SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição é igual para alunos e mestres, inclusive o ...
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em 1 Tessalonicenses 4 e 5 há 46 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com os alunos, 1 Tessalonicenses 4.1-18 (5 a 7 min.). A revista funciona como guia de estudo e leitura complementar, mas não substitui a leitura da Bíblia. Paz do Senhor, professor(a)! Este estudo que iniciaremos nos renova as forças. Em tudo que realizamos, assim como nas nossas renúncias, devemos ter em mente a certeza de que Jesus voltará. Paulo exorta a igreja a buscar a santificação, seja quanto aos usos do corpo ou quanto à dignidade através do trabalho. Uma conduta reprovável escandaliza o Evangelho e não condiz com santos. Trate o tema da volta de Jesus de modo a fazer com que todos se sintam confortados por essa certeza. Reverência aos que ensinam, reconhecimento pelos que trabalham e amparo aos que são espiritualmente fracos são algumas das atitudes que devemos ter enquanto aguardamos o Senhor. No mais, oremos e demos graças a Deus por tudo.
OBJETIVOS
Buscar a santificação pela renúncia a qualquer prática ilícita;
Declarar que a volta de Jesus é nossa certeza e nosso consolo;
Promover amparo aos irmãos que atravessam fragilidades espirituais.
PARA COMEÇAR A AULA
Peça que cada aluno imagine o que passaria a fazer com mais dedicação, zelo e santidade se soubesse que Jesus voltará exatamente daqui a um mês. Ouça algumas respostas. Em seguida, questione: se temos certeza de que o Senhor pode voltar a qualquer momento, por que deixar para mudar depois? Por que adiar aquilo que sabemos que precisa ser transformado? A certeza da vinda de Cristo deve nos despertar hoje para uma vida intencional, marcada por santidade, vigilância e propósito eterno.
DINAMICA EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Dinâmica: A Mala Pronta do Cristão
Objetivo: Enfatizar a necessidade de estar sempre preparado (vigilante e santo) para a volta de Jesus, conforme ensinado em 1 Tessalonicenses 4 e 5.
Versículos-chave:
- "Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim, também, aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele." (1 Tessalonicenses 4:14)
- "Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos e sejamos sóbrios." (1 Tessalonicenses 5:6)
Materiais Necessários:
- Uma mala de viagem (vazia, se possível, ou com alguns itens simbólicos leves).
- Pedaços de papel ou cartões.
- Canetas ou canetinhas.
- Uma caixa ou recipiente separado (simbolizando o que ficará para trás).
Passo a Passo:
- Introdução (Antes da Dinâmica):
- Comece a aula introduzindo o tema da Lição 11, focando na bendita esperança da volta de Cristo e nos conselhos de Paulo aos tessalonicenses sobre a ressurreição e a vigilância.
- Explique que ninguém sabe o dia nem a hora da volta de Jesus, por isso a preparação é crucial.
- A Mala da Preparação:
- Mostre a mala de viagem para a classe. Explique que esta mala representa a nossa preparação para a "viagem" final, o encontro com o Senhor nos ares.
- Peça aos alunos (individualmente ou em pequenos grupos) que escrevam em pedaços de papel atitudes, práticas ou características que um cristão deve "levar" consigo para estar pronto para a volta de Cristo. Exemplos baseados nos capítulos 4 e 5 de 1 Tessalonicenses:
- Santificação (4:3-7)
- Amor fraternal (4:9)
- Vigilância e sobriedade (5:6)
- Oração constante (5:17)
- Alegria (5:16)
- Paz (5:13)
- Obediência aos mandamentos (5:12)
- Montando a Mala:
- À medida que os alunos forem compartilhando suas ideias, peça para colocarem os papéis dentro da mala. Isso visualiza o acúmulo de uma vida de fé e prática cristã.
- A "Caixa do que Fica":
- Introduza a caixa ou recipiente separado. Esta representa as coisas que não têm valor eterno e que serão deixadas para trás.
- Peça-lhes que reflitam sobre comportamentos, pecados ou preocupações mundanas que atrapalham a caminhada cristã e a preparação para a volta de Jesus. Exemplos:
- Imoralidade sexual (4:3)
- Ansiedade excessiva
- Falta de amor ao próximo
- Incredulidade
- Pecados habituais
- Reflexão e Aplicação:
- Abra a mala e a caixa, lendo alguns dos itens em voz alta.
- Enfatize que o preparo consiste em viver de maneira sensata, justa e piedosa, focando na pessoa de Cristo e na esperança de Sua vinda, e não na antecipação de dificuldades.
- Finalize com uma oração, incentivando a todos a manterem suas "malas prontas", vivendo em santidade e vigilância, confortando-se mutuamente com a esperança da volta de Cristo (4:18).
Essa dinâmica ajuda a tornar a mensagem de 1 Tessalonicenses 4 e 5 tangível e pessoal para os participantes.
Dinâmica: A Mala Pronta do Cristão
Objetivo: Enfatizar a necessidade de estar sempre preparado (vigilante e santo) para a volta de Jesus, conforme ensinado em 1 Tessalonicenses 4 e 5.
