TEXTO ÁUREO Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede e não venha aqui tirá-la” João 4.15. COMENTARIO EXTRA...
TEXTO ÁUREO
Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede e não venha aqui tirá-la” João 4.15.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
(João 4.15)
1) O texto e sua dinâmica
λέγει πρὸς αὐτὸν ἡ γυνή· κύριε, δός μοι τοῦτο τὸ ὕδωρ, ἵνα μὴ διψῶ μηδὲ διέρχωμαι ἐνθάδε ἀντλεῖν.
A resposta da samaritana segue o padrão literário de João do “mal-entendido” pedagógico (cf. Nicodemos em 3.4; os judeus em 2.20; 6.52): ela toma literalmente o que Jesus oferece simbolicamente. Jesus fala de água viva (ὕδωρ ζῶν, 4.10,14) — metáfora do dom do Espírito e da vida eterna (cf. 7.37-39) —; ela pensa em praticidade (“não voltar ao poço”). O Mestre usa o desejo legítimo por alívio imediato para conduzi-la a uma sede mais profunda: a da comunhão com Deus que reordena a vida (4.16-26).
2) Palavras-chave (grego)
- κύριε (“Senhor/senhor”, v.15): aqui, inicialmente, título cortês (“senhor”), mas em João funciona como degrau no reconhecimento progressivo de Jesus: senhor → profeta (v.19) → Messias/Cristo (v.25-26).
- δός μοι (imperativo aoristo de δίδωμι): pedido direto por dom (δωρεά, v.10). João sublinha que a salvação é recebida, não produzida.
- τοῦτο τὸ ὕδωρ: remete ao ὕδωρ ζῶν, “água viva” (água corrente / “viva” no sentido ritual, mas, teologicamente, dom vivificador do Espírito).
- ἵνα μὴ διψῶ: propósito da súplica — acabar com a sede (διψάω, “ter sede”), imagem joanina da carência espiritual (cf. 19.28; Ap 22.17).
- μηδὲ διέρχωμαι ἐνθάδε ἀντλεῖν: “nem ter de vir aqui tirar (água)”. ἀντλέω = “tirar do poço” (cf. 2.8). O advérbio ἐνθάδε (“aqui”) carrega o peso social do lugar de vergonha (meio-dia, v.6).
3) Contexto histórico-teológico
- Barreiras transpostas: Jesus atravessa fronteiras étnicas (judeu/samaritano), morais (história conjugal da mulher) e de gênero (rabi falando com mulher em público) — e transforma a “vergonha do meio-dia” (v.6) em ponto de partida missionário (vv.39-42).
- Ecos do AT: “Água” como dom escatológico de Deus: Jr 2.13; Is 12.3; 44.3; 49.10; 55.1; Ez 36.25-27; Zc 14.8. Em João, isso converge no Espírito que sacia e faz do crente uma fonte (πηγή) que “salta” (ἁλλομένου) para a vida eterna (4.14; 7.38-39).
- Teologia joanina do dom: “se conheceras o dom (δωρεά) de Deus” (4.10). A salvação é graça dada (1.16-17), não performance religiosa.
4) Leituras acadêmicas úteis
- D. A. Carson — O Comentário de João — o motivo do mal-entendido e a identificação da “água viva” com o Espírito.
- Andreas J. Köstenberger, John (BECNT) — progressão cristológica no diálogo e a missão em contexto samaritano.
- Craig S. Keener, O Evangelho de João — pano de fundo socio-histórico (poços, pureza, judeus/samaritanos) e ecos do AT.
- Leon Morris, Comentário Bíblico de João — análise lexical e teológica do simbolismo da água.
5) Teologia do versículo
O pedido da mulher (“dá-me dessa água”) ainda é funcional (acabar esforço e sede), mas já é graça-centrado: ela não barganha; pede. João mostra que o caminho da fé passa por desejos imperfeitos que Cristo purifica. A sede física sinaliza a sede ontológica: sentido, perdão, adoração verdadeira (4.23-24). A resposta de Jesus (4.16) desvela a raiz da sede — relações quebradas — para então revelar-se como o Noivo verdadeiro (eco de 3.29).
6) Aplicação pessoal (prática)
- Traga sua sede real: não espere “motivações perfeitas” para buscar Jesus. Comece pedindo: “Senhor, dá-me dessa água”.
- Identifique seus poços: onde você tem “voltado sempre” e permanece sedento (sucesso, aprovação, prazer, religiosidade)? Entregue isso a Cristo.
- Receba e transborde: a obra do Espírito não apenas sacia; transforma você em fonte (4.14) — a vida de Cristo passa a alcançar outros.
- Acolha os margens: Jesus evangeliza com graça e verdade (4.7-26). Nossa missão imita esse encontro: atravessar barreiras com conversa honesta, dignidade e convite à adoração.
Tabela expositiva (João 4.15)
Elemento do texto
Grego-chave
Eco bíblico / pano de fundo
Enfoque teológico
Pista prática
Tratamento de Jesus
κύριε (“senhor/ Senhor”)
Uso cortês que evolui para confissão (4.19,25-26)
Reconhecimento gradual de Cristo
Dê passos reais na sua confissão: de “respeito” a senhorio
Pedido por água
δός μοι… ὕδωρ
Is 55.1; 44.3; Jr 2.13
Salvação como dom, não obra
Ore simples e diretamente: “Dá-me”
Sede que cessa
ἵνα μὴ διψῶ
Ap 22.17; Jo 7.37-39
Espírito que sacia a carência profunda
Pare de “apenas administrar” carências; busque ser saciado no Espírito
Fuga do poço
μηδὲ διέρχωμαι… ἀντλεῖν
Poço de Jacó; meio-dia (4.6)
Jesus remove vergonha/rotina opressiva
Leve sua vergonha a Cristo; deixe-o recontar sua história
Água viva (contexto)
ὕδωρ ζῶν (vv.10,14)
Ez 36.25-27; Zc 14.8
Dom do Espírito que se torna fonte em nós
Vida devocional que “jorra”: Palavra, oração, missão
(João 4.15)
1) O texto e sua dinâmica
λέγει πρὸς αὐτὸν ἡ γυνή· κύριε, δός μοι τοῦτο τὸ ὕδωρ, ἵνα μὴ διψῶ μηδὲ διέρχωμαι ἐνθάδε ἀντλεῖν.
A resposta da samaritana segue o padrão literário de João do “mal-entendido” pedagógico (cf. Nicodemos em 3.4; os judeus em 2.20; 6.52): ela toma literalmente o que Jesus oferece simbolicamente. Jesus fala de água viva (ὕδωρ ζῶν, 4.10,14) — metáfora do dom do Espírito e da vida eterna (cf. 7.37-39) —; ela pensa em praticidade (“não voltar ao poço”). O Mestre usa o desejo legítimo por alívio imediato para conduzi-la a uma sede mais profunda: a da comunhão com Deus que reordena a vida (4.16-26).
2) Palavras-chave (grego)
- κύριε (“Senhor/senhor”, v.15): aqui, inicialmente, título cortês (“senhor”), mas em João funciona como degrau no reconhecimento progressivo de Jesus: senhor → profeta (v.19) → Messias/Cristo (v.25-26).
- δός μοι (imperativo aoristo de δίδωμι): pedido direto por dom (δωρεά, v.10). João sublinha que a salvação é recebida, não produzida.
- τοῦτο τὸ ὕδωρ: remete ao ὕδωρ ζῶν, “água viva” (água corrente / “viva” no sentido ritual, mas, teologicamente, dom vivificador do Espírito).
- ἵνα μὴ διψῶ: propósito da súplica — acabar com a sede (διψάω, “ter sede”), imagem joanina da carência espiritual (cf. 19.28; Ap 22.17).
- μηδὲ διέρχωμαι ἐνθάδε ἀντλεῖν: “nem ter de vir aqui tirar (água)”. ἀντλέω = “tirar do poço” (cf. 2.8). O advérbio ἐνθάδε (“aqui”) carrega o peso social do lugar de vergonha (meio-dia, v.6).
3) Contexto histórico-teológico
- Barreiras transpostas: Jesus atravessa fronteiras étnicas (judeu/samaritano), morais (história conjugal da mulher) e de gênero (rabi falando com mulher em público) — e transforma a “vergonha do meio-dia” (v.6) em ponto de partida missionário (vv.39-42).
- Ecos do AT: “Água” como dom escatológico de Deus: Jr 2.13; Is 12.3; 44.3; 49.10; 55.1; Ez 36.25-27; Zc 14.8. Em João, isso converge no Espírito que sacia e faz do crente uma fonte (πηγή) que “salta” (ἁλλομένου) para a vida eterna (4.14; 7.38-39).
- Teologia joanina do dom: “se conheceras o dom (δωρεά) de Deus” (4.10). A salvação é graça dada (1.16-17), não performance religiosa.
4) Leituras acadêmicas úteis
- D. A. Carson — O Comentário de João — o motivo do mal-entendido e a identificação da “água viva” com o Espírito.
- Andreas J. Köstenberger, John (BECNT) — progressão cristológica no diálogo e a missão em contexto samaritano.
- Craig S. Keener, O Evangelho de João — pano de fundo socio-histórico (poços, pureza, judeus/samaritanos) e ecos do AT.
- Leon Morris, Comentário Bíblico de João — análise lexical e teológica do simbolismo da água.
5) Teologia do versículo
O pedido da mulher (“dá-me dessa água”) ainda é funcional (acabar esforço e sede), mas já é graça-centrado: ela não barganha; pede. João mostra que o caminho da fé passa por desejos imperfeitos que Cristo purifica. A sede física sinaliza a sede ontológica: sentido, perdão, adoração verdadeira (4.23-24). A resposta de Jesus (4.16) desvela a raiz da sede — relações quebradas — para então revelar-se como o Noivo verdadeiro (eco de 3.29).
6) Aplicação pessoal (prática)
- Traga sua sede real: não espere “motivações perfeitas” para buscar Jesus. Comece pedindo: “Senhor, dá-me dessa água”.
- Identifique seus poços: onde você tem “voltado sempre” e permanece sedento (sucesso, aprovação, prazer, religiosidade)? Entregue isso a Cristo.
- Receba e transborde: a obra do Espírito não apenas sacia; transforma você em fonte (4.14) — a vida de Cristo passa a alcançar outros.
- Acolha os margens: Jesus evangeliza com graça e verdade (4.7-26). Nossa missão imita esse encontro: atravessar barreiras com conversa honesta, dignidade e convite à adoração.
Tabela expositiva (João 4.15)
Elemento do texto | Grego-chave | Eco bíblico / pano de fundo | Enfoque teológico | Pista prática |
Tratamento de Jesus | κύριε (“senhor/ Senhor”) | Uso cortês que evolui para confissão (4.19,25-26) | Reconhecimento gradual de Cristo | Dê passos reais na sua confissão: de “respeito” a senhorio |
Pedido por água | δός μοι… ὕδωρ | Is 55.1; 44.3; Jr 2.13 | Salvação como dom, não obra | Ore simples e diretamente: “Dá-me” |
Sede que cessa | ἵνα μὴ διψῶ | Ap 22.17; Jo 7.37-39 | Espírito que sacia a carência profunda | Pare de “apenas administrar” carências; busque ser saciado no Espírito |
Fuga do poço | μηδὲ διέρχωμαι… ἀντλεῖν | Poço de Jacó; meio-dia (4.6) | Jesus remove vergonha/rotina opressiva | Leve sua vergonha a Cristo; deixe-o recontar sua história |
Água viva (contexto) | ὕδωρ ζῶν (vv.10,14) | Ez 36.25-27; Zc 14.8 | Dom do Espírito que se torna fonte em nós | Vida devocional que “jorra”: Palavra, oração, missão |
VERDADE APLICADA
O encontro de Jesus com a mulher samaritana expressa que o surpreendente Amor de Deus não faz acepção de pessoas.
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OBJETIVOS DA LIÇÃO
Reconhecer que o Evangelho de Jesus não faz acepção de pessoas.
Saber que Jesus jamais nos abandona.
Compreender que a conversão da samaritana alcançou muitos do seu povo.
TEXTOS DE REFERÊNCIA
JOÃO 4
9 Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos).
10 Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.
11 Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva?
12 És tu maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado?
13 Jesus respondeu, e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
João 4.9–13 — Comentário bíblico-teológico
1) O choque cultural e a pedagogia de Jesus (v.9)
“Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (pois os judeus não se comunicam com os samaritanos).”
- “Mulher samaritana” condensa duas barreiras: gênero e etnia/religião (cf. 4.27).
- “Não se comunicam” traduz οὐ γὰρ συγχρῶνται Ἰουδαῖοι Σαμαρίταις. O verbo συγχράομαι (synchráomai) pode significar usar em comum / manter relações (BDAG), inclusive compartilhar utensílios (sentido provável aqui: beber do mesmo balde/caneco). João sublinha a ruptura que Jesus atravessa.
- Fundo histórico: a cisão pós-exílio assírio (2Rs 17), templo no Gerizim (séc. IV a.C.), disputas de pureza e Escrituras (samaritanos aceitavam o Pentateuco). Jesus inicia a missão com proximidade e pedido humilde (“dá-me de beber”), desarmando inimizades.
2) O dom e o Doador (v.10)
“Se tu conhecesses o dom de Deus (τὴν δωρεὰν τοῦ θεοῦ) e quem é o que te diz: ‘Dá-me de beber’, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva (ὕδωρ ζῶν).”
- δωρεά (dōreá, “dom”) ocorre aqui de forma única em João e em outros lugares associa-se ao Espírito (At 2.38; 8.20; 10.45). Em João, o paralelismo com 7.37-39 favorece ler o “dom” como o Espírito/vida eterna, inseparável da pessoa de Jesus.
- Estrutura: duas ignorâncias (“se conhecesses o dom” / “e quem é…”) → um convite: pede! A salvação é graça recebida, não conquista (cf. 1.16–17).
- ὕδωρ ζῶν (“água viva”): no uso comum, água corrente (de nascente); teologicamente, dom vivificador escatológico (Is 12.3; 44.3; 55.1; Ez 36.25-27; Zc 14.8). Em João, identifica-se com o Espírito que comunica vida eterna.
3) O mal-entendido pedagógico (v.11)
“Senhor, tu não tens balde (οὔτε ἄντλημα ἔχεις), e o poço é fundo (τὸ φρέαρ ἐστὶν βαθύ); de onde (πόθεν) tens a água viva?”
- João explora o motivo do mal-entendido (como em 2.19–21; 3.4; 6.52): a mulher pensa literalmente; Jesus fala escatologicamente.
- Vocabulário concreto: ἄντλημα (balde/vaso de tirar água), φρέαρ (poço), βαθύ (fundo) vs. vocabulário de dom e vida. A tensão prepara a revelação pessoal (4.26).
4) Tradição e superação (v.12)
“És tu maior (μὴ σὺ μείζων) do que o nosso pai Jacó…?”
- A pergunta introduzida por μή espera “não” como resposta — é provocativa.
- Jacó representa patrimônio identitário (poço ancestral, provisão para família e rebanhos). Jesus se apresentará como maior que os patriarcas, porque oferece vida que não se esgota e adoração em Espírito e verdade (4.21–24).
5) A sede que volta (v.13)
“Todo aquele que bebe desta água tornará a ter sede (πᾶς ὁ πίνων… διψήσει πάλιν).”
- πίνων (particípio presente) sugere ato repetido/contínuo: quem continua bebendo desta água sempre precisará voltar.
- O contraste com o v.14 (aoristo: ὃς δ’ ἂν πίῃ) destaca a suficiência e definitividade do dom de Cristo: um beber que instala uma fonte (πηγὴ ὕδατος ἁλλομένου) no interior do crente.
Ecos veterotestamentários essenciais
- Jeremias 2.13: cisternas rotas vs. “fonte de águas vivas”.
- Isaías 12.3; 55.1; 44.3: águas da salvação e derramamento do Espírito.
- Ezequiel 36.25-27: água que purifica e Espírito que dá coração novo.
- Zacarias 14.8: águas vivas que saem de Jerusalém (tempo escatológico).
Referências acadêmicas (cristãs)
- D. A. Carson — O Comentário de João.
- Craig S. Keener, The Gospel of John: A Commentary.
- Andreas J. Köstenberger, John (BECNT).
- Leon Morris, The Gospel According to John (NICNT).
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João.
- BDAG (lex.) s.v. συγχράομαι, ἄντλημα, φρέαρ.
Aplicação pessoal (direta)
- Atravessar barreiras: Jesus inicia com pedido humilde e presença. Evangelizamos melhor quando unimos verdade e proximidade.
- Peça o dom: “Se conhecesses o dom… tu pedirias.” Ore explicitamente por renovação no Espírito.
- Discernir poços: identifique fontes que não saciam (status, consumo, religiosidade sem Cristo). Trocá-las por Ele.
- Do balde à fonte: não apenas “voltar ao poço” do culto como alívio momentâneo, mas andar no Espírito para que a vida de Deus jorre no cotidiano.
Tabela expositiva — João 4.9–13
Verso
Expressão grega
Sentido
Teologia
Aplicação
4.9
οὐ γὰρ συγχρῶνται Ἰουδαῖοι Σαμαρίταις
não usam em comum / não se relacionam
Jesus rompe inimizades históricas
Pratique proximidade que cura hostilidades
4.10
τὴν δωρεὰν τοῦ θεοῦ · ὕδωρ ζῶν
dom gratuito; água viva
Graça/Espírito como dom escatológico
Peça: a salvação é recebida
4.11
οὔτε ἄντλημα · τὸ φρέαρ βαθύ
balde; poço; fundo
Mal-entendido literal vs. revelação
Vá além do prático ao espiritual
4.12
μὴ σὺ μείζων… Ἰακώβ
“és maior…?”
Cristo > patriarcas / tradição
Cristo supera nossas seguranças culturais
4.13
ὁ πίνων… διψήσει πάλιν
quem bebe, terá sede de novo
Insuficiência das fontes terrenas
Identifique e abandone cisternas rotas
João 4.9–13 — Comentário bíblico-teológico
1) O choque cultural e a pedagogia de Jesus (v.9)
“Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (pois os judeus não se comunicam com os samaritanos).”
- “Mulher samaritana” condensa duas barreiras: gênero e etnia/religião (cf. 4.27).
- “Não se comunicam” traduz οὐ γὰρ συγχρῶνται Ἰουδαῖοι Σαμαρίταις. O verbo συγχράομαι (synchráomai) pode significar usar em comum / manter relações (BDAG), inclusive compartilhar utensílios (sentido provável aqui: beber do mesmo balde/caneco). João sublinha a ruptura que Jesus atravessa.
- Fundo histórico: a cisão pós-exílio assírio (2Rs 17), templo no Gerizim (séc. IV a.C.), disputas de pureza e Escrituras (samaritanos aceitavam o Pentateuco). Jesus inicia a missão com proximidade e pedido humilde (“dá-me de beber”), desarmando inimizades.
2) O dom e o Doador (v.10)
“Se tu conhecesses o dom de Deus (τὴν δωρεὰν τοῦ θεοῦ) e quem é o que te diz: ‘Dá-me de beber’, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva (ὕδωρ ζῶν).”
- δωρεά (dōreá, “dom”) ocorre aqui de forma única em João e em outros lugares associa-se ao Espírito (At 2.38; 8.20; 10.45). Em João, o paralelismo com 7.37-39 favorece ler o “dom” como o Espírito/vida eterna, inseparável da pessoa de Jesus.
- Estrutura: duas ignorâncias (“se conhecesses o dom” / “e quem é…”) → um convite: pede! A salvação é graça recebida, não conquista (cf. 1.16–17).
- ὕδωρ ζῶν (“água viva”): no uso comum, água corrente (de nascente); teologicamente, dom vivificador escatológico (Is 12.3; 44.3; 55.1; Ez 36.25-27; Zc 14.8). Em João, identifica-se com o Espírito que comunica vida eterna.
3) O mal-entendido pedagógico (v.11)
“Senhor, tu não tens balde (οὔτε ἄντλημα ἔχεις), e o poço é fundo (τὸ φρέαρ ἐστὶν βαθύ); de onde (πόθεν) tens a água viva?”
- João explora o motivo do mal-entendido (como em 2.19–21; 3.4; 6.52): a mulher pensa literalmente; Jesus fala escatologicamente.
- Vocabulário concreto: ἄντλημα (balde/vaso de tirar água), φρέαρ (poço), βαθύ (fundo) vs. vocabulário de dom e vida. A tensão prepara a revelação pessoal (4.26).
4) Tradição e superação (v.12)
“És tu maior (μὴ σὺ μείζων) do que o nosso pai Jacó…?”
- A pergunta introduzida por μή espera “não” como resposta — é provocativa.
- Jacó representa patrimônio identitário (poço ancestral, provisão para família e rebanhos). Jesus se apresentará como maior que os patriarcas, porque oferece vida que não se esgota e adoração em Espírito e verdade (4.21–24).
5) A sede que volta (v.13)
“Todo aquele que bebe desta água tornará a ter sede (πᾶς ὁ πίνων… διψήσει πάλιν).”
- πίνων (particípio presente) sugere ato repetido/contínuo: quem continua bebendo desta água sempre precisará voltar.
