Comentário em texto e subsídio em vídeo aula para auxiliar professores e alunos na Escola Dominical deste 3° Trimestre. Lição 5 - As Virtudes dos Salvos em Cristo - 04 de agosto de 2013 - cpad - ebd
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3º Trimestre de 2013 - CPAD
FILIPENSES: a humildade de
Cristo como exemplo para a Igreja Comentários da revista da CPAD: Elienai
Cabral
Consultor Doutrinário e
Teológico da CPAD: Pr. Antonio Gilberto
ESBOÇO Nº 5
O salvo deve ser inculpável no meio de uma
geração corrompida e perversa.
INTRODUÇÃO
- Após ter mostrado o exemplo de todo cristão,
que é a pessoa de Jesus Cristo, Paulo mostra aos filipenses que devem ser
inculpáveis no meio de uma geração corrompida e perversa.
- O cristão não deve “fazer diferença”, mas,
sim, ser diferente dos homens sem salvação.
I – O
CRISTÃO DEVE SER UMA PESSOA VIRTUOSA
- Depois de ter mostrado como exemplo a pessoa
de Jesus Cristo para os crentes de Filipos, o apóstolo Paulo, como em uma
transição para a chamada “parte prática” de sua carta (o que desmonta o
argumento de que a epístola aos filipenses seria uma reunião aleatória de
várias cartas que Paulo escrevera para os crentes de Filipos), após ter
descrito qual era o sentimento que havia em Jesus e que deveria estar em cada
cristão, começa a minudenciar o que esperava ver naqueles crentes quando, uma
vez mais, retornasse a Filipos, depois da sua libertação que já lhe fora
revelada pelo Espírito Santo.
- Neste segmento de sua carta, em que descreve
quais as qualidades que aguardava ver na vida de cada um dos membros da igreja
em Filipos, o ilustre comentarista e o Setor de Educação Cristã da Casa
Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) viram aqui as “virtudes dos salvos
em Cristo”.
- Ante esta constatação, devemos, pois,
perscrutar o que significa “virtude”. “…Virtude (latim: virtus; em grego: ἀρετή) é uma qualidade moral particular. Virtude é
uma disposição estável em ordem a praticar o bem; revela mais do que uma simples
característica ou uma aptidão para uma determinada ação boa: trata-se de uma
verdadeira inclinação.Virtudes são todos os hábitos constantes que levam o
homem para o bem, quer como indivíduo, quer como espécie, quer pessoalmente,
quer coletivamente. A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as
qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Segundo Aristóteles, é uma
disposição adquirida de fazer o bem, e elas se aperfeiçoam com o hábito.…” (Virtude. In: WIKIPÉDIA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Virtude Acesso em 28 maio 2013).
- A definição de Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.), este grande filósofo grego,
revela-nos algo importante, qual seja, a de que a virtude é uma “disposição
adquirida de fazer o bem”, ou seja, não é algo que tenha nascido com a pessoa,
mas que se agrega à personalidade dela consoante a convivência com as demais
pessoas.
- Gregório
de Nissa (330-395), um dos chamados Pais da Igreja, ou seja, aqueles
grandes nomes da Igreja em seus primeiros séculos depois da era apostólica, “…a
virtude é ‘uma disposição habitual e firme para fazer o bem’, sendo o fim de
uma vida virtuosa tornar-se semelhante a Deus…”.
- Quando vemos este
entendimento cristão a respeito do que é a virtude, notamos que a virtude, para
o ser humano, vai além de uma perspectiva meramente humana, é mais do que um
simples conviver voltado para o bem neste mundo, mas representa uma força que
nos impele a nos assemelharmos cada dia com o Senhor, de buscarmos a perfeição,
o que somente pode advir a partir da obtenção da santidade.
- Não é por outro motivo que verificamos nas
Escrituras Sagradas que a vida virtuosa deve se iniciar com a salvação na
pessoa de Jesus Cristo, pois, enquanto não temos a salvação, não podemos
nos libertar da nossa natureza pecaminosa e decaída, que herdamos de Adão
(Gn.5:3).
- Dominados por esta natureza pecaminosa, que a
Bíblia denomina de “carne” (em grego,
“sarx” - σάρξ), o homem, ainda que
queira fazer o bem, não consegue fazê-lo (Rm.7:14-24), pois se encontra sob o
domínio do pecado, escravizado por ele (Gn.4:7; Jo.8:34).
- Quando, porém, alcançamos a salvação na
pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, passamos a ser morada de Deus
(Jo.14:17,23) e o Senhor infunde em nós, de pronto, três virtudes, três
disposições para fazer o bem, as chamadas “virtudes teologais”, a saber: a fé
(Ef.2:8), a esperança (II Ts.2:16) e o amor (Rm.5:5). São estas virtudes que
caracterizam o cristão (I Co.13:13).
- Como afirma, de forma muito feliz, o
Catecismo da Igreja Romana: “…as virtudes teologais se referem diretamente a
Deus. Dispõem os cristãos a viver em relação com a Santíssima Trindade e têm a
Deus Uno e Trino por origem, motivo e objeto. As virtudes teologais
fundamentam, animam e caracterizam o agir moral do cristão. Informam e
vivificam todas as virtudes morais. São infundidas por Deus na alma dos fiéis
para torná-los capazes de agir como Seus filhos e merecer a vida eterna. São o
penhor da presença e da ação do Espírito Santo nas faculdades do ser humano.” (§§ 1812 e 183 CIC).
- Pela fé, dada por Deus através da
Palavra (Rm.10:17), cremos em Jesus como nosso Senhor e Salvador,
entregamos-Lhe nossa vida e temos entrada na graça (Rm.5:2). Pela esperança,
que nos foi dada pelo ingresso de Cristo em nosso ser (Cl.1:27), temos uma
âncora que nos permite navegar com segurança em meio às agitações desta vida
até chegarmos à glória (Hb.6:18,19). Pelo amor, podemos cumprir tudo
quanto o Senhor nos manda fazer (Jo.14:23), mantendo-nos obedientes até o dia
da nossa glorificação, amor este que subsistirá por toda a eternidade (I
Co.13:13).
- Mas, ao lado destas virtudes teologais,
existem virtudes humanas, “…atitudes firmes, disposições estáveis,
perfeições habituais da inteligência e da vontade que regulam nossos atos,
ordenando nossas paixões e guiando-nos segundo a razão e a fé. Propiciam,
assim, facilidade, domínio e alegria para levar uma vida moralmente boa.…” (§ 1804 CIC).
- O exercício destas virtudes humanas, ante
a natureza decaída do homem, exige a libertação do pecado, o que somente se
obtém por intermédio de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (Jo.8:36). No
entanto, o fato de a libertação do pecado ser imperiosa para que a pessoa possa
ter uma vida virtuosa que a leve a se assemelhar ao Senhor, não significa que
as pessoas não possam se habituar a fazer o bem, a demonstrar estas virtudes
humanas, pois elas resultam da própria condição do homem de ser imagem e
semelhança de Deus.
- Paulo nos mostra, em sua carta aos romanos,
que os homens são capazes de saber o que é o bem (Rm.2:1-16), esforçam-se em
fazê-lo, embora, sem Cristo, sucumbam sempre no pecado (Rm.7:14-24), o que não
significa que não reconheçam quais sejam as virtudes, os bons hábitos que devem
ser perseguidos e praticados.
- O próprio Jesus admitiu que, mesmo sendo
pessoas más, nós somos capazes de fazer coisas boas (Mt.7:11), a mostrar que é
possível habituar-se a fazer o bem, mediante o exercício das virtudes meramente
humanas, embora tal prática não tenha o condão de libertar o homem do pecado,
algo que somente a salvação em Cristo pode proporcionar.
- No entanto, uma vez obtida a
salvação em Cristo Jesus e recebidas as chamadas “virtudes teologais”, é inevitável
que o homem, neste processo de salvação, se aproxime a cada dia de Deus, por
meio da santificação, crescendo na graça e conhecimento de Cristo (II Pe.3:18),
submetendo-se a um contínuo aperfeiçoamento (Ef.4:12).
- A vida cristã tem como objetivo fazer com
que “Cristo seja formado em nós” (Gl.4:19), levar-nos à “medida da estatura
completa de Cristo” (Ef.4:13) e, para tanto, além dos dons ministeriais que o
Senhor Jesus põe em Sua Igreja para que alcancemos tal crescimento, torna-se
absolutamente indispensável que vivamos em contínua santificação (Ap.22:11).
- Por isso, a Palavra de Deus ensina-nos que todo
verdadeiro e genuíno cristão pratica boas obras (Mt.5:16; Tg.2:14-18), boas
obras que fazem com que cada cristão seja uma pessoa virtuosa, um verdadeiro
“cristão”, ou seja, um “pequeno Cristo”, pois Jesus, enquanto neste mundo,
jamais cessou de fazer o bem (At.10:38).
