TEXTO AUREO “E disse Josafá: Não há aqui algum profeta do SENHOR, para que consultemos ao SENHOR por ele? Então, respondeu um dos servos...
TEXTO AUREO
“E disse Josafá: Não há aqui algum profeta do SENHOR, para que consultemos ao SENHOR por ele? Então, respondeu um dos servos do rei de Israel e disse: Aqui está Eliseu, filho de Safate, que deitava água sobre as mãos de Elias.”(2 Rs 3.11)
VERDADE PRATICA
Deus usou, e ainda usa, seus servos para realizar milagres. Basta ter fé e confiança no Senhor, que Ele opera maravilhas.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
2 Reis 3.5,9-11,14-18; 4.1-7,38-41
INTRODUÇÃO
O ministério de Eliseu foi marcado por acontecimentos extraordinários. Nesta lição estudaremos sobre três deles: o milagre das águas que alagaram um vale, sem que houvesse chuva; a multiplicação do azeite da viúva; e a aniquilação da morte presente na panela de ensopado servido por um dos servos do profeta. Nos três eventos estão evidentes a fé, a obediência e a poderosa unção de Deus sobre o profeta Eliseu.
Comentário
O ministério de Eliseu foi marcado por muitos milagres. Ele foi um dos profetas que mais realizou prodígios, mais até do que Elias, o seu mestre. Listaremos alguns deles: (1) dividiu o rio Jordão em duas partes para passar a seco (2 Rs 2.14); (2) sarou as águas de Jericó (2.22,23); (3) quarenta e dois adolescentes foram despedaçados por duas ursas (2.23,24); (4) providenciou água a três reis e aos seus exércitos (3.15,16,20); (5) previu a vitória desses reis (3.19); (6) aumentou o azeite da viúva de um dos filhos dos profetas (4.6,7); (7) profetizou que a sunamita teria um filho (4.16); (8) mais tarde, ressuscitou o filho da sunamita quando este havia ficado doente e morreu (4.19,35); (9) tirou a morte da panela (4.41); (10) multiplicou pães (4.42-44); (11) curou Naamã de lepra (5.14); (12) colocou a lepra de Naamã em Geazi, o seu auxiliar (5.27); (13) fez flutuar um machado (6.6,7); (14) cegou os homens do exército siro (6.18); (15) devolveu-lhes a visão (6.20); (16) profetizou o fim da fome e do cerco da Síria (7.1); (17) predisse a morte do capitão do rei (7.2); (18) profetizou a morte de Ben-Hadade e o reinado de Hazael (8.10,13); (9) e, depois de morto, ressuscitou um defunto (13.21). Neste capítulo, veremos três deles: (1) o milagre do rio que começou a correr sem que houvesse chuva; (9) a multiplicação do azeite da viúva e (3) a aniquilação da morte presente na panela de cozidos feito pelo empregado do profeta. Nos três eventos, estão presentes a fé e a obediência dos envolvidos, bem como a poderosa atuação da unção de Deus sobre o profeta Eliseu.
Eliseu, assim como Elias, era de um temperamento forte. Assim que Elias foi tomado dele, talvez pela dor da ausência do seu mentor, ele bateu nas águas do rio Jordão com a capa de Elias e questionou: “Onde está o Senhor, Deus de Elias?” (2 Rs 2.14). Ele irritou-se com os meninos que caçoaram da sua calvície (2.23,24), foi irônico com o rei idólatra Jorão (3.13) e castigou a Geazi com a lepra de Naamã por causa da sua ganância e mentira (5.27). Esses episódios demonstram que Eliseu não escondia os seus sentimentos de ninguém, bem como apontam para a sua honestidade e verdade nas palavras e ações.
A personalidade de Eliseu é muito bela quando da sua rejeição à espetacularização ministerial. No caso de Naamã, numa conversa com esse alto oficial do rei, Eliseu trata-o como qualquer outra pessoa, apenas lhe enviando um recado. Já na ressurreição do filho da mulher que havia sido estéril, ele tranca-se num quarto sozinho com o menino e ressuscita-o sem que ninguém o veja. Ele poderia ter usado esses episódios para promover-se diante da opinião pública ou de pessoas importantes, pois o primeiro personagem era um político influente, e a mulher era rica; ele, porém, preferiu deixar que a glória fosse de Deus nos milagres que realizou.
Outras qualidades de Eliseu ficam em evidência diante de alguns episódios da sua vida. Por exemplo, ele não aceitou presentes em troca do milagre de Naamã. Esse desprendimento já havia sido mostrado quando do seu chamado, em que abandonou tudo o que possuía para seguir Elias. Depois, ele teve a oportunidade de matar um exército inteiro da Síria, que era inimigo de Israel, mas, ao invés disso, pediu que lhes servissem comida e que os liberassem vivos. Eliseu também chorou de compaixão ao entregar uma profecia a Hazael, pois percebeu o sofrimento que este infligiria sobre Israel. (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).
O livro anterior teve um início ilustre, nas glórias do reino de Israel, quando ele estava unido. Este tem uma conclusão melancólica, primeiramente nas desolações dos reinos de Israel e, em seguida, de Judá, depois que eles se dividiram por muito tempo em dois: pois um reino dividido contra si mesmo caminha para a destruição. Mas, assim como os poderosos feitos de Elias contribuíram muito para a glória do livro anterior, mais para o final dele, assim foram os feitos de Eliseu a glória deste, mais para o começo dele. Esses profetas brilharam mais que seus príncipes. E, portanto, até certo ponto, a história deve ser contada a partir deles. Aqui está: I. Elias trazendo fogo do céu e subindo em fogo para o céu (1 e 2). II. Eliseu realizando muitos milagres, para o príncipe e para o povo, para israelitas e para estrangeiros (3-7). III. Hazael e Jeú sendo ungidos. O primeiro, para a correção de Israel. O segundo, para a destruição da casa de Acabe e da adoração de Baal (8-10). IV Os reinados de vários reis, tanto de Judá quanto de Israel (11-16). V O cativeiro das dez tribos (17). VI. O reinado bom e glorioso de Ezequias (18-20). VII. O mau reinado de Manassés e o bom de Josias (21-23). VIII. A destruição de Jerusalém pelo rei de Babilônia (24 e 25). Esta história, em muitas de suas passagens, confirma aquela observação de Salomão: ci justiça exalta as nações, mas o pecado é o opróbrio dos povos. (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 543).
I – ELISEU SALVA TRÊS REIS E SEUS EXÉRCITOS
1. Reis bons e maus. No período do reino dividido houve a alternância de reis bons e maus. Esta distinção entre bons e maus não leva em conta apenas o modo como esses reis administravam o reino ou lideravam o povo, mas a forma como eles se relacionavam com Deus. Portanto, ao se referir a um determinado rei como mau, o autor do livro de Reis está dizendo que esse monarca além de desobedecer e desprezar a Deus em seu culto, promovia a adoração de ídolos.
Comentário
Na linha sucessória dos reis de Israel e Judá, durante o reino dividido, sucederam-se bons e maus reis. O Reino do Norte, Israel, geralmente com reis maus, e, no Reino do Sul, Judá, geralmente com bons reis. A classificação em bons e maus não leva muito em conta a administração e liderança de tal rei, mas, sim, como teologicamente esse rei relacionava-se com Deus; portanto, quando se fala de um mau rei, o autor do livro de Reis refere-se ao fato de que esse rei desprezava ao Senhor na sua adoração e promovia a adoração a ídolos.
