TEXTO AUREO “Paulo, chamado pela vontade de Deus para ser apóstolo de Jesus Cristo.” (1 Co 1.1) VERDADE PRATICA Deus chama pessoas para ...
TEXTO AUREO
“Paulo, chamado pela vontade de Deus para ser apóstolo de Jesus Cristo.” (1 Co 1.1)
VERDADE PRATICA
Deus chama pessoas para realizar grandes feitos no reino divino.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 9.15-22; Gálatas 1.11-18
COMENTÁRIO INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos a respeito da vocação de Paulo para o santo apostolado. Veremos o ponto de partida de sua vocação e sua escola de formação no deserto da Arábia. Assim, teremos uma visão geral de como Deus usa o tempo e as circunstâncias para formar um ministério útil para o Reino de Deus.
Comentário
Dentre os mais amargos e implacáveis perseguidores da igreja de Cristo, surgiu o mais hábil defensor e mais bem-sucedido arauto do evangelho. Saulo não tinha conhecimento pessoal de Jesus de Nazaré ou da missão do Mestre, mas absorveu prontamente o desprezo e o ódio dos rabinos contra alguém que estava tão longe de cumprir as ambiciosas esperanças judaicas; e depois da morte de Cristo, [Saulo] avidamente se juntou aos sacerdotes e principais em perseguir os seguidores de Cristo como uma seita proibida e odiada.
Como todo judeu, ele recebeu uma educação familiar e também na sinagoga, estudando algumas disciplinas seculares, além do Pentateuco. Aprendeu o hebraico e certamente o aramaico. Provavelmente entre o final de sua adolescência e o início da juventude, Paulo foi de Tarso a Jerusalém para ser instruído pelo mestre fariseu mais reconhecido da época, Gamaliel (At 22.3). Gamaliel foi membro do sinédrio e um dos rabinos mais respeitados em Jerusalém. A religiosidade e o rigor ao cumprimento da lei o transformaram em perseguidor dos seguidores de Cristo, entendendo estar fazendo a vontade de Deus (1 Co 15.9; Gl 1.13,14; Fp 3.6). Com todo o seu conhecimento intelectual e religioso, o apóstolo teve a experiência mais profunda com Deus no caminho para Damasco (At 9). Ali teve um encontro com Jesus Cristo e conheceu verdadeiramente o Deus que ele pensava conhecer
Elienai Cabral comenta em sua obra de apoio a esta revista: “Depois de dramáticos eventos no caminho de Damasco, Paulo foi confrontado com Cristo. Sua vocação estava estabelecida na presciência de Deus. Ele mesmo confirma esse fato aos gálatas quando diz: “Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou pela sua graça” (Gl 1.15). Paulo teve sua vocação precedida por uma transformação completa no seu encontro com Cristo. Mesmo não querendo submeter-se a uma mudança de mente, o Senhor lançou-o por terra para que ele, prostrado ao chão e impotente, ouvisse a voz de Jesus e o desafio de vir a ser um pregador do evangelho (At 9.20; 22.7,10)”. (Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021) .
I – O PONTO DE PARTIDA PARA A VOCAÇÃO DE PAULO
1. Chamada e presciência divina. A vocação de Paulo foi estabelecida segundo a presciência de Deus. Ele mesmo confirma esse fato aos gálatas, quando escreve: “Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou pela sua graça” (Gl 1.15). O apóstolo experimentou uma completa transformação por meio do encontro com Cristo, e foi vocacionado por Ele para uma grande obra. O Livro de Atos atesta para uma chamada presciente quando o nosso Senhor diz a Ananias: “Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome” (At 9.15,16). Assim, Paulo foi batizado no Espírito Santo, batizado nas águas e teve a sua visão recuperada (At 9.18).
Comentário
Saulo era muito estimado pelos judeus por causa do zelo que manifestava em perseguir os crentes. Após a morte de Estêvão, foi eleito membro do conselho do Sinédrio em apreço pela parte que desempenhou naquela ocasião. Esse rabino erudito e zeloso foi um poderoso instrumento nas mãos de Satanás para levar adiante a rebelião contra o Filho de Deus. Saulo estava prestes a viajar a Damasco por interesse próprio; mas, estava determinado a cumprir um duplo propósito, caçando, enquanto viajava, todos os crentes em Cristo. Para tanto, obteve cartas do sumo sacerdote para ler nas sinagogas; cartas que o autorizavam a prender todos os suspeitos de serem crentes em Jesus e a enviá-los por mensageiros a Jerusalém, para que ali fossem julgados e punidos.
Em Galatas 1.15, o apóstolo escreve: “...me separou antes de eu nascer.” Paulo não está falando sobre nascer e ser separado fisicamente de sua mãe, e sim sobre ser separado ou colocado à parte por Deus para o serviço desde o seu nascimento. A frase diz respeito à eleição de Paulo por Deus sem considerar o seu mérito ou esforço pessoal; para corroborar isso, leia Is 49.1; Jr 1.5; Lc 1.13-17, e Rm 9.10-23. Deus chamou-o efetivamente para o ministério, no caminho de Damasco, Deus, verdadeiramente, levou Saulo, a quem ele já havia escolhido, para a salvação.
