JESUS, O MODELO IDEAL DE HUMILDADE - LIÇÃO 4 - 28 DE JULHO DE 2013 - EBD - CPAD

Comentário em texto e subsídio em vídeo aula para auxiliar professores e alunos na Escola Dominical deste 3° Trimestre. Lição 4 - Jesus, o modelo ideal de humildade - 28 de julho de 2013 - cpad - ebd

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3º Trimestre de 2013 - CPAD
FILIPENSES: a humildade de Cristo como exemplo para a Igreja Comentários da revista da CPAD: Elienai Cabral
Consultor Doutrinário e Teológico da CPAD: Pr. Antonio Gilberto
ESBOÇO Nº 4


LIÇÃO Nº 4 – JESUS, O MODELO IDEAL DE HUMILDADE

Jesus, ao Se humanizar, deu-nos o modelo perfeito de humanidade, que devemos seguir.

INTRODUÇÃO

- Na continuidade do estudo da epístola aos filipenses, estudaremos hoje a continuidade do segundo capítulo, onde o apóstolo nos traz o Senhor Jesus como modelo de humanidade e de humildade.

- Ao deixar a Sua glória, o Senhor Jesus mostra-nos como deve viver o homem sobre a face da Terra.

I – CRISTO JESUS SE FAZ HOMEM

- Ao descrever o comportamento que gostaria de ver nos crentes filipenses, o apóstolo Paulo estava a simplesmente dizer que aqueles crentes, como todo e qualquer salvo, deveriam ser imitadores de Jesus Cristo, assim como o próprio apóstolo se identificara aos coríntios (I Co.11:1).

- Aliás, como afirma Tomás de Kempis (1379 ou 1380-1471), o autor do célebre livro “A Imitação de Cristo”, obra que teve grande influência para o resgate da espiritualidade cristã no final da Idade Média, inclusive da Reforma Protestante, “…Quem me segue não anda nas trevas, diz o Senhor (Jo 8,12). São estas as palavras de Cristo, pelas quais somos advertidos que imitemos Sua vida e Seus costumes, se verdadeiramente queremos ser iluminados e livres de toda cegueira de coração.…” (A imitação de Cristo, I, 1, 1. Disponível em: http://www.culturabrasil.org/imitacao.htm Acesso em 01 maio 2007).

- Com efeito, ao fazer aquela descrição comportamental, Paulo diz que os filipenses deveriam ter o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus. Como afirmou o príncipe dos pregadores, Charles Haddon Spurgeon (1834-1892), “…Paulo desejava unir os santos em Filipos nos santos laços do amor. Para fazer isto, ele os levou para a cruz. Amados, há cura para toda doença espiritual na cruz. Há alimento para toda virtude espiritual no Salvador…” (Nosso Senhor no vale da humilhação. Sermão n. 2281. 06 nov. 1892. Disponível em: http://www.spurgeongems.org/vols37-39/chs2281.pdf Acesso em 03 jun. 2013) (texto original em inglês) (tradução nossa).

- Para bem descrever qual era este sentimento de Cristo Jesus, o apóstolo passa, então, a tratar daquilo que os estudiosos da Bíblia denominam de “kenosis”, ou seja, o esvaziamento da glória divina e a encarnação de Jesus, a Sua humilhação que dos céus até a morte de cruz proporcionou a redenção da humanidade.

- Como diz Spurgeon: “…o apóstolo sabia que, para criar concórdia, você precisa, em primeiro lugar, de gerar uma mente humilde. Homens não disputam quando suas ambições chegam a um fim. Quando cada um deseja ser o menor, quando todos desejam que seus companheiros sejam superiores a si mesmos, há um fim no espírito faccioso. Cismas e divisões são todos superados. Agora, para criar uma mente humilde, Paulo, sob o ensino do Espírito Santo, falou a respeito da humildade de Cristo. Ele tinha de nos fazer descer e então ele nos leva a ver a descida do nosso Mestre…” (op.cit.) (destaque original) (texto original em inglês) (tradução nossa).

- Alguns estudiosos, mencionados pela Bíblia de Jerusalém, dizem que “… os vv.6-11 [Fp.2:6-11, observação nossa] são provavelmente um hino cristão antigo, semelhante a Cl.1:15-20; I Tm.3:16; II Tm.2:11-13, que Paulo cita. Tradicionalmente, foi interpretado em função de esquema divino descendente-ascendente da Divindade (Gn.11:5; 17:22; 28:12; Is.55:10,11), segundo o qual a kenose de Cristo era a entrega de Sua glória divina a fim de viver a vida humana e consequentemente sofrer. Sua estrutura, contudo, é manifestamente baseada no esquema bíblico da humilhação (vv.6-8) seguida pela exaltação (vv.9-11), segundo o qual a pessoa justa que sofre é recompensada por Deus (sl.49:15,16; Eclo.49:14; Ez.21:31; Lc.14:11; 18:14; Mt.23:12; Tg.4:10). É mais provável, por isso, que Jesus como o segundo ou último Adão (I Co.15:45), seja implicitamente contrastado ao primeiro Adão (Gn.3:4,5).…” (BÍBLIA DE JERUSALÉM, nota f, p.2049).

- O verdadeiro e genuíno crente tem em si mesmo o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, o mesmo desprendimento, o mesmo despojamento, a mesma negação de si mesmo que caracterizou toda a obra salvífica de Jesus.

- No já mencionado sermão de Charles Spurgeon, o príncipe dos pregadores mostra que este desprendimento de Cristo acompanhou toda a Sua vida terrena. Jesus desprendeu-Se não só ao encarnar, mas em nascer numa família pobre. Jesus desprendeu-Se ao esconder a Sua divindade em uma infância, adolescência e juventude de submissão e anonimato em Nazaré, criando uma imagem que, inclusive, impediu os nazaritas de reconhecê-l’O como o Messias.

- Jesus, também, desprendeu-Se ao Se deixar ser tentado pelo diabo, no deserto, inclusive permitindo ser transportado pelo adversário ao pináculo do templo. Jesus também Se desprendeu quando Se deixou cercar por publicanos e pecadores, bem como quando foi tido por louco, beberrão e comilão pelos escribas e fariseus. Não houve um só instante em Seu ministério terreno em que Jesus não tenha Se desprendido de tudo quanto pudesse Lhe representar conforto ou bem-estar.

- Paulo aqui não inova, mas repete o ensinamento do próprio Senhor que já afirmara que aquele que quisesse segui-l’O deveria, por primeiro, renunciar a si mesmo, negar a si mesmo (Mt.16:24; Mc.8:34; Lc.9:23). A vida cristã é uma vida em que o “eu” não tem lugar. Temos sido, sob este aspecto, genuínos cristãos?

- Jesus Cristo, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus (Fp.2:6). Embora fosse Deus, o Senhor Jesus não Se prendeu à Sua divindade, mas aceitou abrir mão da glória divina para poder vir nos salvar.

- Ainda citando Spurgeon: “…Eu e você não podemos ter ideia alguma da altura e da honra de ser igual a Deus! Como podemos, por conseguinte, medir a descida de Cristo, quando nossos pensamentos mais altos não podem sequer compreender a altura de onde Ele veio? A profundidade para onde Ele desceu é imensuravelmente mais abaixo de qualquer ponto que nós já tenhamos chegado e a altura de onde Ele veio é inconcebivelmente mais alta do que nossos maiores pensamentos. Não se esqueça, porém, da glória que Jesus deixou por um tempo. Lembre-se de que Ele é verdadeiro Deus de verdadeiro Deus e que ele habitou no altíssimo céu com Seu Pai. Mas, embora Ele fosse infinitamente rico, por nossa causa, Ele Se fez pobre para que nós, pela Sua pobreza, tornássemos ricos…” (op.cit.) (texto original em inglês) (tradução nossa).

- Este desprendimento do Deus Filho, que aceitou despir-se desta Sua glória, cantada incessantemente pelos serafins (Is.6:3), é o primeiro sentimento que deve existir entre aqueles que querem com o Filho viver eternamente na glória.

- Se queremos ser imitadores de Cristo Jesus, devemos entender que o desprendimento de si mesmo é o primeiro passo para podermos alcançar a vida eterna. O Senhor Jesus abriu mão de toda a Sua glória em prol do ser humano. Sendo em forma de Deus, abriu mão desta forma, ou seja, despiu-Se da glória para vir ao mundo como um simples mortal, a fim de alcançar a nossa salvação.

- É bom frisarmos que Jesus não deixou de ser Deus, pois é impossível que Deus deixe a Sua natureza (II Tm.2:13), mas o amor de Deus foi tanto que Ele abriu mão do máximo que poderia abrir, ou seja, da “forma de Deus”.