Com a morte de Acabe, quem assumiu o reino de Israel foi o seu filho Acazias, mas este logo morreu, e Jorão, o seu irmão, assumiu o seu lugar. O seu reinado foi marcado pela continuidade, embora mais branda, da adoração aos deuses falsos que foram promovidos por Acabe e Jezabel. Quando o rei de Moabe, que era vassalo do reino de Israel, soube da morte de Acabe e do curto reinado do seu filho Acazias, aproveitou a oportunidade da fragilidade de Israel para rebelar-se e não enviou mais os impostos que foram exigidos como reino vassalo de Israel. Esse foi o motivo pelo qual o rei Jorão convidou o rei de Judá, Josafá, e o rei de Edom para guerrearem contra Moabe e reaverem o domínio sobre esse reino.
O episódio em que Eliseu salva os três reis acontece quando eles vão à guerra contra Mesa, rei dos moabitas, que, nessa época, era vassalo de Israel e pagava-lhe impostos. O rei de Israel era Jorão e, como visto anteriormente, foi um mau rei. O rei de Judá era Josafá, e este foi classificado como um bom rei, pois promovia a adoração a Deus. O outro rei era de Edom, e o texto não cita o seu nome. Josafá foi um bom rei em Judá, porque instituiu reformas administrativas, religiosas e jurídicas importantes para a organização e melhor funcionamento do povo de Deus, além de ter dado instruções para que os juízes agissem de forma justa e equânime em todos os julgamentos e questões. Para que isso acontecesse, ele percorreu pessoalmente várias regiões de Judá para organizar essas questões.
Ele também cuidou para que terminasse a longa inimizade dos seus predecessores com o reinado de Israel. Para tal, casou o seu filho Jorão com Atalia, filha de Acabe. Josafá também se aliançou com Acabe, rei idólatra e rebelde contra Deus, para guerrear. Essas alianças foram uma falha contra a fidelidade de Deus, ao que foi repreendido pelo profeta Jeú: “Devias tu ajudar ao ímpio e amar aqueles que ao Senhor aborrecem? Por isso, virá sobre ti grande ira de diante do Senhor” (2 Cr 19.2,3). A sua aliança com Acabe quase lhe custou a vida. Mais adiante, ele também fez aliança com Jorão, o filho de Acabe, para lutar contra Moabe, como visto neste texto. (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).
Fez o que era mau perante o Senhor. Jorão era impio e operou a iniqüidade, embora não tenha chegado ao padrão de impiedade estabelecido por seu pai, Acabe, e por sua mãe, Jezabel. Chegar àquele padrão só seria possível mediante alguma ajuda especial do diabo.
Quanto ao lado positivo, esse rei derrubou a coluna de Baal, que Acabe mandara levantar. Ele não eliminou a idolatria em Israel, mas realmente a diminuiu. Ele aboliu parte do culto a Baal. Mas apesar de ter-se livrado da coluna particular mencionada neste versículo, de modo geral suportava a adoração a Baal (ver II Reis 10.18-28). E continuou as normas políticas de seu impio pai, Acabe (ver I Reis 12.26-33; 13.33). Talvez ele tenha iniciado uma reforma que não chegou, afinal, a coisa alguma. Seu único ato de reforma, porém, não teve nenhum efeito duradouro. Ele enfrentou oposição e logo abandonou essa questão de reformas. Continuou a adoração ao bezerro de Jeroboão (ver o terceiro versículo), pelo que tinha muitos pecados em sua consciência.
Nem como sua mãe. ‘Jezabel viveu por todo o reinado de Jorão (II Reis 9.30), o que talvez explique por que ele não erradicou a adoração a Baal (II Reis 10.19-28)’ (Ellicott, in loc.). Talvez Jorão tenha instituído algumas reformas para agradar a Josafá, a fim de que o rei de Judá o ajudasse em sua campanha militar contra os moabitas. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1476).
2. Três reis vão à guerra contra os moabitas. Jorão, rei de Israel, que como seu pai Acabe, fora reprovado pelo Senhor; Josafá, rei de Judá, considerado um excelente monarca, em razão de promover a adoração ao verdadeiro Deus; e o rei de Edom, que era vassalo de Judá (2 Rs 3.9). O que motivou a guerra foi a rebelião dos moabitas que, à época, pagavam pesados impostos ao rei de Israel (2 Rs 3.5).
Comentário
A diferença entre Jorão e Josafá foi que o primeiro culpou a Deus ao perceber o caos instalado no exército por falta de água (2 Rs 3.10) — um gesto de total desespero, como já era esperado de alguém que adorava ídolos e, supostamente, confiava neles. Uma das principais características de pessoas que colocam ídolos no lugar de Deus é que o desespero toma conta do coração em momentos de crise, pois os ídolos jamais dão segurança. Somente Deus pode dá-la. Exatamente como disse o salmista: “Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra” (Sl 121.1,2).
Enquanto Jorão está desesperado, Josafá procurou uma resposta em Deus, solicitando “um profeta do Senhor”, o que demonstra a grande diferença de alguém que confia em Deus e sabe que somente Ele pode dar uma resposta em momentos de crise.
Eliseu foi o profeta chamado a profetizar para os três reis, e ele aproveitou para advertir Jorão e questioná-lo ironicamente sobre o porquê de ele não ter consultado os falsos profetas dos seus pais. A reação de Eliseu a Jorão demonstra a sua grande coragem em confrontar o rei sem temer as consequências da sua ousadia em acusá-lo claramente do pecado da idolatria e, ainda, lembrá-lo das abominações que os seus pais haviam cometido em Israel. (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).
Tendo, porém, morrido Acabe. Acabe, o homem forte e ímpio, estava morto. Isso encorajou os moabitas à revolta, conforme já dissemos. Acazias sofreu uma morte prematura (ver II Reis 1.2 ss.), e Jorão, da noite para o dia, foi elevado ao trono, presumivelmente despreparado para o cargo. Mesa, pois, tirou vantagens das condições incertas e inseguras de Israel.
Fez revista de todo o Israel. Muito provavelmente, tratou-se de um recenseamento militar. Jorão precisava saber de quanta força militar potencial dispunha. Ele estava sendo forçado a guerrear. Poderia ele abafar a revolta de Moabe? Ele deve ter decidido que não seria capaz de fazê-lo sozinho, pelo que imediatamente começou a formar alianças. Israel lançar-se-ia à guerra como aliada de Judá e de Edom, uma combinação improvável.
Mandou dizer a Josafá, rei de Judá. Devemos lembrar-nos de que Judá, na oportunidade, não era muito mais do que um reino vassalo do reino do norte, Israel. Acabe tinha pedido a ajuda de Josafá contra a Síria, e ele tivera de cooperar. Ver I Reis 22 ss. Foi nessa batalha que Acabe perdera a vida. Agora, seu filho Jorão voltou-se novamente para o seu “antigo aliado”, Josafá, que tinha conseguido sobreviver em sua guerra contra os sírios. E, uma vez mais, Josafá veio correndo, talvez porque tinha sido forçado a fazê-lo, e, talvez, porque quisesse fazê-lo. Judá também teria de acalmar os moabitas, que poderiam lançar algum ataque contra o reino do sul.
Serei como tu és. Josafá respondeu que ele era um só com Jorão, que o seu povo também pertencia àquele homem; seus cavalos e carros de combate também eram uma propriedade em comum. Esta parte do versículo repete o que Josafá já havia dito a Acabe. Ver I Reis 22.4, cujas notas expositivas também se aplicam aqui. “Josafá viveu em paz com o rei de Israel” (I Reis 22.45). A cessação das hostilidades entre o norte e o sul (Israel e Judá) encorajaram a formação de alianças. Josafá ignorou a denúncia profética contra tais alianças (ver II Crônicas 19.2 e 20.37). Talvez Josafá quisesse vingar-se dos moabitas, por causa de suas incursões no território de Judá (capítulo 20 de II Crônicas). Ele ocupar-se-ia em um “ataque preventivo”. Edom, na ocasião, estava sob a autoridade de Judá, e em breve juntar-se-ia à aliança (ver os vss. 9 ss.).
