Texto Áureo Verdade Prática "Portanto, dai a cada um o que deveis: quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a que...
Texto Áureo
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Verdade Prática
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"Portanto, dai a cada um o que deveis: quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; o quem honra, honra." (Rm 13.7)
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A política faz parte da vida em sociedade. Como o cristão não vive isolado, ele deve ter consciência política, sendo sal e luz neste mundo.
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LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Almeida Corrigida e Revisada Fiel
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Romanos 13.1-7
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1 TODA a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus.
2 Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.
3 Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela.
4 Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal.
5 Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência.
6 Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo.
7 Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.
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Comentário
INTRODUÇÃO
As Escrituras registram a liderança política de grandes personagens bíblicos, entre eles, José, o governador do Egito (At 7.9,10); e Ester, a rainha da Pérsia e da Média (Et 5.2). Contudo, apesar desses exemplos, por muitas décadas a política foi satanizada no meio evangélico. Como resultado, e com sua omissão, a igreja permitiu que o Poder Público fosse exercido muitas vezes por ateus, ímpios e imorais. Esse comportamento contribuiu com a eleição, por exemplo, de governos contrários à cultura judaico-cristã. Para mudar esse quadro faz-se necessário que a igreja amadureça e aprofunde sua 'consciência política. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
“Política é a ciência da governança de um Estado ou Nação e também uma arte de negociação para compatibilizar interesses. O termo tem origem no grego politiká, uma derivação de polis que designa aquilo que é público. O significado de política é muito abrangente e está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço público” (Significados). Política pode envolver ajudar pessoas em necessidade, alertar as autoridades e ajudar a resolver problemas ou até trabalhar no governo. A Bíblia nos chama a cuidar dos outros e a ser uma bênção em tudo o que fazemos (Tg 1.27). O momento é oportuno à reflexão, como seguidores de Cristo, quais devem ser a nossa atitude e envolvimento com a política? A Tonica hoje tem sido o lema: "religião e política não se misturam", mas isso não é verdade; o cristão tem nas Escrituras sua única regra de fé e prática, nossa opinião política não pode estar fora das considerações da nossa fé cristã. A Bíblia nos dá duas verdades sobre a nossa postura em relação à política e governo (Mt 6.33; Dn 2.21; 4.17; 34-35; Rm 8.28). Considere, ainda, que as Escrituras exortam o cristão quanto sua responsabilidade civil: obedecer às leis e ser bons cidadãos (Rm 13.1-2). Deus estabeleceu toda a autoridade e Ele faz isso para o nosso benefício, "para louvor dos que praticam o bem" (1Pd 2.13-15). Dito isto, convido-o a pensarmos maduramente a fé cristã!
TÓPICO l - UMA PERSPECTIVA BÍBLICA DA POLÍTICA
1. Deus governa todos os aspectos da vida humana, inclusive o político. As Escrituras mostram que Deus se relaciona diretamente conosco em todos os aspectos da vida (Mt 6.33). Isso significa que Ele intervém em nossa jornada diária, pois o Pai Celeste "trabalha para aquele que nele espera" (Is 64.4). Nesse aspecto, a Bíblia mostra que o Altíssimo "remove os reis e estabelece os reis" (Dn 2.21), "porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus" (Rm 13.1). Sim, o Deus Altíssimo governa o aspecto político da vida no mundo. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
Considerando o texto de Romanos 13.1, é possível acontecer de a obediência a Deus implicar em desobediência aos poderes estabelecidos. Lucas escreve em Atos 5.29: “Importa antes obedecer a Deus que aos homens.” Ressaltamos, entretanto, que a base da lei de Deus é o amor, e o amor altruísta não faz mal a ninguém.