O Pastor presbiteriano Hernandes Dias Lopes, escreve em sua obra ‘GALATAS A carta da liberdade cristã’, (Hagnos): “Depois de falar do seu passado, Paulo passa a tratar do seu presente e contar como foi sua conversão. Ao destacar que a transformação ocorrida em sua vida não havia sido causada pelos judeus nem pela igreja, mas, sim, por um milagre espiritual operado pelo próprio Deus, mais uma vez Paulo defende seu apostolado, pela legitimidade de sua conversão. Destacamos aqui quatro pontos fundamentais. Em primeiro lugar, a eleição incondicional. “Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer…” (1.15a). Não foi Paulo quem escolheu a Deus, mas foi Deus quem o escolheu. Deus não o escolheu porque previu que Paulo iria crer em Cristo, mas Paulo recebeu o dom da fé porque Deus o escolheu. Deus não o escolheu porque Paulo havia praticado boas obras; ele foi escolhido e separado antes mesmo de nascer. A eleição de Deus não se baseia no mérito, pois quando Deus o chamou Paulo era blasfemo, insolente e perseguidor. A eleição divina é incondicional. Como Deus conheceu Jeremias antes que fosse formado no ventre da sua mãe e o consagrou e o constituiu profeta antes de sair da madre (Jr 1.5), assim também Deus escolheu Paulo antes de seu nascimento (1.15). O chamado de Paulo foi feito antes que o apóstolo pudesse pensar por si mesmo, e isto deve comprovar que o seu evangelho não era de sua própria fabricação. Deus separou Paulo não apenas para a salvação, mas também com um propósito especial: que ele fosse o instrumento a levar essa salvação aos gentios (At 9.15; 22.15; 26.16-18). Calvino destaca aqui três passos: 1) a predestinação eterna; 2) a destinação desde o ventre; e 3) a chamada, que é o efeito e o cumprimento dos dois primeiros passos. Em segundo lugar, a chamada irresistível. “… e me chamou pela sua graça…” (1.15b). A eleição é incondicional e a graça é irresistível. Deus chama, e chama eficazmente. O mesmo Deus que escolhe é também o Deus que chama e, quando ele chama, sua voz é irresistível. Há dois chamados: um externo e outro interno, um dirigido aos ouvidos e outro ao coração. O próprio Paulo ensinou em sua Epístola aos Romanos: “Aos que [Deus] predestinou, a esses também chamou…” (Rm 8.30). Jesus diz: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem” (Jo 10.27). Diz ainda: “Todo aquele que meu Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum, o lançarei fora” (Jo 6.37). De acordo com Calvino, Paulo quis mostrar que sua chamada dependia da eleição secreta de Deus e que ele fora ordenado apóstolo não por esforço próprio, porque se preparara para desempenhar esse nobre ofício ou porque Deus o considerara digno de perfazê-lo, e sim porque, antes mesmo de nascer, já havia sido separado pelo desígnio secreto de Deus. John Stott destaca que Paulo não merecia misericórdia, nem a pedira. Mas a misericórdia fora ao seu encontro, e a graça o chamara. Em terceiro lugar, a revelação sobrenatural. “… aprouve revelar seu Filho em mim…” (1.15b, 16). Deus revelou Jesus a Paulo e essa revelação não foi apenas no nível intelectual, mas, sobretudo, no nível experimental. A experiência que Paulo teve no caminho de Damasco mudou sua vida. O próprio Cristo ressurreto, a quem Paulo perseguira, apareceu-lhe e transformou sua vida. Sua conversão não foi um sugestionamento psicológico nem uma histeria emocional, mas uma revelação sobrenatural, que transformou radicalmente seu viver. John Stott tem razão quando escreve: “Paulo perseguia a Cristo porque cria que este era um impostor. Agora os seus olhos estavam abertos para ver Jesus não como um charlatão, mas como o Messias dos judeus, Filho de Deus e o Salvador do mundo”. Concordo com Warren Wiersbe quando diz que o mesmo Cristo que ensinou aqui na terra também ensinou, do céu, ao apóstolo Paulo. Assim, Paulo não inventou seus ensinamentos; ele os “recebeu” (Rm 1.5; ICo 11.23; 15.3). Isso significa que o Cristo dos quatro evangelhos e o Cristo das epístolas é a mesma pessoa; não há conflito algum entre Cristo e Paulo. Adolf Pohl está certo ao afirmar que essa revelação foi o cerne da experiência de Paulo. Essa revelação não ocorreu apenas diante dos seus olhos físicos, mas se passou de forma avassaladora dentro dele. O termo grego para “revelação”, apokaypsis, está relacionado com kálymma, “invólucro”. Um “invólucro”, que até então lhe obscurecia a verdade e a realidade do Crucificado, veio ao chão. Em 2Coríntios 3.16 Paulo escreve: “Mas quando alguém se converte ao Senhor, o véu (invólucro) é retirado”. (LOPES, Hernandes Dias. GALATAS A carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pag. 67-70).
