TEXTO ÁUREO ”E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.”...
TEXTO ÁUREO
”E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.” (Is 6.3)
VERDADE PRÁTICA
O ultraje à santidade divina traz destruição espiritual. A santidade de Deus é a expressão máxima de sua glória.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – Êx 40.34,35 A glória de Deus se manifestou por ocasião da dedicação do Tabernáculo no deserto
Terça – 2 Cr 7.1,2 A glória de Deus desceu ao Templo de Jerusalém quando o rei Salomão o inaugurou
Quarta – Ez 43.12 Santidade é a lei do novo Templo
Quinta – SI 26.8 A glória de Javé simboliza a presença de Deus
Sexta – Ez 11.23 A glória de Deus se afastou do Templo por ocasião de sua destruição pelos caldeus
Sábado – Jo 1.14 O Senhor Jesus Cristo é o clímax da manifestação da glória de Deus
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Ezequiel 43.1-9
1 – Então, me levou à porta, à porta que olha para o caminho do oriente.
2 – E eis que a glória do Deus de Israel vinha do caminho do oriente; e a sua voz era como a voz de muitas águas, e a terra resplandeceu por causa da sua glória.
3 – E o aspecto da visão que vi era como o da visão que eu tinha visto quando vim destruir a cidade; e eram as visões como a que vi junto ao rio Quebar; e caí sobre o meu rosto.
4 – E a glória do SENHOR entrou no templo pelo caminho da porta cuja face está para o lado do oriente.
5 – E levantou-me o Espírito e me levou ao átrio interior; e eis que a glória do SENHOR encheu o templo.
6 – E ouvi uma voz que me foi dirigida de dentro do templo; e um homem se pôs junto de mim
7 – e me disse: Filho do homem, este é o lugar do meu trono e o lugar das plantas dos meus pés, onde habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre; e os da casa de Israel não contaminarão mais o meu nome santo, nem eles nem os seus reis, com as suas prostituições e com os cadáveres dos seus reis, nos seus altos,
8 – pondo o seu umbral ao pé do meu umbral e a sua ombreira junto à minha ombreira, e havendo uma parede entre mim e entre eles; e contaminaram o meu santo nome com as suas abominações que faziam; por isso, eu os consumi na minha ira.
9 – Agora, lancem eles para longe de mim a sua prostituição e os cadáveres dos seus reis, e habitarei no meio deles para sempre.
Hinos Sugeridos: 312, 371, 525 da Harpa Cristã
PLANO DE AULA
1- INTRODUÇÃO
Na LIÇÃO 4 vimos que a glória do Senhor se foi do Templo. Nesta lição, veremos que, após a restauração completa da nação de Israel, o novo Templo, o Templo do Milênio, será estabelecido a partir de uma nova dispensação. A glória do Senhor estará neste novo Templo. O profeta Ezequiel revela que a glória do Senhor entrou no Templo (Ez 43.4).
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Mostrar a revelação de Ezequiel após a restauração;
II) Identificar o Templo do Milênio;
III) Relacionar o Templo do Milênio com a santidade e a glória.
B) Motivação: O retorno da glória de Deus ao Templo é um dos momentos mais áureos do livro de Ezequiel. No livro, a chegada da glória de Deus ao novo Templo muda por completo a relação de Deus com o seu povo.
C) Sugestão de Método: Neste espaço, tomamos contato com as sete leis do ensino:
1) a lei do professor;
2) a lei do aluno;
3) a lei da comunicação;
4) a lei da lição;
5) a lei do processo do ensino;
6) a lei da aprendizagem;
7) a lei da recapitulação e da aplicação.
Sugerimos que você reveja cada lei e procure perceber o todo do processo de ensino aprendizagem. Note que as sete leis do ensino começam com o professor, passa pelo aluno e seus processos de aprendizagem e termina com a aplicação de tudo o que aprendeu. Essas leis nos mostram que a educação tem rumo e ordem.
3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Faça uma revisão com a classe, procurando mostrar que Deus deseja fazer nova a nossa relação com Ele.
4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 92, p.41, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto “A Descrição do Templo” aprofunda a perspectiva literal do Templo na visão de Ezequiel; 2) O texto “A volta da glória de Deus” amplia o assunto do retorno da glória do novo Templo.
INTRODUÇÃO COMENTÁRIO
Depois das visões e dos diversos discursos contra o Templo e contra a cidade de Jerusalém em Ezequiel, os oráculos divinos substituem ameaças e castigos por bênçãos futuras. Estudamos, na lição passada, a restauração espiritual de Israel, que o profeta anunciou para um futuro distante. Veremos, a partir de agora, o epílogo da revelação de Ezequiel. É longo e ocupa os capítulos 40-48, mas o registro da volta da glória de Deus aparece depois da descrição do Templo, sendo parte das promessas divinas de restauração.
COMENTÁRIO
O templo e a cidade de Jerusalém foram destruídos pelos caldeus por causa das iniquidades e abominações que são um atentado à santidade de Javé. Cumprido, assim, o juízo de Deus contra Israel, há uma recriação da terra e do povo (Ez 36–37) e a restauração espiritual de Israel (Ez 40–48). Os capítulos 40 a 48 tratam da terceira e última visão de Ezequiel. Essa parte do livro enfatiza: a) o novo templo (40.1–43.12); b) a nova forma de adoração a Deus (43.13–46.24) e c) a partilha da terra santa entre as tribos de Israel (47.1–48.35).
Sobre o retorno da glória de Deus no novo templo (43.1-12), a parte da revelação segue o mesmo padrão da primeira visão junto ao rio Quebar (Ez 1–3), que marca a experiência no início de sua vocação, e o da segunda visão quando o profeta foi levado em espírito para Jerusalém e para o templo (Ez 8–11). Há um contraste entre o que o profeta viu quando foi levado em visão ao templo de Jerusalém e o que ele vê nessa última visão. Ezequiel não foi o único profeta a mencionar a referida Casa (Is 2.2-5; Jl 3.18), mas é o único que descreve o complexo do templo com abundância de detalhes. Interessante ainda observar que não há menção direta do nome Jerusalém nessa visão.
A terceira visão aconteceu “no vigésimo quinto ano do nosso exílio, no princípio do ano, no décimo dia do mês, catorze anos após a queda da cidade de Jerusalém” (Ez 40.1), vinte anos após a primeira visão. A data coincide com Yom Kippur, o Dia da Expiação (Lv 16), uma das celebrações mais importantes para o povo. Nesse dia, o sumo sacerdote deveria fazer expiação por si, pela sua casa, pelo santuário, pela tenda do encontro, pelo altar e pelo povo. Como sacerdote, esse dia é uma referência significativa para Ezequiel, considerando que o templo está destruído. No entanto, Javé mostra ao Profeta um novo templo.
Com base em Ezequiel 29.17, a última data do livro antes dessa seção do templo, há um intervalo de treze anos entre a primeira e a segunda parte do livro. Deus leva Ezequiel em visão de volta a Jerusalém catorze anos depois da destruição da cidade santa para acompanhar um cicerone celestial que guia o profeta no complexo do novo templo.
Ezequiel é levado ao ponto no qual a glória de Deus parou no capítulo 11. Deus o leva à terra de Israel e lhe dá visões (Ez 40.2), evento parecido ao relatado nos capítulos 1 e 8. Um homem com a aparência como a do bronze mostra o novo templo ao Profeta e lhe ordena que anunciasse ao povo de Israel tudo o que visse (Ez 40.3).
Ele será o guia de Ezequiel durante a visão. O novo templo é descrito com riqueza de detalhes nos capítulos 40 a 42.
O capítulo 42 trata do sistema do sacrifício, ponto de diversas discussões entre os comentaristas. Alguns consideram isso normal diante do contexto sacerdotal, outros entendem ser um ponto estranho, tendo em vista as críticas dos profetas em relação ao sistema de sacrifício (Is 1.10-17; Os 6.6; Am 5.21-25; Mq 6.6-8). O trecho de 11.16 também entra no debate, pois Deus diz que seria um santuário temporário.
Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 127-128.
“Como Deus, sobre seu carro-trono, tinha abandonado o templo, saindo pelo Portão Oriental, assim, agora, volta da mesma direção para rededicar e purificar o templo com Sua presença (cf. Êxo. 40.34-38; I Reis 8,10-11). O evento foi poderoso como o trovão ou o som de muitas águas (Eze. 1.24; Apo. 14.2; 19.6) e o brilho do sol. A terra, refletindo a glória do Senhor, iluminou-se gloriosamente (Isa. 60.1-3). O Eze. 6.12 mostra que o templo restaurado terá exclusivamente usos espirituais, ordenados por Yahweh. Nenhuma influência do rei terrestre será admitida (capítulo 8; I Reis 7.1 -12; 11.3; Amós 7.13)” [Oxford Annotated Bible, introdução aos vss. 1-12).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3339.
Já havia dezenove anos que Ezequiel recebera a visão da glória do Senhor deixando Seu templo (10:18-22; 11:22-24). Agora, vê a Sua volta, para ocupar e consagrar este novo edifício para ser Seu santuário. Sua aparência era a mesma de antes, junto ao rio Quebar (ainda outra ligação que esta visão final tem com o escrito anterior de Ezequiel) e induziu a mesma resposta de reverente temor e adoração. O acompanhante angelical ainda está com Ezequiel, e continuará a dar explicações e instruções sobre a lei do templo, mas a esta altura há uma palavra especial da parte do Senhor, de dentro do templo, que é virtualmente uma declaração de consagração.
Taylor. John B,. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pag. 237.
Palavra-Chave: SANTIDADE
I – SOBRE O QUE VEM DEPOIS DA RESTAURAÇÃO
Essa parte da revelação de Ezequiel segue o mesmo padrão da sua experiência no início de sua vocação que ocupa todo o capítulo 1. A linguagem é a mesma da visão do capítulo 8, quando o profeta foi levado em espírito para Jerusalém e para o Templo.
1- A porta oriental do Templo (v.1).
Os capítulos 40 a 42 descrevem o complexo do Templo com suas áreas, espaços e dimensões, mas só no capítulo 43.1-12 que a glória de Deus aparece. Na descrição do Templo, Ezequiel é levado “à porta que olhava para o caminho do oriente” (Ez 40.6). Quando se refere ao retorno da glória de Deus, o profeta volta a falar dessa mesma porta (v.1). A intenção do Espírito Santo é fazer o destinatário original desses oráculos lembrar que quando a glória de Deus se afastou da Casa de Deus foi em direção ao oriente (Ez 10.19; 11.23) e que o seu retorno será pelo mesmo caminho.
COMENTÁRIO
Ao portão que dá para o leste. A glória de Deus deixou o templo de Jerusalém saindo pela porta oriental em direção ao monte das Oliveiras. Deus havia deixado o lugar santo por causa dos pecados da nação e das abominações do templo de Jerusalém. Deus revela ao profeta o retorno da sua glória pelo mesmo caminho por onde antes saiu (10.19; 11.23).
Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 129.
Então me levou à porta… que olha para o oriente. A glória de Yahweh (ver em Eze. 1.28) entrou pelo mesmo portão do qual tinha saído, o Portão Oriental, onde o sol se levanta e dá vida ao mundo inteiro. Este versículo ensina que reversos são possíveis, até mesmo os de situações consideradas impossíveis. Quando o Espírito de Deus toma parte em uma situação, todas as impossibilidades são anuladas. Oh, Senhor, concede-nos tal graça! “A glória Shekinah era a distinção especial do velho templo e, assim, também do novo, mas se realizará em grau muito mais elevado no segundo” (Fausset, in loc).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3339.
A glória do Deus de Israel. Conforme 42:15, Ezequiel já estava perto da porta que olha para o oriente, e o v. 1, portanto, deve ser tomado como introdução estilizada a esta nova seção. A descrição da presença de Deus não somente recorre à visão anterior do carro-trono levantado nas asas dos querubins (o ruído de muitas águas, 2; cf. 1:24), como também ao simbolismo solar que frequentemente é associado a glória do Senhor (a terra resplandeceu por causa da sua glória, 2; cf. Dt 33:2; Is 60:1-3; Hc 3:3-4).