- O contraste com o v.14 (aoristo: ὃς δ’ ἂν πίῃ) destaca a suficiência e definitividade do dom de Cristo: um beber que instala uma fonte (πηγὴ ὕδατος ἁλλομένου) no interior do crente.
Ecos veterotestamentários essenciais
- Jeremias 2.13: cisternas rotas vs. “fonte de águas vivas”.
- Isaías 12.3; 55.1; 44.3: águas da salvação e derramamento do Espírito.
- Ezequiel 36.25-27: água que purifica e Espírito que dá coração novo.
- Zacarias 14.8: águas vivas que saem de Jerusalém (tempo escatológico).
Referências acadêmicas (cristãs)
- D. A. Carson — O Comentário de João.
- Craig S. Keener, The Gospel of John: A Commentary.
- Andreas J. Köstenberger, John (BECNT).
- Leon Morris, The Gospel According to John (NICNT).
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João.
- BDAG (lex.) s.v. συγχράομαι, ἄντλημα, φρέαρ.
Aplicação pessoal (direta)
- Atravessar barreiras: Jesus inicia com pedido humilde e presença. Evangelizamos melhor quando unimos verdade e proximidade.
- Peça o dom: “Se conhecesses o dom… tu pedirias.” Ore explicitamente por renovação no Espírito.
- Discernir poços: identifique fontes que não saciam (status, consumo, religiosidade sem Cristo). Trocá-las por Ele.
- Do balde à fonte: não apenas “voltar ao poço” do culto como alívio momentâneo, mas andar no Espírito para que a vida de Deus jorre no cotidiano.
Tabela expositiva — João 4.9–13
Verso | Expressão grega | Sentido | Teologia | Aplicação |
4.9 | οὐ γὰρ συγχρῶνται Ἰουδαῖοι Σαμαρίταις | não usam em comum / não se relacionam | Jesus rompe inimizades históricas | Pratique proximidade que cura hostilidades |
4.10 | τὴν δωρεὰν τοῦ θεοῦ · ὕδωρ ζῶν | dom gratuito; água viva | Graça/Espírito como dom escatológico | Peça: a salvação é recebida |
4.11 | οὔτε ἄντλημα · τὸ φρέαρ βαθύ | balde; poço; fundo | Mal-entendido literal vs. revelação | Vá além do prático ao espiritual |
4.12 | μὴ σὺ μείζων… Ἰακώβ | “és maior…?” | Cristo > patriarcas / tradição | Cristo supera nossas seguranças culturais |
4.13 | ὁ πίνων… διψήσει πάλιν | quem bebe, terá sede de novo | Insuficiência das fontes terrenas | Identifique e abandone cisternas rotas |
LEITURAS COMPLEMENTARES
SEGUNDA | Jo 8.28-39 O testemunho é importante.
TERÇA | Jo 4.19 A samaritana vê Jesus como um profeta.
QUARTA | Jo 4.39-41 A samaritana convence a muitos do seu povo.
QUINTA | Jo 4.14 Jesus nos oferece a água viva.
SEXTA | Jo 4.22 A salvação vem dos judeus.
SÁBADO | Jo 4.10 Necessitamos conhecer o dom de Deus
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
SEGUNDA — Jo 8.28–39 | O valor do testemunho
Em 8.28, Jesus diz: “Quando levantardes (ὑψώσητε, hypsōsete) o Filho do Homem, então sabereis que EU SOU (ἐγώ εἰμι)”. Em João, “ser levantado” une cruz + exaltação (3.14; 12.32). O “eu sou” aqui tem uso absoluto, ecoando o nome divino (Êx 3.14 LXX: ἐγώ εἰμι ὁ ὤν). Na sequência, 8.31–32: “Se permanecerdes (μείνητε, meinete) na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis (γνώσεσθε) a verdade (ἀλήθεια), e a verdade vos libertará (ἐλευθερώσει).” O eixo joanino é testemunho (μαρτυρία, martyria; 8.13–18): o Pai testifica do Filho, e o discípulo participa desse testemunho pela permanência na palavra, que produz liberdade real (8.34–36).
Teologia: O testemunho cristão é enraizado na identidade divina de Jesus revelada na cruz-exaltação e autenticado pelo Pai. Liberdade não é autonomia, mas adesão contínua à palavra do Filho.
Aplicação: Testemunhar é permanecer; a credibilidade vem de uma vida que fica na palavra quando custa caro.
TERÇA — Jo 4.19 | “Vejo que és profeta”
A samaritana exclama: “Θεωρῶ (theōrō) que és profeta (προφήτης).” O verbo theōreō (“observar atentamente”) sugere percepção crescente. Chamar Jesus de profeta indica avanço, mas ainda insuficiente: João levará do “profeta” (1.21; 6.14) ao Messias (4.25–26) e ao Salvador do mundo (4.42). Jesus é mais que um porta-voz; Ele é o Logos encarnado (1.14), que revela e cumpre o que os profetas anunciaram (1.45).
Aplicação: Muitos começam vendo Jesus como “mestre”/“profeta”. A jornada da fé precisa avançar até o Cristo que exige rendição.
QUARTA — Jo 4.39–41 | O poder do testemunho pessoal
“Muitos (πολλοί) creram (ἐπίστευσαν) por causa da palavra (λόγος) da mulher… Depois, muitos mais creram por causa da palavra dele (τοῦ λόγου αὐτοῦ).” João distingue fé mediada (por testemunho humano) e fé imediata (pela voz de Cristo). Ambos são legítimos e complementares. O pedido para que Jesus ficasse (μεῖναι, meinai) dois dias ecoa o verbo joanino “permanecer” – há discipulado quando Cristo encontra hospedagem entre nós.
Aplicação: Conte sua história com clareza e humildade; a meta do nosso testemunho é conduzir pessoas da nossa voz à voz dele.
QUINTA — Jo 4.14 | Água viva que se torna fonte
“Quem beber (πίῃ, piē – aoristo) da água que eu lhe der nunca (οὐ μὴ) terá sede; a água se tornará (γενήσεται) nele fonte (πηγή) a jorrar (ἁλλομένου) para a vida eterna.” O aoristo sugere um ato decisivo de fé cujo efeito é durativo: o dom instala uma fonte interior. “Jorrar” (ἅλλομαι) evoca energia/abundância. Em 7.37–39, João identifica a água com o Espírito dado ao crente.
Teologia: A vida eterna não é apenas duração, mas qualidade de vida do Espírito agora. Cristo não oferece “baldes” episódicos, mas uma nascente interior.
Aplicação: Troque “visitas ao poço” por um andar no Espírito diário (oração, Palavra, obediência).
SEXTA — Jo 4.22 | “A salvação vem dos judeus”
“Ἡ σωτηρία ἐκ τῶν Ἰουδαίων ἐστίν.” A preposição ἐκ (de/origem) afirma a origem histórica e pactual da salvação: Escrituras, promessas e o Messias procedem de Israel (Rm 9.4–5). Não há triunfalismo étnico, mas reconhecimento da economia de Deus.
Aplicação: Agradeça a Deus por Israel e rejeite qualquer forma de antissemitismo. Honre as raízes bíblicas sem judaizar a fé (Gl 3).
SÁBADO — Jo 4.10 | Conhecer o Dom e o Doador
“Se conhecesses (ᾔδεις) o dom (δωρεά) de Deus e quem é o que te diz…” O par Dom/Doador é inseparável: Cristo dá o Espírito (dōreá ecoa At 2.38; 10.45) e ao mesmo tempo é o presente do Pai (3.16). A fé nasce do pedido (“tu lhe pedirias”) e não da autossuficiência do “balde” (ἄντλημα) humano.
Aplicação: Ore com simplicidade: “Senhor, dá-me do teu Espírito; faze de mim uma fonte.”
Referências acadêmicas (sugestões)
- D. A. Carson — O Comentário de João.
- Craig S. Keener, The Gospel of John: A Commentary.
- Andreas J. Köstenberger, John (BECNT).
- Leon Morris, The Gospel According to John (NICNT).
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João
- BDAG (léxico) s.v. ἀλήθεια, ἐγώ εἰμι, μένω, δωρεά, πηγή.
Tabela expositiva (resumo para aula/sermão)
Dia
Texto
Termos-chave (grego)
Tese teológica
Aplicação prática
Seg
Jo 8.28–39
ἐγώ εἰμι; μένω; ἀλήθεια; ἐλευθερόω
A cruz revela o “EU SOU”; liberdade vem de permanecer na palavra
Testemunhe com vida que permanece
Ter
Jo 4.19
θεωρῶ; προφήτης
De profeta a Messias: progresso na revelação
Avance de respeito a rendição
Qua
Jo 4.39–41
λόγος; πιστεύω; μένω
Testemunho humano conduz ao logos de Cristo
Conte sua história e leve ao Cristo
Qui
Jo 4.14
πηγὴ; ἁλλομένου; πίῃ
O dom vira fonte interior (Espírito)
Cultive práticas que mantenham a fonte fluindo
Sex
Jo 4.22
σωτηρία; Ἰουδαῖοι; ἐκ
Salvação tem origem em Israel e cumpre-se em Cristo
Honre as raízes bíblicas; rejeite antissemitismo
Sáb
Jo 4.10
δωρεά; οἶδα; ἄντλημα
Dom e Doador: graça pedida e recebida
Ore: “Dá-me da tua água viva”
SEGUNDA — Jo 8.28–39 | O valor do testemunho
Em 8.28, Jesus diz: “Quando levantardes (ὑψώσητε, hypsōsete) o Filho do Homem, então sabereis que EU SOU (ἐγώ εἰμι)”. Em João, “ser levantado” une cruz + exaltação (3.14; 12.32). O “eu sou” aqui tem uso absoluto, ecoando o nome divino (Êx 3.14 LXX: ἐγώ εἰμι ὁ ὤν). Na sequência, 8.31–32: “Se permanecerdes (μείνητε, meinete) na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis (γνώσεσθε) a verdade (ἀλήθεια), e a verdade vos libertará (ἐλευθερώσει).” O eixo joanino é testemunho (μαρτυρία, martyria; 8.13–18): o Pai testifica do Filho, e o discípulo participa desse testemunho pela permanência na palavra, que produz liberdade real (8.34–36).
Teologia: O testemunho cristão é enraizado na identidade divina de Jesus revelada na cruz-exaltação e autenticado pelo Pai. Liberdade não é autonomia, mas adesão contínua à palavra do Filho.
Aplicação: Testemunhar é permanecer; a credibilidade vem de uma vida que fica na palavra quando custa caro.
TERÇA — Jo 4.19 | “Vejo que és profeta”
A samaritana exclama: “Θεωρῶ (theōrō) que és profeta (προφήτης).” O verbo theōreō (“observar atentamente”) sugere percepção crescente. Chamar Jesus de profeta indica avanço, mas ainda insuficiente: João levará do “profeta” (1.21; 6.14) ao Messias (4.25–26) e ao Salvador do mundo (4.42). Jesus é mais que um porta-voz; Ele é o Logos encarnado (1.14), que revela e cumpre o que os profetas anunciaram (1.45).
Aplicação: Muitos começam vendo Jesus como “mestre”/“profeta”. A jornada da fé precisa avançar até o Cristo que exige rendição.
QUARTA — Jo 4.39–41 | O poder do testemunho pessoal
“Muitos (πολλοί) creram (ἐπίστευσαν) por causa da palavra (λόγος) da mulher… Depois, muitos mais creram por causa da palavra dele (τοῦ λόγου αὐτοῦ).” João distingue fé mediada (por testemunho humano) e fé imediata (pela voz de Cristo). Ambos são legítimos e complementares. O pedido para que Jesus ficasse (μεῖναι, meinai) dois dias ecoa o verbo joanino “permanecer” – há discipulado quando Cristo encontra hospedagem entre nós.
Aplicação: Conte sua história com clareza e humildade; a meta do nosso testemunho é conduzir pessoas da nossa voz à voz dele.
QUINTA — Jo 4.14 | Água viva que se torna fonte
“Quem beber (πίῃ, piē – aoristo) da água que eu lhe der nunca (οὐ μὴ) terá sede; a água se tornará (γενήσεται) nele fonte (πηγή) a jorrar (ἁλλομένου) para a vida eterna.” O aoristo sugere um ato decisivo de fé cujo efeito é durativo: o dom instala uma fonte interior. “Jorrar” (ἅλλομαι) evoca energia/abundância. Em 7.37–39, João identifica a água com o Espírito dado ao crente.
Teologia: A vida eterna não é apenas duração, mas qualidade de vida do Espírito agora. Cristo não oferece “baldes” episódicos, mas uma nascente interior.
Aplicação: Troque “visitas ao poço” por um andar no Espírito diário (oração, Palavra, obediência).
SEXTA — Jo 4.22 | “A salvação vem dos judeus”
“Ἡ σωτηρία ἐκ τῶν Ἰουδαίων ἐστίν.” A preposição ἐκ (de/origem) afirma a origem histórica e pactual da salvação: Escrituras, promessas e o Messias procedem de Israel (Rm 9.4–5). Não há triunfalismo étnico, mas reconhecimento da economia de Deus.
Aplicação: Agradeça a Deus por Israel e rejeite qualquer forma de antissemitismo. Honre as raízes bíblicas sem judaizar a fé (Gl 3).
SÁBADO — Jo 4.10 | Conhecer o Dom e o Doador
“Se conhecesses (ᾔδεις) o dom (δωρεά) de Deus e quem é o que te diz…” O par Dom/Doador é inseparável: Cristo dá o Espírito (dōreá ecoa At 2.38; 10.45) e ao mesmo tempo é o presente do Pai (3.16). A fé nasce do pedido (“tu lhe pedirias”) e não da autossuficiência do “balde” (ἄντλημα) humano.
Aplicação: Ore com simplicidade: “Senhor, dá-me do teu Espírito; faze de mim uma fonte.”
Referências acadêmicas (sugestões)
- D. A. Carson — O Comentário de João.
- Craig S. Keener, The Gospel of John: A Commentary.
- Andreas J. Köstenberger, John (BECNT).
- Leon Morris, The Gospel According to John (NICNT).
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João
- BDAG (léxico) s.v. ἀλήθεια, ἐγώ εἰμι, μένω, δωρεά, πηγή.
Tabela expositiva (resumo para aula/sermão)
Dia | Texto | Termos-chave (grego) | Tese teológica | Aplicação prática |
Seg | Jo 8.28–39 | ἐγώ εἰμι; μένω; ἀλήθεια; ἐλευθερόω | A cruz revela o “EU SOU”; liberdade vem de permanecer na palavra | Testemunhe com vida que permanece |
Ter | Jo 4.19 | θεωρῶ; προφήτης | De profeta a Messias: progresso na revelação | Avance de respeito a rendição |
Qua | Jo 4.39–41 | λόγος; πιστεύω; μένω | Testemunho humano conduz ao logos de Cristo | Conte sua história e leve ao Cristo |
Qui | Jo 4.14 | πηγὴ; ἁλλομένου; πίῃ | O dom vira fonte interior (Espírito) | Cultive práticas que mantenham a fonte fluindo |
Sex | Jo 4.22 | σωτηρία; Ἰουδαῖοι; ἐκ | Salvação tem origem em Israel e cumpre-se em Cristo | Honre as raízes bíblicas; rejeite antissemitismo |
Sáb | Jo 4.10 | δωρεά; οἶδα; ἄντλημα | Dom e Doador: graça pedida e recebida | Ore: “Dá-me da tua água viva” |
HINOS SUGERIDOS: 20, 156, 169

MOTIVO DE ORAÇÃO
Ore para que a humanidade não faça acepção de pessoas.
ESBOÇO DA LIÇÃO
Introdução
1- O Evangelho é para todos
2- Todos temos Sede de Deus
3- A conversão da mulher samaritana
Conclusão
DINAMICA EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Dinâmica: “Água Viva para Todos”
Objetivo:
- Demonstrar que o Evangelho é para todos, independentemente de passado, etnia ou posição social.
- Levar os participantes a refletirem sobre como compartilhar a fé e oferecer a “água viva” de Cristo em seu cotidiano.
Materiais:
- Um balde grande ou recipiente representando o poço.
- Copos plásticos ou recipientes pequenos (representando a água).
- Cartões com frases ou perguntas bíblicas sobre o encontro de Jesus com a mulher samaritana.
- Canetas ou marcadores.
Passo a Passo:
- Preparação:
- Coloque os copos no balde (poço) e escreva em cada cartão uma pergunta ou frase relacionada à lição, por exemplo:
- “Quem você encontra que precisa da ‘água viva’?”
- “Quais barreiras sociais ou preconceitos você precisa superar para compartilhar Jesus?”
- “Como o testemunho de alguém pode impactar uma comunidade?”
- Abertura:
- Leia João 4:7-15 com o grupo, contextualizando o encontro de Jesus com a mulher samaritana.
- Explique o significado da “água viva” e o impacto do testemunho da mulher.
- Atividade principal – Tirando a Água do Poço:
- Cada participante, por vez, pega um copo de água do “poço”.
- Antes de beber simbolicamente (ou simular), retira um cartão e responde à pergunta ou reflete sobre a frase contida nele.
- Ao final, cada participante compartilha com o grupo como pretende levar a “água viva” de Jesus para sua família, amigos ou comunidade.
- Discussão:
- Perguntas para reflexão em grupo:
- Como o preconceito ou a vergonha podem impedir que alguém encontre a “água viva”?
- De que maneira podemos seguir o exemplo da mulher samaritana em nosso testemunho pessoal?
- Quem em nossa comunidade precisa ouvir o Evangelho sem demora?
- Conclusão:
- Enfatize que Jesus não faz acepção de pessoas (Jo 4:42).
- Incentive os participantes a identificarem uma ação prática de evangelismo durante a semana: um gesto, uma conversa ou oração por alguém.
Variações:
- Peça dramática: Um grupo encena o diálogo entre Jesus e a mulher samaritana para reforçar a empatia e compreensão do texto.
- Água Viva Escrita: Em vez de copos, cada participante escreve em um papel como compartilhará a “água viva” e coloca em um recipiente, simbolizando a multiplicação do Evangelho.
Dinâmica: “Água Viva para Todos”
Objetivo:
- Demonstrar que o Evangelho é para todos, independentemente de passado, etnia ou posição social.
- Levar os participantes a refletirem sobre como compartilhar a fé e oferecer a “água viva” de Cristo em seu cotidiano.
Materiais:
- Um balde grande ou recipiente representando o poço.
- Copos plásticos ou recipientes pequenos (representando a água).
- Cartões com frases ou perguntas bíblicas sobre o encontro de Jesus com a mulher samaritana.
- Canetas ou marcadores.
Passo a Passo:
- Preparação:
- Coloque os copos no balde (poço) e escreva em cada cartão uma pergunta ou frase relacionada à lição, por exemplo:
- “Quem você encontra que precisa da ‘água viva’?”
- “Quais barreiras sociais ou preconceitos você precisa superar para compartilhar Jesus?”
- “Como o testemunho de alguém pode impactar uma comunidade?”
- Abertura:
- Leia João 4:7-15 com o grupo, contextualizando o encontro de Jesus com a mulher samaritana.
- Explique o significado da “água viva” e o impacto do testemunho da mulher.
- Atividade principal – Tirando a Água do Poço:
- Cada participante, por vez, pega um copo de água do “poço”.
- Antes de beber simbolicamente (ou simular), retira um cartão e responde à pergunta ou reflete sobre a frase contida nele.
- Ao final, cada participante compartilha com o grupo como pretende levar a “água viva” de Jesus para sua família, amigos ou comunidade.
- Discussão:
- Perguntas para reflexão em grupo:
- Como o preconceito ou a vergonha podem impedir que alguém encontre a “água viva”?
- De que maneira podemos seguir o exemplo da mulher samaritana em nosso testemunho pessoal?
- Quem em nossa comunidade precisa ouvir o Evangelho sem demora?
- Conclusão:
- Enfatize que Jesus não faz acepção de pessoas (Jo 4:42).
- Incentive os participantes a identificarem uma ação prática de evangelismo durante a semana: um gesto, uma conversa ou oração por alguém.
Variações:
- Peça dramática: Um grupo encena o diálogo entre Jesus e a mulher samaritana para reforçar a empatia e compreensão do texto.
- Água Viva Escrita: Em vez de copos, cada participante escreve em um papel como compartilhará a “água viva” e coloca em um recipiente, simbolizando a multiplicação do Evangelho.
INTRODUÇÃO
O Evangelho de João é um relato importante. Nesta lição, analisaremos o diálogo de uma samaritana e o Filho de Deus. Aquela mulher foi tão impactada que creu em Jesus como o Messias, tornou-se uma evangelista, e levou muitos de seu povo ao encontro do Filho de Deus.
PONTO DE PARTIDA: Jesus não faz acepção de pessoas.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1. Panorama e propósito
O episódio de Jesus e a mulher samaritana (Jo 4:1–42) funciona como microcosmo do evangelho joanino: revelação progressiva da identidade de Jesus (rabi → profeta → Messias → Senhor), oferta do “dom” (δωρεά/δῶρον) da vida (ὕδωρ ζῶν) e missão (a mulher torna-se evangelista). No centro está a afirmação teológica: a salvação não obedece a fronteiras étnicas, de gênero ou morais — Jesus trata a samaritana com plena dignidade e a revela como porta-voz do anúncio messiânico.