Pelo caminho do deserto de Edom. A rota a ser tomada pela coligação de Israel, Judá e Edom era pelo deserto de Edom. Ali a ajuda de Edom seria conseguida, e esse país, sendo um virtual vassalo de Judá, não negaria auxílio. O ataque seria contra Moabe, da direção sul, onde os exércitos marchariam ao redor do mar Morto por sete dias, o que os levaria ao wadi el-Hesa, na fronteira sul de Moabe. Ver no Dicionário o artigo chamado Edom, quanto a detalhes. A fronteira norte era mais pesadamente defendida, e era a localização normal de ataque. Talvez a surpresa ajudasse na campanha. “Eles poderiam atravessar o rio Jordão e atacar a fronteira norte de Moabe; ou poderiam rodear o extremo sul do mar Morto e invadir Moabe pelo lado de Edom. A primeira dessas rotas era a mais curta para ambos os reis, mas era ali que estavam as mais fortes defesas de Moabe” (Ellícott, in loc.).
Após sete dias de marcha. Os exércitos coligados tinham rodeado o extremo sul do mar Morto, o que os levara à fronteira sul de Moabe. Talvez eles tivessem marchado através do vale estreito e rochoso de El-Ahsy (também chamado de El-Qurahy), entre Moabe e Edom, onde geralmente havia água. Mas naquela ocasião não havia água nenhuma.
Não havia água para o exército e para o gado que os seguiam. A coligação optou pela rota do deserto, conforme descrito na exposição sobre o versículo oitavo, e isso criou de imediato o problema da água para os homens e para os cavalos. O desespero estabeleceu-se e tristes profecias de que eles seriam entregues às mãos de Moabe começaram a circular. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1478).
Moabe se revolta (3.1-12). 1-3. A cronologia do décimo oitavo ano estaria consonante com 1.17 se Jorão de Judá tivesse sido co-regente com seu pai; seu reinado de doze anos foi de 852-841 a.C. Os reis israelitas tinham como norma a afirmação de sua capital, assim em Samaria deve satisfazer a esta norma, embora o texto grego omita isto, ao colocar os versículos 1 -3 após 2Rs 1.18. O mau de Jorão não é o mesmo de Acabe (lRs 16.30-34) ou da rainha-mãe Jezabel (lRs 18.4; 19.1-2; 21.7-15) que vivem durante todo o seu reinado (9.30). O pilar de Baal (pedra sagrada) era uma esteia 181 vertical (mtmassêbâ), talvez um exemplar similar às inscrições e saliências encontradas nas imagens de Baal vistas em altares próximos a Hazor, Zenjirli (Panammu) e na Síria (esteia de Ba- rhadad para Baal-Melcarte).182 Algumas destas estátuas permaneceram no templo (2Rs 10.26-27), talvez reinstaladas por Jezabel ao agir como uma mãe inútil (lRs 16.32-33). Elas não guardavam necessariamente relação com símbolos de fertilidade (v. lRs 14.23).
Mesa rebela-se em razão de seu papel subalterno como súdito no qual ele usava seus conhecimentos de “tratador de ovelhas” (nõqêd, neb) a fim de fornecer um sem-número (cem mil) de cordeiros e carneiros anualmente, ou “regularmente” (neb, o verbo é frequentativo) em vez de um único tributo. Sua rebelião após a morte de Acabe (v. 1.1) uniu Israel a Judá contra ele. Jorão reativa o tratado igualitário com Judá, isto é, um tratado de paridade, o qual é aceito por Josafá (1 Rs 22.4) com a garantia adicional de que este iria marchar a seu lado.
O plano era evitar o caminho por Amom, de forma a fugir das fortalezas recém-reforçadas e reconstruídas de Moabe, atacando esta pela retaguarda. Outros propõem uma rota para Moabe pelo Sudeste. Ambos os caminhos ne cessitavam de livre acesso através de Judá e Edom, cujo vice-rei (aqui, mele- que, “rei”) era súdito de Josafá. Para “subir” (atacar, v. 8) o planalto de Moa- be, escolheram o caminho pelo Deserto de Edom via deserto de Arade, contornando o extremo-sul do Mar Morto, pela estrada de Zoar Horonaim até a capital Quir-Haresete (Is 15.5; Jr 48.5). Após 853 a.C, Mesa entendeu que havia chegado a oportunidade de se rebelar, uma vez que Israel estaria preocupada com a Assíria. (Wiseman. Donald J., 1 e 2Reis Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 175-176).
3. A predição de Eliseu se cumpriu. Em respeito a Josafá, Eliseu, cheio do poder de Deus, previu que águas em abundância alagariam, milagrosamente, toda aquela região, sem a ação dos ventos e sem chuva (2 Rs 3.17). O Senhor não apenas realizaria este milagre, mas também lhes entregaria a vitória sobre os moabitas (2 Rs 3.18).
Comentário
A viagem que os três exércitos empreenderam para subjugar Moabe durou sete dias, e faltou água para o exército, o que comprometeu a campanha de guerra. Assim, o rei Josafá, temente a Deus, solicitou um profeta do Senhor para resolver o problema. Um súdito lembrou-se de que Eliseu estava nas proximidades, e mandaram chamá-lo. Eliseu pediu que lhe trouxessem um músico para profetizar aquilo que seria a vontade de Deus para aquele momento. Isso demonstra que algumas profecias de Eliseu foram proferidas estando o profeta em um estado de êxtase espiritual. A profecia de Eliseu foi estranha. Ele ordenou que cavassem muitos poços, pois se encheriam de água, mas sem que houvesse chuva. Em respeito a Josafá, Eliseu predisse a abundância de água que, milagrosamente, haveria no dia seguinte e ainda predisse a vitória dos três reis sobre os moabitas. (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).
Covas e covas. O profeta baixou a estranha ordem de que muitas covas fossem cavadas. Essas covas logo estariam cheias de água, mas não por causa de uma fonte visível, como a chuva. A água viria de alguma fonte invisível, e Yahweh seria a causa do estranho fenômeno. A água seria abundante, mais do que suficiente para os homens e os animais. Ela seria suprida de maneira miraculosa, de modo que a mente humana voltar-se-ia na direção de Yahweh. A chuva era considerada uma provisão divina, quanto mais, água abundante derivada de uma fonte invisível! Possivelmente havia ali um wadi, um leito seco de rio, que subitamente se encheria de água e encheria as covas que fossem cavadas.
Isto é ainda pouco aos olhos do Senhor. O milagre da água não foi grande feito para Yahweh. De fato, foi algo leve e bastante trivial, em comparação com o que Ele pode fazer. Além do milagre quanto à água, o sucesso na batalha seria conseguido. Naturalmente, o oráculo não falou sobre o desastre posterior, depois que o rei de Moabe houvesse sacrificado seu filho e herdeiro a fim de obter sua contra-vitória (vs. 27). A coligação dos três reinos seria forçada a retirar-se. Isso nos faz lembrar da história do oráculo de Delfos, que enganou Croeso, da Lídia, e Pirro, do Épiro, a terem uma falsa confiança que terminou em calamidade. Foi assim que Eliseu disse a verdade, mas não toda a verdade. Ele contou aos três reis a verdade que eles queriam ouvir, e deixou de lado a verdade que eles não gostariam de ouvir, um modo de proceder comum nos videntes e psíquicos. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1479).