- Por isso, o próprio Paulo, na continuidade
desta carta aos filipenses, diz àqueles crentes que eles devem ter sua mente
voltada para tudo aquilo que tem alguma virtude (Fp.4:8), pois, como ensina
Pedro, tendo o cristão escapado da corrupção, que pela concupiscência há no
mundo e sido feito participante da natureza divina (II Pe.1:4), deve
acrescentar à fé, a virtude (II Pe.1:5), pois o Seu divino poder nos deu tudoo
que diz respeito à vida e piedade e, deste modo, fomos chamados para a Sua
glória e virtude (II Pe.1:3), ou seja, ao imitarmos o Senhor, teremos,
necessariamente, de ter uma vida virtuosa sobre esta Terra.
OBS: Observemos, por
importante, que a palavra “virtude” no sentido em que estamos a falar aqui, ou
seja, como tradução da palavra grega “areté”, somente aparece três vezes em o
Novo Testamento, precisamente em Fp.4:8 e II Pe.1:3,5 na Versão Almeida Revista
e Corrigida. Nas outras passagens, onde encontramos a palavra “virtude”, temos
a tradução da palavra grega “dynamis”, que significa “poder”, como, v.g., em
Mc.5:30; Lc.1:17; 4:14; At.1:8; 10:38; Rm.15:13; I Co.4:19, entre outras
passagens.
II –
A OBEDIÊNCIA DOS CRENTES DE FILIPOS
- Paulo, após ter feito a descrição do
sentimento que houve em Cristo Jesus, para que os crentes de Filipos seguissem
este mesmo exemplo, faz um apelo a eles no sentido de que fossem obedientes,
não só na presença do apóstolo, mas, também, em sua ausência e que “operassem a
salvação com temor e tremor” (Fp.2:12).
- A primeira observação que devemos aqui fazer
é que Paulo trata os crentes de Filipos como “meus amados”. O apóstolo
revela, assim, possuir a mais importante das virtudes teologais, qual seja, o
amor, amor que se traduz não só por amor a Deus mas, mais do que isto, na posse
do amor de Deus que nos faz amar a todos os demais seres humanos.
- Paulo amava os filipenses e, por isso,
queria que eles tivessem uma vida moral ilibada, uma vida virtuosa. O
verdadeiro amor, portanto, não se apresenta, como o mundo quer nos fazer crer,
numa atitude de simples e mero respeito pela opção de vida tomada pelo próximo,
mas, sim, numa atitude que procura levar a verdade e a salvação para o próximo.
- Não podemos ser indiferentes aos outros, como
querem os homens sem Deus nem salvação que nós sejamos em nossa vida dita
religiosa. O amor de Deus que está em nossos corações leva-nos, sim, a
evangelizar, a dizer aos outros que precisam crer em Cristo Jesus para
alcançarem a salvação de suas vidas, para terem a vida eterna.
- A alegação, que vemos muito em nossos dias e
que, pasmem todos, já conquistou a mente de muitos que cristãos se dizem ser,
de que a vida religiosa deve ser exercida de modo particular, de que a
divulgação da nossa fé aos outros, o chamado “proselitismo religioso” é algo
desrespeitoso, não merece qualquer guarida na vida de um cristão genuíno,
autêntico e verdadeiro.
- É evidente que a divulgação
do Evangelho não significa uma imposição, mas, sim, uma proposição, ou seja,
nós iremos pregar o Evangelho não para impor a doutrina aos homens, mas para
lhes propor o caminho da salvação. Somos servos de Deus e, como tal, temos de,
a exemplo do Criador, respeitar o livre-arbítrio das pessoas.
- No entanto, não podemos, de forma alguma,
reservar esta fé e esta notícia da salvação às quatro paredes de nossos templos
ou a nossos lares, pois isto não é assunto que deva ficar restrito aos que já
foram alcançados pela salvação. A igreja não é um “clube fechado”, mas uma
agência de salvação. Se realmente amamos o próximo, se temos o amor de Deus,
devemos, a exemplo de Paulo, querer que os homens não só sejam salvos, mas que
cresçam espiritualmente, se santifiquem e alcancem uma vida virtuosa. Temos
agido desta maneira?
- Paulo, como amava os filipenses, queria
que eles obedecessem ao Senhor, não só na presença do apóstolo, mas, muito
mais, na sua ausência, ausência que já se fazia prolongada por causa da sua
prisão.
- Com relação aos crentes de Filipos, aliás, o
apóstolo dá testemunho de que eles estavam a obedecer tanto na sua presença,
quanto na sua ausência, algo, aliás, que não se verificara na igreja em Corinto
(II Co.13:10).
- Assim, há igrejas em que, na ausência do
ministro, do pai na fé, comportam-se de uma maneira diversa da quando ele se
faz presente. Lamentavelmente, ha igrejas locais, departamentos e grupos que
fazem jus ao provérbio inglês “when the cat ist away, the mice play”, ou seja,
“quando o gato está fora, os ratos fazem a festa”. Será que temos nos
comportado desta forma, amados irmãos?
- O apóstolo é bem claro ao afirmar que a
obediência devida é a Deus e, como Deus sempre está presente, não podemos
condicionar nossa vida à presença, ou ausência, das lideranças. Este não é um
comportamento digno de quem quer entrar nos céus. Como temos agido, amados
irmãos? Pensemos nisto!
- Mas, além da obediência, que o apóstolo já
sabia haver entre os crentes de Filipos, havia um outro pedido, que era
fundamental para que se tivesse uma vida virtuosa, uma vida que repetisse o
exemplo de Cristo Jesus, que tivesse o mesmo sentimento que houvera em Nosso
Senhor durante o Seu ministério terreno. Era fundamental que os crentes de
Filipos “operassem sua salvação com temor e tremor”.
- O significado de “operar” aqui, que a Nova
Versão Internacional traduz como “pôr em ação” e Tradução da CNBB por
“realizar”, é o de “produzir”, “conseguir”, “atingir”. “…Paulo mostra que
realmente pomos em funcionamento a nossa salvação, em termos não-legalistas.
(…). O processo (do princípio ao fim, da conversão à glorificação), na
realidade terá de ser efetuado mediante o exercício da vontade humana, que
‘acolhe e encoraja’ a vontade divina, para que esta opere.(…). Desenvolvemos
nossa salvação porque cada avanço na espiritualidade é realizado por nós, na
medida em que vamos cooperando com o poder divino. Nenhum avanço pode ser
atingido sem essa cooperação.(.). A essência desta ideia é a de que ‘somos
responsáveis’ por cada passado de nossa salvação, incluindo a conversão (quando
nos achegamos a Cristo), a santificação (quando permitimos que o Seu Espírito
nos torne santos) e as boas obras (quando pomos em prática a lei do amor)…” (CHAMPLIN, R.N. Novo Testamento
interpretado versículo por versículo, v.5, pp.33-4).
- Vemos, pois, que “operar a salvação com
temor e tremor” nada mais é que viver uma vida virtuosa, deixar aflorar em
nossa vida as “virtudes teologais” que, unidas às “virtudes humanas”, possam
fazer com que sejam pessoas que praticam boas obras, que sejam “homens e
mulheres de bem”, cujo testemunho possa fazer com que as pessoas glorifiquem a
nosso Pai que está nos céus (Mt.5:16).
- “Temor e tremor” é expressão
que tem o significado, segundo os estudiosos do grego do Novo Testamento, da
“ansiedade de alguém que, não confiando em suas próprias habilidades, faz o
melhor de si para cumprir os seus deveres religiosos” (Strong 5156 apud Bible
Works). Como explica Weadlaw, citado por Russell Norman Champlin: “ ‘…temor,
autodesconfiança, consciência sensível, vigilância contra a tentação; uma
inspiração que se opõe à altivez de espírito, o cuidado para que se não caia,
constante apreensão ante o fato de que o coração é tão enganoso, o temor devido
ao poder insidioso da corrupção no íntimo.’…”. E acresce o próprio Champlin: “
…Um respeito são é aqui recomendado, e até mesmo o temor, no sentido ordinário
do termo, porquanto o nosso Senhor é o Rei dos reis.…’ (Novo
Testamento interpretado versículo por versículo, v.5, p.34).
- ‘Temor e tremor” é uma expressão que nos
mostra que, em nossa vida cristã, devemos reconhecer o senhorio de Cristo não
somente sobre as nossas vidas, mas sobre todo o Universo, sabendo que
devemos-Lhe obedecer não por medo, mas por tendo bem ciência de que todo joelho
se dobrará a Ele e que horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo (Hb.10:31).
- Paulo queria que os crentes de Filipos jamais
se esquecessem de que estavam a servir ao Rei dos reis, ao Senhor dos senhores,
que a vida cristã não é uma brincadeira, um mero exercício religioso, mas algo
que nos garante a nossa eternidade com Aquele que está sobre todo o nome.
- Esta seriedade da nossa posição diante de
Cristo tem sido negligenciada por alguns em nossos dias. Muitos estão a
“brincar de ser crentes”, a levar uma vida espiritual frívola e superficial. A
reduzir a vida com Cristo a uma mera ocasião social, nos domingos à noite,
onde, aliás, infelizmente, em muitos casos, não há sequer um encontro com o
Senhor Jesus, mas uma mera sessão teatral, um mero instante de entretenimento e
de alívio emocional enganoso e ilusório.