“Paulo diz que não há autoridade que não proceda de Deus e as autoridades que existem foram por ele instituídas. Logo, se opor deliberada e formalmente à autoridade é resistir à própria ordenação de Deus. Aqueles que entram por esse caminho de desordem e anarquia trarão sobre si mesmos condenação. É óbvio que o apóstolo Paulo não está dizendo que Deus é o responsável moral pelos magistrados ditadores e corruptos que ascendem ao poder. Deus instituiu o princípio do governo e da ordem e não o despotismo. As autoridades não podem domesticar a consciência dos cidadãos nem desrespeitar a sua fé. Nossa sujeição às autoridades não é submissão servil nem subserviência, mas submissão crítica e positiva. A relação entre a Igreja e o Estado deve ser de respeito e não de subserviência. Deus não é Deus de confusão nem aprova a anarquia. Deus instituiu a família, a igreja e o Estado para que haja ordem na terra e justiça entre os homens.” (Pr Hernandes Dias Lopes. ‘Uma reflexão sobre o cristão e a política’. Disponível em:http://hernandesdiaslopes.com.br/portal/uma-reflexao-sobre-o-cristao-e-a-politica/. Acesso em 11 Jun, 2018)
Um episódio interessante serve neste ponto para embasar a idéia de que Deus governa: quando Pilatos pensou que tinha poder sobre Jesus, a resposta foi: “Não terias nenhuma autoridade sobre mim, se esta não te fosse dada de cima” (Jo 19.1). O Deus Altíssimo governa soberanamente de acordo com seus propósitos insondáveis. O Salmo 2 descreve Deus rindo e zombando das manifestações das nações, como se os povos pudessem, com sua fúria e rebelião, frustrar os planos do Senhor (Sl 2.1-5). Isaias se refere ao bramido das nações e dos povos em grande ira e de como o Senhor as dispersa como o vento leva a palha (Is 17.12-13). Muitas coisas acontecem sem que possamos compreender seu propósito, no entanto, pela providência soberana de Deus, os resultados sempre concorreram para o nosso bem e avanço do Evangelho. Tomemos como exemplo as manifestações do povo comum, em Jerusalém, clamando a Pilatos pela crucificação de Jesus, no que foram atendidos (Mt 27.202-26). Sem saber, estavam cumprindo, sem saber, a mais importante etapa do plano da salvação elaborado por Deus, que era a morte do Filho de Deus na cruz pelos pecados de seu povo!
2. Deus levanta homens que o glorifiquem na política. Os exemplos da Bíblia são abundantes. Mas destacamos três deles: José, filho de Jacó (Gn 41.37-57); Ester, a rainha (Et 2.12-20); Daniel, o jovem (Dn 2.46-49). Essas três pessoas se colocaram à disposição do Senhor, e por intermédio dEle, providenciaram o escape para o povo de Deus (Gn 42.46-49; Et 7.1-10; Dn 2.1-45). A história da Igreja também mostra um homem chamado William Wilberforce (1759 - 1833), que por influência do Evangelho, e impactado pelo ministério de John Wesley, foi quem Liderou o fim do tráfico de escravos no reino britânico. Sim, Deus usa pessoas para glorificar o seu nome na política. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
“William Wilberforce (24 de agosto de 1759 — 29 de julho de 1833) foi um político britânico, filantropo e líder do movimento abolicionista do tráfico negreiro. Nativo de Kingston upon Hull, Yorkshire, começou sua carreira política em 1780 como candidato independente, sendo deputado do condado de Yorkshire entre 1784 e 1812. Em 1785 converteu-se ao cristianismo, mudando completamente o seu estilo de vida e se preocupando ao longo de toda sua vida com a reforma evangélica. Em 1787, William Wilberforce conheceu Thomas Clarkson (abolicionista britânico) e um grupo abolicionista ao tráfico negreiro que incluía Granville Sharp, Hannah More e Charles Middleton, importantes nomes da época e que juntos persuadiram Wilberforce a entrar também na causa. Assim, Wilberfoce logo se destacou tornando-se líder do grupo britânico abolicionista, liderando uma campanha no parlamento inglês contra o tráfico de escravos que resultou, em 1807, na aprovação do Ato contra o Comércio de Escravos” (WIKIPEDIA).