Por meio dele, Deus lhes assegurou que o resultado da presente aflição seria confortador e glorioso. (1) Eles seriam rapidamente supridos com água (w. 16,17). Para testar a fé e a obediência deles, ele lhes ordena que façam neste vale muitas covas para receberem água. Aqueles que esperam pelas bênçãos de Deus devem preparar lugar para elas, cavar covas para que as chuvas as encham, como fizeram no vale de Baca, de maneira que fizeram daquele uma fonte (SI 84.6). Para aumentar- lhes o espanto, Eliseu lhes diz que terão água suficiente e que, todavia, não verão nem vento e nem chuva. Elias, pela oração, obteve água das nuvens, mas Eliseu a fez sair ninguém sabe de onde. A fonte dessas águas será tão secreta como a nascente do Nilo. Deus não está atado a causas secundárias. Geralmente, é com chuva abundante que Deus conforta a sua herança (SI 68.9), mas aqui isso se realiza sem chuva, pelo menos sem chuva naquele lugar. E provável que algumas das fontes profundas brotaram nessa ocasião. E para aumentar o milagre, apenas aquele vale (ao que parece) se encheu, de água e nenhum outro lugar mais. (2) Aquele abastecimento seria um sinal da vitória (v. 18): “E ainda, isto é pouco aos olhos do Senhor. Vós não sereis apenas salvos de perecerem, mas retornareis em triunfo”. Como Deus dá livremente ao indigno, assim Ele concede ricamente, como a Si mesmo, mais do que podemos pedir ou pensar. Suas concessões excedem nossos pedidos e expectativas. Aqueles que buscam sinceramente pelo orvalho da graça de Deus o terão, e por ele serão feitos mais do que vencedores. E prometido que eles serão senhores do país rebelde e lhes é permitido devastá-lo e arruiná-lo (v. 19). A lei os proibia de derrubar as árvores frutíferas para serem empregadas no cerco (Dt 20.19), mas não quando o objetivo era, com justiça, subjugar pela fome um país que tinha perdido o direito a seus frutos por negar tributo a. quem tributo era devido. (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 555).
II – ELISEU AUMENTA O AZEITE DA VIÚVA
1. A situação das viúvas em Israel. A vida das viúvas nos tempos bíblicos era bem difícil, pois as mulheres daquela época dependiam dos seus maridos para prover-lhes o sustento. É o caso da viúva de um dos discípulos dos profetas de Israel. Após a morte do marido, a mulher ficou numa situação complicada: falta de suprimentos, dívidas e a ameaça de seus filhos serem vendidos como escravos (2 Rs 4.1,2). Deus ouviu o clamor daquela viúva e supriu suas necessidades (2 Rs 4.3-7).
Comentário
A situação das viúvas nos tempos bíblicos era bem difícil, pois as mulheres daquela época sempre dependiam de algum homem que pudessem sustentá-las. Essa mulher ajudada por Eliseu não tinha nenhuma fonte de suprimentos quando ficou viúva, apenas dois filhos e uma dívida a ser paga do falecido marido. Por causa disso, o credor queria levar os seus filhos como escravos como pagamento da dívida, o que foi uma situação lastimável e que teria um final trágico se não fosse a intervenção divina. Embora o hábito de escravizar pessoas em troca de dívidas fosse uma prática comum no Antigo Oriente, a Lei Mosaica era mais branda a respeito, estipulando um prazo para o pagamento da dívida para que ninguém se tornasse escravo para sempre de alguém. Bentho salienta:
Caso o marido deixasse alguma dívida, a viúva era obrigada a assumir os compromissos financeiros do faltoso, o que implicava, às vezes, a venda dos bens, na entrega dos filhos à servidão, e a todo tipo de exploração da parte dos credores. Em Deuteronômio 10.18 o estado de inópia (penúria) da viúva é declarado: falta pão e vestido — elementos básicos à vida e à dignidade humana, enquanto em Jó é denunciado o pecado de se levar da viúva o único boi como penhor (Jó 24.3).
Essa viúva foi afligida pelo seu credor, que exigia o pagamento da dívida ou, então, a escravização dos seus filhos, muito embora a Lei Mosaica previsse a assistência à viúva: “A nenhuma viúva nem órfão afligireis. Se de alguma maneira os afligirdes, e eles clamarem a mim, eu certamente ouvirei o seu clamor” (Êx 22.22,23). Deus, que está sempre atento ao clamor do oprimido, ouviu a angústia da viúva e o seu risco de ficar sem os filhos e, consequentemente, o fato de ela estar sem nenhum amparo e sustento. (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).
Certa mulher. Essa mulher era a esposa de um dos discípulos dos profetas. Ela tinha acabado de perder seu marido. O homem tinha sido servo de Eliseu, ou seja, era alguém que estava debaixo de suas instruções, visto ser ele o cabeça das escolas dos profetas. Ver no Dicionário o verbete chamado Escolas dos Profetas. À pobre viúva sobraram dívidas assumidas por seu marido, e os abutres estavam à sua caça. O caso era tão sério que um credor tinha ameaçado vender os dois filhos da mulher à servidão, para que a dívida fosse saldada. Isso ele acabaria fazendo, sem dúvida. A viúva então apelou para Eliseu intervir no caso, de qualquer maneira que Yahweh o instruísse a agir.
O Targum faz o profeta em questão (marido da viúva) ser Obadias, que havia ocultado os cem homens em cavernas, para que escapassem da ira de Jezabel. E Josefo (Antiq. 1.9, cap. 4, sec. 2) recebeu essa tradição como se fosse autêntica. Ver o capítulo 18 de I Reis quanto à história de Obadias. Tais embelezamentos, porém, dificilmente refletem a verdade. Seja como for, o profeta em questão era um homem digno, que tinha observado a lei de Yahweh e não estava envolvido na idolatria. Sendo um homem digno, sua viúva mereceu a ajuda de Eliseu, especialmente tendo em vista ser ele o pai das escolas proféticas. Ele tinha o dever de cuidar de seus filhos e filhas. Naturalmente, ministérios celibatários eram estranhos à mentalidade judaica, em contraste com certos segmentos da cristandade atual.
Servidão. Israel estava muito envolvido na instituição da escravidão. Muitos cativos de guerra eram transformados em escravos. Um israelita costumava vender a si mesmo e aos seus familiares à servidão, para pagar dívidas. Ver Êxodo 21.7; Levítico 25.39; Neemias 5.5; Isaías 50.1; Jeremias 34.8-11.0 credor tinha o direito de fazer o que o presente versículo diz. Ele não estava fora da legislação mosaica. Ver no Dicionário o verbete denominado Escravo, Escravidão.
Adam Clarke (in loc.) aproveita esta ocasião para salientar como as sociedades antigas abusavam de seus filhos. Dionísio de Halicarnasso (Lib. ii, partes 96 e 97) contou-nos como qualquer coisa podia ser feita com esses filhos. As crianças eram espancadas sem misericórdia, e até lançadas na prisão e sujeitadas a torturas pelas suas “infrações”. Eram empregadas como escravas no trabalho pesado, até por seus próprios familiares. Diocleciano e Maximiliano aprimoraram leis para proteger os devedores e seus filhos. Solon, o grego, eliminou certos costumes bárbaros no tocante aos filhos.
Coisas valiosas? Porventura a viúva não tinha nenhuma coisa valiosa que pudesse ser vendida para saldar sua dívida e assim evitar uma desgraça maior? O que ela tinha? Ela tinha o grande tesouro de uma única botija de azeite. Esse azeite serviria para cozinhar, ou era um frasco de azeite, que serviria para unção. Os judeus, tal como os gregos e os romanos, ungiam-se com óleos fragrantes depois de tomarem banho. Esse era um artigo de luxo, e a única coisa que a mulher tinha na casa. Ver no Dicionário o artigo intitulado Azeite (Óleos).
Embora fosse um artigo tão humilde, a única posse de algum valor da mulher, o azeite estava prestes a ser multiplicado, para salvar a situação. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1481).