Taylor. John B,. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pag. 237.
2- Três observações importantes (v.2).
Observe que a glória de Deus ”vinha do caminho do oriente”. Quando Ezequiel recebeu a incumbência de anunciar a destruição do Templo e a queda da cidade de Jerusalém, ele viu o afastamento da glória de Javé para o Oriente como sinal de sua retirada do meio do povo. O profeta já tinha visto isso na revelação inaugural (Ez1.24); “a terra resplandeceu por causa da sua glória”, isso faz lembrar da visão do profeta Isaías (Is 6.3).
A “voz como de muitas águas” (v.2) é uma expressão metafórica para indicar o grande poder de Deus (Ap 1.15; 14.2; 19.6). Esse Ser da visão do profeta, “como semelhança de um homem” (Ez 1.26), é o Messias pré encarnado; “vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14) quando veio ao mundo na plenitude dos tempos (Gl 4.4).
COMENTÁRIO
Vinha a glória do Deus de Israel. O Profeta que viu a glória partindo do templo vê o seu retorno. E o movimento de Javé ecoava como o som de muitas águas. Em Ezequiel 1.24, esse som aparece como o ruído das asas dos seres viventes, e mais adiante em Apocalipse 1.15 para descrever a voz de Jesus, também em Apocalipse 14.2; 19.6.
Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 129-130.
Eis que do caminho do oriente vinha a glória do Deus de Israel. Como o sol se levanta no oriente e ilumina o céu, de horizonte a horizonte, assim a glória de Yahweh, o Sol da alma, iluminará todos os homens. A chegada da presença divina é anunciada universalmente, e o grito de triunfo é como o som de muitas águas, ouvido por todos os homens da terra. Todo o globo terrestre brilha com a Sua glória que vem depois de uma noite escura de sofrimentos, quando o povo desiste de praticar sua idolatria-adultério-apostasia. A luz de um novo dia brilha sobre o povo renovado.
Ó Dia de descanso e júbilo,
Ó Dia de alegria e luz,
O unguento que cura todas as feridas,
Tão belo e brilhante.
(C. Wordsworth)
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3339.
Tendo sido levado de volta para a porta oriental pelo guia do passeio (v. 1), Ezequiel tem sua atenção desviada para um notável fenômeno: o retorno da kãbôd de Yahweh. Seus olhos seguiram o movimento da kãbôd desde que esta apareceu no oriente, fez sua entrada no complexo do templo através da porta oriental, e, finalmente, entrou no templo {habbayit). Nesse meio-tempo, a terra inteira parecia reluzir com a emanente radiação da majestade divina. O espetáculo óptico foi acompanhado de uma sensação acústica: o som de um poderoso estrondo, como o som de ondas do mar.
As palavras usadas para descrever o evento são todas cuidadosamente escolhidas. O próprio fenômeno é identificado como kèbôd ‘èlõhê yiérâ’ël, “a glória do Deus de Israel”. A preferência inicial pela forma longa da expressão’’ reflete a importância do evento: o protetor divino da nação está voltando; um dos temas centrais dos oráculos de salvação dos caps. 34-37 está se cumprindo. Como nas narrativas do êxodo, do Sinai e do tabernáculo, a glória é a manifestação visível da presença divina, um fato reforçado pelo próprio comentário interpretativo de Yahweh, em 44.2. Embora Yahweh pudesse ter entrado no templo através da porta do lado norte ou da porta do lado sul, a escolha da porta do lado leste é deliberada, traçando uma linha reta ao longo da espinha central da sacralidade concentrada do Santo dos santos. A fonna singular, “porta”, no v. 4, é uma expressão resumida dessa passagem inteira. Mais ainda, o presente percurso significa uma reversão da tragédia descrita nos caps. 10-11.
A última vez que o profeta encontrou a glória divina, ela havia pairado sobre a porta do lado oriental e, depois, desaparecera sobre as montanhas orientais da cidade (11.19, 23), simbolizando o abandono de Yahweh de seu povo. O presente movimento afirma que 0 período de separação entre ele e a nação é passado; Yahweh estabeleceu morada em seu templo, no meio deles.
Embora o barulho que acompanhava tudo isso lembrasse ao profeta – um marinheiro de primeira viagem – o rugir das ondas do oceano, a expressão kèqôl mayim rabb’m também liga essa teofania à visão inaugural de Ezequiel ( 1.24). A primeira comparação com o tumulto de um acampamento militar não é descrita explicitamente, mas pode-se reconhecer, no som, uma alusão a procissão triunfante de um conquistador ao voltar da guerra. Os temas de luz e fogo também estão presentes na visão de abertura (1.4, 13), mas aqui a radiação da kãbôd divina parece ainda mais intensa, iluminando a terra e anunciando a todos a chegada de Yahweh. O relato do desenvolvimento da procissão divina continua no v. 4. Yahweh tem somente um objetivo em mente: restabelecer sua habitação no templo. Por enquanto, a narrativa se satisfaz em anunciar simplesmente a chegada da kãbôd como seu objetivo. O narrador voltará ao assunto em 44.1-4.
Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 521-522.
3- As reminiscências (v.3).
A comunicação profética e a estrutura dos discursos continuam na mesma forma da atividade profética de antes, ou seja, o profeta é levado em espírito. Ezequiel compara essa visão com a de sua primeira experiência como profeta (Ez 1.1; 8.3). Estudamos, na lição 4, que a glória de Javé se retirou do Templo de Jerusalém como sinal da retirada de sua presença do meio do seu povo.
Depois de 14 anos da destruição da Cidade Santa, Ezequiel foi levado de volta, em visão, para Jerusalém, “No ano vigésimo quinto do nosso cativeiro, no princípio do ano, no décimo dia do mês” (Ez 40.1), estamos falando de 28 de abril de 573 ou 572 a.C. Essa revelação é escatológica, não é para o contexto histórico em que vivia o profeta.
COMENTÁRIO
O aspecto da visão remete aos capítulos 1 e 8–11, ao mencionar que era como as visões que tive junto ao rio Quebar. A aparência da glória de Deus é descrita com detalhes em Ezequiel 1.26-28; ela é tão esplendorosa que o Profeta cai com o rosto em terra (1.28) tanto na primeira visão quanto nesta. Os elementos são os mesmos nos três relatos: o trono, os querubins e o santuário. As condições são diferentes. Neste capítulo 43, trata-se do retorno da glória ao santuário, depois do juízo divino cumprido na Casa de Israel.
Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 130.
A glória do Senhor entrou no templo pela porta que olha para o oriente.
A glória de Yahweh, vinda do oriente, entrou no templo pelo Portão Oriental e foi diretamente para o Santo dos Santos. Dessa maneira, a glória Shekinah foi restaurada a Israel. O velho dia de iniquidades terminou.
Com o Novo Dia, o Reino do Messias (nos seus passos iniciais) se iniciou. Para o significado do Portão Oriental, ver Eze. 40.6-16. Esta visão foi tão dramática quanto aquela da destruição de Jerusalém. Cf. Eze. 8.24; Gên. 49.7; Isa. 6.10; Jer. 1.10. Os capítulos 1, 9 e 10 de Ezequiel descrevem este acontecimento em detalhes. A primeira visão foi recebida perto do rio Quebar, onde o profeta se prostrou, com o rosto no chão, tão aterrorizado estava. Agora, no novo templo, o dia escuro esvanece na luz do novo dia.
“Assim Israel renovado e dedicado fica esperando por Deus. Ele volta da mesma maneira grandiosa que tinha saído. O autor aqui consegue captar uma partícula da essência do evangelho. O Deus que julgou é o mesmo que restaura, anulando deslealdades do passado. Seu amor nos ganha de volta, e o que Ele ganhou, Ele transforma” (E. L. Allen, in loc).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3339.
Este versículo interrompe a narrativa com a observação da reação do profeta. As ligações entre as visões anteriores subentendidas pelas expressões usadas nos vv. 2 e 4 são agora expressadas explicitamente, embora na ordem inversa da experiência do profeta. Primeira, essa teofania o faz lembrar da visão da partida de Yahweh, de seu templo, nos caps. 8-11. Numa irônica guinada, entretanto, o profeta agora interpreta a visão anterior em termos não do abandono divino, mas de sua chegada para destruir Jerusalém. O infinitivo de finalidade, ôahêt, “destruir”, fomece uma ligação específica com a resposta horrorizada do profeta, em 9.8: “Ah! Senhor Yahweh! Estás destruindo (mahS’t) todo o remanescente de Israel derramando tua fúria sobre Jerusalém?” Outros ecos dessa visão anterior aparecem nos versículos seguintes. Segunda, o aparecimento da kãbôd remete a mente de Ezequiel ainda mais longe, no passado, até seu primeiro encontro teofânico com Yahweh (1.4-28), nas ribanceiras do rio Quebar. Embora a carruagem celeste e seus servos querubins tenham dominado o relato anterior, aqui o foco é a própria kãbôd. A resposta física do profeta, prostrando-se sobre sua face, indica que nem os anos de reflexão, nem as décadas de serviço divino haviam embotado seu senso de respeito e temor à vista da glória de Deus.
Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 522.
SINOPSE I
A glória do Senhor entra pelo caminho da porta cuja face está para o oriente.
II – O TEMPLO DO MILÊNIO
Há um contraste entre o que o profeta viu quando foi levado em visão ao Templo de Jerusalém e o que ele vê nessa última visão. Ezequiel não foi o único profeta a mencionar a referida Casa (Is 2.2-5; Jl 3.18), mas é o único a descrever o complexo do Templo com abundância de detalhes.
1- Um templo diferente.
Que templo é esse? Não aparecem nele peças e utensílios próprios do Tabernáculo e do Templo de Salomão. Podemos enumerar alguns como a Arca da Aliança (2Co 5.6-8), o altar de ouro do incenso, o candelabro ou castiçal, a mesa dos pães da proposição (2Cr 4.19,20). Comparado com o que se conhece da Casa de Deus em Jerusalém e do Tabernáculo, pode-se dizer que é um templo atípico, ou seja, diferente. Visto que o Tabernáculo e o Templo com toda a sua estrutura de funcionamento, rituais, peças e sacerdotes apontavam para Cristo e tudo isso se cumpriu nEle (Hb 9.11,12). Por essa razão, não haverá necessidade desses rituais no Milênio.
COMENTÁRIO
O santuário da antiga aliança era um santuário inferior. Inferior porque era um santuário terrestre (9.1); inferior porque era um tipo de alguma coisa maior (9.2-5); inferior porque era inacessível ao povo (9.6,7); inferior porque era temporário (9.8); inferior porque era externo, e não interno (9.9,10).
Deus tomou a decisão de mandar Moisés construir um tabernáculo, a fim de vir habitar com o seu povo (Êx 25.8). Todos os detalhes desse tabernáculo foram dados por Deus a Moisés, que cumpriu rigorosa e meticulosamente toda a prescrição divina para a construção. Concordo com Wiley quando ele diz que o escritor aos Hebreus se refere apenas ao tabernáculo original, cujo modelo foi revelado a Moisés no monte e no qual foram baseados os templos construídos depois. De modo algum, o autor procura diminuir-lhe a glória; ao contrário, admite-lhe a grandeza, a fim de, com maior destaque, apresentar a grandeza suprema do santuário celestial no qual Jesus entrou para comparecer diante de Deus por nós.
LOPES. Hernandes Dias. HEBREUS A Superioridade de Cristo. Editora Hagnos. 1 Ed. 2018.
Significado do Templo. Qual é o significado do Templo de Ezequiel? Isto está expresso na “lei do templo” (Ez 43.12) de que sobre o “cimo do monte, todo o seu limite ao redor será santíssimo; eis que esta é a lei do templo”. Era uma expressão da santidade de Yahweh através do complexo que é revelado no processo de medida, e deste complexo o povo deve medir “o modelo” (cp. o caminho da santidade) para que eles possam se envergonhar “das suas iniquidades” (43.10; BS, 106:58).