“Deus instituiu as autoridades com dois propósitos claros: a promoção do bem e a proibição do mal. O governo é ministro de Deus não só para fazer o bem, mas, também, para exercer o juízo de Deus sobre os transgressores. Portanto, devemos sujeitar-nos às autoridades não por medo de punição, mas por dever de consciência. Cabe a nós, como cidadãos, orar pelas autoridades constituídas, honrá-las, respeitá-las e pagar-lhes tributo, uma vez que seu chamado é para atender constantemente à essa honrosa diaconia, de servir ao povo em nome de Deus. Quando, porém, as autoridades invertem essa ordem e passam a promover o mal e a proibir o bem, chamando luz de trevas e trevas de luz, cabe a nós, alertar as autoridades a voltarem à sua vocação. Se essas autoridades, porém, quiserem nos impor leis injustas, forçando-nos a negar a nossa fé, cabe-nos agir como os apóstolos: “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29).” (Pr Hernandes Dias Lopes. ‘Uma reflexão sobre o cristão e a política’. Disponível em:http://hernandesdiaslopes.com.br/portal/uma-reflexao-sobre-o-cristao-e-a-politica/. Acesso em 11 Jun, 2018)
3. O Estado e a Política. O Estado tem como função garantir, por meio de políticas públicas, as condições necessárias para a vida digna da sociedade. A Palavra de Deus diz que as autoridades instituídas são para disciplinar as obras más e enaltecer quem faz o bem (Rm 13.3,4). Assim, como vivemos num estado democrático de direito, onde tanto cidadãos quanto autoridades instituídas têm direitos e deveres mediante a carta constitucional do país, isto é, vivemos no império das leis, e por isso, devemos exercer o mesmo princípio de submissão ao Estado esposado pelo apóstolo Paulo em Romanos 13.1,2. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
“A palavra Estado, grafada com inicial maiúscula, é uma forma organizacional cujo significado é de natureza política. É uma entidade com poder soberano para governar um povo dentro de uma área territorial delimitada. As funções tradicionais do Estado englobam três domínios: Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário. Numa nação, o Estado desempenha funções políticas, sociais e econômicas”. (Significados).
O estado tem a responsabilidade de garantir o direito à vida, à liberdade e à propriedade (elementos básicos para a vida e o desenvolvimento humano), educação pública, bem–estar social, a garantia de pleno emprego dentre outros direitos que vão sendo imputados ao longo dos anos.
“O Estado desempenha um importante papel na aplicação e manutenção do direito na sociedade. Para que isso ocorra, o Estado, precisa desenvolver alternativas que possibilitem o acesso à justiça. Nesse sentido, este trabalho pretende verificar os principais problemas que afetam a plena utilização do direito, através de uma análise histórica e de alguns setores da vida social. Apesar das diversas ferramentas disponibilizadas pelo Estado para garantir a eficácia das leis ainda existem inúmeros desafios a serem desfeitos para que elas possam ser plenamente aplicáveis.” (A função do Estado na aplicação do direito. Disponível em:http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-funcao-do-estado-na-aplicacao-do-direito,54256.html. Acesso em: 11 Jun, 2018)
4. O Estado e a Bíblia. O Novo Testamento retrata o Estado como instrumento ordenado por Deus (Rm 13.1), assim, os que resistem ao Estado afrontam a Deus (Rm 13.2). Nesse contexto, o Estado é servo do Altíssimo para aplicar a justiça (Rm 13.4), logo, ele não é problema para os que fazem o bem, mas para os que praticam o mal (Rm 13.4; l Pé 2.14). Assim, é lícito pagar tributos e impostos ao Estado (Rm 13.6,7), bem como temos a recomendação de orar pelas autoridades públicas (1Tm 2.1,2). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
“Quando Deus não quer, ninguém, mesmo sendo eleito pelo povo toma posse, ou permanece no poder. Temos tido exemplos sobejos no Brasil, tanto na área executiva, como na legislativa, bem como na área judiciária. O Universo pertence a Deus e certamente, Deus dá ao povo o governo que o povo merece. Quando o povo ora a Deus, com um coração quebrantado e contrito, para abençoar o seu governo, suas autoridades e a todos os que estão em eminência, Deus ouve a oração; ou melhorando o que precisa ser melhorado, ou retirando os rebeldes que usurpam do poder sem respeito ao Deus Criador! Ninguém ficará impune se agir contra o povo e desrespeitando a vontade de Deus. Da mesma forma que não ficará impune qualquer indivíduo que se levantar vaidosa, injusta e irreverentemente contra aqueles que Deus os constituiu”. (Pastor Joel Pereira de Magalhães. ‘DEVEMOS ORAR PELAS AUTORIDADES E ABENÇOÁ-LAS COM NOSSAS PALAVRAS’. Disponível em:http://blogministeriopastorjoel.blogspot.com/2011/05/devemos-orar-pelas-autoridades-e.html. Acesso em: 11 Jun, 2018)
Temos o péssimo hábito de falar mal, amaldiçoar, xingar aqueles que estão investidos de poder, mesmo estando lá por nosso voto. Certamente devemos cobrar, questionar, reivindicar; mas para isto temos os instrumento legais. O fato é que colocamos no poder pessoas mal intencionadas, não examinamos o candidato, não conhecemos seu projeto político, não acompanhamos sua carreira, enfim, não sabemos votar. Já aprendemos com Jeremias 17.5 a não confiar nos homens, mas no Deus Poderoso que pode nortear para o bem os homens! A recomendação das Escrituras é colocarmos as autoridades no altar do Senhor.