Depois do grande conflito internacional, Eliseu voltou aos assuntos das escolas de profetas – um verdadeiro líder espiritual se preocupa com os indivíduos – seguindo o exemplo de seu mentor, Elias, que havia ministrado às famílias (1 Rs 1 7:8-24). O fato de a mulher ser uma viúva e mãe de dois filhos mostra que os discípulos dos profetas não eram um grupo monástico celibatário. Eliseu conhecia o homem em questão e sabia que era reputado por sua piedade. Sua morte havia acabado com qualquer renda que porventura recebia, e, naquele tempo, era extremamente difícil para uma viúva criar dois filhos sem esse sustento. Mesmo as pessoas consagradas e que estão se preparando para o ministério passam por provações e dificuldades.
De acordo com a lei hebraica, um credor poderia tomar um devedor e seus filhos como servos, mas não deveria tratá-los como escravos (Êx 21:1-11; Lv 25:29-31; Dt 15:1-11). Seria uma grande tristeza para essa mulher perder o marido para a morte e os dois filhos para a servidão, mas Deus é aquele que “faz justiça ao órfão e à viúva” (Dt 10:18; Sl 68:5; 146:9) e enviou Eliseu para ajudá-la. (WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 503).
2. Uma única botija de azeite foi suficiente para Deus operar o milagre. Após ouvir da mulher que não tinha nada além de uma vasilha de azeite, o profeta disse a ela que tomasse vasilhas emprestadas com os vizinhos, e que ao entrar em casa com os filhos, fechasse a porta. A ordem era derramar, em cada vasilha disponível, o pouco de azeite que possuía, e pô-las à parte à medida que ficassem cheias (2 Rs 4.2-4). E foi justamente o que ela fez. Quando acabaram as vasilhas, o azeite cessou. Ela vendeu o azeite, pagou a dívida e ainda pôde manter o sustento da família com o que sobrou (2 Rs 4.6,7).
Comentário
Eliseu, como um profeta do Senhor e exercendo um ministério ainda mais extraordinário que o de Elias, pôde mostrar grande coragem e ousadia para confrontar reis poderosos. Todavia, ele também foi sensível à necessidade de uma pobre e insignificante viúva. Eliseu pediu à viúva que disponibilizasse o que tinha em casa: apenas uma botija de azeite. Isso, porém, foi o suficiente para o milagre acontecer. Uma pequena quantidade de azeite foi o suficiente para ela e os seus filhos pagarem a dívida e ainda sobreviverem do resto, mesmo em tempos de escassez.
Aquela mulher, num gesto de fé em Deus e confiança na palavra do homem de Deus, tomou emprestado todas as vasilhas que encontrou entre os vizinhos e, em obediência à palavra do profeta, começou a derramar o azeite da botija nas vasilhas, ao que, milagrosamente, se encheram várias vasilhas de azeite, que ela vendeu. O milagre foi do tamanho exato para que a necessidade da viúva fosse suprida. Quando as vasilhas acabaram, também acabou de correr o azeite da botija.
Essa experiência demonstra o cuidado de Deus nos momentos de crise mais profunda, provendo meios de onde não poderiam vir naturalmente, mas que, ao mesmo tempo, demonstram que o milagre provém daquilo que se tem nas mãos, ainda que seja pouco. (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).
Pede emprestadas vasilhas a todos os teus vizinhos. A mulher foi instruída a juntar grande número de vasilhas de seus vizinhos. Algum tipo de milagre de multiplicação logo haveria de ocorrer, enchendo todas as vasilhas. De súbito, a mulher estava no negócio do azeite! A fé da mulher seria medida pelo número de vasilhas que ela juntasse. Naquele dia, a pobre viúva teve uma grande fé, na tentativa de salvar seus filhos da servidão.
Então entra, e fecha a porta sobre ti. Por trás de portas fechadas, a viúva e seus filhos foram testemunhas do grande milagre de multiplicação. As muitas vasilhas estavam espalhadas ao redor, prontas para serem enchidas. Os filhos trouxeram as vasilhas à sua mãe, uma a uma. Ela derramou o azeite precioso em uma das vasilhas, e a vasilha original continuava cheia! Assim sendo, ela encheu outra, e a vasilha original continuava cheia! E assim ela prosseguiu, e em breve a casa estava repleta de vasilhas cheias de azeite, cada qual cheia até a beira.
Isso pode ser comparado ao milagre de Jesus da multiplicação dos pães e dos peixes (Mateus 14.13-21). Elias realizou um milagre similar, envolvendo azeite; ver I Reis 17.11 ss.
Uma Lição Moral Vital. Há grande suprimento para toda necessidade, quando Deus intervém. Oh, Senhor, concede-nos tal graça! O poder divino satisfaz a necessidade humana.
Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra.
(II Coríntios 9.8)
Não há mais vasilha nenhuma. E o azeite parou. Um toque especial. Este versículo cria o toque especial da história. Enquanto houve vasilhas para serem enchidas, o azeite continuou fluindo da vasilha original. Mas uma vez que não houve mais vasos, o fluxo de azeite cessou. Os benefícios de Deus, por igual modo, continuam fluindo para aqueles que têm fé, e, por causa das boas obras deles, produzem um contínuo e grande suprimento. A fé de um homem determina a extensão de suas obras, governadas, naturalmente, pelos ditames de sua missão. Em outras palavras, quanto maior for a sua necessidade, se você está ocupado em uma boa causa, mais você obterá. Além de suas necessidades, há aquela abundância que permite que você prospere em boas obras. Não se engane quanto a isso! O dinheiro é importante! Mas só é importante como um meio de aumentar nossas boas obras. Deus não nos dá dinheiro para trivialidades, deboche e tolices. E nem precisamos de luxos. Há uma verdade na declaração de I Timóteo 6 10: “O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”.
Mas também há uma verdade naquela outra declaração, uma pequena modificação em relação a essa primeira: “A falta de dinheiro é raiz de todos os males”.
Isso será assim especialmente se a falta de dinheiro impedir as boas obras É melhor o crente ser próspero do que ser pobre, contanto que essa prosperidade seja uma força por trás de nobres realizações. Oh, Senhor! Concede-nos tal graça!
Tipologia. O azeite dessa história representa o Espirito e a graça que Ele supre através dos benefícios da missão de Cristo N’Ele há um suprimento intinito de graça, bem como das riquezas do céu, por meio da salvação.
Comercialização. A situação da viúva e de seus filhos foi completamente resolvida pela venda do azeite. Essa também é uma ótima lição moral. Embora haja um rico suprimento da parte de Deus, temos de ser industriosos em nós mesmos. Nenhum problema teria sido resolvido se a viúva não saísse nem vendesse o azeite. Por conseguinte, precisamos comercializar nossos benefícios, isto é, pô-los a trabalhar. Em nossa sociedade, cada indivíduo precisa vender o seu produto, a sua habilidade. Todos os empregos são uma comercialização de habilidades. A pobreza ocorre ao homem preguiçoso. A pobreza espiritual acompanha a vereda do indivíduo que pouco tenta fazer. Trabalhar é divertido, e a diversão está no trabalho. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1481).
Com frequência, Deus parte daquilo que já temos. Moisés tinha em mãos um bordão, e Deus usou esse instrumento para realizar grandes coisas (Êx 4:2). Pedro e seus companheiros tinham em mãos suas redes de pescar (Lc 5), e o menino tinha alguns pães e peixes (Jo 6). Tudo o que a pobre viúva tinha era um pouco de azeite numa botija, mas “no que se refere a Deus, um pouco pode ser muito”. A maioria das vizinhas da viúva tinha em casa vasilhas vazias que não estavam sendo usadas, de modo que, ao pegar emprestadas essas vasilhas, a viúva não estava roubando ninguém, e uma vez que tivesse vendido o azeite, poderia devolvê-las.