Considerando que a visão ocorre no final da profecia de Ezequiel, deve-se observá-la como a culminação da obra do profeta. A santidade de Deus foi o ponto principal do seu ministério. A santidade de Deus foi ultrajada pela iniquidade persistente de Israel. O livro servia como o processo de revelação, acusação e julgamento de Israel (cap. 1-26), o julgamento das nações circundantes para que o nome de Yahweh fosse vindicado em toda a terra (cap. 25-32), seguido pelo renascimento e restauração do povo pródigo (cap. 33-39), que incluiria o último grande ataque ao povo de Deus, concluindo com a revelação de Deus habitando entre o povo (cap. 40-48; BS, 106:57). O Templo (cp. Ml 3.1) deve tomar-se o lugar de habitação da glória divina (cp. Ez 43.1-6): “Filho do homem, este é o lugar do meu trono, e o lugar das plantas dos meus pés, onde habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre” (43.7).
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 791.
2- Uma dispensação diferente.
O último bloco do livro de Ezequiel, capítulos 40-48, foca o Novo Templo (40.1-43.12); a nova forma de adoração a Deus (43.13- 46.24); e a partilha da terra santa entre as tribos de Israel (47.1-48.35). Tudo isso aponta para o Milênio, o reinado de Cristo de mil anos (Ap 20.1-5), anunciado pelos profetas (Ez 37.22, 23; Is 2.2-4; 11.6-8).
Há muitas interpretações sobre o templo de Ezequiel, é extremamente difícil separar o literal do simbólico. Sabemos que esse é o Templo do Milênio, mas, como Jesus já foi sacrificado por nós, seria necessário sacrifício de animais (Jo 1.29; 1 Co 5.7; Hb 7.24-28)? O incenso representa as nossas orações (Sl 141.2; Ap 8.3). O castiçal tipifica Cristo como a luz do mundo (Jo 8.12). A era messiânica será marcada pela presença real e literal de Cristo (Ap 20.1-5).
COMENTÁRIO - O Templo Ideal de Ezequiel
Ezequiel, nos capítulos 40 a 48, descreve em grande detalhe esse templo “ideal”. Alguns supõe que esse templo deva tomar-se uma realidade no Milênio, portanto chamam-no de Templo do Milênio. Os dispensacionalistas favorecem essa idéia, mas a maioria dos intérpretes supõe que Ezequiel apresenta um templo ideal, do qual podemos extrair lições morais e espirituais sem tentar construir uma estrutura física de fato. Aqueles que retornaram do Cativeiro Babilônico e construíram o Segundo Templo, não utilizaram o plano de Ezequiel. Em primeiro lugar, eles não tinham dinheiro, materiais nem conhecimento para uma realização tão gigantesca. O templo ideal foi dado a Ezequiel em uma visão, e talvez seja melhor considerá-lo um auxílio visionário à fé e não um plano arquitetônico que deveria ser seguido “algum dia”.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 6. 11 ed. 2013. pag. 341.
Identidade do Templo. Que Templo é este? E completamente separado do Templo anterior em Jerusalém? E um complexo de construções completamente novo? Um estudo da sequência de eventos ajuda a responder essa questão. Israel, em todas as suas tribos, participou do cativeiro; a destruição do seu Templo simbolizou o julgamento de Deus sobre ele devido ao seu pecado. Ele tinha a restauração prometida depois do arrependimento (Dt 3 0.1 ss.). A partida do Shekinah (“glória” Ez 11.22,23) significou a queda de Jerusalém. O retorno desta glória (43.1 ss.) significava a restauração de Israel ao favor e bênção de Deus.
Contudo, se um Templo fosse muito diferente do Templo que Nabucodonosor destruiu, como ele poderia trazer alguma segurança ao povo? Visto que o Lugar Santo e o Santo dos Santos são do mesmo tamanho que os do Templo de Salomão, e considerando outras semelhanças, a conclusão é que o Templo de Ezequiel é basicamente o Templo de Salomão, mas com modificações na estrutura do átrio e na organização. Ele não é meramente um templo “ideal”, pois ao descrever o uso do altar, Yahweh (43.18ss.) descreve sua santificação (w. 18-27) e as ofertas feitas pelos sacerdotes (44.1531) dizem respeito ao que deveria ser feito por um povo restaurado ao seu Deus.
Porém o que foi mencionado acima não responde à questão — o Templo de Ezequiel existiu realmente? A ênfase sobre o ritual e a eliminação do ritual no NT indica que este templo serve a outro propósito.
Deve-se lembrar que Israel passou por deportação devido à idolatria e rejeição da Aliança de Yahweh (Dt 4.27,28; 28.64-68), mas se em sua aflição eles procurassem o Senhor de todo o coração, ele os ouviria e os restaurariam a sua terra (Dt 4.29-31; Jr 29.10-14). O propósito era aperfeiçoar um povo recalcitrante e relapso, e criar uma nação santa (Ez 37.21-23,26-28) que, como povo santo, retomaria verdadeiramente à sua terra. Ezequiel 40-48 apresenta em palavras quadros da consequente união íntima de Yahweh com seu povo, e transmitiu ao remanescente de Israel a segurança do retomo a sua herança. A organização dos átrios impressionou o povo sobre a necessidade de santidade pessoal; mas também, a presença de Yahweh ali (43.1 -12) demonstrou sua acessibilidade por parte do povo. O ritual, sendo restaurado, transmitiu a Israel que ele foi verdadeiramente aceito, e por isso poderia esperar que se tomasse um povo purificado e restaurado.
Portanto, o Templo de Ezequiel era uma “ajuda visual” para a fé. Visto que os exilados que retomaram aderiram à forma do Templo anterior e não à do Templo de Ezequiel, parece que seu Templo deveria ser entendido simbolicamente. A verdadeira restauração de Israel ainda está por vir, quando Deus, pela segunda vez (Is 11.11), salvará Israel do cativeiro, quando será dado ao povo de Israel um novo coração (Ez 36.26) e a nação nascerá em um dia (Is 66.8-10). Isto se refere ao milênio e ao renascimento de Israel, pois todos os gentios devem esperar para que eles também possam ser renovados e participar das bênçãos da casa de Deus (Is 56.7).
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 791-792.
O Templo que o profeta Ezequiel contemplou em visão (Ez 40.2-47.2) aparentemente pertence à era escatológica que vem depois da destruição de Gogue e suas hostes (Ez 3839).
Portanto, os intérpretes pré-milenialistas das Escrituras geralmente acreditam que esse será um templo literal, construído para a adoração durante o reino milenar de Cristo.
Em suas características essenciais, o Templo de Ezequiel era baseado no Templo de Salomão. Os portões, descritos em grande detalhe (Ez 40.6-44), correspondem quase exatamente aos portões da cidade construídos pelos arquitetos de Salomão, os quais os arqueólogos escavaram em Megido, Hazor e Gezer. Cari G. Howie reconstruiu a planta do Portão Leste (w.6-16) e notou a incrível semelhança entre este e o portão salomânico em Megido, do nível IVB. Ambos têm o mesmo número de pilares e câmaras adjacentes; ambos têm um duplo vestíbulo ou terraço, e de maneira geral as medidas são semelhantes (“The East Gate of Ezekiel’s Temple Enclosure and Solomonic Gateway of Megjddo”, BASOR #117 [1950], pp. 13-19).
Conjectura-se então que, quando jovem, Ezequiel havia conhecido o próprio Templo de Salomão antes de ter sido levado cativo de Jerusalém.
A principal característica do Templo de Ezequiel é sua perfeita simetria geral. O recinto todo, de 500 côvados quadrados (42.1520) está voltado para o leste. Talvez a maior diferença em relação ao Templo de Salomão seja a ausência do grande “mar” ou pia (cf. 1 Rs 7.23-26). Seu lugar parece ter sido tomado pelo rio de águas vivas que corriam dos limites do Templo para o leste, em direção ao mar Morto, tornando as suas águas vivas e frescas e trazendo vida a áreas desérticas (47.1-12).
PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pag. 1897-1898.
3- Um ritual diferente.
Sem a Arca da Aliança: ”naqueles dias, diz o SENHOR, nunca mais se dirá: A arca do concerto do Senhor Nem lhes virá ao coração, nem dela se lembrarão, nem a visitarão; isso não se fará mais” (Jr 3.16). Ela não aparece no templo de Ezequiel e nem mesmo no templo de Zorobabel. Ela aparece pela última vez na Bíblia no reinado de Josias (2 Cr 35.3).
Depois disso, a Arca desapareceu completamente da história da Arca da Aliança era o símbolo da presença de Deus (Êx 25.22; Lv 16.2) e foi confeccionada pelos israelitas por ordem de Deus durante a peregrinação deserto (Êx 25.10-16; 37.1-9).
COMENTÁRIO
Quando a nova aliança entrar em vigor, o povo de Deus será abençoado e prosperará. A presença de Deus em Sião fará desnecessária a arca e outros objetos de culto com sua majestade, porque estes são somente símbolos da realidade de Deus. Na Jerusalém celestial de Ap 22: 5 o sol também estará fora de moda. Até esta época ainda precisamos de alguns lembretes materiais da atuação de Deus, para auxiliar a fé.
K. Harrison. Jeremias e Lamentações. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 53.
Quando vos multiplicardes e vos tornardes fecundos na terra. Sem dúvida, a arca da aliança estava entre as coisas que os babilônios levaram para a terra deles, na época do cativeiro de Judá. Mas não temos nenhum registro específico sobre isso e nenhuma indicação do que aconteceu a essas coisas na Babilônia. O povo de Israel sentia falta da arca unicamente por ser o lugar onde se manifestava a presença do Senhor Deus (uma espécie de trono de Deus na terra), o lugar de contato de Yahweh com Seu povo em aliança com Ele. O povo de Israel anelava por ver a arca da aliança de alguma maneira “recuperada”.
Mas esse anelo se reduziria a nada quando uma restauração todo-poderosa substituísse a antiga restauração por uma restauração nova e muito mais satisfatória. Outra arca não seria manufaturada; pelo contrário, a própria Jerusalém se tornaria o trono de Deus, o lugar onde se manifestaria Sua presença e Seu poder, e isso mais do que compensaria a perda (vs. 17). Cf. Eze. 43.7. Ver também Jer. 14.21; 17.12; Isa. 2.2-4 e Miq. 4.1-4.
Quanto a outros particulares, o novo também seria superior ao antigo: todas as nações se concentrariam em torno de Jerusalém e seu culto, e não apenas uma minúscula nação e sua arca da aliança. Torna-se evidente aqui a promessa do Reino. As nações chegar-se-ão dotadas de elevada espiritualidade, abandonando seus antigos caminhos de idolatria e rebelião. Cf. Zac. 14.16-19. Em tais circunstâncias de redenção universal, ninguém mais lembrará os “dias áureos antigos”, quando a arca estava no templo, antes do cativeiro babilónico. Cf. Isa. 2.2-3; 60.3-5. A arca era um dos principais sinais do antigo pacto. Substituí-la por algo melhor fala do Novo Pacto, que lhe é superior (ver Jer. 31.32). Cf. Heb. 8.13.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2993.
Ele promete que não haverá mais oportunidade para a arca do concerto, que tanto havia sido a glória do tabernáculo, antes e depois do templo, e era o símbolo da presença de Deus junto a eles. Ela deverá ser deixada de lado, e não mais haverá perguntas sobre ela: Ela não “lhes virá ao coração, nem dela se lembrarão, nem a visitarão. Isso não se fará mais” (v. 16):
“Quando vos multiplicardes e frutificardes na terra”, quando o reino do Messias for fundado, o qual pelo acréscimo dos gentios trará para a igreja um vasto crescimento (e os próprios mestres judeus reconhecem que isso se referia aos dias do Messias), então eles não deverão mais dizer: “A arca do concerto do Senhor!”, não deverão mais tê-la entre si como um valor, ou para se valorizarem por conta dela, porque eles terão estabelecido um modo espiritual puro de adoração, no qual não haverá nenhuma oportunidade para quaisquer daquelas práticas externas. Junto com a arca do concerto a lei cerimonial inteira e todas as suas instituições deverão ser postas de lado, pois Cristo, o significado de todos esses símbolos, revelados para nós na palavra e nos sacramentos do Novo Testamento, substituirá todos eles para nós.
