Comentário em texto e subsídio em vídeo aula para auxiliar professores e alunos na Escola Dominical deste 3° Trimestre. Lição 2 - ESPERANÇA EM MEIO À ADVERSIDADE - 14 DE JULHO DE 2013 - EBD - CPAD
Dois Subsídios Doutrinário e Dois Comentários em vídeo aula para a Escola Bíblica Dominical - Esperança em Meio à Adversidade -
Lição 2 –
14 de Julho de
2013
- CPAD
Esperança
em Meio à Adversidade
TEXTO
ÁUREO
"Porque
para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho" (Fp
1.21).
VERDADE
PRÁTICA
Nenhuma
adversidade poderá reter a graça e o poder do
Evangelho
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE
Filipenses
1.12-21
12 - E quero, irmãos, que saibais que as
coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do
evangelho.
13 - De maneira que as minhas prisões em
Cristo foram manifestas por toda a guarda pretoriana e por todos os demais
lugares;
14 - e muitos dos irmãos no Senhor, tomando
ânimo com as minhas prisões, ousam falar a palavra mais confiadamente, sem
temor.
15 - Verdade é que também alguns pregam a
Cristo por inveja e porfia, mas outros de boa
mente;
16 - uns por amor, sabendo que fui posto
para defesa do evangelho;
17 - mas outros, na verdade, anunciam a
Cristo por contenção, não puramente, julgando acrescentar aflição às minhas
prisões.
18 - Mas que importa? Contanto que Cristo
seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento, ou em verdade, nisto me
regozijo e me regozijarei ainda.
19 - Porque sei que disto me resultará
salvação, pela vossa oração e pelo socorro do Espírito de Jesus
Cristo,
20 - segundo a minha intensa expectação e
esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo
será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja
pela morte.
21 - Porque para mim o viver é Cristo, e o
morrer é ganho.
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
As cadeias de Paulo (Fp
1:12-14)
O mesmo Deus que usou o bordão de
Moisés, os jarros de Gideão e a funda de Davi, usou as cadeias de Paulo. Os
romanos sequer suspeitavam que as correntes que colocaram nos punhos do apóstolo
o libertariam ao invés de prendê-lo. Como o próprio apóstolo escreveu em uma
ocasião posterior em que também estava preso: "estou sofrendo até algemas, como
malfeitor; contudo, a palavra de Deus não está algemada" (2 Tm 2:9). Em lugar de
se queixar das suas cadeias, Paulo consagrou-as a Deus e pediu que as usasse
para o avanço pioneiro do evangelho. E Deus respondeu a suas
orações.
Em primeiro lugar, essas cadeias deram
a Paulo a oportunidade de ter contato com os perdidos. Ele permanecia
acorrentado a um soldado romano vinte e quatro horas por dia! Cada soldado
cumpria um turno de seis horas, o que significava que Paulo poderia testemunhar
a pelo menos quatro homens todos os dias! É possível imaginar a situação desses
soldados, presos a um homem que orava "sem cessar", que sempre conversava com
outros sobre a vida espiritual e que escrevia constantemente para igrejas
espalhadas por todo o império. Em pouco tempo, alguns desses soldados também
aceitaram a Cristo. Paulo pôde levar o evangelho à guarda de elite pretoriana,
algo que teria sido impossível se estivesse
livre.
Mas as cadeias permitiram que Paulo
tivesse contato com outro grupo de pessoas: os oficiais do tribunal de César. O
apóstolo encontrava-se em Roma como prisioneiro do Estado, e seu caso era
importante. O governo romano estava prestes a determinar a situação oficial da
"seita cristã". Era apenas mais uma seita do judaísmo ou algo novo e
possivelmente perigoso? Deve ter sido uma satisfação enorme para Paulo saber que
os oficiais de César eram obrigados a estudar as doutrinas da fé
cristã!
Às vezes, Deus precisa colocar
"cadeias" em seu povo para que realizem um avanço pioneiro que não poderia se
dar de outra maneira. Algumas mães talvez se sintam presas ao lar enquanto
cuidam dos filhos, mas Deus pode usar essas "cadeias" para alcançar pessoas com
a mensagem da salvação. Susannah Wesley criou dezenove filhos numa época em que
não havia eletrodomésticos nem fraldas descartáveis! Dessa família numerosa
vieram John e Charles Wesley, cujos ministérios estremeceram as ilhas
britânicas. Fanny Crosby ficou cega quando tinha um mês e meio de idade, mas já
em sua infância mostrou-se determinada a não permitir que as cadeias da
escuridão a prendessem. Os hinos e cânticos que ela escreveu ao longo da vida
foram usados por Deus de maneira poderosa.
Eis o segredo: quando existe
determinação, olha-se para as circunstâncias como oportunidades de Deus para o
avanço do evangelho, e há regozijo com aquilo que Deus fará em vez de queixas
por aquilo que Deus não fez.
As cadeias de Paulo não apenas o
colocaram em contato com os perdidos, mas também serviram para encorajar os
salvos.
Ao verem a fé e a determinação de
Paulo, muitos cristãos de Roma tiveram sua coragem renovada (Fp 1:14) e
"[ousaram] falar com mais desassombro a palavra de Deus". Aqui, o verbo falar
não se refere às "pregações", mas sim às conversas diárias. Sem dúvida, muitos
romanos comentavam o caso de Paulo, pois questões legais desse tipo eram de
grande interesse para essa nação de legisladores. Os cristãos de Roma,
solidários a Paulo, aproveitavam essas conversas para falar de Jesus Cristo. O
desânimo costuma espalhar-se, mas o bom ânimo também! Por causa da atitude
alegre de Paulo, os cristãos de Roma foram encorajados novamente a testemunhar
de Cristo com grande ousadia.
Os críticos de Paulo (Fp
1:15-19)
É difícil imaginar que alguém se
opusesse a Paulo, mas era exatamente isso o que alguns cristãos de Roma faziam.
As igrejas da capital estavam divididas. Alguns grupos pregavam a Cristo com
sinceridade, visando a salvação dos perdidos. Outros, porém, pregavam a Cristo
por motivos escusos, procurando dificultar ainda mais a situação de Paulo. Estes
últimos usavam o evangelho como um meio de alcançar propósitos egoístas. É
possível que tais indivíduos fizessem parte da ala "legalista" da igreja,
contrária ao ministério de Paulo aos gentios e a sua ênfase sobre a graça de
Deus em vez de na obediência à Lei judaica. A inveja e a contenda andam
juntas, da mesma forma que o amor e a unidade são
inseparáveis.
Paulo usa em Filipenses 1:15 um termo
interessante: porfia , palavra que dá a ideia de "polêmica, rivalidade, com
petição para receber o apoio de outros". O objetivo de Paulo era glorificar a
Cristo e levar as pessoas a seguir ao Senhor; o objetivo de seus críticos era
promover a si mesmos e granjear seguidores para si. Em vez de perguntarem: "você
já aceitou a Cristo?", perguntavam: "de que lado você está, do nosso ou do de
Paulo?" Infelizmente, esse tipo de "politicagem religiosa" ainda existe hoje, e
quem a pratica precisa conscientizar-se de que apenas faz mal a si
mesmo.
Quem tem a mente determinada vê os
críticos como mais uma oportunidade de contribuir para o progresso do evangelho.
Como soldado fiel, Paulo sabia que estava "incumbido da defesa do evangelho" (Fp
1:16). Era capaz de regozijar-se, não com os críticos egoístas, mas com o fato
de que pregavam a Cristo! Não havia inveja alguma no coração de Paulo. Ele não
se importava se alguns eram a favor dele e outros contra. Para ele, o mais
importante era a pregação do evangelho de Jesus
Cristo!
Sabe-se, pelos registros históricos,
que dois grandes evangelistas ingleses, John Wesley e George Whrtefield,
discordavam sobre questões doutrinárias. Os dois tiveram um ministério
bem-sucedido, pregando para milhares de pessoas e vendo multidões se entregarem
a Cristo. Diz-se que alguém perguntou a Wesley se ele esperava ver Whitefield no
céu, ao que o evangelista respondeu:
- Creio que não o verei no
céu.
- Então você não acredita que ele seja
convertido?
- Claro que ele é convertido! -
exclamou Wesley -, mas não espero vê-lo no céu porque ele estará tão próximo do
trono de Deus e eu estarei tão longe que não conseguirei
enxergá-lo!
Apesar de discordar de seu irmão em
Cristo sobre algumas questões, Wesley não tinha inveja alguma em seu coração e
não tentou opor-se ao ministério de Whitefield.
Em geral, é difícil aceitar críticas,
especialmente quando passamos por situações difíceis, como era o caso de Paulo.