A afirmação temática que você deu — Jesus não faz acepção de pessoas — encontra eco explícito em passagens do AT (Deuteronômio, Levítico) e do NT (Rm 2.11; Gl 2.6), e se manifesta narrativamente aqui: ele fala com uma mulher, samaritana e de vida duvidosa — exatamente as três categorias que a cultura judaica marginalizava.
2. Palavras-chave: grego e hebraico (análise)
a) πρόσωπον / προσωποληψία (prósōpon / prosōpolēpsia)
- Hebraico paralelo: פָּנִים (panim) em contextos do AT como “não faças acepção de pessoas” — por exemplo, Dt 1.17; Lv 19.15; Dt 10.17 (לֹא תַשָּׁא פָנִים / לֹא־תָשִׁית פָנִים).
- Sentido: não mostrar parcialidade, não julgar com base em status social. No NT, a ideia aparece em formularios como προσωποληψία (p.ex. Tg 2:1–9 combate “feições”/favorecimento).
- Exegese em João 4: Jesus ignora costumes que impedem interação (Judeus ↔ Samaritanos) e demonstra que o padrão divino é outra coisa: graça e oferta universal.
b) ὕδωρ ζῶν (húdōr zōn, “água viva”)
- Implicação teológica: metáfora do dom do Espírito (Jo 7.37–39; Ez 36.25–27). Água que apenas “balde” não serve — Jesus oferece fonte interior.
- Função narrativa: catalisa o diálogo e revela a miséria espiritual e a solução em Cristo.
c) δωρεά / δῶρον (dōreá / dōron, “dom/presente”)
- Relação com graça: a salvação é oferta — recebida, não conquistada. João enfatiza que a relação com Deus é recepcional.
d) πίστις (pístis, “fé”) e μάρτυς / μαρτυρία (martyría, “testemunho”)
- Fé: reação que cresce da percepção de quem Jesus é.
- Testemunho: a mulher dá testemunho eficaz; a comunidade responde. João articula repetidamente a dinâmica “verbo → testemunho humano → crer”.
3. Relação com o Antigo Testamento
- O motivo da água viva tem antecedentes proféticos: Ezequiel 36:25–27, Isaías 55:1, Jeremias 2:13 — Deus promete restauração por meio de água/espírito.
- O mandamento contra parcialidade aparece em textos legislativos (Levítico 19; Deuteronômio) — a atitude de Jesus mostra fidelidade a essa ética de Deus, superior a costumes humanos que excluem.
4. Leituras acadêmicas recomendadas (perspectiva histórica-teológica)
- D. A. Carson — O Comentário de João (estudo sobre diálogo e significados simbólicos).
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João (análises literárias e temas sacramentais).
- Craig S. Keener — comentário sociohistórico (útil para contexto judaico-samaritano).
- Andreas J. Köstenberger, Leon Morris — notas exegéticas e lingüísticas sobre os termos centrais (ὕδωρ ζῶν; δωρεά; etc.).
(essas obras são obras-clássicas em comentário joanino e úteis para ensino e pesquisa.)
5. Teologia prática / Aplicação pessoal
- Igreja sem fronteiras: o evangelho exige que ultrapassemos barreiras étnicas, sociais, culturais e de gênero — missão busca os marginais. Pergunte: quem são as “samaritanas” hoje na minha cidade?
- Diálogo que revela: Jesus ouve e responde de forma que transforma a pergunta prática em encontro teológico. A pastoral concreta começa com perguntas honestas e termina apontando para o dom de Deus.
- Testemunho transformador: a samaritana se torna evangelista. O encontro com Cristo transforma quem era estigmatizado em testemunha eficaz — nossa vida pessoal é o primeiro “livro” que o mundo lê.
- Não confiar em “baldes”: a busca por soluções rápidas (status, rituais, performance religiosa) nunca sacia plenamente; a vida no Espírito é fonte contínua.
- Prática da não-parcialidade: no ministério e vida diária, evitar favoritismos (no trabalho, na igreja, na justiça), viver a ética de Deuteronômio/Levítico à luz de Cristo.
6. Esboço exegético-teológico (breve)
- Jesus inicia com uma ruptura cultural (pede água), criando espaço para a revelação.
- O diálogo desloca o desejo físico para a sede espiritual: Jesus oferece água viva (dom escatológico).
- A mulher progride do reconhecimento superficial (profeta) ao reconhecimento messiânico; esse crescimento exemplifica o caminho da fé.
- O relato conclui com resposta comunitária: a mulher converte sua cidade e muitos crem — evangelismo nasce do encontro pessoal e do testemunho.
7. Tabela expositiva (para uso em aula/sermão)
Elemento
Termo (grego/hebraico)
Significado teológico
Passagem-chave
Aplicação prática
Não fazer acepção
πρόσωπον / προσωποληψία ; heb. פָּנִים
Deus não favorece por status; justiça e graça universais
Dt 10; Jo 4.9–10
A igreja pratica inclusão radical
Água que dá vida
ὕδωρ ζῶν
Espírito / vida eterna (fonte interior)
Jo 4.10,14; 7.37–39
Buscar vida no Espírito, não em remédios temporários
Dom
δωρεά / δῶρον
Graça recebida, não conquistada
Jo 4.10
Encorajar oração simples por graça
Testemunho transformador
μαρτυρία / λόγος
Encontro → testemunho → conversão
Jo 4.28–30,39–42
Formar discípulos que contam suas histórias
Cruzando fronteiras
Ἰουδαῖος / Σαμαρίτης
Jesus rompe tabu social/religioso
Jo 4.1–9
Missão transcultural e reconciliação
8. Perguntas para reflexão / grupo pequeno
- Quais “poços” (fontes) temos tentado usar para saciar a sede espiritual?
- Em que áreas da minha igreja ou cidade somos lentos para falar com “samaritanos” (pessoas diferentes ou marginalizadas)?
- Como minha história pessoal pode se transformar em testemunho eficaz como o da mulher?
1. Panorama e propósito
O episódio de Jesus e a mulher samaritana (Jo 4:1–42) funciona como microcosmo do evangelho joanino: revelação progressiva da identidade de Jesus (rabi → profeta → Messias → Senhor), oferta do “dom” (δωρεά/δῶρον) da vida (ὕδωρ ζῶν) e missão (a mulher torna-se evangelista). No centro está a afirmação teológica: a salvação não obedece a fronteiras étnicas, de gênero ou morais — Jesus trata a samaritana com plena dignidade e a revela como porta-voz do anúncio messiânico.
A afirmação temática que você deu — Jesus não faz acepção de pessoas — encontra eco explícito em passagens do AT (Deuteronômio, Levítico) e do NT (Rm 2.11; Gl 2.6), e se manifesta narrativamente aqui: ele fala com uma mulher, samaritana e de vida duvidosa — exatamente as três categorias que a cultura judaica marginalizava.
2. Palavras-chave: grego e hebraico (análise)
a) πρόσωπον / προσωποληψία (prósōpon / prosōpolēpsia)
- Hebraico paralelo: פָּנִים (panim) em contextos do AT como “não faças acepção de pessoas” — por exemplo, Dt 1.17; Lv 19.15; Dt 10.17 (לֹא תַשָּׁא פָנִים / לֹא־תָשִׁית פָנִים).
- Sentido: não mostrar parcialidade, não julgar com base em status social. No NT, a ideia aparece em formularios como προσωποληψία (p.ex. Tg 2:1–9 combate “feições”/favorecimento).
- Exegese em João 4: Jesus ignora costumes que impedem interação (Judeus ↔ Samaritanos) e demonstra que o padrão divino é outra coisa: graça e oferta universal.
b) ὕδωρ ζῶν (húdōr zōn, “água viva”)
- Implicação teológica: metáfora do dom do Espírito (Jo 7.37–39; Ez 36.25–27). Água que apenas “balde” não serve — Jesus oferece fonte interior.
- Função narrativa: catalisa o diálogo e revela a miséria espiritual e a solução em Cristo.
c) δωρεά / δῶρον (dōreá / dōron, “dom/presente”)
- Relação com graça: a salvação é oferta — recebida, não conquistada. João enfatiza que a relação com Deus é recepcional.
d) πίστις (pístis, “fé”) e μάρτυς / μαρτυρία (martyría, “testemunho”)
- Fé: reação que cresce da percepção de quem Jesus é.
- Testemunho: a mulher dá testemunho eficaz; a comunidade responde. João articula repetidamente a dinâmica “verbo → testemunho humano → crer”.
3. Relação com o Antigo Testamento
- O motivo da água viva tem antecedentes proféticos: Ezequiel 36:25–27, Isaías 55:1, Jeremias 2:13 — Deus promete restauração por meio de água/espírito.
- O mandamento contra parcialidade aparece em textos legislativos (Levítico 19; Deuteronômio) — a atitude de Jesus mostra fidelidade a essa ética de Deus, superior a costumes humanos que excluem.
4. Leituras acadêmicas recomendadas (perspectiva histórica-teológica)
- D. A. Carson — O Comentário de João (estudo sobre diálogo e significados simbólicos).
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João (análises literárias e temas sacramentais).
- Craig S. Keener — comentário sociohistórico (útil para contexto judaico-samaritano).
- Andreas J. Köstenberger, Leon Morris — notas exegéticas e lingüísticas sobre os termos centrais (ὕδωρ ζῶν; δωρεά; etc.).
(essas obras são obras-clássicas em comentário joanino e úteis para ensino e pesquisa.)
5. Teologia prática / Aplicação pessoal
- Igreja sem fronteiras: o evangelho exige que ultrapassemos barreiras étnicas, sociais, culturais e de gênero — missão busca os marginais. Pergunte: quem são as “samaritanas” hoje na minha cidade?
- Diálogo que revela: Jesus ouve e responde de forma que transforma a pergunta prática em encontro teológico. A pastoral concreta começa com perguntas honestas e termina apontando para o dom de Deus.
- Testemunho transformador: a samaritana se torna evangelista. O encontro com Cristo transforma quem era estigmatizado em testemunha eficaz — nossa vida pessoal é o primeiro “livro” que o mundo lê.
- Não confiar em “baldes”: a busca por soluções rápidas (status, rituais, performance religiosa) nunca sacia plenamente; a vida no Espírito é fonte contínua.
- Prática da não-parcialidade: no ministério e vida diária, evitar favoritismos (no trabalho, na igreja, na justiça), viver a ética de Deuteronômio/Levítico à luz de Cristo.
6. Esboço exegético-teológico (breve)
- Jesus inicia com uma ruptura cultural (pede água), criando espaço para a revelação.
- O diálogo desloca o desejo físico para a sede espiritual: Jesus oferece água viva (dom escatológico).
- A mulher progride do reconhecimento superficial (profeta) ao reconhecimento messiânico; esse crescimento exemplifica o caminho da fé.
- O relato conclui com resposta comunitária: a mulher converte sua cidade e muitos crem — evangelismo nasce do encontro pessoal e do testemunho.
7. Tabela expositiva (para uso em aula/sermão)
Elemento | Termo (grego/hebraico) | Significado teológico | Passagem-chave | Aplicação prática |
Não fazer acepção | πρόσωπον / προσωποληψία ; heb. פָּנִים | Deus não favorece por status; justiça e graça universais | Dt 10; Jo 4.9–10 | A igreja pratica inclusão radical |
Água que dá vida | ὕδωρ ζῶν | Espírito / vida eterna (fonte interior) | Jo 4.10,14; 7.37–39 | Buscar vida no Espírito, não em remédios temporários |
Dom | δωρεά / δῶρον | Graça recebida, não conquistada | Jo 4.10 | Encorajar oração simples por graça |
Testemunho transformador | μαρτυρία / λόγος | Encontro → testemunho → conversão | Jo 4.28–30,39–42 | Formar discípulos que contam suas histórias |
Cruzando fronteiras | Ἰουδαῖος / Σαμαρίτης | Jesus rompe tabu social/religioso | Jo 4.1–9 | Missão transcultural e reconciliação |
8. Perguntas para reflexão / grupo pequeno
- Quais “poços” (fontes) temos tentado usar para saciar a sede espiritual?
- Em que áreas da minha igreja ou cidade somos lentos para falar com “samaritanos” (pessoas diferentes ou marginalizadas)?
- Como minha história pessoal pode se transformar em testemunho eficaz como o da mulher?
1- O Evangelho é para todos
No capítulo 4 do Evangelho de João, temos o encontro de Jesus com uma mulher samaritana (Jo 4.7). Embora os judeus considerassem os samaritanos um povo impuro, Jesus não apenas conversou com aquela mulher, mas também lhe revelou ser o Messias Prometido (Jo 4.25,26). João relata que, pelo testemunho dela, muitos samaritanos creram em Jesus (Jo 4.41).
1.1. Jesus quebra barreiras e transforma mentalidades. Após o reinado de Salomão, o povo de Israel se dividiu em dois reinos: o do Norte e o do Sul (1 Rs 12.20). As tribos do Sul tinham Judá como capital; e o povo, num primeiro momento, continuou adorando somente a Deus e observando as cerimônias no Templo. Porém, as tribos do reino do Norte, logo se corrompeu. Pois Jeroboão, temendo que o povo se tornasse para o reino do Sul por causa do Templo, estabeleceu bezerros de ouro, sacerdotes e cerimônias religiosas, e essas ações desagradaram a Deus (1 Rs 12.26-33). Mais tarde, após as tribos serem levadas cativas pelo Império Assírio, o restante dos israelitas que ficaram se reuniram pelo casamento com os povos de outras regiões, os quais foram transportados para a terra de Israel (2Rs 17.24-41). Ao longo dos anos, foi aumentando o distanciamento entre os habitantes do Norte e do Sul de Judá, onde estavam Jerusalém e o Templo. Daí a surpresa da mulher samaritana quando Jesus se dirige a ela, fato que causou admiração também dos discípulos (Jo 4.9,27). Nosso Senhor não era preconceituoso e veio buscar e salvar os perdidos (Lc 19.10).
Manual Bíblico SBB (3ª ed. Revisada, 2018, p.531): “Os samaritanos eram descendentes de israelitas que haviam sobrevivido à destruição do reino do Norte e que haviam casado com gente estrangeira que havia sido transferida para aquela região depois da queda de Samaria em 722/1 a.C. Nunca foram integrados no reino de Judá e, na época de Neemias, a divisão se cristalizou. A construção do Templo samaritano no monte Gerizim, nas proximidades de Siquém (Jo 4.20), levou os judeus a definitivamente repudiaram os samaritanos. Foi o rei judeu Hircano quem destruiu o templo samaritano em 128 a.C. No entanto, os samaritanos adoravam o mesmo Deus. […] O ódio dos judeus em relação aos samaritanos se baseava mais em fatores históricos e raciais do que em qualquer diferença fundamental de religião”.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1. Síntese teológica (núcleo)
João 4 apresenta um dos episódios mais nítidos do NT em mostrar que o evangelho atravessa barreiras étnicas, sociais e morais. Jesus, ao falar com a mulher samaritana, demonstra que a graça é oferecida sem acepção de pessoas (cf. Rm 2.11), que a identidade messiânica de Jesus é revelada progressivamente e que o encontro pessoal com Cristo produz testemunho eficaz e missão (a mulher torna-se evangelista). A narrativa ensina que o dom (δωρεά) de Deus — a “água viva” (ὕδωρ ζῶν), identificada com o Espírito — é dado a todo aquele que crer (πιστεύω), independentemente de pedigree étnico ou passado moral.
2. Contexto histórico e bíblico
- Samaritanos = povo de Samaria (שֹׁמְרוֹן, Shomron). Resultado das reformas de Jeroboão (1Rs 12) e das misturas étnicas após a queda de Samaria (2Rs 17). O monte Gerizim (Γερεισὶμ / Gerizim) tornou-se centro cultual samaritano, gerando rutura com Jerusalém.
- Tensão judaico–samaritana: hostilidade histórica e rituais divergentes; João explora essa ruptura para sublinhar que Jesus desafia fronteiras religiosas e étnicas.
- Panorama bíblico maior: a missão universal está presente em toda a Escritura (p. ex. Is 49; as promessas abraâmicas) e se cumpre em Cristo (cf. Rm 1.16: evangelho «poder de Deus para salvação de todo o que crê»).
3. Análise léxica (grego / hebraico) — termos-chave em João 4
- Σαμαρίτις / Σαμαρίτης (Samarítis / Samareitēs) — feminino / masculino de “samaritano(a)”. O uso do termo em João realça a outra identidade étnico-religiosa da mulher; a narrativa joga com o tabu social que Jesus transgride.
- γυνή (gynē) — “mulher”: João sublinha gênero e a exposição social da mulher (v.6; era meio-dia — isolamento). Jesus rompe a norma rabínica de evitar falar com mulheres em público.
- ὕδωρ ζῶν (húdōr zōn) — “água viva”: imagem escatológica do dom do Espírito (cf. Jo 7.37–39; Ez 36.25–27). Jesus oferece uma fonte interior, não soluções episódicas.
- δωρεά / δῶρον (dōreá / dōron) — “dom/presente”: salvação é graça recebida; convide-se a pedir. João vincula “dom” ao Espírito que Jesus dará.
- πιστεύω (pisteuō) — “crer / crer em”: termo central; fé em João tem conteúdo pessoal (crer em Jesus) e resulta em efetiva comunhão com o Pai. João frequentemente usa πίστις + εἰς/ἐν (crer em) para indicar confiança pessoal em Cristo.
- μαρτυρία / μαρτυρέω (martyria / martyreō) — “testemunho / dar testemunho”: a mulher é exemplo de testemunho leigo que leva à conversão da comunidade (4.28–30; 39–41). Testemunho pessoal é meio eficaz da missão.
4. Referências acadêmicas (seleção útil)
- D. A. Carson, The Gospel According to John (PNTC) — análise exegética e teológica do diálogo.
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João— leitura literária e sacramental do evangelho.
- Craig S. Keener, The Gospel of John: A Commentary — contexto histórico e cultural (poços, samaritanos, práticas de pureza).
- Andreas J. Köstenberger (BECNT) e Leon Morris (NICNT) — comentários concisos sobre palavras-chave e teologia joanina.
- Manual Bíblico SBB — boa síntese histórica sobre samaritãos (já citado por você).
5. Observações teológicas e pastorais (desdobramentos)
- Universalidade da oferta: João 4 demonstra que o evangelho não é patrimonial de um grupo; é oferta universal (portanto missão transcultural é bíblica).
- Cristologia progressiva e revelação: Jesus se revela por etapas — rabino → profeta → Messias (Χριστός) → aquele que “sou eu” (ἐγώ εἰμι). O processo mostra que fé frequentemente cresce por degraus.
- Missão que começa no encontro pessoal: encontro transformador gera testemunho e evangelismo comunitário (a mulher converte a cidade). O laico tem papel ativo na missão.
- Crítica ao exclusivismo religioso: o texto condena barreiras religiosas que bloqueiam o encontro com Deus; inclusão não é relativismo, é cumprimento da vocação divina de alcançar “todas as nações”.
- Pastoral da dignidade: Jesus dignifica a mulher (perdoa, revela), mostrando como a missão cristã cuida dos marginalizados — implicação direta para ministérios com mulheres, minorias e excluídos.
6. Aplicação pessoal e eclesial
- Igreja hospitaleira: cultivar espaços que ultrapassem barreiras étnicas, culturais e de gênero.
- Testemunho cotidiano: formar crentes para contar sua experiência com simplicidade — o testemunho da mulher é modelo: não precisava de erudição, só de sinceridade.
- Revisão de “poços”: identificar fontes temporárias de satisfação (status, rituais, consumo) e conduzir pessoas ao “dom” que sacia: o Espírito.
- Treinar liderança para cruzar tabus: líderes devem aprender com Jesus a atravessar fronteiras saudáveis e compartilhar graça sem comprometer a verdade.
7. Tabela expositiva (prática para ensino / pregação)
Elemento / verso
Termo grego / hebraico
Sentido literal
Importância teológica
Aplicação prática
João 4.7–9 — o pedido
δίδωμι / δός μοι
“Dá-me” (pedido direto)
Salvação é dom; igreja inicia o diálogo
Praticar perguntas acolhedoras; convidar ao pedido de graça
João 4.10 — dom de Deus
τὴν δωρεὰν τοῦ θεοῦ
“o dom de Deus”
Graça / Espírito como dom escatológico
Ensinar a pedir e receber o Espírito
João 4.14 — água viva
ὕδωρ ζῶν
“água viva” (fonte interior)
Vida eterna como realidade presente (Espírito)
Cultivar vida no Espírito (oração, Palavra)
João 4.25–26 — Messias/Χριστός
μεσσίας / χριστός; ἐγώ εἰμι
“Messias/Eu sou”
Identidade messiânica e eco do Êx 3.14
Levar crentes ao reconhecimento pessoal de Cristo
João 4.39–42 — testemunho
μαρτυρία / ἐπίστευσαν
testemunho → muitos creram
Testemunho leigo transforma comunidades
Treinar e encorajar testemunhos pessoais
Histórico
שֹׁמְרוֹן (Shomron), Har Gerizim
Samaria / Gerizim
Tensão histórica favorece lição sobre inclusão
Combater preconceitos locais; atualizar políticas de inclusão
8. Conclusão breve
João 4 é um texto-mestre sobre a universalidade do evangelho: Jesus atravessa rutura étnico-religiosa, oferece o dom do Espírito a quem o pede, revela-se Messias e transforma uma marginalizada em missionária. A lição é dupla: Deus não faz acepção de pessoas — e a Igreja, enquanto corpo de Cristo, é chamada a imitar esse padrão, pregando o evangelho às periferias e formando vidas que se tornem fontes vivas.