TÓPICO II - A SEPARAÇÃO DO ESTADO DA IGREJA: UMA HERANÇA PROTESTANTE
O conceito de Estado Laico é compreendido como a separação entre o Estado e a Igreja. Significa que um não pode interferir nas atividades do outro e vice-versa.
1. A união entre a Igreja e o Estado. No ano 313, Constantino e Licínio, Imperadores romanos do Ocidente e do Oriente respectivamente, promulgaram o Édito de Milão. O decreto outorgou liberdade e tolerância religiosa aos cristãos no império Romano. O imperador Teodósio decretou em 380 d.C. o Édito de Tessalônica, estabelecendo o Cristianismo como religião oficial do Império. O Édito prometia vingança divina e castigo do estado aos que não aderissem à lei. A partir de então a união entre a Igreja e o Estado passou a ser indiscutível. A exemplo da deformação da nação de Israel, o início dessa união trouxe até benefícios, mas em seguida, essa mistura foi trágica (l1Sm 10.1; cf. 8.10-19). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
O laicismo é a doutrina que defende que a religião não deve ter influência nos assuntos do Estado. O laicismo foi responsável pela separação entre a Igreja e o Estado e ganhou força com a Revolução Francesa. O artigo 5º da Constituição Brasileira (1988) prevê a inviolabilidade e a liberdade de consciência e de crença, assegura o livre exercício de culto e garante a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.
“Estado laico significa um país ou nação com uma posição neutra no campo religioso. Também conhecido como Estado secular, o Estado laico tem como princípio a imparcialidade em assuntos religiosos, não apoiando ou discriminando nenhuma religião.” (O que é Estado Laico. Disponível em:https://www.significados.com.br/estado-laico/. Acesso em: 11 Jun, 2018)
“A Constituição do Império (1824) foi promulgada por d. Pedro I “em nome da Santíssima Trindade”. O catolicismo era religião oficial e dominante. As outras religiões, quando toleradas, eram proibidas de promover cultos públicos. As práticas religiosas de origem africana eram proibidas, consideradas caso de polícia, como até há pouco tempo. O clero católico recebia salários do governo, como se fosse formado de funcionários públicos”. (Entenda por que o estado brasileiro ainda não é laico. Disponível em: https://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/05/estado-brasileiro-nao-e-laico.html. Acesso em: 11 Jun, 2018)
Para saber sobre A União da Igreja com o Estado, clique aqui
Para saber sobre o Édito de Tessalônica, clique aqui
2. A separação entre a Igreja e o Estado. Ao fim da Idade Média, os ideais humanistas valorizavam os direitos individuais do cidadão e isso despertou nos cristãos a necessidade de reformar a Igreja, especialmente, o Clero (sacerdotes). Os abusos de Roma e a venda das indulgências deflagraram a Reforma em 1517, na Alemanha. O Monge Martinho Lutero rompeu com o catolicismo romano. Foi a partir da Reforma que, paulatinamente, os conceitos de liberdade, de tolerância religiosa, de democracia e de separação entre Igreja e Estado foram alçados ao status de direitos fundamentais. A Palavra de Deus mostra que a ideia de Estado e Igreja não dará bons resultados (At 4.1-7). Por isso, o Estado não deve interferir na Igreja nem a Igreja no Estado. Todavia, o povo de Deus jamais deve faltar com a sua voz profética diante das injustiças e pecados sociais. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
Na história, a separação entre Estado e Igreja começa a evidenciar-se na Revolução Francesa em sua tentativa de acabar com as estruturas feudais ainda vigentes.