De que maneira o apóstolo conseguiu regozijar-se mesmo em meio a tanta
reprovação? Ele era determinado! Filipenses 1:19 indica que Paulo esperava que
sua causa fosse vitoriosa ("me redundará em libertação") por causa das orações
de seus amigos e da provisão do Espírito Santo de Deus. O termo grego traduzido
por provisão dá origem à palavra "coral". Sempre que uma cidade grega organizava
alguma festa especial, alguém precisava bancar cantores e dançarinos. A doação
precisava ser generosa, de modo que o termo adquiriu a conotação de "suprir com
generosidade e abundância". Paulo não estava dependendo dos próprios recursos
escassos, mas sim dos recursos generosos de Deus, ministrados pelo Espírito
Santo.
Além de participar do avanço pioneiro
do evangelho em Roma por meio de suas cadeias e de seus críticos, Paulo usou,
ainda, um terceiro meio.
Por causa das cadeias de Paulo, Cristo
tornou-se conhecido (Fp 1:13), e por causa dos críticos de Paulo, Cristo foi
pregado(Fp 1:18). Mas por causa da crise de Paulo, Cristo foi engrandecido! (Fp
1:20). Havia a possibilidade de Paulo ser considerado traidor de Roma e de ser
executado. Ao que parece, seu julgamento preliminar fora favorável, mas o
apóstolo ainda não recebera o veredito final. Mas o corpo de Paulo não lhe
pertencia, e seu único desejo (resultante de sua determinação) era engrandecer a
Cristo em seu corpo.
Cristo precisa ser engrandecido? Afinal
o que um simples ser humano pode fazer para engrandecer o Filho de Deus?
Considere, por exemplo, as estrelas, muito maiores que o telescópio, mas bem
distantes. O telescópio as "aproxima" de nós. O corpo do cristão deve ser um
telescópio que diminui a distância entre Jesus Cristo e as pessoas. Para muitos,
Cristo é uma figura histórica distante e nebulosa que viveu há séculos. Mas
quando os incrédulos observam o cristão passar por uma crise, podem ver Jesus
mais de perto. Para o cristão comprometido, Cristo está conosco aqui e
agora.
Enquanto o telescópio aproxima o que
está distante, o microscópio amplia o que é pequeno. Para o incrédulo, Jesus não
é grande. Outras pessoas e coisas são muito mais importantes do que ele. Mas, ao
observar o cristão passar por uma experiência de crise, o incrédulo deve ser
capaz de enxergar a verdadeira grandeza de Jesus Cristo. O corpo do cristão é
uma lente que torna o "Cristo pequeno" dos incrédulos extremamente grande e o
"Cristo distante", extremamente próximo.
Paulo não temia a vida nem a morte! De
uma forma ou de outra, desejava engrandecer a Cristo em seu corpo. Não é de se
admirar que tivesse alegria! Paulo confessa que se encontra diante de uma
escolha difícil. Para o bem dos cristãos em Filipos, era necessário que ele
permanecesse vivo, mas seria muito melhor partir e estar com Cristo.
O apóstolo
chega à conclusão de que Cristo permitiria que ele vivesse não apenas com o
propósito de "[contribuir] para o progresso do evangelho" (Fp 1:12), mas também
"para o [...] progresso e gozo da fé [dos filipenses]" (Fp 1:25). Desejava que
desbravassem novas áreas de crescimento espiritual. (A propósito, Paulo
admoestou Timóteo, o jovem pastor, a ser um pioneiro em novos territórios
espirituais na própria vida e ministério. Ver 1 Tm 4:15, em que o termo
"progresso" é usado com o mesmo sentido.); Paulo era um homem e tanto! Dispôs-se
a adiar sua ida para o céu a fim de ajudar os cristãos a crescerem e a ir para o
inferno a fim de ganhar os perdidos para Cristo! (Rm 9:1-3).
É evidente que
Paulo não tinha medo da morte, pois significava apenas "partir". Esse termo era
usado pelos soldados e se referia a "desarmar a tenda e prosseguir viagem". Que
retrato da morte do cristão! A "tenda" em que vivemos é desarmada pela morte, e
o espírito vai para o lar, viver com Cristo no céu (ver 2 Co 5:1-8). Os
marinheiros também usavam essa palavra com o sentido de "soltar as amarras da
embarcação e pôr-se a navegar".
INTERAÇÃO
A prisão do apóstolo Paulo em Roma foi
crucial para a propagação do Evangelho na região de Filipos. A partir de uma
experiência de sofrimento, Deus usou pessoas para propagar a mensagem das Boas
Novas. É verdade que alguns pregadores usavam o sofrimento do apóstolo para
proclamar Cristo de boa consciência. Outros utilizavam-se do sofrimento alheio
para obterem vantagens pessoais. Cristo não era o centro das suas preleções.
Infelizmente, na atualidade, algumas pessoas perderam o temor de Deus. A exemplo
daqueles pregadores de Filipos, elas exploram as tragédias pessoais, pois veem
nelas a oportunidade de se locupletarem com as feridas alheias (elas sabem que o
sofrimento humano pode ser muito rentável). Cristo não se acha mais no centro de
suas vidas.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Saber que as
adversidades podem contribuir para a expansão do Evangelho.
Explicar as
motivações de Paulo para a pregação do Evangelho.
Compreender que
o significado da vida consiste em vivermos para o Evangelho.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Prezado professor, para concluir a
lição sugerimos a seguinte atividade: (1) Pesquise ao menos três países cujo
índice de perseguição religiosa é grande. (2) Identifique missionários que atuam
nesses locais (a pesquisa pode ser feita pelas agências missionárias, secretaria
de missões de sua igreja ou internet). (3) Em seguida, pesquise o crescimento de
cristãos nesses países visando identificar como o trabalho missionário tem sido
realizado. Conclua dizendo que, a exemplo do que ocorreu a Paulo, o Evangelho
continua a ser propagado no mundo através do sofrimento de muitas pessoas que se
dispõem a propagá-lo com ousadia.
COMENTÁRIO
introdução
Palavra
Chave
Adversidade: Infelicidade, infortúnio, revés.
Qualidade ou caráter de adverso.
Nesta lição, veremos como a paixão
pelas almas consumia o coração de Paulo. Embora preso em Roma, ele não esmorecia
na missão de proclamar o Evangelho. E, tendo como ponto de partida o seu
sofrimento, o apóstolo ensina aos filipenses que nenhuma adversidade será capaz
de arrefecer-lhes a fé em Cristo. Ao contrário, ele demonstra o quanto as suas
adversidades foram positivas ao progresso do Reino de
Deus.
1.
Paulo na prisão. Paulo estava preso em
Roma, aguardando julgamento. Ele sabia que tanto poderia ser absolvido como
executado. Todavia, não se achava ansioso. O que mais desejava era, com toda
ousadia, anunciar a Cristo até mesmo no tribunal. Paulo não era um preso
qualquer; sua segurança estava sob os cuidados da guarda pretoriana (1.13). Constituída de 10 mil soldados, esta
guarda encarregava-se de proteger os representantes do Império Romano em
qualquer lugar do mundo. Sua principal tarefa era a proteção do
imperador.
2. Uma
porta se abre através da adversidade. Uma das principais contribuições da prisão de Paulo foi
a livre comunicação do Evangelho na capital do mundo antigo. Os cristãos estavam
espalhados por toda a cidade de Roma e adjacências. Definitivamente a prisão de
Paulo não reteve a força do Evangelho e o promoveu universalmente. Deus usou o
sofrimento do apóstolo para que o Evangelho fosse anunciado de Roma para o mundo
(v.
13).
SINÓPSE DO TÓPICO (1)
A prisão de Paulo foi uma porta aberta
para a proclamação do Evangelho.
1. O
poder do Evangelho. De modo objetivo,
Paulo diz aos filipenses que nenhuma cadeia será capaz de impor limites ao
Evangelho de Cristo. Esse sentimento superava todas as expectativas do apóstolo
concernentes ao crescimento do Reino de Deus. O seu propósito era ver as Boas
Novas prosperando entre os gentios. Portanto, nenhum poder humano conterá a
força do Evangelho, pois este é o poder de Deus para salvação de todo aquele que
crê (Rm 1.16).
2. A
preocupação dos filipenses com Paulo. Está implícita a preocupação dos filipenses com o
bem-estar de Paulo. Eles o amavam e sabiam do seu ardor em proclamar o
Evangelho. Todavia, achavam que a sua prisão prejudicaria a causa cristã. O
versículo 12 traz exatamente essa
conotação: "E quero, irmãos, que saibais as coisas que me aconteceram
contribuíram para maior proveito do evangelho". Para o apóstolo, seu
encarceramento contribuiu ainda mais para o progresso da mensagem evangélica
(v.13).
3.
