TEXTO ÁUREO “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.” (E...
“Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.” (Ef 6.11)
VERDADE PRÁTICA
O uso da armadura de Deus assegura a vitória do crente no campo da batalha espiritual.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Ef 6.11
Todo cristão, diariamente, enfrenta uma batalha espiritual
Terça - Lc 21.36
Não é possível entrar em combate sem a cobertura da oração
Quarta - Sl 124.7
O escape do crente das astutas ciladas do Inimigo
Quinta - Ef 6.13
Para vencer no campo da batalha espiritual é necessário vestir-se da armadura de Deus
Sexta - Mt 4.1-10
Usando a Palavra de Deus para resistir às ciladas do Diabo
Sábado - Ef 1.19
A vitória da Igreja de Cristo está garantida pela grandeza do poder de Deus
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Efésios 6.10-20
10 - No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder.
11 - Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo;
12 - porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
13 - Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.
14 - Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça,
15 - e calçados os pés na preparação do evangelho da paz;
16 - tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.
17 - Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus,
18 - orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos
19 - e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho,
20 - pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me convém falar.
HINOS SUGERIDOS: 153, 225, 305 da Harpa Cristã
OBJETIVO GERAL
Mostrar que o uso da armadura de Deus assegura a vitória no campo da batalha espiritual.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I - Demonstrar qual deve ser o preparo espiritual do crente para a batalha;
II - Apresentar o campo da batalha espiritual;
III - Saber quais são as armas espirituais indispensáveis ao crente.
Prezado (a) professor (a), com a graça de Deus concluímos mais um trimestre de estudos bíblicos. Estudamos a Carta aos Efésios e temos a certeza de que você e seus alunos foram ricamente abençoados com todo o conteúdo estudado. O tema geral da Carta aos Efésios é Cristo e sua Igreja, e Paulo reserva o último capítulo para tratar a respeito da guerra espiritual que todos os crentes em Jesus Cristo enfrentam (6.10-20).
Quanto ao assunto batalha espiritual, infelizmente, alguns subestimam por completo os ataques do Inimigo e suas ciladas. Já outros enaltecem o poder do Inimigo e se esquecem de que Cristo já o derrotou na cruz do Calvário e que nos deu poder contra as serpentes e escorpiões (Lc 10.19). Assim como os anjos estão a serviço de Deus e do seu povo, os demônios servem a Satanás, o seu chefe, cuja missão neste mundo é matar, roubar e destruir (Jo 10.10). Mas nunca podemos nos esquecer de que maior é o que está conosco, Jesus Cristo.
INTRODUÇÃO
Ao finalizar a Epístola aos Efésios, o apóstolo convoca a Igreja para lutar e resistir aos inevitáveis conflitos contra as forças espirituais da maldade. Nessa batalha, a fim de suportar os ataques e se manter firme na marcha contra o mal, os soldados de Cristo precisam revestir-se de toda a armadura de Deus. É o que veremos na presente lição.
- Finalizando nosso estudo da Carta aos Efésios, chegamos ao pináculo da carta com Paulo discorrendo acerca do viver cristão em meio as trevas – resulta em guerra. Muitos assuntos importantes ficaram para traz sem ter a abordagem que a carta merece, também compreendemos que o espaço é curto para um estudo aprofundado. No entanto, dentro daquilo que foi abordado, vamos concluir enfatizando que o ingresso na vida cristã na verdade, é um alistamento para uma guerra e que o viver em Cristo, ao mesmo tempo que é um treinamento, é também uma batalha constante e precisamos ter e saber manejar as armas e equipamentos dados por Deus. Assim, Efésios 6.10-17 discorre sobre esta a batalha espiritual que o verdadeiro cristão que foi descrito nos capítulos 1 a 3, que vive a vida controlada pelo Espírito, como disposto nos capítulos de 4.1 a 6.9. Paulo encerra essa carta com uma advertência a respeito da batalha e com instruções sobre como vencê-la. A armadura necessária para combater o adversário e opor-se a ele é concedida aos santos pelo Senhor. Aqui, o apóstolo relata, brevemente, as verdades básicas referentes à preparação espiritual necessária ao cristão, bem como as verdades referentes ao seu inimigo, sua batalha, e sua vitória. Temos também uma descrição específica das seis principais peças da armadura espiritual com a qual Deus equipa os seus filhos para que resistam e superem os ataques de Satanás. Vamos pensar maduramente a nossa fé?