1. Síntese teológica (núcleo)
João 4 apresenta um dos episódios mais nítidos do NT em mostrar que o evangelho atravessa barreiras étnicas, sociais e morais. Jesus, ao falar com a mulher samaritana, demonstra que a graça é oferecida sem acepção de pessoas (cf. Rm 2.11), que a identidade messiânica de Jesus é revelada progressivamente e que o encontro pessoal com Cristo produz testemunho eficaz e missão (a mulher torna-se evangelista). A narrativa ensina que o dom (δωρεά) de Deus — a “água viva” (ὕδωρ ζῶν), identificada com o Espírito — é dado a todo aquele que crer (πιστεύω), independentemente de pedigree étnico ou passado moral.
2. Contexto histórico e bíblico
- Samaritanos = povo de Samaria (שֹׁמְרוֹן, Shomron). Resultado das reformas de Jeroboão (1Rs 12) e das misturas étnicas após a queda de Samaria (2Rs 17). O monte Gerizim (Γερεισὶμ / Gerizim) tornou-se centro cultual samaritano, gerando rutura com Jerusalém.
- Tensão judaico–samaritana: hostilidade histórica e rituais divergentes; João explora essa ruptura para sublinhar que Jesus desafia fronteiras religiosas e étnicas.
- Panorama bíblico maior: a missão universal está presente em toda a Escritura (p. ex. Is 49; as promessas abraâmicas) e se cumpre em Cristo (cf. Rm 1.16: evangelho «poder de Deus para salvação de todo o que crê»).
3. Análise léxica (grego / hebraico) — termos-chave em João 4
- Σαμαρίτις / Σαμαρίτης (Samarítis / Samareitēs) — feminino / masculino de “samaritano(a)”. O uso do termo em João realça a outra identidade étnico-religiosa da mulher; a narrativa joga com o tabu social que Jesus transgride.
- γυνή (gynē) — “mulher”: João sublinha gênero e a exposição social da mulher (v.6; era meio-dia — isolamento). Jesus rompe a norma rabínica de evitar falar com mulheres em público.
- ὕδωρ ζῶν (húdōr zōn) — “água viva”: imagem escatológica do dom do Espírito (cf. Jo 7.37–39; Ez 36.25–27). Jesus oferece uma fonte interior, não soluções episódicas.
- δωρεά / δῶρον (dōreá / dōron) — “dom/presente”: salvação é graça recebida; convide-se a pedir. João vincula “dom” ao Espírito que Jesus dará.
- πιστεύω (pisteuō) — “crer / crer em”: termo central; fé em João tem conteúdo pessoal (crer em Jesus) e resulta em efetiva comunhão com o Pai. João frequentemente usa πίστις + εἰς/ἐν (crer em) para indicar confiança pessoal em Cristo.
- μαρτυρία / μαρτυρέω (martyria / martyreō) — “testemunho / dar testemunho”: a mulher é exemplo de testemunho leigo que leva à conversão da comunidade (4.28–30; 39–41). Testemunho pessoal é meio eficaz da missão.
4. Referências acadêmicas (seleção útil)
- D. A. Carson, The Gospel According to John (PNTC) — análise exegética e teológica do diálogo.
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João— leitura literária e sacramental do evangelho.
- Craig S. Keener, The Gospel of John: A Commentary — contexto histórico e cultural (poços, samaritanos, práticas de pureza).
- Andreas J. Köstenberger (BECNT) e Leon Morris (NICNT) — comentários concisos sobre palavras-chave e teologia joanina.
- Manual Bíblico SBB — boa síntese histórica sobre samaritãos (já citado por você).
5. Observações teológicas e pastorais (desdobramentos)
- Universalidade da oferta: João 4 demonstra que o evangelho não é patrimonial de um grupo; é oferta universal (portanto missão transcultural é bíblica).
- Cristologia progressiva e revelação: Jesus se revela por etapas — rabino → profeta → Messias (Χριστός) → aquele que “sou eu” (ἐγώ εἰμι). O processo mostra que fé frequentemente cresce por degraus.
- Missão que começa no encontro pessoal: encontro transformador gera testemunho e evangelismo comunitário (a mulher converte a cidade). O laico tem papel ativo na missão.
- Crítica ao exclusivismo religioso: o texto condena barreiras religiosas que bloqueiam o encontro com Deus; inclusão não é relativismo, é cumprimento da vocação divina de alcançar “todas as nações”.
- Pastoral da dignidade: Jesus dignifica a mulher (perdoa, revela), mostrando como a missão cristã cuida dos marginalizados — implicação direta para ministérios com mulheres, minorias e excluídos.
6. Aplicação pessoal e eclesial
- Igreja hospitaleira: cultivar espaços que ultrapassem barreiras étnicas, culturais e de gênero.
- Testemunho cotidiano: formar crentes para contar sua experiência com simplicidade — o testemunho da mulher é modelo: não precisava de erudição, só de sinceridade.
- Revisão de “poços”: identificar fontes temporárias de satisfação (status, rituais, consumo) e conduzir pessoas ao “dom” que sacia: o Espírito.
- Treinar liderança para cruzar tabus: líderes devem aprender com Jesus a atravessar fronteiras saudáveis e compartilhar graça sem comprometer a verdade.
7. Tabela expositiva (prática para ensino / pregação)
Elemento / verso | Termo grego / hebraico | Sentido literal | Importância teológica | Aplicação prática |
João 4.7–9 — o pedido | δίδωμι / δός μοι | “Dá-me” (pedido direto) | Salvação é dom; igreja inicia o diálogo | Praticar perguntas acolhedoras; convidar ao pedido de graça |
João 4.10 — dom de Deus | τὴν δωρεὰν τοῦ θεοῦ | “o dom de Deus” | Graça / Espírito como dom escatológico | Ensinar a pedir e receber o Espírito |
João 4.14 — água viva | ὕδωρ ζῶν | “água viva” (fonte interior) | Vida eterna como realidade presente (Espírito) | Cultivar vida no Espírito (oração, Palavra) |
João 4.25–26 — Messias/Χριστός | μεσσίας / χριστός; ἐγώ εἰμι | “Messias/Eu sou” | Identidade messiânica e eco do Êx 3.14 | Levar crentes ao reconhecimento pessoal de Cristo |
João 4.39–42 — testemunho | μαρτυρία / ἐπίστευσαν | testemunho → muitos creram | Testemunho leigo transforma comunidades | Treinar e encorajar testemunhos pessoais |
Histórico | שֹׁמְרוֹן (Shomron), Har Gerizim | Samaria / Gerizim | Tensão histórica favorece lição sobre inclusão | Combater preconceitos locais; atualizar políticas de inclusão |
8. Conclusão breve
João 4 é um texto-mestre sobre a universalidade do evangelho: Jesus atravessa rutura étnico-religiosa, oferece o dom do Espírito a quem o pede, revela-se Messias e transforma uma marginalizada em missionária. A lição é dupla: Deus não faz acepção de pessoas — e a Igreja, enquanto corpo de Cristo, é chamada a imitar esse padrão, pregando o evangelho às periferias e formando vidas que se tornem fontes vivas.
1.2. Jesus cumpre o Ide. João relata que, em Sua peregrinação, era necessário que Jesus passasse por Samaria (Jo 4.4). Na verdade, embora Samaria não fosse uma rota amistosa aos judeus, era indispensável que Jesus encontrasse a mulher samaritana à beira do poço para confrontá-la em Amor (Jo 4.16-18). Ali, apesar das diferenças entre judeus e samaritanos, Jesus nos mostra que Seu Reino está disponível aos corações sedentos de Deus, e a missão cristã deve se sobrepor aos preconceitos, sejam raciais ou sociais. A muralha do preconceito cai onde o Evangelho se faz presente.
Ralph Earle & Joseph Mayfield (2019, p.56): “E era-lhe necessário passar por Samaria. O termo necessário expressa uma obrigação que pode ter dupla natureza. A rota mais curta entre a Judeia e a Galileia era através de Samaria. Entretanto, devido à profunda animosidade entre judeus e samaritanos, muitos judeus que iam da Judeia para a Galiléia se encaminharam pelo lado leste, passando pelo Jordão, pelo norte através da Peréia e novamente pelo Jordão até a Galiléia. Pode ter ocorrido que, para ganhar tempo, Jesus tenha passado por dentro de Samaria. Entretanto, é mais provável que a necessidade expressa aqui esteja relacionada ao propósito e à missão do Senhor”.
1.3. Jesus socorre os que vão a Ele. João esclareceu a relação entre judeus e samaritanos: “Os judeus não se comunicam com os samaritanos, Jo 4.9. A própria mulher perguntou: “Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, mulher samaritana?” Jo 4.9 Ela mostra não ter conhecimento de que estava diante dAquele que veio trazer a Salvação: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna, João 3.16.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal (2021, p.508): “A mulher samaritana ficou muito surpresa; primeiro pelo fato de um judeu se dirigir a um samaritano; segundo, por falar com uma mulher samaritana (ela também tinha má reputação e esse era um lugar público e terceiro, por beber do copo de um samaritano. As leis cerimoniais judaicas diziam que certas pessoas eram impuras, e também que qualquer coisa elas tocassem se tornaram impuras. Em termos estritamente religiosos, muitos judeus da época de Jesus consideravam os samaritanos como um povo permanentemente impuro”.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1.2 — “Era-lhe necessário passar por Samaria” (Jo 4.4): necessidade providencial vs. rota
Texto e termo-chave
O grego de João 4.4: ἔδει δὲ αὐτὸν διέρχεσθαι διὰ τῆς Σαμαρείας.
O verbo-chave é ἔδει, forma imperfecta do impessoal δεῖ (δεῖ/ἔδει) — “é necessário / era necessário”.
Análise léxica e nuance
- δεῖ / ἔδει: termo que expressa necessidade, obrigação ou condição inevitável. Mas δεῖ pode indicar necessidade lógica/ providencial (o que deve acontecer segundo o desígnio de Deus) ou necessidade circunstancial/ prática (o caminho mais curto, necessidade de viagem). João, em geral, usa linguagem que combina planos divinos com ações humanas (cf. João 3.14; 12.27–36 — a cruz e a exaltação são “necessárias”).
- διέρχεσθαι / διέλθειν: “passar através/atravessar” — verbo de movimento; aqui descreve a rota física (atravessar Samaria) e simultaneamente marca a travessia teológica: atravessar preconceitos e fronteiras étnicas.
Leituras interpretativas
- Rota logística: alguns comentaristas (observação prática citada por: Earle & Mayfield) apontam que a rota por Samaria é o caminho mais curto entre Judeia e Galileia; portanto “era necessário” poderia simplesmente dizer que Jesus tomou esse caminho por razões geográficas.
- Necessidade missionária/providencial: a interpretação mais recorrente na tradição exegética joanina (Carson, Brown, Keener) entende ἔδει como expressão da necessidade vinculada ao propósito messiânico: Jesus devia passar por ali porque havia alguém (a mulher) a ser alcançada; por isso a viagem é teologicamente ordenada. Em João, “necessário” frequentemente significa “parte do propósito redentor de Deus” (cf. Jo 12.27; 13.7).
Síntese: João intencionalmente usa o verbo para dar dupla profundidade: há uma plausibilidade prática (rota) mas — e sobretudo — uma necessidade providencial: o ministério inclusivo de Jesus opera segundo o propósito de Deus de alcançar os marginalizados.
Contexto histórico e social
- Samaria (Heb. שֹׁמְרוֹן, Shomron) e os samaritanos eram alvo de forte animosidade entre muitos judeus (rutura pós-Salomão; templo em Gerizim etc.). A “necessidade” de Jesus atravessa explicitamente esse muro.
- Josephus e literatura rabínica, bem como a política do período helenístico, atestam a hostilidade e diferenças rituais — cenário que torna o gesto de Jesus ainda mais deliberado.
Implicação teológica
- João mostra que a missão do Filho não é confinada a recintos “legais” (templo, etnia). A necessidade em João é sinônimo de razão messiânica: Jesus age segundo o desígnio divino de inclusão (o “era necessário” é, portanto, expressão de soberania e missão).
1.3 — “Jesus socorre os que vão a Ele” / “Jesus socorre os que vêm até Ele” (Jo 4.9; Jo 3.16)
Texto e frases de referência
- Jo 4.9: οὐ γὰρ συγχρῶνται Ἰουδαῖοι Σαμαρίταις — “pois os judeus não se comunicam com os samaritanos.” (verbo συγχράομαι: “usar em comum / manter relações” — marca o tabu social).
- Jo 4.10; 4.14; Jo 3.16: a oferta de Jesus é o δωρεά (dom) — “Se conhecesses o dom de Deus… daria-te ὕδωρ ζῶν” — “água viva”.
Análise léxica
- συγχράομαι: sublinha exclusão social/ritual; o choque da mulher ao ouvir Jesus é culturalmente compreensível.
- δωρεά / δῶρον: no Johannino, “dom” é categoria teológica: o que Deus dá (graça, Espírito). Não uma recompensa, mas presente gratuito.
- ὕδωρ ζῶν: “água viva” — símbolo do Espírito e da vida eterna (cf. Jo 7.37–39; Ezeq 36.25–27).
- πιστεύειν / πιστεύω: a fé em João é pessoal: crer em Jesus. Quem “vem a Ele” é convidado a crer; quem atende ao chamado recebe o dom.
“Jesus socorre os que vêm a Ele” — tensão iniciativa/resposta
- João apresenta um movimento duplo: Jesus inicia (Ele vai ao poço, pede água), convida (conhecer o dom), e responde à fé (dá o dom).
- Paralelo Lc 19.10 (“o Filho do Homem … buscar e salvar o que se havia perdido”) e João 3.16 (amor que envia o Filho): a presença salvífica de Jesus combina iniciativa divina e resposta humana.
- A mulher representa aqueles que, apesar de marginalizados, põem-se a escutar (vai ao poço; dialoga) — Jesus socorre justamente essa abertura humana com o dom.
Teologia pastoral e missional
- Jesus atravessa exclusões sociais: ele quebra o tabu judaico-samaritano e demonstra que o Reino não faz acepção de pessoas (cf. Rm 2.11).
- Missão que dignifica: Jesus dignifica a mulher (não a humilha), revela a verdade e depois a transforma em testemunha (4.28–30). Missão não é apenas pregação, é encontro que restaura dignidade e envia.
- Socorro = dom do Espírito: o “socorro” definitivo que Jesus oferece é o Espírito, que transforma a sede humana em fonte (Jo 4.14). Não é primeiro um sistema de regras; é restauração de vida.
Referências acadêmicas cristãs (seleção para leitura aprofundada)
- D. A. Carson, The Gospel According to John (PNTC) — leitura exegética e teológica do diálogo.
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João — comentários literários e teológicos sobre João 4.
- Craig S. Keener, The Gospel of John: A Commentary — contexto histórico-cultural e prática social (poços, samaritanos).
- Andreas J. Köstenberger, John (BECNT) — claro, útil para pregação e estudo.
- N. T. Wright, John for Everyone (ou outros textos de Wright sobre missão) — para refletir a implicação missionária.
- (Referência que você trouxe) Ralph Earle & Joseph Mayfield — comentário prático que discute a rota e o sentido “era-lhe necessário”.
Aplicação pessoal e eclesial (prática)
- Revise seus “roteiros” e atalhos: como Jesus optou por atravessar Samaria, as igrejas e crentes devem estar dispostos a escolher caminhos que encontrem os marginalizados, mesmo que isto não seja “conveniente”.
- Examine preconceitos concretos: identifique grupos que, por tradição ou medo, “não se comunicam” na sua comunidade (econômicos, étnicos, culturais, de estilo de vida) e peça a Cristo coragem para aproximar-se.
- Priorize dignidade antes de doutrina: Jesus tratou a mulher com honra; nossa missão deve dignificar antes de doutrinar.
- Aprenda a oferecer o dom, não apenas regras: a vida cristã que atrai é a que oferece o Espírito — formas de discipulado que mostram fruto do Espírito são mais convincentes que listas de mandamentos.
- Seja testemunha: como a mulher saiu e contou, cada crente pode ser porta-voz sincero da experiência de encontro com Cristo — o relato pessoal é poderoso.
Tabela expositiva resumida
Item
Texto-chave
Termo grego / hebraico
Significado teológico
Aplicação prática
1
Jo 4.4
ἔδει (imperfect of δεῖ)
Necessidade providencial / missão divina
Tome rotas missionárias mesmo se difíceis
2
Jo 4.4
διέρχεσθαι / διὰ τῆς Σαμαρείας
“passar por Samaria” (Shomron — שֹׁמְרוֹן)
Jesus atravessa fronteiras; nós também devemos
3
Jo 4.9
συγχράομαι
“não se comunicam” — tabu social/ritual
Identificar e romper barreiras culturais
4
Jo 4.10
δωρεά (δῶρον)
Dom de Deus = graça / Espírito
Ensinar oração por e dependência do dom
5
Jo 4.14
ὕδωρ ζῶν
Água viva = Espírito / vida eterna agora
Promover espiritualidade que gera fonte interior
6
Jo 4.28–39
μαρτυρία
Testemunho transformador
Treinar e encorajar relatos pessoais de fé
1.2 — “Era-lhe necessário passar por Samaria” (Jo 4.4): necessidade providencial vs. rota
Texto e termo-chave
O grego de João 4.4: ἔδει δὲ αὐτὸν διέρχεσθαι διὰ τῆς Σαμαρείας.
O verbo-chave é ἔδει, forma imperfecta do impessoal δεῖ (δεῖ/ἔδει) — “é necessário / era necessário”.
Análise léxica e nuance
- δεῖ / ἔδει: termo que expressa necessidade, obrigação ou condição inevitável. Mas δεῖ pode indicar necessidade lógica/ providencial (o que deve acontecer segundo o desígnio de Deus) ou necessidade circunstancial/ prática (o caminho mais curto, necessidade de viagem). João, em geral, usa linguagem que combina planos divinos com ações humanas (cf. João 3.14; 12.27–36 — a cruz e a exaltação são “necessárias”).
- διέρχεσθαι / διέλθειν: “passar através/atravessar” — verbo de movimento; aqui descreve a rota física (atravessar Samaria) e simultaneamente marca a travessia teológica: atravessar preconceitos e fronteiras étnicas.
Leituras interpretativas
- Rota logística: alguns comentaristas (observação prática citada por: Earle & Mayfield) apontam que a rota por Samaria é o caminho mais curto entre Judeia e Galileia; portanto “era necessário” poderia simplesmente dizer que Jesus tomou esse caminho por razões geográficas.
- Necessidade missionária/providencial: a interpretação mais recorrente na tradição exegética joanina (Carson, Brown, Keener) entende ἔδει como expressão da necessidade vinculada ao propósito messiânico: Jesus devia passar por ali porque havia alguém (a mulher) a ser alcançada; por isso a viagem é teologicamente ordenada. Em João, “necessário” frequentemente significa “parte do propósito redentor de Deus” (cf. Jo 12.27; 13.7).
Síntese: João intencionalmente usa o verbo para dar dupla profundidade: há uma plausibilidade prática (rota) mas — e sobretudo — uma necessidade providencial: o ministério inclusivo de Jesus opera segundo o propósito de Deus de alcançar os marginalizados.
Contexto histórico e social
- Samaria (Heb. שֹׁמְרוֹן, Shomron) e os samaritanos eram alvo de forte animosidade entre muitos judeus (rutura pós-Salomão; templo em Gerizim etc.). A “necessidade” de Jesus atravessa explicitamente esse muro.
- Josephus e literatura rabínica, bem como a política do período helenístico, atestam a hostilidade e diferenças rituais — cenário que torna o gesto de Jesus ainda mais deliberado.
Implicação teológica
- João mostra que a missão do Filho não é confinada a recintos “legais” (templo, etnia). A necessidade em João é sinônimo de razão messiânica: Jesus age segundo o desígnio divino de inclusão (o “era necessário” é, portanto, expressão de soberania e missão).
1.3 — “Jesus socorre os que vão a Ele” / “Jesus socorre os que vêm até Ele” (Jo 4.9; Jo 3.16)
Texto e frases de referência
- Jo 4.9: οὐ γὰρ συγχρῶνται Ἰουδαῖοι Σαμαρίταις — “pois os judeus não se comunicam com os samaritanos.” (verbo συγχράομαι: “usar em comum / manter relações” — marca o tabu social).
- Jo 4.10; 4.14; Jo 3.16: a oferta de Jesus é o δωρεά (dom) — “Se conhecesses o dom de Deus… daria-te ὕδωρ ζῶν” — “água viva”.
Análise léxica
- συγχράομαι: sublinha exclusão social/ritual; o choque da mulher ao ouvir Jesus é culturalmente compreensível.