Russell Norman Champlin assim explica esta circunstância: “…embora Cristo, o Filho de Deus, o Verbo de Deus, possuísse eternamente a natureza e os atributos de Deus, não pensou que isso deveria ser ‘retido’, ou que essa retenção fosse questão de busca ansiosa. Pelo contrário, o grande objetivo de Cristo, que Ele buscava ansiosamente concretizar, era identificar-Se com os homens, a fim de produzir a redenção humana. Seu grande propósito não era parecer totalmente divino, mas, sim, tornar-se humano. ‘Antes de Sua encarnação, estando na forma de Deus, Cristo não reputou a Sua igualdade divina como um prêmio que devesse ser agarrado e retido a todo o transe; pelo contrário, deixou de lado a forma divina, e tomou sobre Si mesmo a natureza divina (Vincent, in loc., o qual, ao usar a ideia de ‘forma de Deus posta de lado’ como os ‘atributos da natureza divina’ e não a própria natureza divina).…” (O Novo Testamento interpretado versículo por versículo, v.5, pp.28-9).

- Não foi por outro motivo que, durante Seu ministério terreno, o Senhor Jesus jamais Se utilizou de Sua divindade, embora o adversário, por vezes, O tenha tentado para que usasse de Seus atributos divinos, o que, certamente, invalidaria toda a obra da redenção, que tinha de ser feita por Cristo enquanto homem, enquanto o “último Adão” (I Co.15:45).

- Dizemos isto porque alguns, equivocada ou maliciosamente, procuram ver na expressão “não quis ser igual a Deus” alguma “prova bíblica” de que Jesus não seria Deus. Nada mais falso, porém!

- Por primeiro, porque o texto deve ser entendido no contexto e o apóstolo Paulo fez questão de afirmar que Cristo era “em forma de Deus”. Ora, como diz Champlin, “…Cristo exibe ‘forma’ de Deus, pelo que também deve possuir a substância daquela forma, mesmo que esse vocábulo vise apenas falar de como Sua essência se manifesta e se exibe (…). O fato de que este versículo fala de uma ‘igualdade’ que Jesus Cristo poderia reclamar juntamente com Deus, se assim tivesse querido fazer, mostra-nos, de modo inequívoco, a divindade de Jesus; de outra forma, esta declaração seria absurda… (op.cit., v.5, p.28).

- Por segundo, quando se afirma que Ele não quis ser igual a Deus, apenas se está a dizer que Ele aceitou assumir uma forma subordinada ao Pai com a encarnação. Como afirma, ainda Champlin, “…é óbvio que, quando de Sua encarnação, o Filho assumiu posição subordinada, mas não demonstrou um zelo equivocado, procurando ‘reter’ igualdade com o Pai, embora isso fosse inerente à Sua natureza divina, como Deus Filho. Embora fosse igual quanto à natureza, como o Filho, e até como membro da Trindade, Ele tomou uma posição de subordinação, e isso por Sua própria determinação, tendo em vista Sua realização e missão, sobretudo como quem Se identificaria com os demais filhos de Deus, dentro da mente e do plano de Deus…” (op.cit., v.5, p.28) (destaques originais).

- Como diz o poeta sacro traduzido/adaptado por Paulo Leivas Macalão, de forma magistral, na primeira estrofe do hino 481 da Harpa Cristã, com a “kenosis”, o Senhor Jesus “deixou a Sua glória, esplendor, quando ao mundo quis descer”.

OBS: Por oportuno, vemos como os hinos da Harpa Cristã, hoje, lamentavelmente, abandonados em muitas igrejas locais, são, além de belos poemas, verdadeiros tesouros doutrinários para as Assembleias de Deus no Brasil. Cantemos, pois, os hinos de nosso hinário, amados irmãos!

- Nós, como imitadores de Cristo, devemos, também, abrir mão do livre-arbítrio que o Senhor nos deu, sujeitando-nos à Sua vontade, apesar de podermos escolher livremente recusá-la. Não podemos agir como os nossos primeiros pais que, tendo este poder de escolha, preferiram aceitar a sugestão satânica e quiseram ser iguais a Deus, viver independentemente d’Ele (Gn.3:5).

- O primeiro passo da vida cristã é, portanto, o desprendimento da glória. Como diz o já mencionado Tomás de Kempis: “…A suprema sabedoria é esta: pelo desprezo do mundo tender ao reino dos céus.…” (op.cit., I, 1,3.). Se Cristo abriu mão da Sua glória, uma glória verdadeira e eterna, para poder nos salvar, por que não haveríamos de abrir mão da vanglória, da glória ilusória e passageira criada pelos homens e que para nada aproveita? Jamais poderemos ser iguais a Deus e o caminho do desprendimento, do despojamento em prol do Senhor Jesus é o único passo que poderá nos levar à glória verdadeira. Quem se desprende da vanglória acabará indo para a glória com o Senhor Jesus! Pense nisto!

- O Senhor Jesus deixou de ser glorificado entre os serafins, deixou o esplendor da Sua glória para assumir um corpo, corpo que Lhe havia sido preparado pelo Pai (Hb.10:5), corpo que já sabia que seria aviltado, desprezado e açoitado. No entanto, mesmo “sabendo o destino aqui”, o Senhor aceitou vir a este mundo, demonstrando, com atitudes concretas, o Seu amor para conosco.

- Este mesmo desprendimento em prol do outro, outro que não tem valor, que não tem qualquer merecimento, que devemos também ter, diz o apóstolo Paulo aos filipenses e não só aos crentes de Filipos, mas a todos quantos querem servir ao Senhor Jesus. Temos esta disposição, amados irmãos?

- Jesus não quis “ser igual a Deus”, ou seja, não quis contrariar a vontade do Pai, que quis enviá-l’O para a salvação dos homens por amor. Jesus, sendo um com o Pai, também assentiu neste amor e Se dispôs a vir a este mundo para nos salvar. Não quis assumir, “por usurpação”, o lugar do Pai, que é a Pessoa deliberadora do envio, aceitando a Sua posição de enviado, de “apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão” (Hb.3:1).

- Para termos uma real vida cristã, precisamos, também, saber exatamente qual é o nosso lugar, ou seja, assumirmos a posição que o Senhor tem nos dado, posição esta que é a de Seu servo, atendendo à vocação para a qual fomos chamados na Sua obra.

- Hoje em dia, muitos que cristãos se dizem ser perderam esta noção. Em vez de se sujeitarem ao Senhor, como servos, querem ditar-Lhe ordens, “exigindo”, “determinando”, “não aceitando” aquilo que o Senhor lhes tem reservado em suas vidas. Preferem “colocar Deus contra a parede”, “perdoar Deus” e outras tolices que andam sendo propaladas por falsos mestres em nossos dias.

- A vida cristã exige que tenhamos absoluta noção de nossa posição, que é a de sermos submissos à vontade divina, ocupando o lugar que Ele nos tem reservado em Sua Igreja, para que, então, venhamos a ocupar o lugar que Ele já nos tem preparado nas moradas celestes. Não façamos como os anjos caídos, que “…não guardaram seu principado, mas deixaram a sua própria habitação” e que, por isso, o Senhor “reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia” (Jd.6). Que Deus nos guarde!

- Jesus manteve a Sua posição, não quis “ser igual a Deus” e, por isso, assumiu um corpo humano e veio ao mundo para morrer em lugar do pecador. Por isso, podia dizer que a Sua comida era fazer a vontade do Seu Pai, d’Aquele que O havia enviado para realizar a Sua obra (Jo.4:34). Era este também o sentimento de Paulo, que já dissera aos filipenses, antes nesta mesma carta, que o seu viver era Cristo (Fp.1:21), repetindo o que já afirmara aos gálatas, de que a vida que vivia, vivia na fé do Filho de Deus, pois não mais ele vivia, mas, sim, Cristo n’Ele (Gl.2:20). Tem sido este o sustento de nossa vida sobre a face da Terra?


II – JESUS CRISTO HOMEM SE FAZ OBEDIENTE ATÉ A MORTE

- Jesus, diz o apóstolo, aniquilou-se a Si mesmo (Fp.2:7), expressão que é também traduzida por “despojou-se”, a já mencionada “kenosis”. Sendo o Senhor, o Rei da Glória (Sl.24:7-10), tomou a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens (Fp.2:7). Servo que seria um servo sofredor, cujo sofrimento foi profetizado por Isaías nos chamados “cânticos do Servo” (Is.42:1-4; 49:1-6; 50:4-9; 52:13-53:12).

- Como servo, Jesus seria sustentado pelo Senhor, teria o Espírito do Senhor sobre Ele, produziria juízo entre as nações. Seria um servo que não clamaria, não Se exaltaria nem faria ouvir a Sua voz na praça (Is.42:1-4), algo bem diferente do atrevido e soberbo Herodes Agripa, que, por sua soberba, acabou comido de bichos (At.12:21-23).

- Jesus não só Se humilhou, deixando a forma de Deus e assumindo a forma de homem (observemos que Jesus não deixou de ser Deus, mas tão somente deixou a Sua glória divina), como também, enquanto homem, foi sempre um servo de Deus, alguém que Se fez dependente de Deus em todos os sentidos, sendo por Ele sustentado e que teria de ser ungido pelo Espírito Santo.

