Lição 12 – A Reciprocidade do Amor Cristão – 22 de Setembro de 2013 – CPAD

Na lição 12 vemos a sequência do estudo da carta de Paulo aos filipenses, o relacionamento de amor que havia entre o apóstolo e a igreja em Filipos, descrita em Fp.4:10-13. A Reciprocidade do Amor Cristão é o que temos visto ao longo deste trimestre, em especial na primeira lição, como era o relacionamento entre o apóstolo Paulo e a igreja em Filipos, um relacionamento de profundo amor, amor que era recíproco, ou seja, um amor que vinha década uma das partes e era correspondido pela outra.



Lição 12 – 22 de Setembro de 2013 - CPAD

A Reciprocidade do Amor Cristão


TEXTO ÁUREO

"Posso todas as coisas naquele que me fortalece" (Fp 4.13).

VERDADE PRÁTICA

A igreja de Cristo deve zelar pelo bem-estar dos que a servem, a fim de que não haja necessitados entre os filhos de Deus.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Filipenses 4.10-13
10 - Ora, muito me regozijei no Senhor por, finalmente, reviver a vossa lembrança de mim; pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade.
11 - Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho.
12 - Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade.
13 - Posso todas as coisas naquele que me fortalece.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

10 - Mais uma vez temos o privilégio de sentir toda a vitalidade de uma carta de Paulo. Ela não constitui apenas um tratado doutrinário em forma de carta.

Em toda a carta está em jogo a vida inteira da igreja, que liga de forma indissociável o conhecer e o crer, a ação e a esperança. Paulo e os receptores da carta estão interessados na existência real, não no âmbito especial “religião”, embora evidentemente sejam “santos” em toda essa existência. Por isso o final da carta – e somente o final, mas ainda assim de forma suficientemente detalhada – aborda uma questão específica entre Paulo e os filipenses: 

Paulo passa o recibo de uma dádiva que a igreja lhe enviara através de Epafrodito para seu sustento pessoal. A maneira como ele formula esse “recibo” – essa “gratidão sem agradecimento”, como já disse alguém, a maneira como ele unifica “coisas terrenas” e “coisas espirituais” de forma direta e natural, grata apreciação da dádiva e plena liberdade dela, a maneira como emprega termos técnicos da vida comercial com refinado humor, para apesar disso dizer o contrário de tudo que seja comercial, isso é tão característico para Paulo e tão exemplar para nós que também esse trecho se transforma em presente do Espírito Santo para nós. 

Aqui aprendemos no exemplo concreto algo sobre “andar como tendes a nós como tipo” (Fp 3.17) e do “considerar o que é verdadeiro e digno, correto e puro, amável e convidativo”. Vemos aqui diante de nós como um “santo” lida com “dinheiro” de maneira santificada e natural.

Por princípio, Paulo rejeitava receber sustento pessoal das igrejas. Naquele tempo em que havia numerosos pregadores itinerantes, e muitos deles um tanto questionáveis, ele visava proteger de antemão sua proclamação contra qualquer suspeita de segundas e interesseiras intenções. Por essa razão ele trabalhava com as próprias mãos para conseguir o pouco de que necessitava para viver. Para ele, privações, pobreza e sofrimentos eram parte inseparável do serviço apostólico (1Co 4.9 ss; 2Co 6.4ss). 

Unicamente aos filipenses ele permitiu que abrissem uma “conta de reciprocidade” (“prestação de contas de ativo e passivo” é o termo técnico comercial daquela época). Sim, desse modo os filipenses se tornaram “sócios” de seu “empreendimento”! Do contrário as igrejas continuam sendo somente as que recebem e Paulo apenas o que dá, embora Paulo enfatizasse o direito dos mensageiros de receber subsistência das igrejas (1Co 9.4 -14). Não obtemos a informação dos motivos que levaram Paulo a abrir uma exceção para os filipenses. 

Deve ser parte da cordialidade especial do amor que sentimos desde o começo da carta. Justamente por isso essa definição de Paulo sobre a preferência dada a seus amados, nos termos do mundo comercial, é uma formulação tão afetuosa: somente vocês ingressaram no negócio com prestação de contas mútua! Para nós, porém, é importante que Paulo, apesar de persistir em sua convicção diante dos coríntios (2Co 11.7-12; 12.13), não era homem de meros “princípios”, mas manteve a liberdade de ação. Por isso os filipenses já o sustentaram “uma ou duas vezes” na Tessalônica. 

Aliás, essa informação sugere que teremos uma ideia errada se At 17.2 nos levar à conclusão de que Paulo permaneceu apenas três semanas na Tessalônica. Sua permanência com certeza deve ter durado mais tempo se durante aquele período foi beneficiado diversas vezes por um auxílio enviado pelo grupo em Filipos. 

Paulo designa aqueles dias como “começo do evangelho”. Novamente, assim como no v. 3, a palavra “evangelho” não é usada apenas para o conteúdo da mensagem, mas também para sua eficácia, de sorte que ela se torna praticamente definição de uma “época”. De forma análoga, um pai poderia escrever a seu filho: “No começo dos estudos eu te aconselhei…” (Ewald). De 2Co 11.8s se depreende que os filipenses continuaram enviando seu auxílio também durante o trabalho de Paulo em Corinto.

11 Por longo tempo, porém, Paulo não havia recebido mais nada da igreja. Por isso alegrou-se “imensamente” – ele recorre a uma palavra que é mais forte que nosso desgastadíssimo “muito” – que Epafrodito trouxe consigo uma doação considerável. 

Os filipenses permitiram que o “pensar nele” “florescesse” e “brotasse” – trata-se do termo “pensar”, “ter em mente” que ocorre muitas vezes na presente carta e designa agora o “cuidado por ele”. A metáfora empregada é a da planta que torna a “brotar” ou “florescer” depois do inverno. Obviamente Paulo está ciente de que se dedicavam sempre a “pensar nele”. Contudo falta-lhes o kairós, o tempo apropriado, a oportunidade para ajudar. 

Já na questão da coleta em 2Co 8.2 Paulo lembrara aos negligentes coríntios a pobreza dos macedônios e as graves tribulações da igreja. Por isso não estavam em condições de auxiliar o apóstolo. Agora Paulo volta a receber uma rica dádiva de Filipos, trazida por Epafrodito. Nada é dito acerca de seu montante real. Paulo atesta “ter recebido tudo”, asseverando “ter agora em abundância” e estar “repleto”. 

Obviamente isso são expressões bastante relativas! Aquele que estava acostumado com carências e privações considera “profusão” e “abundância” o que aos mimados poderia parecer bastante modesto. O amor de alguém como Paulo com certeza aferiu a “magnitude” da doação mais pela pobreza dos doadores que pelo montante de suas próprias necessidades.

Contudo ele não se importa em absoluto com o “donativo” em si, ainda que seja capaz de se alegrar “imensamente” com ele. Para ele importa o “fruto” [v. 17]. Por natureza o ser humano é ganancioso ou pelo menos se agarra receosamente aos bens. O fato de ser capaz de doar, ainda mais em uma situação pessoal difícil (a igreja ainda continuava em luta, Fp 1.27 -30), evidencia o efeito da palavra que o levou a confiar no Deus vivo e libertou o coração para o amor. É esse “fruto” que Paulo almeja. 

Vimos diversas vezes na presente carta que ele não apenas está ciente de uma graça que paira como arco-íris promissor sobre uma vida invariavelmente cinzenta, mas de uma graça que transforma a vida real, tornando-a de fato frutífera para Deus. Ele tinha acabado de empregar a figura do comércio. Por isso ele logo o utiliza mais uma vez, dizendo: esse fruto crescente é creditado “na conta de vocês”. Ele aumenta o saldo de vocês. 

De maneira delicada Paulo combina a gratidão pelo grande presente com a independência total frente aos filipenses: ao produzir o fruto que se pode esperar do plantio do evangelho, eles estão tão-somente elevando o saldo de sua própria conta. 

O verdadeiro motivo da alegria do apóstolo não reside na ajuda que ele mesmo experimenta, mas no progresso da igreja que se expressa nessas doações.