PONTO CENTRAL
O uso da armadura de Deus assegura a vitória na batalha espiritual.
I – O PREPARO ESPIRITUAL DO CRENTE PARA A BATALHA
1. Fortalecidos no poder do Senhor.
A expressão na forma passiva “fortalecei-vos no Senhor” (6.10a) indica que não temos poder em nós mesmos. Esse excelso poder nos é conferido pela comunhão com Deus, em Cristo, por meio do Espírito Santo (Jo 15.7; 1 Jo 1.3). Por isso precisamos estar fortalecidos por meio da “renovação da mente” (4.23), da “vida em santidade” (4.24) e “ser cheio do Espírito” (5.18). A vitória não pode ser alcançada por outro meio. Conhecer as Escrituras sem a devida obediência e frequentar os cultos sem a genuína conversão não são suficientes. Não obstante, o poder de Deus está disponível aos fiéis para “pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo” (Lc 10.19).
- Em última análise, o poder de Satanás sobre os cristãos já está quebrado e a grande batalha é ganha por meio da crucificação e ressurreição de Cristo, o qual conquistou, para sempre, o poder do pecado e da morte (Rm 5.18-21; ICo 15.56-57; Hb 2.14). Todavia, durante a vida na terra, as batalhas da tentação continuarão regularmente. Para que haja vitória, são exigidos o poder do Senhor, a energia de seu Espírito e a força da verdade bíblica.
2. Vigilantes em toda a oração e súplica.
Paulo enfatiza a necessidade de uma vida cristã permeada pela prática da oração. Não é possível entrar em combate sem a cobertura de tão preciosa arma espiritual (Lc 21.36). A expressão “orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito” (6.18) significa clamar pelo favor divino em qualquer circunstância e oportunidades. Esse clamor deve estar acompanhado de vigilância (Is 59.1,2), pois esta preserva o crente das astutas ciladas do Inimigo (Sl 124.7). Vigiemos em oração e súplica!
- O versículo 18 introduz o caráter geral da vida de oração de um cristão:
1) "toda oração e súplica" concentra-se na variedade;
2) "em todo o tempo" concentra-se na frequência (Rm 12.12: Fp4.6; 1Ts 5.17);
3) "no Espírito" concentra-se na submissão, à medida que nos ajustamos à vontade de Deus (Rm 8.26-27);
4) "vigiando" concentra-se no modo (Mt 26.41; Mc 13.35);
5) "toda perseverança," concentra-se na persistência (Lc 11.9; 18.7-8); e
6) "todos os santos" concentra-se nos alvos (1Sm 12.23).
SÍNTESE DO TÓPICO I
A vitória contra o mal somente é possível por meio do fortalecimento do crente no poder do Senhor.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
“A exortação apostólica: ‘fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder’ (Ef 6.10) diz que os crentes devem buscar essa força não neles mesmos, mas no Senhor Jesus; por essa razão, o apóstolo Paulo emprega o verbo grego na voz passiva, endynamosthe, ‘sede dotados de força em, sede fortalecidos’, do verbo endynamoo, ‘fortalecer em’. Esse poder não vem de nós mesmos, mas de uma força externa, do próprio Deus, Jesus disse: ‘sem mim nada podereis fazer’ (Jo 15.5). A combinação pleonástica, ‘força do seu poder’, dá mais relevo ao pensamento, uma expressão que Paulo já havia usado na epístola (1.19). Ele está falando sobre força e poder no campo espiritual, não sobre força física (2 Co 10.4). O Senhor Jesus capacitou os cristãos, pelo Espírito Santo, para vencer todo o mal e toda a tentação interna, os desejos da carne, e toda a tentação externa, tudo aquilo que vem diretamente do poder das trevas. Essa capacitação envolve o discernimento para compreender as astúcias malignas (2 Co 2.11) e também o poder sobre os demônios (Lc 10.17,19)” (SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. Batalha Espiritual: O Povo de Deus e a Guerra Contra as Potestades do Mal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.29).