- Já o próprio ato da encarnação mostra a dependência de Jesus em relação ao Espírito Santo, que O gerou no ventre de Maria (Lc.1:35), como também O ungiu para o ministério terreno, o que se deu no ato de Seu batismo por João (Mt.3:16; At.10:38). Não só o Espírito Santo, mas o próprio Pai, também, sempre esteve com Ele em toda a Sua trajetória terrena (Jo.16:32), pois Ele era o Eleito em quem o Pai Se comprazia (Is.42:1; Mt.3:17; 17:5). Por isso, quando os pecados da humanidade recaíram sobre Ele, ter Ele sentido fortemente a ausência do Pai naquele instante e clamado: “Eli, Eli, lama sabactâni” (Mt.27:46).

- Ser servo é ter a noção de que dependemos do Senhor em todos os momentos, em todos os sentidos. É assumir a nossa condição de dependência do Espírito Santo, para que bem possamos nos conduzir neste mundo, pois os filhos de Deus são aqueles que são guiados pelo Espírito (Rm.8:16).

- O apóstolo queria que os crentes de Filipos fossem como o Senhor Jesus, absolutamente dependentes do Espírito Santo, absolutamente dependentes do Pai, que vivessem em função de fazer a vontade do Senhor. Isto é ser servo, isto é assumir a forma de servo.

- Quando temos consciência desta dependência de Deus, nós não nos exaltamos, não queremos que nossa voz se faça ouvir na praça, não queremos tomar para nós o clamor, mas, simplesmente, vivendo conforme a vontade do Senhor, produzimos justiça entre as nações. É precisamente por isso que o Senhor Jesus disse que nossa justiça deve exceder a dos escribas e fariseus se quisermos entrar no reino dos céus (Mt.5:20).

- O verdadeiro e autêntico servo do Senhor não se chama justo, mas entende que é justificado pela fé em Cristo Jesus e, por isso, ao renunciar à sua autojustificação, à justiça provinda de seus atos, dá um passo decisivo para produzir verdadeira justiça entre as nações. Por isso, os crentes de Antioquia foram chamados de “cristãos”, ou seja, “pequenos Cristos”, precisamente porque passaram a produzir, entre aqueles gentios, a justiça que fora vivida pelo Senhor.

- Mas ser servo, também, importava em ser o “profeta do Senhor”, aquele que, chamado desde o ventre, desde as entranhas de sua mãe, teria uma boca como “espada aguda”, instrumento de glorificação de Deus no meio do Seu povo, ainda que o povo não lhe fosse dar ouvidos (Is.49:1-6).

- O Senhor Jesus disse tudo quanto o Pai Lhe havia mandado dizer (Jo.15:15), consumando a obra que Lhe fora ordenado realizar, servindo, assim, de instrumento de glorificação do Pai (Jo.17:4), ainda que Israel, mesmo, O tenha rejeitado (Jo.1:11).

- Assim, também, os salvos em Cristo Jesus devem ser “profetas”, ou seja, anunciadores do Evangelho, sabendo que têm a obrigação de anunciar a salvação em Cristo Jesus, ainda que os homens rejeitem este anúncio. Paulo tinha esta consciência bem presente em sua mente (I Co.9:16). Esta mesma responsabilidade deveria estar entre os crentes de Filipos, que, como já temos visto em lições anteriores, tinham esta consciência a ponto de ser o suporte do ministério apostólico de Paulo.

- Temos, também, esta consciência. Será que temos sido servos no sentido de anunciadores do Evangelho, de incansáveis divulgadores das boas novas da salvação na pessoa de Jesus Cristo? Será que temos percebido que os discípulos de Jesus são, ao mesmo tempo, missionários? Pensemos nisto!

- Mas, ao anunciar a mensagem da salvação, o servo não só diria a seu tempo uma boa palavra ao que está cansado, mas deveria estar pronto para sofrer a perseguição, a aflição e o suplício (Is.50:4-9). O servo deve confiar em Deus e se submeter a todo o sofrimento decorrente da rejeição da mensagem salvadora por parte daqueles que se recusam a se converter.

- Tem-se aqui, aliás, o prosseguimento da humilhação do Senhor Jesus. Achado na forma de servo e semelhante aos homens, Cristo desce ainda mais, visto que Se humilha a Si mesmo e é obediente até a morte, e morte de cruz (Fp.2:8).

- Jesus não só tomou a forma de homem, mas, por obediência, assumiu, entre os homens, a posição mais humilhante, que foi a de um condenado, a de um maldito, que se submeteria à morte de cruz, a mais cruel forma de morte, a mais aviltante forma de morte, fazendo-se maldito por nós (Dt.21:23; Gl.3:13).

- Como afirma Spurgeon: “…O meio de humilhação de Nosso Senhor foi a obediência. Ele não inventou método algum para fazê-l’O ridículo! Ele não pôs sobre Si nenhum traje singular que pudesse atrair atenção para Sua pobreza. Ele simplesmente obedeceu Seu Pai e, observem, não há humilhação como a obediência.: ‘obedecer é melhor do que sacrificar e atender melhor é do que a gordura de carneiros’. Obedecer é melhor do que usar uma veste especial ou reduzir suas palavras em alguma forma peculiar de suposta humildade! Obediência é a melhor humildade — pôr-se aos pés de Jesus e realizar a sua vontade somente quando você souber que é a vontade de Deus para você. Isto é ser verdadeiramente humilde! …” (op.cit.) (texto original em inglês) (tradução nossa).

- O verdadeiro servo deve “levar a sua cruz”, se realmente quiser ser discípulo de Cristo Jesus (Mt.10:38; 16:24; Mc.8:34; Lc.9:23; 14:27). Não há vida cristã sem cruz, de forma que são verdadeiros impostores aqueles que andam pregando um Evangelho sem sofrimento e sem dificuldades.

OBS: Destes já falava Tomás de Kempis: “…Muitos encontram Jesus agora apreciadores de seu reino celestial; mas poucos que queiram levar a sua cruz. Tem muitos sequiosos de consolação, mas poucos da tribulação; muitos companheiros à sua mesa, mas poucos de sua abstinência. Todos querem gozar com ele, poucos sofrer por ele alguma coisa. Muitos seguem a Jesus até ao partir do pão, poucos até beber o cálice da paixão. Muitos veneram seus milagres, mas poucos abraçam a ignomínia da cruz.…” (op.cit., I, 11.1).

- A cruz é sinal de vergonha, de ignomínia, de vitupério. A cruz é a maior demonstração de desapego ao ego, de submissão à vontade divina. A cruz é o mais eloquente sinal da obediência que temos em relação a Deus, obediência absolutamente imprescindível para quem deseja entrar no céu. A entrada no céu exige, antes, que suportemos a cruz (Hb.12:2).

OBS: Como diz, ainda, mais uma vez, Tomás de Kempis: “…A muitos parece dura esta palavra: Renuncia a ti mesmo, toma a tua cruz e segue a Jesus Cristo (Mt 16,24). Muito mais duro, porém, será de ouvir aquela sentença final: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno (Mt 25,41). Pois os que agora ouvem e seguem, docilmente, a palavra da cruz não recearão então a sentença da eterna condenação. Este sinal da cruz estará no céu, quando o Senhor vier para julgar. Então todos os servos da cruz, que em vida se conformam com Cristo crucificado, com grande confiança chegar-se-ão a Cristo juiz. Por que temes, pois, tomar a cruz, pela qual se caminha ao reino do céu? Na cruz está a salvação, na cruz a vida, na cruz o amparo contra os inimigos, na cruz a abundância da suavidade divina, na cruz a fortaleza do coração, na cruz o compêndio das virtudes, na cruz a perfeição da santidade. Não há salvação da alma nem esperança da vida, senão na cruz. Toma, pois, a tua cruz, segue a Jesus e entrarás na vida eterna …(op.cit., I.12,1 e 2).

- Como afirma o poeta sacro Antônio Almeida, o verdadeiro cristão deve sempre ter como lema da vida os seguintes versos: “Eu aqui com Jesus, a vergonha da cruz quero sempre levar e sofrer, Cristo vem me buscar e com Ele, no lar, uma parte da glória hei de ter” (quarta estrofe do hino 291 da Harpa Cristã).

- Num mundo em que todos querem sofrer o menos possível, onde a busca do prazer é obrigatória e não se permite qualquer privação ou necessidade, falar em “tomar a cruz”, “suportar a cruz” parece ser completamente inviável e antipático. Todavia, se não seguirmos a orientação do Senhor no sentido de sermos servos dispostos a tudo sofrer por amor ao Senhor, de tudo padecer por causa do gozo que nos está proposto no além, jamais poderemos alcançar a salvação, jamais poderemos ser verdadeiros imitadores de Cristo. Como afirma Tomás de Kempis, “…Portanto, procura desapegar teu coração do amor às coisas visíveis e afeiçoá-lo às invisíveis: pois aqueles que satisfazem seus apetites sensuais mancham a consciência e perdem a graça de Deus.” (op.cit., I.1,5).