Versículos-chave:
- "Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim, também, aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele." (1 Tessalonicenses 4:14)
- "Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos e sejamos sóbrios." (1 Tessalonicenses 5:6)
Materiais Necessários:
- Uma mala de viagem (vazia, se possível, ou com alguns itens simbólicos leves).
- Pedaços de papel ou cartões.
- Canetas ou canetinhas.
- Uma caixa ou recipiente separado (simbolizando o que ficará para trás).
Passo a Passo:
- Introdução (Antes da Dinâmica):
- Comece a aula introduzindo o tema da Lição 11, focando na bendita esperança da volta de Cristo e nos conselhos de Paulo aos tessalonicenses sobre a ressurreição e a vigilância.
- Explique que ninguém sabe o dia nem a hora da volta de Jesus, por isso a preparação é crucial.
- A Mala da Preparação:
- Mostre a mala de viagem para a classe. Explique que esta mala representa a nossa preparação para a "viagem" final, o encontro com o Senhor nos ares.
- Peça aos alunos (individualmente ou em pequenos grupos) que escrevam em pedaços de papel atitudes, práticas ou características que um cristão deve "levar" consigo para estar pronto para a volta de Cristo. Exemplos baseados nos capítulos 4 e 5 de 1 Tessalonicenses:
- Santificação (4:3-7)
- Amor fraternal (4:9)
- Vigilância e sobriedade (5:6)
- Oração constante (5:17)
- Alegria (5:16)
- Paz (5:13)
- Obediência aos mandamentos (5:12)
- Montando a Mala:
- À medida que os alunos forem compartilhando suas ideias, peça para colocarem os papéis dentro da mala. Isso visualiza o acúmulo de uma vida de fé e prática cristã.
- A "Caixa do que Fica":
- Introduza a caixa ou recipiente separado. Esta representa as coisas que não têm valor eterno e que serão deixadas para trás.
- Peça-lhes que reflitam sobre comportamentos, pecados ou preocupações mundanas que atrapalham a caminhada cristã e a preparação para a volta de Jesus. Exemplos:
- Imoralidade sexual (4:3)
- Ansiedade excessiva
- Falta de amor ao próximo
- Incredulidade
- Pecados habituais
- Reflexão e Aplicação:
- Abra a mala e a caixa, lendo alguns dos itens em voz alta.
- Enfatize que o preparo consiste em viver de maneira sensata, justa e piedosa, focando na pessoa de Cristo e na esperança de Sua vinda, e não na antecipação de dificuldades.
- Finalize com uma oração, incentivando a todos a manterem suas "malas prontas", vivendo em santidade e vigilância, confortando-se mutuamente com a esperança da volta de Cristo (4:18).
Essa dinâmica ajuda a tornar a mensagem de 1 Tessalonicenses 4 e 5 tangível e pessoal para os participantes.
LEITURA ADICIONAL
INSTRUÇÃO E EXORTAÇÃO ACERCA DA PARUSIA. O segundo assunto principal da seção instrutiva e exortativa da carta é a Parusia de Jesus. Este tópico já foi mencionado, comparativamente falando, com frequência na primeira parte da carta (1.10; 2.19; 3.13), e deve ter formado uma parte integrante da pregação missionária de Paulo (cf. Até 17.31). Dois problemas levantados por ela tinham sido transmitidos a Paulo pelos tessalonicenses. O primeiro (4.13-18) dizia respeito aos membros da igreja que tinham morrido antes da Parusia. A morte deles significava que estariam excluídos dos eventos gloriosos associados com ela? Os comentaristas diferem entre si quanto à natureza do problema: era medo que seriam totalmente excluídos da salvação futura, ou meramente que teriam desvantagem comparados com aqueles que ainda estivessem com vida na Parusia? Esta dedução básica é apoiada por uma “palavra do Senhor” que confirma que os mortos ressuscitarão primeiro, e depois os vivos serão arrebatados com eles para o encontro do Senhor. Não há, portanto, qualquer necessidade de ficar triste por causa dos mortos. O segundo problema (5.1-11) dizia respeito ao cronograma da Parusia. Por trás dele havia o temor de que a Parusia pudesse pegar os vivos desprevenidos e, portanto, não participassem da salvação. (O medo de morrer antes da Parusia (Marxsen, pág. 65) não está presente). A resposta de Paulo é que é verdade que a Parusia acontecerá inesperadamente e trará repentina destruição para aqueles que não estão preparados por ela. Esta triste sorte, no entanto, não deve sobreviver aos leitores, porque Deus os destinou para a salvação. Pertencem ao novo mundo; devem, portanto, viver à altura, sempre prontos e vigilantes para seu Senhor. Aqui, também, há consolo para os leitores, mas está estreitamente associado com a exortação. O paradoxo da predestinação e a necessidade do progresso espiritual humano é claramente expresso. Livro: MARSHALL, I. Howard. I e II Tessalonicenses: Introdução e comentário. Tradução de Gordon Chown; revisão de Júlio Paulo T. Zabatiero. 1. ed. São Paulo: Edições Vida Nova; Editora Mundo Cristão, 1984. (Série Cultura Bíblica). Título original: I and II Thessalonians – New Century Bible Commentary. Pág. 145.