- O proverbista diz que assim como o louco que
lança de si faíscas, flechas e mortandades, é o homem que engana o seu próximo
e diz que o fez por brincadeira (Pv.26:18,19). Como, então, qualificar alguém
que procura enganar ao Senhor, que tem uma vida espiritual dúplice e
claudicante? Muito mais do que louco!
- Paulo mostra aos filipenses a seriedade da
vida cristã e a necessidade de sermos obedientes ao Senhor em todo o tempo,
incondicionalmente, independentemente das circunstâncias. Esta noção tem
faltado a muitos que, tendo má compreensão do que seja o amor e a graça de
Deus, acham que podem “brincar com o pecado”, podem ter uma vida irresponsável
diante do Senhor.
- Temos de ser obedientes a Deus, submissos a
Ele, em todo o tempo, com todo o coração, é o que nos ensina o apóstolo Paulo
nesta sua recomendação aos crentes de Filipos.
- Neste sentido, podemos até dizer que nos
falta aqui uma certa noção que vem do islamismo. Aliás, a palavra “islão” já
significa “submissão” e é nesta atitude que se encontra a essência do
relacionamento com Deus segundo os muçulmanos. Verdade é que não é esta toda a
realidade que Deus Se revelou aos homens na Bíblia Sagrada, mas este lado tem
sido indevidamente negligenciado por muitos que cristãos se dizem ser na
atualidade.
- Devemos realizar a nossa salvação com “temor
e tremor”, ou seja, reconhecendo a soberania de Cristo e sabendo que precisamos
nos dedicar totalmente a fazer a Sua vontade, mesmo que isto represente um
verdadeiro “terremoto” em nossa maneira de viver.
- Nesta mudança completa em nossos hábitos, não
podemos confiar em nós mesmos, mas, sim, em Deus, que “opera em nós tanto o
querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade” (Fp.2:13).
- Transformados pela salvação em Cristo Jesus,
sendo “novas criaturas” (II Co.5:17; Gl.6:15), temos de ter a convicção de que
não somos mais quem vivemos, mas é Cristo que vive em nós (Gl.2:20) e, desta
forma, não há porque temermos as mudanças que sobrevirão em nossas vidas, pois
não só passaremos a querer o que Deus quer, mas cumpriremos a Sua vontade.
- Deus opera em nós tanto o querer como o
efetuar, pois, em Deus, o desejo já é uma realidade. Encontra-se aqui,
aliás, uma grande diferença entre Deus e o homem. Enquanto em Deus, o querer já
é o efetuar, no ser humano há uma distância entre a vontade e a realidade,
distância esta que nos faz entender quanto devemos depender de Deus.
- Quando nos esforçamos em
obedecer ao Senhor, em nos aproximar d’Ele, em buscar a sua presença, em termos
cada vez mais intimidade com o Senhor, Ele passa a efetuar em nós o Seu querer,
de modo que a nossa salvação é desenvolvida, é realizada, caminhamos cada dia
em direção ao Senhor.
- A
realidade da nossa vida cristã deve ser tal que devemos repetir as palavras do
poeta sacro: “A cada passo que eu dou na vida é um degrau a mais que subo ao
céu. Em Cristo, tenho a melhor guarida e da morte não temo labéu. A cada passo
vou me aproximando daquele lar que Cristo prometeu e, passo a passo, sigo
caminhando, a cada instante mais perto de Deus”. É esta a nossa vida?
- Após
ter reconhecido a obediência dos crentes de Filipos e, de igual modo,
recomendado aos seus amados irmãos em Cristo que desenvolvessem a sua salvação
com temor e tremor, o apóstolo, partindo do exemplo de Cristo Jesus, diz,
concretamente, o que esperava ver na vida dos crentes filipenses quando
chegasse a vê-los novamente.
- A
vida virtuosa desejada pelo apóstolo Paulo aos filipenses começava com uma vida
ausente de murmurações e contendas (Fp.2:14): “Fazei todas as coisas sem
murmurações nem contendas”.
- Temos
aqui dois componentes que impedem as pessoas de “a cada passo caminhar rumo ao
céu”. A primeira delas é a murmuração, elemento que, inclusive, impediu o povo
da geração do êxodo de ingressar na Terra Prometida (Nm.14:27-38).
- “Murmuração”,
diz o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, significa “ato ou efeito de
murmurar; murmúrio; rumor infundado; boato; falatório depreciativo; detração;
maledicência”. Vem do latim “murmuratio, onis”, que significa
“descontentamento”. Esta palavra, por sua vez, vem da raiz “mu”, que vem do
grego “mu”, que é uma onomatopeia, a reprodução do grunhido de um cão, de um
gemido de dor.
- No
Antigo Testamento, a palavra hebraica é “tawlunah” (תלונה ) ou “talunah” (תלנה ), que tem exatamente o significado
já mencionado no dicionário da língua portuguesa, sendo que, em o Novo
Testamento, a palavra grega é “gongusmós” (γογγυσμός), que também tem o mesmo sentido já aludido.
OBS: Em I Pe.2:1, a palavra traduzida por “murmurações” na
Versão Almeida Revista e Corrigida é “katalalia”, cujo significado mais preciso
é o de “maledicência”, tanto que é esta a palavra utilizada na Nova Versão
Internacional, na Bíblia de Jerusalém e na Versão Almeida Revista e Atualizada.
-
Percebemos, por primeiro, pois, que a “murmuração” é um falar que nos aproxima da
irracionalidade,
pois se trata de um gemido de dor, de um grunhido de cão, ou seja, algo
decorrente do instinto, algo que não é necessariamente pensado e que decorre de
uma situação de desagrado, de infelicidade. É, como diz o Comentário VINE, de
“dizer algo em tom baixo”, “queixar-se com indignação”.
-
Notamos, portanto, que a “murmuração” é uma atitude que nasce de um desagrado, de uma situação emocional adversa, em que a pessoa age por instinto,
sem pensar naquilo que está a fazer. É uma ação de quem se deixa levar
instintivamente, ou seja, pela “carne”, pela natureza pecaminosa.
- Bem se
vê, pois, que a “murmuração” não tem guarida em um ser que é guiado pelo Espírito Santo, que não mais anda segundo a carne, mas pelo
Espírito (Rm.8:1). É atitude de quem é sensual, ou seja, que se guia pelos
instintos, e que, portanto, não tem o Espírito (Jd.19).
- Quando
vemos o povo de Israel murmurando na caminhada para a Terra Prometida, bem
percebemos que isto se dava porque eles eram movidos pelas necessidades
imediatas que estavam a passar (fome, sede, desejos), necessidades que os faziam
desconsiderar a Deus e a todas as maravilhas que o Senhor estava a operar no
meio do povo.
- Na murmuração, ainda que “à boca pequena”
(numa clara demonstração de que há a noção da soberania divina), o ser humano
mostra o Seu desagrado para com Deus, revela, assim, uma falta de temor e de
tremor, precisamente o que o apóstolo recomendara para os filipenses.
- O
problema maior, em torno da murmuração, é que ela se espalha no meio do povo,
é uma verdadeira praga, que a todos contamina e faz com que a situação se torne
de rebelião contra o próprio Deus (Ex.16:7; Nm.14:27; 17:10).
- Quem
murmura deixa de ser guiado pelo Espírito Santo e começa a andar segundo a
carne e, por conseguinte, corre sério risco de morrer espiritualmente, “…porque
a inclinação da carne é morte (…) a inclinação da carne é inimizade contra Deus
(…) os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm.8:6-8).
- Quando
Paulo diz aos filipenses que nada fizessem por “murmuração”, estava a
pedir-lhes que não permitissem que se deixassem levar pela carne e, assim,
deixassem de servir ao Senhor. Escrevendo aos coríntios, Paulo bem claro ao
mandar que os salvos não murmurassem, para que não pereçamos, a exemplo da
geração do êxodo, pelo destruidor (I Co.10:10).
- Quantos
que não estão a fazer aquilo que Paulo recomendou expressamente que os
filipenses não fizessem? Quantos que não param de murmurar e de reclamar, dando
vazão à carne e comprometendo a sua salvação? Tomemos cuidado, amados irmãos!
- O
apóstolo também recomenda que os filipenses nada fizessem por contenda,
expressão que não haveremos aqui de minudenciar, pois já tratamos deste assunto
na lição anterior, quando vimos que a contenda, igualmente uma obra da carne, é
um subproduto da soberba e da perversão.
- Somente
fazendo as coisas sem murmuração nem contenda, os salvos podem ser
irrepreensíveis e sinceros (Fp.2:15), duas características fundamentais
para que um salvo seja, efetivamente, um servo do Senhor, um filho de Deus.
-
“Irrepreensível” é aquele que “não dá margem a repreensão ou censura; sem
nenhuma falha; perfeito; escorreito”. No texto em apreço, a palavra grega
empregada é “amemptos” (άμέμπτως), cujo significado é “sem culpa”,
“digno de nenhuma censura”, “livre de falta ou de defeito”.