Porque para sua pessoa Paulo aprendeu “a se manter pessoalmente na situação em que está”. Na sequência ele descreve uma atitude de vida que novamente parece próxima de vários ideais “gregos” ou “filosóficos”, mas que na verdade deixa esses “ideais” muito para trás e deixa de ser um “ideal” para ser simples realidade. Quando o ser humano descobre sua “condição humana”, seus impulsos se tornam para ele uma aflição que o rotulam como mero ser natural e o amarram duramente às circunstâncias. Será que só se tornarão verdadeiramente “seres humanos” depois de mortificarem os impulsos na medida do possível e se libertarem da escravidão das circunstâncias? O ser humano só será “livre” depois que possuir a “autarquia”, a capacidade de se bastar a si mesmo, “manter-se pessoalmente.” Contudo unicamente o “satisfeito” possui essa liberdade! Por isso o filósofo estóico e cínico chega ao “ascetismo”, à configuração mais pobre e primitiva possível. Dessa maneira ele espera salvar a liberdade e dignidade humanas. Quanto mais desenfreadas e sofisticadas se tornavam as formas de desfrutar da vida e a avidez por vida no ocaso da Antiguidade, tanto mais pessoas se sentiam empurradas para esse caminho. O que aqui foi pensado e experimentado mais tarde repetidamente desenvolveu seu poder interior sobre os corações humanos no seio do cristianismo por meio do movimento monástico. Necessidades acorrentam, desprendimento liberta. “Ascetismo” significa o caminho para essa liberdade. Apesar disso, a liberdade adquirida desse modo é apenas meia liberdade. O asceta declara, agradecido e orgulhoso: “Sei jejuar, sei sofrer fome, sei suportar carestia”. Obviamente isso é “liberdade” diante daqueles que não são capazes disso e que permanecem amarrados a suas muitas necessidades. Por isso continua representando um sério questionamento também para nós!

12 - Paulo, porém, acrescenta a segunda metade: “Sei ter fartura… sei ter abundância.” Ambas as coisas juntas – é isso que constitui a totalidade da liberdade. É verdade que também Paulo “aprendeu” isso e não o “sabia” simplesmente. Essa liberdade não lhe foi dada como mero presente. É uma palavra útil para nós, e que precisamos levar em conta. Nossos pensamentos equivocados sobre a graça divina e a incapacidade humana para o bem com frequência geram em nós expectativas tolas, impedindo-nos no “aprendizado” e no necessário engajamento de nossa vontade. Agora, porém, Paulo “em tudo e em todas as circunstâncias está iniciado” – evidentemente uma “iniciação” muito diferente da iniciação nas solenes liturgias dos mistérios! Agora ele “é capaz” de “tudo”.

13 - Mas, apesar de todo o aprendizado e da iniciação a “capacidade” não deixa de ser algo fundamentalmente diferente da mera disciplina da vontade por parte de um asceta. “Tudo posso por meio daquele que me fortalece (Cristo)”. Independentemente de ser necessário incluir o nome “Cristo” de forma expressa ou não, de qualquer modo vem de Cristo a “habilitação” para a liberdade plena que Paulo possui. Como “a vida” para ele é “Cristo” (Fp 1.21), ele já não se apega ao que as pessoas chamam de “vida”. Por essa razão pode tranquilamente, nessas circunstâncias, ter em abundância, viver bem e se saciar, sem que torne um perigo para ele. Por isso, no entanto, também pode alegremente abrir mão e passar fome sem temor e sem irritação. Logo não precisa do donativo dos filipenses. Possui “autarquia”. Também o relacionamento com essa igreja, à qual permitiu que lhe fizesse doações pessoais, não é distorcido pelo desejo secreto daquilo que ela lhe concede. Está regiamente livre. E de fato “regiamente”, e não “asceticamente”, livre. Por isso ele tampouco precisa rejeitar, constrangida ou receosamente, a rica dádiva que Epafrodito trouxe consigo, mas pode alegrar-se sobremaneira com ela e ter novamente “abundância”. Esse é o efeito visível de Jesus! É verdade que a “gloriosa liberdade dos filhos de Deus” virá somente em plenitude quando Jesus consumar sua obra por ocasião de sua parusia. Mas o cristianismo seguramente é mais que mero “consolo para o futuro ou o além”. Jesus já é hoje aquele que habilita os humanos para essa gloriosa liberdade, aqui constatada em Paulo.

Fonte: Comentários Bíblicos Esperança

INTERAÇÃO

Professor, você tem sido generoso para com aqueles que servem a Deus e a igreja? Então não terá dificuldade alguma em ensinar a respeito do tema proposto para a aula de hoje: a generosidade da igreja para com aqueles que a servem. Os irmãos de Filipos eram bem generosos. Eles enviaram os recursos que Paulo necessitava para sobreviver na prisão (4.10-20). Vivemos em uma sociedade marcada pelo egoísmo, todavia o crente tem em seu coração o amor de Cristo e este amor o leva a ajudar aqueles que necessitam de socorro. Nossa oferta de amor para aqueles que realizam a obra de Deus revelam a graça do Todo-Poderoso em nossas vidas. Ofertamos não para recebermos algo em troca, mas o fazemos de coração porque já temos experimentado das dádivas divinas. Que não venhamos nos esquecer que "mais bem-aventurada coisa é dar do que receber" (At 20.35).

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Saber que as dádivas dos filipenses era resultado da providência divina.
Compreender que o cristão tem o contentamento de Cristo em qualquer situação.
Explicar a respeito da principal fonte de contentamento do cristão.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Professor, reproduza no quadro de giz os dois tópicos abaixo. Utilize-os para introduzir a lição. Discuta com os alunos estes princípios. Explique que estas duas regras devem nortear a nossa doação em favor daqueles que trabalham na obra do Senhor:
"Ao entregar uma oferta o valor não é o mais importante, mas sim a disposição de contribuir para o Reino".
"A doação deve ser como resposta a Cristo, e não pelas vantagens que podemos ter por fazê-lo. O modo como doamos reflete a nossa devoção ao Senhor" (Bíblia de Aplicação Pessoal, CPAD, p. 1620).

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

PALAVRA-CHAVE
Generosidade: Virtude daquele que se dispõe a sacrificar os próprios interesses em benefício de outrem; magnanimidade, ato generoso; bondade.

Na lição de hoje, aprenderemos a importância da generosidade da igreja para com aqueles que a servem. Dependente das ofertas dos irmãos para sobreviver no cárcere romano, Paulo expressava uma profunda gratidão à igreja de Filipos pelos recursos enviados por intermédio de Epafrodito (4.10-20).

O apóstolo estava agradecido aos filipenses pelo amor que lhe haviam demonstrado. Ele, porém, destaca que sempre confiou à providência divina o seu sustento, e que sua alegria maior estava não nas ofertas recebidas, e sim no fato de os filipenses terem se lembrado dele. 

I. AS OFERTAS DOS FILIPENSES COMO PROVIDÊNCIA DIVINA

1. Paulo agradece aos filipenses. A igreja em Filipos já vinha contribuindo com o ministério de Paulo desde o seu início (v.15 E bem sabeis também vós, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente.). Agora, o apóstolo fora surpreendido pela segunda oferta enviada a ele, exatamente quando estava preso em Roma. Por isso, agradece e regozija-se pela lembrança dos irmãos (v.10 Ora, muito me regozijei no Senhor por, finalmente, reviver a vossa lembrança de mim; pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade.).

Ele declara ainda que a oferta dos filipenses era o fruto da providência divina em seu ministério, pois confiava plenamente em Deus, em qualquer situação. 

2. Reciprocidade entre o apóstolo e a igreja. Paulo amava a igreja em Filipos. Esta cidade foi a primeira da Europa a receber a mensagem do Evangelho. Ali, Paulo enfrentou perseguições, prisão e muito sofrimento. Porém, agora a igreja, firmada em Cristo, demonstra sua gratidão ao apóstolo cuidando dele e ajudando-o em suas necessidades (vv.10,11,15-18).

3. A igreja deve cuidar dos seus obreiros. Nenhum obreiro deve fazer de sua missão um meio de ganhar dinheiro. Todavia, a igreja precisa prover sustento digno àqueles que a servem. Paulo muito sofreu com a falta de sensibilidade da igreja em Corinto (v.15 E bem sabeis também vós, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente.). Por outro lado, a igreja em Filipos procurou ajudar o apóstolo.

A Palavra de Deus nos exorta quanto ao sustento daqueles que labutam na seara do Senhor: "Não amordaces o boi, quando pisa o trigo" (1 Tm 5.18 - ARA). No mesmo versículo, o apóstolo completa que "digno é o obreiro do seu salário". Por isso, a igreja deve apoiar devidamente àqueles que são verdadeiramente obreiros, ajudando-os em suas necessidades (1 Tm 5.17).

SINÓPSE DO TÓPICO (1)
Nenhum obreiro deve fazer de sua missão um meio de ganhar dinheiro, todavia a igreja precisa oferecer sustento digno àqueles que a servem.