Texto Áureo
“Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança.” 1Ts 4.13
Leitura Bíblica Com Todos
1 Tessalonicenses 4.1-18
Verdade Prática
A esperança do cristão não está em nada deste mundo, mas na volta de Jesus Cristo, nosso Senhor.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1 Tessalonicenses 4.1–18 (Texto áureo: 1Ts 4.13)
1. Leitura sintética e ponto teológico central
Paulo escreve para consolar e ordenar a igreja de Tessalônica sobre a conduta cristã e, particularmente, sobre a morte dos irmãos em Cristo. A passagem culmina com uma das mais vívidas afirmações cristãs acerca da esperança escatológica: os que “dormem em Jesus” não perdem tudo; Deus, por Cristo, garantirá a ressurreição, a reunião e a vida eterna. A “esperança” cristã (ἐλπίς) aqui não é uma vaga expectativa, mas uma certeza fundada na obra de Cristo e no poder criador-redentor de Deus. O efeito pastoral é prático: o crente lamenta, mas não como os que não têm esperança — a esperança muda a dor, a missão e a ética da comunidade.
2. Análise lexical (grego) — termos-chave e suas nuances teológicas
Observação: cito formas gregas relevantes para o tema e explico o sentido sem reproduzir a tradução literal palavra por palavra.
- κεκοίμημενοι (kekoīmēmenoi) — “os que dormem / os mortos (figurativamente ‘adormecidos’)”
Numa linguagem judaico-cristã, a morte do crente é chamada de “sono”: real, transitório, e não contrário à esperança. A imagem reduz o terror da morte e aponta para a expectativa da ressurreição. - λύπῃσθε (lupēsthe) — “vos entristeçais / vos entristeçais” (imperativo negativo no contexto: “para que não…”)
O verbo denota tristeza profunda; Paulo não proíbe o luto, mas qualifica-o: não do tipo destituído de esperança. - ἐλπίς (elpís) / ἐλπίδα (elpída) — “esperança”
Em grego bíblico, elpís pode oscilar entre desejo e expectativa confiante. Em Paulo, especialmente aqui, é certa expectativa futura — a convicção de que Deus cumprirá a promessa da vida em Cristo. - ἀναστήσονται (anastēsontai) / ἐγερθήσονται (egērthēsontai) — “serão ressuscitados / serão levantados”
Verbos do campo da ressurreição (ἀνίστημι, ἐγείρω) que enfatizam ação divina futura: Deus ressuscita — não é apenas ‘lembrar’, mas dá nova vida. - ἁρπαγησόμεθα (harpagēsometha) — “seremos arrebatados / apanhados” (1 Ts 4:17)
Termo forte (de ἁρπάζω): sugere encontro dinâmico e súbito com o Senhor — reunião comunitária dos viventes e dos ressuscitados. - σάλπιγξ (salpinx) / φωνὴ ἀρχαγγέλου (phōnē archangelou) — “trombeta / voz do arcanjo” (elementos do cenário apocalíptico)
Símbolos do anúncio divino e da intervenção escatológica de Deus. - παρουσία (parousia) — mesmo que o termo seja mais evidente em outras cartas, a ideia da vinda do Senhor atravessa o texto: a presença definitiva do Senhor modifica a história.
3. Exegese e implicações teológicas
- Consolo escatológico, não desinvestimento ético. Paulo quer consolar sobre a morte (v.13) mas também insiste em viver “para agradar a Deus” (4:1–8). A esperança escatológica não é fuga mundana; molda moralidade e comunidade.
- Morte como sono — continuidade da pessoa. O vocábulo “dormir” preserva a identidade do crente e sustenta a visão de continuidade: os que morrem em Cristo não são extintos, mas “aguardam a manhã” da ressurreição.
- Certeza fundada em Cristo. A garantia do “trazer com ele os que dormiram” (4:14) está enraizada na realidade cristológica: Cristo morreu e ressuscitou; nEle, a ressurreição dos santos é uma consequência esperada e segura.
- Comunhão entre mortos e vivos. A linguagem do “arrebatamento” e do encontro no ar sublinha que a comunidade cristã permanece unida — morte não quebra a comunhão última.
- Função pastoral da teologia escatológica. A doutrina aquí compõe resposta à dor e à missão: o que se espera transforma o modo como se vive (paciência, santidade, encorajamento mútuo — 4:18).
4. Aplicação pessoal e comunitária
Para o crente individual
- Mourning with hope: Permita o luto, mas não a desesperança. Cultive práticas que tornem real essa esperança: leituras bíblicas em funeral (1 Ts 4), memórias de fé, orações que apontem para a ressurreição.
- Moral motivação: A certeza da vinda do Senhor impulsa vida íntegra — a santidade não é meramente ascética, mas fruto da esperança. Pergunte: "Minhas prioridades revelam que espero realmente a volta de Cristo?"