- Para
que os salvos sejam pessoas que não sejam censuradas nem reprovadas seja pelos
demais membros em particular da Igreja, seja pelos incrédulos, é indispensável
que tudo seja feita sem murmuração nem contenda. Quando agimos por humildade,
considerando os outros superiores a nós mesmos e aceitamos a vontade de Deus em
nossas vidas, confiando no Senhor e não dando margem aos nossos instintos,
temos condição de ser “irrepreensíveis”.
- O
apóstolo deixa-nos aqui a preciosa lição de que a “irrepreensibilidade” não é algo que venha de nós. Pelo contrário, é uma consequência de nos guiarmos pelo Espírito
Santo, de não fazermos a nossa própria vontade, mas, sempre, de cumprirmos a
direção e orientação do Santo Espírito, de podermos cumprir a Sua vontade.
- Quando
agimos pelos nossos instintos, quando resolvemos agir “segundo a nossa cabeça”,
certamente damos margem a que sejamos censurados pela Igreja, certamente damos
um passo mais distante do Senhor, ficando à mercê do destruidor que poderá
fazer com que nós pereçamos e não entremos no lar celestial.
- Mas,
além de irrepreensíveis, devemos, também, ser sinceros. “Sincero”, segundo o
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é aquele “que se exprime sem artifício
nem intenção de enganar ou de disfarçar o seu pensamento ou sentimento; que é
dito ou feito de modo franco, isento de dissimulação; em quem se pode confiar;
verdadeiro, leal; que demonstra afeto; cordial.”
- Em Fp.2:15, a palavra grega empregada é
“akeraios” (άκέραιος),
cujo significado é de “não misturado”, “puro”, “sem mistura do
mal, livre de culpa, inocente, simples”.
- Quando
nada fazemos por murmuração ou contenda, ou seja, quando fazemos o bem de
coração, temos o hábito de fazer bem porque temos as “virtudes teologais”
infundidas em nós pelo Espírito Santo, quando os inclinamos a praticar boas
obras, como resultado de um caminhar decidido em direção ao Senhor, somos
“sinceros”, ou seja, “não temos culpa”, “não temos mistura”, não permitimos que
o velho homem, o homem carnal “desça da cruz”, mantemo-nos “crucificados com
Cristo” (Gl.2:20) e, deste modo, fazemos tão somente a vontade do Senhor.
- Não é
um processo fácil, porquanto este “velho homem” não desapareceu ainda de nosso
interior. Encontra-se crucificado com Cristo, mas ainda presente, combatendo
contra o nosso espírito (Gl.5:17). Mas, se alimentarmos o nosso espírito,
aproximando-nos cada vez mais do Senhor, buscando a nossa santificação por meio
da meditação nas Escrituras, da oração, do temor a Deus, da digna participação
na ceia do Senhor, que são os mais importantes “meios de santificação”,
certamente poderemos ter esta sinceridade que é requerida aqui pelo apóstolo
aos crentes de Filipos.
- Esta
irrepreensibilidade e sinceridade do salvo faz com que ele tenha um
comportamento completamente diferente, contrário ao do restante das outras
pessoas que não tem a salvação em Cristo Jesus. Paulo é claro ao dizer que,
ante esta irrepreensibilidade e sinceridade, o salvo surge como “filho de Deus
inculpável no meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual
resplandeceis como astros no mundo” (Fp.2:15).
- Temos
aqui, então, uma demonstração cabal de que o salvo é diferente do incrédulo.
É luz, enquanto o mundo está em trevas. Jesus disse que nós somos a luz do
mundo (Mt.5:14), luz está que advém do próprio Cristo, Ele, em sentido próprio,
a luz do mundo (Jo.8:12).
- Esta
luz, que brilhava por si só enquanto o Senhor Jesus estava no mundo (Jo.9:5),
agora é vista mediante o reflexo advindo da Igreja, do conjunto dos salvos em
Cristo Jesus, que, como espelho, refletem a glória do Filho de Deus (II
Co.3:18), fazendo com que os homens glorifiquem ao Pai que está nos céus
(Mt.5:16).
- É bem
este o sentido que o apóstolo nos indica aqui, pois a palavra “astros” é, no
original, a palavra grega “foster” (φωστήρ), que a Versão Almeida Revista e Atualizada
traduziu por “luzeiros”, querendo, com isto, indicar que se trata de um corpo
celeste que não tem luz própria, mas que irradia a luz de outrem. Aliás, F.
Wilbur Gingrich e Frederik W, Danker, em seu Léxico do Novo Testamento
Grego/Português, entende que o melhor significado para esta palavra grega é
“esplendor, radiância”.
-
Enquanto a geração do mundo é corrompida e perversa, ou seja, se deixou dominar
pelo pecado, caminha de abismo em abismo (Sl.42:7), vivendo perversamente, cada
vez mais aprofundada no pecado, os “filhos de Deus” exsurgem como “luzeiros”,
como “esplendores”, refletindo a glória de Deus e mostrando uma vida “sem a
culpa do pecado”, uma vida de total liberdade, já que não mais são escravos do
pecados, libertos que foram pelo Senhor Jesus.
- Não se
pode, diante deste quadro que o apóstolo Paulo queria ver em Filipos quando ali
chegasse, concordar com aqueles que, nos dias hodiernos, defendem um “outro
evangelho”, um evangelho que compactua com os costumes mundanos, com a
mentalidade pós-moderna vigente, um evangelho que, como dizia o suadoso pastor
Walter Marques de Melo, é um evangelho “light”, que não erradica o pecado, nem
com ele rompe.
-
Lamentavelmente, existem milhões e milhões de sedizentes crentes que não são
filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e perversa que
resplandecem como astros no mundo.
- Por primeiro, não são filhos de Deus, pois
não estão sendo guiados pelo Espírito Santo (Rm.8:14). Quem é guiado pelo
Espírito Santo, é guiado em toda a verdade (Jo.16:13), verdade esta que é a
Palavra de Deus (Jo.17:17).
-
Todavia, estes sedizentes crentes não pautam sua vida de acordo com a Bíblia
Sagrada, mas estão a seguir doutores conforme as suas próprias concupiscências,
pois não suportam mais a sã doutrina (II Tm.4:3), preferindo seguir fábulas,
invenções humanas, interpretações distorcidas das Escrituras a obedecer o que
contém a Bíblia, que, para eles, é um “livro antiquado que precisa evoluir”.
- Por
segundo, não são inculpáveis, pois, como não se santificam pela Palavra de Deus
(Jo.17:17), carregam consigo a culpa do pecado, pois voltaram a pecar, voltaram
a seguir a carne, a sua natureza pecaminosa, já que não são guiados pelo
Espírito Santo. Portanto, corromperam-se, retornaram à escravidão do pecado.
- Por
terceiro, como entraram em comunhão com o mundo, com o pecado, com a geração
corrompida e perversa, já não mais refletem a glória de Deus, perderam o brilho
da salvação, estão entenebrecidos, andam agora nas trevas. Suas ações são em
tudo idênticas aos que afirmam não crer em Cristo, são apenas “cristãos
nominais”, mas seus frutos demonstram claramente que não mais estão na luz. São
pessoas que amaram mais as trevas do que a luz e, por isso mesmo, abandonaram o
caminho santo, para que suas obras não sejam reprovadas (Jo.3:19-21).
- Como é
triste constatar que esta é a situação de muita gente que se diz cristã na
atualidade, aqueles que, por se multiplicar a iniquidade, tiveram seu amor a
Deus esfriado (Mt.2412) e, por isso, apostataram da fé, dando ouvido a
espíritos enganadores e a doutrinas de demônios (I Tm.4:1). Que Deus nos dê a
graça de não pertencer a estes “quase todos” que estão a caminhar por veredas
sombrias e tortuosas!
- Paulo
não queria chegar a Filipos e ver uma igreja apostatada, uma igreja que
estivesse desviada dos caminhos do Senhor. Que também seja este o desejo
sincero de cada irmão em Cristo Jesus nestes últimos dias da dispensação da
graça. Lutemos para arrebatar os nossos irmãos da apostasia que tem grassado e
levado a quase todos os que cristãos se dizem ser. E quando falamos “quase
todos”, não estamos sendo alarmistas, pois é este o sentido da palavra grega
traduzida por “muitos” em Mt.24:12. Que Deus nos guarde!
- Para
sermos filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e perversa
e resplandecermos
como astros no mundo, é necessário que “retenhamos a Palavra da vida” (Fp.2:16).
- Não há
como nos mantermos em santificação e nos aproximando cada vez mais do Senhor
Jesus e da “estatura completa de Cristo” se não “retivermos a Palavra da vida”,
se não alimentarmos nosso homem interior com a Palavra de Deus (Mt.4:4).
- É
preocupante verificarmos, em nossos dias, o pouco tempo que se dedica à
meditação nas Escrituras, este alimento diário que deve alimentar e fortalecer
o nosso espírito, que combate diuturnamente contra a carne em nosso interior.