2. Um ministério na plenitude do Espírito. Depois de passar pela experiência do Novo Nascimento, Paulo recebeu a plenitude do Espírito, isto é, ele foi batizado no Espírito Santo (At 9.17). Nesse sentido, o Livro de Atos revela que o ministério do apóstolo dos gentios recebeu uma unção especial do Espírito Santo. Foi um ministério marcado por pregação poderosa, curas, sinais, prodígios e maravilhas. Com o ministério do apóstolo, aprendemos que não podemos fazer a obra de Deus sem a atuação do Espírito Santo. Ele é que confirma a Palavra e a obra.
Comentário
O Espírito Santo já tinha sido ativo na vida de Paulo convencendo-o do pecado (Jo 16.9), convencendo-o do senhorio de Cristo (1Co 12.3), transformando-o (Tt 3.5) e habitando nele permanentemente (1C o 12.1.3). Então, ele foi enchido com o Espírito e capacitado para o serviço (At 2.4,14; 4.8,31; 6.5,8; Ef 5.18). Saulo recebeu o Espírito sem a presença de nenhum apóstolo porque ele era judeu (a inclusão de judeus na igreja já havia sido estabelecida no Pentecostes) e porque ele veio a ser um apóstolo por direito próprio, pois Cristo o havia escolhido pessoalmente e comissionado pra o serviço (Rm 1.1).
Matthew Henry escreve em seu “Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE” (CPAD): “Aquele mesmo Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas (v. 17) e te convenceu do pecado de persegui-lo, me enviou agora para te consolar.” Una eademque manus vulnus opemque tulit – A mão que feriu cura, “Sua luz te deixou cego, mas Ele me enviou a ti para que tornes a ver, pois o propósito não era cegar teus olhos, mas os encantar para que visses as coisas por outra luz. Aquele que pôs barro em teus olhos me enviou para que tu os lavasses a fim de que eles sejam curados.” Ananias poderia entregar sua mensagem a Saulo muito apropriadamente nas palavras do profeta Oseias: Vinde, e tornemos para o SENHOR, porque ele despedaçou e nos sarara, fez a ferida e a ligara. Depois de dois dias, nos dará a vida; ao terceiro dia> nos ressuscitara e viveremos diante dele (Os 6.1,2). Não serão mais aplicados agentes corrosivos, mas agentes lenitivos. (4) Ananias garante a Saulo que ele não só terá sua visão restabelecida, mas será cheio do Espírito Santo (v. 17). Já que ele será apostolo, não deve em nada ficar atrás do principal dos apóstolos. Ele tem de receber o Espirito Santo imediatamente, e não, como os outros, pela interposição dos apóstolos. O fato de Ananias impor as mãos sobre ele, antes de ele ser batizado, tem como alvo conceder o Espirito Santo. (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 98).
3. Deus mudou o nome de Saulo para Paulo? Na Bíblia, vemos ocasiões em que Deus mudou o nome de pessoas (Abrão para Abraão [Gn 17.5]; Jacó para Israel [Gn 35.10]), como Jesus alterou o nome de Simão para Pedro (Mc 3.16; Jo 1.42). Entretanto, isso não se deu com o nome do apóstolo Paulo. Não há qualquer menção disso na Bíblia. O que explica a mudança de ênfase do nome de Saulo para Paulo é a origem do apóstolo. O nome “Saulo” (aportuguesado de “Saul”) remonta sua origem judaica; já “Paulo” (aportuguesado de Paulus, em latim), sua cidadania romana. Como o ministério do apóstolo buscava alcançar os gentios, o nome “Paulo” foi naturalmente usados no trabalho missionário e, consequentemente, nas Escrituras canônicas.
Comentário
A mudança decisiva de “Saulo” para “Paulo” em Atos só acontece quando Paulo parte para as suas viagens missionárias para longe de Jerusalém. Essa mudança sutil ocorre em Atos 13.13: “Paulo e seus companheiros dirigiram-se”. A pessoa que “mudou” seu nome não foi Jesus e sim Lucas.
“Na verdade não houve uma troca de nomes, o que de fato a Bíblia diz era que ele tinha dois nomes diferentes, fato comum para um judeu que também tinha cidadania romana, como era o caso de Paulo: Os soldados relataram isso aos magistrados, os quais, ouvindo que Paulo e Silas eram romanos, ficaram atemorizados. Atos 16.38 e Enquanto o amarravam a fim de açoitá-lo, Paulo disse ao centurião que ali estava: Vocês têm o direito de açoitar um cidadão romano sem que ele tenha sido condenado? Ao ouvir isso, o centurião foi prevenir o comandante: Que vais fazer? Este homem é cidadão romano. Atos 2.25,26. O nome hebreu dado de seus pais a ele era Saulo, mas, como seu pai era um cidadão romano (e, no entanto, Saulo herdou a cidadania romana), Saulo também tinha o nome latino “Paulo”, o costume de dois nomes começou a se tornar comum nessa época. Como ele nasceu em um ambiente fariseu rigoroso, o nome Saulo era o nome mais adequado para usar. Mas depois de sua conversão, Saulo decidiu usar seu nome latino para anunciar o Evangelho aos gentios e assim começou a ficar conhecido como Paulo”. (Extraído do site acheinabiblia.com.br).