Paulo rejeita a autopiedade. Paulo era
um missionário consciente da sua missão. Para ele, o sofrimento no exercício do
santo ministério era circunstancial e estava sob os cuidados de Deus (v.19). Por isso, não manifestava autopiedade;
não precisava disso para conquistar a compaixão das pessoas. Para o apóstolo, a
soberania de Deus faz do sofrimento algo passageiro, pois os infortúnios servem
para enchernos de esperança, conduzindo-nos numa bem-aventurada expectativa de
"que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados por seu decreto" (Rm
8.28).
SINÓPSE DO TÓPICO (2)
O testemunho de Paulo na adversidade
pode ser observado pela sua rejeição a autopiedade e a sua fé no poder do
Evangelho.
Duas
motivações predominavam nas igrejas da Ásia Menor onde o apóstolo Paulo atuava.
São elas:
1. A
motivação positiva. "E muitos dos
irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a palavra
mais confiadamente, sem temor" (v.14). Estava claro para os cristãos romanos,
bem como para a guarda pretoriana, que o processo judicial contra Paulo era
injusto, porque ele não havia cometido crime algum. Além de saberem da inocência
do apóstolo, os pretorianos recebiam diariamente deste a mensagem do Evangelho
(v.13). O resultado não poderia ser
outro. Os cristãos filipenses foram estimulados a anunciar o Evangelho com total
destemor e coragem.
2. A motivação negativa. A prisão de Paulo motivou os cristãos a proclamar o Evangelho de
"boa mente" e "por amor". Mas havia aqueles que usavam a prisão do apóstolo para
garantir vantagens pessoais. Dominados pela inveja e pela teimosia, agiam por
motivos errados. Mas pelo Espírito, o apóstolo entendeu que o mais importante
era anunciar Cristo ao mundo "de toda a maneira". Isto não significa que Paulo
aprovava quem procedia dessa forma, porque um dia todo mau obreiro terá de dar
contas de seus atos ao Senhor (Mt
7.21-23).
SINÓPSE DO TÓPICO (3)
Foi o Criador quem planejou o
matrimônio, uma união indissolúvel e permanente (Gn 2.24).
1. Viver para Cristo. "Nisto me regozijo e me regozijarei ainda" (v.18). Estas palavras refletem a alegria de
Paulo sobre o avanço do Evangelho no mundo. Viver, para o apóstolo, só se
justifica se a razão for o ministério cristão: "Porque para mim o viver é
Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra,
não sei, então, o que deva escolher" (vv.21,22).
A morte para ele era um evento natural,
mas glorioso. Significava estar imediatamente com Cristo. O Mestre era tudo para
Paulo, o princípio, a essência e o fim da sua vida. Nele, o apóstolo vivia e se
movia para a glória de Deus. Por isso, podia dizer: "E vivo, não mais eu; mas
Cristo vive em mim"(Gl
2.20).
2. Paulo supera o dilema. "Estar com Cristo" e "viver na carne". Este era o dilema do
apóstolo (vv.23,24). Ele desejava estar na plenitude com o
Senhor. Todavia, o amor dele pelos gentios era igualmente intenso. "Ficar na
carne" (v.24), aqui, refere-se à vida
física. Isto é: viver para disseminar o Evangelho pelo mundo. Mais do que
escolha pessoal, estar vivo justifica-se apenas para proclamar o Evangelho e
fortalecer a Igreja. Este era o pensamento paulino. Nos versículos 25 e 26, ele entende que, se fosse posto em
liberdade, poderia rever os irmãos de Filipos, e viver o amor fraterno pela
providência do Espírito Santo.
O dilema de Paulo era, imediatamente,
"estar com Cristo" ou "viver na carne" para edificar os
filipenses.
Paulo resolveu o seu dilema em relação
à igreja, declarando que o seu desejo de estar com Cristo foi superado pela
amorosa obrigação de servir aos irmãos (vv.24-26). Ele nos ensina que devemos estar
prontos a trabalhar na causa do Senhor, mesmo que isso signifique enfrentar
oposição dos falsos crentes e até privações materiais. O que deve nos importar é
o progresso do Evangelho e o crescimento da Igreja de Cristo (vv.25,26).
REFERÊCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
Editora CPAD - A Família Cristã no século XXI —
Protegendo seu lar dos ataques do inimigo - Comentarista: Elinaldo
Renovato de Lima
Comentário Bíblico Expositivo – Warrem
W. Wiersbe
Antigo e Novo Testamento Interpretado
Versículo Por Versículo - Russell Norman Champlin
Comentário Esperança - Novo Testamento
Comentário Bíblico Matthew Henry - Novo
Testamento
Bíblia – THOMPSON
(Digital)
Bíblia de Estudo Pentecostal – BEP
(Digital)
Dicionário Teológico – Edição revista e
ampliada e um Suplemento Biográfico dos Grandes Teólogos e Pensadores – CPAD -
Claudionor Corrêa de Andrade
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICOI
Subsídio
Teológico
"Alguns pregam Cristo por inveja e
porfia, mas outros de boa mente (1.15).
Posteriormente Paulo voltará sua
atenção aos judaizantes, que distorcem o evangelho insistindo nas obras como
algo essencial para a salvação (3.2-11). Aqui a tensão é pessoal em vez de
doutrinária. Alguns se tornam evangelistas mais ativos por um espírito
competitivo, tendo um prazer perverso no pensamento de que Paulo está atado e
incapaz de tentar alcançá-los. Outros se tornam evangelistas mais ativos por
amor, um esforço de aliviar Paulo da preocupação de que expansão do evangelho
retrair-se-á devido à sua inatividade forçada.
É fascinante ver como Paulo recusa-se a
julgar as motivações, e está encantado com o fato de que, seja pela razão que
for, o evangelho está sendo pregado. Poucos de nós têm essa maturidade. Os
críticos de Paulo poderão ficar amargamente ressentidos com o seu sucesso, mas o
apóstolo não ficará ressentido com eles! Em vez disso ele se regozijará por
Cristo estar sendo pregado, e deixará a questão dos motivos para o
Senhor.
Porque sei que disto me resultará
salvação (1.19). Paulo não se refere
aqui à sua libertação da prisão. O maior perigo que qualquer um de nós enfrenta
é o desânimo que as dificuldades frequentemente criam" (RICHARDS, Lawrence O.
Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
2007, p.437).
VOCABULÁRIO
Locupletarem: Enriquecerem; encherem em demasia; fartarem.
BIBLIOGRAFIA
SUGERIDA
PEARLMAN, Myer. Epístolas
Paulinas: Semeando as Doutrinas Cristãs. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
1998.
ZUCK, Roy B (Ed.). Teologia do Novo
Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
SAIBA
MAIS
Revista Ensinador Cristão
CPAD
nº 55,
p.36.
EXERCÍCIOS
1. De acordo com a lição, qual foi a
principal contribuição da prisão de Paulo para o
Evangelho?
R. Foi a livre comunicação do Evangelho
na capital do mundo antigo.
2. Como Paulo via o
sofrimento?
R. Para o apóstolo, a soberania de Deus
faz do sofrimento algo passageiro, pois os infortúnios servem para encher-nos de
esperança, conduzindo-nos numa bem-aventurada expectativa de "que todas as
coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus" (Rm 8.28).
3. Cite e explique as motivações que
predominavam nas igrejas da Ásia Menor onde o apóstolo Paulo
atuava.
R. A primeira motivação era positiva,
caracterizada pela disposição dos filipenses pregarem o Evangelho com destemor e
coragem. A segunda era negativa, pois a sua principal característica era os
pregadores que usavam a prisão do apóstolo para garantir vantagens pessoais.
4. Qual era o maior dilema de Paulo
apontado na lição?
R. "Estar com Cristo" ou "viver na
carne".
5. Você está pronto a trabalhar na
causa do Senhor, mesmo que isso signifique enfrentar oposições de falsos
crentes, além das privações materiais ou
físicas?
R. Resposta pessoal.
|
Colaboração para o Site Pecador Confesso - Presbítero Eudes L Souza
Temos mais comentários, antes uma pausa para dois vídeos. Depois entraremos com o comentário do prof. da EBD na AD belemzinho.
Vídeo 1 - Aula ministrada pelo Ev. Natlino das Neves - IBADEP
Vídeo 2 - Aula ministrada pelo Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco - AD-Belemzinho
Vídeo 1 - Aula ministrada pelo Ev. Natlino das Neves - IBADEP
Vídeo 2 - Aula ministrada pelo Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco - AD-Belemzinho
PORTAL ESCOLA DOMINICAL
3º Trimestre de 2013 - CPAD
FILIPENSES: a humildade de Cristo como exemplo
para a Igreja Comentários da revista da CPAD: Elienai Cabral
Consultor Doutrinário e Teológico da CPAD: Pr. Antonio
Gilberto
ESBOÇO Nº 2
LIÇÃO Nº 2 – ESPERANÇA
EM MEIO À ADVERSIDADE
Paulo é um exemplo para todos os cristãos, pois
não perdeu sua esperança mesmo em meio às adversidades desta vida.