Eliseu instruiu-a a fechar a porta, a fim de que ninguém visse que um milagre estava ocorrendo em sua casa; sem dúvida, ela advertiu os filhos a não comentarem sobre o assunto. A quantidade de azeite que recebeu foi limitada apenas pelas vasilhas disponíveis e isso, por sua vez, foi determinado por sua fé (ver também 2 Rs 13:10-19). “Faça-vos conforme a vossa fé” (Mt 9:29). O dinheiro da venda do azeite foi suficiente para pagar a dívida e prover o sustento para ela e seus dois filhos.
Nem sempre o Senhor realiza milagres desse tipo para nos ajudar a pagar nossas dívidas, mas ele supre nossas necessidades, se crermos e obedecermos. Se entregarmos tudo a ele, Deus pode fazer com que uma pequena quantia tenha um grande rendimento.
Esse milagre também nos lembra do maior milagre de todos: o perdão, pela graça, de todas as nossas dívidas com o Senhor por intermédio da fé em Jesus Cristo (Lc 7:36- 50; Ef 1:7; Cl 2:13). Eliseu não teve de pagar coisa alguma para que Deus provesse o dinheiro necessário a fim de quitar a dívida, mas Jesus Cristo teve de pagar com sua vida para que nossos pecados fossem perdoados. (WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 503-504).
3. Fé, obediência e família unida. Neste episódio da multiplicação do azeite, percebe-se que a fé e a obediência são os ingredientes necessários para que as bênçãos divinas sejam abundantes na vida de quem crê (Hb 11.6a). Às vezes, o milagre que buscamos não acontece a partir de coisas extraordinárias. Basta trabalharmos com o que Deus já nos deu, e exercer a fé em sua Palavra. Ao pedir à mulher para fechar a porta, o profeta indicou que o milagre deveria acontecer na intimidade da família (2 Rs 4.4,5). Isso significa que Deus se agrada de uma família unida em torno de um ideal sagrado.
Comentário
O profeta pediu à mulher para entrar na sua casa e fechar a porta. Somente, então, ela deveria derramar o azeite da botija nas vasilhas. Seria um milagre sem alardes nem exibicionismo, na intimidade da família, significando que o Senhor aprecia uma família unida em torno de um ideal sagrado. Muito embora faltasse um componente nessa família, que era o pai, ela era sagrada, pois Deus estava ali com eles na porta fechada para o mundo exterior e as suas influências. A família é a principal constituidora de uma sociedade sadia, devendo, portanto, ser preservada debaixo da intimidade da presença do Senhor, em reverência, submissão e sacralidade, como o fez a viúva ao fechar a porta. Apesar da provável curiosidade que tantas vasilhas causaram aos vizinhos, eles não participaram do momento do milagre; apenas emprestaram as vasilhas num gesto de cooperação sem saberem o que aconteceria.
Milagres não são feitos para serem espetacularizados expondo ainda mais a situação de dor e a necessidade do pobre e do necessitado. Jesus agiu de maneira parecida algumas vezes quando disse aos já curados de enfermidades e doenças para não contarem para ninguém o que havia acontecido, como também algumas vezes tomava as pessoas que ia curar e tirava-as do meio da multidão, levando-as para um lugar isolado da turba sedenta de milagres.
Neste episódio da multiplicação do azeite, percebe-se que fé e obediência foram os ingredientes necessários para que houvesse uma multiplicação de bênçãos na vida daqueles que criam. Não aconteceu um milagre espantoso e grandioso como o do episódio dos três reis, mas uma coisa ordinária e de pequeno valor, pois o milagre estava nas mãos da viúva, bastando apenas ela derramar a botija nas vasilhas. Geralmente, os milagres que buscamos em Deus não alcançam respostas extraordinárias, mas corriqueiras. Basta trabalharmos com aquilo que Deus já nos tem dado e exercermos a fé na sua Palavra. (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).
«…sem fé é impossível agradar a Deus…» O próprio versículo nos responde à pergunta «Por que?» Porque aquele que não tem fé não se aproxima de Deus, que é a fonte de todo o bem. Aquele que não faz de Deus o centro mesmo de sua vida, a fim de buscá-lo e de ficar debaixo da influência de seu Espírito , dificilmente se interessará por agradar ao Senhor; e o próprio fato que não busca a Deus é motivo de desagrado para o Espírito divino. O indivíduo que não busca a Deus normalmente faz de seu próprio «eu» um deus; ou seu deus é alguma vantagem terrena, os prazeres, etc. Termina como escravo, tendo de satisfazer os seus sentidos. Tal homem dificilmente pode agradar a Deus; andará por demais ocupado, agradando a si mesmo. (CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 5. pag. 622).
Deus dava a sua aprovação a estas pessoas do Antigo Testamento devido à sua fé (11.2). Na verdade, sem fé é impossível agradar a Deus. Esta declaração teria funcionado como uma advertência àqueles cristáos hebreus cuja fé estava hesitante. Ninguém (nem Abel, Enoque, ou qualquer outra pessoa) consegue agradar a Deus sem fé. A fé é um requisito indiscutível. Todos os rituais não significam nada sem a fé. (Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 630).
III – A MORTE QUE HAVIA NA PANELA
1. A escola de profetas. Os filhos, ou discípulos, dos profetas estavam radicados em Betel, Jericó e Gilgal (2 Rs 2.3,5,7,15; 4.38). Nessas escolas, os alunos eram encorajados a buscar uma melhor compreensão da Palavra de Deus, desenvolviam um relacionamento com o Senhor e contribuíam na manutenção da resistência contra a apostasia e a idolatria que imperavam em Israel. Por isso eles eram perseguidos por alguns reis (1 Rs 18.4).
Comentário
Havia uma escola de profetas em Gilgal, provavelmente estabelecida por Samuel e agora dirigida por Eliseu. Este realizou três dos seus milagres em favor da escola de profetas: (1) tirou o veneno que havia na panela; (2) multiplicou os pães e (3) fez o machado que havia afundado na água flutuar. Os alunos eram chamados de filhos de profetas porque eram como que adotados pelos seus mestres para aprenderem com eles.
Nessa escola, os alunos aprendiam as leis de Deus, desenvolviam um relacionamento com o Senhor da mesma forma como os profetas e, especialmente, contribuíam como uma forma de manter a resistência contra a apostasia e a idolatria que imperavam em Israel.
Eles também eram como uma espécie de reserva moral e espiritual, pois os sacerdotes, que deveriam ser responsáveis pelo ofício de ensinar o povo, haviam-se corrompido na tentativa de manter o poder das instituições e com as benesses das ofertas dos reis. Por isso, os profetas foram perseguidos por alguns reis (1 Rs 18.4) e tiveram que ser protegidos.
Em todo tempo e lugar, os profetas verdadeiros são perseguidos, pois estes “se intrometem” nas causas que os poderosos acham corretas e justas. Profetas intrometem-se na injustiça, no pecado e no sofrimento desnecessário que vêm sobre todas as criaturas por causa da negligência dos homens poderosos. Profetas são comprometidos com a justiça e a compaixão. Esse chamado profético de intrometermo-nos na injustiça vale para todos nós. Como Jesus mesmo disse: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus” (Mt 5.10). (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).