E muito provável (por mais que os judeus afirmem o contrário) que a arca do concerto estivesse no segundo templo, tendo sido restaurada por Ciro juntamente com os outros utensílios da casa do Senhor (Ed 1.7). Mas no templo do Evangelho Cristo é a arca. Ele é o propiciatório. E a presença espiritual de Deus em suas ordenanças pela qual devemos esperar agora. Muitas expressões são aqui utilizadas no que diz respeito ao abandono da arca: é dito que ela não virá à mente, que eles não se lembrarão dela, que eles não a visitarão, que nenhuma dessas coisas deverá mais ser feita.
Pois “os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade” (Jo 4.23). Mas essa variedade de expressões é usada para mostrar que as cerimônias da lei de Moisés deveriam ser totalmente e enfim abolidas para nunca mais serem praticadas, mas que seria com dificuldade que delas se afastariam aqueles que haviam estado, por um longo tempo, devotados a elas. E que eles não as abandonariam totalmente até que sua cidade santa e seu santuário estivessem ambos destruídos.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pag. 353.
4- Como explicar os sacrifícios no Milênio?
O ponto mais crucial da visão de Ezequiel é a descrição dos sacrifícios (Ez 43.18-27) no sistema levítico, visto que o Senhor Jesus já cumpriu toda a lei, ‘tornando sem efeito a eficácia do modelo mosaico (Hb 9.10-15; 10.1-4,8). O apóstolo Paulo usa uma metafórica linguagem do sistema de sacrifícios do Antigo Testamento para oculto e o serviço cristãos (Rm 12.1,2; 1 Co 9.13,14; Fp 4.18).
Mas existem diversas explicações para os sacrifícios no Milênio em Ezequiel. Uma delas, e a principal, considera o sacrifício como literal, como memória do sacrifício de Cristo; assim como a ceia do Senhor será celebrada ” no Reino de meu Pai” (Mt 26.29); ou: ”no Reino de Deus” (Mc 14.25).
COMENTÁRIO - A consagração do altar (43.18-27)
Apesar da prescrição para a consagração do altar, nos vv. 18- 27, depender claramente dos vv. 13-17, o v. 18 marca o início de uma nova subseção. O programa legal e cultuai desse texto é estabelecido pela formula introdutória, ‘êlleh huqqôt hammizbêah, “Estas sâo as ordenanças do altar”. Mas as considerações sobre o estilo se complicam pela estrutura profética, que consiste da abordagem direta de Ezequiel por Yahweh com ben-’ãdãm, “Filho do homem”, seguida pela fórmula de citação, kõh ‘amar ‘ãdõ nãy yhwh, “Assim o Senhor Yahweh declarou”, no início (v. 18), e a fórmula signatária, nè’um ‘ãdõnãy, “a declaração do Senhor Yahweh”, no final (v. 27). Esta nuança é reforçada por outra ocorrência interruptiva dessa última fórmula no v. 19.
Embora wayyõ ‘mer e wayèdabbêr, “E ele disse”, tenha marcado o discurso divino anteriormente nessa visão final, em cada um dos casos a expressão identificou as declarações do guia angelical.™ Pela primeira vez nos caps. 40-48 Yahweh fala diretamente.’’ Não é clara a maneira como ele fala, embora a ausência de um sujeito identificado para wayyô’mer, no v. 18, possa apontar para a figura angelical como um revezamento para o discurso divino seguinte (cf 43.6-11). De qualquer modo, essas inserções formulaicas têm o efeito de transformar o documento cultuai sacerdotal num oráculo profético. Em vista da herança sacerdotal de Ezequiel e de seu duradouro desempenho como profeta para os exilados, não há necessidade de levar a mal essa hibridização do texto.’^ Pelo contrário, ela realça a impressão de Ezequiel como um segundo Moisés, o recipiente da direta revelação divina a ser comunicada ao povo como a Torá.
Com exceção desse revestimento profético, o texto é lançado na forma-padrão de ritual cultuai,’^ completo, com ( I ) cabeçalho sacrolegal (v. 18b), que se compara com o v. 12 e com Êx 12.43;
(2) corpo (vv. 19-27a), que estabelece o procedimento para a consagração do altar paralelamente aos trechos de Êx 29.36,37, 40.9-
II, e Lv 16.18,19; e (3) pós-escrito (v. 27b), que resume o uso do altar no futuro. Ao contrário da maioria dos regulamentos rituais, que tendem a ser lançados numa linguagem estereotípica na terceira pessoa, depois de iniciar na segunda pessoa, a pessoa e o número dos sujeitos da atividade variam como se observa a seguir:
Essa inconsistência é complicada pela introdução dos sacerdotes como novos sujeitos, nos vv. 24b e 27b. Isto leva alguns a concluir que os sacerdotes, não o profeta, eram os principais agentes no texto original; consequentemente, a terceira pessoa, plural, deveria ser interpretada do começo ao fim. E preferível, entretanto, admitir a pluralidade de agentes, envolvendo tanto o profeta como os sacerdotes.’’
Embora a maioria dos eruditos date essa passagem num tempo posterior ao tempo de vida de Ezequiel, o envolvimento do próprio profeta nessa passagem não está fora de questão. Como um membro da família sacerdotal, ele estava, certamente, familiarizado com os regulamentos mosaicos concementes à consagração do altar. Havendo observado o altar no pátio, durante seu passeio pelo complexo do templo, ele pode ter ficado intrigado quanto à maneira como o seu ritual poderia ser reinstituído. Esta prescrição oráculo/ ritual é apresentada como a resposta divina para essa preocupação. Mas a resposta de Yahweh deve ter ido muito mais além dos mais fantásticos sonhos do profeta. Ele não só segura a expectativa de aceitar a adoração dos israelitas, revelando como o altar deveria ser consagrado; mas, além disso, ele eleva a estatura de Ezequiel, numa nova constituição, para a de um Moisés dos últimos dias. Tipicamente, entretanto, o estoico profeta não faz qualquer alusão quanto á sua reação a respeito dessa promoção.
A fórmula de abertura classifica os regulamentos que se seguem como huqqôt hammizbêah, “ordenanças do altar”, sendo que o substantivo hôq deriva de hãqaq, “esculpir” (cf 4.1). Como na Torá mosaica, em Ezequiel a expressão identifica um estatuto determinado por um superior, geralmente Deus. Nos contextos cultuais, é frequente indicar “cerimônia prescrita. O presente texto reflete a situação dos exilados, esperando ansiosamente pelo dia quando os rituais do altar seriam reinstituídos. O v. 18b especifica duas funções do altar: ele oferece um lugar para a apresentação das ofertas queimadas inteiras a Yahweh e para a realização do ritual da aspersão do sangue (lizrõq ‘ãlãyw dâm)? Da forma da declaração, o leitor é levado a esperar pelos regulamentos para essas cerimônias, mas isto não deve acontecer. Antes que os rituais aceitáveis possam ser realizados, o próprio altar deve ser devidamente descontaminado e consagrado. Este assunto vai ocupar os vv. 19-27.
(a) Os oficiais na cerimônia de descontaminação
O verso 19 identifica o pessoal que deve participar da cerimônia de purificação. Os leigos são profeticamente excluídos.
O profeta Ezequiel. O preeminente papel atribuído a Ezequiel na consagração do altar é notável, especialmente porque a narrativa anterior não dera nenhuma pista sobre a participação dele na futura atividade cultuai. Embora os caps. 40-48, como um todo, sejam lançados de forma visionária idealizada, essa revelação oferece alguma compensação para o fato de o profeta não ter sido qualificado para ministrar no templo de Jerusalém. Seu envolvimento pode ser resumido da seguinte maneira: (1) conseguir o novilho sacrificial e entregá-lo aos sacerdotes oficiantes (v. 19); (2) realizar a cerimônia de aspersão do sangue (v. 20); (3) participar do oferecimento do novilho como uma oferta de purificação (v. 21); (4) oferecer o bode como uma oferta de purificação (v. 22); (5) apresentar um novilho e um cordeiro sem defeitos diante de Yahweh (vv. 23,24); (6) participar do ritual de descontaminação durante sete dias (v. 25). Uma comparação com a cerimônia da purificação do altar, em Êx 29, sugere que Ezequiel deve tomar o lugar de Moisés. Ao receber as instruções de Yahweh para o ritual na forma de um discurso direto e sendo encarregado de iniciar os procedimentos, sua elevação ao status de iniciador cultuai – um segundo Moisés – é confirmada.
Os sacerdotes levíticos de descendência zadoquita. À semelhança de 40.46b, a referência no v. 19 antecipa a completa discussão do papel dos zadoquitas, em 44.10-16. O status deles é definido por haqqãrõbtm ‘êlay lèSãrèti, “aqueles que se aproximam de mim e me servem”. Embora o verbo “ãbad fale de serviço a uma divindade em geral, qãrab lèèãrêt, “aproximar-se para servir”, é uma expressão técnica para o serviço cultuai em particular.*^ Em 44.12, Sêrêt denota tomar conta de ídolos, que, na analogia da prática pagã, em outros textos, envolveria alimentar e vestir as estátuas cultuais. Mas, visto que Yahweh não admitia imagens de si próprio, a expressão não poderia ser usada em tal sentido concreto pelos yahwehístas ortodoxos.*^ Aqui, esse ministério envolverá a participação nos rituais consagradores. As seguintes atividades especificamente sacerdotais são citadas: (T.) receber o novilho, cujo sangue deve ser usado na cerimônia de aspersão de sangue realizada por Ezequiel (v. 19); (2“.) queimar o novilho da oferta de purificação no lugar determinado (? v. 21); (3“.) descontaminar o altar, usando o novilho ofertado como uma oferta de purificação (v. 22); (4“.) oferecer o novilho e o carneiro sem defeitos como holocaustos diante de Yahw’eh (v. 24); (5“.) fazer expiação para consagrar e purificar o altar durante sete dias (v. 26); (6“.) oferecer os holocaustos e as ofertas pacíficas do povo sobre o altar, a partir do oitavo dia.
(b) A cerimônia dos ritos de descontaminação
O equilíbrio entre os deveres de Ezequiel e as responsabilidades dos sacerdotes reflete a cooperação requerida na cerimônia. As atividades devem durar uma semana inteira, preparando o caminho para as ofertas queimadas e pacíficas no oitavo dia. O texto não indica qual o dia da semana em que eles deveriam começar; o primeiro dia (domingo) parece o mais provável. Os ritos específicos podem ser melhor analisados se examinados de acordo com os dias respectivos.
19-21 Dia um. O ritual do primeiro dia envolve três atividades principais. Primeira, Ezequiel deve iniciar o ritual ao longo da semana, obtendo um novilho e apresentando-o aos sacerdotes zadoquitas, que vão imolá-lo, presumivelmente, sobre o altar. O candidato para o sacrifício é identificado simplesmente como um macho bovino jovem. Nada é dito sobre a natureza do animal, mas o contexto do purgatório e a descrição das vítimas no v. 23 exigem um espécime sem defeito.