II – UMA VOCAÇÃO EFETIVADA PELO CRISTO RESSURRETO
1. Saulo viu o esplendor glorioso do Cristo ressurreto (At 9.3-6). Não foi uma miragem, nem uma ilusão de ótica, mas Saulo viu realmente o Cristo ressurreto, a quem ele perseguia (At 9.17). Essa visão gloriosa ofuscou seu orgulho ante às autoridades judaicas e foi definitiva para a vida daquele que, mais tarde, seria um embaixador de Cristo entre os gentios.
Comentário
Essa for a primeira das seis visões de Paulo registradas em Atos pelo evangelista Lucas, as outras então em At 16.9-10; 18.9-10: 22.17-18; 23.11; 27.23-24). O aparecimento de Jesus Cristo em glória (At 22.6; 26.13), a voz de Jesus foi compreendida somente para Saulo (At 22.9), já que o Senhor se dirigiu a ele falando em língua hebraica (At. 26.13). Seus companheiros ouviram o som, mas não puderam discernir as palavras (Jo 12.29). Aquele a quem ele resistira e perseguira é de fato o Senhor. Verdadeiramente ressuscitou dentre os mortos. Verdadeiramente é o Messias, o Filho de Deus. Aquela luz brilhou na sua alma, iluminou seu coração e tirou as escamas dos seus olhos espirituais (2Co 3.16).
Hernandes Dias Lopes escreve em “Atos — A ação do Espírito Santo na vida da igreja” (HAGNOS): “Paulo viu uma luz (22.6,11). Subitamente uma grande luz do céu brilhou ao seu redor. Não foi uma miragem, um êxtase, uma visão subjetiva. Foi uma grande luz do céu, tão forte que lhe abriu os olhos da alma e lhe tirou a visão física. Ele ficou cego por causa do fulgor daquela luz (22.11). Os olhos espirituais de Paulo foram abertos, mas seus olhos físicos foram fechados. Não foi apenas uma luz que apareceu a Paulo, mas o próprio Jesus (9.17). Aquela luz era a glória do próprio Filho de Deus ressurreto.300” (LOPES. Hernandes Dias. Atos — A ação do Espírito Santo na vida da igreja; Editora HAGNOS; pág 196).
2. Uma vocação inevitável para o apostolado entre os gentios. Deus escolheu Saulo de antemão para fazer conhecer a sua vontade (At 22.14). Qual era a vontade dEle para Saulo? Torná-lo um embaixador de Cristo, um pregador do Evangelho (At 9.20). Não por acaso, as várias cartas do apóstolo às igrejas plantadas por ele eram assim identificadas: “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus” (Ef 1.1). O apóstolo não foi ordenado em Jerusalém, nem por uma comissão de apóstolos formada por Pedro, João e Tiago, ou por outros apóstolos de Cristo. O que prevaleceu foi a declaração de Jesus para Ananias, discípulo fiel de Cristo em Damasco: “Vá, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome diante dos gentios e reis, bem como diante dos filhos de Israel” (At 9.15). Ananias, com autoridade delegada pelo próprio Senhor Jesus numa visão, foi ao encontro de Saulo, na rua chamada Direita, e lá chegando, “impôs as mãos sobre Saulo” (At 9.17).
Comentário
Paulo toma conhecimento de que seu zelo religioso não agradava a Deus. Ele na verdade estava perseguindo o próprio Filho de Deus. Reconhece que é o maior de todos os pecadores, está perdido e precisa da salvação. A história da conversão de Saulo em Atos 9 começa com sua partida de Jerusalém com um mandato oficial do sumo sacerdote para prender cristãos fugitivos, e termina com sua partida de Jerusalém como fugitivo cristão. Saulo, o perseguidor, agora é o perseguido!
Paulo fala sobre o projeto de Deus em sua vida após a conversão (22.12-16). Deus ordena que Ananias vá a casa de Judas, na rua Direita, para orar pela cura de Paulo, batizá-lo e informá-lo acerca de sua vocação para conhecer a Jesus e fazê-lo conhecido de todos os homens no mundo todo. Paulo explica como lutou com Deus para aceitar seu ministério direcionado aos gentios (22.17-21). Paulo narra a visão que teve em Jerusalém, quando o próprio Senhor apareceu a ele e lhe ordenou sair logo de Jerusalém. Em vez de obedecer de imediato ao Senhor, Paulo arrazoou com ele, elencando as razões pelas quais desejava permanecer em Jerusalém em vez de atender seu chamado para ser apóstolo aos gentios.
3. A vocação mudou o rumo da vida de Saulo. De perseguidor dos seguidores de Jesus, de personalidade tenaz e obstinada (At 9.1.1-6), Deus chamou Saulo e o transformou no apóstolo que seria o maior responsável pela expansão da Igreja no mundo gentílico. A operação da graça salvadora na vida de Saulo promoveu uma mudança radical em sua vida. Foi Jesus que o confrontou, o surpreendeu e o chamou pelo nome. Cristo ainda chama o ser humano para frutificar no Reino de Deus. É necessário um encontro real com Cristo. Quando isso acontece, Ele capacita o ser humano para o seu propósito. Assim aconteceu com Saulo.