II. O CONTENTAMENTO EM CRISTO EM QUALQUER SITUAÇÃO

1. O contentamento de Paulo. O apóstolo aprendeu a contentar-se em toda e qualquer situação. Seu contentamento estava alicerçado no fato de que Deus cuida dos seus servos e ensina-os a viver de forma confiante. Aos coríntios, Paulo escreveu: "não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus" (2 Co 3.5).

Paulo deu o crédito de sua força e contentamento a Deus. Muitos se gabam de sua robustez, coragem e até espiritualidade, esquecendo-se de que a nossa capacidade vem do Senhor. Para agirmos de forma adequada em meio às provações e privações é preciso reconhecer que dependemos integralmente do Senhor.

2. "Sei estar abatido" (v.12 Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade.). Paulo inicia o versículo doze dizendo: "Sei estar abatido e também ter abundância". Ele estava convicto do cuidado de Deus. Por isso, aceitava as privações sem se envergonhar ou mesmo entristecer-se. Precisamos acreditar na provisão divina e aprender a contentar-nos em toda e qualquer situação.

Talvez você esteja passando por dificuldades. Não permita, porém, que elas o abatam. Confie no cuidado e na bondade do Pai Celeste. Ele é o nosso provedor. Para que o Evangelho chegasse aos confins da terra, muitos homens e mulheres, às vezes sem qualquer sustento oficial, deixaram suas famílias e saíram pregando a Palavra de Deus e fundando igrejas. Esses pioneiros não desistiram, e os resultados ainda podem ser vistos. Hoje, as igrejas, em sua maioria, possuem recursos para enviar obreiros e missionários a outras nações e ali sustentá-los, e devem fazê-lo. Cumpramos, pois, o nosso dever conforme a Bíblia nos recomenda. 

3. O contentamento desfaz os extremismos. Apesar de o exemplo paulino e de a Bíblia ensinar-nos acerca do contentamento, é necessário abordar o perigo da adoção dos extremismos nessa questão. Muitos servos de Deus são obrigados, pela falta de compromisso de suas igrejas, a abandonar a obra de Deus. Para que isso não aconteceça, sejamos fiéis no sustento daqueles que estão servindo a causa do Mestre (1 Tm 5.18 Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário.).
Os obreiros, por sua parte, não podem deixar-se dominar pela avareza e pela ganância. Paulo nos dá uma importante lição quando afirma: "Aprendi a contentar-me com o que tenho" (v.11 Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho.). O culto ao Senhor não pode ser transformado em uma  fonte de renda. É o próprio apóstolo Paulo quem ensina a nos apartar daqueles que não se conformam "com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com a doutrina que é segundo a piedade". Isto porque, os tais apreciam "contendas de homens corruptos de entendimento e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho" (1 Tm 6.5). O ensino paulino demonstra que a piedade, com contentamento, já é, por si mesma, um "grande ganho" (1 Tm 6.6).

SINÓPSE DO TÓPICO (2)
O crente pode contentar-se em toda e qualquer situação, pois seu contentamento está no fato de que Deus cuida dos seus servos e ensina-os a viver de forma confiante

III.  A PRINCIPAL FONTE DO CONTENTAMENTO (4.13 Posso todas as coisas naquele que me fortalece.)

1. Cristo é quem fortalece. Paulo nos ensina, com a declaração do versículo 13, que sua suficiência sempre esteve em Cristo. O que fez com que Paulo suportasse tantas adversidades?  Havia algum segredo? Não! O que fez do apóstolo um vencedor foi a sua fé em Jesus Cristo, aquele que tudo pode. A força do seu ministério era o Senhor. Você quer forças para vencer os obstáculos em seu ministério? Confie plenamente no Senhor!

2. Cristo é a razão do contentamento. Nossa alegria e força vêm do Senhor Jesus. Segundo Matthew Henry, "temos necessidade de obter forças de Cristo, para sermos capacitados a realizar não somente as obrigações puramente cristãs. Precisamos da força dEle para nos ensinar a como ficar contente em cada condição". Busque ao Senhor e permita que a alegria divina preencha a sua alma (Ne 8.10).

3. O cumprimento da missão como fonte de contentamento. Uma vez que o objetivo de Paulo era pregar o Evangelho em toda parte, nada lhe era mais importante que ganhar almas para o Reino de Deus. Nenhuma dificuldade financeira roubaria a visão missionária do apóstolo.
Ele não se angustiava pela privação material e social. Pelo contrário, a alegria do Senhor era a sua força. Paulo regozijava-se com a suficiência que tinha de Cristo. O descontentamento é como uma planta má que faz brotar a avareza (Hb 13.5,6), o roubo (Lc 3.14) e a preocupação com as coisas materiais (Mt 6.25-34). Por isso, contente-se em Cristo! Ele tomará conta de nós.

SINÓPSE DO TÓPICO (3)
Cristo é a razão do contentamento, nossa alegria e força vêm dEle.

REFLEXÃO
“Se alguém disse a ele: ´Irmão Paulo, você por certo tem grande força para se conservar paciente e vitorioso diante das adversidades e perseguições´, Paulo responderia: ´Não mantenho essa atitude com minhas próprias forças; consigo todas essas coisas através de Cristo que me fortalece´. A comunhão que Paulo mantinha com o Cristo imutável conservou-o inabalável em todas as circunstâncias.”
Myer Pearlman

CONCLUSÃO

Aprendemos na lição de hoje, que a igreja de Cristo deve zelar pelo bem-estar dos seus obreiros, a fim de que não venham a passar privações. Todavia, a real motivação para servirmos à igreja de Deus jamais devem ser as recompensas materiais. Confiemos na provisão divina, pois assim seremos felizes em toda e qualquer situação.
Nosso contentamento em meio às adversidades é resultado da nossa fé e comunhão com o Senhor Jesus. Que estejamos na dependência do Senhor, para que Ele nos conceda alegria e força a fim de vencermos as vicissitudes e tribulações da vida.

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I

Subsídio Teológico   
"Graças pelo dom e comunhão deles. A principal razão para Paulo escrever a essa igreja e de estar agradecido por esses irmãos é a expressão concreta deles de apoio a ele (4.1-18). Essa igreja enviou um presente em dinheiro para auxiliar Paulo enquanto estava na prisão (4.10-18). Paulo chama esse presente de 'comunic [ar] com ele, usando a forma verbal (ekoinõsen, v. 15) da palavra grega para comunhão (koinonia). Eles comungam com ele ao participar de seu ministério por meio dessa expressão concreta de amor e de preocupação. Paulo não esperava nem pretendia esse auxílio. Paulo aprendeu a se contentar seja qual fosse sua situação, quer na pobreza quer na abundância. Na verdade, quando Paulo escreve que pode todas as coisas por intermédio de Cristo que o fortalece (4.13), ele quer dizer que pode enfrentar todo tipo de circunstância ou situação financeira sem perder de vista o propósito de Deus para ele. Por isso, recebe o presente deles com gratidão, no qual ele diz ser 'oferta de aroma suave' a Deus (4.18 - NVI). A preocupação deles faz com que lhes assegure que Deus também cuida deles (4.19)'" (ZUCK, Roy B (Ed.). Teologia do Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p.365).

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II

Subsídio Teológico   
"Nos versos 15 e 16, Paulo alegremente relembra o apoio que os filipenses lhe ofereceram. Relembra os dias anteriores, quando o evangelho foi proclamado pela primeira vez em Filipos (At 16.4). Quando o apóstolo passou pela Macedônia até a Acaia, em sua segunda viagem missionária, a igreja em Filipos foi a única a sustentar seus esforços. Na linguagem emprestada do mundo comercial, o apóstolo considerou sua parceria como uma questão de 'dar e receber' (termos aproximadamente equivalente aos conceitos de débito e crédito).  Paulo 'deu' o evangelho aos filipenses e 'recebeu' seu apoio. De fato, o verso 16 indica que por mais de uma vez enviaram sua assistência a Paulo antes que deixasse a Macedônia, enquanto ainda estava na cidade vizinha de Tessalônica (At 17.1-9). Os filipenses, por sua vez, 'deram' seu apoio material e moral a Paulo, tendo recebido a mensagem das boas novas e agido de acordo com esta.
No versículo 17, Paulo reitera a pureza de seus motivos em sua expressão de gratidão aos cristãos de Filipos. Não está procurando 'dádivas' ou agradecendo de alguma maneira que venha a ser a base para favores futuros. Sua motivação visa o benefício deles. Sua descrição da recompensa que terão por associarem-se a ele na obra de Deus é expressa em termos financeiros. Sua participação no Evangelho produzirá juros ou dividendos  (literalmente 'fruto'), o que resultará no 'aumento da conta' deles" (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 4.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004. p.510).