INTRODUÇÃO
- Na continuidade do estudo da carta de Paulo
aos filipenses, veremos hoje o estado de espírito do apóstolo – alguém que, mesmo em meio às adversidades
da peregrinação terrena, não perdeu a esperança da vida eterna.
- Assim como Paulo, teremos de manter a
esperança da vida eterna, mesmo em meio às aflições do tempo presente.
I – PAULO ENTENDIA O
“LADO BOM” DE SUA PRISÃO
- Na continuidade do estudo da carta de Paulo
aos filipenses, estudaremos hoje a
segunda metade do primeiro capítulo, em que o apóstolo, após ter se
identificado como “servo do Senhor” e aos seus destinatários como “santos em
cristo Jesus”, bem como o relacionamento de “entranhável afeto de Jesus Cristo”
que existia entre ele e aquela igreja, passa a descrever o seu estado de
espírito aos crentes de Filipos enquanto se encontrava preso em Roma.
- Conforme já vimos na lição anterior, o
apóstolo Paulo escreve esta carta porque teve informações, muito provavelmente
por meio de Epafrodito, que havia sido mandado pelos filipenses para levar uma
ajuda financeira a Paulo na prisão (Fp.2:25), que os crentes de Filipos estavam
muito preocupados com a situação do apóstolo e, talvez, mesmo abalados na fé
por causa desta situação do apóstolo, que já perdurava algum tempo.
- O
móvel da escrita da epístola, portanto, como se verifica, era o fato de o apóstolo ter percebido que
os filipenses poderiam ter algum prejuízo espiritual em virtude da sua
prolongada prisão, pois tendo sido preso em Jerusalém, mandado em seguida
para Cesareia, onde ficou mais de dois anos (At.24:27), sendo, só então,
mandado para Roma, onde ficou mais dois anos (At.28:30,31), sendo neste período
de dois anos que escreveu aos filipenses.
- Os filipenses sabiam que Paulo havia sido
chamado pelo Senhor para evangelizar, para pregar o Evangelho entre os gentios
e, dentro desta compreensão do chamado do apóstolo, contribuíam, não só com
orações mas até financeiramente, neste ministério que, no entanto, parecia
estar paralisado por um longo período, de quase quatro anos. Não teria o
apóstolo perdido a direção divina? Como o Senhor Jesus poderia permitir ao
apóstolo que ficasse preso por tanto tempo? Teria o apóstolo pecado?
- Estes questionamentos eram naturais e
poderiam gerar um desânimo e, até mesmo, o início de uma incredulidade entre os
filipenses. Os filipenses estavam acostumados a prisões e adversidades do
apóstolo. Seu ministério era uma sequência de perseguições e de prisões, a
começar do que ocorreu na própria Filipos, mas o fato é que jamais o apóstolo
havia ficado preso tanto tempo como estava a ocorrer. Não podemos nos esquecer do
que disse o proverbista, qual seja, que a “esperança demorada enfraquece o
coração, mas o desejo chegado é árvore da vida” (Pv.13:12).
- Diante desta demora, natural que os
filipenses começassem a enfraquecer o seu coração, não só por verem o apóstolo,
a quem tanto amavam, sofrendo terrivelmente, mas também por não entenderem como
o Senhor permitia que aquele homem que havia escolhido para evangelizar os
gentios se mantivesse preso, sem poder pregar o Evangelho por tanto tempo.
- Não é de se estranhar esta atitude dos
filipenses, pois, muitas vezes, temos o mesmo comportamento, notadamente nos
dias tão difíceis em que estamos a viver. As aflições aumentam, assim como as
perseguições contra os que servem fiel e sinceramente ao Senhor e, diante de
tantos sofrimentos, de tantas adversidades, muitas vezes de prolongado período
(e, às vezes, nem tão prolongado assim, mas que, em meio ao imediatismo
característico de nossos dias, sempre parece uma eternidade), chegamos, mesmo,
a ter nossa fé e confiança em Deus abaladas.
- Mas, depois de ter demonstrado que desejava
que os crentes de Filipos tivessem um crescimento espiritual cada vez mais
abundante, o apóstolo Paulo começou a tratar deste assunto que era o móvel
desta epístola, ou seja, queria mostrar aos filipenses que todo aquele
sofrimento, toda aquela adversidade não tinha tido o condão de abalar a sua fé
e não poderia, por isso mesmo, abalar a fé dos filipenses.
- Por primeiro, o
apóstolo Paulo diz que tudo quanto ocorrera com ele tinha sido para maior
proveito do Evangelho
(Fp.1:12). Neste ponto, temos duas preciosas lições que devem ser aprendidas
por nós para suportar as aflições deste mundo.
- A primeira lição que
a expressão do apóstolo nos dá é que, antes de tudo, não podemos nos iludir. Paulo não nega que estava a passar
por adversidades. Ele é bem claro ao afirmar que “as coisas que me
aconteceram”. O apóstolo não podia fugir da realidade, dos fatos, dos
acontecimentos.
- Nos dias em que vivemos, onde se chega mesmo
a duvidar da existência de uma realidade, é comum que algumas pessoas tentem
fugir das adversidades, vendo-as como uma “ilusão”, como algo inexistente. Não
existe pior coisa do que tentar escamotear a dificuldade, do que tentar negar
que se está em dificuldade, que se está em situação adversa.
- Há aqueles, como os Seicho-no-ie, que
defendem a tese de que todo sofrimento é inexistente, é algo puramente mental e
ilusório e que, portanto, qualquer “pensamento positivo” seria suficiente para
afastar toda dor, todo mal. Há mesmo alguns que cristãos se dizem ser que
defendem este escamoteamento do sofrimento, como se bastasse eu incutir em
minha mente que não estou mais sofrendo para que o mal acabe.
- Nada mais falso, porém. O apóstolo Paulo
ensina-nos que devemos entender que há, sim, momentos difíceis, adversos em
nossas vidas. Não podemos fingir que estamos bem quando não o estamos. Não
podemos criar ilusões para nós próprios, produzir um autoengano.
- Existe uma grande diferença entre este
autoengano e a confiança em Deus. Confiar em Deus não significa negar a
realidade. Confiar em Deus é saber que, apesar de toda a adversidade, de todo o
mal que nos acomete, Deus está no controle de todas as coisas e, se amamos ao
Senhor e somos chamados pelo Seu decreto, tudo quanto acontece será para o
nosso bem (Rm.8:28).
- Paulo não negava todo o seu sofrimento, toda
a angústia de sua prisão, toda a pressão dos judeus para matá-lo enquanto esteve
em Cesareia, que o obrigou apelar para César, e toda a ansiedade decorrente de
enfrentar, em Roma, o tribunal do imperador, imperador, aliás, que era nada
mais, nada menos que o cruel e nefando Nero.
- No entanto, o apóstolo mostrou aos filipenses
que toda esta situação não o abalara em sua fé, em sua confiança em Deus, pois
tudo o que estava acontecendo era para maior proveito do Evangelho.
- Temos, então, a segunda lição que o apóstolo nos dá, a saber, a da consciência de sua
vocação. Além de não fugirmos da realidade dos fatos, precisamos ter
consciência da nossa vocação, ou seja, para o que fomos chamados pelo Senhor
neste peregrinação terrena.
- Precisamos ter consciência do chamado que
Deus nos deu. Cada servo do Senhor é chamado para uma determinada tarefa, para
uma determinada função no corpo de Cristo que é a Sua igreja (II Tm.1:9). O
próprio apóstolo nos ensina que todos nós somos membros em particular do corpo
de Cristo (I Co.12:27) e a própria figura da Igreja como corpo mostra que cada
membro tem uma função específica para o funcionamento de todo o organismo.
- Paulo, mais de uma vez, mostra que cada
cristão deve ter esta consciência da sua vocação, devendo vê-la (I Co.1:26),
permanecer nela (I Co.7:20), andar dignamente segundo ela (Ef.4:1) e, conforme
esta vocação, andar em direção ao céu (Fp.3:14).
- O apóstolo tinha consciência, desde o tempo
de sua conversão, que ele havia sido chamado por Cristo para pregar o Evangelho
aos gentios (At.9:15; 26:16-20; I Co.1:17) e, ao perceber que, apesar de sua
prolongada prisão, isto não tinha impedido de ele pregar a Palavra, pregação
esta que agora estava sendo feita junto à guarda pretoriana, a própria guarda
pessoal do imperador romano, pôde compreender que tudo estava de acordo com o
propósito divino que o levara a Roma, propósito que lhe havia sido revelado
pelo Senhor quando ainda tinha sido preso em Jerusalém, ou seja, no início de
todo aquele prolongado período de encarceramento (At.23:11).