Comentário
“Após sua conversão no caminho de Damasco, aprouve a Deus revelar Jesus a Paulo. Em vez de rumar a Jerusalém para estar com os apóstolos e aprender deles, Paulo partiu para a região da Arábia, onde ficou por cerca de três anos, fazendo um seminário intensivo com Jesus (G1 1.15-18). Nesse tempo, Jesus se revelou a ele e nele, de tal forma que Paulo não aprendeu o conteúdo do seu evangelho como aprendeu as doutrinas do judaísmo aos pés de Gamaliel, mas o recebeu como revelação direta do Senhor Jesus. Nos três anos que Paulo passou na Arábia, certamente releu o Antigo Testamento e percebeu que o Jesus a quem perseguia, de fato, era o Cristo, o Messias. Então, voltou a Damasco e passou a demonstrar que Jesus é o Cristo (9.22). Os judeus que moravam em Damasco resolveram matá-lo, e Paulo precisou fugir à noite, muralha abaixo, dentro de um cesto (9.23-25). Paulo, então, sobe a Jerusalém para buscar abrigo na igreja, mas os discípulos não acreditam em sua conversão. Pensavam que ele estava apenas querendo infiltrar-se na igreja para sabotar a fé cristã (9.26). Barnabé, porém, investe em sua vida, leva-o aos apóstolos e conta-lhes a experiência no caminho de Damasco. Só então Paulo tem acolhida na igreja de Jerusalém (9.27). Imediatamente Paulo passa a pregar e a discutir com os helenistas (judeus nascidos fora de Israel), mas estes resolvem matá-lo (9.28-30). Os discípulos se reúnem e dizem a Paulo que ele precisa ir embora. Na verdade, os discípulos o levam para Cesareia e dali o enviam de volta à sua terra, em Tarso (9.30). Depois que Paulo partiu, a igreja passou a ter paz e a crescer (9.31). Esse homem, com tantos projetos e sonhos, precisa agora passar mais de dez anos em Tarso, longe dos holofotes. Nesse tempo, Deus trabalhou nele para depois trabalhar por intermédio dele” (LOPES. Hernandes Dias. Atos — A ação do Espírito Santo na vida da igreja; Editora HAGNOS; pág 196).
FERGUSSON escreve: “Tudo acabara em poucos instantes, mas foi a maior experiência de Saulo. Nela, pensaria até o dia da sua morte. Naquele momento, Jesus o dominara, mudando-lhe por completo a vida. Nenhuma dúvida nem interrogação ser-lhe-iam possíveis a partir daquele instante. Pois não tivera uma simples visão de Jesus; fora, de fato, uma aparição do Cristo, não mais com a glória velada, como nos dias de seu ministério terreno, mas com tamanha plenitude de glória que o homem não podia suportar lhe o brilho. Saulo falaria disso mais tarde como a última das aparições de Jesus aos seus seguidores após a ressurreição (1 Co 15.8). Moisés teve a mesma experiência no Monte Sinai, quando a visão da glória do Senhor aparecera-lhe como um fogo devorador. Foi isso que Isaías viu quando o Senhor o chamou para o ministério. Essa foi também a experiência de Pedro, Tiago e João no monte da Transfiguração. Foi o que João viu em Patmos e depois de tê-lo visto, “caí a seus pés como morto” (Ap 1.17). E para o rabino de Tarso, era concedida uma entrevista com o Cristo ressurreto. Posteriormente, alguns vieram a duvidar de seu apostolado, alegando que ele jamais vira o Senhor. Mas a todos os seus inimigos, podia responder que recebera a sua comissão diretamente de Jesus que lhe dissera: Te apareci por isso, para te pôr por ministro e testemunha tanto das coisas que tens visto como daquelas pelas quais te aparecerei ainda; livrando-te deste povo e dos gentios, a quem agora te envio, para lhes abrires os olhos e das trevas os converteres à luz e do poder de Satanás a Deus, a fim de que recebam a remissão dos pecados e sorte entre os santificados pela fé em mim (At 26.16-18). Quando seus companheiros, já recuperados dos efeitos da visão, foram ajudá-lo a pôr-se em pé, descobriram que ele estava cego, por isso tiveram de conduzi-lo pela mão à cidade. Que mudança nele se operou! Tinha sido um orgulhoso fariseu, cavalgando com pompa e autoridade, cheio de indignação e soberba. Mas, num momento, foi transformado num servo trêmulo, que tateava, humilde e quebrantado, agarrando-se à mão de um soldado que o guiou ao seu destino. Ao chegar a Damasco, entrou num quarto da casa de Judas, na rua chamada Direita, e pediu que o deixassem a sós. Queria tempo para pensar. Já afastado do mundo por causa de sua cegueira, podia finalmente ordenar seus pensamentos. Sentou-se no escuro, imaginando como Deus poderia usar um cego em sua obra. Saulo não comeu nem bebeu durante três dias. Estava por demais absorvido em seus pensamentos. Todo o passado descortinava-se diante de si. Pensou no zelo do pai ao educá-lo como fariseu. Lembrou-se do rigor da escola em Tarso e de como