- δωρεά / δῶρον: no Johannino, “dom” é categoria teológica: o que Deus dá (graça, Espírito). Não uma recompensa, mas presente gratuito.
- ὕδωρ ζῶν: “água viva” — símbolo do Espírito e da vida eterna (cf. Jo 7.37–39; Ezeq 36.25–27).
- πιστεύειν / πιστεύω: a fé em João é pessoal: crer em Jesus. Quem “vem a Ele” é convidado a crer; quem atende ao chamado recebe o dom.
“Jesus socorre os que vêm a Ele” — tensão iniciativa/resposta
- João apresenta um movimento duplo: Jesus inicia (Ele vai ao poço, pede água), convida (conhecer o dom), e responde à fé (dá o dom).
- Paralelo Lc 19.10 (“o Filho do Homem … buscar e salvar o que se havia perdido”) e João 3.16 (amor que envia o Filho): a presença salvífica de Jesus combina iniciativa divina e resposta humana.
- A mulher representa aqueles que, apesar de marginalizados, põem-se a escutar (vai ao poço; dialoga) — Jesus socorre justamente essa abertura humana com o dom.
Teologia pastoral e missional
- Jesus atravessa exclusões sociais: ele quebra o tabu judaico-samaritano e demonstra que o Reino não faz acepção de pessoas (cf. Rm 2.11).
- Missão que dignifica: Jesus dignifica a mulher (não a humilha), revela a verdade e depois a transforma em testemunha (4.28–30). Missão não é apenas pregação, é encontro que restaura dignidade e envia.
- Socorro = dom do Espírito: o “socorro” definitivo que Jesus oferece é o Espírito, que transforma a sede humana em fonte (Jo 4.14). Não é primeiro um sistema de regras; é restauração de vida.
Referências acadêmicas cristãs (seleção para leitura aprofundada)
- D. A. Carson, The Gospel According to John (PNTC) — leitura exegética e teológica do diálogo.
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João — comentários literários e teológicos sobre João 4.
- Craig S. Keener, The Gospel of John: A Commentary — contexto histórico-cultural e prática social (poços, samaritanos).
- Andreas J. Köstenberger, John (BECNT) — claro, útil para pregação e estudo.
- N. T. Wright, John for Everyone (ou outros textos de Wright sobre missão) — para refletir a implicação missionária.
- (Referência que você trouxe) Ralph Earle & Joseph Mayfield — comentário prático que discute a rota e o sentido “era-lhe necessário”.
Aplicação pessoal e eclesial (prática)
- Revise seus “roteiros” e atalhos: como Jesus optou por atravessar Samaria, as igrejas e crentes devem estar dispostos a escolher caminhos que encontrem os marginalizados, mesmo que isto não seja “conveniente”.
- Examine preconceitos concretos: identifique grupos que, por tradição ou medo, “não se comunicam” na sua comunidade (econômicos, étnicos, culturais, de estilo de vida) e peça a Cristo coragem para aproximar-se.
- Priorize dignidade antes de doutrina: Jesus tratou a mulher com honra; nossa missão deve dignificar antes de doutrinar.
- Aprenda a oferecer o dom, não apenas regras: a vida cristã que atrai é a que oferece o Espírito — formas de discipulado que mostram fruto do Espírito são mais convincentes que listas de mandamentos.
- Seja testemunha: como a mulher saiu e contou, cada crente pode ser porta-voz sincero da experiência de encontro com Cristo — o relato pessoal é poderoso.
Tabela expositiva resumida
Item | Texto-chave | Termo grego / hebraico | Significado teológico | Aplicação prática |
1 | Jo 4.4 | ἔδει (imperfect of δεῖ) | Necessidade providencial / missão divina | Tome rotas missionárias mesmo se difíceis |
2 | Jo 4.4 | διέρχεσθαι / διὰ τῆς Σαμαρείας | “passar por Samaria” (Shomron — שֹׁמְרוֹן) | Jesus atravessa fronteiras; nós também devemos |
3 | Jo 4.9 | συγχράομαι | “não se comunicam” — tabu social/ritual | Identificar e romper barreiras culturais |
4 | Jo 4.10 | δωρεά (δῶρον) | Dom de Deus = graça / Espírito | Ensinar oração por e dependência do dom |
5 | Jo 4.14 | ὕδωρ ζῶν | Água viva = Espírito / vida eterna agora | Promover espiritualidade que gera fonte interior |
6 | Jo 4.28–39 | μαρτυρία | Testemunho transformador | Treinar e encorajar relatos pessoais de fé |
EU ENSINEI QUE:
A missão de Jesus foi trazer a salvação a todos, sem distinção.
2- Todos temos Sede de Deus
O Filho de Deus conhece a natureza humana e suas necessidades, sabendo como abordar aqueles com quem encontra, pois desceu do céu para fazer a vontade do Pai (Jo 6.38). Ele sabia que, em Samaria, justamente naquele poço, havia uma mulher sedenta do amor do Pai: “Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede e não venha aqui tirá-la, Jo 4.15.
2.1. Uma mulher desprezada. Jesus estava diante de uma mulher que já havia tido cinco maridos, e agora vivia com um homem com quem não era casada (Jo 4.16-18). Certamente, essa condição a fazia desprezível aos olhos da sociedade. Mas Jesus estava ali, junto ao poço, para preencher aquele coração vazio. É possível que ela buscasse preencher esse vazio na companhia de alguns homens; porém, a partir daquele encontro, a samaritana entendeu que só Jesus é capaz de preencher o vazio que toma conta da vida de muitos.
Ralph Earle & Joseph Mayfield (2019, p.57): “Vai, chama o teu marido e vem cá” (v.16). A pergunta era aguda, atingindo o ponto mais profundo do seu ser, investigando a história do seu triste passado. A sua confissão foi simples e, mesmo assim, evasiva. ‘Senhor, não tenho marido’ (17). Refletindo perfeitamente o conhecimento que Jesus tinha dos homens (Jo 2.25), esta solicitação penetrou nela de forma profunda (…). Aparentemente, a mulher agora estava vivendo com um amante, sem o benefício do rito do casamento, possivelmente sem ter se divorciado do último dos seus cinco maridos”.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
João 4.15–18 “Todos temos sede de Deus” — Jesus vai ao coração das pessoas marginalizadas e oferece a água que verdadeiramente sacia.
1. Leitura do texto e dinâmica narrativa
João 4 constrói um diálogo progressivo. A mulher faz um pedido prático (v.15: “Senhor, dá-me dessa água…”), Jesus eleva o sentido (água física → água viva, dom do Espírito) e então, para levar a fé adiante, expõe o assunto central do seu coração: sua história conjugal (vv.16–18). A pergunta de Jesus (“Vai, chama teu marido…”) funciona como estratégia pedagógica: confronta sem humilhar e abre caminho para a confissão e a transformação.
2. Análise das palavras gregas (principais termos)
- δός μοι (dós moi) — imperativo de δίδωμι (“dá-me”): súplica simples, mostra atitude de quem recebe. Em João, a salvação é fruto do dom; o crente pede e recebe.
- ὕδωρ ζῶν (húdōr zôn, “água viva”) — termo teológico central: água que dá vida, remete ao Espírito (cf. Jo 7.37–39; Ez 36.25–27). O contraste é com a água do poço (epidêmica, temporária).
- διψάω / διψῶ (dipsaō / dipsō) — “ter sede”: imagem antropológica da necessidade última do ser humano (sentido físico → existencial/espiritual).
- γυνή (gynē) — “mulher”: João sublinha o gênero (Jesus quebra o tabu de falar em público com mulher), importante para entender a coragem do gesto.
- ἔχω (echō) e ἄνδρας / πέντε (andras / pente) — “ter” / “homens” / “cinco”: a mulher declara “não tenho marido” (Jo 4.17), Jesus revela que ela teve cinco maridos e agora vive com outro (Jo 4.17-18). A linguagem é direta e revela a vida pessoal dela.
- οἶδα / γινώσκω (verbos do conhecimento usados em João) — Jesus “sabe”/“conhece” o que há no homem (cf. Jo 2.25), não por curiosidade mórbida, mas por conhecer o coração para lhe oferecer cura.
Nota lexical: João emprega contrastes (água do poço × água viva; conhecimento humano × conhecimento divino) e a lógica do “mal-entendido” pedagógico, guiando o interlocutor da literalidade para o simbólico e finalmente à fé.
3. Interpretações sobre os “cinco maridos”
A narrativa afirma: ela teve cinco maridos; agora está com um homem que não é seu marido (v.18). A literatura e comentários apresentam interpretações diferentes — mas três pontos merecem destaque:
- Situação factual, não enquadramento moral único. João não busca moralizar; aponta uma realidade social/pessoal que revela sede existencial.
- Possíveis leituras históricas: (a) سریe de casamentos sucessivos (viuvez/divórcios), (b) alternativas de casamento tribal, (c) poligamia — mas o texto não afirma que ela foi “promíscua” necessariamente; estudo histórico (Keener, Brown) lembra que múltiplos casamentos eram socialmente possíveis e que o texto não julga além de expor a situação.
- Fundamento narrativo: o detalhe enfatiza que Jesus conhece a vida íntima e que sua iniciativa é dirigida a curar a vergonha, não apenas corrigir comportamento.
(Referências: Craig Keener, Raymond E. Brown, D. A. Carson — todos tratam Jo 4 em comentários detalhados e discutem essas leituras.)
4. O conhecimento de Jesus: diagnóstico que liberta
João 2.25 afirma que Jesus “não precisava de testemunho acerca do homem, porque conhecia o que havia no homem”. Aqui a revelação da vida da mulher funciona como diagnóstico: Jesus não expõe para envergonhar, mas para que a mulher veja a raiz da sua sede. O objetivo é a libertação: “vem, crê; eu te ofereço a fonte que jorra para a vida eterna.”
5. A atitude de Jesus — confronto que dignifica
Do ponto de vista teológico e pastoral, Jesus demonstra três atitudes que devem marcar o ministério cristão:
- Presença ousada e intencional: Ele atravessa barreiras (Jo 4.4, “era necessário”) para encontrar quem sofre.
- Confronto compassivo: pergunta direta que revela, mas não destrói — o propósito é o despertar para a verdade que liberta.
- Oferta de graça: não há condenação; o dom (água viva) é oferecido livremente, e a mulher é chamada à fé e ao testemunho.
6. Teologia: sede humana e dom divino
- Antropologia bíblica: a sede (διψάω) é imagem da condição humana — todas as pessoas, mesmo as que tentam preencher o vazio com relações, bens ou poder, têm sede de Deus.
- Cristologia/ Pneumatologia: Jesus é a fonte que dá a água viva; o dom que Ele oferece é o Espírito (vida comunicada), por meio do qual se estabelece comunhão com o Pai (Jo 7; Ez 36).
- Soteriologia prática: conversão aqui é processo: da curiosidade → reconhecimento profético → confissão messiânica → fé e testemunho comunitário (cf. Jo 4.25-42).
7. Aplicação pastoral e pessoal (prática)
- Acolher sem julgar: a igreja deve ser lugar onde pessoas com histórias complexas encontram respeito e cura. Sinais práticos: ministérios de acolhimento, aconselhamento confidencial, programas de restauração, liberdade para compartilhar.
- Confronto com compaixão: quando a verdade precisa ser dita, diga-a com empatia — objetivo é conversão e restauração, não humilhação.
- Promover o dom, não apenas regras: proclame a graça que transforma (água viva), não apenas listas de proibições.
- Treinar testemunhos: encoraje pessoas transformadas a contarem sua história — como a samaritana, seu testemunho foi o motor de conversão da cidade.
- Atenção à dignidade: ministério com mulheres e excluídos exige sensibilidade cultural, confidencialidade e reconciliação social.
8. Referências acadêmicas cristãs (para estudo aprofundado)
- D. A. Carson — The Gospel According to John (PNTC).
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João
- Craig S. Keener — The Gospel of John: A Commentary (2 vols.).
- Leon Morris — The Gospel According to John (NICNT).
- Ralph Earle & Joseph Mayfield — comentário prático já citado.
- Manual Bíblico SBB — histórico sobre samaritano/ Samaria.
9. Tabela expositiva (resumo prático para ensino/sermão)
Elemento / verso
Palavra Grega (principal)
Sentido / Observação teológica
Aplicação prática
Pedido da mulher (4.15)
δός μοι (dós moi)
Pedido simples por alívio; modelo da oração que recebe graça
Encorajar oração direta: “Senhor, dá-me…”
Água que sacia (4.10; 4.14)
ὕδωρ ζῶν (húdōr zôn)
Água viva = dom do Espírito; fonte interior, escatológica
Predicar a obra do Espírito que transforma (não só regras)
Sede humana (tema)
διψάω / διψῶ
Sede física → sede existencial; todo ser humano carece de Deus
Identificar “poços” temporários (vícios, relações) e apontar Cristo
Confronto de Jesus (4.16–18)
ἔχω / ἄνδρας / πέντε
Jesus revela vida íntima (cinco maridos) não para condenar, mas para libertar
Pastoral que pergunta com respeito, abre caminho à confissão
Conhecimento de Jesus
(ver Jo 2.25) οἶδα
Jesus conhece os corações; diagnóstico amoroso
Ministrar com sensibilidade teológica e psicológica
Resultado (4.28–30;39–42)
μαρτυρία / ἐπίστευσαν
Testemunho pessoal leva à conversão comunitária
Formar e valorizar testemunhos na igreja
10. Conclusão curta
A cena da samaritana é um modelo de ministério: Jesus encontra a sede humana onde ela se manifesta — mesmo na vergonha — e oferece o dom que realmente sacia, transformando a pessoa em testemunha. A igreja hoje é chamada a imitar esse caminho: atravessar barreiras, dignificar os marginalizados, confrontar com compaixão e proclamar o dom do Espírito que torna cada um fonte de vida.
João 4.15–18 “Todos temos sede de Deus” — Jesus vai ao coração das pessoas marginalizadas e oferece a água que verdadeiramente sacia.
1. Leitura do texto e dinâmica narrativa
João 4 constrói um diálogo progressivo. A mulher faz um pedido prático (v.15: “Senhor, dá-me dessa água…”), Jesus eleva o sentido (água física → água viva, dom do Espírito) e então, para levar a fé adiante, expõe o assunto central do seu coração: sua história conjugal (vv.16–18). A pergunta de Jesus (“Vai, chama teu marido…”) funciona como estratégia pedagógica: confronta sem humilhar e abre caminho para a confissão e a transformação.
2. Análise das palavras gregas (principais termos)
- δός μοι (dós moi) — imperativo de δίδωμι (“dá-me”): súplica simples, mostra atitude de quem recebe. Em João, a salvação é fruto do dom; o crente pede e recebe.
- ὕδωρ ζῶν (húdōr zôn, “água viva”) — termo teológico central: água que dá vida, remete ao Espírito (cf. Jo 7.37–39; Ez 36.25–27). O contraste é com a água do poço (epidêmica, temporária).
- διψάω / διψῶ (dipsaō / dipsō) — “ter sede”: imagem antropológica da necessidade última do ser humano (sentido físico → existencial/espiritual).
- γυνή (gynē) — “mulher”: João sublinha o gênero (Jesus quebra o tabu de falar em público com mulher), importante para entender a coragem do gesto.
- ἔχω (echō) e ἄνδρας / πέντε (andras / pente) — “ter” / “homens” / “cinco”: a mulher declara “não tenho marido” (Jo 4.17), Jesus revela que ela teve cinco maridos e agora vive com outro (Jo 4.17-18). A linguagem é direta e revela a vida pessoal dela.
- οἶδα / γινώσκω (verbos do conhecimento usados em João) — Jesus “sabe”/“conhece” o que há no homem (cf. Jo 2.25), não por curiosidade mórbida, mas por conhecer o coração para lhe oferecer cura.
Nota lexical: João emprega contrastes (água do poço × água viva; conhecimento humano × conhecimento divino) e a lógica do “mal-entendido” pedagógico, guiando o interlocutor da literalidade para o simbólico e finalmente à fé.
3. Interpretações sobre os “cinco maridos”
A narrativa afirma: ela teve cinco maridos; agora está com um homem que não é seu marido (v.18). A literatura e comentários apresentam interpretações diferentes — mas três pontos merecem destaque:
- Situação factual, não enquadramento moral único. João não busca moralizar; aponta uma realidade social/pessoal que revela sede existencial.
- Possíveis leituras históricas: (a) سریe de casamentos sucessivos (viuvez/divórcios), (b) alternativas de casamento tribal, (c) poligamia — mas o texto não afirma que ela foi “promíscua” necessariamente; estudo histórico (Keener, Brown) lembra que múltiplos casamentos eram socialmente possíveis e que o texto não julga além de expor a situação.
- Fundamento narrativo: o detalhe enfatiza que Jesus conhece a vida íntima e que sua iniciativa é dirigida a curar a vergonha, não apenas corrigir comportamento.
(Referências: Craig Keener, Raymond E. Brown, D. A. Carson — todos tratam Jo 4 em comentários detalhados e discutem essas leituras.)
4. O conhecimento de Jesus: diagnóstico que liberta
João 2.25 afirma que Jesus “não precisava de testemunho acerca do homem, porque conhecia o que havia no homem”. Aqui a revelação da vida da mulher funciona como diagnóstico: Jesus não expõe para envergonhar, mas para que a mulher veja a raiz da sua sede. O objetivo é a libertação: “vem, crê; eu te ofereço a fonte que jorra para a vida eterna.”
5. A atitude de Jesus — confronto que dignifica
Do ponto de vista teológico e pastoral, Jesus demonstra três atitudes que devem marcar o ministério cristão:
- Presença ousada e intencional: Ele atravessa barreiras (Jo 4.4, “era necessário”) para encontrar quem sofre.
- Confronto compassivo: pergunta direta que revela, mas não destrói — o propósito é o despertar para a verdade que liberta.
- Oferta de graça: não há condenação; o dom (água viva) é oferecido livremente, e a mulher é chamada à fé e ao testemunho.
6. Teologia: sede humana e dom divino
- Antropologia bíblica: a sede (διψάω) é imagem da condição humana — todas as pessoas, mesmo as que tentam preencher o vazio com relações, bens ou poder, têm sede de Deus.
- Cristologia/ Pneumatologia: Jesus é a fonte que dá a água viva; o dom que Ele oferece é o Espírito (vida comunicada), por meio do qual se estabelece comunhão com o Pai (Jo 7; Ez 36).
- Soteriologia prática: conversão aqui é processo: da curiosidade → reconhecimento profético → confissão messiânica → fé e testemunho comunitário (cf. Jo 4.25-42).
7. Aplicação pastoral e pessoal (prática)
- Acolher sem julgar: a igreja deve ser lugar onde pessoas com histórias complexas encontram respeito e cura. Sinais práticos: ministérios de acolhimento, aconselhamento confidencial, programas de restauração, liberdade para compartilhar.
- Confronto com compaixão: quando a verdade precisa ser dita, diga-a com empatia — objetivo é conversão e restauração, não humilhação.
- Promover o dom, não apenas regras: proclame a graça que transforma (água viva), não apenas listas de proibições.
- Treinar testemunhos: encoraje pessoas transformadas a contarem sua história — como a samaritana, seu testemunho foi o motor de conversão da cidade.
- Atenção à dignidade: ministério com mulheres e excluídos exige sensibilidade cultural, confidencialidade e reconciliação social.
8. Referências acadêmicas cristãs (para estudo aprofundado)
- D. A. Carson — The Gospel According to John (PNTC).
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João
- Craig S. Keener — The Gospel of John: A Commentary (2 vols.).
- Leon Morris — The Gospel According to John (NICNT).
- Ralph Earle & Joseph Mayfield — comentário prático já citado.
- Manual Bíblico SBB — histórico sobre samaritano/ Samaria.
9. Tabela expositiva (resumo prático para ensino/sermão)
Elemento / verso | Palavra Grega (principal) | Sentido / Observação teológica | Aplicação prática |
Pedido da mulher (4.15) | δός μοι (dós moi) | Pedido simples por alívio; modelo da oração que recebe graça | Encorajar oração direta: “Senhor, dá-me…” |
Água que sacia (4.10; 4.14) | ὕδωρ ζῶν (húdōr zôn) | Água viva = dom do Espírito; fonte interior, escatológica | Predicar a obra do Espírito que transforma (não só regras) |
Sede humana (tema) | διψάω / διψῶ | Sede física → sede existencial; todo ser humano carece de Deus | Identificar “poços” temporários (vícios, relações) e apontar Cristo |
Confronto de Jesus (4.16–18) | ἔχω / ἄνδρας / πέντε | Jesus revela vida íntima (cinco maridos) não para condenar, mas para libertar | Pastoral que pergunta com respeito, abre caminho à confissão |
Conhecimento de Jesus | (ver Jo 2.25) οἶδα | Jesus conhece os corações; diagnóstico amoroso | Ministrar com sensibilidade teológica e psicológica |
Resultado (4.28–30;39–42) | μαρτυρία / ἐπίστευσαν | Testemunho pessoal leva à conversão comunitária | Formar e valorizar testemunhos na igreja |
10. Conclusão curta
A cena da samaritana é um modelo de ministério: Jesus encontra a sede humana onde ela se manifesta — mesmo na vergonha — e oferece o dom que realmente sacia, transformando a pessoa em testemunha. A igreja hoje é chamada a imitar esse caminho: atravessar barreiras, dignificar os marginalizados, confrontar com compaixão e proclamar o dom do Espírito que torna cada um fonte de vida.