- Deste modo, ao perceber que o fato de ter
sido preso e continuar preso estava contribuindo para a evangelização dos
soldados da guarda pessoal do imperador em Roma, o que somente poderia ocorrer
diante de sua prisão, o apóstolo pôde entender que todo aquele sofrimento era
apenas um meio pelo qual estava a cumprir a sua vocação.
- Quando temos noção da vocação em que somos
chamados por Deus, compreendemos melhor as adversidades e podemos continuar a
confiar em Deus, sabendo que tudo que está a se passar conosco é fruto dos
desígnios divinos para que cumpramos a Sua vontade. Tal consciência
fortalece-nos espiritualmente e nos permite passar por todas as agruras, sem
negá-las, sabendo que, apesar delas, estamos a fazer a vontade do Senhor e quem
faz a Sua vontade permanece para sempre (I Jo.2:17).
- A partir da prisão, o apóstolo Paulo estava a
evangelizar não só a guarda pretoriana, mas também outros lugares em Roma
(Fp.1:13), visto que, ao ganhar almas para o reino de Deus entre os soldados de
César, a mensagem do evangelho estava a penetrar na elite romana, em lugares
que jamais seriam alcançados pelo apóstolo se liberto estivesse ele.
- O Senhor Jesus havia dito a Paulo que
importava que a Sua Palavra fosse pregada em Roma assim como havia sido pregada
em Jerusalém (At.23:11) e isto implicava em levar a mensagem do Evangelho
também aos órgãos dirigentes, como havia ocorrido em Jerusalém e, somente
através da prisão de Paulo, isto seria possível. Paulo, então, pôde entender o
desígnio divino na sua prisão e isto serviu para que ele suportasse todo aquele
sofrimento, sabendo que isto era apenas um meio para que a vontade de Deus se
cumprisse em sua vida.
- Devemos nós ter, portanto, esta consciência
da vocação divina para nós para que, apesar das aflições, não venhamos a
desfalecer, mas observar que, apesar de tudo, estamos a cumprir a vontade de
Deus e isto é uma confirmação de que estamos corretamente caminhando para o
céu, que é o nosso propósito, visto que aqui somos apenas peregrinos.
- Assim agindo, Paulo via o “lado bom” de suas
agruras, de seus sofrimentos e, ante o gozo que lhe estava proposto, tinha
condições de suportar toda a afronta, toda a adversidade, seguindo, neste
passo, o exemplo de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que, para chegar à
direita do Pai, teve de passar pelo Calvário (Hb.12:1-3). Somos imitadores do
Senhor?
- Vivemos num mundo onde a mentalidade
hedonista é predominante, ou seja, onde existe a ideia de que se deve buscar o
prazer a todo custo, de que se deve fugir da dor e da aflição e, dentro desta
mentalidade, que somente a ausência do sofrimento justificaria uma vida cristã,
uma vida com Deus. Nada mais falso e ilusório. O que devemos buscar é cumprir a
vontade de Deus em nossas vidas, ainda que isto se faça por meio dolorido e
sofredor.
- Paulo, mantendo-se firme na vocação em que
foi chamado, pôde suportar tudo quanto estava a sofrer e sua atitude acabou por
contagiar outros que, verificando a “fibra” do apóstolo, também se animaram com
a prisão do apóstolo e passaram, eles também, a pregar o Evangelho com ousadia
e destemor (Fp.1:14).
- Vemos, portanto, como é importante a postura
do homem de Deus, daquele que tem uma proeminência no meio do corpo de Cristo.
O apóstolo, diante de sua postura, contagiou os irmãos em Cristo a
evangelizarem, a pregarem o Evangelho. Mesmo estando preso, não desfaleceu e
mostrou aos seus irmãos que isto era propósito divino, que não se deveria
esmorecer na obra de Deus, e o resultado, a consequência foi a de que todos
passaram a querer pregar a Palavra e a evangelização em Roma tomou um rumo até
então nunca alcançado.
- O apóstolo Paulo era
um homem zeloso, ou
seja, tinha todo o cuidado para cumprir a vocação em que havia sido chamado e
este zelo é contagiante. Como afirmou o pastor não-conformista inglês John
Angell James (1785-1859): “…Onde podemos encontrar uma grande congregação, uma
igreja próspera e compacta em sua união? — ali há um homem zeloso. Onde, em que
país ou em que denominação, esse homem trabalha sem considerável sucesso? Onde
o pregador fiel, devotado e energético de verdade, tomando emprestadas e,
usando, em um sentido figurado, as palavras do precursor do Senhor, tem a
dizer: ‘Eu sou a voz do que clama no deserto?’ Onde encontramos pequenas,
congregações, igrejas insatisfeitas ou decadentes, e capelas vazias? Onde
pranteiam os caminhos de Sião, e suas portas estão desoladas, porque não há
quem venha à reunião solene? Certamente, não onde os ministros são como chamas
de fogo. Não importa onde, ou sob quais circunstâncias desencorajadoras esse
homem, que é uma dessas chamas sagradas, possa começar seus esforços; ele logo
reunirá ao seu redor uma congregação profundamente interessada e atenta.…” (A
grandeza do pastorado. Trad. de Degmar Ribas Júnior e Michael Ribas, p.218).
- Quando somos zelosos pela vocação em que
fomos chamados, até mesmo as aflições e dificuldades que enfrentamos não só nos
faz com que cumpramos a vontade de Deus, como, ainda, faz com que nos tornemos
agentes multiplicadores, levando outras pessoas a fazer a vontade do Senhor.
Assim fazendo, não só abençoaremos os outros, como nos tornaremos uma bênção,
precisamente o patamar que o Senhor prometeu dar a Abraão quando de sua chamada
(Gn.12:2).
- O apóstolo, entretanto, como não fugia da
realidade, sabia que algumas pessoas estavam pregando o Evangelho não por força
do seu exemplo ou pelo contágio de seu zelo, mas por interesses menos nobres,
como a inveja e a porfia (Fp.1:15).
- Neste ponto, vemos como o apóstolo não fugia
da realidade que nos cerca enquanto estamos nesta peregrinação terrena.
Enquanto estamos neste mundo, teremos de conviver com o pecado e, mais do que
isto, com pessoas que, se dizendo irmãs em Cristo, são falsos irmãos (II
Co.11:26; Gl.2:4), não servindo sinceramente ao Senhor e estando no meio da
igreja como intrometidos, como joio no meio do trigo (Mt.13:25).
- Paulo, dentro do seu
discernimento espiritual, sabia que muitos dos que diziam cristãos ser,
invejavam-no e queriam o seu mal. Por isso, ao verificarem que o Evangelho estava sendo pregado mesmo
diante da prisão de Paulo, começaram a também pregar a Palavra de Deus,
esperando que, com isto, as autoridades romanas poderiam se voltar contra o
apóstolo, prejudicando a sua situação, precisamente no momento em que se
aguardava o seu julgamento diante do tribunal de César.
- Em nossos dias, não é diferente. Muitos
servos de Deus, ao serem engrandecidos pelo Senhor no seu zelo pela obra, ao
terem seus trabalhos abençoados por Deus, encontram alguns “ajudadores” que, na
verdade, estão a realizar o trabalho não para glória e louvor do Senhor, mas
para prejudicar aquele que está se sobressaindo por seu zelo, pela sua
dedicação.
- Não podemos julgar os outros (Tg.4:11), visto
que não temos acesso ao coração dos homens, algo que somente está reservado a
Deus (I Sm.16:7). Por isso, não nos cabe avaliar se alguém que está nos
auxiliando em nossa tarefa na obra do Senhor, em nossa atividade em prol do reino
de Deus, o faz de boa mente ou, pelo contrário, por inveja ou porfia. Este é um
assunto que está afeto ao Senhor e mesmo que Deus no-lo revele (como parece ter
ocorrido com o apóstolo), isto não nos deve desanimar em nosso serviço,
tampouco nos impelir a tomar alguma atitude para interromper tal “ajuda”.
- Paulo, diante de sua situação de prisioneiro,
não podia fazer coisa alguma com relação a estes “evangelistas por inveja ou
porfia”, que estavam a pregar a Palavra junto à elite e à casa de César, em locais
que o apóstolo não podia estar. No entanto, não foi só por isso que o apóstolo
deixou de tomar alguma atitude, pois poderia, ao menos, ter feito alguma
repreensão ou procurado aqueles crentes sinceros para que, de alguma forma,
impedissem o trabalho destes pseudo-evangelistas.
- O apóstolo nada fez, porque, mesmo tendo
sabido a má intenção de alguns daqueles evangelistas, tinha algo em mente muito
superior do que seu próprio bem-estar ou seus interesses. Ele era servo de
Cristo e, como tal, queria tão somente agradar ao Senhor (Gl.1:10).