ESCOLAS DOS PROFETAS
Ao que parece, as primeiras escolas teológicas foram organizadas por Samuel (I Sam. 10:5; 19:20); e então foram mais firmemente estabelecidas por Elias e Eliseu, no reino do norte, das dez tribos (II Reis 2:3,5; 4:38; 6:1). Essas escolas seguiam o modelo do ideal hebreu da relação entre professor e aluno. Eles viviam em comunidades e o ensinamento era bíblico, místico e através do exemplo pessoal. É indubitável que os profetas eram homens dotados de dons espirituais, que haviam despertado em si mesmos poderes espirituais e psíquicos. Eles transmitiam a seus discípulos esses poderes, e não meramente instruções. Sabemos pela experiência com os poderes carismáticos que usualmente isso é transmitido da parte de quem já é dotado para aqueles que buscam essas manifestações. Alguma forma de energia está envolvida no processo, a qual opera melhor quando há um transmissor. Ver o artigo geral sobre o Movimento Carismático, onde são destacados aspectos positivos e negativos do mesmo.
Escolas de profetas foram estabelecidas em Ramá e, provavelmente, Gibeá (I Sam. 19:20; 10:5,10). Também havia centros desse tipo de atividade em Gilgal, Betei e Jericó (II Reis 4:38; 2:3,5,7,15; 4:1; 9:1). Cerca de cem estudantes teológicos (chamados «filhos», isto é, discípulos dos profetas) acompanhavam Eliseu, nas refeições em Gilgal (II Reis 4:38,42,43). Cinqüenta desses discípulos achavam-se com Elias e Eliseu, quando eles foram até o rio Jordão (II Reis 2:7,16,17). Aparentemente, eles viviam em uma casa comum, na companhia dos profetas, ou, pelo menos, em uma mesma comuna (II Reis 6:1). Alguns deles eram casados, e tinham seus próprios lares (II Reis 4:1). A profecia e seus poderes acompanhantes, e o ministério, eram dádivas da parte de Deus. Não precisamos supor que todos esses estudantes eram assim espiritualmente dotados, mas é indiscutível que todos eles tiravam proveito de sua associação com grandes homens de Deus. Há alguma indicação de que havia música sacra e poesia, envolvida no currículo, ou, pelo menos, que pessoas habilidosas nesses campos, associavam-se com os estudantes de teologia (I Sam. 10:5). A música espiritual de boa qualidade tem efeitos benéficos sobre o espírito dos homens, da mesma maneira que a música de má qualidade corrompe. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 4241).
Escolas e academias. O texto do AT sugere que os profetas foram responsáveis pelas primeiras escolas em Israel. O papel educacional dos profetas é bem simples desde o começo. Eles se basearam em Moisés como a figura alicerce, como o profeta por excelência (Dt 34.10). Ele incorporou o ideal profético (Dt 18.15s.). “O Se- ni lOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim (i.e. Moisés); a ele ouvirás.” Os profetas foram considerados professores de Israel como um todo. Quando se instalou o reinado de Israel, havia a profissão de profeta. Grupos ou companhias de profetas (veja ISm 10.5,10; 19.20) é uma descrição do “grupo de profetas”. Os “filhos dos profetas” eram os discípulos que eram ensinados pelos profetas. Mais tarde é clara a evidência de profetas ensinando seus discípulos (veja lRs 19.16; 2Rs 2.3s.; 4.38; Is 8.16). Os profetas transmitiam conhecimento aos seus discípulos (2Rs 4.38-41). Um aspecto do conhecimento que era transmitido era sobre ciência médica (cp. a prática no Egito onde teologia e medicina eram combinadas). Como se pode esperar de uma tradição que tinha suas raízes num protótipo mosaico, o ensinamento dos profetas era centrado na Torá, a lei, levando em consideração a interpretação relevante para a época em que viviam.
O desenvolvimento de escolas mais formais está relacionado ao crescimento das sinagogas. Se há uma incerteza sobre a época de origem das sinagogas, o mesmo acontece com o sistema escolar em Israel. Não parece que o sistema escolar estava em atividade na época do Exílio. É provável a sugestão de que o desenvolvimento aconteceu sob a influência helenística. portanto no 4- séc.
a.C. ou mais tarde. Durante o segundo reinado, o conhecimento se expandiu, livros da lei eram encontrados em muitas casas (veja 1 Mac 1.56s.). A literatura rabínica atribuiu um sistema escolar obrigatório aos fariseus durante o 1- séc. a.C. Os fariseus eram o partido popular em c. 76-67 a.C. Simon ben Shetach (75 a.C.) ensinava pessoas sistematicamente. Ele decretou que as crianças deveriam frequentar a escola elementar (ison ira) a “casa do livro”. O livro, é claro, era a Torá, com a explicação e a lei oral.
A primeira escola elementar se deu provavelmente em Jerusalém com a instituição se espalhando aos centros urbanos em uma época posterior Joseph ben Gamala (c. 65 d.C.) tentou fazer a educação elementar universal esforçando- se para criar provisões para os professores em todas as províncias e permitindo que as crianças entrassem na escola com 6 ou 7 anos de idade. A instrução foi dada em leitura, e a Torá era estudada tanto em sua forma escrita como oral. O currículo na escola elementar era a Bíblia — o AT e os Apócrifos. Os Pseudo-epígrafos não eram parte formal da educação escolar, ainda que tivesse uma grande circulação. Idéias científicas foram embutidas propositadamente no AT — isto também é verdade referente a ideias políticas. O AT era estudado em hebraico, exceto por algumas passagens em aramaico, especialmente em Esdras e Daniel. Alguns livros apócrifos eram em grego, mas o hebraico continuou sendo a língua para o estudo erudito. Leituras populares eram escritas em aramaico. os Targuns no Egito, Ásia Menor e Grécia. Traduções gregas tomaram-se necessárias e conseqüentemente a LXX foi publicada para suprir esta necessidade. Nas escolas elementares podia-se esperar o estudo em hebraico, aramaico e grego, ainda que a ênfase em diferentes línguas diferenciava-se de lugar para lugar. Na diáspora judaica houve mais ênfase no estudo da língua grega e, portanto, mais contato com a cultura grega. A diferença entre judaísmo palestino e o da diáspora não deve ser muito exagerada. A educação elementar
se concluía aos 15 anos, e estudantes com potencial poderiam ir para a escola secundária. Nos tempos do NT havia uma forte tentativa de se fazer uma educação universal para todos os judeus em qualquer lugar que estivessem.
Academias de rabinos eram as escolas secundárias para alunos com potencial. A academia era chamada de “Casa do Estudo” (ttman ira). Parece provável que as escolas elementares estudavam o AT e a lei o Mishná. Nas escolas secundárias os rabinos conduziam discussões teológicas, e estas discussões foram escritas e agora constituem o Talmude. Cada casa de estudo era conduzida por um grande professor (cp. Hilel e Shamai). Estas academias tinham mais santidade que as sinagogas (Megillah 26b-27a). Sob a liderança do rabi, os estudantes discutiam a interpretação da Torá e as suas aplicações. Estas discussões tornaram-se a base do Judaísmo normativo. Paulo foi educado na academia do fariseu Gamaliel, que era o neto de Hilel e provavelmente o professor líder da época. A primeira menção à “Casa do Estudo” está em Eclesiásticos 51.23. Uma menção dos homens da grande assembleia ou a Grande Sinagoga no Mishná é provavelmente também uma referência as academias.
Sob o amparo da sinagoga, a escola elementar e secundária cresceu. A escola elementar operava normalmente dentro da Sinagoga ou num prédio próximo, e a autoridade da sinagoga era normalmente do professor. A escola secundária ou academia normalmente operava separada da sinagoga, ficava nos arredores do templo ou na própria casa do professor. Através da influência destas três instituições, a sinagoga, a escola elementar e a academia, todos os judeus se tomaram estudantes da lei e estas instituições mais que qualquer outra fizeram dos judeus o povo do Livro. (MERRILL C. TENNEY.Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 266-267).