- A cruz é o caminho que nos conduz à glória. Não há outro meio pelo qual alcançaremos a vida eterna, a glorificação. Jesus disse que Ele é o caminho (Jo.14:6) e não há pelo qual devamos ser salvos (Mt.7:14; At.4:12). Desta maneira, não se pode seguir a Cristo sem, antes, tomar a sua cruz e sofrer todo o vitupério de Cristo, pois só assim, alcançaremos as riquezas eternas (Hb.11:24-26).

- No entanto, no quarto e último cântico do servo de Isaías (Is.52:13-53:12), temos um aspecto que somente se aplica ao Senhor Jesus, porquanto ali se toma a cruz mais pesada de todas, aquela em que estavam os pecados e enfermidades de todos os homens, aquele que somente foi suportada por Cristo no Calvário. Aquela cruz em que se levou o castigo que traz a paz a todos os homens, aquela cruz onde foram elvadas todas as nossas enfermidades.

- Jesus humilhou-Se mais do que todo e qualquer outro homem, pois, nunca tendo pecado, levou o pecado de todos na cruz. Por isso, é dito que Ele Se fez semelhante aos homens (Fp.2:7), porque a eles não Se igualou, visto que jamais pecou (Hb.4:15). Mas, precisamente por não ter pecado, Ele Se fez pecado por nós para que, n’Ele, fôssemos feitos justiça de Deus (II Co.5:21).

- Neste ponto, não temos como imitar o Senhor Jesus, pois Ele agiu solitariamente, pois ninguém poderia fazê-lo a não ser o próprio Deus feito homem. Por isso, Ele é o único mediador entre Deus e os homens (I Tm.2:5), por isso Ele é o caminho, a verdade e a vida e ninguém vem ao Pai a não ser por Ele (Jo.14:6).

-Em seu já tantas vezes mencionado sermão, Charles Spurgeon mostra que, na humilhação de Cristo, temos grandes lições a aprender. A primeira delas é a firmeza de fé no sacrifício expiatório de Jesus, pois, diz o príncipe dos pregadores britânicos, ao percebermos quanto Jesus nos amou e até onde foi para nos salvar, não podemos deixar de reconhecer que este sacrifício é suficiente para nos redimir e, por isso, não tememos a morte. Como dizia Lactâncio (240-320), um dos pais da Igreja: “…o Senhor quis recobrir com a Sua morte extremamente dolorosa e ignominiosa, toda modalidade de morte que os homens possam experimentar; saibam todos que Deus feito homem já atravessou e santificou todas as angústias que afetam os homens (Instituições IV, 26), e abracem a Sua cruz com ânimo confiante e esperançoso; quem padece com Cristo, ressuscitará com Cristo.…” (apud AQUINO, Felipe. Reflexões sobre a cruz. Disponível em: http://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2013/03/04/reflexoes-sobre-a-cruz/ Acesso em 04 jun. 2013).

- A segunda lição que Spurgeon diz que temos com a humilhação de Cristo é o ódio ao pecado. Pois, quando vemos a que ponto Nosso Senhor desceu, temos a compreensão exata do horror que é o pecado, pois, em virtude dele é que Nosso Salvador morreu. Teve de ser obediente até a morte por causa do pecado. Foi o pecado que matou Jesus e, por isso, devemos aborrecer o pecado.

- A terceira lição que o grande pregador britânico retira da humilhação de Cristo é a obediência. O exemplo de Cristo leva-nos à obediência. Assim como o Senhor foi obediente até a morte e morte de cruz, também devemos ser obedientes a Deus. “…Se é a vontade de Deus, tem de ser feito e feito imediatamente. Isto renderá algo que me seja agradável, isto causará um mar de lágrimas, deve ser feito. Ele Se humilhou e Se tornou obediente. A obediência me humilhará? Isto diminuirá minha estima diante dos homens? Isto me ridicularizará? Isto prejudicará a honorabilidade do meu nome? Serei empurrado para fora da sociedade na qual era admirado se eu for obediente a Cristo? Senhor, esta é uma questão que não vale a pena perguntar! Eu tomo a Sua cruz alegremente, pedindo graça para ser perfeitamente obediente no poder do Espírito Santo!…” (SPURGEON, Charles H. Nosso Senhor no vale da humilhação. end.cit.) (texto original em inglês) (tradução nossa).

- A quarta lição que se retira da humilhação de Jesus Cristo descrita por Paulo aos filipenses é a negação de si mesmo, de que já tratamos supra, o “tomar a sua cruz”.

OBS: “…Àqueles que pertencem a Cristo ‘crucificaram a carne’, ou seja, dominaram eficazmente as paixões sensuais da natureza e aceitaram a renúncia cristã. Por meio da cruz de Jesus Cristo, Paulo é crucificado para o mundo e o mundo é crucificado para Paulo. (Gl. 6,14). Essa metáfora indica uma renúncia completa: o mundo é a cruz sobre a qual a vida de Paulo é sacrificada.…” (AQUINO, Felipe. Exaltação da Santa Cruz. Disponível em: http://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2013/05/23/exaltacao-da-santa-cruz/#more-8831 Acesso em 04 jun. 2013).

- A quinta lição que se retira da humilhação de Jesus é o desprezo pela glória humana. O exemplo de Cristo revela-nos, com absoluta clareza, que a glória humana não tem valor algum, é algo ilusório e passageiro. Jesus, tendo deixado a verdadeira glória, não quis, em momento algum, assumir a glória humana e isto não O impediu, pelo contrário, habilitou-O à exaltação, como veremos infra. Por que, então, lutar pelas vaidades humanas?

- A sexta lição que se retira da humilhação de Cristo é a de que devemos amar cada vez mais o nosso Senhor e Salvador. Quando verificamos o quanto Ele nos amou, e vemos a profundidade deste amor na absoluta grandeza de Sua humilhação por nós, temos de amá-l’O mais e mais, pois nós O amamos porque Ele nos amou primeiro e provou o Seu amor morrendo por nós no Calvário (I Jo.4:19; Rm.5:8).

- Quando contemplamos a cruz e vemos o sublime amor de Cristo por nós, não temos como reconhecer que ainda nem começamos a amá-l’O como Ele deve ser amado e, assim, temos um revigoramento em nossa vida espiritual. Não é por outro motivo que o Senhor nos manda comemorar periodicamente a Sua morte e ressurreição, pois a “visão do Calvário” faz com que nutramos o nosso amor por Cristo e nos esforcemos para amá-l’O mais e mais.

- A sétima e última lição que retiramos da humilhação de Cristo é o desejo de honrar a Cristo. “…Se Ele Se humilhou, honremo-l’O. Toda vez que Ele pareça tirar a Sua coroa, ponhamo-la em Sua cabeça. Toda vez que nós O ouvirmos ser difamado — e os homens continuam a difamá-l’O — falemos alto a favor d’Ele muito corajosamente: ‘Vocês, que são homens, agora O sirvam, contra inimigos inumeráveis,. Sua coragem cresce com o perigo, e a força com a força da oposição’.…” (SPURGEON, Charles. Op.cit.,) (texto original em inglês) (tradução nossa).


III – JESUS CRISTO É EXALTADO

- Ao apontar Jesus Cristo como exemplo a ser imitado, o apóstolo Paulo não deixa de dizer aos filipenses que Jesus está acima de todos os seres, pois, por ter tido a máxima humilhação, Deus O exaltou soberanamente e Lhe deu um nome que é sobre todo o nome (Fp.2:9).

- Viveremos para sempre com o Senhor Jesus, é esta a Sua vontade (Jo.14:1-3), mas jamais teremos uma posição igual à d’Ele. Estaremos com Ele em Seu trono, mas Ele, somente Ele, assentou-se à direita do Pai no trono do próprio Pai (Ap.3:21).

- Jesus não é um de nós, como querem defender alguns segmentos religiosos. Ele foi exaltado acima de todo o nome e ao nome de Jesus se dobrará todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra. Toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai (Fp.2:10,11).

- Aquele que teve a máxima humilhação, também teve a máxima exaltação, exaltação esta que, apesar de Sua glorificação, ainda não se realizou plenamente, pois ainda não houve esta sublime adoração de todas as criaturas que existem em todo o universo, o que ocorrerá por ocasião do juízo do trono branco (Ap.20:11-15), tempo que é aguardado até pelos demônios (Mt.8:29).

- Com efeito, a exaltação de Cristo abrange todas as criaturas. Por primeiro, dobrar-se-ão perante o Senhor todos os que estão nos céus, ou seja, todos os anjos e seres celestiais.

- Tal fato já ocorreu, numa vez primeira, quando o Senhor ascendeu aos céus, ocasião em que foi aclamado como o Rei da Glória, após ter triunfado sobre o pecado e o mal, sendo recebido com glória e honra nos céus (Sl.24:7,8).

- Depois, em seguida, como o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu, pôde, ainda nos céus, abrir o livro com os sete selos, como prova de que “…com Sua morte na cruz, e Sua gloriosa ressurreição, conquistou o direito do domínio total sobre a Terra…” (OLIVEIRA, José Serafim de. A revelação do Apocalipse: saiba o que a Bíblia diz sobre o futuro!. 2. ed. ampl., p.49). Nesta ocasião, todos os seres celestiais Se prostraram diante do Senhor (Ap.5:4-14).