Segunda, o sangue deve ser coletado da vítima e esborrifado sobre os quatro chifres do altar, sobre os quatro lados do altar, e sobre a fiada (gèbul) que envolve todo o altar. Das duas fiadas que envolvem o altar, esta é a superior. Embora pènôt hWàzãrã seja geralmente traduzido “cantos da saliência”, aqui, o que se pretende.
são OS quatro lados (lit. “faces”) do altar (referidos pelo termo técnico ‘ãzãrâ)}^
Terceira, a carcaça deve ser removida para fora do recinto sagrado (mihús lammiqdãé) e queimada. O local da queima é especificado pela frase bèmipqad habbayit. Visto que mipqãd, de pãqad, “numerar, apontar”, é usado no sentido de “recenseamento, revista de tropas”, em 2Sm 24.9 e ICr 21.5, a maioria interpreta a palavra como um “lugar de revista de tropas” especial, dentro da área do templo.*** Mas a cadeia semântica de mipqãd não está limitada a “recenseamento”. Visto que derivados depqd são geralmente substituídos por derivados de 5mr,*’o presente contexto pede um sentido semelhante a “guarda do templo”, talvez outra designação para Sõmèrê miSmeret habbayit, “que desempenha a tarefa de guarda para o templo”, encontrado anteriormente em 40.45.** Consequentemente, os restos mortais da vítima sacrificial deveriam ser desembaraçados pelo pessoal do templo, fora do santuário, no lado de fora do pátio interior.*’
Dois verbos expressam o alvo das ações do primeiro dia: hittê’ e kippêr. O primeiro, o verbo Piei subordinado a ha(tã’t, “oferta de purificação”, baseia-se num termo semítico comum para pecado, uma ofensa contra a divindade por falhar em corresponder aos padrões dele ou dela.’*’ Mas como pode um objeto como um altar ser “des-pecado” ou descontaminado? A profanação é um agente contagiante que proíbe o uso sagrado e precisa ser removida. Isto é alcançado mediante a realização de ritos particulares, tais como aqueles descritos aqui. O propósito desses procedimentos não é o perdão do pecado, mas a purificação de um lugar. Trata-se de um ritual único, preparando o altar para os sacrifícios que vão assegurar o bem-estar da comunidade. Esta noção é reforçada pelo segundo verbo, que, embora geralmente signifique “realizar ritos de expiação”, isto é, pagar um preço para expiar um crime e evitar a morte, neste contexto requer um sentido purgativo.
A causa da profanação não é indicada. Fora dos círculos yahwehísticos ortodoxos, a fonte da impureza era o fato do pensamento ser demoníaco, caso em que o alvo do ritual da descontaminação era livrar o recinto dos demônios e impedir a volta deles. Embora um resíduo dessa noção possa ter se refletido na proibição da adoração de Moloque porque isso profana (fm ’) o santuário (Lv 20.3), a preocupação acerca de poderes malevolentes profanado res é amplamente riscada do pensamento israelita.’* Entretanto, três outras fontes de poluição eram reconhecidas: (!“.) contato com um cadáver antes de entrar no santuário (Nm 19.13, 20); (2“.) aflição com uma descarga pélvica (Lv 15.31-33) ou lepra (Nm 5.2); e (3“.) pecado por ignorância de um indivíduo (Lv 4.1-7), de um líder (4.22-30), ou da comunidade como um todo (4.13-21). As presentes cerimônias admitem a profanação fundamental do altar, não por outra razão que por causa do contato humano. Ao contrário de outras ofertas (42.13; 44.29), a came da vítima sacrificial não era consumida pelos sacerdotes. Em vez disso, era removida da área sagrada e destruída pelo fogo, presumivelmente porque ela havia absorvido a profanação.
Mas como isso ocorria? Ao contrário da Torá mosaica, esse texto não identifica qualquer ritual de imposição de mãos, como ocorria na oferta de purificação para o indivíduo (Lv 4.4,15,24,29), ou o ritual do Dia da Expiaçâo (Lv 16.21).” A contaminação pode ter sido conduzida para o animal no momento em que o sangue do novilho tocou o coração ou quando o sangue foi aspergido no altar. De qualquer modo, a percepção é baseada na íntima identificação do sangue com o nepeS, a própria essência da criatura. Por essa razão, o ato final nesse ritual de purificação envolvia não o sangue lambuzado no altar, mas o próprio novilho.
22-24 Dia dois. Os ritos do segundo dia deveriam começar com o abate ritual de um bode, com o mesmo propósito firmado quanto ao sacrifício do novilho, no dia anterior: como uma oferta de purificação (lehaUa’t) para purificar o altar.”Pela primeira vez, um animal sem defeito {tãmim) é explicitamente exigido. Esse sacrifício deve ser seguido pelo abate de um segundo novilho e de um cameiro, novamente sem defeito (v.23), como ofertas queimadas inteiras (’ôZâ). O v.24 acrescenta um novo elemento: ao realizar esses rituais, os sacerdotes devem jogar sal sobre eles. Esse texto não faz alusão ao seu significado, mas o ato evoca a expressão melah bèrit ‘èlõhêkã, “o sal da aliança do teu Deus, em Lv 2.13. As qualidades preservativas do sal aparentemente se traduziam num perfeito símbolo da permanência do relacionamento da aliança. A adição de sal ao ritual servia como um lembrete para Ezequiel e para os sacerdotes do comprometimento de Yahweh para com o seu povo.
25-27 Dias três-sete. O verso 25 prescreve que os rituais expurgatórios deveriam durar uma semana inteira. A cada dia, o profeta deveria preparar um bode para a oferta de purificação (v. 25a), e os sacerdotes deveriam preparar um novilho e um carneiro, todos sem defeito, naturalmente. O v. 26 explica que toda a série de sacrifícios contribui para a descontaminação do altar. É acrescentada uma terceira expressão a kippêr e (ihar. millê’ yãd significa, literalmente, “encher as mãos”, que era comumente usada, na forma idiomática, para a ordenação de uma pessoa, especialmente um sacerdote. Parece que essa expressão originalmente envolvia a apresentação ou um sinal, pago em reconhecimento de divida, ao se assumir um cargo ou o símbolo do cargo. Embora Ex 29.22, 26,27, 31 e Lv 8.22, 29 falem de um cordeiro da oferta de ordenação Cêl hammillu’îm), a presente ordenação de um objeto sagrado inanimado não tem comparação.
A prescrição para a consagração do altar termina, no v. 27, com uma declaração fonnal do objetivo do ritual: tornar o altar adequado para receber a oferta sacrificial normal. Duas ofertas, que geralmente aparecem juntas, são denominadas símbolos da nova posição do povo da aliança diante de Yahweh: ‘ô/á, “oferta queimada”, e êèlòmím, “ofertas pacíficas” (cf Êx 24.5). Essas duas ofertas refletem os dois lados da natureza do relacionamento da aliança. A primeira, consistindo de uma vítima sacrificial consumida completamente pelo fogo, era uma apresentação a Deus; a segunda, consumida pelo adorador, nutria o ser humano. O termo Sèlãmím sk aplicava a vários e diferentes tipos de oferta (Lv 7.11-18): sacrifícios de gratidão (tôdâ), sacrifícios de voto (neder), ofertas voluntárias (nèdãbâ). èèlãmím eram ofertas alegres, celebrando o bem-estar das experiências do adorador em relação à divindade.’®^
O verso 27 representa um clímax apropriado para a presente unidade. Após uma semana de ritos consagradores, as portas do templo poderiam ser abertas para os negócios sagrados. O edifício fora restaurado. Yahweh retornara, o altar fora cuidadosamente edificado e devidamente consagrado; que comece a adoração. Os sacerdotes podem, agora, aparecer diante de Yahweh em favor do povo com toda a certeza de serem recebidos por ele. Tendo Yahweh como sujeito, rãsâ, “aceitar”, representa uma das mais auspiciosas palavras na linguagem humana. Essa Torá-altar prepara o cumprimento da promessa feita, há muito tempo, em 20.40,41, a única outra ocorrência da palavra no livro. Essa promessa é garantida por uma assinatura divina, na forma da fórmula signatária né’um ‘ãdõ nãy yhwh, “a [firme] declaração do Senhor Yahweh”.
Implicações teológicas e práticas
Apesar de toda a sua obsolescência detalhada e formal, para os cristãos pós-Calvário, a Torá-altar de Ezequiel proclama um glorioso evangelho de graça.
Primeiro, o altar simboliza o prazer que Yahweh encontra na adoração de seu povo. Ele não voltou ao seu templo para ter prazer na glória de seus novos vizinhos. Ele veio para ter comunhão com os humanos. Os dias de sua ira ficaram para trás, e ele se toma acessível aos humanos, oferecendo um sorriso e aceitação àqueles que aparecerem em seu pátio divino.
Segundo, Yahweh oferece um caminho para a adoração aceitável. Na era anterior, a Torá mediada por Moisés oferecera um sistema de orientações civis, morais e cultuais que eram a inveja do mundo (Dt 4.6-8). Ao contrário das nações ao redor, o povo de Yahweh não foi deixado experimentando e adivinhando os tipos de comportamento e expressões cultuais que seriam favoravelmente recebidos. A revelação mosaica havia informado o povo, claramente, sobre as expectativas divinas. Aconteceria a mesma coisa na nova ordem. Por meio de Ezequiel, o novo Moisés, Yahweh declara sua vontade, oferecendo orientações a respeito das abordagens aceitáveis a ele. O sistema cultual, representado por esse altar, não deveria ser interpretado como um esforço humano para alcançar a Deus. Pelo contrário, ele significa a condescendência de Deus para com os pecadores que necessitam de sua graça.
Terceiro, como um corolário, mesmo na nova ordem, a profanação ameaça a comunhão com Deus. Mesmo o altar, no coração do recinto sagrado, é poluído pelo toque humano e precisa ser descontaminado. Se o recinto sagrado precisa experimentar a purificação (hittê\ tihar, kippêr), quanto mais os mortais fundamentalmente pecaminosos. Esse altar dá eloquente testemunho da realidade do coração humano, mesmo sob condições ideais.
Quarto, interpretado a luz do sacrifício de Cristo, os cristãos podem se regozijar, porque: a) eles têm um mediador superior a Moisés e a Ezequiel (Hb 3) em qualidade e eficiência; (b) eles têm um sumo sacerdote permanente, que tem acesso direto ao trono celestial de Deus e que oferece intercessão perpétua em favor deles (Hb 4.14-7.28); (c) o sangue de um sacrifício totalmente perfeito comprou o favor de Deus, e eliminou a necessidade de quaisquer outros sacrifícios (Hb 9.1-10.31). Deus providenciou um caminho!
Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 545-553.
O príncipe… proverá um novilho para oferta pelo pecado. O príncipe assume a liderança nas atividades. Presumivelmente, onde o sumo sacerdote trabalhasse, ele participaria, embora não diretamente nos atos sacrificiais. Curiosamente, Ezequiel não menciona o sumo sacerdote. O primeiro sacrifício foi feito para o príncipe e para o povo, para expiar seus pecados. O novilho era o animal oferecido a Yahweh para aplacar Sua ira. Os sacrifícios não seguem a velha legislação, que era mais simples [..].
O príncipe, fazendo uma oferta para si mesmo, não é, naquele momento, o Messias. O príncipe, o líder do rito, não fazia parte do velho rito; assim, temos um tipo de Nova Páscoa, retendo velhos elementos e acrescentando novos. “Nada se fala sobre o próprio cordeiro pascal, mas talvez o autor achasse que entenderíamos aquilo como parte da cena; segundo a lei mosaica (Núm. 28.17,22), o bode era oferecido todos os dias da festa. Aqui o novilho é oferecido no primeiro dia e um bode nos outros seis” (vs. 23)” (Ellicott, in loc.).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3355.
Isto diz respeito ao altar neste templo místico, que também é místico. Porque Cristo é o nosso altar. Os judeus, depois do seu retorno do cativeiro, tiveram um altar muito tempo antes de terem um templo, Esdras 3.3. Mas este era um altar que estava no templo. Aqui temos:
I As medidas do altar, v.13. Tinha cerca de seis metros quadrados na parte superior e sete metros na parte inferior. Tinha cerca de quatro metros e meio de altura. Ele possuía um assento ou prateleira inferior, aqui chamado de banco, há quase um metro do chão (no qual alguns dos sacerdotes ficavam de pé para ministrar) e aproximadamente dois metros acima deste (no qual ficavam outros sacerdotes), e cada um deles tinha cerca de meio metro de largura e possuía listras dos dois lados, para que eles pudessem permanecer firmes sobre elas. Os sacrifícios eram mortos na mesa mencionada anteriormente, Ezequiel 40.39. O que fosse queimado no altar era repassado para aqueles no banco de baixo, e entregues por eles àqueles que ficavam no banco de cima, os quais o colocavam sobre o altar. Assim no serviço a Deus devemos ajudar uns aos outros.