- Consciente de sua
vocação, o apóstolo sabia que, mesmo aqueles pseudo-evangelistas, ao anunciarem
o Evangelho, ao divulgarem a Palavra de Deus, estavam contribuindo para que a
vontade de Deus se fizesse. Paulo havia sido levado preso para Roma para ali pregar o Evangelho e,
ante a sua postura, havia levado outras pessoas a também evangelizarem a
capital do Império. Se algumas destas pessoas o faziam por inveja ou porfia,
com o intuito de complicar a situação do apóstolo diante das autoridades
romanas, isto nada significava diante do fato de que a Palavra de Deus estava
sendo cada vez mais anunciada, como era o desejo do Senhor.
- Este desapego à sua própria situação, este
serviço desinteressado do apóstolo, que se contentava em ver a Palavra de Deus
sendo pregada, ainda que isto pudesse resultar em uma complicação da sua
situação perante as autoridades, é uma característica que não se encontrava
apenas em Paulo ou que fosse exigível somente ao Apóstolo dos Gentios.
- Na verdade, esta situação é a que o Senhor
Jesus exige de cada um de nós. Cristo foi bem claro ao dizer que quem quiser
ganhar a sua vida, perdê-la-á, mas quem a perder por amor d’Ele, ganhá-la-á
(Mt.10:39; 16:25; Mc.8:35; Lc.9:24; 17:33). O primeiro requisito para seguirmos
a Cristo é o de renunciarmos a nós mesmos, de negarmos a nós mesmos (Mt.16:24;
Mc.8:34; Lc.9:23).
- Reside aqui um dos principais motivos pelos
quais há, em nossos dias, tantos “falsos irmãos”, inclusive na atividade em
prol do reino de Deus. A diferença que havia entre Paulo e aqueles
pseudo-evangelistas estava na motivação. Paulo abrira mão de tudo para servir a
Cristo Jesus. Nada fazia por interesse próprio,não buscava a sua vontade nem
satisfação, mas visava tão somente agradar a Cristo. Já estes
pseudo-evangelistas estavam a pregar o Evangelho porque tinham um interesse:
ver o mal de Paulo, assistir à ruína do apóstolo, à sua condenação à morte.
Eram movidos pelo seu ego, pela sua própria vontade.
- Para Paulo, a
pregação do Evangelho era o seu fim, a razão de ser da sua vida, o seu único e
exclusivo objetivo, motivo pelo qual ele o fazia de boa mente (I Co.9:16,17). Para os
pseudo-evangelistas, a pregação do Evangelho era apenas um meio pelo qual
queriam atingir o seu objetivo, que outro não era senão o mal de Paulo, que era
o que procuravam.
- Qual tem sido o nosso objetivo, amados
irmãos? Para que e por que estamos a exercer atividades em nossa igreja local?
Será para que atinjamos uma determinada posição na igreja? Será por dinheiro?
Será para obtermos o mal de alguém de que não gostamos, de que temos inveja?
Deus o sabe, assim como aqueles homens sinceros, como o apóstolo Paulo, a quem
Deus tem revelado as nossas intenções. Pensemos nisto!
- Enquanto havia aqueles que evangelizavam
querendo o mal do apóstolo, havia outros que, de boa mente e por amor,
empenhavam-se para que a prisão do Paulo servisse para o engrandecimento do
Evangelho e, por conseguinte, para que a vocação do apóstolo fosse concretizada
mais e mais.
- Como é bom sermos membros em particular do
corpo de Cristo e, desta maneira, contribuirmos para que o ministério dos
nossos irmãos seja cada vez mais engrandecido e agradável ao Senhor. Quantos
evangelizados pelo apóstolo, sabendo da sua vocação, da obediência à “visão
celestial” que recebera de Cristo, não passavam a pregar a Palavra de Deus e a
ganhar almas para Cristo em Roma?
- Temos sido colaboradores daqueles que foram
chamados para a evangelização de forma integral a ponto de também falarmos de
Cristo para aqueles que estão à nossa volta?
- O ambiente existente em Roma por parte
daqueles servos que amavam a Deus e a Paulo era totalmente diverso do que vemos
em nossos dias nas igrejas locais. Ali não havia o entendimento, infelizmente
presente em nosso meio na atualidade, de que é missão do obreiro, do ministro
do Evangelho a pregação da Palavra de Deus, o ganhar almas para Cristo, ainda
mais quando este obreiro é assalariado pela igreja.
- Esta é uma tarefa de todo e qualquer cristão.
Temos a obrigação, como integrantes do
corpo de Cristo, de pregar o Evangelho a toda a criatura. A evangelização
não ficou a cargo dos ministros, que devem, sim, pregar a Palavra, ensiná-la ao
corpo de Cristo, mas isto não nos isenta de fazê-lo.
- Um dos motivos pelos quais o número de
membros tem diminuído nas igrejas locais é, precisamente, o fato de que não há
mais este empenho por parte da membresia em evangelizar, em levar pessoas para
ouvirem a Palavra de Deus nos cultos. Temos observado, com tristeza, que, em
muitos lugares, não há mais qualquer enfoque evangelístico nas reuniões, bem
como que são pouquíssimos os membros que convidam pessoas descrentes para os
cultos.
- Tal entendimento não existia em Roma. Muitos
servos do Senhor, apesar de saberem que Paulo estava para ser levado ao
julgamento de César e que o Império Romano poderia entender que a pregação do
Evangelho fosse uma ameaça ao governo e, diante disto, se desse início a uma
perseguição aos cristãos, diante da prisão do apóstolo e sabendo do seu zelo e
de sua dedicação na pregação da Palavra, passaram eles mesmos a anunciar o
Evangelho e a ganhar almas para o Senhor Jesus.
- Como justificar, então, amados irmãos, que,
num país onde ainda a liberdade de culto e de crença é ampla (ainda que esteja
sendo cada vez mais combatida e restringida pelo projeto anticristão que está a
nos governar), sejamos tão negligentes em pregar a Palavra, em contribuir com
aqueles que o Senhor tem levado ao ministério em nossas igrejas locais para
ganhar almas a Ele? Pensemos nisto!
- A existência destes irmãos que, por amor,
estavam a evangelizar certamente alegrava o apóstolo Paulo e era o principal
bálsamo para as dores e temores de que, como ser humano, estava acometido na
sua situação de aguardo do pronunciamento do tribunal de César, que, inclusive,
poderia custar-lhe a vida.
- Neste gesto de desprendimento e de amor,
nesta evangelização, o apóstolo via o cumprimento da vontade de Deus na sua
prisão e o próprio cumprimento de seu ministério, o que o deixava tranquilo,
pois, sabia ele, que o objetivo de sua existência, a razão de ser de sua vida
estava se cumprindo, apesar de estar ele com sua locomoção prejudicada em
virtude da prisão. Roma estava sendo cheia da doutrina de Cristo, assim como
ocorrera com Jerusalém (At.5:28), algo de que Paulo fora testemunha e mesmo
antes de ter se convertido ao Senhor (At.8:1-3).
- Muitos de nós, na atualidade, queixam-se de
uma falta de ânimo e de dedicação por parte de alguns ministros e oficiais,
chegam mesmo a acusá-los diante de autoridades eclesiásticas e de outros
membros, criando climas adversos e muito sofrimento por parte de obreiros que
são tachado de negligentes, lenientes e preguiçosos. No entanto, indagamos,
temos agido de modo a contribuir com eles, a fim de animá-los, apesar das
dificuldades e adversidades pessoais que estão a passar em suas vidas e que bem
podem ter motivado esta desaceleração e eventual desinteresse no desempenho de
seu ministério?
- Muitos são céleres em apontar a deficiência
no zelo de alguns ministros, mas eles próprios, por se sentirem desobrigados de
fazer qualquer coisa em prol da evangelização, nada fazem, nada contribuem para
que almas sejam alcançadas pelo Senhor Jesus. Aqueles romanos, pelo contrário,
“puseram mãos à obra” e começaram a pregar a Palavra, o que muito alegou o
coração de Paulo e serviu de grande fator para a manutenção de sua fortaleza
espiritual, mesmo diante da delicada situação por ele vivida.
- O resultado de toda esta evangelização,
inclusive a realizada pelos pseudo-evangelistas, foi alegria espiritual do
apóstolo. Paulo afirma aos filipenses que, ao contrário do que eles poderiam
pensar, não estava ele abatido com a prolongada prisão, pois o fato era que as
cadeias não o tinham impedido de evangelizar e de ver a evangelização crescendo
em Roma: “Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a
maneira, ou com fingimento ou com verdade, nisto me regozijo e me regozijarei
ainda” (Fp.1:18).
- Paulo mostrava aos
filipenses, em primeiro lugar, que o que devia preocupá-los não era tanto a sua
pessoa, mas, sim, o cumprimento do seu ministério. Como servo de Deus, o apóstolo não poderia
preocupar-se consigo, com a sua própria vida, mas em fazer a vontade de Deus. O
apóstolo era agradecido pelos cuidados que os filipenses tinham com sua pessoa,
mas mais importante do que a sua pessoa era a vocação que Deus lhe dera.