- Nesta oportunidade, não só os seres celestiais presenciaram tal fato, mas, certamente, aqueles que haviam sido levados por Cristo do seio de Abraão para o Paraíso logo após a Sua morte (Ef.4:8-10), pois que já se encontravam no terceiro céu.

- Mas além deles, o texto sagrado também diz que, nesta ocasião, também as criaturas que “estão debaixo da terra” tiveram de se prostrar diante de Cristo, quando, na condição de vencedor, abriu o livro com os sete selos (Ap.5:13). “…O Hades está em foco nessa passagem. Os habitantes desta região melancólica e tenebrosa são os espíritos dos homens que morreram sem encontrarem em Jesus a salvação prometida…” (SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo. 3.ed., p.76).

- Quando do Tribunal de Cristo, a Igreja também se prostrará diante do Senhor quando for por Ele julgada segundo as Suas obras para fins de galardão (Rm.14:10; II Co.5:10), ocasião em que, certamente, todos os salvos se prostrarão diante do seu Senhor e Salvador.

- Entretanto, por ocasião do Juízo do Trono Branco, depois do término da existência destes céus e terra, todos os seres, indistintamente, se prostrarão diante de Cristo Jesus, Aquele que foi destinado para julgar os vivos e os mortos (Dn.7:13,14; Ap.20:11-15). Então se cumprirá integralmente o que foi dito pelo apóstolo Paulo, a suprema exaltação de Cristo, com a sujeição de tudo e de todos aos Seus pés (I Co.15:24-28). “…Então Ele estará mais alto do que o mais alto! Então todos terão de confessar a Sua Divindade! Com vergonha e terror, Seus adversários se dobrarão diante d’Ele! Com prazer e humilde adoração, Seus amigos O reconhecerão como Senhor de todos — e toda língua confessará que Jesus é o Senhor, para glória de Deus Pai’. Vejam como a maior Glória de Cristo é a Glória do Pai. Ele nunca desejou outra glória senão esta. A mais alta honra que você jamais teve, ó filho de Deus, é trazer honra para o Seu Pai que está nos céus! Vocês não acham? Eu sei que sim…” (SPURGEON, Charles H. op.cit.) (texto original em inglês) (tradução nossa). Aleluia!

- Nesta soberana exaltação do Senhor Jesus está também a esperança de cada um dos Seus servos. Quando mais padecemos neste mundo, mais sabemos que receberemos na glória eterna. É certo que não teremos o mesmo lugar de honra de Cristo, mas é certo, também, que Ele tem a preeminência exatamente porque teve Ele a máxima humilhação.

- Não é por outro motivo, aliás, que deve ser motivo de alegria o sofrermos com Cristo neste mundo, o sermos achados dignos de padecer pelo nome de Cristo (At.5:41). Pois a perseguição por causa da injustiça, a injúria e a calúnia por causa do Senhor são bem-aventuranças que nos mostram o galardão que receberemos das mãos de Jesus naquele dia (Mt.5:10-12; Ap.22:12). Aleluia! Temos esta visão para além das coisas passageiras desta vida, amados irmãos?

- Assim como o Senhor Jesus passou pelas agruras desta vida, pela agonia no Getsêmane, pela paixão atroz no Calvário para chegar à glorificação e a ascensão aos céus, assim também os Seus verdadeiros e genuínos servos, que, pela salvação na pessoa de Cristo, passaram a ser, novamente, homens tendentes à perfeição, imagem e semelhança de Deus, também terão de sofrer muitas tribulações para entrar no reino de Deus (At.14:22).

- Em meio a estes problemas e dificuldades, não podemos deixar de ser humildes, de aprender com Aquele que é manso e humilde de coração, encontrando, assim, descanso para as nossas almas (Mt.11:29). Temos de ser imitadores do Senhor Jesus, sem o que jamais chegaremos aonde Ele chegou, ou seja, aos céus glorificado e cumpridor de Sua missão.

- Em meio às dificuldades da vida, apesar do peso da nossa cruz, lembremos das palavras da poetisa sacra Frida Vingren: “não desanimes por ser tua cruz maior que a do teu irmão, a mais pesada levou teu Jesus, te consola então. A tua cruz vai levando, como Jesus perdoando, alegremente andando pr’a o lindo céu” (segunda estrofe do hino 394 da Harpa Cristã).

- Estamos caminhando para o céu e o caminho foi aberto pelo Senhor Jesus (Hb.10:19,20) e não há como chegarmos lá se não seguirmos o modelo ideal de humanidade, que é o próprio Cristo. Sigamos o Seu exemplo (I Pe.2:21) e, certamente, lá chegaremos, pois Ele é o nosso Guia. Como diz o poeta sacro Samuel Nyström: “Aleluia! Pr’o céu vou caminhando, nada me desanimará! Para o céu eu me vou aproximando, sempre meu Jesus me guiará!” (refrão do hino 332 da Harpa Cristã).

- Era este o sentimento que o apóstolo Paulo queria ver nos crentes filipenses, o mesmo sentimento que existia nele, mas, sobretudo, o sentimento que sempre esteve em Jesus Cristo feito homem entre nós. Temos seguido este modelo? 

FINALIZADO O 1º SUBSÍDIO FEITO PELO PROF. CARAMURU, AGORA VAMOS PARA OS VÍDEOS E O ÚLTIMO SUBSÍDIO DE AUXÍLIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL

1º Vídeo - Aula ministrada pelo Ev. Natalino das Neves - IBADEP


2º Vídeo - Aula ministrada pelo Pr. Claudionor de Andrade para EBD da Assembléia de Deus em Londrina.


3º Vídeo - Aula ministrada pelo Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco - AD-Belemzinho



Lição 4 – 28 de Julho de 2013 - CPAD

Jesus, o Modelo Ideal de Humildade

TEXTO ÁUREO

“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus"
(Fp 2.5).

VERDADE PRÁTICA

Jesus Cristo é o nosso modelo ideal de submissão, humildade e serviço.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Filipenses 2.5-11
5 - De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
6 - que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.
7 - Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;
8 - e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz.
9 - Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome,
10 - para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,
11 - e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

 Lembremos sempre que quando Paulo pensava e falava de Jesus seu interesse, intenção e propósito não eram em primeiro termo intelectuais e especulativos, mas sim eram sempre práticos. 

Em Paulo sempre se unem teologia e ação. Para ele, todo sistema de pensamento deve necessariamente converter-se num caminho de vida. Em muitos aspectos é um dos que têm maior alcance teológico do Novo Testamento, mas toda sua intenção está em persuadir e impulsionar os filipenses a viver uma vida livre de desunião, desarmonia e ambição pessoal. Paulo diz, pois, que Jesus se humilhou, fez-se obediente até a morte, até o extremo de uma morte na cruz. 

As grandes características da vida de Jesus foram humildade, obediência e renúncia de si mesmo. Não desejou dominar o homem, mas sim apenas servi-lo. Não desejou seu próprio caminho, mas sim o de Deus. Não desejou sua própria exaltação, mas sim a renúncia a toda glória pelo bem do homem. 

O Novo Testamento assegura várias vezes que só aquele que se humilha será exaltado (Mateus 23:12: Lucas 14:11; 18:14). Se a humildade, a obediência e a renúncia de si são as características supremas da vida de Jesus Cristo, também devem ser os sinais de autenticidade do cristão, porque este deve ser como seu Senhor. 

Tanto a grandeza cristã como a unidade cristã dependem da renúncia de si mesmo; destroem-se pela própria exaltação. O egoísmo, a busca e a exibição de si destruir a semelhança com Cristo e nossa comunhão uns com outros.

Mas a renúncia que Jesus Cristo fez de si foi o meio para a glória maior. Por isso se constituiu no objeto do maravilhado culto de todo o universo. Isto significa que algum dia, mais cedo ou mais tarde, toda criatura do universo nos céus, na Terra e até nos infernos lhe renderá culto. Mas advirtamos a origem deste culto: o amor. Jesus ganhou os corações dos homens não se exaltando diante deles com seu poder, mas sim lhes mostrando amor, sacrificando-se e negando-se a si mesmo por eles. Isto comove o coração humano. 

À vista de alguém que deixa a glória pelos homens e os ama até o extremo de morrer na cruz por eles, o coração do homem se enternece e se quebra toda resistência. Quando os homens rendem culto a Jesus não se jogam a seus pés com uma esmagadora submissão, mas com um amor maravilhado. 

A pessoa não diz: "Não posso resistir a um poder como este", mas sim: "Um amor tão assombroso e tão divino exige toda minha alma e todo meu ser". Não diz: "Fui reduzido e submetido", mas sim: "Estou abismado no assombro, no amor e no louvor." Não é o poder de Cristo que reduz ao homem e o submete; é o amor maravilhoso de Cristo que faz com que o homem se ajoelhe com um amor maravilhado. 