- Disciplina espiritual: Meditação diária nas promessas escatológicas fortalece a coragem para suportar perdas e injustiças.
Para a comunidade eclesial
- Pastoral de luto: Formular liturgias e conselhos que combinem compaixão e catequese escatológica — ensinar a morrer bem em comunidade cristã.
- Mobilização missionária: A esperança da vinda do Senhor torna urgente o testemunho (não indiferente): “apressai-vos” em amar, perdoar, servir.
- Consolo mútuo e presença: Visitas, celebrações de memória e proclamação da ressurreição são práticas que encorajam os que choram.
5. Tabela expositiva
Passagem / idéia
Termo grego (translit.)
Sentido imediato
Significado teológico
Aplicação prática
Não vos entristeçais sem esperança (1Ts 4.13)
λυπῆσθε (lupēsthe) ; ἐλπίς (elpís)
Entristecer / esperança
Luto qualificado: permite-se a dor mas com certeza futura
Consolar com ensino e práticas de memória (cultos, visitas)
Os mortos em Cristo dormem
κεκοιμημένοι (kekoīmēmenoi)
“Adormecidos” (eufemismo para mortos)
Morte como passagem temporária; continuidade da pessoa
Funerais que proclamen ressurreição; esperança pastoral
Cristo ressuscitou; Deus trará os mortos
ἀναστήσονται / ἐγερθήσονται (anastēsontai / egeirthēsontai)
Ser levantado / ressuscitado
Ressurreição corpórea — garantia do juízo/vida vindoura
Catequese sobre ressurreição; confiança em promessas
Seremos arrebatados / reunidos
ἁρπαγησόμεθα (harpagēsometha) ; σύννεφα (synnefa)
Arrebatamento / nuvens
Encontro comunitário com o Senhor — reunificação dos santos
Vivência de comunhão: preparar a igreja para consolar e esperar
Trombeta e voz de Deus
σάλπιγξ (salpinx) ; φωνὴ ἀρχαγγέλου
Trombeta / voz
Sinal final da intervenção divina — visibilidade do juízo/redenção
Liturgia que proclame o dia do Senhor; vigilância espiritual
Esperança cristã vs esperança mundana
ἐλπίς (elpís) — certeza fundada em Cristo
Esperança segura (não mera wishful thinking)
Esperança como firme âncora (Heb 6.18–19)
Testemunho que transforma luto, ética e missão
6. Perguntas práticas para reflexão ou estudo em grupo
- De que modo a certeza da ressurreição muda a forma como eu velarei por um irmão que morreu?
- Minhas ações e prioridades refletem uma esperança escatológica ou uma esperança puramente terrena? Dê dois exemplos práticos.
- Que elementos concretos (litúrgicos, pastorais, comunitários) podemos agregar à nossa igreja para consolar famílias em luto com a teologia de 1Ts 4?
- Como a promessa de reunião com os santos deve afetar o nosso evangelismo e nosso serviço social?
7. Conclusão
A “esperança” de 1 Tessalonicenses 4 não é evasiva: é a convicção de que Jesus, que já venceu a morte, trará consigo os que dormiram nele; os vivos e os mortos serão reunidos. Essa esperança transforma a dor em espera ativa, molda a ética cristã e conserva a comunhão entre gerações de fé. Por isso o crente chora — mas não como os que não têm esperança; chora olhando para a promessa que dará fim ao luto e inaugurará plenitude de vida com o Senhor.
1 Tessalonicenses 4.1–18 (Texto áureo: 1Ts 4.13)
1. Leitura sintética e ponto teológico central
Paulo escreve para consolar e ordenar a igreja de Tessalônica sobre a conduta cristã e, particularmente, sobre a morte dos irmãos em Cristo. A passagem culmina com uma das mais vívidas afirmações cristãs acerca da esperança escatológica: os que “dormem em Jesus” não perdem tudo; Deus, por Cristo, garantirá a ressurreição, a reunião e a vida eterna. A “esperança” cristã (ἐλπίς) aqui não é uma vaga expectativa, mas uma certeza fundada na obra de Cristo e no poder criador-redentor de Deus. O efeito pastoral é prático: o crente lamenta, mas não como os que não têm esperança — a esperança muda a dor, a missão e a ética da comunidade.
2. Análise lexical (grego) — termos-chave e suas nuances teológicas
Observação: cito formas gregas relevantes para o tema e explico o sentido sem reproduzir a tradução literal palavra por palavra.