No Brasil, sob a influência de ideais liberais e positivistas, com o surgimento do regime republicano em 1889, foi assinado o decreto 119.A, de 07 de janeiro de 1890, versando sobre a separação Estado e Igreja Católica, o que foi depois ratificado pela primeira constituição republicana de 1891. No entanto, esta laicidade não garantiu liberdade a outros cultos.
O Novo Testamento abre-nos a visão para este assunto quando lemos que o Senhor Jesus ensinou o princípio da separação entre os dois reinos com a célebre declaração de Mt 22.21: “Daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Precisamos lembrar que o maior conflito enfrentado por Jesus foi com o sistema religioso, não com o sistema político. Outras referências aos governantes nos evangelhos são encontradas em: Mt 20.25-26; Lc 2.1-2; 3.1-2,19; 13.32; Jo 18.36; 19.11.
3. O Modelo de Estado Laico Brasileiro. A Constituição do Brasil outorga ao cidadão plena liberdade de crença e garante o livre exercício dos cultos e liturgias, além da proteção aos locais de adoração (Art. 5°). No artigo 19 está definida a separação entre o Estado e a igreja, mas ressalva na forma da lei, a colaboração de interesse público. Assim, embora o Estado brasileiro seja laico, ele não é ateu. Desde os primórdios, o ser humano tem a necessidade de cultuar a Deus (5142.1), portanto, o Estado não pode negar a natureza religiosa do indivíduo. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
Não podemos confundir os conceitos de estado laico e estado ateu. Um Estado é laico quando não permite a interferência de correntes religiosas em assuntos estatais, não privilegiaria uma ou algumas religiões sobre as demais. Garante e protege a liberdade religiosa. Não significa dizer que o Estado é ateu, ou agnóstico. A descrença religiosa é tratada da mesma forma que os diversos tipos de crença.
Um Estado ateu fundamenta-se na rejeição de todas as formas de religião por um Estado em favor do ateísmo. Esse tipo de Estado suprime ou limita a liberdade religiosa, agindo de forma semelhante a Estados religiosos (Koreia do Norte; China). No caso do Estado ateu, ao invés da imposição de uma crença específica, há a institucionalização da “não crença”.
Há, ainda, o Estado Religioso ou Confessional. O Estado é regido pela religião oficial. Na atualidade, está presente especialmente no mundo islâmico, no entanto, pode ser identificado também na África e na Ásia.
O Brasil é laico, pelo menos no papel, desde 1891, quando a primeira Constituição da República estabeleceu a independência da administração pública com relação a qualquer instituição religiosa ou credo. Leia este artigo sobre isso. Na atualidade, a Constituição de 1988 veda explicitamente (artigo 19) que a União, estados e municípios estabeleçam cultos religiosos ou igrejas, criem incentivos ou privilégios e mantenham relações de dependência com líderes ou instituições religiosas. Além da previsão na Carta Magna, há outros dispositivos legais que confirmam que o Brasil é um Estado laico. No entanto, há previsão legal para a garantia da liberdade religiosa, que é considerada de caráter inviolável. O Estado deve assegurar o livre exercício dos cultos religiosos e garantir a proteção aos locais de culto e às suas liturgias.
TÓPICO III - COMO O CRISTÃO DEVE LIDAR COM A POLÍTICA
O cristão precisa tomar cuidado com a "politicagem" e definir com temor a Deus a sua atuação política.
1. O perigo da politicagem. Os dicionários em geral conceituam politicagem como "política reles e mesquinha de interesses pessoais". O perigo dos atos politiqueiros envolvendo os cristãos é colocar em descrédito o Evangelho e a Igreja. Assim, os políticos contrários às convicções cristãs não podem receber o apoio nem o voto da igreja. No cristianismo primitivo, a igreja em Corinto foi advertida a observar o seguinte princípio: "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?" (2 Co 6.14,15). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
Como vimos até agora, o Brasil é um país laico, nossa população ainda é de maioria católica, seguida de um grande grupo de evangélicos, um número grande de espíritas e religiões minoritárias, além de e um crescente seguimento sem religião/agnóstico/ateu. Leia aqui sobre o quadro religioso no Brasil. Nesse cenário, é comum vê-se políticos achegarem-se às igrejas com uma política de interesses pessoais, de troca de favores, ou de realizações insignificantes para angariar votos, até mesmo políticos defensores de causas contrárias ao Evangelho.