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

RICHARDS, Lawrence O.  Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed.  Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
PEARLMAN, Myer. Epístolas Paulinas: Semeando as Doutrinas Cristãs. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.

SAIBA MAIS

Revista Ensinador Cristão
CPAD, nº 55, p.42.

EXERCÍCIOS

1. O que o apóstolo Paulo declara acerca da oferta dos filipenses?
R. Ele declara ainda que a oferta dos filipenses era o fruto da providência divina em seu ministério, pois confiava plenamente em Deus, em qualquer situação. 

2. Por que a igreja deve apoiar devidamente àqueles que são verdadeiramente obreiros, ajudando-os em suas necessidades?
R. Porque é bíblico. A Palavra de Deus nos exorta quanto ao sustento daqueles que labutam na seara do Senhor: "Não amordaces o boi, quando pisa o trigo" (1 Tm 5.18 - ARA). No mesmo versículo, o apóstolo completa que "digno é o obreiro do seu salário".

3. Em que o contentamento de Paulo estava alicerçado?
R.  Seu contentamento estava alicerçado no fato de que Deus cuida dos seus servos e ensina-os a viver de forma confiante.

4. O que Paulo nos ensina na sua declaração do versículo 13?
R.  Paulo nos ensina, com a declaração do versículo 13, que sua suficiência sempre esteve em Cristo.

5. Qual tem sido a fonte do seu contentamento?
R. Resposta pessoal


1º Vídeo Pré-Aula - Dicas da CPAD para que o professor possa dar uma boa aula: O pastor Natalino das Neves ajuda você na preparação da sua aula de Escola Dominical.


2º Vídeo Pré-Aula - Dicas da CPAD para que o professor possa dar uma boa aula: O AD Londrina ajuda você na preparação da sua aula de Escola Dominical.


3º Vídeo Pré-Aula - Dicas da CPAD para que o professor possa dar uma boa aula: O pastor Caramuru ajuda você na preparação da sua aula de Escola Dominical.


4º Vídeo Pré-Aula - Dicas da CPAD para que o professor possa dar uma boa aula: O pastor Fábio Segantin ajuda você na preparação da sua aula de Escola Dominical.


5º Vídeo Pré-Aula - Dicas da CPAD para que o professor possa dar uma boa aula: O pastor da CPAD ajuda você na preparação da sua aula de Escola Dominical.



6º Vídeo Pré-Aula - Dicas da CPAD para que o professor possa dar uma boa aula: O AD Linhares ajuda você na preparação da sua aula de Escola Dominical.



7º Vídeo Pré-Aula - Dicas da CPAD para que o professor possa dar uma boa aula: O TV Escola Dominical ajuda você na preparação da sua aula de Escola Dominical.




IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS - MINISTÉRIO DO BELÉM
ESTUDO PREPARATÓRIO PARA OS PROFESSORES DA ESCOLA DOMINICAL
BELÉM- SEDE
TERCEIRO TRIMESTRE DE 2013
TEMA – FILIPENSES: a humildade de Cristo como exemplo para a Igreja
COMENTARISTA : Elienai Cabral
ESBOÇO Nº 12


LIÇÃO Nº 12 – A RECIPROCIDADE DO AMOR CRISTÃO

Devemos amar uns aos outros como Jesus nos amou.

INTRODUÇÃO

- Na sequência do estudo da carta de Paulo aos filipenses, veremos o relacionamento de amor que havia entre o apóstolo e a igreja em Filipos, descrita em Fp.4:10-13.

- O amor de Deus que é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo faz-nos também amar o próximo.

I – O AMOR QUE O APÓSTOLO PAULO DEMONSTROU EM RELAÇÃO AOS CRENTES DE FILIPOS

- Temos visto ao longo deste trimestre, em especial na primeira lição, como era o relacionamento entre o apóstolo Paulo e a igreja em Filipos, um relacionamento de profundo amor, amor que era recíproco, ou seja, um amor que vinha década uma das partes e era correspondido pela outra.

- Sabemos já que o apóstolo Paulo foi movido de amor quando, após ter tido a visão do varão macedônio, de pronto resolveu ir para Filipos, a porta de entrada da Macedônia naquele tempo, para pregar o Evangelho àquele povo, atendendo, assim, ao chamado do Espírito Santo (At.16:9,10).

- É verdade que o apóstolo Paulo resolveu ir a Filipos por conta da visão celestial recebida, sendo, assim, obediente à orientação divina, mas, além da obediência ao Senhor, havia, também, o amor às almas perdidas. Percebamos que o Senhor, ao dar a visão a Paulo, fez com que o varão macedônio dissesse: “Passa à Macedônia e ajuda-nos”. Ou seja, o Senhor sabia que o coração de Paulo era o coração de um verdadeiro cristão, de alguém que tem compaixão pelas almas perdidas, que quer ajudar o próximo a encontrar o caminho para o céu, para a vida eterna.

- Este sentimento do apóstolo foi explicitado na sua carta aos coríntios, pois ele sentia a obrigação de pregar o Evangelho, pois para isto havia sido salvo (I Co.9:16). O apóstolo sentia a mesma compaixão que tinha o Senhor Jesus pelas almas perdidas (Mt.9:36; Mc.6:34).

- Paulo foi a Filipos porque queria ajudar os filipenses, pregando-lhes o Evangelho. Era sempre este o seu objetivo, o seu desiderato em seu ministério. Paulo fora chamado para evangelizar (I Co.1:17) e sentia esta responsabilidade, tanto que, para que não resistisse a ficar um tempo mais longo em Corinto, teve o Senhor de dizer-lhe que isto era necessário pois havia ali muitas almas para ser salvas (At.18:9,10).

- Por isso, na primeira oportunidade que teve, quando, num dia de sábado, queria ter um lugar para a oração, pregou o Evangelho às mulheres que encontrou ali lavando roupa à beira do rio Gangites. Este gesto, totalmente inusitado para um judeu ou para alguém com formação na cultura greco-romana, é revelador do amor que invadia o coração do apóstolo, que não se preocupou com conceitos culturais, mas quis, assim que pôde, pregar o Evangelho.

- Assim também precisamos agir, amados irmãos. Devemos entender que é nossa a obrigação de pregar o Evangelho por todo o mundo a toda criatura (Mc.16:15), pois temos de ter o mesmo sentimento de Cristo, ou seja, sentir compaixão pelas almas que estão caminhando para a perdição eterna, esforçando-se sempre por arrebatar alguns do fogo e enxofre que lhes espera (Jd.22,23).

- Paulo demonstrou este amor pelos filipenses, tanto que, desde o primeiro dia, esforçou-se para pregar o Evangelho naquela cidade e, mesmo tendo ficado pouco tempo naquela cidade, pôde deixar uma congregação na casa de Lídia, abrindo um trabalho que lhe foi sustentáculo durante todo o restante de seu ministério.

- Paulo demonstrou seu amor, também, quando, mesmo sendo admoestado pelos magistrados a deixar a cidade, não tê-lo feito antes de confortar os irmãos, firmando-os na fé (At.16:40), prova de que sua prioridade não era sequer a sua integridade física ou a sua liberdade, mas, sim, o bem-estar daqueles que haviam crido em Cristo Jesus naquela cidade.

- Outra demonstração do amor de Paulo para com os crentes de Filipos é a própria epístola que estamos a estudar. Paulo, ao saber do estado de desânimo que havia entre os filipenses por causa da sua prolongada prisão (que já perdurava cerca de cinco anos desde quando fora o apóstolo preso em Jerusalém), não querendo que houvesse o desfalecimento da fé por parte daqueles crentes, resolveu não só escrever esta carta que estamos a estudar, como também, antes que pudesse ir até Filipos, enviar Epafrodito (que era o portador da carta) como também Timóteo.

- Apesar de estar preso e passando por necessidades, inclusive econômico-financeiras, o apóstolo ficou preocupado com a saúde espiritual dos crentes de Filipos, não querendo, em hipótese alguma, que a sua prisão prolongada pudesse de algum modo prejudicar a salvação daqueles crentes.

- Assim, o fato de ter sido tocado para escrever esta carta, na qual procurava transmitir a alegria espiritual de que desfrutava àqueles crentes, mostra claramente que o apóstolo amava aqueles irmãos e que tencionava que eles pudessem persistir numa vida espiritual elevada que os havia caracterizado até então.