A adoração se baseia não no temor, mas no amor. Paulo diz ademais que, como consequência do amor sacrificial e da abnegação de Jesus, Deus lhe deu um nome que está acima de todo nome. É comum na Bíblia dar um nome novo para marcar um estágio novo e determinado na vida do homem. Abrão se converteu em Abraão quando recebeu a promessa de Deus (Gênesis 17:5). Jacó se converteu em Israel quando Deus entrou em nova relação com ele (Gênesis 32:28). A promessa de Cristo ressuscitado tanto a Pérgamo como a Filadélfia tem por objeto um nome novo (Apocalipse 2:17; 2:2). 

O novo nome é o signo de uma nova situação. Qual foi então o novo nome que Cristo recebeu? Não podemos determinar com absoluta segurança o pensamento de Paulo, mas o mais provável é que foi Senhor. O grande título pelo qual Jesus chegou a ser conhecido na Igreja primitiva foi Kyrios. Jesus se fez especificamente o Senhor Jesus.

A palavra Kyrios tem uma história luminosa.
(1) Começou significando senhor ou proprietário. Foi sempre um título de respeito.
(2) Chegou a ser o título oficial dos imperadores romanos; o imperador romano era Kyrios em grego e Dominus em latim, ou seja Senhor e Dono.
(3) Chegou a ser o título dos deuses pagãos; cada um dos deuses tinha o título de kyrios – senhor – como prefixo do nome próprio.
4) Kyrios era o termo grego que traduzia a Jeová na versão grega das Escrituras. Desta maneira, quando Jesus era chamado Kyrios, Senhor, significava que era o Senhor e o Dono de toda vida, o Rei dos reis e Senhor de imperadores; o Senhor de uma maneira em que os deuses pagãos e os ídolos mudos jamais podiam sê-lo. Era nada menos que divino. O novo nome de Jesus com Aquele que todo o universo o chamará um dia é Senhor.
TUDO PARA DEUS

Filipenses 2:11 é um dos versículos mais importantes do Novo Testamento. Aqui lemos que a intenção de Deus, seu sonho e seu desígnio, é que um dia toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor. Estas cinco palavras foram o primeiro credo da Igreja cristã. Ser cristão significava fazer profissão de fé em Jesus Cristo como o Senhor (Romanos 10:9). É um credo simples que, entretanto, abrange tudo. Seria bom retornar a este credo. 

Em épocas posteriores os homens tentaram definir mais precisamente o que pensavam e com isto discutiram, inimizaram-se e se chamaram mutuamente hereges e néscios. Mas sempre será verdade que se alguém disser: "Para mim Jesus Cristo é o Senhor", é um cristão. 

Aquele que diz isto afirma que Jesus Cristo é para ele único; que está disposto a entregar-se a Ele com uma obediência que não brindaria a ninguém; que está preparado a lhe dar um amor, uma lealdade e uma fidelidade que não tributaria a ninguém em todo o universo. Pode ser que se sinta incapaz de reduzir a palavras o que Jesus é e significa, mas enquanto morre em seu coração este amor maravilhoso, viva sua vida em altares de uma obediência absoluta, é cristão, porque o cristianismo consiste menos no entendimento da razão que no amor do coração.

Assim chegamos ao final desta passagem, e ao fazê-lo voltamos ao começo. Virá um dia em que os homens chamarão Jesus Cristo de Senhor, mas o farão para glória de Deus Pai. Toda a obra de Jesus e toda sua vida não apontam à glória própria, mas sim a de Deus. Paulo fala com absoluta clareza sobre a supremacia única e última de Deus. 

Na primeira carta aos Coríntios escreve que no fim dos tempos o próprio Filho estará sujeito a Deus e colocará tudo sob o poder de Deus de maneira que Deus seja tudo em todos (1 Coríntios 15:28). Jesus atrai os homens a si mesmo para poder levá-los a Deus. Na Igreja de Filipos havia alguns que tinham o único propósito de satisfazer sua ambição egoísta; o único propósito de Jesus era servir a outros apesar dos abismos de renúncia pessoal que isto lhe custasse. 

Na Igreja de Filipos alguns só pretendiam converter-se no centro dos olhares; Jesus queria que o único centro da atenção fosse Deus. Assim também o seguidor de Cristo nunca deve pensar em si mesmo, mas em outros, não deve buscar sua própria glória, mas sim a glória de Deus.


INTERAÇÃO

Você concorda que Jesus Cristo é a plena revelação de Deus? Que em Jesus, o Altíssimo se fez Deus Conosco, o Emanuel? Que o Nazareno é a encarnação suprema do Deus Pai? Mas  por que o Altíssimo não escolheu manifestar-se como um político poderoso judeu? Por que Ele não elegeu um sacerdote da linhagem de Arão para salvar à humanidade? Por que o nosso Deus escolheu alguém que não tinha onde "reclinar a cabeça"? Alguém que em seu nascimento não tinha onde pousar com a sua mãe? A vida de Jesus de Nazaré demonstra, ainda que soberano e glorioso, um Deus que não se revelou plenamente a humanidade exalando opulência, mas simplicidade e ternura. O Pai se fez carne e humilhou-se. Ele revelou-se para o mundo em humilhação. Isto lhe diz alguma coisa?

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Conhecer o estado eterno da pré-encarnação de Cristo. 
Apreender o que a Bíblia ensina sobre o estado temporal de Cristo.
Compreender a exaltação final de Cristo

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Prezado professor, a lição a ser estudada nesta semana é bem teológica. As Escrituras apresentam uma doutrina robusta acerca da humanidade e divindade de Jesus Cristo. A história da Igreja apresenta fundamentos sólidos à luz dos concílios ecumênicos que, ao longo do tempo, deram conta da evolução de toda a teologia cristã no Ocidente.
Para introduzir o assunto, reproduza o esquema abaixo. Faça uma rápida exposição da doutrina da união hipostática de Jesus. Para isso o prezado professor deverá munir-se de uma boa Teologia Sistemática e Bíblica.

UNIÃO HIPOSTÁTICA
"[Do gr. hypostasis]  Doutrina que, exposta no Concílio de Calcedônia em 451, realça a perfeita e harmoniosa união entre as naturezas humana e divina de Cristo. Acentua este ensinamento ser Jesus, de fato, verdadeiro homem e verdadeiro Deus"
(Dicionário Teológico, p.352, CPAD).
Natureza Humana
Natureza Divina
"Embora o título 'Filho do Homem' apresente duas definições principais, são três as aplicações contextuais, no Novo Testamento. A primeira é o Filho do Homem no seu ministério terrestre. A segunda refere-se ao seu sofrimento futuro (como por Mc 13.24). Assim, atribuiu-se novo significado a uma terminologia existente dentro do Judaísmo. A terceira aplicação diz respeito ao Filho do Homem na sua glória futura (ver Mc 13.24, que aproveita diretamente toda a corrente profética que brotou do livro de Daniel). [...] Logo, Jesus é o Filho do Homem - passado, presente e futuro. [...] O fato de o Filho do Homem ser um homem literal é incomparável" (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal, pp.312-13, CPAD).
"Os escritos joaninos dão bastante ênfase ao título 'Filho de Deus'. João 20.31 afirma de forma explícita que o propósito do evangelho é 'para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome'. Além do uso do próprio título, Jesus é chamado inúmeras vezes 'o Filho', sem acréscimo de outras qualificações. Há também mais de cem circunstâncias em que Jesus se dirige diretamente a Deus ou se refere a Ele como 'Pai' [...].
As afirmações: 'Eu sou' são exclusivas do evangelho de João. Elas, como afirmações de Jesus na primeira pessoa, formam uma parte relevante da autor revelação dEle ['Eu Sou' é a declaração da autor revelação divina (cf. Êx 3.14)]" (Teologia do Novo Testamento, pp.203, 205, CPAD).

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

PALAVRA-CHAVE
Humildade: Virtude que nos dá o sentimento da nossa fraqueza. Modéstia, pobreza.

Nesta lição, enfocaremos as atitudes de Cristo que revelam a sua natureza humana, obediência e humilhação, bem como a sua divindade. Humanidade e divindade, aliás, são as duas naturezas inseparáveis de Jesus. Esta doutrina é apresentada por Paulo no segundo capítulo da Epístola aos Filipenses.
Veremos ainda que Jesus nunca deixou de ser Deus, e que encarnando-se, salvou-nos de nossos pecados. A presente lição revela também a sua exaltação.

I. O FILHO DIVINO: O ESTADO ETERNO DA PRÉ-ENCARNAÇÃO (2.5,6)

1. Ele deu o maior exemplo de humildade. Na Epístola aos Filipenses, lemos: "De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus" (v.5). Este texto reflete a humildade de Cristo revelada antes da sua encarnação. Certa feita, quando ensinava aos seus discípulos, o Mestre disse: "Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração" (Mt 11.29).
Jesus Cristo é o modelo perfeito de humildade. O apóstolo Paulo insta a que os filipenses tenham a mesma disposição demonstrada por Jesus.