- κεκοίμημενοι (kekoīmēmenoi) — “os que dormem / os mortos (figurativamente ‘adormecidos’)”
Numa linguagem judaico-cristã, a morte do crente é chamada de “sono”: real, transitório, e não contrário à esperança. A imagem reduz o terror da morte e aponta para a expectativa da ressurreição. - λύπῃσθε (lupēsthe) — “vos entristeçais / vos entristeçais” (imperativo negativo no contexto: “para que não…”)
O verbo denota tristeza profunda; Paulo não proíbe o luto, mas qualifica-o: não do tipo destituído de esperança. - ἐλπίς (elpís) / ἐλπίδα (elpída) — “esperança”
Em grego bíblico, elpís pode oscilar entre desejo e expectativa confiante. Em Paulo, especialmente aqui, é certa expectativa futura — a convicção de que Deus cumprirá a promessa da vida em Cristo. - ἀναστήσονται (anastēsontai) / ἐγερθήσονται (egērthēsontai) — “serão ressuscitados / serão levantados”
Verbos do campo da ressurreição (ἀνίστημι, ἐγείρω) que enfatizam ação divina futura: Deus ressuscita — não é apenas ‘lembrar’, mas dá nova vida. - ἁρπαγησόμεθα (harpagēsometha) — “seremos arrebatados / apanhados” (1 Ts 4:17)
Termo forte (de ἁρπάζω): sugere encontro dinâmico e súbito com o Senhor — reunião comunitária dos viventes e dos ressuscitados. - σάλπιγξ (salpinx) / φωνὴ ἀρχαγγέλου (phōnē archangelou) — “trombeta / voz do arcanjo” (elementos do cenário apocalíptico)
Símbolos do anúncio divino e da intervenção escatológica de Deus. - παρουσία (parousia) — mesmo que o termo seja mais evidente em outras cartas, a ideia da vinda do Senhor atravessa o texto: a presença definitiva do Senhor modifica a história.
3. Exegese e implicações teológicas
- Consolo escatológico, não desinvestimento ético. Paulo quer consolar sobre a morte (v.13) mas também insiste em viver “para agradar a Deus” (4:1–8). A esperança escatológica não é fuga mundana; molda moralidade e comunidade.
- Morte como sono — continuidade da pessoa. O vocábulo “dormir” preserva a identidade do crente e sustenta a visão de continuidade: os que morrem em Cristo não são extintos, mas “aguardam a manhã” da ressurreição.
- Certeza fundada em Cristo. A garantia do “trazer com ele os que dormiram” (4:14) está enraizada na realidade cristológica: Cristo morreu e ressuscitou; nEle, a ressurreição dos santos é uma consequência esperada e segura.
- Comunhão entre mortos e vivos. A linguagem do “arrebatamento” e do encontro no ar sublinha que a comunidade cristã permanece unida — morte não quebra a comunhão última.
- Função pastoral da teologia escatológica. A doutrina aquí compõe resposta à dor e à missão: o que se espera transforma o modo como se vive (paciência, santidade, encorajamento mútuo — 4:18).
4. Aplicação pessoal e comunitária
Para o crente individual
- Mourning with hope: Permita o luto, mas não a desesperança. Cultive práticas que tornem real essa esperança: leituras bíblicas em funeral (1 Ts 4), memórias de fé, orações que apontem para a ressurreição.
- Moral motivação: A certeza da vinda do Senhor impulsa vida íntegra — a santidade não é meramente ascética, mas fruto da esperança. Pergunte: "Minhas prioridades revelam que espero realmente a volta de Cristo?"
- Disciplina espiritual: Meditação diária nas promessas escatológicas fortalece a coragem para suportar perdas e injustiças.
Para a comunidade eclesial
- Pastoral de luto: Formular liturgias e conselhos que combinem compaixão e catequese escatológica — ensinar a morrer bem em comunidade cristã.
- Mobilização missionária: A esperança da vinda do Senhor torna urgente o testemunho (não indiferente): “apressai-vos” em amar, perdoar, servir.
- Consolo mútuo e presença: Visitas, celebrações de memória e proclamação da ressurreição são práticas que encorajam os que choram.
5. Tabela expositiva
Passagem / idéia | Termo grego (translit.) | Sentido imediato | Significado teológico | Aplicação prática |
Não vos entristeçais sem esperança (1Ts 4.13) | λυπῆσθε (lupēsthe) ; ἐλπίς (elpís) | Entristecer / esperança | Luto qualificado: permite-se a dor mas com certeza futura | Consolar com ensino e práticas de memória (cultos, visitas) |
Os mortos em Cristo dormem | κεκοιμημένοι (kekoīmēmenoi) | “Adormecidos” (eufemismo para mortos) | Morte como passagem temporária; continuidade da pessoa | Funerais que proclamen ressurreição; esperança pastoral |
Cristo ressuscitou; Deus trará os mortos | ἀναστήσονται / ἐγερθήσονται (anastēsontai / egeirthēsontai) | Ser levantado / ressuscitado | Ressurreição corpórea — garantia do juízo/vida vindoura | Catequese sobre ressurreição; confiança em promessas |
Seremos arrebatados / reunidos | ἁρπαγησόμεθα (harpagēsometha) ; σύννεφα (synnefa) | Arrebatamento / nuvens | Encontro comunitário com o Senhor — reunificação dos santos | Vivência de comunhão: preparar a igreja para consolar e esperar |
Trombeta e voz de Deus | σάλπιγξ (salpinx) ; φωνὴ ἀρχαγγέλου | Trombeta / voz | Sinal final da intervenção divina — visibilidade do juízo/redenção | Liturgia que proclame o dia do Senhor; vigilância espiritual |
Esperança cristã vs esperança mundana | ἐλπίς (elpís) — certeza fundada em Cristo | Esperança segura (não mera wishful thinking) | Esperança como firme âncora (Heb 6.18–19) | Testemunho que transforma luto, ética e missão |
6. Perguntas práticas para reflexão ou estudo em grupo
- De que modo a certeza da ressurreição muda a forma como eu velarei por um irmão que morreu?