as palavras dos rabinos haviam lhe marcado a vida. Recordou-se do Templo e de todas as suas belas e agradáveis cenas. Como poderia esquecer-se das multidões dos adoradores entregando os sacrifícios aos sacerdotes. Agora, porém, nada disso lhe tinha importância. O Messias aparecera e fora crucificado exatamente pelas pessoas a quem viera abençoar. Toda a vida de Saulo parecia estar desmoronando. Podia ver agora que estivera lutando contra Deus. Cego por seu farisaísmo, ele havia perseguido o Messias. Todavia, ei-lo quebrantado aos pés do Salvador. Toda a sua vida mudara por meio da força dessa colisão com o Cristo. Estêvão tinha razão: tanto ele (Saulo) como o Sinédrio haviam cometido um gravíssimo erro. Os anos estéreis, porém, terminaram; o futuro devia ser ocupado na proclamação dessas grandes descobertas. Quando prendia os nazarenos, Saulo o fazia com espírito de vingança e ira. Era o inimigo mortal deles. Mas quando Jesus de Nazaré o prendeu, não havia vingança nem ira. Se em seu poder, Deus o derrubou por terra, em seu amor o levantou e dele tomou posse. Saulo começa a compreender como Estêvão pôde orar pelos inimigos mesmo quando as pedras o atingiam mortalmente. Em Cristo, encontrou uma paz até então desconhecida para ele, o implacável fariseu. Enquanto Saulo, jejuando no escuro, pensava e orava a respeito das estranhas experiências que tivera, tem uma visão em que um discípulo, chamado Ananias, vinha vê-lo a fim de lhe restaurar a visão. Ball. Charles Ferguson” (A Vida e os Tempos do Apóstolo Paulo. Editora CPAD. pag. 37-38).
III – VOCAÇÃO DE PAULO E O APRENDIZADO NO DESERTO
1. A ida para o deserto. O ministério de Paulo precisava de uma preparação austera, silenciosa, de comunhão com Deus e de reflexão. Em vez de ir a Jerusalém para aprender com os apóstolos, ele afastou-se dos judeus nas sinagogas, onde posteriormente passou a apresentar Cristo. Paulo tomou o caminho da Arábia, a sudeste de Damasco, sob o domínio do rei Aretas (Gl 1.17,18; cf. 2 Co 11.32). O apóstolo preferiu viver em um lugar, na região desértica da Arábia, onde habitavam alguns grupos nômades e ele era totalmente desconhecido. No deserto, Deus ensinou Paulo a ser o líder que Ele precisava para expandir o seu reino.
Comentário
As etapas pós-conversão do apóstolo todas foram muito importantes para o seu amadurecimento. Aquilo que os falsos apóstolos consideram uma vergonha, Paulo ostenta como triunfo. Enquanto eles se vangloriam de sua retórica, Paulo se gloria em suas fraquezas. Enquanto eles se ufanam de receber dinheiro da igreja, Paulo era esmagado pela preocupação com todas as igrejas. Enquanto mostram seus troféus, Paulo mostra o catálogo de seus sofrimentos por Cristo.
HERNANDES escreve em ‘2Coríntios – o triunfo de um homem de Deus diante das dificuldade’ (HAGNOS): “Em Damasco, o governador preposto do rei Aretas montou guarda na cidade dos damascenos, para me prender; mas, num grande cesto, me desceram por uma janela da muralha abaixo, e assim, me livrei das suas mãos” (11.32,33). No auge da narrativa de seus sofrimentos, Paulo fala da experiência humilhante em Damasco. Paulo descreve de forma vivida a primeira situação de sofrimento após sua conversão. Entrou na cidade de Damasco para prender os crentes e, agora, é ele quem estava preso. Os judeus resolveram tirar-lhe a vida e vigiaram os portões da cidade (At 9.23,24), enquanto o governador gentio também montava guarda na porta para o prender (11.32). O livramento de Paulo não teve nada de espetaculoso. Escapou de forma humilhante. William Barclay chega mesmo a afirmar que para Paulo essa fuga clandestina de Damasco era o pior dos açoites. O valente Paulo precisa fugir de forma inusitada na calada da noite. Colin Kruse diz que essa fuga ignominiosa de Damasco, que Paulo narra, contém pouquíssimos elementos de que ele pudesse se vangloriar.506 E o primeiro de muitos “perigos de morte” que ele experimentou. Esses primeiros acontecimentos nos marcam profundamente. E precisamente essa imagem da recordação revela de forma singular sua “fraqueza”. Paulo conclui essa listagem de sofrimento jogando uma pá de cal na presunção de seus oponentes. Enquanto eles se gloriavam em suas virtudes e realizações, Paulo diz: “Se tenho de gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza” (11.30). Paulo sabia que sua autoridade não vinha de suas habilidades, mas de seu chamado (Rm 1.1,5); não de sua força, mas de sua fraqueza; não de seus feitos, mas de suas cicatrizes”. (LOPES. Hernandes Dias. 2Coríntios – o triunfo de um h de Deus diante das dificuldade. Editora HAGNOS; pág 256, 257).
