesmo entre os
que cristãos se dizem ser, há aqueles que são “inimigos da cruz de Cristo”,
constatação que não trazia alegria ao apóstolo Paulo, que isto falava
“chorando”, ou seja, com tristeza, pois, por ter o mesmo sentimento de Cristo
Jesus, era alguém que queria que todos os homens se salvassem e viessem ao
conhecimento da verdade (I Tm.2:4).
- Os “inimigos da cruz de Cristo” caracterizavam-se por ser pessoas “cujo
Deus é o ventre”, “cuja glória é para confusão deles” e que “só pensam nas
coisas terrenas” (Fp.3:19).
- Por primeiro, temos que os
“inimigos da cruz de Cristo” são pessoas “cujo Deus é o ventre”. Os
comentadores da Bíblia de Jerusalém interpretam esta expressão paulina como
sendo uma “alusão às observâncias alimentares que ocupavam lugar importante na
religião judaica” (nota o, p. 2051). Já Russell Shedd, ao comentar a passagem,
entende que, além dos judaizantes, estavam também envolvidos aqui os
“antinomistas”, ou seja, aqueles que defendiam “o abuso da liberdade na graça
livre de Deus” (BÍBLIA SHEDD, com. a
Fp.3:18, pp.1668-9).
- Quando se afirma que “o Deus era o ventre”, está-se, mesmo,
a ir além das meras prescrições alimentares que caracterizavam o judaísmo e que
eram uma das observâncias prioritárias por parte dos judaizantes. O “ventre”,
no sentido hebraico, refletia o próprio interior da pessoa (Pv.20:27,30;
Hc.3:16; Jo.7:38), o seu “eu”, ou
seja, a “velha natureza”, o “velho homem”, que tem de ser
crucificado com Cristo.
- Portanto, o “inimigo da cruz de Cristo” é aquela
pessoa que não abre mão de sua “velha
natureza”, que não se nega a si mesmo, mas que faz prevalecer, em sua
maneira de viver, a sua própria vontade em detrimento da vontade do Senhor. É
aquela pessoa que, embora diga servir a Cristo, não se submete à Sua vontade,
mas, antes, faz o que lhe aprouver, o que lhe agradar.
- Paulo já mencionara estes “inimigos da cruz de Cristo” quando
escreveu aos romanos, quando afirmou que aqueles que promovem dissensões e
escândalos contra a doutrina são pessoas que não servem a Cristo, mas, sim, ao
seu próprio ventre (Rm.16:17,18). São pessoas que, como afirma Judas, não têm o
Espírito (Jd.19).
- Quantos há que assim se
comportam em nossos dias! São pessoas que não creem nas Escrituras, desdizem o
que está escrito, trazem novas “interpretações”,
apresentam “argumentos críticos”
para desconsiderar tudo quanto está escrito, única e exclusivamente para
fazerem o que bem querem, para viver de acordo com os seus instintos
pecaminosos, de acordo com as suas próprias vontades.
- É por este motivo que eles
são chamados de “antinomistas”, ou
seja, “contrários a qualquer regra, a
qualquer mandamento”. Defendem, de forma completamente equivocada e
distorcida, que a “liberdade” é a “ausência de regras”, que na “graça, tudo é permitido”. Nada mais
falso, amados irmãos!
- Trata-se de pessoas que
somente fazem aquilo que a Bíblia manda quando estão com vontade de fazê-lo, ou
seja, quando há uma coincidência entre o que a Bíblia diz e o que estão
querendo fazer. Isto não é sinal nem prova de obediência, mas uma fortuita e
mera coincidência.
- A obediência demonstra-se,
precisamente, no momento em que não há esta coincidência, este encontro entre
as vontades de Deus e a do homem. Somos obedientes precisamente quando temos de
negar o nosso “eu” e fazer aquilo
que Deus manda. É aí que provamos nosso amor para com o Senhor (Jo.15:14).
- Os “inimigos da cruz de Cristo” são pessoas que seguem a sua própria
vontade, que têm como deus o seu interior, pouco se importando com a vontade de
Deus. São “donas do seu nariz”,
querem ser “iguais a Deus”,
fracassando por crerem na mentira satânica contada ao primeiro casal (Gn.3:5).
São pessoas que simplesmente não consideram a Deus, vivem como se Deus não
existisse.
- São muitos os que se dizem
cristãos mas estão a viver deste modo. Não dominam as suas paixões, não possuem
autodomínio e fazem tudo quanto querem fazer, buscando, então, doutores
conforme as suas próprias concupiscências que “atestem” a sua “correção” (II
Tm.4:3,4).