- Minhas ações e prioridades refletem uma esperança escatológica ou uma esperança puramente terrena? Dê dois exemplos práticos.
- Que elementos concretos (litúrgicos, pastorais, comunitários) podemos agregar à nossa igreja para consolar famílias em luto com a teologia de 1Ts 4?
- Como a promessa de reunião com os santos deve afetar o nosso evangelismo e nosso serviço social?
7. Conclusão
A “esperança” de 1 Tessalonicenses 4 não é evasiva: é a convicção de que Jesus, que já venceu a morte, trará consigo os que dormiram nele; os vivos e os mortos serão reunidos. Essa esperança transforma a dor em espera ativa, molda a ética cristã e conserva a comunhão entre gerações de fé. Por isso o crente chora — mas não como os que não têm esperança; chora olhando para a promessa que dará fim ao luto e inaugurará plenitude de vida com o Senhor.
INTRODUÇÃO
I- SANTIFICAÇÃO 4.1-10
1- Ela é a vontade de Deus 4.3
2- Envolve o corpo 4.4
3- Dignidade 4.12
II- A VINDA DO SENHOR 4.13-5.11
1- Os que morreram no Senhor 4.13
2- Traz esperança e consolo 4.18
3- Quando será? 5.1
III- INSTRUÇÕES FINAIS 5.12-28
1- Reconhecer os que trabalham 5.12
2- O ministério da Igreja 5.14
3- Devoção e fervor 5.19
APLICAÇÃO PESSOAL
INTRODUÇÃO
O retorno de Jesus é o tema principal dessa carta. Até o capítulo três, Paulo esteve olhando para o passado. Agora, nos dois últimos capítulos, olhará para o presente e para o futuro.
I- SANTIFICAÇÃO (4.1-10)
Sempre que falamos da vinda de Cristo, uma pergunta se impõe: quais devem ser as atitudes daqueles que aguardam esse maravilhoso dia? Certamente a santificação pessoal é uma delas.
1- Ela é a vontade de Deus (4.3) Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição.
Todo crente é chamado para a santificação. Esse é o propósito de Deus. “Santificado” é ser separado para um propósito conforme o caráter daquele que chamou. Não importa se a cultura secular diz que determinada coisa não tem problema ou é aceitável, o que importa é o que dizem as Escrituras Sagradas. Se a Bíblia chama determinada coisa de pecado, então é pecado. A opinião do mundo não importa! A santificação é progressiva e enquanto estivermos aqui neste mundo ela nunca será absoluta e perfeita. Todos os dias precisamos nos arrepender e renovar nosso compromisso com Cristo. Confessar nossos pecados é como tirar o lixo de casa. Temos que fazer todo dia. Há aqueles que dizem haver atingido um nível tal na sua espiritualidade que não mais podem pecar: Tal atitude já é pecado em si mesma (1Jo 1.10).
2- Envolve o corpo (4.4) Que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra.
Ainda no tema santificação, Paulo levanta a questão da moralidade sexual. A imoralidade deve ser evitada. Paulo lembra que ela é passível do juízo divino (4.6). Não se trata, como alguns pensam, de limitar a santificação à área sexual, antes dizer que a santificação também deve se estender aos aspectos físicos da vida. Dentre todas as tentações que a igreja primitiva enfrentou, poucas foram tão graves e imediatas quanto a tentação da imoralidade. A reputação moral do Império Romano era extremamente baixa e os cultos pagãos costumavam misturar obscenidades em seus rituais de adoração aos ídolos. Ao se converterem a Cristo, deviam lembrar que foram separados para uma nova vida com Deus. O Deus Santo santifica os seus (4.5). Paulo apresenta duas fortes razões para fundamentar a moralidade dos tessalonicenses: a) a vocação de Deus (3.4-7); b) A natureza do Espírito que habita nos crentes, o qual é Santo (4.8). Ele foi colocado em nós para nos fazer santos.