-
Recentemente, um líder de adolescentes de uma igreja onde fomos dar um
ensinamento, disse-nos que inquiriu o conjunto de adolescentes, cerca de trinta
pessoas, quem não lia uma palavra sequer da Bíblia Sagrada durante a semana e,
para seu espanto, todos os adolescentes disseram que era exatamente o que
ocorria em suas vidas! Como podemos, amados irmãos, ser filhos de Deus
inculpáveis no meio de uma geração corrompida e perversa se não temos uma
leitura devocional das Escrituras diariamente?
-
Poderíamos ficar imunes a doenças e manter uma saúde física se não nos alimentássemos
diariamente? Certamente que não! É exatamente isto que se faz necessário em
nosso aspecto espiritual com relação à Bíblia Sagrada!
- Paulo é bem claro ao dizer aos filipenses que
eles precisavam “reter a Palavra da vida” para que pudessem ter uma vida
virtuosa, para que pudessem fazer o bem, para que pudessem levar as pessoas a
glorificar o nosso Pai que está nos céus.
- Era
isto que Paulo desejava ver nos crentes filipenses quando ali chegasse. Era
este o motivo que o fazia gloriar (Fp.2:16). O apóstolo diz que a razão de ser
de seu trabalho era ver os crentes salvos, crendo em Cristo, mas vivendo uma
vida de contínua aproximação para com o Senhor.
- Paulo
não se impressionava com o número de pessoas que se convertiam e desciam às
águas do batismo e se faziam membros da igreja. Não, não e não! Paulo somente
entendia ter tido êxito em seu trabalho quando verificava que estes crentes que
haviam crido, se batizado e se tornado membros da igreja local tinham uma vida
de retenção da Palavra da vida e apareciam, no meio da geração corrompida e
perversa, resplandecendo como astros no mundo.
- Nos
dias em que vivemos, não são poucos os obreiros que entendem ter “cumprido a
missão” tão somente quando levam a seus superiores na hierarquia eclesiástica
relatórios financeiros exitosos, quando mostram a igreja cheia de pessoas nos
cultos dominicais noturnos, quando apresentam números de pessoas que são
levadas ao batismo nas águas.
- Tudo
isto é muito bom e serve até de um indício de que se está realizando a contento
a obra de Deus, mas, muito mais do que isto, é preciso verificar como estão
vivendo estes sedizentes cristãos. Têm eles vivido como filhos de Deus
inculpáveis no meio de uma geração corrompida e perversa, resplandecendo como
astros no mundo? Ou vivem eles como qualquer incrédulo, convivendo com uma vida
pecaminosa, sendo dignos de censura e reprovação por todos, sendo verdadeiros
hipócritas religiosos?
- O
apóstolo diz que somente teria certeza de que não tinha trabalhado em vão se
observasse uma vida virtuosa entre os crentes de Filipos (Fp.2:17). Será que
nosso trabalho tem sido em vão, amados ministros?
- Em
havendo a presença desta vida virtuosa entre os crentes de Filipos, o apóstolo
não se importava em ter de morrer por causa da fé. Seria martirizado com
alegria, pois saberia que havia, realmente, preparado uma igreja que se
apresentasse a Cristo como uma virgem pura a seu marido (II Co.11:2).
- O
pastor, aquele que apascenta o rebanho do Senhor, não deve ter outro objetivo,
outra finalidade em seu trabalho senão levar aquele rebanho como uma virgem
pura ao marido, a Cristo, por ocasião do arrebatamento da Igreja, quando nos
encontraremos com o Senhor nos ares para vivermos para sempre com Ele (I
Ts.4:16,17). Deve ser esta a sua meta, o móvel de toda a sua atividade.
- Ao
falar sobre o seu destemor de ser morto por causa do Evangelho, Paulo usa a
expressão “ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício” (Fp.2:17).
Aqui, mais uma vez, vemos que o apóstolo tinha bem consciência de qual era a
sua posição na obra de Deus.
- Paulo
não se apresenta como sendo “o sacrifício”. O apóstolo bem sabia que o único
sacrifício agradável a Deus foi o do próprio Cristo, o Cordeiro de Deus que
tirou o pecado do mundo (Jo.1:29), coisa que Jesus fez “…uma vez, oferecendo-Se
a Si mesmo” (Hb.7:27), por intermédio do “…Seu próprio sangue, entrou uma vez
no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção” (Hb.9:12), Cristo que “…Se
ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus”, cujo sangue purifica as nossas consciências
das obras mortas para servirmos ao Deus vivo (Hb.9:14).
- Paulo tinha absoluta consciência de que não
podia salvar-se a si mesmo e que dependia do sacrifício único de Cristo no
Calvário para ter acesso ao Pai. Mas, poderia, sim, ser a “libação sobre o
sacrifício”. A “libação” nada mais era, dentro do cerimonial dos sacrifícios na
lei, que o verter de uma bebida sobre o altar, bebida esta que outra não era
senão o próprio sangue da vítima (Lv.1:5,11;3:2), “…numa espécie de gesto final
de consagração do sacrifício. Paulo não negava o sangue de sua própria vida
(não pretendia evitar o martírio), contanto que isso fizesse a fé dos crentes
filipenses avançar. E nisso se pode ver, como é óbvio, a extraordinária
dedicação do apóstolo dos gentios, tal como, em Rm,12:1, cada um de nós é
convocado para ser um ‘sacrifício vivo’.…” (CHAMPLIN, R.N. op.cit., p.37).
- Este
sentido dado a Paulo ao eventual efeito de sua morte sobre a fé dos crentes tem
sido verificado ao longo da história da Igreja. Tertuliano (±160-220), outro
dos chamados Pais da Igreja, foi explícito ao afirmar que “o sangue dos
mártires é a semente de novos cristãos” e o que disse não ficou apenas
circunscrito às perseguições romanas vivenciadas por aquele pai da Igreja mas
tem acompanhado a Igreja desde o seu nascedouro.
-A
alegria não deveria ser apenas de Paulo, mas o apóstolo queria que os próprios
crentes de Filipos se alegrassem ao ver uma vida virtuosa entre os irmãos, ao
contemplarem o “serviço da fé”, ou seja, uma fé operosa, que produzisse frutos
de justiça, que se traduzisse em uma vida diferente e completamente distinta da
que era vivida pelos que não tinham a salvação.
- Será
que podemos ter esta alegria que Paulo e os filipenses certamente desfrutaram
quando o apóstolo esteve entre eles? Será que podemos observar, entre nós, em
nossa vida, em nossa igreja local, astros resplandecentes no mundo, filhos de
Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e perversa? Ou será que a
podridão do mundo já tem nos alcançado?
- Temos
aqui a quinta alegria mencionada pelo apóstolo nesta carta aos filipenses,
a “carta a alegria”, que é a “alegria de sofrer por Cristo”. “…Nessa carta constantemente Paulo
está face a face com a morte; considera o seu martírio como probabilidade. Neste
versículo Paulo se transporta em seu pensamento para o templo em Jerusalém na
hora do sacrifício. A vítima está imolada e posto no altar: o fogo está acesso.
Chegou o momento cruciante, o auge da cerimônia toda: o sacerdote derrama sobre
a vítima a libação. É o que aperfeiçoa o sacrifício. Paulo se considera essa
libação , o que completa o serviço e sacrifício da fé dos filipenses. O seu
martírio seria justamente isso, a libação sobre o sacrifício. Por isso, os
filipenses deveriam se alegrar, e alegrar-se juntamente com ele. Alegria no
sofrimento, mesmo que este seja o sacrifício supremo.…” (SENA NETO, José Barbosa de. Carta aos filipenses: a carta da alegria!
Disponível em: http://prbarbosaneto.blogspot.com.br/2008/01/carta-aos-filipenses-carta-da-alegria.html
Acesso em 29 maio 2013).
- Esta
alegria, que, do ponto-de-vista puramente humano pareceria incompreensível, é
resultado da comunhão com Deus, da comunhão no Espírito. A alegria aqui
existente é espiritual, uma das qualidades do fruto do Espírito (Gl.5:22). Era
a mesma alegria apresentada pelos apóstolos depois que foram açoitados por
ordem do Sinédrio (At.5:41), é a convicção de que se está no mesmo caminho
trilhado por Cristo, de quem verifica que o Senhor o fez digno de padecer por
causa do Evangelho.
- Somos
capazes de sentir esta alegria? Será que temos a visão espiritual capaz de nos
fazer entender que o sofrimento por causa do Evangelho, por causa do nome de
Jesus é uma bem-aventurança (Mt.5:11,12)? Ou nossa vida “espiritual” não vai
além dos sentimentos, das emoções puramente humanas, que sucumbe ante a
sofrimentos, perseguições, dificuldades ou, mesmo, ameaças de morte? Pensemos
nisto!
- O salvo
em Cristo, como nos mostra o apóstolo, é uma pessoa que tem uma vida virtuosa,
uma vida completamente diferente dos demais que habitam este planeta. Será que,
aos olhos do apóstolo, seríamos considerados cristãos? Pensemos nisto!
FINALIZADO O 1º SUBSÍDIO FEITO PELO PROF. CARAMURU, AGORA VAMOS PARA OS VÍDEOS E O ÚLTIMO SUBSÍDIO DE AUXÍLIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
1º Vídeo - Aula ministrada pelo Ev. Natalino das Neves - IBADEP
2º Vídeo - Aula ministrada pelo Pr. Alexandre Coelho para EBD da Assembléia de Deus em Londrina.