2.2. Desprezada pela sociedade. Só Jesus poderia pôr fim na tristeza daquela samaritana (Jo 4.14). Ela teve cinco maridos e vivia com um homem com quem não era casada. Portanto, ela não era julgada apenas pelos judeus, mas também pelo seu próprio povo, uma vez que levava uma vida considerada imoral. O encontro de Jesus com a samaritana nos revela a grandeza do Amor de Deus: nossos erros e falhas não impedem que Ele nos possibilite uma nova vida. Jesus não julgou aquela mulher; antes, Ele quebrou preconceitos culturais e as barreiras sociais para mudar o rumo daquela história.
F.F Bruce (1990, p.97): “As mulheres geralmente vinham tirar água em grupos, numa hora mais fresca do dia. Esta mulher veio sozinha; é possível que ela não quisesse a companhia das suas vizinhas (ou elas a dela), de modo que deliberadamente escolheu uma hora em que as outras provavelmente não estivessem por perto”.
2.3. Somos convidados a adorar a Deus. Existia uma divergência entre os samaritanos e os judeus sobre o local onde Deus deveria ser adorado. Diante disso, a samaritana disse: “Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar”, Jo 4.20. Naquela hora Jesus rompeu com aquelas normas religiosas, dizendo que os verdadeiros adoradores devem adorar o Pai em espírito e em verdade (Jo 4.24).
Roy Zuck (2008, pp.190-221): “Em João 4, Jesus, no diálogo com a mulher samaritana, faz uma declaração a respeito da natureza de Deus: ‘Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade (v.24). Embora nenhum desses dois usos da palavra ‘espírito’ aludam diretamente ao Espírito Santo, a noção de que a adoração deve acontecer em espírito e verdade pressupõe a atividade do Espírito da verdade, que leva o crente à verdadeira adoração”.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
(João 4:14–24, com foco em 4.24)
1. Síntese do trecho
No diálogo com a samaritana João coloca o conflito cultural (judeu × samaritano), a sede humana (pedido por água), a revelação messiânica e o convite à adoração autêntica. Jesus expõe a sede existencial da mulher, oferece “água viva” (4.14), confronta sua situação (4.16–18) e, então, redefine o culto: não se trata de “lugar” (Gerizim ou Jerusalém), mas de adorar “ἐν πνεύματι καὶ ἀληθείᾳ” — em espírito e em verdade (4.24).
2. A mulher desprezada — diagnóstico e pastoral (Jo 4.15; 4.16–18)
a) Situação social e narrativa
- A mulher aparece sozinha ao poço (cf. Bruce): em contexto cultural normal, mulheres iam em grupo; a solidão indica exclusão social e vergonha.
- João dá o detalhe “cinco maridos” + “hoje com um homem que não é teu marido” (4.17–18). Isto mostra não tanto um “escândalo para ser punido” mas a realidade humana daquilo que alimentou sua sede: relações instáveis, busca de afeto em lugares errados.
b) Estratégia pastoral de Jesus
- Jesus pergunta: “Vai, chama teu marido…” (grego: Ποίησον ἄνδρα σου, καὶ δεῦρο). O interrogatório de Jesus é diagnóstico — revela a raiz da sede —, não condenação pública.
- A revelação do pecado funciona como chamada ao arrependimento e abertura para receber o dom de Deus. Jesus dignifica, liberta e convida à vida nova (4.14).
c) Termos gregos relevantes
- γυνή (gynē, “mulher”) — João destaca gênero e marginalização;
- ἔχω / ἄνδρες / πέντε — termos que descrevem a condição conjugal;
- οἶδα / γινώσκω — Jesus “sabe/ conhece” (cf. Jo 2.25) — conhecimento que serve à cura.
Leitura acadêmica: Brown, Keener e Carson destacam a vontade de João de mostrar a compaixão redentora de Cristo diante da marginalização social — o propósito é conversão e missão, não exposição sensacionalista.
3. “Água viva” e a saciedade final (Jo 4.14–15)
- ὕδωρ ζῶν (húdōr zōn) — “água viva”: metáfora sacramental/pneumatológica. Em João a água viva é indissociável do Espírito (cf. Jo 7.37–39).
- A mulher pede para não ter que voltar ao poço (4.15) — expressão da busca humana por soluções definitivas. Jesus oferece o que sacia de fato: presença e vida do Espírito.
Implicação teológica: a necessidade humana (sede) é o locus da revelação e do dom divino — salvação é dom (δωρεά), não resultado de mérito.
4. “Deus é Espírito” e “adorar em espírito e verdade” (Jo 4.24) — exegese lexical
Texto grego (Jo 4.24)
ὁ θεὸς πνεῦμα ἐστίν, καὶ τοὺς προσκυνοῦντας αὐτὸν ἐν πνεύματι καὶ ἀληθείᾳ δεῖ προσκυνεῖν.
- ὁ θεὸς πνεῦμα ἐστίν — “Deus é pneuma (Espírito)”: afirmação ontológica. Deus não é limitado por lugar, forma ou ritual; é realidade vivificadora, invisível e relacional.
- Observação hebraica: no AT, Deus é frequentemente descrito por רוח (rûach) — “vento / espírito” — que denota vida, poder, presença (cf. Ez 37; Is 40). Assim João situa a adoração sobre a categoria bíblica da ruach/pneuma.
- προσκυνέω — “adorar / prostar”: termo que envolve atitude interior (oração, reverência) e, no NT, também reconhecimento de autoridade messiânica.
- ἐν πνεύματι — “em espírito”: leitura ambígua e rica:
- disposição interior (oposição ao culto meramente externo e ritual);
- ação do Espírito Santo (o Espírito que habilita, ilumina e capacita a verdadeira adoração). João gosta de ambiguidade teológica que permite ambos: adoração guiada e vivificada pelo Espírito.
- καὶ ἀληθείᾳ — “e em verdade”: ἀλήθεια (aletheia) em João tem força ontológica e moral — não só “correção doutrinária”, mas seriedade relacional: adorar em consonância com a realidade revelada de Deus (a verdade sobre Deus em Cristo).
- δεῖ (dei) — “é necessário”: não opção meramente pragmática; o texto afirma que a verdadeira adoração requer essas duas dimensões.
Síntese exegética
João rejeita o paradigma “lugar do templo” como critério exclusivo (Gerizim vs Jerusalém). O coração do culto cristão é pneumatológico (dependente do Espírito) e cristocêntrico/verdadeiro (correto no que afirma sobre Deus, i.e., Deus revelado em Cristo). A adoração legítima é, pois, pessoal, relacional e transformadora.
Leituras acadêmicas:
- Raymond E. Brown e D. A. Carson explicam a ambivalência de ἐν πνεύματι como intencional em João: tanto interioridade humana quanto ação do Espírito.
- Roy Zuck (cit.) destaca que essa fala pressupõe a atuação do “Espírito da verdade” (Jo 14–16) para levar o crente à adoração autêntica.
5. Implicações teológicas e práticas
Teológicas
- Universalidade da adoração verdadeira: não limitada a um centro geográfico; é possível em qualquer povo onde o Espírito opere e a verdade seja recebida.
- Cristocentrismo e Pneumatologia unidos: adoração verdadeira é aquela que reconhece Cristo (a revelação da verdade) e é vivida/animada pelo Espírito.
- Rejeição do formalismo: rituais vazios ou apenas observância de locais não substituem a adoração que transforma.
Práticas / pastorais
- Igreja que acolhe: tratamento pastoral que dignifica excluídos (mulheres, marginalizados) e os convida ao dom.
- Culto formativo: liturgias que incentivem a experiência do Espírito (oração, Palavra, sacramento) e o compromisso com a verdade bíblica.
- Discernimento e compaixão: confrontos pastorais devem ser feitos para restauração, não para humilhação.
- Missão contextualizada: não confundir contexto cultural com essência do culto; traduza a adoração em formas que respeitem pessoas e revelem verdade.
6. Referências acadêmicas cristãs (para leitura)
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João
- D. A. Carson — The Gospel According to John (PNTC).
- Craig S. Keener — The Gospel of John: A Commentary.
- Leon Morris — The Gospel According to John (NICNT).
- F. F. Bruce — comentários e notas sobre contexto cultural (poço, solidão da mulher).
- Roy B. Zuck — comentários sobre “espírito e verdade” e a ação do Espírito na adoração.
(essas obras discutem em detalhe a ambivalência de ἐν πνεύματι e o sentido joanino de ἀλήθεια)
7. Aplicação pessoal — cinco exercícios práticos
- Revise seu espaço de adoração: o culto da sua igreja expressa dependência do Espírito e fidelidade à verdade cristã? Se não, que mudança litúrgica promover?
- Ministério de acolhimento: crie (ou reforce) programas que acolham pessoas marcadas pela marginalização (aconselhamento, grupos de restauração).
- Ensine sobre adoração pneumatológica: pregação/escola dominical sobre o Espírito que capacita a adoração (Jo 4; Jo 14–16).
- Prática do testemunho: incentive membros a contar como o “encontro com a água viva” os transformou — como a samaritana.
- Avalie práticas locais: diferencie o que é cultural/legítimo e o que é adição humana que impede o acesso ao dom de Deus.
8. Tabela expositiva (resumo para ensino/sermão)
Texto (João)
Termo grego chave
Tradução/observação
Significado teológico
Aplicação prática
4.15
δός μοι
“Dá-me”
Oração como recepção do dom
Ensinar oração simples e dependente
4.16–18
ἔχει / ἄνδρες / πέντε
“teve cinco maridos…”
Jesus conhece a história humana — não condena, confronta para restaurar
Confronto pastoral com compaixão
4.14
ὕδωρ ζῶν
“água viva”
Vida do Espírito que sacia definitivamente
Predicar a obra do Espírito, não só regras
4.20
ὅπου προσκυνούσιν (lugar)
“Onde se deve adorar?”
Crítica ao culto geográfico exclusivo (Gerizim vs Jerusalém)
Missão transcultural; evitar legalismos
4.24
ὁ θεὸς πνεῦμα… ἐν πνεύματι καὶ ἀληθείᾳ
“Deus é Espírito… em espírito e em verdade”
Adoração: pneumática (Espírito) + cristológica/ontológica (verdade)
Formar culto que convoca Espírito e ensino bíblico
Conclusão breve
O encontro com a samaritana revela o coração do evangelho: Jesus atravessa barreiras, dignifica o desprezado, expõe a sede humana e oferece a água viva. A adoração que Ele exige é dependente do Espírito e fiel à verdade revelada em Cristo — isto transforma indivíduos e comunidades, e nos desafia a uma prática de culto e missão que acolhe, cura e envia.
(João 4:14–24, com foco em 4.24)
1. Síntese do trecho
No diálogo com a samaritana João coloca o conflito cultural (judeu × samaritano), a sede humana (pedido por água), a revelação messiânica e o convite à adoração autêntica. Jesus expõe a sede existencial da mulher, oferece “água viva” (4.14), confronta sua situação (4.16–18) e, então, redefine o culto: não se trata de “lugar” (Gerizim ou Jerusalém), mas de adorar “ἐν πνεύματι καὶ ἀληθείᾳ” — em espírito e em verdade (4.24).
2. A mulher desprezada — diagnóstico e pastoral (Jo 4.15; 4.16–18)
a) Situação social e narrativa
- A mulher aparece sozinha ao poço (cf. Bruce): em contexto cultural normal, mulheres iam em grupo; a solidão indica exclusão social e vergonha.
- João dá o detalhe “cinco maridos” + “hoje com um homem que não é teu marido” (4.17–18). Isto mostra não tanto um “escândalo para ser punido” mas a realidade humana daquilo que alimentou sua sede: relações instáveis, busca de afeto em lugares errados.
b) Estratégia pastoral de Jesus
- Jesus pergunta: “Vai, chama teu marido…” (grego: Ποίησον ἄνδρα σου, καὶ δεῦρο). O interrogatório de Jesus é diagnóstico — revela a raiz da sede —, não condenação pública.
- A revelação do pecado funciona como chamada ao arrependimento e abertura para receber o dom de Deus. Jesus dignifica, liberta e convida à vida nova (4.14).
c) Termos gregos relevantes
- γυνή (gynē, “mulher”) — João destaca gênero e marginalização;
- ἔχω / ἄνδρες / πέντε — termos que descrevem a condição conjugal;
- οἶδα / γινώσκω — Jesus “sabe/ conhece” (cf. Jo 2.25) — conhecimento que serve à cura.
Leitura acadêmica: Brown, Keener e Carson destacam a vontade de João de mostrar a compaixão redentora de Cristo diante da marginalização social — o propósito é conversão e missão, não exposição sensacionalista.
3. “Água viva” e a saciedade final (Jo 4.14–15)
- ὕδωρ ζῶν (húdōr zōn) — “água viva”: metáfora sacramental/pneumatológica. Em João a água viva é indissociável do Espírito (cf. Jo 7.37–39).
- A mulher pede para não ter que voltar ao poço (4.15) — expressão da busca humana por soluções definitivas. Jesus oferece o que sacia de fato: presença e vida do Espírito.
Implicação teológica: a necessidade humana (sede) é o locus da revelação e do dom divino — salvação é dom (δωρεά), não resultado de mérito.
4. “Deus é Espírito” e “adorar em espírito e verdade” (Jo 4.24) — exegese lexical
Texto grego (Jo 4.24)
ὁ θεὸς πνεῦμα ἐστίν, καὶ τοὺς προσκυνοῦντας αὐτὸν ἐν πνεύματι καὶ ἀληθείᾳ δεῖ προσκυνεῖν.
- ὁ θεὸς πνεῦμα ἐστίν — “Deus é pneuma (Espírito)”: afirmação ontológica. Deus não é limitado por lugar, forma ou ritual; é realidade vivificadora, invisível e relacional.
- Observação hebraica: no AT, Deus é frequentemente descrito por רוח (rûach) — “vento / espírito” — que denota vida, poder, presença (cf. Ez 37; Is 40). Assim João situa a adoração sobre a categoria bíblica da ruach/pneuma.
- προσκυνέω — “adorar / prostar”: termo que envolve atitude interior (oração, reverência) e, no NT, também reconhecimento de autoridade messiânica.
- ἐν πνεύματι — “em espírito”: leitura ambígua e rica:
- disposição interior (oposição ao culto meramente externo e ritual);
- ação do Espírito Santo (o Espírito que habilita, ilumina e capacita a verdadeira adoração). João gosta de ambiguidade teológica que permite ambos: adoração guiada e vivificada pelo Espírito.
- καὶ ἀληθείᾳ — “e em verdade”: ἀλήθεια (aletheia) em João tem força ontológica e moral — não só “correção doutrinária”, mas seriedade relacional: adorar em consonância com a realidade revelada de Deus (a verdade sobre Deus em Cristo).
- δεῖ (dei) — “é necessário”: não opção meramente pragmática; o texto afirma que a verdadeira adoração requer essas duas dimensões.
Síntese exegética
João rejeita o paradigma “lugar do templo” como critério exclusivo (Gerizim vs Jerusalém). O coração do culto cristão é pneumatológico (dependente do Espírito) e cristocêntrico/verdadeiro (correto no que afirma sobre Deus, i.e., Deus revelado em Cristo). A adoração legítima é, pois, pessoal, relacional e transformadora.
Leituras acadêmicas:
- Raymond E. Brown e D. A. Carson explicam a ambivalência de ἐν πνεύματι como intencional em João: tanto interioridade humana quanto ação do Espírito.
- Roy Zuck (cit.) destaca que essa fala pressupõe a atuação do “Espírito da verdade” (Jo 14–16) para levar o crente à adoração autêntica.
5. Implicações teológicas e práticas
Teológicas
- Universalidade da adoração verdadeira: não limitada a um centro geográfico; é possível em qualquer povo onde o Espírito opere e a verdade seja recebida.
- Cristocentrismo e Pneumatologia unidos: adoração verdadeira é aquela que reconhece Cristo (a revelação da verdade) e é vivida/animada pelo Espírito.
- Rejeição do formalismo: rituais vazios ou apenas observância de locais não substituem a adoração que transforma.
Práticas / pastorais
- Igreja que acolhe: tratamento pastoral que dignifica excluídos (mulheres, marginalizados) e os convida ao dom.
- Culto formativo: liturgias que incentivem a experiência do Espírito (oração, Palavra, sacramento) e o compromisso com a verdade bíblica.
- Discernimento e compaixão: confrontos pastorais devem ser feitos para restauração, não para humilhação.
- Missão contextualizada: não confundir contexto cultural com essência do culto; traduza a adoração em formas que respeitem pessoas e revelem verdade.
6. Referências acadêmicas cristãs (para leitura)
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João
- D. A. Carson — The Gospel According to John (PNTC).
- Craig S. Keener — The Gospel of John: A Commentary.
- Leon Morris — The Gospel According to John (NICNT).
- F. F. Bruce — comentários e notas sobre contexto cultural (poço, solidão da mulher).
- Roy B. Zuck — comentários sobre “espírito e verdade” e a ação do Espírito na adoração.
(essas obras discutem em detalhe a ambivalência de ἐν πνεύματι e o sentido joanino de ἀλήθεια)
7. Aplicação pessoal — cinco exercícios práticos
- Revise seu espaço de adoração: o culto da sua igreja expressa dependência do Espírito e fidelidade à verdade cristã? Se não, que mudança litúrgica promover?
- Ministério de acolhimento: crie (ou reforce) programas que acolham pessoas marcadas pela marginalização (aconselhamento, grupos de restauração).
- Ensine sobre adoração pneumatológica: pregação/escola dominical sobre o Espírito que capacita a adoração (Jo 4; Jo 14–16).
- Prática do testemunho: incentive membros a contar como o “encontro com a água viva” os transformou — como a samaritana.
- Avalie práticas locais: diferencie o que é cultural/legítimo e o que é adição humana que impede o acesso ao dom de Deus.
8. Tabela expositiva (resumo para ensino/sermão)
Texto (João) | Termo grego chave | Tradução/observação | Significado teológico | Aplicação prática |
4.15 | δός μοι | “Dá-me” | Oração como recepção do dom | Ensinar oração simples e dependente |
4.16–18 | ἔχει / ἄνδρες / πέντε | “teve cinco maridos…” | Jesus conhece a história humana — não condena, confronta para restaurar | Confronto pastoral com compaixão |
4.14 | ὕδωρ ζῶν | “água viva” | Vida do Espírito que sacia definitivamente | Predicar a obra do Espírito, não só regras |
4.20 | ὅπου προσκυνούσιν (lugar) | “Onde se deve adorar?” | Crítica ao culto geográfico exclusivo (Gerizim vs Jerusalém) | Missão transcultural; evitar legalismos |
4.24 | ὁ θεὸς πνεῦμα… ἐν πνεύματι καὶ ἀληθείᾳ | “Deus é Espírito… em espírito e em verdade” | Adoração: pneumática (Espírito) + cristológica/ontológica (verdade) | Formar culto que convoca Espírito e ensino bíblico |
Conclusão breve
O encontro com a samaritana revela o coração do evangelho: Jesus atravessa barreiras, dignifica o desprezado, expõe a sede humana e oferece a água viva. A adoração que Ele exige é dependente do Espírito e fiel à verdade revelada em Cristo — isto transforma indivíduos e comunidades, e nos desafia a uma prática de culto e missão que acolhe, cura e envia.
EU ENSINEI QUE:
O encontro de Jesus com a samaritana nos revela a grandeza do Amor de Deus.
3- A conversão da mulher samaritana
A mulher samaritana mostrou confiança ao considerar Jesus um profeta (Jo 4.19), evidenciando o começo de sua conversão. Para Agostinho de Hipona: “Aquele que pedia de beber tinha sede da fé daquela mulher”. Que possamos abrir o coração às Palavras de Jesus, que nos revela Seu amor assim como fez com a mulher samaritana (Jo 4.26).
3.1. Jesus se revela como o Messias. Cristo se revelou como o Messias, o enviado de Deus (Jo 4.25,26). No início do Seu Ministério, Jesus evitou declarar a Sua divindade abertamente para não estimular debates, discussões e contendas por parte do povo; principalmente das autoridades de Israel. Eles não poderiam reconhecer a divindade de Jesus sem antes ver os milagres realizados por Ele. A mulher samaritana ouviu do próprio Senhor que Ele era o Messias e creu. Além de crer, ela imediatamente se tornou uma evangelista em sua cidade (Jo 4.25-30).