3- Dignidade (4.12) De modo que vos importeis com dignidade para com os de fora e de nada venhais a precisar:
Os crentes deviam portar-se dignamente para com os que estão de fora. Outra versão traduz a expressão “andeis honestamente”. O trabalho tem no mínimo esses dois propósitos: suprir de modo honesto as nossas necessidades e não ser pesado para ninguém. Parece que alguns crentes em Tessalônica eram intrometidos e preguiçosos (4.11). Paulo diz para eles cuidarem da própria vida e trabalharem para não serem parasitas. Uma compreensão equivocada sobre a volta de Cristo levou alguns à ociosidade. Tal atitude era um escândalo para os de fora. Todo crente é advertido a não ser um tropeço para aqueles que ainda não creem no Evangelho. Essa conversa de “a vida é minha e eu faço dela o que quiser” não é válida se você é crente. O que fazemos e como vivemos importa ao Evangelho. Não conseguiremos agradar a todos e sequer devemos buscar isso. Mas os crentes podem e devem evitar uma má reputação por deixarem de viver à altura dos padrões aceitos pela sociedade na qual vivem. O Evangelho dignifica o trabalho.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
I — Síntese teológica rápida
Em 1 Tessalonicenses 4.1–12 Paulo liga esperança escatológica (a vinda do Senhor) com vida ética presente: a espera não é desculpa para desordem, mas impulso para santificação (separação ao serviço de Deus), domínio do corpo (pureza sexual) e dignidade social (trabalho honesto). A santificação é vontade de Deus, dá-se por ação do Espírito e exige resposta humana — arrependimento contínuo, autocontrole corporal e responsabilidade social.
II — Análise lexical (grego) — termos-chave e nuances
Vou citar o grego (transliteração entre parênteses) e explicar a nuance teológica de cada termo principal citado nos versos relacionados:
- “Vossa santificação” — ἡ ἁγιασμός ὑμῶν (hē hagiasmós hymōn)
— hagiasmos = santificação; significa “ser separado / consagrado” para Deus. Não é mero ascetismo: é um estado relacional (santo = separado para Deus) que se refere tanto ao ser (posse de nova condição) quanto ao viver (práticas concretas de separação do pecado). Em Paulo, santificação é fruto da graça e da atuação do Espírito, porém requer obediência. - “Abstenhai-vos da prostituição” — ἀπέχεσθαι ἀπὸ τῆς πορνείας (apéchesthai apò tēs porneías)
— porneia = termo amplo para “imoralidade sexual” (inclui prostituição, relações ilícitas, práticas cultuais pagãs com conotação sexual). No contexto greco-romano, cobre o espectro de práticas sexuais contrárias à aliança divina. Paulo pede afastamento (ἄπο + ἔχω = ‘manter-se distante’, decisão deliberada). - “Possuir o próprio corpo em santificação e honra” — γινώσκει λαμβάνειν τὸν ἑαυτοῦ σῶμα ἐν ἁγιωσύνῃ καὶ τιμῇ (ginōskei lambanein ton heautou sōma en hagiōsunē kai timē)
— sōma = corpo; “possuir/possuir para si” (λαμβάνειν here = “apoderar-se” ou “exercer domínio sobre”). A ênfase é dupla: controle responsável do corpo (autodomínio) e vivê-lo com santidade (hagiōsunē) e honra (timē) — não reduzir o corpo a objeto de concupiscência, nem usá-lo desonrosamente. - “Porque Deus nos chamou para a santificação” — ὁ δὲ ὁ καλῶν ἡμᾶς ἐστιν ἅγιος (ho de ho kalōn hēmas estin hagios) / e em v.8: “Deus nos deu o Espírito Santo” — τὸ δὲ διδούς ἡμῖν τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον (to de didous hēmin to pneuma to hagion)**
— A iniciativa é divina: o chamar (κλησις / kaleō) e o dom do Pneuma Hagion (Espírito Santo) tornam possível a vida separada. O Espírito é o agente que capacita o exercício moral. - “Andeis honestamente / com dignidade” — περιπατεῖτε εὐσχημόνως (peripateite euschēmónōs)
— euschēmónōs = comportamento digno, decente, que honra a comunidade e evita escândalo. Corresponde ao mandato social de testemunho. - Trabalhai / não sejais pesos — ἐργάζεσθε (ergazesthe) / μὴ ὄντες [βαρέοι] (mē ontes [bareoi])
— ergazomai = trabalhar; Paulo liga santificação a responsabilidade socioeconômica: o crente deve ser laborioso para sustentar-se e não ser “fardo” para a igreja nem motivo de escândalo diante dos de fora.
III — Exegese teológica (síntese ampliada)
- A santificação é vontade de Deus (v.3). Paulo não propõe uma ascética legalista; declara a vontade divina: a santificação é o desejo de Deus para o seu povo. É, por isso, norma central de vida cristã. Em um mundo permissivo, a igreja é chamada a distinguir-se.
- A ênfase no corpo (vv.4–6). Paulo trata a moralidade sexual não só como questão privada, mas como expressão da nova condição do convertido. “Possuir o próprio corpo” refere-se a autocontrole sexual (no casamento) e à integridade do corpo como templo de Deus. O tema conecta com a doutrina do corpo-resurreto: o corpo importa.
- O agente da santificação: Deus e o Espírito (v.8). A santidade é fruto da vocação e do dom do Espírito. Assim, ética cristã não é apenas autodisciplina; é vida transformada pelo Espírito Santo.
- Dignidade social e trabalho (v.12). Paulo corrige consequências perniciosas da expectativa escatológica mal entendida (ócio, intromissão na vida alheia). A ética do trabalho tem três dimensões: sustento próprio, não ser peso para a igreja, e demonstração de honra diante dos não crentes — a conduta que honra o evangelho.