3º Vídeo - Aula ministrada pelo Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco - AD-Belemzinho
Lição 5 – 04 de Agosto de 2013 - CPAD
As Virtudes dos Salvos em Cristo
TEXTO ÁUREO
"Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade" (Fp 2.13).
VERDADE PRÁTICA
A salvação é obra da graça de Deus, garantida à humanidade mediante a morte expiatória de Jesus.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Filipenses 2.12-18
12 - De sorte que, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também operai a vossa salvação com temor e tremor;
13 - porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.
14 - Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas;
15 - para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo;
16 - retendo a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão.
17 - E, ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós.
18 - E vós também regozijai-vos e alegrai-vos comigo por isto mesmo.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Ele os exorta à diligência e seriedade na jornada cristã: “...operai a vossa salvação”. É a salvação da nossa alma (1 Pe 1.9), e a nossa salvação eterna (Hb 5.9) e contém libertação de todos os males que o pecado trouxe sobre nós, e a possessão de todo o bem e tudo que é necessário para a nossa felicidade completa e final. Observe: Acima de qualquer coisa estamos preocupados com o bem-estar da nossa alma: independentemente do que acontece com as outras coisas, precisamos cuidar dos nossos melhores interesses. E a nossa própria salvação, a salvação da nossa alma. Não cabe a nós julgar as outras pessoas; precisamos olhar para nós mesmos; e, embora devamos fomentar a salvação comum (Jd 3) tanto quanto possível, não podemos negligenciar a nossa própria. É nos dito que devemos operar a nossa salvação, katergazesthe. A palavra significa operando completamente ou perfeitamente em algo, e suportando verdadeiras dores. Observe: Devemos ser diligentes no uso de todos os recursos que conduzem à nossa salvação.
Não devemos apenas trabalhar para a nossa salvação, ao fazer algo de tempos em tempos acerca dela; mas devemos operar a nossa salvação, ao fazer tudo que precisa ser feito e perseverar nisso até o fim. A salvação é a grande coisa que deveria nos importar, e nela deveríamos colocar o nosso coração; e não podemos obter a salvação sem o máximo de cuidado e diligência. Ele acrescenta: “...com temor e tremor”, isto é, com grande cuidado e prudência: “Tremendo de medo para não fracassarem e ficarem para trás. Sejam cuidadosos para fazer tudo na melhor maneira, e temam para que diante de todos os nossos benefícios não venhamos a ficar para trás” (Hb 4.1). O medo é um grande vigia e protetor contra o mal.
Ele ressalta isso depois de elogiar a prontidão deles em sempre obedecer ao evangelho: “...assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência(v. 12). Vós sempre estivestes dispostos a concordar com cada descoberta da verdade, tanto na minha ausência quanto na minha presença. Vós deixastes claro que a estima por Cristo e o cuidado pela vossa alma tem maior importância do que qualquer outra coisa”. Eles não estavam tementes meramente com a presença do apóstolo, continuavam tementes muito mais na sua ausência. “E uma vez que Deus é o que opera em vós, operai a vossa salvação. Operai, porque Ele operou”. Isso deveria encorajar-nos a fazer o nosso máximo, para que o nosso trabalho não venha a ser inútil. Deus está pronto a contribuir com sua graça e auxiliar nos nossos esforços fiéis. Observe: Embora devamos usar todos os nossos esforços em operar a nossa salvação, devemos continuar dependendo da graça de Deus. Sua graça trabalha em nós de acordo com a nossa natureza, e em colaboração com os nossos esforços; e as operações da graça de Deus em nós tem a intenção de acelerar e intensificar os nossos esforços. “E operai a vossa salvação com temor e tremor porque Ele opera em vós”. Todo o nosso operar depende do operar dele em nós. “Não zombem de Deus com negligências e protelações, para não provocá-lo a retirar a sua ajuda, e todos os seus esforços acabem sendo em vão. Operem com temor, porque Ele opera de acordo com a sua boa vontade”. “...tanto o querer como o efetuar”: Ele dá toda a capacitação. E a graça de Deus que inclina a vontade para aquilo que é bom, e então nos capacita a realizá-lo e a agir de acordo com os princípios bíblicos. “Tu és o que fizeste em nós todas as nossas obras” (Is 26.12). “...segundo a sua boa vontade”. Uma vez que não há força em nós, também não há mérito em nós. Uma vez que não podemos agir sem a graça de Deus, também não podemos reivindicá-la, nem achar que a merecemos. A boa vontade de Deus para conosco é a causa da sua boa obra em nós; e Ele não tem nenhuma obrigação em relação às suas criaturas, além de suas graciosas promessas.
O apóstolo os exorta nesses versículos a adornar a profissão de fé cristã deles por meio da disposição e da conduta adequadas, com diversos exemplos. 1. Por meio de uma obediência alegre às ordens de Deus (v. 14): “Fazei todas as coisas, fazei vosso dever em cada parte dele, sem murmurações...”. Fazei, e não busqueis encontrar qualquer defeito. Ocupai-vos de vosso trabalho sem brigas”. As ordens de Deus foram dadas para serem obedecidas, não para serem discutidas. Isso adorna grandemente a nossa profissão de fé e mostra que servimos a um bom Mestre, cujo serviço é liberdade e cujo trabalho é a sua recompensa. 2. Por meio de paz e amor mútuo. “Façam todas as coisas sem contendas, brigas, e discussões entre vocês; porque a luz da verdade e a luz da religião muitas vezes se perdem no calor da discussão”. 3. Por meio de uma atitude irrepreensível (v. 15): “Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis; para que não sejais injuriosos em palavras ou ação, e não deis ocasião justa para escândalo”.
Deveríamos nos esforçar não somente em sermos sinceros, mas também irrepreensíveis; não somente em não causar dano, mas nem ao menos causar suspeita de alguma ofensa. Irrepreensíveis e sinceros; irrepreensíveis diante dos homens e sinceros para com Deus. Os filhos de Deus. Tornam-se irrepreensíveis e sinceros aqueles que têm esse relacionamento e são favorecidos com tal privilégio. Os filhos de Deus deveriam diferir dos filhos dos homens. Inculpáveis - amometa. Momus era uma divindade crítica entre os gregos, mencionada por Hesíodo e Luciano; essa divindade não fazia nada e encontrava defeitos em tudo e em todos. Assim, todos os críticos e censuradores eram chamados de Momi. O sentido da expressão é: “Andem tão prudentemente para que nem mesmo Momus tenha motivo para criticar vocês, que o censurador não encontre falta em vocês”. Deveríamos nos esforçar não somente para chegar ao céu, mas em chegar lá sem mancha; e, semelhantemente a Demétrio, ter um bom testemunho, até da própria verdade (veja 3 Jo 12). “...no meio duma geração corrompida e perversa”; isto é, entre os pagãos e aqueles que estão do lado de fora. Observe: Onde não há religião verdadeira, pouco se pode esperar a não ser desonestidade e perversão; e quanto mais desonestos e perversos os outros são no meio das pessoas onde vivemos, e quanto mais hábeis para criticar, tanto mais cuidadosos deveríamos ser para manter-nos irrepreensíveis e sinceros. Abraão e Ló não deveriam contender, porque “...os cananeus e os ferezeus habitavam na terra” (Gn 13.7). “...entre a qual resplandeceis como astros no mundo”. Cristo é a luz do mundo, e um cristão genuíno é uma luz no mundo. Quando Deus levanta um bom homem em algum lugar, Ele institui uma luz naquele lugar. Ou, podemos ler essa expressão de forma imperativa: Entre a qual resplandecei como astros. Compare com Mateus 5.16: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens”. Os cristãos devem esforçar-se não somente para ser aprovados por Deus, mas para recomendar-se aos outros, para que também glorifiquem a Deus. Eles devem brilhar e precisam ser sinceros, “...retendo a palavra da vida” (v. 16). O evangelho é chamado de a palavra da vida porque revela e propõe a nós vida eterna por meio de Jesus Cristo. A vida e a incorrupção foram trazidas à luz, pelo evangelho (2 Tm 1.10). E nosso dever não só reter, mas entregar a palavra da vida; não somente retê-la ou preservá-la para o nosso próprio benefício, mas entregá-la para o benefício de outros; retê-la como um castiçal sustenta a vela e a torna útil para todos, ou como os corpos luminosos dos céus, que irradiam sua influência por toda parte. Essa seria a sua alegria, diz Paulo: “...para que, no Dia de Cristo, possa gloriar-me; não somente gloriar-me da sua constância e firmeza, mas da sua utilidade”. Ele gostaria que pensassem que seu trabalho tinha sido uma dádiva, e que não tinha “...corrido nem trabalhado em vão”. Observe: (1) A obra do ministério requer empregar o homem todo: tudo que está em nós é muito pouco para ser empregado nele; semelhantemente a correr e trabalhar. Correr denota paixão e vigor e um prosseguir contínuo; trabalhar requer constância e uma dedicação rigorosa. (2) E uma grande alegria para os ministros quando percebem que não correram nem trabalharam em vão; e será a glória deles no Dia de Cristo, quando seus convertidos serão a sua coroa. “Qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória? Porventura, não o sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em sua vinda? Na verdade, vós sois a nossa glória e gozo” (1 Ts 2.19,20). O apóstolo não somente correu e trabalhou por eles com satisfação, mas mostra que estava pronto para sofrer pelo bem deles (v. 17): “Ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós”. Ele se considerava feliz se podia promover a honra de Cristo, a edificação da igreja e o bem-estar da alma dos homens; não somente correndo riscos, mas mesmo estando disposto a sacrificar a sua vida. Ele estava pronto para ser um sacrifício no altar deles, para servir a fé dos eleitos de Deus. Se Paulo achava que valia a pena derramar seu sangue pelo serviço da igreja, será que não deveríamos também estar dispostos a sofrer um pouco pela obra do ministério? Será que não vale a pena despender o nosso esforço naquilo por que ele estava disposto a entregar a sua vida? Ainda que seja oferecido, ou derramado como o vinho das libações. 2 Timóteo 4.6: “Eu já estou sendo oferecido”. Ele podia regozijar-se em selar sua doutrina com seu sangue (v. 18): “E vós também regozijai-vos e alegrai-vos comigo por isto mesmo”. É a vontade de Deus que os cristãos genuínos se regozijem muito; e aqueles que estão felizes no seu ministério têm muitos motivos para alegrar-se e regozijar-se com eles. Se o ministro ama o povo e está disposto a consumir e ser consumido para o bem-estar deles, o povo tem motivos para amar o ministro e regozijar-se e alegrar-se com ele.