- Paulo mostra, assim, que era, realmente, portador do amor divino, este amor que ele havia descrito aos coríntios em sua primeira carta àquela igreja, no seu capítulo 13, onde temos a mais explícita descrição do que é o amor divino, o amor cristão.

II – O AMOR QUE OS CRENTES DE FILIPOS DEMONSTRARAM EM RELAÇÃO AO APÓSTOLO PAULO

- Mas não foi apenas o apóstolo Paulo quem amou os crentes de Filipos. Na verdade, os crentes de Filipos, e o apóstolo Paulo o reconhece, havia desde o primeiro dia ajudado o apóstolo Paulo em suas necessidades, havia demonstrado, também, seu amor para com o apóstolo (Fp.1:5).

- Assim é que, já no primeiro dia em que Paulo pregou o Evangelho em Filipos, já foi ajudado. Com efeito, Lídia, a primeira mulher a se converter naquela pregação, assim que se converteu levou o apóstolo e seus companheiros à sua casa, dando-lhe não só hospedagem, mas também um local para a realização dos cultos, uma sede para aquela nova igreja local (At.16:15,40).

- Lídia, portanto, demonstrou ter realmente recebido o amor de Deus em seu coração pelo Espírito Santo, vez que, incontinenti, procurou fazer o bem ao apóstolo e a seus companheiros, dando-lhes um teto, algo absolutamente necessário para que o apóstolo pudesse prosseguir na sua obra evangelística em Filipos.

- Mas não foi apenas Lídia quem demonstrou amor para com os filipenses. O carcereiro de Filipos, assim que se converteu, também demonstrou imenso amor pelo apóstolo, levando-o para a sua casa, em plena madrugada, a fim de lavar-lhe os vergões decorrentes dos açoites que havia sofrido antes de ser levado para o cárcere (At.16:33).

- Tanto num caso quanto no outro, temos uma demonstração genuína do amor cristão, pois foram atitudes desinteressadas e que, num ponto-de-vista humano, poderiam causar algum embaraço para os que as praticaram. Que se poderia dizer de Lídia por ter levado homens estranhos para a sua casa? Que se poderia dizer do carcereiro que levou prisioneiros para a sua casa para cuidar-lhe as feridas? No entanto, nem Lídia nem o carcereiro levaram em conta as consequências humanas de seus gestos, pois estavam movidos pelo Espírito Santo, amando o próximo e procurando fazer-lhe bem sem sequer pensar em si mesmos.

- Mas este amor demonstrado por Lídia e pelo carcereiro não ficou apenas nestas duas vidas, mas passou a ser uma atitude de toda a igreja dos filipenses. Com efeito, já em Tessalônica, a primeira cidade em que Paulo parou depois de ter deixado Filipos (At.17:1), os crentes de Filipos já mandaram ao apóstolo ajuda para a sua manutenção (Fp.4:15,16), atitude que continuariam a fazer rotineiramente desde então, inclusive mandando Epafrodito para Roma a fim de suprir as necessidades do apóstolo (Fp.4:18).

- A igreja de Filipos foi tomada de um profundo amor pelo apóstolo Paulo e sem que este tivesse pedido, sempre estava disposta a ajudar o apóstolo no dia-a-dia do seu ministério, não só em termos materiais, mas, também, em termos espirituais, visto que os filipenses não só mandavam recursos financeiros como também procuravam dar ao apóstolo o devido consolo e conforto, que se constitui, também, em inegável demonstração do amor cristão.

- É este amor que o apóstolo faz questão de reconhecer na sua carta, quando, em Fp.4:10, faz questão de dizer que estava alegre, havia se regozijado em sempre ser lembrado pelos filipenses, querendo, inclusive, justificar-se que não havia antes externado tal alegria porque não tinha tido antes oportunidade.

- Temos aqui a nona alegria da carta de Paulo aos filipenses, a chamada “alegria de receber donativos”. “…Paulo relembra com gratidão as inúmeras vezes que os irmãos de Filipos o tinham ajudado financeiramente. Tantas vezes nas suas viagens missionárias ele recebia auxílio dos irmãos amados, e agora, estando preso, mandam-lhe um mensageiro, Epafrodito, para servir a Paulo na prisão, mas não o mandam de mãos vazias! Ele leva consigo uma oferta, donativo de amor da parte dos irmãos filipenses. Paulo tem esta oferta “como cheiro suave, como sacrifício agradável e aprazível a Deus” (v.18)

Notemos de passagem que os dízimos, as ofertas, as coletas especiais – tudo isso na igreja local, não é transação comercial, muito menos um imposto, mas faz parte do ministério sacerdotal de todo crente: é sacrifício aceitável que se oferece a Deus, é oferta da sementeira, é o aroma suave que agrada a Deus. E traz tanta alegria a tanta gente, como foi no caso de Paulo. Eu lhe pergunto: sua igreja local tem plano missionário, investimento para suprir as necessidades dos missionários e as de sua família, daqueles que levam ‘a preciosa semente, andando e chorando...’, os quais voltarão ‘com cânticos de alegria, trazendo consigo os seus molhos’? (Sal. 126.6)

Quantos benefícios espirituais recebem aqueles que ofertam com alegria na obra missionária! Muitos são ofertantes anônimos, mas que ofertam fielmente sabendo de antemão, que, ‘no Senhor, o vosso trabalho não é vão’ (I Cor.15.58). Muito obrigado, de coração, a todas aquelas Igrejas locais e aos irmãos e irmãs muitos deles até anônimos, que têm orado e ofertado generosamente em nosso benefício, para o nosso tão necessário sustento e o de minha modesta família, pois sem este ‘cheiro suave, como sacrifício agradável e aprazível a Deus’, não poderíamos continuar dando tempo integral à obra missionária que o Senhor Deus nos tem confiado. Muito obrigado!…” (SENA NETO, José Barbosa de. Carta aos filipenses, a carta da alegria! Disponível em: http://prbarbosaneto.blogspot.com.br/2008/01/carta-aos-filipenses-carta-da-alegria.html Acesso em 29 jul. 2013).


- Lembrar de alguém é demonstração do amor de Deus na vida de um cristão. Deus não Se esquece de nós, porque nos ama e nós devemos, como portadores do amor divino, também não nos esquecermos dos nossos irmãos. Que tristeza dizermos sermos cristãos e nos esquecermos daqueles que nos cercam, daqueles que estão à nossa volta. Devemos evitar sermos atingidos pela “globalização da indiferença” que têm caracterizado o mundo sem Deus e sem salvação.

OBS: Esta expressão, “globalização da indiferença”, foi cunhada pelo atual chefe da Igreja Romana, Francisco, que a tem utilizado em alguns de seus pronunciamentos, como, por exemplo, em uma homilia que proferiu em Lampedusa, na Itália, local onde morreram muitos imigrantes que procuravam chegar da África a Itália em embarcações improvisadas. Eis o trecho da homilia mencionada: “…A cultura do bem-estar, que nos leva a pensar em nós mesmos, torna-nos insensíveis aos gritos dos outros, faz-nos viver como se fôssemos bolas de sabão: estas são bonitas mas não são nada, são pura ilusão do fútil, do provisório. Esta cultura do bem-estar leva à indiferença a respeito dos outros; antes, leva à globalização da indiferença. Neste mundo da globalização, caímos na globalização da indiferença. Habituamo-nos ao sofrimento do outro, não nos diz respeito, não nos interessa, não é responsabilidade nossa! Reaparece a figura do "Inominado" de Alexandre Manzoni. A globalização da indiferença torna-nos a todos "inominados", responsáveis sem nome nem rosto. "Adão, onde estás?" e "onde está o teu irmão?" são as duas perguntas que Deus coloca no início da história da humanidade e dirige também a todos os homens do nosso tempo, incluindo nós próprios. Mas eu queria que nos puséssemos uma terceira pergunta: "Quem de nós chorou por este facto e por factos como este?" Quem chorou pela morte destes irmãos e irmãs? Quem chorou por estas pessoas que vinham no barco? Pelas mães jovens que traziam os seus filhos? Por estes homens cujo desejo era conseguir qualquer coisa para sustentar as próprias famílias? Somos uma sociedade que esqueceu a experiência de chorar, de "padecer com": a globalização da indiferença tirou-nos a capacidade de chorar!…” (“A globalização da indiferença tirou-nos a capacidade de chorar”. O discurso de Francisco em Lampedusa. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/521786-qadao-onde-estas-caim-onde-esta-o-teu-irmao-o-discurso-de-francisco-em-lampedusa Acesso em 29 jul. 2013) (destaque original)

- Não podemos agir como o copeiro-mor da corte de Faraó que, beneficiado por José, não se lembrou dele quando recuperou sua posição (Gn.40:23), gesto que o próprio copeiro-mor, dois anos depois, quando a corte estava alvoroçada pelo sonho de Faraó, ter sido tal esquecimento um pecado (Gn.41:9). Se um homem que não conhecia a Deus, como o copeiro-mor, entende que seu esquecimento do próximo, ainda que um reles prisioneiro estrangeiro como era José, tratou-se de um pecado, que podemos dizer de nós quando nos esquecemos do próximo, tendo conhecido a Deus e a Seu Filho Jesus Cristo? Pensemos nisto!