2. As lições do deserto. O apóstolo sabia que precisava aprofundar o seu conhecimento acerca de Jesus Cristo, pois seu caminho seria de confrontos com dúvidas, oposição e rejeição. Então, foi para o deserto da Arábia e ficou três anos aproximadamente, entre a sua conversão e o seu retorno a Jerusalém (Gl 1.17,18). Esse período serviu para Paulo reavaliar a si mesmo diante de Deus, suas crenças e convicções judaicas, confrontando-as com a revelação da graça de Deus em Cristo Jesus. Assim, Paulo se preparou para explicar sua vocação aos líderes da igreja em Jerusalém.
Comentário
Em vez de viajar imediatamente para Jerusalém a fim de ser instruído pelos apóstolos, Paulo, ao contrário, foi para as regiões da Arábia, um deserto despovoado que se estendia do leste de Damasco à península do Sinai. Após ser preparado pelo Senhor para o ministério, ele retornou a fim de ministrar nas cercanias de Damasco durante três anos, o tempo aproximado entre a conversão de Paulo e sua primeira viagem missionária a Jerusalém. Durante esses anos, ele fez uma visita a Damasco e residiu na Arábia, sob a orientação do Senhor. Essa visita a Jerusalém é discutida em At 9.2630 (veja nota em At 9.23-30). Somente depois desse tempo, é que Paulo resolveu ‘subir’ a Jerusalém [Em Israel, os viajantes sempre falam em subir a Jerusalém devido à sua grande altitude] para avistar-se, ou seja, tornar-se familiarizado com Cefas [Pedro], o apóstolo que foi o companheiro pessoal do Senhor e o mais influente orador nos primeiros anos da igreja de Jerusalém (At 1—12).
HERNANDES escreve em ‘Paulo, o Maior Líder do Cristianismo’ (HAGNOS): “Seminário intensivo com Jesus na Arábia Há um intervalo muito importante na vida de Paulo entre Atos 9.20,21 e Atos 9.22. No começo, Paulo apenas pregava e afirmava que Jesus era o Filho de Deus (At 9.20,21). Mas, depois, Paulo mais e mais se fortalecia e confundia os judeus que moravam em Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo (At 9.22). Demonstrar é mais do que afirmar. Demonstrar é provar cuidadosa e meticulosamente o que se afirma. Demanda um exame acurado, uma investigação precisa, uma análise profunda. Onde Paulo esteve e o que aprendeu para passar do primeiro estágio da afirmação para o segundo estágio da demonstração? O livro de Atos não nos responde, mas encontramos a resposta na carta aos Gálatas. Após sua conversão, Paulo não foi para Jerusalém, onde estavam os apóstolos, mas rumou para as regiões da Arábia, onde permaneceu três anos, fazendo um seminário intensivo com o próprio Senhor Jesus. O próprio Paulo registra esse fato, assim: “Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo” (Gl 1.11,12). Depois de passar três anos examinando cuidadosamente o Antigo Testamento, ele descobriu que Jesus era, de fato, o Messias prometido. Paulo narra como foi que isso aconteceu nesses três anos: “Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue, nem subi a Jerusalém para os que já eram apóstolos antes de mim, mas parti para as regiões da Arábia e voltei, outra vez, para Damasco” (Gl 1.15-17)” (Lopes, Hernandes Dias. Paulo, o Maior Líder do Cristianismo. Editora Hagnos. 1 Ed. 2009).
3. Mais lições do deserto. Saulo passou a usar seu nome romano Paulo, com o qual se tornou conhecido em seu ministério. Ao tomar o rumo do deserto para refletir e aprender, o agora Paulo foi despido de toda a filosofia e religiosidade legalista do judaísmo. No deserto, ele aprendeu que a simplicidade era a chave que abria a porta do cristianismo, que era preciso dominar suas paixões, substituindo-as pela alegria da salvação em Cristo. Ele também aprendeu que a imensidão do deserto esmaga o poder e a fraqueza do homem; agora ele só pode depender de Deus. Por isso, Paulo descobre também, na experiência do silêncio e da solidão no deserto, que as coisas de Deus são do modo como Ele quer e não como nós queremos. No deserto, Deus ensinou Paulo a ser o líder que Ele precisava para expandir o seu reino.
Comentário
Já mencionamos o ‘porque’ da troca de nome, Paulus era a tradução latina de Shaul (Heb.) e seria muito mais fácil relacionar-se em todo o império.