II – CONHECENDO O CAMPO DA BATALHA ESPIRITUAL
1. As astutas ciladas do Diabo.
A expressão “ciladas do diabo” (6.11) indica as “armadilhas” articuladas perversamente pelo reino das trevas. O líder desse reino é identificado como diábolos, que significa “caluniador” e “acusador” (Mt 4.1; Jo 8.44; 1 Pe 5.8). Tomado de fúria e por meio do espírito do erro, ele prepara laços com o propósito de destruir a Igreja de Cristo. Algumas de suas astúcias são:
(1) Confundir a mentira com a verdade (Gn 3.4,5);
(2) deturpar as Escrituras (Mt 4.6);
(3) dissimular e induzir a dissimulação (2 Co 11.l13,14);
(4) fazer falsos sinais (2 Ts 2.9); (5)
fazer acusações (Ap 12.10);
(6) semear incredulidade (2 Co 4.4);
(7) promover ideologias anticristãs (2 Ts 2.3,4). Diante desse quadro, o texto sagrado ordena: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus!”.
Inicialmente, é preciso entender a ordem de “Revesti-vos de toda a armadura de Deus”, "Revestir" transmite a ideia de permanência, indicando que a armadura deve ser o traje sustentador ao longo da vida do cristão, uma ‘segunda pele’ que não pode ser despida. Paulo usa a armadura comum usada pelos soldados romanos como uma analogia para a defesa espiritual do cristão e afirma a necessidade dela caso alguém queira manter sua posição enquanto estiver sob ataque. Referente ao termo “ciladas”, “esquemas”, carrega a ideia de inteligência, métodos astuciosos, destreza e engano. As armadilhas de Satanás são propagadas por meio do sistema do mundo ímpio sobre o qual ele governa, e são executadas pela sua legião de demônios. “Ciladas” inclui tudo, abrangendo todo pecado, prática imoral, falsa teologia, falsa religião e atração mundana. O agente destes esquemas é o diabo, referido nas Escrituras como “querubim da guarda ungido” (Ez 28.14), “o maioral dos demônios” (Lc 11.15), “o deus deste século” (2Co 4.4), e “o príncipe da potestade do ar” (Ef 2.2). Encontramos esse inimigo retratado opondo-se à obra do Deus (Zc 3.1), pervertendo a Palavra de Deus (Ml 4.6), atrapalhando o servo de Deus (1Ts 2.18), impedindo o evangelho (2Co 4.4), enganando o justo (1Tm 3.7) e mantendo o mundo em seu poder (1Jo 5.19).
2. O conflito contra o reino das trevas.
Paulo enfatiza que esse conflito não é “contra carne e sangue” (6.12). Não se trata de lutar contra o ser humano, mas contra o reino das trevas nas “regiões celestes”. Essas declarações indicam que a batalha não é física, mas travada no mundo espiritual. O conflito é contra as hostes que, debaixo da autoridade do Diabo, mantêm os homens na escuridão (1 Jo 5.19). Nessa metáfora, fica claro que o cenário do campo de batalha do soldado é espiritual (6.11,12), ao mesmo que se revela a natureza pessoal do conflito, pois essa luta se dá tanto na área individual quanto na área coletiva da igreja (1 Pe 5.8,9).
- Numa guerra, os exércitos inimigos empregam todos os meios para conhecer o potencial de seu opositor, para assim, planejar o combate a fim de obter a vitória. Não podemos lutar contra quem não conhecemos. Efésios 6.11,12 descreve as características desse inimigo; diz que o diabo, mesmo não sendo onipresente, onisciente e onipotente, tem seus agentes espalhados por toda parte, e esses seres caídos estão a seu serviço para guerrear contra o povo de Deus. Aqui Paulo usa um termo empregado para o combate corpo a corpo. Lutar retrata trapaça e engano, como Satanás e sua legião quando atacam. Confrontar a tentação enganosa requer a verdade e a justiça. Nesta batalha, a luta “não é contra o sangue e a carne”, mas contra as “forças espirituais do mal”, designando as mais abomináveis depravações, incluindo coisas como extremas depravações sexuais, ocultismo e a adoração a Satanás. O campo de batalha localiza-se “nas regiões celestiais”, que como nos capítulos 1.3; 3.10, diz respeito a toda esfera de seres espirituais.