2. Ele era igual a Deus. "Que, sendo em forma de Deus" (v.6). A palavra forma sugere o objeto de uma configuração, uma semelhança. Em relação a Deus, o termo referese à forma essencial da divindade. Cristo é Deus, igual com o Pai, pois ambos têm a mesma natureza, glória e essência (Jo 17.5). A forma verbal da palavra sendo aparece em outras versões bíblicas como subsistindo ou existindo.
Cristo é, por natureza, Deus, pois antes de fazer-se humano "subsistia em forma de Deus". Os líderes de Jerusalém procuravam matar Jesus porque Ele dizia ser "igual a Deus". A Filipe, o Senhor afirmou ser igual ao Pai (Jo 14.9-11). A divindade de Cristo é fartamente corroborada ao longo da Bíblia (Jo 1.1; 20.28; Tt 2.13; Hb 1.8; Ap 21.7). Portanto, Cristo, ao fazer-se homem, esvaziou-se não de sua divindade, mas de sua glória.  

3. Mas "não teve por usurpação ser igual a Deus" (v.6). Isto significa que o Senhor não se apegou aos seus "direitos divinos". Ele não agiu egoisticamente, mas esvaziou- se da sua glória, para assumir a natureza humana e entregar-se em expiação por toda humanidade. O que podemos destacar nesta atitude de Jesus é o seu amor pelo mundo. Por amor a nós, Cristo ocultou a sua glória sob a natureza terrena. Voluntariamente, humilhou-se e assumiu a nossa fragilidade, com exceção do pecado.

SINÓPSE DO TÓPICO (1)





Cristo é por natureza Deus, pois antes de fazer-se humano "subsistia em forma de Deus".

II. - O FILHO DO HOMEM: O ESTADO TEMPORAL DE CRISTO (2.7,8)

REFLEXÃO
“Jesus não trocou a natureza divina pela humana. Antes, voluntariamente, renunciou as prerrogativas inerentes à divindade, para assumir a nossa humanidade.” Elienai Cabral

1. "Aniquilou-se a si mesmo" (2.7). Foi na sua encarnação que o Senhor Jesus deu a maior prova da sua humildade: Ele "aniquilou-se a si mesmo".  O termo grego usado pelo apóstolo é o verbo kenoô, que significa também esvaziar, ficar vazio. Portanto, o verbo esvaziar comunica melhor do que aniquilar a ideia da encarnação de Jesus; destaca que Ele esvaziou-se a si mesmo, privou-se de sua glória e tomou a natureza humana. Todavia, em momento algum veio a despojar-se da sua divindade.
Jesus não trocou a natureza divina pela humana. Antes, voluntariamente, renunciou em parte às prerrogativas inerentes à divindade, para assumir a nossa humanidade. Tornando-se verdadeiro homem, fez-se maldição por nós (Gl 3.13). E levou sobre o seu corpo todos os nossos pecados (1Pe 2.24). Em Gálatas 4.4, Paulo escreveu que, na plenitude dos tempos, "Deus enviou seu Filho, nascido de mulher". Isto indica que Jesus é consubstancial com toda a humanidade nascida em Adão. A diferença entre Jesus e os demais seres humanos está no fato de Ele ter sido gerado virginalmente pelo Espírito Santo e nunca ter cometido qualquer pecado ou iniquidade (Lc 1.35). Por isso, o amado Mestre é "verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus".

2. Ele "humilhou-se a si mesmo" (2.8). Jesus encarnado rebaixou-se mais ainda ao permitir ser escarnecido e maltratado pelos incrédulos (Is 53.7; Mt 26.62-64; Mc 14.60,61). A auto-humilhação do Mestre foi espontânea. Ele submeteu-se às maiores afrontas, porém jamais perdeu o foco da sua missão: cumprir toda a justiça de Deus para salvar a humanidade.

3. Ele foi "obediente até a morte e morte de cruz" (2.8). O Mestre amado foi obediente à vontade do Pai até mesmo em sua agonia: "Não se faça a minha vontade, mas a tua" (Lc 22.42). No Getsêmani, antes de encarar o Calvário, Jesus enfrentou profunda angústia e submeteu-se totalmente a Deus, acatando-lhe a vontade soberana. Quando enfrentou o Calvário, o Mestre desceu ao ponto mais baixo da sua humilhação. Ele se fez maldição por nós (Dt 21.22,23; cf. Gl 3.13), passando pela morte e morte de cruz.

SINÓPSE DO TÓPICO (2)





O  crente como sal e  luz do mundo, representante do reino divino,  não pode permitir que atitudes mundanas destruam a família.

III. A EXALTAÇAO DE CRISTO  (2.9-11)

REFLEXÃO
“O valor do cristianismo está naquilo que se crê. A confissão de que Jesus é o ponto de convergência de toda a Igreja.” Elienai Cabral

1. "Deus o exaltou soberanamente" (2.9). Após a sua vitória final sobre o pecado e a morte, Jesus é finalmente exaltado pelo Pai. O caminho da exaltação passou pela humilhação, mas Ele foi coroado de glória, tornando-se herdeiro de todas as coisas (Hb 1.3; 2.9;12.2).
Usado pelo autor sagrado para designar especialmente Jesus, o termo grego Kyrios revela a glorificação de Cristo. O nome "Jesus" é equivalente a "Senhor", e, por decreto divino, Ele foi elevado acima de todo nome. As Escrituras atestam que ante o seu nome "se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor [o Kyrios]" (v.10).

2. Dobre-se todo joelho. Diante de Jesus, todo joelho se dobrará (v.10). Ajoelhar-se implica reconhecer a autoridade de alguém. Logo, quando nos ajoelhamos diante de Jesus, deixamos bem claro que Ele é a autoridade suprema não só da Igreja, mas de todo o Universo. Quando oramos em seu nome e cantamos-lhe louvores, reconhecemos-lhe a soberania. Pois todas as coisas, animadas e inanimadas, estão sob a sua autoridade e não podem esquivar-se do seu senhorio.

3. "Toda língua confesse" (v.11). Além de ressaltar o reconhecimento do senhorio de Jesus, a expressão implica também a pregação do Evangelho em todo o mundo. Cada crente deve proclamar o nome de Jesus. O valor do Cristianismo está naquilo que se crê. A confissão de que Jesus Cristo é o Senhor é o ponto de convergência de toda a Igreja (Rm 10.9; At 10.36; 1 Co 8.6). Nosso credo implica o reconhecimento público de Jesus Cristo como o Senhor da Igreja. A exaltação de Cristo deve ser proclamada universalmente.

SINÓPSE DO TÓPICO (3)





Deus, o Pai, exaltou soberanamente o Filho fazendo-o Senhor e Rei. Haverá, pois, um dia que "todo joelho se dobrará" e "toda língua confessará" o senhorio de Cristo.

CONCLUSÃO

O tema estudado hoje é altamente teológico. Vimos a humilhação e a encarnação de Jesus. Estudamos a dinâmica da sua humanização e a sua consequente exaltação. Aprendemos também que o Senhor Jesus é o Deus forte encarnado - verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus. E que Ele recebeu do Pai toda a autoridade nos céus e na terra. Ele é o Kyrios, o Senhor Todo-Poderoso. O nome sob o qual, um dia, todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor. Proclamemos essa verdade universalmente.

REFLEXÃO
“A auto-humilhação do Mestre foi espontânea. Ele submeteu-se às maiores afrontas, porém, jamais perdeu o foco da sua missão: cumprir toda a justiça para salvar a humanidade.” Elienai Cabral

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I

Subsidio Teológico
“KENOSIS
[Do gr. kenós, vazio, oco, sem coisa alguma] Termo usado para explicar o esvaziamento da glória de Cristo quando da sua encarnação. Ao fazer-se homem, renunciou Ele temporariamente a glória da divindade (Fp 2.1-6). O capítulo 53 de Isaías é a passagem que melhor retrata a kenósis de Cristo. Segundo vaticina o profeta, em Jesus não havia beleza nem formosura. Nesta humilhação, porém, Deus exaltou o homem às regiões celestes.
Quando se trata de Kenósis de Cristo, há que se tomar muito cuidado. É contra o espírito do Novo Testamento, afirmar que o Senhor Jesus esvaziou-se de sua divindade. Ao encarnar-se, esvaziou-se Ele apenas da sua glória. Em todo o seu ministério terreno, agiu como verdadeiro homem e verdadeiro Deus.
KENÓTICA, TEOLOGIA DA
Movimento surgido na Inglaterra no século 19, cujo objetivo era enfatizar a kenósis de Cristo. Em torno do tema, muitas questões foram suscitadas: Cristo, afinal, esvaziou-se de sua glória ou de sua divindade? Caso haja se esvaziado de sua divindade, sua morte teve alguma eficácia redentora?
Ora, como já dissemos no verbete anterior, a kenósis de Cristo não implicou no esvaziamento de sua divindade, mas apenas no auto esvaziamento de sua glória. Em todo o seu ministério, agiu Ele como verdadeiro homem e verdadeiro Deus" (ANDRADE, Claudionor. Dicionário Teológico. 13.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.246).