- Em segundo lugar, o
apóstolo quis deixar os filipenses conscientes de que a sua prisão deveria
alegrá-los e não abatê-los. Ao saber que Roma estava sendo evangelizada e que, portanto, o
ministério de Paulo estava sendo cumprido, os crentes de Filipos deveriam
glorificar a Deus e perceber que o Senhor mantinha o pleno controle da situação
e que tinha valido a pena aqueles quatro anos, no mínimo, de prisão. Com esta
experiência, os filipenses deveriam continuar a entender que, assim como em
Filipos, a prisão do apóstolo fora motivo para a glorificação do nome do Senhor
e da consolidação daquela igreja local, agora, a prisão de Paulo, ainda que
muito longa, estava servindo aos propósitos divinos de crescimento do Evangelho
no coração do Império Romano.
- Temos aqui a “segunda alegria” da epístola de Paulo aos filipenses, como dito pelo
pastor José Barbosa de Sena Neto, a
“alegria no fato de Cristo ser pregado”, “in verbis”: …Os longos anos de
prisão de Paulo, longe ser de atraso para o progresso do Evangelho, antes
contribuíra para o seu progresso. Paulo está confinado dentro de quatro
paredes, mas na sua imaginação, segundo a linguagem que ele emprega, está na
vanguarda daqueles que pregam o Evangelho, indo na frente e abrindo picada para
que os demais passem com relativa facilidade (1.12). Ao menos duas cousas
positivas resultaram da prisão de Paulo: a ‘guarda pretoriana’, a elite do
exército romano, estava sendo evangelizada; e, os irmãos em Roma proclamavam o
Evangelho com mais desassombro. Até os inimigos gratuitos do apóstolo estavam
pregando a Cristo! E Paulo se regozijava!…” (Carta aos filipenses, a epístola
da alegria! Disponível em: http://www.cpr.org.br/bn-filipenses.htm Acesso em 15
maio 2013).
- Temos também esta alegria, alegria, aliás,
que é uma das qualidades do fruto do Espírito (Gl.5:22)? Podemos ter alegria
mesmo quando estamos passando por sofrimento e adversidades? Temos alegria
quando vemos almas serem salvas? Temos alegria quando vemos a obra de Deus
progredir?
- Esta alegria de que
Paulo desfrutava era uma alegria espiritual. Suas condições físicas, sociais e jurídicas
não eram das melhores, eram extremamente preocupantes. Todavia, não era isto
que estava na razão de vida do apóstolo, que não mais vivia para si, mas que
vivia para Cristo (Gl.2:20). Assim, como Cristo estava sendo pregado e muitas
almas, salvas, ele se alegrava, pois o seu viver era Cristo.
- Quando não nos alegramos pela salvação de
almas, quando não nos alegramos pelo crescimento da obra de Deus, isto é um
fator que revela onde está o nosso coração, onde está a nossa vida. Se somos
fiéis e sinceros servos do Senhor, se somos filhos de Deus, nossa reação pela
salvação das almas tem de ser a mesma dos anjos fiéis, dos santos anjos. E qual
é a reação dos anjos? A alegria! Basta lermos o que se encontra em Lc.15:10:
“…há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.”
OBS: Lembramos aqui a letra do hino 274
do Cantor Cristão, denominado “Coro Santo”, de autoria de Cushing, que nos
descreve esta alegria pela salvação das almas nos céus, cujo refrão assim diz:
“Glória, glória os anjos cantam lá! Glória, glória, as harpas tocam já! É o
santo coro dando glória a Deus, por mais um remido entrar nos céus.” Diz o
hinista americano Ira David Sankey que o autor, ao redigir este hino, após um
dia de intensa meditação sobre a alegria que havia nos céus pela salvação de
uma alma (SANTOS, Robert. História do hino 274 do Cantor Cristão. Disponível
em:
http://crentebatista.wordpress.com/2010/05/27/historia-do-hino-274-%E2%80%93-coro-santo/
Acesso em 15 maio 2013).
- Se, entretanto, ficamos a desejar mal àquele
que levou a alma aos pés de Cristo, se nossa intenção é que “tudo dê errado”
para que alguém perca seu cargo ou função na igreja local, de preferência para
nós ou para alguém de nossa estima, estamos, sem dúvida, na situação daqueles
que pregavam por inveja ou porfia, por contenção, não puramente, o que está
sendo conhecido não só do Senhor, mas, muito provavelmente, pelo Seu servo que
é alvo desta inveja. Tomemos cuidado, amados irmãos!
- Outro ponto importante que aprendemos com
esta expressão de Paulo é de que a motivação
daquele que faz a obra de Deus é irrelevante para o alcance dos propósitos
divinos. O fato de pessoas estarem a pregar o Evangelho por contenção,
inveja ou porfia não impedia que Cristo fosse anunciado e que a Palavra
promovesse a salvação das almas.
- Este é um ponto importante que, por vezes, é
incompreendido por alguns. O Evangelho é o poder de Deus para a salvação que
todo aquele que crê (Rm.1:16). Deste modo, não será a má intenção de um pobre
mortal, a hipocrisia de um falso cristão que impedirá a Palavra de Deus de
levar fé ao pecador e deste, então, ser convencido pelo Espírito Santo e
alcançar a salvação da sua alma (Rm.10:17; Jo.16:7-11).
- Como ensinava o saudoso pastor Daniel
Beltrão, que, durante muitos anos, congregou na Assembleia de Deus – Ministério
do Belém – São Paulo/SP, a Palavra de Deus é a semente e ela dará fruto bom
ainda que seja semeada por mãos leprosas. Aqueles pseudo-evangelistas, movidos
por inveja, porfia e contenção, eram carnais, pois a sua pregação era resultado
de obras da carne (Gl.5:20,21) e, desta maneira, as suas próprias pregações são
fatos que os levam à condenação eterna, mas, por intermédio destas pregações,
muitos foram salvos e terão a vida eterna. Tais pessoas estavam a ganhar o
mundo, mas a perder as suas almas (Mt.16:26)!
- Esta é a situação de muita gente em nossos
dias. Ganharão muitos para Cristo com sua pregação movida por interesses
escusos, por sua carnalidade, mas eles próprios padecerão no fogo do inferno!
Que Deus nos guarde!
- Mas, além de gerar alegria espiritual em
Paulo, esta disposição dos romanos em pregar o Evangelho, mesmo por parte dos
pseudo-evangelistas, trouxe ao apóstolo uma convicção, qual seja, a de que não
era ainda este o momento do término do seu ministério.
- Paulo anuncia aos
filipenses de que este empenho dos romanos na pregação da Palavra era uma
demonstração de que seu tempo ainda não havia findado. Ao contrário do que se vê na
segunda carta do apóstolo a Timóteo, a sua última carta, escrita após a sua
segunda prisão em Roma, aqui Paulo mostra certeza de que aquela evangelização
era um sinal divino de que o apóstolo ainda teria prosseguimento em seu
ministério, de que seria absolvido e solto em seu processo.
- Quando Paulo tencionou ir para Roma, sentiu
este desejo, naturalmente impelido pelo Espírito Santo, que sempre o dirigia em
seu ministério, o apóstolo, que se encontrava, na ocasião, em Cencreia, porto
próximo a Corinto, escreveu a epístola aos romanos, onde revelava sua intenção
de ir a Roma e de lá ser enviado, pelos crentes daquela igreja, para a Espanha
(Rm.15:23-28), abrindo, assim, uma nova frente de evangelização, no extremo
ocidental do Império Romano, até então não evangelizado.
- Quando foi preso em Jerusalém, o Senhor lhe
apareceu e disse que convinha que ele pregasse o Evangelho em Roma assim como
havia sido pregado o Evangelho em Jerusalém (At.23:11). Em Roma, mesmo preso, o
apóstolo percebeu que sua prisão não o impedia de evangelizar, tendo, como em
todos os lugares em que havia pregado, iniciado tal evangelização pelos judeus
(At.28:17-28).
- Agora, diante deste impulso de evangelização
promovido pelos evangelizados, o apóstolo teve a consciência de que a igreja em
Roma havia sido incentivada e estimulada a pregar a Palavra, havia obtido um
ímpeto missionário e, deste modo, pôde Paulo entender que seu intento de ir a
Espanha por meio da igreja em Roma se concretizaria e, em sendo assim, sua
prisão não permaneceria, mas seria ele absolvido, único meio pelo qual
adquiriria a liberdade necessária para ir para a Espanha e iniciar esta nova
frente de evangelização.
- Percebemos, pois, que o apóstolo, em nítida
comunhão com o Espírito Santo, tendo conhecimento pleno dos “sinais dos
tempos”, diante da convicção que tinha de sua vocação, podia afirmar aos
filipenses, com absoluta confiança, que seu fim ainda não viria desta feita,
mas que ele seria liberto a fim de prosseguir o seu ministério.