3. As agências das potestades do ar.
Paulo identifica as forças do mal que marcham contra a Igreja como “principados, potestades, príncipes das trevas deste século e hostes espirituais da maldade” (6.12). Esses seres são caracterizados por três aspectos:
a) Eles são poderosos. Os títulos “principados e potestades” indicam poder, primazia e autoridade para agir; “príncipes das trevas” são líderes de anjos decaídos, que sob o comando do Diabo exercem domínio;
b) Eles são malignos. Esses agentes formam “as hostes espirituais da maldade”. Refere-se a demônios que empregam seu poder destrutivamente para o mal;
c) Eles são astutos. São cheios de sutilezas e maquinam a queda da Igreja.
Apesar desse imenso império do mal, a Igreja é exortada a não temer. Somos incentivados a lutar e, sobretudo, a vencer, pois o Senhor da Igreja está elevado ao nível “acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio” (1.21).
- O reino das trevas possui uma organização. Existe uma estratificação de poder no reino das trevas. Paulo fala de quatro designações descrevendo as diferentes classes e posições desses demônios, e o império sobrenatural do mal no qual eles operam. As forças das trevas de Satanás são altamente estruturadas para os propósitos mais destrutivos (Cl 2.15; 1Pe 3.22). O Rev Hernandes Dias Lopes escreve: “Existe uma cadeia de comando. Existem cabeças e subalternos. Líderes e liderados. Quem manda e quem obedece; 3) o reino das trevas articula-se contra a igreja. O diabo e seus demônios rodeiam a terra e passeiam por ela. Eles investigam nossa vida, buscando uma oportunidade para nos atacar. Esse inimigo não dorme, não tira férias nem descansa. Esse inimigo tem um variado arsenal. Ele usa “ciladas” imetodeiá). Para cada pessoa, ele usa uma estratégia diferente. Ele ousa mudar os métodos” (Lopes, Hernandes Dias. Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo / Hernandes Dias Lopes. — São Paulo: Hagnos, 2009. Pág. 176).
SÍNTESE DO TÓPICO II
O crente precisa conhecer o seu campo de batalha espiritual para que possa guerrear contra o Inimigo e receber a vitória.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“O apóstolo Paulo emprega skotos para se referir ao reino satânico. Ele especifica os principais agentes no reino das trevas e conclui dizendo que eles formam ‘as hostes espirituais da maldade’ (Ef 6.12). Essa expressão refere-se aos ‘espíritos malignos’, um termo presente no pensamento judaico e também no Novo Testamento. Essas hostes são comandantes do exército de Satanás: principado, potestades e dominadores deste mundo tenebroso, contra quem temos de lutar fortalecidos no Senhor e na força do seu poder e revestidos da armadura completa de Deus (Ef 6.10,11).
A expressão ‘lugares celestiais’ ou ‘regiões celestiais’ no presente contexto nos chama atenção, pois parece indicar o céu o lugar onde Cristo habita, a morada dos crentes. No entanto, o apóstolo escreve: ‘contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais’, termo que aparece cinco vezes em Efésios e em nenhum outro lugar no Novo Testamento (1.3,20; 2.6; 3.10; 6.12). No mundo antigo, as pessoas acreditavam que o céu tinha diferentes níveis ocupados por uma diversidade de seres espirituais. No nível mais elevado, habitava Deus com os seres mais puros. Ou seja, as ‘regiões celestiais’ podem significar onde Deus está ou onde estão os poderes espirituais. O sentido dessas palavras depende do contexto onde elas aparecem” (SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. Batalha Espiritual: O Povo de Deus e a Guerra Contra as Potestades do Mal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, pp. 33,34).