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II

Subsidio Teológico
"O termo 'Senhor' representa o vocábulo grego kurios, bem como os vocábulos hebraicos Adonai (que significa 'meu Senhor, meu Mestre, aquEle a quem pertenço') e Yahweh (o nome pessoal de Deus). Para as culturas do Oriente Próximo e do Oriente Médio antigos, 'Senhor' atribuía grande reverência quando aplicado aos governantes. As nações ao redor de Israel usavam o termo para indicar seus reis e deuses, pois a maioria dos reis pagãos afirmavam-se deuses. Esse termo, pois, representava adoração e obediência. Kurios podia ser usado no trato com pessoas comuns, como uma forma polida de tratamento. Entretanto, a Bíblia declara que o nome 'Senhor' foi dado a Jesus pelo Pai, identificando-o, assim, como divino Senhor (Fp 2.9-11). Os crentes adotaram facilmente esse termo, reconhecendo em Jesus o Senhor divino. Por meio de seu uso, indicavam completa submissão ao Ser Supremo. O título que Paulo preferia usar para referir-se a si mesmo era 'servo' (no grego, doulos, 'escravo', ou seja, um escravo por amor) de Cristo Jesus (Rm 1.1; Fp 1.1). A rendição absoluta é apropriada a um Mestre absoluto. A significação prática desse termo é espantosa quanto às suas implicações na vida diária. A vida inteira deve estar sob a liderança de Cristo. Ele deve ser o Mestre de cada momento da vida de todos quantos nasceram na família de Deus.
Isso, contudo, não significa que Cristo seja um tirano, pois Ele mesmo declarou: 'Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. Mas não sereis vós assim; antes, o maior entre vós seja como o menor; e quem governa, com quem serve. Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Eu porém, entre vós, sou como aquele que serve' (Lc 22.25-27; ver também Mt 20.25-28). Jesus viveu e ensinou a liderança de servos" (MENZIES, William W.; HORTON, Stanley M. Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos da Nossa Fé. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, pp.51-52).


BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

ZUCK, Roy B. (Ed.). Teologia do Novo Testamento. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
BLOMBERG, Craig L. Questões Cruciais do Novo Testamento. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

SAIBA MAIS

Revista Ensinador Cristão
CPAD, nº 55 p.38.

EXERCÍCIOS

1. Quem é o nosso modelo perfeito de humildade?
R. Jesus Cristo.

2. Segundo a lição, o que sugere a palavra forma?
R. O objeto de uma configuração, uma semelhança. Em relação a Deus, o termo refere-se à forma essencial da divindade.

3. Qual o significado do verbo grego kenoô?
R. Esvaziar, ficar vazio.

4. Qual o termo importante que aparece como designação principal do autor sagrado para descrever a glorificação do Filho pelo Pai em o Novo Testamento?
R .Kyrios, Senhor.

5. O que você tem feito para proclamar e exaltar o nome de Jesus em sua igreja e fora dela?
R. Resposta pessoal


REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Comentário Bíblico Expositivo – Warrem W. Wiersbe
Antigo e Novo Testamento Interpretado Versículo Por Versículo - Russell Norman Champlin
Comentário Esperança - Novo Testamento
Comentário Bíblico Matthew Henry - Novo Testamento
Bíblia – THOMPSON (Digital)
Bíblia de Estudo Pentecostal – BEP (Digital)


Dicionário Teológico – Edição revista e ampliada e um Suplemento Biográfico dos Grandes Teólogos e Pensadores – CPAD - Claudionor Corrêa de Andrade

Fonte: http://www.revistaebd.com/

OBS: QUERO DIZER QUE O COMENTÁRIO SOBRE A TEORIA KENÓTICA DESTE ULTIMO SUBSÍDIO NÃO CORRESPONDE AO QUE A BÍBLIA ENSINA:

1. COMO JESUS ABRIU MÃO DE SUA GLÓRIA QUANDO A BÍBLIA DIZ QUE:

a. "VIMOS A SUA GLÓRIA, GLÓRIA COMO DO UNIGÊNITO DO PAI? (Jo. 1.14);
b. "E MANIFESTOU A SUA GLÓRIA; E OS DISCÍPULOS CRERAM NELE? (Jo. 2.11);

c. "ISAÍAS DISSE ISTO QUANDO VIU A SUA GLÓRIA E FALOU DELE (Jo. 12.41).

O ESVAZIAMENTO DE CRISTO NÃO ACONTECE PELA SUBTRAÇÃO DE SEUS ATRIBUTOS OU PRERROGATIVAS, POIS JESUS USOU SEUS ATRIBUTOS LIVREMENTE EM CURAS E MILAGRES SEM NENHUM CONSTRANGIMENTO OU INQUIETAÇÃO PESSOAL. USOU SUAS PRERROGATIVAS DO MESMO MODO QUANDO PERDOOU PECADOS, RESSUSCITOU MORTOS, RECEBEU ADORAÇÃO, E ETC.

OUTRA COISA É QUE O ESVAZIAMENTO PROPRIAMENTE DITO DIZ RESPEITO À VIDA TERRENA E NÃO PARTINDO DA ETERNIDADE.

O ESVAZIAMENTO DE CRISTO ACONTECE AQUI E NÃO NA ETERNIDADE.

O VERDADEIRO ESVAZIAMENTO DE CRISTO NÃO ESTÁ EM COMO ELE SE ESVAZIOU E NÃO DE QUE ELE SE ESVAZIOU. ESTE É O ERRO DOS TEÓLOGOS QUENÓTICOS, E DE BOA PARTE DA TEOLOGIA EM PORTUGUÊS E DE PROFESSORES E PREGADORES QUE REPRODUZEM ESSA TEOLOGIA. SE FIZERMOS UM TESTE HERMENÊUTICO NO TEXTO DE FILIPENSES 2.5 - 8, PERGUNTANDO AO TEXTO DE "QUE" CRISTO SE ESVAZIOU, ELE NÃO RESPONDE LITERALMENTE, MAS SE PERGUNTARMOS "COMO" ELE SE ESVAZIOU, O TEXTO RESPONDE QUE CRISTO SE ESVAZIOU "ASSUMINDO A FORMA DE SERVO". (V.6).

O TEXTO DE JOÃO 13 NOS DÁ A EXATA VISÃO DO ESVAZIAMENTO DE CRISTO: Jo. 13.13 - 15 "Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também."

JESUS SENDO MESTRE E SENHOR SE FEZ SERVO DOS DISCÍPULOS LAVANDO-LHES OS PÉS. CRISTO NÃO PRECISOU DEIXAR DE SER SENHOR E MESTRE, OU DE USAR SUAS PRERROGATIVAS DE SENHOR E MESTRE PARA SERVI-LOS. ERA ISTO QUE PAULO QUERIA ENSINAR AOS FILIPENSES: QUE ELE NÃO PRECISARIAM DEIXAR DE SER CIDADÃOS ROMANOS PARA SERVIR UNS AOS OUTROS, MAS SENDO CIDADÃOS ROMANOS PODERIAM VIVER UMA VIDA MÚTUA, ABENÇOANDO UNS AOS OUTROS. QUANTO À UNÇÃO DE JESUS NO JORDÃO, NÃO HÁ ALI UNÇÃO DE CONCESSÃO DE PODER, MAS AUTORIZAÇÃO, POIS JESUS INICIAVA SEU MINISTÉRIO DE PROFETA, SACERDOTE E REI, TODOS ESTES INICIADO COM UNÇÃO E É ISTO QUE O TEXTO DE ATOS 10.38.

Colaboração para o Site Pecador Confesso - Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco
Colaboração para o Site Pecador Confesso - Presbítero Eudes L Souza
Colaboração para o Site Pecador Confesso - Ev. Natlino das Neves
Colaboração para o Site Pecador Confesso - Pastor Claudionor de Andrade
Texto Editado e Postado por Hubner Braz (@PecadorConfesso)

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Sobre o Autor:
Ev. Hubner BrazÉ escritor, professor, blogueiro, batista. Vivendo para o Reino de Deus. Trabalhando incansavelmente para deixar o blog sempre atualizado abençoando e evangelizando as vidas que acessam este espaço de aprendizado cristão. Criador do projeto Pecador Confesso e tem se destacado em palestras e cursos para jovens, casais, obreiros e missões urbanas | (Tecnologia WordPress).

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Pecador Confesso: JESUS, O MODELO IDEAL DE HUMILDADE - LIÇÃO 4 - 28 DE JULHO DE 2013 - EBD - CPAD
JESUS, O MODELO IDEAL DE HUMILDADE - LIÇÃO 4 - 28 DE JULHO DE 2013 - EBD - CPAD
Comentário em texto e subsídio em vídeo aula para auxiliar professores e alunos na Escola Dominical deste 3° Trimestre. Lição 4 - Jesus, o modelo ideal de humildade - 28 de julho de 2013 - cpad - ebd
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