- Todavia, os verdadeiros e
genuínos servos de Cristo Jesus não procuram agradar a si mesmos, mas única e
exclusivamente ao Senhor, mortificando a carne e a mantendo crucificada com
Cristo (Rm.8:13; Gl.2:20).
- Por segundo, os “inimigos da cruz de Cristo” são
pessoas “cuja glória é para confusão
deles”, ou, na versão da Bíblia de
Jerusalém, “sua glória está no que é
vergonhoso”, que a Bíblia de Jerusalém insiste, uma vez mais, em fazer
correlação apenas aos judaizantes, visto que entende nesta expressão, uma
“alusão provável ao membro que recebe a circuncisão” (nota p, p.2051).
- Aqui também nos perfilhamos
à linha que vê uma alusão aos “antinomistas”
que já existiam na Igreja e que o Senhor Jesus denominará de “nicolaítas” nas cartas que mandou João
escrever às igrejas da Ásia Menor, no Apocalipse (Ap.2:6,15).
- Os “inimigos da cruz de Cristo” são pessoas que se gloriam não na cruz
de Cristo, mas em si mesmo, naquilo que fazem, naquilo que praticam. São,
portanto, amantes da vanglória, da glória vã e passageira deste mundo, da
glória dos homens, gostam de ser o centro das atenções, de demonstrar uma
superioridade espiritual, que procuram comprovar através de seus gestos.
- Já naquele tempo havia,
entre os que cristãos se diziam ser, aqueles que entendiam que o corpo para
nada aproveitava, que o Senhor estava interessado tão somente na parte interior
do homem, no resgate da alma e do espírito. Eram os gnósticos, aqueles que,
influenciados por um pensamento forjado na filosofia grega, viam no material
algo ruim e pecaminoso.
- Deste modo, estes “inimigos da cruz de Cristo” entendiam
que Deus não tinha qualquer interesse no corpo e, portanto, pouco se importava
com o que era feito por meio do corpo. Por isso mesmo, tais pessoas não viam
mal algum na prostituição, na impureza sexual, na glutonaria, na embriaguez,
visto que o que faziam por meio do corpo não tinha qualquer importância no
relacionamento com o Senhor.
- Eram pessoas libertinas, de
uma vida moral completamente desregrada, que não viam qualquer problema nisto,
pois, como se diz hoje em dia, “Deus só
quer o coração”. Assim, viviam desregradamente e se gabavam disto, querendo
mostrar, com suas imoralidades, uma “superioridade
espiritual”.
- Infelizmente, muitos agem
deste modo em nossos dias. Vivem como mundanos, imitando e fazendo tudo quanto
os incrédulos fazem, querendo, porém, dizer que tais práticas não fazem mal
algum, pois “Deus só quer o coração”.
São pessoas que se moldaram à maneira de viver dos demais e que ainda querem se
chamar de “cristãs”, única e
exclusivamente porque pertencem a uma igreja local, a uma denominação.
- Assim é que temos, em nossos
dias, cristãos que se gabam de se portar como os incrédulos, com práticas como
uma vida sexual completamente desregrada, como o uso de vestimentas indecentes
e sensuais, a adoção de práticas como tatuagens, piercings e outros
comportamentos próprios daqueles que não servem a Deus, querendo, com isso,
dizer que são “crentes modernos, crentes
livres”, quando, na verdade, como diz o apóstolo Paulo, não passam de
“inimigos da cruz de Cristo”.
- São pessoas que abandonaram,
por completo, a “regra”, os
mandamentos bíblicos, querendo, apenas, o “sentir”,
a “emoção”, a chamada “adoração extravagante”, que nada mais
é que reflexo da concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos e da
soberba da vida (I Jo.2:16) que o dominam, pois, na verdade, são falsos
cristãos, são pessoas mundanas, dominadas pelo pecado que se denominam de “cristãs”, mas que não aceitam a
mortificação da carne, que recusam se submeter ao Senhor Jesus, que são “inimigas da cruz de Cristo”.
- Por terceiro, os “inimigos da cruz de Cristo” são
pessoas “que só pensam nas coisas
terrenas”. Esta é a terceira característica desta gente, pessoas que não
pensam nas “coisas de cima” (Cl.3:1), pois não morreram para o mundo, mas estão
completamente atraídas e voltadas para as coisas passageiras desta vida.
- O alvo, o objetivo destas
pessoas é terem uma vida regalada aqui neste mundo, terem dinheiro, muito
dinheiro; terem fama, muita fama; terem posição social (inclusive dentro da
igreja local); terem o desfrute dos prazeres desta vida.
- Tais pessoas são as mais
miseráveis de todos os homens (I Co.15:19), porque sabendo quem é Cristo e
porque Ele veio ao mundo, querem do Senhor Jesus somente as coisas desta vida.