- Paulo estava alegre pelo simples fato de ser lembrado pelos filipenses. Não era uma alegria decorrente do recebimento de recursos econômico-financeiros, pois Paulo não era materialista, nem procurava ajuntar tesouros na terra. Não, não e não! Sua alegria consistia em ser lembrado pelos filipenses, sabendo que eles, muito mais do que mandar donativos, estavam interessados em cooperar com seu trabalho evangelístico, em ser participante de sua graça, tanto nas suas prisões como na sua defesa e confirmação do evangelho (Fp.1:5-7).

- Paulo sabia que os filipenses não só o auxiliavam materialmente, como também tinham sido sempre seus companheiros nos momentos de dificuldades, mandando sempre pessoas para confortá-lo e consolá-lo na prisão, sem falar na intercessão que faziam por ele nas suas orações para que ele pudesse ser solto. Por isso mesmo, o apóstolo também não se esquecia dos filipenses em suas orações (Fp.1:4).

- Eram estas atitudes dos filipenses para com o apóstolo e do apóstolo para com os filipenses que permitiam a Paulo dizer que havia entre eles uma “entranhável afeição de Jesus Cristo”. Será que podemos repetir isto com relação aos que nos cercam?

III – A NATUREZA DA ALEGRIA DE PAULO EM RELAÇÃO AO AMOR DEMONSTRADO PELOS CRENTES DE FILIPOS

- Quando o apóstolo já está concluindo a epístola, apresentando os agradecimentos e fazendo as suas considerações finais, diz que muito se regozijou no Senhor a lembrança dos filipenses a respeito dele e a oportunidade de demonstrá-lo atrás do envio de Epafrodito.

- O apóstolo, porém, ao falar desta alegria, quis deixar claro que não estava feliz por causa das ofertas que havia recebido dos filipenses, porque “…já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas n’Aquele que me fortalece.” (Fp.4:11b-13).

- Como se pode verificar, portanto, estas “todas as coisas” de que fala o apóstolo não é bênção sobre bênção, como dizem os triunfalistas, mas, sim, tanto abundância, quanto necessidade; tanto fartura, quanto fome. Paulo havia aprendido da parte de Deus a passar por todas as coisas e suportá-las. Paulo havia aprendido, inclusive, a passar fome, se isto fosse a vontade do Senhor.

- O apóstolo era alguém desapegado às coisas materiais, como já deixara claro nesta mesma epístola, ao dizer que seu objetivo, seu alvo era a “ressurreição dos mortos” (Fp.3:11).

- Naturalmente que o apóstolo não era ingrato e, por isso, estava alegre em saber que os filipenses se preocupavam com o seu bem-estar material, mas sabia muito bem que também os filipenses não eram materialistas, como o demonstrou Epafrodito, que chegou mesmo a ficar doente para poder suprir o necessário ao apóstolo (Fp.2:27-30).

- A alegria de Paulo em ser lembrado pelos filipenses era muito mais profunda do que o contentamento de alguém que via supridas as suas necessidades. Tratava-se da constatação de que os crentes de Filipos eram, verdadeiramente, pessoas convertidas, pessoas salvas, tanto que estavam dispostas a ajudar o apóstolo, independentemente das circunstâncias.

- A alegria de Paulo não era a de apenas “receber donativos”, mas de ver que o fruto do Espírito era produzido entre os crentes de Filipos (Gl.5:22), que eles manifestavam ter verdadeiro amor, o amor de Deus derramado em seus corações pelo Espírito Santo (Rm.5:5).

- Com efeito, como iria ensinar mais tarde em uma de suas epístolas o apóstolo João, a mais concreta manifestação do amor de Deus em nossos corações é o amor que devotamos ao próximo. “Conhecemos a caridade nisto: que Ele deu a Sua vida por nós e nós devemos dar a vida pelos irmãos. Quem pois tiver bens do mundo e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele a caridade de Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade. E nisto conhecemos que somos da verdade, e diante d’Ele asseguraremos nossos corações;” (I Jo.3:16-19).

- As palavras de João ressoam como “radicais” e “extremamente duras” para muitos que, em nossos dias, vivem a já mencionada “globalização da indiferença”, que professam um Cristianismo “ensimesmado”, que, como disse o atual chefe da Igreja Romana, quando ainda cardeal, nas reuniões preparatórias do conclave que o elegeu, é a manifestação de uma “igreja mundana” , “…que vive em si própria, de si própria e para si própria” (apud GAMA, Rinaldo. Retórica da honestidade. Veja, edição 2332, ano 46. n. 31, 31 jul, 2013, p.62).

- Paulo temia que os filipenses viessem a ter um comportamento desta natureza, tanto que, ao mostrar o exemplo de seu filho na fé, Timóteo, fez questão de ressaltar que aquele jovem obreiro tinha o mesmo sentimento de Paulo e dos próprios filipenses, pois buscava aquilo que é de Cristo Jesus e não o que era seu (Fp.2:20,21).

- O verdadeiro amor cristão é desinteressado (I Co.13:5), não está atrás dos seus interesses, mas está pronto a tudo sofrer, a tudo crer, a tudo esperar e a tudo suportar (I Co.13:7).

- É, precisamente, por este motivo que o apóstolo aponta, logo após ter mencionado que estava alegre em ser lembrado pelos filipenses, a sua décima alegria nesta carta (que é também a última), que é o contentamento com o que se tem (Fp.4:11). Paulo disse que havia aprendido a se contentar com o que tinha, mesmo que estas posses fossem insuficientes para o seu sustento.

- Como afirma Charles Spurgeon em um sermão onde tratou precisamente deste contentamento de Paulo (sermão que foi traduzido e publicado no Portal Escola Dominical, disponível em http://www.portalebd.org.br/classes/jovens-e-adultos/item/1036-ap%C3%AAndice-4-contentamento-um-serm%C3%A3o-de-charles-spurgeon ), este contentamento não é algo que nasça naturalmente do homem, mas o apóstolo disse tê-lo aprendido, prova de que somente uma vida de comunhão com Deus poderia produzi-lo, por ação do Espírito Santo.

- Contentar-se com o que se tem é algo que vem de uma comunhão com Deus, pois a natureza pecaminosa do homem é tendente à ganância e à insatisfação, à insaciedade, pois existe na carne aquela “sanguessuga” que gera as suas duas filhas: “dá, dá”(Pv.30:15).

- O proverbista também diz que “os olhos do homem nunca se satisfazem” (Pv.27:20) e “aquele que tem um olho mau corre atrás das riquezas” (Pv.28:22). Portanto, o contentamento de Paulo manifesta, claramente, que a alegria que tinha em ser lembrado pelos filipenses não era de ordem material, nem refletia um materialismo que, infelizmente, está presente na vida de muitos obreiros que se dizem cristãos em nossos dias.

- O amor de Paulo era amor a Deus e, por isso mesmo, não poderia ser amor às riquezas, pois quem serve a Deus não pode servir às riquezas (Mt.6:24), outra afirmação bíblica que é por muitos deixada de lado em nossos dias, visto que leva a muitos incômodos por parte de alguns que não estão a viver a verdadeira e genuína fé cristã.

- Paulo tinha aprendido a se contentar com o que tinha, e, por isso mesmo, havia aprendido a estar abatido, tanto quanto a ter abundância; havia sido instruído, ensinado pelo Espírito Santo tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância como a padecer necessidade (Fp.4:12).

- Paulo demonstra aqui uma libertação de todas as circunstâncias desta vida. Estava aqui para cumprir a vontade do Senhor e considerava que Deus, como sendo o Soberano do Universo, podia muito bem querer que ele passasse por necessidades, se isto fosse representar crescimento espiritual para o apóstolo.

- Antes mesmo de ser preso em Jerusalém, quando ainda se preparava para viajar para a capital dos judeus a fim de levar ajuda aos crentes pobres da Judeia, vemos que o apóstolo já havia aprendido esta lição, já que havia escrito aos crentes de Roma que todas as coisas contribuíam juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados pelo Seu decreto (Rm.8:28).