INTERAÇÃO
Há muitos significados que poderíamos tomar emprestado para conceituar o termo "obediência". Como, por exemplo, "sujeitar-se a vontade de", "estar sob autoridade de" e "estar sujeito". Estes manifestam o sentido estrito e real da expressão obediência. Há de se destacar, porém, que o apóstolo Paulo quando fala de obediência, refere-se à virtude - uma disposição firme para praticar o bem - de uma pessoa que abraçou a fé mediante o Evangelho de Cristo. Aqui, obedecê-lo é encarnar os valores do Reino de Deus numa perspectiva de se espalhar o bem no mundo. Para Paulo, a melhor forma de fazer isso é semeando o Evangelho, a mais bela das notícias para a humanidade.
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Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Conhecer a dinâmica da salvação.
Analisar a operação da salvação.
Saber que a salvação opera alegria e contentamento no crente.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, reproduza o esquema abaixo para os alunos. Faça-o de acordo com as suas possibilidades. Esta atividade vai auxiliá-lo na introdução do tópico I, cujo assunto é a "dinâmica da salvação".
Esclareça ao aluno que o propósito de explicar a dinâmica da salvação é meramente didático, pois nos é impossível catalogar um assunto da natureza do mistério da salvação. Seria muita pretensão nossa pensar que podemos dar conta de tão importante aspecto da salvação através de um instrumento didático. Boa aula!
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A DINÂMICA DA SALVAÇÃO
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1. Obra realizada e consumada na cruz. O brado de Cristo na cruz - "Está consumado!"- representa o significado atemporal da salvação. Nele, somos salvos do passado, guardados do presente, mas esperançosos no futuro. O pecado não tem mais poder sobre a vida do discípulo de Cristo: "Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Rm 8.1).
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2. O progresso da operação da salvação. É bem verdade que não estamos plenamente redimidos porque habitamos num corpo corrompido. Mas as palavras de Agostinho de Hipona têm muito a nos dizer sobre como devemos lidar com essa tensão: "A permanência da concupiscência em nós, é uma maneira de provarmos a Deus o nosso amor a Ele, lutando contra o pecado por amor ao Senhor; é, sobretudo, no rompimento radical com o pecado que damos a Deus a prova real do nosso amor."
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3. A plenitude da salvação. Vivemos a vida cristã numa tensão entre o "já' e o "ainda não". Isto é, o reino de Deus está entre nós, mas não se manifestou plenamente. Temos a esperança de uma transformação gloriosa que permeará toda a terra quando da vinda de Jesus: "Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus" (Rm 8.19).
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PALAVRA-CHAVE
Virtude: Na lição é a disposição firme e constante para prática do bem.
Na lição de hoje, aprenderemos que a obediência a Deus é uma virtude que deve ser buscada por todos aqueles que são salvos em Cristo. O apóstolo Paulo não duvidava da obediência dos irmãos filipenses, contudo, ele reafirma aos crentes a verdade de que a submissão ao Evangelho de Cristo é uma das principais virtudes dos salvos. Assim, a intenção do apóstolo é estimular os cristãos de Filipos a continuar perseverando na obediência ao Santo Evangelho.
1. O caráter dinâmico da salvação. No texto de Filipenses 2.12, podemos destacar três aspectos da salvação operada em nossa vida pelo Senhor Jesus. O primeiro refere-se à obra realizada e consumada de forma suficiente na cruz do Calvário. É a salvação da pena do pecado. Não somos mais escravos, e sim libertos em Cristo (Rm 8.1 Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito.). O segundo aspecto diz respeito ao caráter progressivo da salvação na vida do crente. Mesmo que o nosso corpo ainda não tenha sido transformado, resistimos ao pecado e este não mais nos domina (Rm 8.9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.; cf. 1 Jo 2.1,2).
Não obstante o fato de a salvação eterna vir de Deus, Paulo diz que o Senhor nos chama a zelar e a "desenvolvê-la" em nosso cotidiano. Por último, o texto trata da plenitude da salvação, quando finalmente o nosso corpo receberá uma redenção gloriosa e não mais teremos dor, angústia ou lágrima, pois estaremos para sempre com o Senhor (1 Ts 4.14-17 Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.).
2. Deus é a fonte da vida. Por si só o crente não pode ser salvo (Fp 2.13), pois é o Espírito Santo quem "opera" no homem a salvação (Jo 16.8-11 E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo: do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; e odo juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.). Sem o Senhor, a humanidade está cega, morta no pecado e carente da iluminação do Espírito para o arrependimento. Se na vida dos ímpios Satanás opera instigando-os à prática das obras más (2 Ts 2.9 a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira,), é o Espírito de Deus quem opera nos crentes a vida eterna (Jo 16.7-12 Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo: do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado. Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.; cf. Rm 8.9,14). Dessa forma, o salvo torna-se um instrumento de justiça num mundo corrompido.
3. A bondade divina. A ideia que a salvação tem um caráter seletivo não é bíblica. Todos têm o direito de recebê-la. O querer e o efetuar de Deus não anulam esse direito, pelo contrário, a operação do Eterno habilita qualquer pessoa à salvação através da iluminação do Evangelho (Jo 1.9 Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo,), tornando-se posteriormente útil ao Corpo de Cristo (Ef 4.11-16 E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e o conhecimento do Filho de Deus, varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em caridade, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor.; 1 Co 12.7).
SINÓPSE DO TÓPICO (1)
Por si só o crente não pode ser salvo, pois é o Espírito Santo quem "opera" no homem o desejo de salvação.
REFLEXÃO
“A pessoa sincera pauta-se pela lealdade, a lisura e a boa fé. Nada menos que isso é o que o Eterno espera do seu povo.” Elienai Cabral
1. "Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas". No versículo 14, o apóstolo Paulo destaca duas posturas nocivas à predisposição dos filipenses:
a) Murmurações. O Antigo Testamento descreve a murmuração dos judeus como uma atitude de rebelião. Quando os israelitas atravessaram o deserto, sob a liderança de Moisés, passaram a reclamar da pessoa do líder hebreu. Para eles, Moisés jamais deveria ter estimulado a saída do povo judeu do Egito (Nm 11.1 E aconteceu que, queixando-se o povo, era mal aos ouvidos do SENHOR; porque o SENHOR ouviu-o, e a sua ira se acendeu, e o fogo do SENHOR ardeu entre eles e consumiu os que estavam na última parte do arraial.; 14.1-4; 20.2-5). Esse ato constrangeu o homem mais manso da face da terra, e os israelitas receberam dele a alcunha de "geração perversa e rebelde" (Dt 32.5 Corromperam-se contra ele; seus filhos eles não são, e a sua mancha é deles; geração perversa e torcida é. 20 e disse: Esconderei o meu rosto deles e verei qual será o seu fim; porque são geração de perversidade, filhos em quem não há lealdade.). Tal "titulação" não se aplicava aos filipenses, pois eles não eram rebeldes nem murmuradores, ainda assim o apóstolo Paulo os exortou a fazer todas e quaisquer coisas sem murmurações ou queixas, tal como convém aos mansos.
b) Contendas. Em o Novo Testamento, a expressão grega para contendas é dialogismos. Essa expressão descreve as disputas e os debates inúteis que geram dúvidas e separações na igreja local. É o mesmo que discussões, litígios e dissensões. Infelizmente, muitos hoje as promovem levando, inclusive, seus irmãos aos tribunais (1 Co 6.1-8 Ousa algum de vós, tendo algum negócio contra outro, ir a juízo perante os injustos e não perante os santos? Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois, porventura, indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? Então, se tiverdes negócios em juízo, pertencentes a esta vida, pondes na cadeira aos que são de menos estima na igreja? Para vos envergonhar o digo: Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos? Mas o irmão vai a juízo com o irmão, e isso perante infiéis. Na verdade, é já realmente uma falta entre vós terdes demandas uns contra os outros. Por que não sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano? Mas vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o dano e isso aos irmãos.). Esta, definitivamente, não é a vontade de Deus para a sua Igreja.