II As ordenanças do altar. Aqui são dadas instruções: 1. No que diz respeito, primeiramente, à consagração do altar. Sete dias deveriam ser dedicados à sua consagração e em todos os dias sacrifícios deveriam ser oferecidos sobre ele, particularmente um bode para a expiação do pecado (v.25), além de um bezerro para a expiação do pecado no primeiro dia (v.19) – isto nos ensina a termos Cristo (a grande oferta para a expiação do pecado) em vista em todos os nossos serviços religiosos. Nem nós nem as nossas ações podem ser aceitas por Deus, a menos que o pecado seja removido.
E este só pode ser removido pelo sangue de Cristo, que tanto santifica o altar (porque Cristo entrou no Santuário por seu próprio sangue, Hebreus 9.12), como a oferta que estiver sobre o altar. Também deveriam ser oferecidos em holocausto um bezerro e um carneiro (v.24), o que tinha puramente o propósito de glorificar a Deus, para nos ensinar a observarmos isto em todos os nossos serviços. Nós devemos nos apresentar a Cristo como sacrifícios vivos e também as nossas devoções como sacrifícios espirituais, para que nós e nossos sacrifícios possamos ser para Ele “por nome, e por louvor, e por glória”. A consagração do altar é chamada aqui de purificação e expiação, w.20,26. Cristo, o nosso altar, embora não tivesse nenhuma mancha de que precisasse ser purificado, santificou-se a si mesmo (Jo17.19). E quando consagramos os altares dos nossos corações a Deus, tendo o fogo santo sempre queimando neles, devemos nos certificar que eles sejam purificados e expiados do amor pelo mundo e das paixões da carne. Deve-se observar que há várias diferenças entre os ritos da consagração mencionados aqui e aqueles que foram determinados em Êxodo 29, sugerindo que os estatutos cerimoniais eram coisas mutáveis e as mudanças neles eram sinais do período de Cristo. Somente aqui, conforme a lei geral, são dadas ordens específicas (v. 24) para que todos os sacrifícios sejam temperados com sal (Lv 2.13).
A graça é o sal com o qual todas as nossas ações religiosas devem ser temperadas, Colossenses 4.6. Uma aliança eterna é chamada de aliança de sal, porque ele é incorruptível. A glória reservada para nós é incorruptível e pura. E a graça operada em nós está no “homem encoberto no coração, no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto”. 2. No que diz respeito ao uso constante que deveria ser feito do altar, quando foi consagrado: “Prepararão os sacerdotes sobre o altar os vossos holocaustos e os vossos sacrifícios pacíficos” (v.27), porque ele foi santificado para que pudesse santificar a oferta oferecida sobre ele. Observe, além disso: (1) Quem deveria servir no altar: Os sacerdotes “da semente de Zadoque”, v. 19. Esta família foi substituída por Salomão, ficando no lugar de Abiatar e Deus confirma isto.
O nome Zadoque significa justo – eles são a semente de justos, são os sacerdotes de Deus, através de Cristo o Senhor, justiça nossa. (2) Como eles deveriam se preparar para este serviço (v. 26): Eles consagrarão o altar, encherão as mãos com as ofertas, como sinal da sua entrega com as suas ofertas a Deus e ao seu serviço. Observe que antes de ministrarmos ao Senhor nas coisas santas devemos nos consagrar enchendo as nossas mãos e os nossos corações com estas coisas. (3) Como eles se beneficiariam dele (v. 27): “Eu me deleitarei em vós”. E se Deus aceitar as nossas obras, se nossos serviços lhe forem agradáveis, isto é o bastante, não precisamos de nada mais. Aqueles que se entregarem a Deus serão aceitos por Ele. Primeiro suas pessoas e então as suas ações, através do Mediador.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pag. 806-807.
SINOPSE II
No novo Templo não haverá a Arca da Aliança, seus sacrifícios serão um memorial, pois é uma nova dispensação.
AUXÍLIO TEOLÓGICO - A DESCRIÇÃO DO TEMPLO
As medidas precisas do Templo com o projeto de seus pátios, colunas, galerias, cômodos, câmaras, portas, ornamentos e vasos, além das instruções pormenorizadas quanto ao serviço sacerdotal – demonstram que o texto trata de um Templo real. O trecho de Ezequiel 43.10,11 foi escrito para aqueles judeus que viveram ao tempo da restauração final (ao tempo do cumprimento da profecia), para que eles construam o Templo conforme as instruções ali contidas. O mesmo tipo de informação sobre as dimensões arquitetônicas do Templo também é dado a respeito do altar (43.13-27). Tais dimensões devem ser observadas no dia em que o farão o altar. A coerência e a lógica literária exigem que, se o altar do Templo deve ser construído, o mesmo vale para o próprio templo (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.1223).
III – SANTIDADE E GLÓRIA
1- A glória de Deus volta ao Templo (v.5).
O Espírito Santo levou Ezequiel para o átrio interior do Templo, como havia feito anteriormente (Ez 8.1-3). Vimos isso na lição 4. Mas, nessa ocasião, a situação do Templo e dos seus adoradores era de completa apostasia com práticas abomináveis. Dessa vez, o profeta viu ”que a glória do Senhor encheu o templo” (v.5). Como aconteceu com Moisés na dedicação do Tabernáculo a Deus (Êx 40.34,35); e com o rei Salomão na inauguração do Templo, consagrando-o a Deus (2Cr 7.1,2). O retorno da glória de Javé significa a volta da presença de Deus no meio do seu povo.
COMENTÁRIO
A glória do Senhor entrou no templo (…) enchia o templo. Depois de ter visto o templo com os detalhes de sua dimensão, faltava o mais importante do lugar sagrada: a presença de Javé. A descrição do retorno da glória faz paralelo com as passagens de Êxodo 40.34, na situação da tenda no deserto, e de 1Reis 8.11, na edificação do templo de Salomão. Ezequiel 39.21 registra que essa glória será manifestada entre as nações, e essas saberão do exílio, da infidelidade da Casa de Israel, e o nome santo de Javé será revelado. Nessa nova realidade, a glória de Deus extrapola o templo e resplandece em toda a terra (v. 2). O profeta Isaías descreve a adoração dos serafins: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos;/toda a terra está cheia da sua glória” (Is 6.6).
Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 130.
Eis que a glória do Senhor enchia o templo. A glória de Yahweh era tão grande que encheu o templo inteiro, não meramente o Santo dos Santos. Cf. Isa. 6.1-3; I Reis 8.11; II Crô. 5.14. A mesma glória encheu o tabernáculo (Êxo. 40.34-38; Lev. 9.23). No fim, a própria Terra será o templo que Yahweh encherá com Sua glória. Cf. Isa. 11.9 e Ageu 2.7,9.0 profeta foi sujeito a uma experiência mística, visionária, de grandes proporções. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o artigo denominado Misticismo.
A experiência do presente versículo é atribuída à presença e atuação do Espírito. O Espírito é o principal fator do misticismo bíblico. Ver no Dicionário o detalhado artigo denominado Espírito Santo.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3339.
As semelhanças com a experiência inaugural continuam, enquanto o profeta é pego pelo Espírito divino {rúah) e colocado em pé (cf 2.2). Porém, desta vez, além de revivificá-lo para ouvir o discurso divino, o Espírito o transporta para o pátio interno. Estando nesse ponto privilegiado, ele expressa surpresa (cf hinnêh) à vista do prédio sendo preenchido pela kãbôd divina. Entretanto, tudo isso é uma preparação para o discurso divino que o profeta está prestes a ouvir (vv. 6-9).
Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 522.
2- A identidade do guia celestial (vv.6,7).
Na sua visão, Ezequiel viu no interior do Templo um personagem, diz o profeta: ”um homem se pôs junto a mim” (v.6). Pelas características, tudo indica se tratar do ”Anjo do Senhor” que é o próprio Javé, pois Ele fala em primeira pessoa: ”este é o lugar do meu trono e o lugar das plantas dos meus pés, onde habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre; e os da casa de Israel não contaminaram mais o meu nome santo” (v.7); corno na revelação a Moisés no Sinai, a manifestação do “anjo do SENHOR”.
COMENTÁRIO
Ouvi uma voz. Como em 1.28, Ezequiel ouve uma voz. O Profeta não só vê a glória de Deus como ouve a voz divina ecoando de dentro do templo para falar com ele. Essa voz indica o poder e a majestade de Deus.
Este é o lugar do meu trono e o lugar das plantas dos meus pés. A presença divina estava no templo, pois é a voz do Senhor que fala ao profeta Ezequiel. Nos capítulos de 8 a 11, vimos que o tabernáculo e o templo eram símbolo da presença de Deus, lugar da manifestação da glória de Javé. Não pode haver harmonia entre pecado e santidade, por isso a glória de Deus foi retirada do templo devido às abominações, que são uma ofensa à santidade divina. Nessa visão de Ezequiel, o contexto é novo, não há menção da arca da aliança no novo templo (1Sm 4.4; 2Sm 6.2; 1Cr 28.2; Sl 132.6-8), mas há sim a descrição do Santo dos Santos (Ez 41.1-4).
A presença de Deus, então, se manifesta, numa linguagem antropomórfica, pelo trono e pelas plantas dos pés. Em outras passagens (Sl 2.4; Is 66.1; Mt 5.34), o trono de Deus está no céu. A planta dos pés aparece no templo ou na terra (Sl 99.5; Is 60.1314; Lm 2.1; Mt 5.35). O profeta Jeremias no capítulo 3.15-18 apresenta um cenário parecido com a descrição de Ezequiel. O templo é o lugar do trono de Deus, “(…) nunca mais se exclamará: A arca da aliança do Senhor!. Ela não lhes virá à mente, não se lembrarão dela nem dela sentirão falta; e não se fará outra. Naquele tempo, chamarão Jerusalém de “Trono do Senhor” (…)” (Jr 3.16, 17).
O trono apareceu nos capítulos 1 e 10 acompanhado dos querubins (sobre “trono” ver o Estudo 4, sobre Ezequiel 10) que seguiam o movimento do trono-carruagem. Joyce destaca que o termo “querubim” em Ezequiel está associado ao tema de mobilidade e liberdade de Deus, o que se observa também quando Javé se torna ele próprio o santuário “por um pouco de tempo” (11.16) e, nessa nova realidade, Javé retorna ao lugar sagrado.
Interessante observar que, embora o novo templo seja apresentado e Javé declare que ali está o seu lugar, não é o local da sua habitação. Ele esclarece: habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre. Essa habitação remete à promessa apresentada em Ezequiel 37.24-28. Para sempre, Israel e Judá, a nação reunificada, habitarão na terra dada a Jacó com a dinastia de Davi reinando para sempre. A aliança de Deus com seu povo será de paz e eterna, assim o santuário no meio dele também será para sempre.
Nunca mais (…) com as suas prostituições. Nessa nova realidade, não há lugar para o pecado. A Casa de Israel e os reis não mais contaminarão o nome santo de Javé com suas transgressões. Esse trecho se assemelha à linguagem do capítulo 8. A primeira abominação mencionada é prostituição. Talvez esteja relacionada ao ritual de Tamuz que o Profeta viu sendo realizado nos recintos do templo e que também representava práticas antigas que ocorriam no templo (2Rs 23.7).