- Quem ama a Deus é porque recebeu, antes, o amor de Deus em seu coração (I Jo.4:19) e, portanto, possui um amor totalmente abnegado, desinteressado e que é capaz de tudo suportar, sabendo que as aflições do tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada (Rm.8:18).

- Muitas das vezes as circunstâncias adversas nos sobrevêm precisamente para que possamos manifestar aos outros este amor de Deus que se encontra em nossos corações. Assim como alguns produtos somente exalam o seu aroma precioso quando são devidamente amassados, triturados e moídos, também, por vezes, somente quando passamos por tribulações e severas adversidades é que exalamos o amor de Deus que se encontra em nosso interior, que demonstramos o “bom cheiro de Cristo” que somos (II Co.2:15).

- Paulo era extremamente agradecido pela ajuda que recebia dos filipenses desde o primeiro dia em que começara a evangelizar aquela cidade, mas fazia questão de mostrar aos crentes de Filipos que o amor de Deus está acima de benesses materiais ou de uma filantropia, pois ele já aprendera a se contentar com o que possuía.

- Este aprendizado Paulo não quis que ficasse apenas para si. Aqui ensina os filipenses a que o imitassem, também tendo o mesmo contentamento. A Timóteo, também, daria o mesmo ensino, pouco depois, ao ensinar seu filho na fé de que “é grande ganho a piedade com contentamento, porque nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento e com que nos cobrimos, estejamos com isso contentes” (I Tm.6:6-8). Que importante lição para aprendermos em meio a um mundo cada vez mais materialista e ganancioso!

- Ainda fazendo menção ao sermão de Charles Spurgeon, é importante deixarmos aqui registrado que este contentamento não abrangia apenas as circunstâncias adversas. O apóstolo fez questão de deixar consignado que também aprendera a se contentar com o que tinha nos instantes de opulência, de fartura e de abundância.

- Como afirma o príncipe dos pregadores britânicos, “…Esta segunda parte do conhecimento é igualmente valiosa: ‘Sei ter abundância’. Há uma grande quantidade de homens que sabem um pouco como ser abatidos, mas não sabem de modo algum ter abundância. Quando eles são postos na cova com José, eles olham para cima e veem a promessa iluminada e a esperança por um escape. Mas, quando são postos no topo do pináculo, suas mentes ficam perturbadas e eles estão prontos a cair.…” (Contentamento – um sermão de Charles Spurgeon. end. cit).

- Contentar-se com o que se tem, quando se tem pouco ou o insuficiente, não é fácil, mas contentar-se com o que se tem, quando se tem muito é igualmente difícil, diríamos até mais difícil, pois o autocontrole é de ser exercido para que a pessoa não se torne gananciosa e queira mais do que o que já se tem, máxime num mundo materialista e hedonista como o que vivemos.

- Paulo, porém, estava liberto das circunstâncias desta vida e, como amava a Deus, sabia tanto ter necessidade, quanto ter fartura. Irmãos amados, que passemos por este mesmo aprendizado do apóstolo, que deixemos que o Espírito Santo nos ensine a ter este nível de maturidade espiritual!

IV – A FONTE DA ALEGRIA DE PAULO

- Quando Paulo disse que “tudo podia n’Aquele que lhe fortalecia”, ele estava a dizer que, independentemente das circunstâncias, ele era capaz de suportar tudo por amor a Cristo, sabendo que “estar com Cristo é bem melhor” (Fp.1:23), de que devemos estar completamente desapegados das coisas passageiras desta vida.

- O apóstolo Paulo estava a ensinar os crentes de Filipos de que eles deveriam esforçar-se para atingir um patamar na vida espiritual em que tudo o que se passasse nesta Terra seria indiferente. O crente deveria manter-se assentado “nas regiões celestiais em Cristo”, onde fora posto pelo próprio Senhor e ali desfrutar de “todas as bênçãos espirituais”, como escreveu aos efésios (Ef.1:3), também uma das chamadas “cartas da prisão”.

- O apóstolo Paulo estava a ensinar os filipenses de que devemos aprender com Cristo e ser completamente desapegados de qualquer coisa desta vida, inclusive do nosso “eu”, vivendo para fazer a vontade de Deus, vivendo para Cristo Jesus, não permitindo que qualquer pensamento ou desejo venha a nos desvirtuar de nossa abnegação por Jesus.

- Como isto é diferente do que ouvimos por aí a respeito de Fp.4:13. Paulo não estava aí exaltando o seu “eu”, nem tampouco dizendo aos crentes de Filipos que eles deveriam “arrebentar” tudo para fazer prevalecer os seus desejos, pois “nada pode segurar o crente”, mas, bem ao contrário, estava a demonstrar que o salvo deve se conformar à vontade de Deus e saber que isto é o que realmente importa na sua vida, mesmo que isto envolva necessidade, fome e abatimento.

- Paulo exorta, não só os filipenses, mas a nós todos, visto que este texto passou a fazer parte das Escrituras, a termos o mesmo sentimento de Cristo Jesus que deixou a Sua glória para ser obediente até a morte e morte de cruz (Fp.2:5-8). Por isso, diz que não devemos atentar para o que é propriamente nosso, mas cada qual também para o que é dos outros (Fp.2:4), outros a serem sempre considerados superiores a nós (Fp.2:3).

- O discurso triunfalista que se lastreia no texto fora de contexto de Fp.4:13, entretanto, quer nos levar ao egoísmo, ao individualismo, ao apego às coisas terrenas, é um ensino completamente distorcido do que ensina a Palavra de Deus. Fujamos disto, amados irmãos!

- O apóstolo Paulo dá-nos, ainda, uma importantíssima lição. A libertação das circunstâncias desta vida, o desapego às coisas terrenas não era decorrência de uma força interior do próprio apóstolo, nem mesmo consequência de uma “chamada especial divina” ou de “anos de experiência” no Evangelho. Não, não e não!

- O apóstolo afirmou aos crentes de Filipos que ele “tudo podia” mas “n’Aquele que me fortalece”, ou seja,uma vez mais o apóstolo mostra aos crentes de Filipos que se faz absolutamente necessário estar “em Jesus Cristo” para que se possa conseguir vencer os obstáculos da vida terrena, para que se possa libertar das circunstâncias de nossa peregrinação terrena.

- Para que Paulo pudesse saber estar tanto abatido, quanto ter abundância; instruído tanto a ter fartura, quanto a padecer necessidade, era imperioso que ele estivesse em Cristo Jesus.

- Fora de Jesus, não há como conseguirmos obter vitória neste mundo, não há como nos desvencilharmos das circunstâncias desta vida, não há como fugirmos ao círculo vicioso a que está condenado o homem que não conhece a Jesus.

- O apóstolo Paulo mostra, com absoluta clareza, que a nossa independência das coisas desta vida, das vicissitudes deste mundo é consequência da nossa dependência de Deus. O apóstolo demonstra que somente tendo Cristo como centro de nossas vidas, de nossas existências, poderemos superar os grilhões que nos prendem às necessidades deste mundo.

OBS: O atual chefe da Igreja Romana, Francisco, em discurso aos bispos da Conferência Episcopal.Latino-Americana (CELAM), em sua recente visita ao Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, bem falou sobre este “cristocentrismo” que deve existir na Igreja, palavras que, por sua biblicidade, aqui reproduzimos: “…O discípulo missionário não pode possuir-se a si mesmo; a sua imanência está em tensão para a transcendência do discipulado e para a transcendência da missão. Não admite a autorreferencialidade: ou refere-se a Jesus Cristo ou refere-se às pessoas a quem deve levar o anúncio dele. Sujeito que se transcende. Sujeito projetado para o encontro: o encontro com o Mestre (que nos unge discípulos) e o encontro com os homens que esperam o anúncio. Por isso, gosto de dizer que a posição do discípulo missionário não é uma posição de centro, mas de periferias: vive em tensão para as periferias... incluindo as da eternidade no encontro com Jesus Cristo. No anúncio evangélico, falar de ‘periferias existenciais’ descentraliza e, habitualmente, temos medo de sair do centro. O discípulo-missionário é um descentrado: o centro é Jesus Cristo, que convoca e envia. O discípulo é enviado para as periferias existenciais.…” (apud BERLINK, Deborah. Papa critica ‘ideologização’ da mensagem do Evangelho em discurso para bispos. Disponível em: http://oglobo.globo.com/rio/papa-critica-ideologizacao-da-mensagem-do-evangelho-em-discurso-para-bispos-9245582 Acesso em 30 jul. 2013).