O termo politicagem possui significado pejorativo – depreciativo, desagradável. Refere-se à política de interesses pessoais, de troca de favores, ou de realizações insignificantes.
“Os cargos e posições dentro de algumas igrejas também são disputados pelo simples desejo do poder. É preciso compreender que a politicagem sempre está ligado à forma de liderança dentro de uma organização. As igrejas também possuem a sua hierarquia e esquemas de favorecimento dentro dela – seja para obter cargos ou para influenciar outras pessoas a adentrarem no universo do favorecimento ilícito, conivente com líderes corruptos e ávidos pelo poder. Os políticos também se valem destes locais para angariarem votos: frequentam igrejas em épocas de eleição para se mostrarem mais “santificados” e injetam dinheiro na mão dos grandes líderes para que estes influenciem os seus subordinados e fiéis a votarem em quem eles querem. Há também aqueles que se valem de seus grandes cargos e de sua influência dentro das Igrejas para se candidatarem aos cargos políticos – e quase sempre acabam ganhando”. (O que é Politicagem. Disponível em: http://www.significando.com.br/politicagem/. Acesso em: 11 Jun, 2018)
O artigo 37 da Lei das Eleições (Lei nº 9.504/97) diz que templos são considerados bens de uso comum para efeitos eleitorais, sendo, portanto, vedada a veiculação de propaganda de qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta e exposição de placas, estandartes, faixas, cavaletes, bonecos e assemelhados. É preciso entender que não se pode permitir a politicagem dentro dos templos, mas isso não implica em demonizar a política. Sabedoria e discernimento nesse momento é vital.
2. Como delimitar a atuação da igreja. Os princípios éticos devem ser estritamente observados. O púlpito da igreja não pode dar lugar ao "palanque eleitoreiro". É verdade que a igreja precisa de conscientização política, mas isso não significa ocupar o espaço de adoração e pregação da Palavra com campanhas políticas. Conscientização política é uma coisa, campanha política é outra. Esta não cabe no espaço de culto do Corpo de Cristo. Nesse sentido, a conscientização política da igreja deve ser fundamentada em princípios cristãos. Isso significa que o cristão deve analisar as propostas e as ideologias dos partidos políticos sob a ética cristã (Is 5.20). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
O cristão é um cidadão do Reino de Deus, e esse Reino é vindouro, no entanto, já é vivenciado aqui, manifestado pela boas-novas que trazemos às pessoas, tendo como valores principais a verdade, a justiça, a paz, a fraternidade, o perdão, a liberdade, a alegria e a dignidade da pessoa humana. Com esse entendimento, é preciso esclarecer à Igreja e conscientizá-la, mas isso não pode ser feito durante um culto de adoração ao Senhor. Não pode haver espaço em púlpitos para esse assunto e isso exige maturidade da liderança.
Deve-se haver uma conscientização, momentos para esclarecimento e reflexão sobre candidatos, partidos e seus projetos e ideologias. É importante que isso aconteça. E é bom esclarecer que aquela máxima ‘irmão vota em irmão’ é falaciosa. O cristão vota em políticos comprometidos com valores semelhantes aos nossos.
É exatamente sobre essa perspectiva que busco escrever esse artigo, não esquecendo que poderíamos também falar sobre a outra realidade de Reino de Deus, que se estabelecerá em definitivo no fim dos tempos, no dia do Juízo Final e na existência eterna, porém, esta última ótica foge do que se pretende discutir aqui.
Leia ‘O cristão e a política’, Entrevista concedida por Franklin Ferreira a Thiago Oliveira e Thomas Magnum de Almeida, do Blog Electus, clicando aqui.
3. Ajustando o foco da igreja. O povo de Deus não pode limitar-se a fazer oposição e oferecer resistência à iniquidade no poder temporal. Não pode depositar sua confiança e esperança nas decisões políticas.