Buscam a Cristo para terem proeminência entre os homens, para aqui serem os
maiorais, em total desconsideração para com a eternidade que está reservada a
todo ser humano.
- Como são numerosos os “inimigos da cruz de Cristo” em nossos
dias, amados irmãos! Quantos que estão a frequentar uma igreja apenas para
terem “status” dentro e fora da igreja local. Quantos que estão correndo atrás
de Cristo para terem um “meio de vida”, para ganharem fortunas, para gastarem
nos seus deleites e prazeres!
- Sua vi$ão é totalmente
voltada para esta terra, estão na igreja para amealhar tesouros neste mundo e,
por causa disto, por correm atrás de tesouros nesta terra, não irão para o céu,
pois seus corações estão nas coisas vis deste mundo (Mt.6:19-21).
- Tais pessoas buscam apenas
os seus interesses e não os de Cristo Jesus, sendo, pois, aqui totalmente
contrários ao que o apóstolo havia dito a respeito de Timóteo (Fp.2:21), bem
como de Epafrodito (Fp.2:29,30), outros exemplos que deveriam ser imitados
pelos crentes de Filipos.
- Em nossos dias, muitos, ao
contemplarem estes “inimigos da cruz de
Cristo”, tendem a se arrefecer na fé, são tentados a mudar o seu
procedimento, porquanto tais “inimigos
da cruz de Cristo”, apesar de terem um destino triste (II Pe.2:3),
aparentemente levam vantagem em sua peregrinação terrena, fazendo com que
muitos os sigam em suas dissoluções (II Pe.2:2,18-22).
- Muitos destes “inimigos da cruz de Cristo” aparentam
um sucesso, um êxito em suas jornadas. Com efeito, alguns deles, apesar de uma
vida dissoluta e imoral, conseguem amealhar fama, prestígio, popularidade,
riquezas materiais, bem como ostentar a posição de referências religiosas,
tendo diversos seguidores e, muitas vezes mesmo, aparentando ter sobre si a
bênção divina.
- Sua “libertinagem” parece não trazer qualquer mal-estar ou problema na
sua comunhão com o Senhor e, por preconizarem um “evangelho light”, um “evangelho
simpático”, passam a ter muitos seguidores.
- Contudo, o apóstolo Paulo
não nos deixa qualquer margem para sermos engodados ou atraídos por este tipo
de gente. Paulo chora por eles, pois sabe que tudo quanto estão a amealhar são
vaidades, são enganos, são ilusões que, mais cedo ou mais tarde, se
desvanecerão e, então, exsurgirá a verdade nua e crua da perdição deles. O fim
desta gente, diz o apóstolo, é a perdição (Fp.3:19 “in initio”), pois o caminho espaçoso conduz inevitavelmente à
perdição (Mt.7:13).
- Como bem disse o Senhor
Jesus, que adianta ganharmos o mundo inteiro e perdermos a nossa alma
(Mt.16:26; Mc.8:36)? É muito melhor perdermos a nossa vida para ganhá-la,
através da mortificação do nosso “eu”, através da crucifixão de nossa “velha
natureza” com Cristo, pois somente quem perde a sua vida, achá-la-á (Mt.10:39;
16:25).
III –
A CIDADE CELESTIAL – O ALVO DO VERDADEIRO CRISTÃO
- Em contraposição aos
“inimigos da cruz de Cristo”, que só pensavam nas coisas terrenas, o apóstolo
Paulo diz que o verdadeiro cristão, como ele, estava a pensar em outra cidade,
“que está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,
que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o Seu corpo glorioso,
segundo o Seu eficaz poder de sujeitar também a Si todas as coisas”
(Fp.2:20,21).
- Ao contrário dos “inimigos da cruz de Cristo”, o
verdadeiro crente, aquele que é “amigo
da cruz de Cristo” não se importa em sofrer as aflições deste mundo, em ter
de combater dia após dia no seu próprio interior contra a carne, isto é, a sua
natureza pecaminosa, que se encontra crucificada com o Senhor, pois sabe que, a
exemplo do Senhor, deve tudo suportar pelo gozo que lhe está proposto
(Hb.12:2).
- O cristão passa por muitas aflições, participa do sofrimento de Cristo
sobre a face da Terra, porque não tem como alvo, nem como objetivo alcançar
alguma posição neste mundo, mas, sim, chegar a cidade celestial, que é a nossa
cidade, a nova Jerusalém mencionada por João no livro do Apocalipse.
- Enquanto aqui no mundo, o
cristão glorifica ao Pai através de boas obras (Mt.5:16), prega o Evangelho e
ama o próximo, de tal sorte que consegue melhorar as condições de vida
existentes, como, de resto, está a mostrar a história da humanidade, que, de
modo insofismável, mostra como o Cristianismo trouxe uma real melhoria nas
condições de vida e no respeito à pessoa humana.