- É somente “em Cristo” que podemos ser instruídos e aprender a ser contentes com o que temos. O aprendizado do apóstolo não se deu na “escola da vida”, nem tampouco foi resultado de sua imersão intelectual na filosofia grega (no qual, aliás, era versado) ou nos altos estudos da lei mosaica com os mestres judeus (e Paulo teve como mestre um dos maiores estudiosos da lei, Gamaliel – At.22:3), mas no seu relacionamento com Cristo Jesus, do qual recebeu diretamente vários ensinamentos (I Co.11:23).

- Do mesmo modo, somente quando estivermos em Cristo, quando estabelecermos com Ele um relacionamento, através de uma vida de meditação nas Escrituras e de oração, é que conseguiremos, também, quebrar as amarras das necessidades terrenas de nossas vidas e atingir este mesmo estágio do apóstolo, impedindo que as adversidades e as circunstâncias venham a abalar nossa espiritualidade.

- Isto se dá porque, quando estamos em Cristo, morremos para o mundo e, portanto, podemos viver exclusivamente para o Senhor. É o que o apóstolo nos ensina em outra “carta da prisão”, a epístola aos colossenses, onde afirma que para “buscar as coisas de cima”, temos de “ressuscitar com Cristo” (Cl.3:1).

- Estamos “mortos com Cristo quanto os rudimentos do mundo” (Cl.2:20) e, por isso, não mais nos importamos em “satisfazer a carne”, de sorte que não somos mais movidos por interesses próprios, que têm como única finalidade a exaltação do nosso “eu”, a obtenção de posições e vantagens neste mundo passageiro, que não é nosso alvo, visto que estamos visando a cidade celeste, donde esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo (Fp.3:20).

- O amor cristão demonstrado pelo apóstolo e também pelos crentes de Filipos revela precisamente esta “mentalidade das coisas de cima”. Somente quem está em Cristo é capaz de se negar a si mesmo e de buscar o bem do próximo, de buscar cumprir a vontade de Deus, pois sabe que o que vale são as coisas eternas e não as alegrias enganosas e passageiras que se oferecem neste mundo.

- Quem está em Cristo pode repetir as palavras do poeta sacro anônimo que nos diz: “O mundo de ilusão deixei, a senda de pecado e dor, pra ir ao meu glorioso lar, ali há gozo, paz e amor. No mundo não está meu lar, aqui não posso descansar; mas quero sempre avançar, no céu em breve hei de entrar.” (primeira estrofe e refrão do hino 203 da Harpa Cristã).

- Mas não basta estar “em Cristo” para poder aprender a suportar todas as circunstâncias desta vida terrena sem que se tenha qualquer abalo em nossa vida espiritual. O desprendimento das coisas terrenas exige de nós que nos “fortaleçamos em Cristo” a cada dia, a cada instante.

- Paulo diz que tudo podia n’Aquele que o fortalecia, ou seja, além de estarmos em Cristo, o que significa dizer que devemos ser salvos, pertencer ao Seu corpo, que é a Igreja (Ef.1:22; 5:23), torna-se necessário que nos fortaleçamos n’Ele.

- Para alguém se fortalecer em Jesus é preciso, em primeiro lugar, reconhecer que é fraco. Não é possível que alguém se fortaleça sem que, antes, reconheça que precisa de força, ou seja, que é fraco. Muitos, em nossos dias, têm desperdiçado a oportunidade de se livrar das coisas desta vida precisamente porque se acha forte e, portanto, não busca o fortalecimento em Jesus.

- Paulo teve este aprendizado da parte do Senhor Jesus. Escrevendo aos coríntios, pôde o apóstolo dos gentios dizer que sentia prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo, pois percebeu que, quando estava fraco, então era forte (II Co.2:10), precisamente porque, após a experiência do espinho na carne, pôde entender que o poder de Deus em nós se aperfeiçoa em nossa fraqueza (II Co.12:9).

- O Senhor, muitas vezes, permite situações em nossas vidas para que nós entendamos a nossa fraqueza, a nossa debilidade, a fim de que, deste modo, permitamos que Ele opere o Seu poder em nós e nos fortaleça, fortalecimento este que nos desprenderá das vicissitudes deste mundo.

- Quando nos gloriamos em nossas fraquezas, ou seja, quando reconhecemos nossa fraqueza e glorificamos a Deus por ela, o poder de Deus vem habitar em nós, pois como que abrimos a porta para que o Senhor venha operar em nós (II Co.12:9). Quando somos fracos, isto é, quando assumimos as nossas fraquezas, passamos a viver com Cristo pelo poder de Deus em nós (II Co.13:4).

- Não é à toa que, quando da batalha do Armagedom, quando o Senhor Jesus destruirá todas as nações que se levantarem contra Israel, uma das características de tais nações que serão derrotadas será exatamente acharem-se fortes diante de Deus, a ponto de o profeta Joel ter dito que elas dissessem que seriam fortes, afirmação que será o prenúncio de sua derrota (Jl.3:10).

- Para que o poder de Deus possa habitar em nós e nós vivamos com Cristo com este poder habitando em nós, é absolutamente necessário que reconheçamos nossa fraqueza e nos fortaleçamos em Jesus.

- Por isso, o apóstolo foi enfático ao dizer a seu filho na fé, Timóteo, para que se fortificasse na graça que havia em Cristo Jesus (II Tm.2:1). Quando Timóteo se fortificasse na graça de Jesus poderia não só confiar a homens fiéis o que havia aprendido de Paulo, como também poderia sofrer com o apóstolo as aflições como bom soldado de Jesus Cristo (II Tm.2:2,3).

- Quando nos fortalecemos em Cristo, podemos ser bom soldados do exército do Senhor, lutando com êxito contra as hostes espirituais da maldade, devidamente revestidos da armadura de Deus (Ef.6:10-12) e não se embaraçando com os negócios desta vida, tendo condições, assim, de agradar ao Senhor que nos alistou para esta guerra (II Tm.2:4).

- E, para encerrar, vemos que o apóstolo disse que os filipenses bem fizeram em ajudá-lo nas suas necessidades (Fp.4:14) e sua oração foi para que os filipenses tivessem supridas todas as suas necessidades por Deus, que o apóstolo admitiu ser um Deus rico (Fp.4:19).

- Ora, se Deus é rico, por que o apóstolo Paulo não pediu que também enriquecesse os filipenses, diante de sua generosidade? Porque os filipenses, assim como o apóstolo, deveriam aprender a se contentar com o que tinham (Fp.4:11) e porque Deus, embora seja rico, dono do ouro e da prata (Ag.2:8), não tem o propósito de enriquecer os homens materialmente, mas, sim, de suprir-lhes as necessidades materiais com o suficiente, porque, ao contrário dos perdidos, inimigos da cruz de Cristo, que só pensam nas coisas terrenas (Fp.3:18,19), os salvos, assim como o apóstolo, tem a sua cidade nos céus donde esperam o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o seu corpo abatido para ser conforme o Seu corpo glorioso segundo o Seu eficaz poder de sujeitar também a Si todas as coisas (Fp.3:20,21). Fazemos parte deste grupo? 

Colaboração para o Site Pecador Confesso.

- Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco
- Presbítero Eudes L Souza
- Ev. Natlino das Neves
- Luciano de Paula Lourenço.

Texto Editado e Postado por Hubner Braz (@PecadorConfesso)


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Sobre o Autor:
Ev. Hubner BrazÉ escritor, professor, blogueiro, batista. Vivendo para o Reino de Deus. Trabalhando incansavelmente para deixar o blog sempre atualizado abençoando e evangelizando as vidas que acessam este espaço de aprendizado cristão. Criador do projeto Pecador Confesso e tem se destacado em palestras e cursos para jovens, casais, obreiros e missões urbanas | (Tecnologia WordPress).

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Pecador Confesso: Lição 12 – A Reciprocidade do Amor Cristão – 22 de Setembro de 2013 – CPAD
Lição 12 – A Reciprocidade do Amor Cristão – 22 de Setembro de 2013 – CPAD
Na lição 12 vemos a sequência do estudo da carta de Paulo aos filipenses, o relacionamento de amor que havia entre o apóstolo e a igreja em Filipos, descrita em Fp.4:10-13. A Reciprocidade do Amor Cristão é o que temos visto ao longo deste trimestre, em especial na primeira lição, como era o relacionamento entre o apóstolo Paulo e a igreja em Filipos, um relacionamento de profundo amor, amor que era recíproco, ou seja, um amor que vinha década uma das partes e era correspondido pela outra.
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