2. "Sejais irrepreensíveis e sinceros". O apóstolo apela aos filipenses para que se achem irrepreensíveis e sinceros. Ser irrepreensível significa conduzir-se de forma correta e moralmente pura, não necessitando de repreensão. É alguém que dominou a carne, pois anda no Espírito (Gl 5.16,17 Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis.). A sinceridade é outra virtude que se opõe ao mal, ao dolo, ao engano e à má fé. A pessoa sincera pauta-se pela lealdade, a lisura e a boa fé. Nada menos que isso é o que o Eterno espera do seu povo.
3. "Retendo a palavra da vida". Para o apóstolo, reter a Palavra de Deus não é apenas assimilá-la, mas, sobretudo praticá-la, pois o poder da Palavra gera vida (Hb 4.12 Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.). Por isso, Paulo encoraja os filipenses a guardarem a Palavra, pois além de promover a vida no presente, ela ainda nos garante esperança e vida eterna para o futuro próximo.
SINÓPSE DO TÓPICO (2)
De acordo com o ensino do apóstolo Paulo, quem guarda a Palavra não murmura, não cria contendas e vive em sinceridade.
REFLEXÃO
“O apóstolo está ciente das privações que impôs a si mesmo para edificar o Corpo de Cristo em Filipos. Ele, porém, se regozija e alegra-se pelo privilégio de servir os filipenses.” Elienai Cabral
1. O contentamento da salvação operada. O apóstolo Paulo reporta-se ao Antigo Testamento para mostrar aos filipenses como, a fim de servi-los, ele entregou sua vida: "ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé" (v.17). O apóstolo está ciente das privações que impôs a si mesmo para edificar o Corpo de Cristo em Filipos. Ele, porém, se regozija e alegra-se pelo privilégio de servir aos filipenses. Em outras palavras, a essa altura, o sacrifício e os desgastes do apóstolo são superados pela alegria de contemplar, naquela comunidade, o fruto da sua vocação dada por Cristo Jesus: a salvação operada em sua vida também operou na dos filipenses.
2. A alegria do povo de Deus. O apóstolo estimula os filipenses a celebrarem juntamente com ele esta tão grande salvação (Hb 2.3 como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram;). O apelo de Paulo é contagiante: "regozijai-vos e alegrai-vos comigo por isto mesmo" (v.18). A alegria de Paulo é proveniente do fato de que uma vez que Jesus nos salvou mediante o seu sacrifício no Calvário, agora o Mestre nos chama para testemunharmos a verdade desta mesma salvação operada em nós (v.13). Portanto, alegremo-nos e regozijemo-nos nisto.
A salvação opera no povo de Deus a alegria e o contentamento.
O Evangelho nos convoca a desenvolvermos a salvação recebida por Deus através de Cristo Jesus. Devemos ser santos, como santo é o Senhor nosso Deus. Para isso, precisamos nos afastar de todas as murmurações e contendas e abrigarmo-nos no Senhor, vivendo uma vida irrepreensível, sincera e que retenha a palavra da vida (Fp 2.16). Somente assim a alegria do Senhor inundará a nossa alma e testemunharemos do seu poder salvador para toda a humanidade.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Filosófico Cristão
"Que é virtude?
A Bíblia dá maior importância à virtude moral e ao caráter, do que às regras de conduta. O homem justo e o puro de coração são eternamente bem-aventurados. E o fruto do Espírito Santo descrito em Gálatas 5 são as virtudes [...].
Que é virtude? Há pouco me referi aos motivos, intenções e disposições subjacentes, o que têm em comum, visto que são estados interiores e não comportamentos visíveis; e porque são estados afetivos e não puramente cognitivos. Virtude é uma disposição interior para o bem, e disposição é uma tendência a agir de acordo com certos padrões. A disposição é mais básica, duradoura e penetrante do que o motivo ou intenção existente por trás de uma certa ação. É diferente de um impulso momentâneo, por ser um hábito mental estabelecido, um traço interior e muitas vezes reflexivo. As virtudes são traços gerais do caráter que formulam sanções interiores sobre nossos motivos, intenções e conduta exterior" (HOLMES, Arthur F. Ética: As decisões Morais à Luz da Bíblia.1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, pp.138-39).
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AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Bibliológico
"O ALCANCE DA OBRA SALVÍFICA DE CRISTO
Há entre cristãos uma diferença significativa de opiniões quanto à extensão da obra salvífica de Cristo. Por quem Ele morreu? Os evangélicos, de modo global, rejeitam a doutrina do universalismo absoluto (isto é, o amor divino não permitirá que nenhum ser humano ou mesmo o diabo e os anjos caídos permaneçam eternamente separados dEle). O universalismo postula que a obra salvífica de Cristo abrange todas as pessoas, sem exceção. Além dos textos bíblicos que demonstram ser a natureza de Deus de amor e de misericórdia, o versículo chave do universalismo é Atos 3.21, onde Pedro diz que Jesus deve permanecer no Céu 'até aos tempos da restauração de tudo'. Alguns entendem que a expressão grega apokastaseõs pantõn ('restauração de todas as coisas') tem significado absoluto, ao invés de simplesmente 'todas as coisas, das quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas'. Embora as Escrituras realmente se refiram a uma restauração futura (Rm 8.18-15; 1 Co 15.24-26; 2 Pe 3.13), não podemos, à luz dos ensinos bíblicos sobre o destino eterno dos seres humanos e dos anjos, usar esse versículo para apoiar o universalismo. Fazer assim seria uma violência exegética contra o que a Bíblia tem a dizer deste assunto.
Entre os evangélicos, a diferença acha-se na escolha entre o particularismo, ou expiação limitada (Cristo morreu somente pelas pessoas soberanamente eleitas por Deus), e o universalismo qualificado (Cristo morreu por todos, mas sua obra salvífica é levada a efeito somente naqueles que se arrependem e creem). O fato de existir uma nítida diferença de opinião entre crentes bíblicos igualmente devotos aconselha-nos a evitar a dogmatização extrema que temos visto no passado e ainda hoje. Os dois pontos de vista, cada um pertencente a uma doutrina específica da eleição, têm sua base na Bíblia e na lógica. Nem todos serão salvos. Os dois concordam que, direta ou indiretamente, todas as pessoas receberão benefícios da obra salvífica de Cristo. O ponto de discórdia está na intenção divina: tornar a salvação possível a todos ou somente para os eleitos?" (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp.358-59).
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VOCABULÁRIO
Alcunha: Cognome depreciativo que se põe a alguém; apelido.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
HOLMES, Arthur F. Ética: As decisões Morais à Luz da Bíblia. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.
ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 4.ed. Vol. 2, Rio de Janeiro: CPAD, 2009
SAIBA MAIS
Revista Ensinador Cristão
CPAD, nº 55, p.38.
EXERCÍCIOS
1. Quais são os três aspectos da salvação operada pelo Senhor Jesus?
R. O primeiro refere-se a obra realizada e consumada de forma suficiente na cruz do Calvário. O segundo diz respeito ao caráter progressivo da salvação na vida do crente. E por último a redenção gloriosa quando da vinda do Senhor Jesus..
2. Quem opera a nossa salvação?
R. O Senhor Jesus Cristo
3. O que significa ser irrepreensível?
R. Sem a presença dos pais, as crianças ficam desorientadas
4. Transcreva o texto bíblico que mostra como Paulo entregou sua vida para servir aos filipenses.
R.Significa conduzir-se de forma correta e moralmente pura, não necessitando de repreensão. É alguém que dominou a carne, pois anda no Espírito (Gl 5.16,17).
5. Você tem se regozijado em Cristo pela sua salvação?
R. Resposta pessoal.
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REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Comentário Bíblico Expositivo – Warrem W. Wiersbe
Antigo e Novo Testamento Interpretado Versículo Por Versículo - Russell Norman Champlin
Comentário Esperança - Novo Testamento
Comentário Bíblico Matthew Henry - Novo Testamento
Bíblia – THOMPSON (Digital)
Bíblia de Estudo Pentecostal – BEP (Digital)
Dicionário Teológico – Edição revista e ampliada e um Suplemento Biográfico dos Grandes Teólogos e Pensadores – CPAD - Claudionor Corrêa de Andrade
Colaboração para o Site Pecador Confesso - Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco
Colaboração para o Site Pecador Confesso - Presbítero Eudes L Souza
Colaboração para o Site Pecador Confesso - Ev. Natlino das Neves
Colaboração para o Site Pecador Confesso - Pastor Alexandre Coelho
Texto Editado e Postado por Hubner Braz (@PecadorConfesso)
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