Escrevendo sobre as experiências de Paulo no deserto, BALL afirma: “No deserto, longe do burburinho da vida urbana, com as rochas e areias ardentes durante o dia, e as estrelas silentes à noite, despojou-se Saulo das amarras de uma vida inteira, libertando-se da Lei e da tradição judaicas. Na quietude da Arábia, andou com Deus. Aqui, o Senhor revelou a Saulo as grandes verdades que viriam a ser as âncoras de sua pregação. Foi aqui também que reestudou as Escrituras, e meditou sobre as grandes doutrinas que iria em breve ensinar em todas as igrejas. Aprendeu o valor da comunhão com Deus, tornando-se lhe sensível à vontade. Foi no deserto que Moisés veio a encontrar Deus. E foi num momento de desespero, que Elias procurou a quietude do deserto. No deserto, o maná alimentou o povo de Deus por quarenta anos. Que lugar seria mais propício para Saulo reencontrar-se com o Senhor? Onde poderia ser alimentado diariamente pelo pão do céu senão aqui? É impossível saber os detalhes daqueles dias de consagração. Mas de uma coisa não temos dúvida: Saulo deixou o deserto plenamente convicto e preparado para apresentar as razões de sua fé. Ele sabia que, no exato momento em que abrisse os lábios na sinagoga, os fariseus opor-se-lhe-iam amargamente, taxando-o de hipócrita, traidor. Por isso, deveria estar preparado a fim de apresentar tanto a sua defesa quanto a de Jesus com toda a sua força e poder. Na defesa da fé, seria imprescindível que tivesse ideias muito claras acerca da salvação oferecida por Cristo. Falar de uma experiência é simples, mas debater com os filósofos e defensores de outras religiões exige um conhecimento bem definido e pontos de vista sólidos. Além de justificar a morte de Cristo conforme predita nas Escrituras, Saulo teria de explicar porque isso foi necessário e por que Deus o exigiu. Ao pensar no propósito da vida e na felicidade de que ora desfrutava, Saulo concluiu: o que aprendera na escola rabínica era de fato uma poderosa verdade. O supremo propósito do ser humano é receber o favor divino. Mas a única maneira de se obter tal favor é submeter-se à justiça de Deus. Somente Ele pode conceder-nos a paz”. (Ball. Charles Ferguson. A Vida e os Tempos do Apóstolo Paulo. Editora CPAD. pag. 41-42).
CONCLUSÃO
A grande verdade que aprendemos nesta lição é que Deus não mudou seu método para vocacionar e chamar a quem Ele quer. Para isso, Ele usa experiências muitas vezes dolorosas no deserto da vida. É preciso aguçar a nossa sensibilidade espiritual para identificarmos o chamado de Deus para a nossa vida.
Comentário
É importante respondermos aqui o que é um chamado de Deus?
O chamado de Deus é o plano que Ele tem para cada pessoa e que Ele nos convida a seguir. Deve-se esclarecer que há um chamado de Deus universal e há o chamado individual.
- Um chamado é uma vocação ou uma orientação. O chamado acontece quando sentimos que algo nos chama para seguir um certo caminho em nossa vida.
a. O chamado de Deus para todos (Universal): - Todos temos um chamado de Deus! Todos somos chamados a adorar a Deus e, enquanto estamos longe dele, nunca nos sentimos completos. Nosso grande chamado é para ter um relacionamento com Deus. Somente quando atendemos ao chamado de Deus e nos voltamos para Ele, arrependendo-nos de nossos pecados, encontramos o verdadeiro sentido para nossa vida (Ef 1.18-19). O chamado de Deus é para todas as pessoas mas nem todos aceitam (Mt 22.14). Mas para aqueles que ouvem o chamado e seguem a Jesus, Deus dá uma vida nova. O chamado de Deus também tem um lado prático: quem é salvo é chamado para obedecer a Deus e fazer boas obras. Essa é nossa vocação: fazer a vontade de Deus (Ef 4.1-4). Quando nos aproximamos de Deus, aprofundando nosso relacionamento com Ele e obedecendo a Seus mandamentos, encontramos a paz e o significado que procuramos.
b. O chamado individual: - Além do grande chamado para amar e obedecer a Deus, algumas pessoas também recebem um chamado mais específico. Esse chamado pode ser para fazer determinado trabalho, assumir um ministério ou ir para algum lugar (At 13.2). Deus tem um plano para cada vida. Mesmo quando não recebemos um chamado muito claro, sabemos que Deus está no controle e está nos guiando. Quando procuramos seguir o chamado universal de Deus e buscamos Sua vontade, Ele guia nossa vida.
PARA REFLETIR
A respeito de “Paulo, a Vocação para Ser Apóstolo”, responda:
Segundo a lição, em que a vocação de Paulo foi estabelecida?
A vocação de Paulo foi estabelecida segundo a presciência de Deus.
O que explica a mudança de ênfase do nome de “Saulo” para “Paulo”?
O que explica a mudança de ênfase do nome de Saulo para Paulo é a origem do apóstolo.
Qual era a vontade de Deus para Paulo?
A vontade de Deus para Paulo era torná-lo um embaixador de Cristo, um pregador do Evangelho (At 9.20).
Do que o ministério de Paulo precisava?
O ministério de Paulo precisava de uma preparação austera, silenciosa, de comunhão com Deus e de reflexão.
Segundo a lição, cite algumas lições do deserto aprendidas por Paulo.
No deserto, ele aprendeu que a simplicidade era a chave que abria a porta do cristianismo, que era preciso dominar suas paixões, substituindo-as pela alegria da salvação em Cristo. Ele também aprendeu que a imensidão do deserto esmaga o poder e a fraqueza do homem; agora ele só pode depender de Deus.
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