A segunda abominação está relacionada com o cadáver dos seus reis, nos seus lugares altos. Tendo o capítulo 8 como paralelo, não há referência direta ao cadáver dos reis. No entanto, considerando que nos lugares altos as pessoas ofereciam sacrifícios e ofertas às divindades, talvez seja uma alusão à idolatria. O capítulo 8 descreve a imagem do ciúme na entrada do portão do templo, com as figuras gravadas na parede, na sala de imagens e a adoração ao sol.
Entre os comentaristas, não se sabe exatamente a que essa prática se refere, embora seja claro que desagrada a Javé.
Provavelmente se refere aos túmulos dos reis nos recintos do templo, em razão da proximidade dos prédios (ver v. 8). Segundo informações arqueológicas, 14 reis de Judá foram enterrados nos sepulcros reais de Jerusalém, na região da Cidade de Davi, onde estavam o templo e o palácio.108 2Reis 21.18 menciona que o rei Manassés foi sepultado no jardim da própria casa; e o versículo 26 relata que Amom foi sepultado em seu túmulo.
Outra explicação apresentada por Zimmerli é uma possível referência aos ídolos-postes estabelecidos nos lugares altos. Esses postes, no entanto, teriam sido levantados para os mortos, não para os ídolos, provavelmente como no cenário descrito em Levítico 26.30.
Por outro lado, Cooke observa que essas abominações podem estar em paralelo com Ezequiel 44.6-8, trecho que aponta como profanação estrangeiros e não circuncisos realizando os rituais do templo.110 As abominações praticadas no templo estavam relacionadas aos rituais pagãos de outros povos, que talvez fossem liderados por estrangeiros. De qualquer forma, trata-se de uma atividade condenada por Javé. Esse trecho, portanto, demonstra que, nessa nova ordem, a Casa de Israel não mais contaminaria o nome santo de Javé, ou seja, nem se envolveria com a idolatria.
Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 130-132.
Ouvi uma voz que me foi dirigida do interior do templo. A voz de Yahweh veio para revelar mais verdades ao profeta. Ezequiel ouviu aquela voz saindo da casa (templo). Entrementes, o homem (Anjo?, Guia, Arquiteto) continuava como guia do profeta. Deus é a fonte da verdade, da vida e da razão para continuar vivendo. Mas Seus servos, anjos e homens, são Seus ajudantes. Ver o ministério dos anjos, em Heb. 1.14. Os guias angelicais são também professores e intérpretes.
A vida humana é enriquecida pelo ministério do Espírito, através de Seus instrumentos.
Este é o lugar do meu trono. Às vezes, a própria Jerusalém é designada trono de Yahweh. Cf. Jer. 3.17; 14.21. Mas o templo, o centro do culto, continuará sendo o trono. Naquele lugar, metaforicamente, Yahweh coloca Seus pés. A nova habitação será para sempre, anulando as provisões temporárias e imperfeitas. O Novo Dia não será mais seguido por uma noite, porque o Sol dos céus brilhará permanentemente.
O templo nunca mais sofrerá poluição de tipo algum, especialmente de ritos pagãos licenciosos (Eze. 20.39; 39.7). O céu é o hábitat natural de Deus, mas Ele condescende ao estado humilde do homem, fazendo da terra estrado de Seus pés (Isa. 66.1; Mat. 5.35). A presença dos pés metafóricos de Deus é o máximo que o homem, no seu estado humilde, pode aguentar.
Não contaminarão mais o meu nome santo, nem eles nem os seus reis. Os reis, que deviam ter sido os mais fiéis à lei e ao culto de Yahweh, foram os principais ofensores, praticando sua idolatria-adultério-apostasia. Levantaram monumentos idólatras para aumentar suas iniquidades, que já eram monstruosas. Até poluíram o templo, estabelecendo cultos pagãos naquele lugar.
Cadáveres. Em lugar desta palavra, alguns têm monumentos de idolatria, que é um entendimento possível da palavra hebraica. Interpretações Possíveis. A palavra é contra a idolatria e os monumentos construídos como parte desta prática.
Os reis, por sua vida e morte, desonraram Yahweh. Alguns acham que os corpos deles foram enterrados na área (cortes) do templo, mas não há nenhuma evidência histórica que apóie esta idéia. Ou está em vista a prática de sacrifício humano feito sob as ordens dos reis, como parte de cultos pagãos. Os reis desonraram Deus por aqueles assassinatos brutais. A frase “os cadáveres dos seus reis, nos seus monumentos” é obscura. Alguns entendem sacrifício humano nos lugares altos, em vez de monumentos. O hebraico para estes lugares é bamotham, mas cerca de vinte manuscritos hebraicos têm bemotham, que significa “quando morreram”.
Yahweh era desonrado pelas mortes dos reis, ou pelas mortes que eles praticaram.
Manassés e outros reis introduziram seus ídolos nas próprias cortes do templo (II Reis 21.4-7; ver também Eze. 16.11). Assim, suas vidas e suas mortes foram desgraças para Israel.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3339.
Porém, o registro do discurso divino é novamente adiado por uma frase circunstancial enigmática, relatando a presença de um homem atrás de Ezequiel. Quem é ele? Como chegou lá? Qual é sua função? Embora alguns tenham sugerido que “o homem” é Yahweh” ele é melhor identificado com o guia que está submissamente medindo e orientando o profeta pela área do templo. Depois de ter sido, de repente, preso pelo Espírito e levado para dentro do pátio do templo, Ezequiel teria sido tranquilizado pela presença do guia. Aparentemente, ele havia tido livre acesso aos andares, mesmo depois da chegada da kãbôd divina; ele não tinha necessidade de transporte ou da autoridade do Espírito. Nada mais é dito sobre ele. Ele desaparece, misteriosamente, da visão, deixando o profeta para que este se concentre na mensagem que está prestes a receber daquele rei recém-chegado, que estava começando a falar.
O discurso divino se divide em duas partes importantes: uma explicação para Ezequiel (vv. 7-9) e uma incumbência para o profeta (w. 10,11). Além da mudança de assunto, a bifurcação da abordagem de Yahweh também é refletida formalmente. De um lado, cada seção se abre com a familiar abordagem direta do profeta: ben-’ãdãm, “Filho do homem”. De outro, a declaração dupla “Eu habitarei entre os descendentes de Israel/deles para sempre”, nos vv. 7 e 9, cria uma efetiva inclusio ao redor da primeira parte, enfatizando essa seção como uma declaração das intenções de Yahweh, ao entrar no templo.
A abertura do discurso, wayyõ ’mer ‘êlay ben- ‘ãdãm, “E ele me disse: ‘Filho do homem’”, não é só tipicamente ezequielense, é precisamente a maneira pela qual foi introduzido o primeiro discurso de Yahweh para Ezequiel, em 2.1. A mensagem, propriamente dita, começa com um anúncio formal: “Este é o lugar do meu trono, o lugar para as solas de meus pés”. A linguagem é, obviamente, da realeza; por meio dela Yahweh está declarando que o templo é seu palácio e afirmando sua reivindicação de domínio sobre Israel. Embora a tradição do templo como palácio de Yahweh tenha uma longa história, a própria descrição que Ezequiel faz do templo, mais do que da arca do concerto como o trono de Yahweh, é impressionante. Na visão inaugural do profeta, foram vistos querubins carregando o trono de Deus (1.24-28), porém, o presente discurso nada diz a respeito do papel da arca ou dos querubins, sugerindo, talvez.
O cumprimento da profecia de Jeremias, em 3.16,17: “… naqueles dias… não dirão mais: ‘a arca da aliança do Senhor’. Ela não lhes virá à mente nem será lembrada, não sentirão falta dela; nem se fará outra. Quando Jerusalém for chamada o trono do Senhor, e todas as nações se reunirem nela, para honrar a presença do Senhor em Jerusalém”. A menos que se assuma a presença da arca no templo, Ezequiel, aparentemente, não vê necessidade de tais símbolos do governo divino. A existência da própria cidade será evidência da eterna presença de Yahweh (cf 48.35).
A imagem da realeza divina é concretizada com a descrição do templo como “o lugar para as solas de meus pés” {mèqôm kappôt raglay). Esta frase é uma variação de hàdõm raglãyw, seu escabelo”, que identifica literalmente o objeto sobre o qual uma pessoa descansa os pés e, por extensão, funciona como uma expressão de domínio. A combinação que Ezequiel faz do trono de Yahweh com seu escabelo no templo remete a ICr 28.2, em que Davi explicitamente associa o hãdõm com a arca da aliança, e vários textos adicionais identificam Sião/o templo como o escabelo de Yahweh (Sl 99.5; 132.7; Lm 2.1), especialmente Is 60.13, que emparelha mèqôm miqdãS’, “o lugar do meu santuário”, com mèqôm raglay, “o lugar dos meus pés”.
A austeridade dessa declaração da realeza divina é deliberadamente diminuída pela referência dupla à habitação eterna {lè’ôlâm) de Yahweh no meio dos descendentes de Israel (vv. 7, 9). O verbo Sakan sh refere ao tabernáculo/templo como o miskãn, “lugar de habitação” de Yahweh, e o modificador locativo, bètôk bènê yiérâ’ël, “no meio dos descendentes de Israel”, oferece esperança àqueles que haviam experimentado os efeitos catastróficos de sua partida, como descrito nos caps. 8-11. Essa declaração tem o objetivo de responder ao povo sobre sua confusão quanto ao futuro, particularmente suas questões a respeito de seu relacionamento com Yahweh. A visão da volta da kãbôd oferece um reforço óptico dos pronunciamentos verbais nos oráculos de salvação anteriores (caps. 34-37), que Yahweh voltará e estabelecerá morada entre eles, para nunca mais deixá-los. O templo de Ezequiel representa um símbolo de seu novo comissionamento.
Diferentemente do relato babilónico do retomo de Marduque a seu santuário, neste relato do reaparecimento de Yahweh no templo, Yahweh não expressa sentimentalismo ou saudade de sua cidade, nem um arrefecimento das exigências éticas e espirituais sobre seu povo. Ao contrário, os vv. 7b-9 enfatizam que, embora com Deus nada houvesse mudado, Israel não podia continuar como havia sido antes da partida de Yahweh, em 586 a.C. Na primeira ocasião, Yahweh está presente às primeiras declarações de santidade de seu nome. Aquele que habita nesse santo templo, nessa montanha santa, exige uma reputação santa. Ele não irá tolerar um povo ímpio, representando-o de modo desonroso diante das nações. A exigência geral de Yahweh de uma cessação^’ do comportamento que profana o seu nome é concretizada com a citação de uma série de ofensas específicas que haviam provocado o furioso derramamento de sua ira numa era anterior: prostituição espiritual da nação e do rei, e a veneração dos mortos.
Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 522-525.
3- Santidade para sempre (vv.8,9).
Assim como a idolatria foi erradicada definitivamente do meio do povo de Israel durante o exílio na Babilônia, do mesmo modo todas as abominações e prostituição desaparecerão do meio do povo. Será o lugar do trono de Deus e da planta dos seus pés (v.7). A santidade de Javé, e um dos seus atributos mais solenizados nas Escrituras (1Sm 2.2), e no milênio nunca mais entrará coisa impura na cidade santa (Is 52.1). Isso porque “esta é a lei da casa. Sobre o cume do monte, todo o seu contorno em redor será, santíssimo; eis que esta é a lei da casa” (Ez 43.12).
COMENTÁRIO
A terceira abominação se refere ao limiar e aos batentes construídos entre o palácio e o templo, e está relacionada ao problema dos cadáveres dos reis. O palácio foi construído nas redondezas do templo (1Rs 7.8; 2Rs 11.19). Essa proximidade não era aprovada.111 As abominações provocadas pela Casa de Israel fizeram que Javé os consumisse na sua ira, relembrando o juízo divino que tinha vindo sobre o povo.
Porém, a situação havia mudado, e surge a oportunidade de recomeço: Habitarei no meio deles para sempre, uma repetição do que foi dito no versículo 7. Essa era a vontade de Javé desde o período da peregrinação no deserto: “E farão para mim um santuário, para que eu possa habitar no meio deles” (Êx 25.8).
Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 132.