As lideranças devem incentivar o avivamento espiritual. O avivamento liderado por John Wesley (1703-1791) trouxe mudanças sociais significativas na Inglaterra, pois o mal realmente a ser combatido pela igreja é o pecado.
Não podemos jamais perder a nossa consciência e natureza espiritual. Quando a mensagem de arrependimento for pregada ao mundo, então, vidas serão transformadas. O Espírito Santo terá liberdade para convencer os ouvintes do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8). A medida que verdadeiras conversões a Cristo ocorrem, na mesma proporção, a nossa nação sofre transformações espirituais e sociais. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
Lucas dá um norte em Atos 2.42 para delimitar a finalidade e propósito da Igreja: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.” Enquanto Igreja, seu propósito deve ser: (1) o ensino da doutrina bíblica, (2) providenciar um espaço de adoração para os crentes, (3) observar a Ceia do Senhor, e (4) oração. Não se vê em Atos a Igreja tentando lançar seus membros no poder político de Roma; vemos ela agindo, sob perseguição, reunida para ter comunhão e proclamar o evangelho, liderados pelos apóstolos, que transmitiam os ensinamentos de Jesus. Começando em Jerusalém, a igreja primitiva rapidamente se espalhou para vários outros lugares. A igreja primitiva era mais como uma família do que uma instituição. Sua liderança tinha a função e propósito ensinar os outros discípulos o caminho de Jesus, para que todos crescessem. O objetivo seria preparar discípulos que podiam formar e ensinar outros discípulos. Isso não mudou! O foco ainda é o mesmo, ainda que muitas lideranças não evidenciem isso. Entendemos que a mudança radical vai ocorrer apenas pela pregação do Evangelho, que é o poder de Deus e justiça que do princípio ao fim é pela fé (Rm 1.16,17). A mudança não virá por elegermos irmãos aos cargos políticos. Na medida que o Evangelho avança, a ética do Reino domina e muda situações.
CONCLUSÃO
Diante do cerceamento de algumas liberdades, a igreja começou a despertar para a realidade política. As mudanças e as transformações sociais passam pelo processo político. Por que então não eleger candidatos verdadeiramente vocacionados para a vida pública e que reproduzam a moral cristã? Por que não apoiar políticos que rejeitam as leis contrárias aos princípios cristãos? Para tanto, a Igreja precisa ocupar o seu espaço e influenciar positivamente a sociedade (Mt 5.13-16). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
Não devemos esperar bons tempos nesta terra, afinal, o prórpio Jesus nos alertou de que no mundo teríamos aflições. Além do mais, o diabo desde o princípio tentou exterminar a Igreja, pois ela era e é a continuidade do ministério do Senhor Jesus (At 1.1). Não pense você que os dias de refrigério para a Igreja chegaram, muito pelo contrário, continuamos em guerra, principalmente em guerra pela Verdade. Não vai ser de forma política que barraremos esta perseguição!
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16), Francisco Barbosa Campina Grande-PB Junho de 2018
PARA REFLETIR
A respeito do tema "Ética Crista e Política", responda:
• Sobre o governo de todos os aspectos da vida humana, o que as Escrituras mostram?
Mostram que Deus intervém em nossa jornada diária, pois Ele "trabalha para aquele que nele espera" (Is 64.4). Nesse aspecto, a Bíblia mostra que o Altíssimo "remove os reis e estabelece os reis" (Dn 2.21), "porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus" (Rm 13.1).
• Que tipo de Estado vivemos hoje?
Vivemos num estado democrático de direito, onde tanto cidadãos quanto autoridades instituídas têm direitos e deveres mediante a carta constitucional do país, isto é, vivemos no império das leis, e por isso, devemos exercer o mesmo princípio de submissão ao Estado esposado pelo apóstolo Paulo em Romanos (Rm 13.1,2).
• A partir do exemplo da nação de Israel, qual foi o resultado da união entre igreja e Estado?
À exemplo da deformação da nação de Israel, o início dessa união trouxe até benefícios, mas em seguida, essa mistura foi trágica.
• O que implica o conceito de Estado Laico?
O conceito de Estado Laico é compreendido como a separação entre o Estado e a Igreja. Significa que um não pode interferir nas atividades do outro e vice-versa.
Qual o mal a ser combatido pela igreja?
O mal realmente a ser combatido pela igreja é o pecado. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
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