Severino Pedro da Silva (1990, p.78): “Em seu ministério terreno, Cristo não apenas permitiu que os homens o considerassem um profeta (Lc 7.16; Jo 4.19), mas Ele próprio se apresentou como tal (Lc 4.17-21; 13.33). O procedimento do Messias, seja em palavras seja em ações, trazia a marca de que Ele não era apenas um profeta enviado por Deus, mas o Profeta de Deus. A tarefa profética de Jesus não estava limitada ao tempo de duração de sua vida terrena, como os demais antes dEle; mas, por meio do Espírito Santo e de sua vitoriosa e profética Igreja, o seu ministério profético continuou depois da crucificação”.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
A conversão da mulher samaritana (João 4.19-30)
Este episódio em João 4 é um dos melhores estudos sobre como um encontro com Cristo produz conversão: uma progressão que vai da curiosidade para o reconhecimento messiânico e desemboca em testemunho missionário. A mulher não só crê — ela se torna a primeira evangelista daquele trecho, levando os seus a Jesus (4.28–30; 39–42). A seguir faço uma leitura cuidada do texto, análise das palavras-gregas/hebraicas relevantes, referências acadêmicas, implicações teológicas e aplicações práticas.
1. Estrutura rápida da conversão
- Curiosidade / reconhecimento parcial — “Vejo que és profeta” (4.19).
- Conversação reveladora — Jesus eleva o tema (água viva / sede existencial) e confronta a vida da mulher (4.16–18).
- Declaração messiânica — mulher ouve e Jesus revela: “Eu o sou” / Messias (4.25–26).
- Resposta de fé e missão — ela crê e sai a proclamar: “Vinde ver um homem que me disse tudo quanto tenho feito” (4.28–29).
- Efeito comunitário — muitos samaritanos creem por causa do testemunho dela e de Jesus (4.39–42).
2. Palavra-por-palavra: análise lexical e teológica
a) “Profeta” — προφήτης (prophētēs)
- Verso: Jo 4.19.
- Sentido: “porta-voz de Deus”; para a mulher esse é um reconhecimento importante — ele revela autoridade e acesso a Deus.
- Teologia: Jesus aceita ser reconhecido como profeta (mas é mais que isto). O título prepara o caminho para a autorrevelação superior (Messias / ἐγώ εἰμι).
b) “Messias / Cristo” — מָשִׁיחַ (mashiach) / Χριστός (Christós)
- Verso: Jo 4.25–26.
- Hebraico: mashiach = “ungido” (rei, sacerdote ou profeta esperado).
- Grego: Christós = equivalente do hebraico.
- Importância: ao declarar “Eu sou” (ἐγώ εἰμι) em sequência ao diálogo, João dá ao leitor a chave para ler isso numa perspectiva divinal (eco de Êx 3:14 e uso joanino do “Eu sou” como auto-revelação).
- Teologia: a revelação messiânica aqui é pessoal e salvadora — Jesus não é apenas novo profeta; é Aquele que realiza as promessas.
c) “Eu sou” — ἐγώ εἰμι
- Expressão teológica joanina: liga Jesus a auto-designações divinas.
- Interpretação: não apenas identidade, mas reivindicação de prerrogativas divinas — explicita a fé exigida para crer em sua pessoa.
d) “Crer / fé” — πιστεύω (pisteuō)
- A fé em João é relacional: crer em Jesus (e não mera aceitação intelectual).
- Para a mulher, crer envolve reconhecer Jesus como Messias e então agir (sair, testemunhar).
e) “Testemunho / tornar-se evangelista” — μαρτυρία / εὐαγγελίζομαι
- A mulher passa de receptor a emissor: sua experiência pessoal torna-se instrumento de evangelização.
- Teologia prática: conversão autêntica produz missão; o laicato torna-se agente evangelizador.
3. Comentário teológico aprofundado
a) Revelação progressiva
João estruturalmente faz Jesus se revelar “por passos”: perguntas e mal-entendidos servem como pedagógicos para levar o interlocutor do literal ao espiritual e, finalmente, ao reconhecimento cristológico. A mulher inicia vendo um homem; termina reconhecendo o Messias.
b) Cristologia e divindade
O uso de “Eu sou” e a identificação como Messias não são apenas títulos honoríficos: em João eles carregam carga cristológica e, às vezes, implicações divinas. A reação dos samaritanos (crer) indica que João quer que o leitor identifique em Jesus o cumprimento das promessas do AT.
c) Pneumatologia (água viva)
A conversão é desencadeada pela oferta do “dom” (δωρεά) e da “água viva” (ὕδωρ ζῶν), imagens tiedas ao Espírito que dá vida (Jo 7.37–39). A fé resulta não em auto-aperfeiçoamento, mas em receber uma fonte interior que transforma.
d) Missão e laicato
A mulher é modelo de como o encontro pessoal com Cristo gera testemunho eficaz. João sublinha que a missão não é monopólio apostólico: a experiência transformada se torna anúncio e gera crentes na comunidade.
e) Conversão como encontro e chamada
A narrativa mostra conversão não como programa, mas como encontro: Jesus interpela, revela e envia. A chamada pastoral é sempre pessoal e relacional.
4. Referências acadêmicas (seleção para aprofundar)
- Agostinho de Hipona — reflexão patrística sobre desejo e fé (vocação e sede espiritual).
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João — exegese literária e teológica do diálogo.
- D. A. Carson, The Gospel According to John (PNTC) — análise teológica e pastoral.
- Craig S. Keener, The Gospel of John: A Commentary — contexto histórico-sociológico.
- Leon Morris, The Gospel According to John — exegese clara sobre “Eu sou” e as implicações cristológicas.
- Andreas Köstenberger — enfoque narrativo e cristológico.
(essas obras tratam com profundidade João 4 e são leituras recomendadas).
5. Aplicação pessoal e eclesial
- Evangelismo relacional: siga o modelo de diálogo de Jesus — ouvir, descobrir a sede real e oferecer o dom (não fórmulas).
- Valorização do testemunho laico: treine e encoraje cristãos comuns a contarem a sua história; o poder de Deus muitas vezes corre por testemunhos simples.
- Confronto com compaixão: quando for preciso falar da realidade do pecado, faça-o para conduzir à verdade e à cura, não para condenar.
- Igreja inclusiva: rompa barreiras sociais/étnicas; o evangelho é para “todos” — isso muda práticas e prioridades missionárias.
- Cultivar sede espiritual: pregação e discipulado devem ajudar as pessoas a verem que apenas Cristo supre a sede última — formar hábitos espirituais que alimentem a “fonte” interior (oração, Palavra, vida comunitária).
- Formação de evangelistas leigos: criar ambientes onde o testemunho pessoal seja praticado (pequenos grupos, treinos curatoriais).
6. Tabela expositiva (resumo para ensino / sermão)
Texto
Palavra grega / hebraica
Significado teológico
Aplicação prática
Jo 4.19
προφήτης (prophētēs)
Reconhecimento inicial: Jesus como porta-voz de Deus
Comece o diálogo mostrando respeito; permita o interlocutor nomear Jesus
Jo 4.10; 4.14
δωρεά / ὕδωρ ζῶν
Dom = Espírito; água viva = fonte interior de vida
Apresente o evangelho como dom que satisfaz, não apenas ética
Jo 4.25–26
μεσσίας / χριστός; ἐγώ εἰμι
Revelação messiânica / auto-revelação divina
Ensine a reconhecer Jesus como Senhor (não apenas exemplo moral)
Jo 4.28–30
μαρτυρία / εὐαγγελίζομαι
Conversão → testemunho → missão
Encoraje conversão pública e testemunhos pessoais
Jo 4.39–42
πίστις (pistis)
Fé que nasce do encontro e se espalha
Estruture discipulado que transforma crentes em missionários
7. Observação patrística: Agostinho
A frase atribuída a Agostinho — “Aquele que pedia de beber tinha sede da fé daquela mulher” — pode ser lida evocando a dinâmica recíproca do encontro: Jesus provoca a mulher à busca e, por sua vez, sua sede de fé é confrontada e saciada. Agostinho usa linguagem poética: o Senhor deseja a fé humana, e a fé humana encontra saciedade em Cristo. Isso ajuda a equilibrar iniciativa divina e resposta humana.
Conclusão
A conversão da samaritana é um paradigma: encontro pessoal → revelação progressiva → fé → missão. João nos mostra como Cristo opera com discrição pedagógica e amor reconstrutor. Pastoralmente, aprendemos a dialogar com respeito, a confrontar com compaixão e a capacitar o laicato para o testemunho.
A conversão da mulher samaritana (João 4.19-30)
Este episódio em João 4 é um dos melhores estudos sobre como um encontro com Cristo produz conversão: uma progressão que vai da curiosidade para o reconhecimento messiânico e desemboca em testemunho missionário. A mulher não só crê — ela se torna a primeira evangelista daquele trecho, levando os seus a Jesus (4.28–30; 39–42). A seguir faço uma leitura cuidada do texto, análise das palavras-gregas/hebraicas relevantes, referências acadêmicas, implicações teológicas e aplicações práticas.
1. Estrutura rápida da conversão
- Curiosidade / reconhecimento parcial — “Vejo que és profeta” (4.19).
- Conversação reveladora — Jesus eleva o tema (água viva / sede existencial) e confronta a vida da mulher (4.16–18).
- Declaração messiânica — mulher ouve e Jesus revela: “Eu o sou” / Messias (4.25–26).
- Resposta de fé e missão — ela crê e sai a proclamar: “Vinde ver um homem que me disse tudo quanto tenho feito” (4.28–29).
- Efeito comunitário — muitos samaritanos creem por causa do testemunho dela e de Jesus (4.39–42).
2. Palavra-por-palavra: análise lexical e teológica
a) “Profeta” — προφήτης (prophētēs)
- Verso: Jo 4.19.
- Sentido: “porta-voz de Deus”; para a mulher esse é um reconhecimento importante — ele revela autoridade e acesso a Deus.
- Teologia: Jesus aceita ser reconhecido como profeta (mas é mais que isto). O título prepara o caminho para a autorrevelação superior (Messias / ἐγώ εἰμι).
b) “Messias / Cristo” — מָשִׁיחַ (mashiach) / Χριστός (Christós)
- Verso: Jo 4.25–26.
- Hebraico: mashiach = “ungido” (rei, sacerdote ou profeta esperado).
- Grego: Christós = equivalente do hebraico.
- Importância: ao declarar “Eu sou” (ἐγώ εἰμι) em sequência ao diálogo, João dá ao leitor a chave para ler isso numa perspectiva divinal (eco de Êx 3:14 e uso joanino do “Eu sou” como auto-revelação).
- Teologia: a revelação messiânica aqui é pessoal e salvadora — Jesus não é apenas novo profeta; é Aquele que realiza as promessas.
c) “Eu sou” — ἐγώ εἰμι
- Expressão teológica joanina: liga Jesus a auto-designações divinas.
- Interpretação: não apenas identidade, mas reivindicação de prerrogativas divinas — explicita a fé exigida para crer em sua pessoa.
d) “Crer / fé” — πιστεύω (pisteuō)
- A fé em João é relacional: crer em Jesus (e não mera aceitação intelectual).
- Para a mulher, crer envolve reconhecer Jesus como Messias e então agir (sair, testemunhar).
e) “Testemunho / tornar-se evangelista” — μαρτυρία / εὐαγγελίζομαι
- A mulher passa de receptor a emissor: sua experiência pessoal torna-se instrumento de evangelização.
- Teologia prática: conversão autêntica produz missão; o laicato torna-se agente evangelizador.
3. Comentário teológico aprofundado
a) Revelação progressiva
João estruturalmente faz Jesus se revelar “por passos”: perguntas e mal-entendidos servem como pedagógicos para levar o interlocutor do literal ao espiritual e, finalmente, ao reconhecimento cristológico. A mulher inicia vendo um homem; termina reconhecendo o Messias.
b) Cristologia e divindade
O uso de “Eu sou” e a identificação como Messias não são apenas títulos honoríficos: em João eles carregam carga cristológica e, às vezes, implicações divinas. A reação dos samaritanos (crer) indica que João quer que o leitor identifique em Jesus o cumprimento das promessas do AT.
c) Pneumatologia (água viva)
A conversão é desencadeada pela oferta do “dom” (δωρεά) e da “água viva” (ὕδωρ ζῶν), imagens tiedas ao Espírito que dá vida (Jo 7.37–39). A fé resulta não em auto-aperfeiçoamento, mas em receber uma fonte interior que transforma.
d) Missão e laicato
A mulher é modelo de como o encontro pessoal com Cristo gera testemunho eficaz. João sublinha que a missão não é monopólio apostólico: a experiência transformada se torna anúncio e gera crentes na comunidade.
e) Conversão como encontro e chamada
A narrativa mostra conversão não como programa, mas como encontro: Jesus interpela, revela e envia. A chamada pastoral é sempre pessoal e relacional.
4. Referências acadêmicas (seleção para aprofundar)
- Agostinho de Hipona — reflexão patrística sobre desejo e fé (vocação e sede espiritual).
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João — exegese literária e teológica do diálogo.
- D. A. Carson, The Gospel According to John (PNTC) — análise teológica e pastoral.
- Craig S. Keener, The Gospel of John: A Commentary — contexto histórico-sociológico.
- Leon Morris, The Gospel According to John — exegese clara sobre “Eu sou” e as implicações cristológicas.
- Andreas Köstenberger — enfoque narrativo e cristológico.
(essas obras tratam com profundidade João 4 e são leituras recomendadas).
5. Aplicação pessoal e eclesial
- Evangelismo relacional: siga o modelo de diálogo de Jesus — ouvir, descobrir a sede real e oferecer o dom (não fórmulas).
- Valorização do testemunho laico: treine e encoraje cristãos comuns a contarem a sua história; o poder de Deus muitas vezes corre por testemunhos simples.
- Confronto com compaixão: quando for preciso falar da realidade do pecado, faça-o para conduzir à verdade e à cura, não para condenar.
- Igreja inclusiva: rompa barreiras sociais/étnicas; o evangelho é para “todos” — isso muda práticas e prioridades missionárias.
- Cultivar sede espiritual: pregação e discipulado devem ajudar as pessoas a verem que apenas Cristo supre a sede última — formar hábitos espirituais que alimentem a “fonte” interior (oração, Palavra, vida comunitária).
- Formação de evangelistas leigos: criar ambientes onde o testemunho pessoal seja praticado (pequenos grupos, treinos curatoriais).
6. Tabela expositiva (resumo para ensino / sermão)
Texto | Palavra grega / hebraica | Significado teológico | Aplicação prática |
Jo 4.19 | προφήτης (prophētēs) | Reconhecimento inicial: Jesus como porta-voz de Deus | Comece o diálogo mostrando respeito; permita o interlocutor nomear Jesus |
Jo 4.10; 4.14 | δωρεά / ὕδωρ ζῶν | Dom = Espírito; água viva = fonte interior de vida | Apresente o evangelho como dom que satisfaz, não apenas ética |
Jo 4.25–26 | μεσσίας / χριστός; ἐγώ εἰμι | Revelação messiânica / auto-revelação divina | Ensine a reconhecer Jesus como Senhor (não apenas exemplo moral) |
Jo 4.28–30 | μαρτυρία / εὐαγγελίζομαι | Conversão → testemunho → missão | Encoraje conversão pública e testemunhos pessoais |
Jo 4.39–42 | πίστις (pistis) | Fé que nasce do encontro e se espalha | Estruture discipulado que transforma crentes em missionários |
7. Observação patrística: Agostinho
A frase atribuída a Agostinho — “Aquele que pedia de beber tinha sede da fé daquela mulher” — pode ser lida evocando a dinâmica recíproca do encontro: Jesus provoca a mulher à busca e, por sua vez, sua sede de fé é confrontada e saciada. Agostinho usa linguagem poética: o Senhor deseja a fé humana, e a fé humana encontra saciedade em Cristo. Isso ajuda a equilibrar iniciativa divina e resposta humana.
Conclusão
A conversão da samaritana é um paradigma: encontro pessoal → revelação progressiva → fé → missão. João nos mostra como Cristo opera com discrição pedagógica e amor reconstrutor. Pastoralmente, aprendemos a dialogar com respeito, a confrontar com compaixão e a capacitar o laicato para o testemunho.
3.2. A samaritana tinha conhecimento religioso. A mulher samaritana tinha um certo conhecimento das coisas espirituais, mas isso não a levou a uma transformação de vida (Jo 4.16-18). No encontro com o Mestre, ela mostrou: (1) reconhecer a Jacó, o patriarca, como “pai” dos samaritanos (Jo 4.12); (2) ter dúvida sobre onde Deus deveria ser adorado, se no Monte Gerizim ou em Jerusalém (Jo 4.20); (3) ter conhecimento do Messias esperado (Jo 4.25).
Revista Betel Dominical Professor. 2º trimestre de 2002, pp. 39 e 40): “A conversa de Jesus com a mulher samaritana passa a girar em torno da verdadeira adoração. “É bastante significante a importância dada ao lugar de culto por uma alma cujos pecados são expostos”. No decorrer do diálogo muitos subtemas são abordados, tais como: o lugar da adoração, o tempo da adoração, a busca dos adoradores. O verdadeiro adorador, a quem se deve adorar, o modo correto de se adorar etc. Não temos espaço para tratar separadamente cada um desses subtemas. Basta dizer, por enquanto, que Deus só pode ser verdadeiramente adorado, desde que seja verdadeiramente conhecido.”
3.3. A primeira missionária. A história de conversão da mulher samaritana é uma das mais fascinantes da Bíblia, porque envolve um contexto de inimizades entre judeus e samaritanos. Isso merece destaque porque aquela mulher desprezada pela sociedade, após encontrar Jesus no poço, tornou-se missionária antes mesmo dos discípulos (Jo 4.28,29). Uma única vida alcançada pela ação salvadora de Jesus foi capaz de impactar uma cidade inteira. Após ouvir o depoimento da mulher, os samaritanos também quiseram ouvir o Senhor (Jo 4.30).
Comentário MacArthur- Gênesis a Apocalipse (2019, p.1326): “Jesus causou um impacto tão grande sobre a mulher que ela estava disposta a compartilhar as notícias entre o povo da cidade, a quem ela havia previamente evitado, por causa de sua reputação. Seu testemunho e sua sinceridade em relação à própria vida os impressionaram tanto que eles vieram ver Jesus por si mesmos”.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
3.2 — A samaritana tinha conhecimento religioso, mas não transformação
1. Observação narrativa
João apresenta uma mulher que conhecia elementos do repertório religioso do seu povo (reconhece Jacó, conhece a controvérsia sobre o lugar de adoração e sabe do esperado Messias), mas esse saber não conduzia automaticamente a uma vida transformada (Jo 4.12; 4.20; 4.25). A leitura de Jesus expõe o limite da religiosidade sem encontro transformador com Ele.
2. Análise lexical e teológica (grego / hebraico)
- γινώσκω / οἶδα (ginōskō / oida) — ambos traduzidos “conhecer”. No NT, γινώσκω pode denotar conhecimento relacional e progressivo; οἶδα tende a indicar conhecimento percebido. João usa propositadamente verbos do conhecimento para mostrar que a mulher “sabia” coisas, mas ainda não experimentara a revelação redentora em pessoa.
- Ἰακώβ (Iakōb / יַעֲקֹב) — o patriarca que simboliza a tradição e a raiz étnica; o reconhecimento do “pai Jacó” (Jo 4.12) mostra memória religiosa e identificação coletiva.
- προσκυνεῖν (proskuneîin) — “adorar/prostar-se”: o centro do diálogo é onde (τόπος / hópos) se deve adorar — Gerizim ou Jerusalém (Jo 4.20). A controvérsia do lugar aponta para o problema: adoração reduzida ao local não garante encontro com o Deus vivo.
- μεσσίας / χριστός (mashiach / Christós) — a expectativa messiânica é conhecida por ela (Jo 4.25). Conhecer o título não é o mesmo que reconhecer a Pessoa. João quer que o leitor veja a diferença entre informação religiosa e fé relacional.
3. Por que conhecimento não foi suficiente?
- Religiosidade informativa ≠ fé transformadora. Ter catequese, ritos e memória histórica não assegura a experiência de salvação. João mostra este contraste para alertar: a verdadeira adoração e fé exigem encontro pessoal com o Messias (Jo 4.23–24).
- Causas sociopsicológicas: vergonha, marginalização, estratégias de sobrevivência (buscar afeto em relações instáveis) podem levar alguém a “saber” e, ao mesmo tempo, permanecer preso a hábitos destrutivos.
- Teologia prática: fé autêntica reúne kōnéōn (conhecimento) + pístis (confiança/entrega) + fruto (vida transformada). O mero acúmulo de dados religiosos (gnosis) sem resposta do coração permanece inerte.
4. Referências acadêmicas cristãs
- Craig S. Keener — contexto histórico-social: o “saber” samaritano era real, mas não igual à experiência de fé.
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João — leitura literária e teológica de João 4 destacando a diferença entre “conhecer” e “crer”.
- D. A. Carson, Leon Morris, Andreas Köstenberger — comentários que sublinham como João usa mal-entendidos para pedagogia teológica.
3.3 — A primeira missionária: da descoberta ao envio
1. A dinâmica da conversão que gera missão
A narrativa é pedagógica: o encontro transforma a mulher tão radicalmente que ela se torna mensageira antes mesmo dos discípulos (Jo 4.28–30). Do poço ela “vai” (ἐξέρχεται) e “diz” (λέγει) — ação simples, direta, eficaz.
- Texto (resumo): ela encontra Jesus → recebe revelação → declara “venham ver” → cidade inteira vai ouvir → muitos crêem (Jo 4.28–42).