Contaminaram o meu santo nome com as suas abominações. Aquele homens reprovados poluíram o santo nome, colocando seu limiar e sua ombreira junto aos Dele. Esta referência obscura talvez possa significar que túmulos (que pareciam grandes casas) foram construídos perto do templo, tomando-o imundo.
Talvez a referência seja aos monumentos (construções idólatras) que os reis misturaram com os edifícios sagrados, e que corresponderia à palavra “abominações” aqui. Normalmente, os túmulos eram construídos fora da cidade para evitar impureza cerimonial (I Sam. 25.1; I Reis 2.34). Os profanos faziam peregrinações aos túmuios dos reis, em vez de visitar o templo de Jerusalém, não separando o profano do sagrado e até preferindo o profano. Apenas uma parede (não muro) separava o templo de Yahweh das construções imundas dos idólatras, e essa era uma separação inadequada. A ira de Deus acabaria com aqueles ímpios, o que aconteceu no ataque e cativeiros babilónicos.
Lancem eles para longe de mim a sua prostituição… A limpeza das poluições devia incluir dois princípios essenciais: 1. A idolatria seria eliminada. 2. Os monumentos de ídolos (ou mausoléus dos reis) seriam afastados da área sagrada. Se o povo fizesse estas coisas (que representavam uma purificação geral), então Yahweh habitaria entre o Seu povo.
“Davi foi sepultado na cidade de Davi, perto do monte Sião, próximo ao lugar onde o templo foi construído; a mesma situação se aplicou aos túmulos dos outros reis. Deus exigiu que a vizinhança do templo fosse libertada daquele ultraje” (Adam Clarke, in loc.).
… e os cadáveres de dos seus reis. Como no vs. 7, “cadáveres” podem ser
“monumentos”, ou casas de ídolos.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3342.
A primeira responsabilidade é resumida em uma palavra: zènütãm, “a prostituição deles”, que ocorre duas vezes nos vv. 7b- 9. Embora a palavra possa significar infidelidade espiritual em geral (Nm 14.33), em Ezequiel esta infidelidade é expressa em negócios ilícitos com outros deuses e poderes políticos.’*’Ao construir os vv. 7-9 com acusações gerais de “prostituição” da “casa de Israel” e ao se referir às ofertas funerárias dos “reis deles”, Ezequiel mantém um foco primário sobre os pecados do povo. As ofensas específicas dos reis são descritas parenteticamente.
Muitos estudiosos reconhecem na explicação do guia uma divisão do trabalho entre os sacerdotes e uma afirmação do poder zadoquita (eles têm acesso ao altar) sobre os demais sacerdotes (eles têm acesso somente ao templo).”*^ Entretanto, esse entendimento é duvidoso, por várias razões. Primeira, baseia-se num entendimento errôneo de Nm 18.5, que, ao se referir especificamente a “realizar o serviço da guarda do santuário” (Sãmar miSmeret haqqõdeS) e “guardar o altar” (miSmeret hammizbêah) faz diferença entre as responsabilidades sacerdotais. Mas as distinções esboçadas em Nm 18.1-7 não são entre dois grupos de sacerdotes, mas entre os sacerdotes aaronitas e outros funcionários levitas. Segunda, baseia-se numa distinção errada entre bayit, “casa” e mizbêah, “altar”. O estrito paralelismo das afirmações do guia sugere uma relativa sinonímia de significado nos versos, com “altar” funcionando como definição e concretização mais próximas de “casa”.”“ Este uso é inspirado por Nm 18.5, em que ocorre fenômeno idêntico. Consequentemente, zõh no início do primeiro verso exerce função dupla, e o waw no início do verso dois funciona epexegeticamente. Ambas as câmaras são para os oficiais sacerdotais.’*’ Terceira, em nenhum outro texto em Números a guarda do santuário {miSmeret haqqõdeS) é definida como responsabilidade dos levitas e aaronitas.“** Quarta, essa interpretação falha em reconhecer a força total do comentário elucidativo com relação aos zadoquitas, um comentário que se aplica a ambos os versos paralelos. Os sacerdotes que guardam o templo e aqueles que guardam o altar devem todos ser zadoquitas, de descendência levítica, oficialmente autorizados a se aproximar {haqqérêbim) de Yahweh para oficiarem para ele {lèSãrétô).*’’ Em 44.15-31 Ezequiel aprenderá mais sobre a natureza dessas responsabilidades;’*“ neste contexto, entretanto, a ordem não é o serviço cultual, mas a manutenção da santidade do espaço sagrado. Esses sacerdotes estão colocados às portas para prevenir que as abominações testemunhadas nos caps. 8-11“” ocorram novamente.
A segunda atividade que profana o nome de Yahweh é menos clara, porque os significados de todas as três palavras em pigrê malkêhem bèmôtãm são controversos. Em 6.5, o primeiro lexe- ma,pègãr’m, indicava os cadáveres de idólatras espalhados à volta de seus ídolos, um significado familiar a partir das outras ocorrências no AT, e correspondente ao significado comum do cognato acadiano, pagrum. Adotando a consistência do uso, muitos intérpretes reconhecem, no presente contexto, uma alusão aos túmulos reais localizados nos arredores-limites do recinto do templo.” Porém, nenhuma tumba desse tipo foi encontrada perto o suficiente do terreno do templo salomônico para ser considerada uma profanação do templo; mais ainda, a maioria dos reis foi sepultada “na cidade de Davi”, a alguma distância da área do templo. A luz das pesquisas recentes,pégãr’m deveria ser interpretado não como os próprios cadáveres, mas como algum aspecto de um culto aos mortos. O presente uso se relaciona às práticas pagãs citadas em Lv 26.30, em que pigrê gillúVm parece se referir não aos “cadáveres/car caças de ídolos”, como no entendimento usual, mas a algum elemento do culto aos mortos. Quer isso envolva colunas memoriais aos deuses erigidas em honra dos reis, ou envolva ofertas especiais aos mortos, análogo ao akk. ofertas-pa^ru,’^ o resultado é algum tipo de culto aos antepassados.
Porém, a maneira como se entende pègar’m é prejudicada pelo significado ligado ao mèlak’m seguinte. Muitos comentaristas tratam a expressão de acordo com seu uso comum, “reis”, ou seja, os antigos reis de Israel que não haviam somente falhado em separar fisicamente o templo do palácio, mas também tinham erigido colunas em memória de si próprios. Mas, pode haver mais que isso. Alguns veem aqui uma designação alternativa para rèpã”m, um termo usado pelos cananitas para se referirem aos reis mortos e divinizados. Este uso de mèlak’m é admitidamente raro no AT, mas concorda com o uso especial de mlkm nos textos ugariticos. Consequentemente, Ezequiel tem em mente a veneração dos divinizados espíritos dos ancestrais reais de Israel, análoga ao culto dos mortos ugariticos. Tais cultos se baseavam na suposição de que os mortos tinham poder sobre os vivos, e que uma atenção adequada a eles, por meio dos cultos, significaria se assegurar de uma influência positiva.*’ Embora um tanto problemática textualmente falando, a terceira palavra, bèmôtãm, “na morte deles”, reafirma a natureza mortuária da atividade. Com essa afirmação Ezequiel acusa os reis ancestrais de abominações cultuais, além dos pecados morais já relacionados.
A terceira atividade que profana o nome de Yahweh é igualmente obscura. A referência a limiar se chocando com limiar e umbral ao lado de umbral, tendo apenas uma parede separando as estruturas, assemelha-se a uma violação do espaço sagrado. Textos como 2Rs 11 refletem a estreita proximidade dos palácios divino e real, mas em nenhum lugar as narrativas aludem ao desprazer de Yahweh com essa situação. O comentário se refere à violação do espaço sagrado pela construção ilícita, patrocinada pelo palácio, dentro do pátio do templo. A não ser que isto também envolvesse os túmulos reais, o acusado mais provável é Manassés. De acordo com 2Rs 21.4, esse soberano construiu altares para todas as hostes do céu em ambos os átrios do templo, mas pode-se razoavelmente supor que ele também tenha construído capelas para abrigar imagens pagãs nessa área.
A quarta exortação acusa os israelitas de práticas abomináveis. Como em 36.31, em que o termo também aparece num contexto a respeito da santidade do nome divino, tô”êbâ serve como uma caixa de bugigangas para todas as atividades pagãs repugnantes e escandalosas. A última frase do v. 8 reafirma que Yahweh se recusa a minimizar a severidade com a qual ele tem tratado seu próprio povo.
A primeira parte do discurso de Yahweh (vv. 7-9) termina com uma exortação e uma promessa. Primeira, os israelitas são desafiados (no jussivo) a retirar sua prostituição espiritual e suas práticas funerárias pagãs. Num contexto a respeito da santidade do espaço sagrado, a palavra yerahaqu, “deixe-os de lado” é bem escolhida. Considerando que os sacerdotes eram autorizados a se achegarem (qãrab) a Yahweh (40.46; 42.13; 43.19), e as ofertas eram “trazidas” (hiqrb) a ele (ver 43.24), as maldades citadas aqui deviam ser banidas. O desafio é lançado para proteger a santidade não somente do povo, mas também do templo e da reputação de Deus. A aprovação divina será expressa por Yahweh retomando e estabelecendo morada no meio de seu povo.
Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 525-528.
SINOPSE III
A glória e a santidade estarão para sempre no novo Templo.
AUXÍLIO TEOLÓGICO - A VOLTA·DA GLÓRIA DE DEUS
”Nos capítulos 8-11, Ezequiel descreve à partida da ”glória” de Deus, essa expressão visível de Sua presença no templo construído por Salomão. A saída, naquela época, simbolizava que Deus abandonara temporariamente sua proteção à cidade e ao povo judeu. Agora, entretanto, Ezequiel observa a volta da mesma ”glória” a Jerusalém, e sua acomodação no Templo reconstruído. Finalmente, Deus restaura inteiramente seu relacionamento com o povo judeu e as suas promessas da aliança dadas a Abraão são cumpridas em sua integridade” (RICHARDS, Lawrence O. Guia do leitor da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, p.508).
CONCLUSÃO
O chamado de Ezequiel para o ministério dos profetas aconteceu pela visão da glória de Deus. É assim que o livro começa, cuja visão ocupa todo o capítulo primeiro. Outra vez ele foi levado em visão para Jerusalém, quando testemunhou as abominações no interior do Templo, razão pela qual a Casa de Deus foi destruída. O retorno da glória de Deus acontece depois da restauração espiritual de Israel no novo Templo, que Deus mostrou a Ezequiel em visão.
REVISANDO O CONTEÚDO
1- Qual a intenção do Espírito Santo em relação ao retorno da glória de Deus?
É fazer o destinatário original desses oráculos lembrar que, quando a glória de Deus se afastou da Casa e Deus, foi em direção do oriente (10.19; 11.23) e que o seu retorno será pelo mesmo caminho.
2- Quais peças e utensílios ausentes do templo de Ezequiel que podemos enumerar?
Não aparecem nele peças e utensílios próprios do tabernáculo e do templo de Salomão. Podemos enumerar alguns como a arca da aliança (2 Co 5.6-8) o altar de ouro do incenso, o candelabro ou castiçal, a mesa dos pães da proposição (2 Cr 4.19-20).
3- O que profetizou Jeremias sobre a Arca da Aliança (Jr 3.16)?
Ela não será visitada, nem ela virá ao coração e ninguém se lembrará dela.
4- O que significa o retorno da glória de Deus?
O retorno da glória de Javé significa a volta da presença de Deus no meio do seu povo.
5- Qual é a lei do novo Templo?
“Esta é a lei da casa. Sobre o cume do monte, todo o seu contorno em redor será santíssimo; eis que esta é a lei da casa”(Ez 43.12).
VOCABULÁRIO
EPÍLOGO: O resumo da ação; desfecho, fecho, final.
REMINISCÊNCIA: Imagem lembrada do passado; o que se conserva na memória.
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“Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos dará; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”. (Lucas 6:38)
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