- Assim como ocorreu com Paulo, isto ainda
acontece com os servos de Deus que, mantendo uma vida sincera diante de Deus,
bem como tendo consciência e disposição de cumprir a vocação em que foi
chamado, são também devidamente orientados pelo Espírito Santo a respeito da
continuidade, ou não, de suas vidas. Não nos esqueçamos de que o nosso Deus
sempre revela os Seus segredos aos profetas (Am.3:7).
- O apóstolo tem esta
certeza porque havia sido socorrido pelo Espírito Santo, que lhe revelara esta
verdade, como também fortalecido pelas orações dos irmãos, em especial, dos
crentes de Filipos
(Fp.1:19). Vemos aqui uma demonstração fática do poder da oração intercessória
– o Espírito Santo não só revelou a Paulo que ele não morreria, que seria
absolvido, como também que isto se devia, em parte, pelas orações
intercessórias dos irmãos, mui especialmente pelos crentes filipenses.
- Como diz Tiago, “…a oração feita por um justo
pode muito em seus efeitos”(Tg.5:16b). A oração feita pelos crentes de Filipos
em prol do apóstolo, que estava encarcerado, produziu grandes efeitos, pois,
não só o Senhor estimulou e incentivou pessoas a fazerem a pregação do
Evangelho, para alegrar o coração do apóstolo, como também lhe revelou que ele
seria absolvido para prosseguir o seu ministério. Temos orado pelos que estão
pregando a Palavra de Deus? Temos intercedido em favor daqueles que dedicaram
suas vidas à salvação das almas, à obra de Deus?
- Esta intercessão foi um fator importante, mas
não foi o único. O próprio apóstolo revela que tinha uma intensa expectação e
esperança, que não permitia a sua confusão, mas que gerava uma confiança em
Cristo, sendo, pois, diante disto, indiferente para ele a morte ou a vida.
- Por ser um sincero e
autêntico servo do Senhor, o apóstolo Paulo gozava de esperança, esta que é uma das três “virtudes
teologais” (I Co.13:13; Rm.5:4), ou seja, disposições que são concedidas a cada
cristão pelo Espírito Santo como consequência da salvação.
- A esperança, chamada de “âncora da alma”
(Hb.6:18,19), é a disposição que nos faz esperar a realização das promessas de
Deus, que nos faz caminhar neste mundo aguardando a redenção do nosso corpo, a
nossa ida para a eternidade na companhia do Senhor no dia da Sua gloriosa
vinda.
- Paulo tinha esta esperança, prosseguia sua
vida tendo como alvo chegar à cidade celestial, de onde esperava o Senhor
Jesus, que transformará o nosso corpo abatido para ser conforme o Seu corpo
glorioso, segundo o Seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas
(Fp.3:14,20,21).
- Nós, também, precisamos ter esta esperança e
vivermos em função dela. É muito importante que tenhamos a oração intercessória
dos nossos irmãos, mas é fundamental que nós mesmos retenhamos a esperança que
nos foi proposta. A esperança não vem de imediato ao crente, mas é fruto da sua
experiência com Deus (Rm.5:4), experiência esta que, por sua vez, resulta da
paciência, paciência esta que é fruto das tribulações que passamos nesta vida
(Rm.5:3,4).
- Paulo tinha uma experiência tremenda com o
Senhor, tendo passado por muitas tribulações (II Co.11:23-28), que lhe haviam
gerado tanto paciência quanto experiência, que resultara em “intensa expectação
e esperança”. Esta esperança era fortalecida pela consolação do Espírito Santo,
o socorro de que Paulo fala aos filipenses, socorro este que trazia a
necessária consolação ao apóstolo (II Co.1:3-5).
- Para o apóstolo, em virtude desta esperança,
era indiferente se ele haveria de morrer ou viver. O que importava ao apóstolo
era cumprir a vontade de Deus. Por isso, disse ele que para ele, o viver era
Cristo e o morrer era ganho (Fp.1:21). O apóstolo era um verdadeiro cristão
que, no ato do batismo nas águas, mostra que morreu para o mundo, inclusive
para si mesmo, e vive agora tão somente para Deus (Rm.6:11).
- Este sentimento tem faltado a muitos de nós.
Será que realmente somos cristãos? Temos morrido para o mundo e para o pecado e
vivido tão somente para Deus? Temos renunciado a nós mesmos e perdido nossas
vidas para ganhá-las? Como vimos supra, é esta a exigência do Senhor Jesus para
os Seus seguidores e, por agir deste modo, é que o apóstolo pouco se importava
com o seu destino naquele processo a que respondia, pois seu intuito era tão
somente agradar a Deus, fazer-Lhe a vontade.
- É precisamente por isso que o apóstolo revela
aos filipenses que seu desejo era passar para a eternidade, ver atingido o alvo
que esperava, obter a glorificação, última etapa do processo da salvação
(Rm.8:29,30). Por isso tinha desejo de partir e estar com Cristo, pois isto é
muito melhor do que ficar neste mundo (Fp.1:23).
- Este desejo de Paulo, no entanto, não pode
ser, em absoluto, confundido com o desejo de morte decorrente da depressão,
como os manifestados por Jó (Jó 3) ou por Elias (I Rs.19:4), onde se tem uma
desilusão, uma decepção e, diante desta contrariedade do ego, chega-se a Deus
com um ultimato para que cesse a existência terrena, o que caracteriza tal
situação como uma completa incredulidade no poder de Deus.
- Muito pelo contrário, o desejo de Paulo era
um assentimento da vontade divina, um reconhecimento de que devemos sempre
fazer a vontade de Deus e que, diante de seu encarceramento e da
impossibilidade de pregar a Palavra, talvez o seu ministério tivesse chegado ao
fim e que, assim, nada mais restava fazer senão partir para a eternidade, por
vontade de Deus e com a consciência de que o Senhor tinha feito tudo o que
tinha querido fazer.
- É este o desejo que deve ter todo cristão.
Completamente desprendido das coisas materiais e das coisas deste mundo, o
servo de Deus deve saber que somente viverá aqui enquanto tiver algo para fazer
para Deus, enquanto for útil para os desígnios divinos. Temos aqui, aliás, mais
uma prova de que é totalmente sem respaldo bíblico aquela afirmação, que já
virou mais um dos infelizes jargões de nosso tempo, segundo o qual “quem tem
promessa de Deus não morre”. Paulo não estava preso à vida e sabia que devia
tão somente fazer a vontade do Senhor e que, tendo ou não promessa, sua vida
estava nas mãos de Deus, a quem única e exclusivamente cabe dizer quando
terminará a nossa existência terrena.
- Temos aqui o que o pastor José Barbosa de
Sena Neto chama de a terceira alegria
desta carta, qual seja, “a alegria na fé”, “in verbis”: “…Paulo enfrentava
a vida com realismo. Bem sabia que poderia ser condenado à morte, mas para ele
vida ou morte lhe era indiferente. O seu interesse era o bem-estar dos
filipenses, e para eles seria mais interessante que Paulo continuasse a viver.
Seria para a alegria da fé deles. A alegria da fé resultante da comunhão dos
santos.…” (Carta aos filipenses: a epístola da alegria. Disponível em:
http://www.cpr.org.br/bn-filipenses.htm Acesso em 16 maio 2013).
- No entanto, diante do que o Espírito Santo
lhe havia revelado, o apóstolo compreendeu que, apesar de ser muito melhor para
ele partir com Cristo, era-lhe mais necessário ficar na carne, prosseguir ainda
sobre a face da Terra, por amor dos crentes filipenses e não somente deles mas
de todos os irmãos em Cristo (Fp.1:24-26).
- Paulo não somente
tem a revelação de que permaneceria ainda na terra, mas também que voltaria a
Filipos, pois isto
se faria para proveito daqueles crentes e para o gozo da fé daqueles crentes, a
fim de que a glória deles abundasse em Cristo Jesus (Fp.1:24-26).
- Notamos aqui que a partida de Paulo não era
possível também por um motivo: os crentes de Filipos, já preocupados e abatidos
com a prisão do apóstolo, não resistiriam à sua morte, desfaleceriam na fé. Não
era ainda o tempo para a partida de Paulo e o apóstolo bem compreendeu isto.
Colaboração para o Site Pecador Confesso -
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco
Colaboração para o Site Pecador Confesso - Presbítero Eudes L Souza
Colaboração para o Site Pecador Confesso - Ev. Natlino das Neves
Texto Editado e Postado por Hubner Braz (@PecadorConfesso)
Colaboração para o Site Pecador Confesso - Presbítero Eudes L Souza
Colaboração para o Site Pecador Confesso - Ev. Natlino das Neves
Texto Editado e Postado por Hubner Braz (@PecadorConfesso)
COMMENTS