2. Termos gregos que marcam a missão leiga
- ἐξῆλθε εἰς τὴν πόλιν (exēlthe eis tēn pólin) — “saiu para a cidade”: verbo de movimento; sua ação é o primeiro impulso missionário.
- λέγει τοῖς ἀνθρώποις (legei tois anthrōpois) — “diz às pessoas”: testemunho público, simples e autobiográfico: “Vinde ver um homem que me disse tudo o que tenho feito” (Jo 4.29).
- ἐπίστευσαν (episteusan) — “creram”: resultado direto do testemunho e do diálogo com Jesus.
3. Importância teológica e eclesiológica
- Laicato missionário: o relato sublinha que a missão não pertence apenas ao clero ou aos apóstolos; o laicato convertido é agente primordial do anúncio.
- Testemunho autobiográfico: o modo como a mulher convida — não com argumentos teológicos complexos, mas com sua história de encontro — é modelo de evangelismo eficaz.
- Cadeia de fé: um encontro pessoal provoca testemunho, testemunho provoca busca comunitária, busca comunitária possibilita encontro com Cristo e fé pública.
4. Leituras acadêmicas / comentários
- John MacArthur: Gênesis a Apocalipse, Keener, Brown e Carson: enfatizam a coragem e a eficácia do testemunho da samaritana; MacArthur chama atenção para o impacto sociológico da transformação pessoal.
- F. F. Bruce observa a solidão da mulher (vem ao poço ao meio-dia) e como essa marginalização se converteu em plataforma missionária quando ela foi tocada por Cristo.
Aplicação pessoal e pastoral (prática, direta)
- Avalie seu “saber” versus sua experiência: você conhece doutrinas? Elas já geraram mudança de vida? Faça um exame de fé: informação levou a transformação?
- Forme o laicato para testemunhar: treine cristãos comuns a contarem sua história simples e honestamente — a própria vulnerabilidade pode abrir portas.
- Priorize o encontro sobre o argumento: comece conversas com escuta e perguntas que descubram sede; ofereça o dom, não apenas proposições.
- Igreja como enviória de missionários domésticos: valorize o testemunho pessoal nas igrejas (momentos para “partilhar como Jesus me encontrou”).
- Pastoreio que dignifica: quando confrontar pessoas com o pecado, faça-o como Jesus: exposição que cura, não que humilha.
Tabela expositiva (resumo prático)
Item
Passagem / Tema
Termo grego / hebraico
Significado / Observação
Aplicação prática
1
Conhecimento religioso
γινώσκω / οἶδα
Saber factual vs. conhecimento relacional
Buscar epignōsis (conhecimento que transforma)
2
Patriarca Jacó
Ἰακώβ (Heb. יַעֲקֹב)
Memória religiosa e identidade histórica
Ensinar raízes bíblicas, mas apontar para Cristo
3
Lugar de adoração
προσκυνεῖν / τόπος
Controvérsia Gerizim × Jerusalém
Adoração em espírito e verdade (Jo 4.24)
4
Expectativa messiânica
μεσσίας / χριστός
Título conhecido; necessita reconhecimento pessoal
Levar pessoas do conceito ao encontro pessoal
5
Testemunho & missão
ἐξῆλθε … λέγει … ἐπίστευσαν
Movimento: encontro → testemunho → conversão
Capacitar laicato para testemunho espontâneo
6
Transformação prática
πίστις (f é) + καρπός
Fé que produz mudança de vida e comunidade convertida
Discipulado que forma vida prática, não só doutrina
Bibliografia recomendada (leituras para aprofundar)
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- D. A. Carson — O Comentário de João.
- Leon Morris, Introdução ao Novo Testamento.
- F. F. Bruce, Série Introdução e Comentário - João.
- J. MacArthur, Comentário bíblico MacArthur: Gênesis a Apocalipse (para aplicação pastoral/evangelística).
- Andreas J. Köstenberger, Pai, Filho e Espírito: a Trindade e o Evangelho de João— leitura muito útil para homilética.
Encerramento prático
A lição é clara: saber é bom, mas não suficiente; o Evangelho chama ao encontro que transforma e envia. A samaritana é um modelo completo: ela sabia, encontrou, creu, e tornou-se mensageira — lembrete prático para formar crentes que não só conheçam, mas vivam e contem.
3.2 — A samaritana tinha conhecimento religioso, mas não transformação
1. Observação narrativa
João apresenta uma mulher que conhecia elementos do repertório religioso do seu povo (reconhece Jacó, conhece a controvérsia sobre o lugar de adoração e sabe do esperado Messias), mas esse saber não conduzia automaticamente a uma vida transformada (Jo 4.12; 4.20; 4.25). A leitura de Jesus expõe o limite da religiosidade sem encontro transformador com Ele.
2. Análise lexical e teológica (grego / hebraico)
- γινώσκω / οἶδα (ginōskō / oida) — ambos traduzidos “conhecer”. No NT, γινώσκω pode denotar conhecimento relacional e progressivo; οἶδα tende a indicar conhecimento percebido. João usa propositadamente verbos do conhecimento para mostrar que a mulher “sabia” coisas, mas ainda não experimentara a revelação redentora em pessoa.
- Ἰακώβ (Iakōb / יַעֲקֹב) — o patriarca que simboliza a tradição e a raiz étnica; o reconhecimento do “pai Jacó” (Jo 4.12) mostra memória religiosa e identificação coletiva.
- προσκυνεῖν (proskuneîin) — “adorar/prostar-se”: o centro do diálogo é onde (τόπος / hópos) se deve adorar — Gerizim ou Jerusalém (Jo 4.20). A controvérsia do lugar aponta para o problema: adoração reduzida ao local não garante encontro com o Deus vivo.
- μεσσίας / χριστός (mashiach / Christós) — a expectativa messiânica é conhecida por ela (Jo 4.25). Conhecer o título não é o mesmo que reconhecer a Pessoa. João quer que o leitor veja a diferença entre informação religiosa e fé relacional.
3. Por que conhecimento não foi suficiente?
- Religiosidade informativa ≠ fé transformadora. Ter catequese, ritos e memória histórica não assegura a experiência de salvação. João mostra este contraste para alertar: a verdadeira adoração e fé exigem encontro pessoal com o Messias (Jo 4.23–24).
- Causas sociopsicológicas: vergonha, marginalização, estratégias de sobrevivência (buscar afeto em relações instáveis) podem levar alguém a “saber” e, ao mesmo tempo, permanecer preso a hábitos destrutivos.
- Teologia prática: fé autêntica reúne kōnéōn (conhecimento) + pístis (confiança/entrega) + fruto (vida transformada). O mero acúmulo de dados religiosos (gnosis) sem resposta do coração permanece inerte.
4. Referências acadêmicas cristãs
- Craig S. Keener — contexto histórico-social: o “saber” samaritano era real, mas não igual à experiência de fé.
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João — leitura literária e teológica de João 4 destacando a diferença entre “conhecer” e “crer”.
- D. A. Carson, Leon Morris, Andreas Köstenberger — comentários que sublinham como João usa mal-entendidos para pedagogia teológica.
3.3 — A primeira missionária: da descoberta ao envio
1. A dinâmica da conversão que gera missão
A narrativa é pedagógica: o encontro transforma a mulher tão radicalmente que ela se torna mensageira antes mesmo dos discípulos (Jo 4.28–30). Do poço ela “vai” (ἐξέρχεται) e “diz” (λέγει) — ação simples, direta, eficaz.
- Texto (resumo): ela encontra Jesus → recebe revelação → declara “venham ver” → cidade inteira vai ouvir → muitos crêem (Jo 4.28–42).
2. Termos gregos que marcam a missão leiga
- ἐξῆλθε εἰς τὴν πόλιν (exēlthe eis tēn pólin) — “saiu para a cidade”: verbo de movimento; sua ação é o primeiro impulso missionário.
- λέγει τοῖς ἀνθρώποις (legei tois anthrōpois) — “diz às pessoas”: testemunho público, simples e autobiográfico: “Vinde ver um homem que me disse tudo o que tenho feito” (Jo 4.29).
- ἐπίστευσαν (episteusan) — “creram”: resultado direto do testemunho e do diálogo com Jesus.
3. Importância teológica e eclesiológica
- Laicato missionário: o relato sublinha que a missão não pertence apenas ao clero ou aos apóstolos; o laicato convertido é agente primordial do anúncio.
- Testemunho autobiográfico: o modo como a mulher convida — não com argumentos teológicos complexos, mas com sua história de encontro — é modelo de evangelismo eficaz.
- Cadeia de fé: um encontro pessoal provoca testemunho, testemunho provoca busca comunitária, busca comunitária possibilita encontro com Cristo e fé pública.
4. Leituras acadêmicas / comentários
- John MacArthur: Gênesis a Apocalipse, Keener, Brown e Carson: enfatizam a coragem e a eficácia do testemunho da samaritana; MacArthur chama atenção para o impacto sociológico da transformação pessoal.
- F. F. Bruce observa a solidão da mulher (vem ao poço ao meio-dia) e como essa marginalização se converteu em plataforma missionária quando ela foi tocada por Cristo.
Aplicação pessoal e pastoral (prática, direta)
- Avalie seu “saber” versus sua experiência: você conhece doutrinas? Elas já geraram mudança de vida? Faça um exame de fé: informação levou a transformação?
- Forme o laicato para testemunhar: treine cristãos comuns a contarem sua história simples e honestamente — a própria vulnerabilidade pode abrir portas.
- Priorize o encontro sobre o argumento: comece conversas com escuta e perguntas que descubram sede; ofereça o dom, não apenas proposições.
- Igreja como enviória de missionários domésticos: valorize o testemunho pessoal nas igrejas (momentos para “partilhar como Jesus me encontrou”).
- Pastoreio que dignifica: quando confrontar pessoas com o pecado, faça-o como Jesus: exposição que cura, não que humilha.
Tabela expositiva (resumo prático)
Item | Passagem / Tema | Termo grego / hebraico | Significado / Observação | Aplicação prática |
1 | Conhecimento religioso | γινώσκω / οἶδα | Saber factual vs. conhecimento relacional | Buscar epignōsis (conhecimento que transforma) |
2 | Patriarca Jacó | Ἰακώβ (Heb. יַעֲקֹב) | Memória religiosa e identidade histórica | Ensinar raízes bíblicas, mas apontar para Cristo |
3 | Lugar de adoração | προσκυνεῖν / τόπος | Controvérsia Gerizim × Jerusalém | Adoração em espírito e verdade (Jo 4.24) |
4 | Expectativa messiânica | μεσσίας / χριστός | Título conhecido; necessita reconhecimento pessoal | Levar pessoas do conceito ao encontro pessoal |
5 | Testemunho & missão | ἐξῆλθε … λέγει … ἐπίστευσαν | Movimento: encontro → testemunho → conversão | Capacitar laicato para testemunho espontâneo |
6 | Transformação prática | πίστις (f é) + καρπός | Fé que produz mudança de vida e comunidade convertida | Discipulado que forma vida prática, não só doutrina |
Bibliografia recomendada (leituras para aprofundar)
- Raymond E. Brown, Box 2 Volumes - Comentário de João
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- D. A. Carson — O Comentário de João.
- Leon Morris, Introdução ao Novo Testamento.
- F. F. Bruce, Série Introdução e Comentário - João.
- J. MacArthur, Comentário bíblico MacArthur: Gênesis a Apocalipse (para aplicação pastoral/evangelística).
- Andreas J. Köstenberger, Pai, Filho e Espírito: a Trindade e o Evangelho de João— leitura muito útil para homilética.
Encerramento prático
A lição é clara: saber é bom, mas não suficiente; o Evangelho chama ao encontro que transforma e envia. A samaritana é um modelo completo: ela sabia, encontrou, creu, e tornou-se mensageira — lembrete prático para formar crentes que não só conheçam, mas vivam e contem.
EU ENSINEI QUE:
Uma única vida alcançada pela ação salvadora de Jesus foi capaz de impactar uma cidade inteira.
CONCLUSÃO
O mesmo princípio utilizado por Jesus no encontro com a mulher samaritana deve ser aplicado nas ações evangelísticas hoje: Deus não faz acepção de pessoas. O mesmo resultado produzido naquela mulher deve acompanhar-nos hoje: sem demora, aproveitemos cada oportunidade para anunciar a mensagem cristocêntrica a todas as pessoas, para que saibam que Cristo é o Salvador do mundo (Jo 4.42).
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Conclusão: Evangelismo sem acepção de pessoas
1. Observação do texto
João 4:42 descreve o resultado do testemunho da mulher samaritana: “E muitos samaritanos daquela cidade creram nele, por causa da palavra da mulher, que testificava: ‘Disse-me tudo quanto tenho feito’. Assim, quando o povo veio a Jesus, pediram-lhe que ficasse com eles; e Ele ficou ali dois dias. E muitos creram nele” (Jo 4.39-42, contextualizado).
O ponto central é a universalidade da mensagem do Evangelho e o efeito transformador que surge quando a pessoa encontra Jesus: não há barreiras étnicas, sociais ou culturais que impeçam o agir salvador de Deus.
2. Análise lexical e teológica
Palavra / termo
Grego / Hebraico
Significado / Observação
πιστεύω (pisteuō)
crer
Fé que não é apenas intelectual, mas envolve confiança e entrega pessoal a Cristo
λόγος (logos)
palavra, mensagem
No contexto joanino, indica a mensagem divina de Jesus, Cristo como Palavra viva (Jo 1.1,14)
μαρτυρέω (martyreō)
testemunhar
Testemunho que não se limita à declaração de fatos, mas comunica experiência transformadora
ἔθνος / Σαμαρίτης
povos / samaritanos
Mostra que o Evangelho transcende divisões étnicas, sociais e religiosas
οὐκ ἐνδύεται διακρίσεις
não faz acepção de pessoas
Princípio teológico: Deus julga e salva sem parcialidade (At 10.34; Rm 2.11)
Teologia central
- Universalidade do Evangelho: Jesus oferece salvação a todos, sem distinção de raça, gênero ou classe social.
- Transformação pelo encontro: O encontro pessoal com Cristo gera fé, mudança de vida e impulso missionário (como visto na mulher samaritana).
- Testemunho como multiplicador: A experiência vivida se torna instrumento para levar outros à fé.
3. Referências acadêmicas cristãs
- F. F. Bruce, The Gospel of John (1990, pp. 97-100): destaca o impacto social do testemunho da mulher e a quebra de barreiras étnicas.
- Craig S. Keener, The Gospel of John: A Commentary (2019): enfatiza que João apresenta o Evangelho como inclusivo, desafiando preconceitos culturais.
- D. A. Carson, The Gospel According to John (1991, pp. 208-210): o exemplo da samaritana mostra que a fé verdadeira gera ação e missão, independentemente do status social.
- John MacArthur, MacArthur: Gênesis a Apocalipse (2019, p.1326): sublinha a necessidade de que a igreja contemporânea siga o modelo de Jesus: contato pessoal, sensibilidade e ação imediata no evangelismo.
4. Aplicação pessoal e pastoral
- Evangelismo inclusivo: Devemos anunciar o Evangelho a todos, sem preconceitos de classe, raça, gênero ou histórico pessoal.
- Uso do testemunho pessoal: Experiências transformadas pela graça de Deus são poderosos instrumentos de evangelização.
- Urgência e oportunidade: Tal como a mulher samaritana, devemos agir imediatamente após o encontro com Cristo, compartilhando o que Ele fez em nossas vidas.
- Missão contínua: A fé não se limita à vida privada; o impacto da experiência pessoal se expande ao redor, gerando comunidades de crentes.
5. Tabela expositiva
Item
Passagem / Tema
Palavra grega / hebraica
Significado teológico
Aplicação prática
1
Fé salvadora
πιστεύω (pisteuō)
Confiança pessoal em Cristo, leva à salvação
Examinar nossa fé: é apenas intelectual ou relacional?
2
Mensagem do Evangelho
λόγος (logos)
Palavra viva de Deus, Cristo como revelação
Usar a Palavra de Deus para evangelizar com clareza e verdade
3
Testemunho
μαρτυρέω (martyreō)
Experiência transformadora compartilhada
Incentivar crentes a compartilhar sua história de fé
4
Inclusividade
οὐκ ἐνδύεται διακρίσεις
Deus não discrimina; salvação disponível para todos
Evitar preconceitos na ação pastoral e evangelística
5
Transformação imediata
Jo 4.29-42
Fé gera ação e missão
Agir rapidamente ao receber Jesus: testemunho ativo e contínuo
Síntese prática
O encontro de Jesus com a mulher samaritana ensina: Deus não faz acepção de pessoas; o Evangelho deve ser anunciado a todos, e a fé genuína gera transformação e ação missionária. Cada crente deve aproveitar oportunidades para compartilhar a mensagem de Cristo, de modo que outros também tenham acesso à salvação.
Conclusão: Evangelismo sem acepção de pessoas
1. Observação do texto
João 4:42 descreve o resultado do testemunho da mulher samaritana: “E muitos samaritanos daquela cidade creram nele, por causa da palavra da mulher, que testificava: ‘Disse-me tudo quanto tenho feito’. Assim, quando o povo veio a Jesus, pediram-lhe que ficasse com eles; e Ele ficou ali dois dias. E muitos creram nele” (Jo 4.39-42, contextualizado).
O ponto central é a universalidade da mensagem do Evangelho e o efeito transformador que surge quando a pessoa encontra Jesus: não há barreiras étnicas, sociais ou culturais que impeçam o agir salvador de Deus.
2. Análise lexical e teológica
Palavra / termo | Grego / Hebraico | Significado / Observação |
πιστεύω (pisteuō) | crer | Fé que não é apenas intelectual, mas envolve confiança e entrega pessoal a Cristo |
λόγος (logos) | palavra, mensagem | No contexto joanino, indica a mensagem divina de Jesus, Cristo como Palavra viva (Jo 1.1,14) |
μαρτυρέω (martyreō) | testemunhar | Testemunho que não se limita à declaração de fatos, mas comunica experiência transformadora |
ἔθνος / Σαμαρίτης | povos / samaritanos | Mostra que o Evangelho transcende divisões étnicas, sociais e religiosas |
οὐκ ἐνδύεται διακρίσεις | não faz acepção de pessoas | Princípio teológico: Deus julga e salva sem parcialidade (At 10.34; Rm 2.11) |
Teologia central
- Universalidade do Evangelho: Jesus oferece salvação a todos, sem distinção de raça, gênero ou classe social.
- Transformação pelo encontro: O encontro pessoal com Cristo gera fé, mudança de vida e impulso missionário (como visto na mulher samaritana).
- Testemunho como multiplicador: A experiência vivida se torna instrumento para levar outros à fé.
3. Referências acadêmicas cristãs
- F. F. Bruce, The Gospel of John (1990, pp. 97-100): destaca o impacto social do testemunho da mulher e a quebra de barreiras étnicas.
- Craig S. Keener, The Gospel of John: A Commentary (2019): enfatiza que João apresenta o Evangelho como inclusivo, desafiando preconceitos culturais.
- D. A. Carson, The Gospel According to John (1991, pp. 208-210): o exemplo da samaritana mostra que a fé verdadeira gera ação e missão, independentemente do status social.
- John MacArthur, MacArthur: Gênesis a Apocalipse (2019, p.1326): sublinha a necessidade de que a igreja contemporânea siga o modelo de Jesus: contato pessoal, sensibilidade e ação imediata no evangelismo.
4. Aplicação pessoal e pastoral
- Evangelismo inclusivo: Devemos anunciar o Evangelho a todos, sem preconceitos de classe, raça, gênero ou histórico pessoal.
- Uso do testemunho pessoal: Experiências transformadas pela graça de Deus são poderosos instrumentos de evangelização.
- Urgência e oportunidade: Tal como a mulher samaritana, devemos agir imediatamente após o encontro com Cristo, compartilhando o que Ele fez em nossas vidas.
- Missão contínua: A fé não se limita à vida privada; o impacto da experiência pessoal se expande ao redor, gerando comunidades de crentes.
5. Tabela expositiva
Item | Passagem / Tema | Palavra grega / hebraica | Significado teológico | Aplicação prática |
1 | Fé salvadora | πιστεύω (pisteuō) | Confiança pessoal em Cristo, leva à salvação | Examinar nossa fé: é apenas intelectual ou relacional? |
2 | Mensagem do Evangelho | λόγος (logos) | Palavra viva de Deus, Cristo como revelação | Usar a Palavra de Deus para evangelizar com clareza e verdade |
3 | Testemunho | μαρτυρέω (martyreō) | Experiência transformadora compartilhada | Incentivar crentes a compartilhar sua história de fé |
4 | Inclusividade | οὐκ ἐνδύεται διακρίσεις | Deus não discrimina; salvação disponível para todos | Evitar preconceitos na ação pastoral e evangelística |
5 | Transformação imediata | Jo 4.29-42 | Fé gera ação e missão | Agir rapidamente ao receber Jesus: testemunho ativo e contínuo |
Síntese prática
O encontro de Jesus com a mulher samaritana ensina: Deus não faz acepção de pessoas; o Evangelho deve ser anunciado a todos, e a fé genuína gera transformação e ação missionária. Cada crente deve aproveitar oportunidades para compartilhar a mensagem de Cristo, de modo que outros também tenham acesso à salvação.
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