2. A morte na panela. Foi na escola de profetas de Gilgal que Eliseu ordenou ao seu servo que fizesse um ensopado para alimentar os discípulos (2 Rs 4.38). Provavelmente pela falta de conhecimento sobre plantas e diante da escassez de alimentos, o rapaz pegou junto com os legumes uma espécie de pepinos silvestres que continham veneno (2 Rs 4.39). A comida foi servida aos homens, mas logo que a provaram, gritaram: “Há morte na panela!” (2 Rs 4.40). Eliseu pediu um pouco de farinha, colocou no caldeirão e declarou que não havia mais perigo algum. Deus havia realizado o milagre!
Comentário
Foi na escola de profetas de Gilgal (havia outras em Betel e Jericó) que Eliseu mandou o seu empregado fazer um cozido para alimentar os alunos. Diante da sua inexperiência no conhecimento de plantas e, provavelmente, pela escassez de alimentos, ele cozinhou uma espécie de pepinos silvestres que continham veneno, que, logicamente, não eram comestíveis. Quando a descoberta foi feita, Eliseu mandou colocar farinha na panela e, em seguida, declarou que não havia mais perigo algum. Assim, todos comeram, e o milagre aconteceu. Esse milagre demonstra que Deus age, apesar de nossos erros e equívocos, podendo transformar aquilo que seria um motivo de morte em alimento para a vida. (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).
Voltou Eliseu para Gilgal. Eliseu, à semelhança de Elias, antes dele, estava sempre ocupado, fazendo circuitos por todo o Israel, realizando suas maravilhas, dando suas instruções, visitando as Escolas dos Profetas (sobre as quais ver o Dicionário). Certo número de lugares diferentes tinha o privilégio de ver as maravilhas que ele realizava. Ele tinha uma reputação nacional e, pelo seu poder, é como se ele estivesse dizendo: “O que faço, faço-o pela graça de Yahweh. Ele é o único Deus vivo e verdadeiro. Abandonai a vossa idolatria e voltai aos antigos caminhos de Moisés e dos verdadeiros profetas”.
Gilgal. Ver a respeito dessa localidade no Dicionário. Esse lugar seria agora o palco de um novo e maravilhoso acontecimento. Era um tempo de fome. Portanto, qualquer panela de alimentos era valiosa. Mas a panela de nossa história estava cheia de morte. Algo tinha apodrecido. Talvez houvesse bactérias perigosas e mortíferas na panela. Era letal. A escola dos profetas estava sentada, triste, em torno daquela terrível panela. Estavam com fome, mas ninguém queria morrer envenenado. Talvez o problema fosse alguma erva venenosa que tinha sido misturada na sopa, por alguém com pouco conhecimento de botânica.
Uma fome de sete anos havia sido predita (II Reis 8.1), sendo presumível que essa fome já tivesse começado. As questões agora haviam-se complicado por uma panela envenenada, o único alimento que os profetas tinham.
E achou uma trepadeira silvestre. Como era usual, membros escolhidos da comunidade tinham preparado uma sopa, cheia de verduras e, sem dúvida, fortalecida com pedaços de carne. As ervas usuais tinham sido colhidas, além de colocíntidas de uma parra brava. Talvez fossem ervas venenosas, colhidas por algum homem ignorante, que pensava que qualquer coisa era boa para ser consumida, contanto que crescesse da terra de Deus.
Talvez a planta ofensora fosse a colocintida, que facilmente poderia ter sido confundida com uma cabaceira. Era uma fruta parecida com uma laranja. Tratava- se de um poderoso catártico, que, em grandes quantidades, tomava-se bastante venenoso. “… a colocintida, cujas folhas são muito parecidas com as de uma vinha, de gosto extremamente amargo, um purgativo muito violento, que, se não fosse neutralizado, produziria ulcerações nos intestinos e provocaria a morte’ (John Gill, in Ioc.). A Vulgata Latina traduz a palavra hebraica por “colocintida”, a mesma palavra usada por John Gill e pela nossa versão portuguesa. Aparece entre os vegetais venenosos, embora fosse usada como remédio, em pequenas quantidades.
Morte na panela, ó homem de Deus. O gosto da sopa era terrível. Era amargo e enjoativo. Alguém deu esse grito de alerta. Todos pararam de comer, imediatamente. Eliseu estava presente, portanto lhe pediram para tornar a sopa saudável, a fim de poderem comê-la. Talvez se tivessem lembrado de como ele havia purificado a água ruim (ver II Reis 2.19 ss.). Se ele purificara a água, tornando-a potável, por que não poderia purificar o alimento? Os profetas estavam famintos. Eles precisavam de ajuda.
Adam Clarke (in Ioc.) conta a divertida história de um bem conhecido pregador britânico que usava esse texto para fazer apelos em busca de fundos para o clero. Não é muito provável que, na época (Inglaterra do século XVIII), aqueles “profetas” estivessem passando fome. Mas usualmente os pregadores são pobres e, sem dúvida, passam por necessidades que precisam ser aliviadas. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1485).
Eliseu visitou os discípulos dos profetas em Gilgal no tempo da fome (8:1) e ordenou que seu servo Geazi fosse preparar um ensopado para eles. Não havia muitos vegetais, e alguns homens foram procurar ervas nos campos para acrescentar ao cozido. O discípulo que voltou com o manto cheio de cabaças (“colocíntidas”) não sabia muita coisa sobre vegetais e simplesmente trouxe o que parecia ser comestível. Na verdade, ninguém sabia o que eram as cabaças! Quais foram as evidências de que a comida estava envenenada? Talvez o primeiro indício tenha sido o gosto amargo na panela, e é possível que os homens tenham sentido dor de estômago e náuseas.
Havia morte nas águas de Jericó antes de serem purificadas (2 Rs 2:19-22), e agora havia morte na panela em Gilgal. Tinha sido introduzida de modo inocente por um discípulo bem-intencionado, mas precisava ser removida. Porém, era um tempo de fome, e a comida era escassa, de modo que Eliseu jogou um pouco de farinha dentro da panela, e o Senhor removeu o veneno do ensopado. Tanto quanto sabemos, não havia plantas venenosas no jardim do Éden. Elas só apareceram com os espinhos e cardos depois que Adão pecou (Gn 3:17-19). Hoje em dia, há muita “morte na panela”, pois vivemos sob a maldição da lei do pecado e da morte, os dois elementos que imperam sobre este mundo (Rm 5:14-21). Porém, quando Jesus morreu na cruz, tomou sobre si a maldição da lei em nosso lugar (Gl 3:13), e, para aqueles que creram em Cristo, o que reina é a graça (Rm 5:21) e “[reina] em vida” (v. 1 7). O ferrão (“aguilhão”) da morte foi removido (1 Co 15:50-57)! (WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 506).
CONCLUSÃO
Nos três milagres apresentados na lição, percebe-se que aconteceram mediante alguma iniciativa ou trabalho humano. Isto significa que os milagres operados por Deus, na vida dos seus servos, acontecem em cooperação com algum tipo de trabalho ou atitude humana. Deus tem compromisso com pessoas de fé, mas que também sejam operantes e diligentes.
PARA REFLETIR
A respeito de “O Ministério de Eliseu”, responda:
- No período do reino dividido, como se fazia a distinção entre reis bons e maus?
Distinguia-se os reis bons dos maus pelo modo como eles se relacionavam com Deus.
- Por que Josafá foi considerado um excelente monarca?
Porque Josafá promoveu a adoração ao verdadeiro Deus.
- Qual profeta foi chamado para profetizar para três reis?
Eliseu.
- O que Deus precisou para operar o milagre na casa da viúva?
Uma única botija de azeite.
- Com que tipo de pessoas Deus tem compromisso de operar seus milagres?
Deus tem compromisso com pessoas de fé, mas que também sejam operantes e diligentes.
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