- Todavia, por mais que faça
para que este mundo seja menos injusto e melhor, o cristão não deposita aqui a
sua esperança. Ele sabe que esta nossa terra está maldita por causa do pecado e
que não há como fazer aqui habitar a justiça, algo que virá apenas quando
houver novos céus e nova terra (II Pe.3:13).
- Imitando o seu Senhor, o
cristão, recebendo a virtude do Espírito Santo, busca fazer o bem e curar a
todos os oprimidos do diabo (At.10:38), mas sabendo que isto não poderá ser
feito de modo cabal. Seu alvo não é esta terra que está a ajudar a melhorar,
que tem o dever de ajudar a melhorar, mas seu objetivo, seu fim não é este mundo,
mas, sim, a cidade celestial, onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus
Cristo.
- Há alguns estudiosos das
Escrituras que, inadvertidamente, vêm procurando tirar da mente dos cristãos
este alvo celestial, esta cidade. Dizem que tal cidade seria apenas um “horizonte inatingível”, que se
apresentaria apenas como um estímulo, um ideal, um “mito” para nos levar a lutar por um mundo melhor, onde, aí sim,
residiria a missão do cristão.
- Tais pensadores não creem na
cidade celestial, acham que o cristão deve tão somente lutar para o
estabelecimento do reino de Deus aqui mesmo na Terra, pois seria esta a sua
missão, a sua função.
- Todavia, não é isto que nos
ensina o apóstolo Paulo. Os verdadeiros cristãos não pensam apenas nas coisas
terrenas, mas, sim, têm como alvo a cidade celeste e, por isso, não cessam de
aguardar a vinda do Senhor Jesus, quando, então, obterão a glorificação, último
ato do processo da salvação.
- Aqui o apóstolo Paulo retoma
o tema que já havia apresentado neste capítulo, qual seja, a de que a suprema
aspiração do crente era a “ressurreição
dos mortos”. Tal ressurreição dar-se-á com a volta de Cristo Jesus, que
transformará o nosso corpo abatido conforme o Seu corpo glorioso (Fp.2:21).
- Paulo, deste modo, desmente
os gnósticos, os “antinomistas”, ao
mostrar que o nosso corpo é, sim, importante para Deus, que Deus com ele se
importa, tanto que o transformará num corpo glorioso para que, com ele,
adentremos nas mansões celestiais.
- O corpo que temos, hoje em
dia, é, sim, um corpo abatido, que se corrompe por causa do pecado, visto que é
pó e ao pó tende a tornar (Gn.3:19). Este processo de corrupção do corpo não
significa, entretanto, que tal corpo seja mau em si, seja ruim. Este corpo foi
criado por Deus e, como tal, é algo bom, muito bom (Gn.1:31).
- Todavia, em virtude do
pecado, o corpo passa por um processo de degeneração, sendo, ainda mais, um
instrumento de iniquidade, um instrumento de injustiça, visto que se encontra
sob o domínio do pecado (Rm.6:12,13).
- Entretanto, para podermos
entrar no céu, este corpo abatido será transformado num corpo glorioso, assim
como o Senhor Jesus recebeu um corpo glorioso quando de Sua ressurreição
(Lc.24:37-43).
- Assim, não é verdade que
Deus “queira somente o coração”, mas
devemos manter nosso corpo, ainda que abatido, como instrumento de justiça para
santificação (Rm.6:19; I Ts.5:23), visto ser ele templo do Espírito Santo (I
Co.6:19).
- Se mantivermos o nosso
corpo, ainda que abatido, como templo do Espírito Santo, este corpo será
glorificado, quando da vinda do Senhor Jesus e, assim, completaremos nossa
salvação, alcançaremos o fim de nossa fé (I Pe.1:9).
- Para isso, precisamos ter o nosso tesouro no céu e não
nesta Terra (Mt.6:19-21). Para isso, precisamos mortificar a carne e fazer
única e exclusivamente a vontade do Senhor. Para isto, precisamos tomar a nossa
cruz, fazermo-nos “amigos da cruz de
Cristo”, deixando o pecado, dominando as nossas paixões e sofrendo pelo
amor a Cristo e pela Igreja na salvação do mundo.
- Como temos vivido, amados
irmãos? Temos sido autênticos e genuínos servos do Senhor Jesus? Temos amado a
cruz? Pensemos nisto!
Colaboração para o Site
Pecador Confesso - Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco
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Pecador Confesso - Presbítero Eudes L Souza
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Pecador Confesso - Ev. Natlino das Neves
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Pecador Confesso - Pastor Alexandre Coelho
Texto Editado e Postado por
Hubner Braz (@PecadorConfesso)
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