III – AS ARMAS ESPIRITUAIS INDISPENSÁVEIS AO CRENTE
1. A armadura completa de Deus.
A imagem que o apóstolo usa é a de uma linguagem retirada do contexto militar romano. A expressão “toda a armadura” traduz o termo grego panóplia, que significa “a armadura completa de um soldado fortemente armado” (6.11,13). Na Carta, a orientação não é para usar armas próprias, mas tomar o equipamento dado por Deus, resistir bravamente e marchar contra as potestades do ar.
- Paulo novamente enfatizou a necessidade da apropriação, por parte do cristão, de toda a armadura espiritual de Deus pela obediência em tomá-la ou revestir-se dela. As primeiras três peças da armadura (cinto, couraça e sapatos/botas, vs. 14-15) eram usadas continuamente no campo de batalha; as últimas três (escudo, capacete e espada, vs. 16-17) eram mantidos preparados para serem usados quando a luta real começasse, no dia mau. Desde a queda do ser humano, todo dia tem sido mau, uma condição que persistirá até o Senhor retornar e estabelecer o seu próprio reino na terra.
2. As armas indispensáveis de defesa.
Vejamos aqui uma lista de armas espirituais disponíveis aos soldados do Senhor:
- É importante dizer que, pela terceira vez, o apóstolo intima os cristãos a tomar uma posição firme na batalha espiritual contra Satanás e seus subordinados – “estai pois firmes”! (6.14). Seja para confrontar as tentativas de Satanás para fazê-los desconfiar de Deus, renunciar à obediência, gerar confusões doutrinárias e falsidade, atrapalhar o serviço de Deus, provocar divisões, servir a Deus na carne, viver de maneira hipócrita, ser mundano, ou rejeitar, de qualquer modo, a obediência bíblica, essa armadura é a nossa defesa.
a) Cingidos os vossos lombos com a verdade (v.14).
Retrata a peça usada para dar mobilidade ao soldado no combate. Nesse sentido, faz referência à verdade da doutrina de Cristo e à integridade do soldado (2 Co 13.8). O soldado vestia uma túnica larga, feita de tecido. Posto que o combate antigo era, basicamente, corpo a corpo, urna túnica larga se constituía num grande obstáculo e perigo. O cinto era necessário para apertar a roupa folgada (Êx 12.11; Lc 123 5; 1Pe 1.13). Cingir era uma maneira de amarrar as pontas soltas corno uma preparação para a batalha. O cinto que junta todas as pontas espirituais soltas é a "verdade", ou melhor, a "veracidade". A ideia é de um comprometimento sincero em lutar e vencer sem hipocrisia — o domínio próprio em devoção à vitória. Tudo o que atrapalha está preso (2Tm 2.4; Hb 12.1)
b) Vestida a couraça da justiça (6.14).
Trata-se de uma malha impenetrável de proteção aos órgãos vitais. Refere-se à justiça de Cristo e à retidão do soldado no campo de batalha (Rm 5.1; 2 Co 6.7).
A couraça era, geralmente, um pedaço de couro duro ou de um material pesado e sem mangas, tendo chifres ou cascos de animais costurados nela, que cobria todo o tronco do soldado, protegendo o coração e outros órgãos vitais. Como a justiça ou a retidão é uma característica distinta do próprio Deus, não é difícil compreender por que ela é a principal proteção do cristão contra Satanás e suas artimanhas. Quando os cristãos vivem fielmente em obediência a Jesus Cristo e em comunhão com ele, a própria justiça dele produz nos cristãos a justiça prática e diária que se torna a couraça espiritual deles. A falta de santidade, por outro lado, os deixa vulneráveis ao grande inimigo de sua alma (Is 59.17; 2Co 7.1; 1Ts .5.8);
c) Calçados os pés na preparação do evangelho da paz (6.15). Confeccionada em couro, a “meia-bota” tinha solas cravejadas para dar estabilidade. Refere-se à firmeza que o Evangelho proporciona e à prontidão do soldado em testemunhar de Cristo (Rm 1.16).
Os soldados romanos usavam sandálias com pregos nelas para que se prendessem ao chão durante o combate. O evangelho da paz pertence às boas-novas que, por meio de Cristo, os cristãos estão em paz com Deus e ele está do lado deles (Rm 5.6-10). É essa confiança do apoio divino que permite ao cristão permanecer firme, sabendo que, uma vez que ele está em paz com Deus, Deus é a sua força (Rm 8.31,37-39);
d) Tomando, sobretudo, o escudo da fé (6.16).
Longo, retangular, feito de madeira e couro, o escudo protege o corpo inteiro dos dardos incendiários. Refere-se à fé inabalável em Deus, que detém a eficácia das calúnias, dúvidas e rebeliões disparadas pelo Diabo (Pv 30.5).
Essa palavra grega geralmente diz respeito a um grande escudo com dimensões aproximadas de 0,75 x 1,35 m, o qual protegia todo o corpo. A fé à qual Paulo se refere não é o corpo da doutrina cristã, assim como é utilizado no capítulo 4.13, e sim a confiança básica em Deus. A confiança contínua do cristão na Palavra e na promessa de Deus é absolutamente necessária “sobre todas as coisas” para protegê-lo das tentações de toda sorte de pecado. Todo pecado vem quando a vítima acredita nas mentiras e nas promessas de prazer de Satanás, e rejeita a escolha melhor da obediência e bênção. Com esse escudo podemos nos proteger dos dardos inflamados - as tentações comparadas a flechas flamejantes atiradas pelo inimigo (SI 18.30; Pv 30.5-6; 1Jo 5.4);
e) O capacete da salvação (6.17).
Pesado, resistente e fabricado com bronze ou ferro, o capacete serve de proteção para a cabeça. Refere-se à certeza da salvação que já recebemos em Cristo e a convicção da plena salvação no último dia (1 Ts 5.8,9).
O capacete protegia a cabeça, sempre o principal alvo durante a batalha. Paulo está falando para aqueles que já são salvos, e, portanto; não está falando aqui a respeito de obter a salvação. Ao contrário, Satanás busca destruir a certeza da salvação do cristão com suas armas da dúvida e do desencorajamento. Isso está claro na referência de Paulo ao “capacete da salvação” (Is 59.17; 1Ts 5.8). Porém, apesar dos sentimentos do cristão quanto à sua salvação poderem ser seriamente prejudicados pela dúvida lançada por Satanás, a sua salvação em si está protegida eternamente e ele não deve temer perdê-la. Satanás quer amaldiçoar o cristão com dúvidas, porém o cristão pode permanecer firme nas promessas de Deus a respeito da salvação eterna na Escritura (Jo 6.37-39; 10.28-29; Rm 5.10; 0.31-39; Fp 1.6; 1Pe 1.3-5). A segurança é um fato; a certeza é um sentimento que sobrevêm ao cristão obediente (1Pe 1.3-10);
3. A imprescindível arma ofensiva.
Finalmente, “a espada do Espírito” (6.17), a única arma disponível tanto para a defesa quanto para o ataque. O termo grego para ela é machaira, identificada como espada curta. Isso significa que o combate é pessoal, o enfrentamento é diário e acontece “corpo a corpo”. A espada do Espírito é identificada como sendo a “Palavra de Deus” inspirada e penetrante (2 Tm 3.16; Hb 4.12). Ela deve ser usada tanto para resistir às ciladas do Diabo (Mt 4.1-10) quanto para derrubar as fortalezas de Satanás (Mt 10.19,20; 2 Co 10.4).
- A espada do Espírito, assim como a espada era a única arma do soldado, da mesma maneira a Palavra de Deus é a única arma necessária, infinitamente mais poderosa do que qualquer arma de Satanás. O termo grego diz respeito a uma arma pequena com dimensões aproximadas de 15 a 46 cm de comprimento. Ela era usada tanto defensivamente, para se defender dos ataques, quanto ofensivamente, para ajudar a destruir as estratégias do inimigo. É a verdade da Escritura (2Co 10.3-5; Hb 4.12). Sobre isso, escreve Hernandes Dias Lopes: “Vencemos os ataques do diabo e triunfamos sobre ele por meio da Palavra. E pela Palavra que saqueamos o reino das trevas, a casa do valente. É pela Palavra que os cativos são libertos. A Palavra é poderosa, viva e eficaz. Moisés quis libertar os israelitas com a espada carnal e fracassou, mas quando usou a espada do Espírito o povo foi liberto. Pedro quis defender a Cristo com a espada e fracassou, mas quando brandiu a espada do Espírito, multidões se renderam a Cristo. Cristo venceu Satanás no deserto usando a espada do Espírito. As viagens de Paulo, pregando o evangelho, plantando igrejas e arrancando vidas da potestade de Satanás para Deus é uma descrição eloquente de como ele usou a espada do Espírito. Precisamos conhecer a Palavra. A Bíblia nos afasta do pecado ou o pecado nos afasta da Bíblia. Infelizmente, há crentes mais comprometidos com a coluna esportiva do jornal do dia do que com a Palavra bendita de Deus” (Lopes, Hernandes Dias. Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo / Hernandes Dias Lopes. — São Paulo: Hagnos, 2009. Pág. 186).
SÍNTESE DO TÓPICO III
As armas ao nosso dispor são indispensáveis para resistirmos aos ataques das trevas e permanecermos inabalável.
SUBSÍDIO PEDAGÓGICO
Professor (a), reproduza no quadro o esquema abaixo. Leia o texto bíblico com os alunos e apresente as partes da armadura e sua função. Explique que a imagem que o apóstolo utiliza é a de uma vestimenta militar romana. Reforce o fato de que a armadura espiritual é indispensável ao crente na luta diária contra as muitas ciladas do Inimigo.
CONCLUSÃO
A vitória da Igreja de Cristo contra as forças do mal é garantida pela sobre-excelente grandeza do poder de Deus (1.19). Os ardis de Satanás não podem ser subestimados, porém, o reino das trevas não deve amedrontar o cristão. A Escritura convoca o salvo a combater e a vencer as potestades do ar, revestido com a armadura de Deus (6.11).
- Há um provérbio em latim que reza: “Si vis pacem, para bellum”, traduzido como “se quer paz, prepare-se para a guerra”, que traz a ideia de paz através da força, ou seja, uma nação forte é menos apta a ser atacada por inimigos. Espiritualmente, o provérbio também é verdadeiro, sendo a ordem paulina (de Cristo, em última instancia) “Revesti-vos de toda a armadura de Deus” (6.11), a segunda parte do provérbio! "Revestir" é estar permanentemente pronto, armado, equipado e bem treinado, a fim de afugentar os planos de ataques ou se preciso, vencer uma batalha. O inimigo tentará, mas o final dessa história já está escrito em 6.23-24, com uma bela bênção resumindo os principais temas dessa carta tão pessoal, lembrando os crentes a respeito da paz (v. 15; 1.2 2.14-15,17; 4.3), do amor (1.15; 4.2,15-16; 5.25,28,33) e da fé (v. 1 - 1.15; 2.8; 3.12; 17; 4.5,13) da parte de Deus e de Jesus Cristo!
PARA REFLETIR
A respeito de “A Batalha Espiritual e as Armas do Crente”, responda:
• O que a expressão “fortalecei-vos no Senhor” indica?
A expressão na forma passiva “fortalecei-vos no Senhor” (6.10a) indica que não temos poder em nós mesmos.
• O que significa a expressão “ciladas do diabo” (6.11)?
A expressão “ciladas do diabo” (6.11) indica as “armadilhas” articuladas perversamente pelo reino das trevas.
• Como Paulo identifica as forças do mal que marcham contra a Igreja?
Paulo identifica as forças do mal que marcham contra a Igreja como “principados, potestades, príncipes das trevas deste século e hostes espirituais da maldade” (6.12).
• O que traduz a expressão “toda a armadura”?
A expressão “toda a armadura” traduz o termo grego panóplia que significa “a armadura completa de um soldado fortemente armado” (6.11,13).
• Que tipo de arma é “a espada do Espírito”?
“A espada do Espírito” (6.17), a única arma disponível tanto para a defesa quanto para o ataque.
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