- União entre escatologia e ética. Esperar a vinda do Senhor não é “licença para desleixo”, mas estímulo para viver de modo que nossa vida honre a Deus agora e na eternidade.
IV — Aplicação pessoal e pastoral (concreta)
Questões pessoais
- Santificação diária: implante um “checklist” devocional diário — confissão, Palavra, oração, exame de ações (onde houve concessão a desejos contrários à santidade?). Viver a santificação como processo, não perfeccionismo.
- Moralidade sexual: cultivar limites práticos (evitar conteúdos e círculos que incitam à concupiscência; estabelecer responsabilidade conjugal; aconselhamento pré-matrimonial e recuperação pastoral para quebras morais).
- Autocontrole corporal: exercitar disciplinas corporais (sono, alimentação, exercício, domínio das paixões) como suporte à vida espiritual.
- Trabalho e testemunho: avaliar vida profissional: sou exemplo honesto? Meu trabalho me torna peso para outros? Procure competência, pontualidade, generosidade.
- Comunhão responsável: não invada a vida alheia mas ofereça ajuda; respeitar a privacidade dos irmãos ao mesmo tempo que se dispõe a servir.
Para a igreja
- Formação sexual saudável: oferecer cursos/células sobre sexualidade bíblica, recuperação para quem tropeçou, mentoria conjugal.
- Incentivo ao trabalho: programas de capacitação profissional, apoio a quem perde emprego, pequenos negócios comunitários — para evitar dependência e criar dignidade.
- Cuidado do chamado escatológico: ensinar a relação entre a esperança e a ética para prevenir passividade e radicalismos.
- Pastoral preventiva: criar redes de acompanhamento para jovens e casais, políticas de proteção contra abuso e escândalo.
V — Tabela expositiva (para estudo/slide)
Texto (1 Ts)
Termo grego (translit.)
Sentido / nuance
Implicação prática
4.3
ἡ ἁγιασμός ὑμῶν (hē hagiasmós hymōn)
Santificação: separação consagrada a Deus
Santidade é vontade de Deus; disciplina devocional contínua
4.3
ἀπέχεσθαι ἀπὸ τῆς πορνείας (apéchesthai apò tēs porneías)
Afastar-se da porneia (imoralidade sexual ampla)
Limites concretos; ensino sexual bíblico; disciplina comunitária
4.4
γινώσκει λαμβάνειν τὸν ἑαυτοῦ σῶμα (ginōskei lambanein ton heautou sōma)
“Possuir / dominar o próprio corpo”
Autocontrole sexual e integridade corporal; casamento honroso
4.5–6
μὴ ἐν πάθει ἀνθρώπου (mē en pathei anthrōpou) (contexto)
Não ceder à paixão humana desenfreada
Proteção contra exploração e violência; honra recíproca
4.7–8
ὁ δὲ διδούς ἡμῖν τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον (ho de didous hēmin to pneuma to hagion)
Deus deu o Espírito Santo
A fonte da santidade é o Espírito — ora, depende dEle
4.11–12
περιπατεῖτε εὐσχημόνως (peripateite euschēmónōs)
Andar com dignidade / honestidade
Trabalho honesto; não ser peso; testemunho diante de “de fora”
4.11
ἐργάζεσθαι (ergazesthai)
Trabalhar
Incentivar responsabilidade e serviço produtivo
VI — Aplicações práticas rápidas (checklist para ministério ou estudo em células)
- Faça uma sessão “santificação: mito e prática” (45–60 min) para jovens e adultos.
- Ofereça um pequeno grupo de acompanhamento para casais e solteiros sobre disciplina sexual e integridade.
- Desenvolva um “manual de trabalho cristão” com dicas práticas (currículo, ética no emprego, como falar de fé no trabalho).
- Crie uma Pequena Equipe de Aconselhamento para casos de tropeço moral — restauração com graça e responsabilidade.
VII — Conclusão
Paulo transforma esperança em prática: a vinda futura de Cristo não anula o dever presente de santificação, domínio do corpo e responsabilidade social. Santidade é vocação divina (não mérito humano), fruto do Espírito e expressão de testemunho. A comunidade cristã vive chamada à separação ética (não ao isolamento) e ao serviço digno no mundo — porque o Senhor que virá exige um povo que O revele já hoje.
I — Síntese teológica rápida
Em 1 Tessalonicenses 4.1–12 Paulo liga esperança escatológica (a vinda do Senhor) com vida ética presente: a espera não é desculpa para desordem, mas impulso para santificação (separação ao serviço de Deus), domínio do corpo (pureza sexual) e dignidade social (trabalho honesto). A santificação é vontade de Deus, dá-se por ação do Espírito e exige resposta humana — arrependimento contínuo, autocontrole corporal e responsabilidade social.
II — Análise lexical (grego) — termos-chave e nuances
Vou citar o grego (transliteração entre parênteses) e explicar a nuance teológica de cada termo principal citado nos versos relacionados:
- “Vossa santificação” — ἡ ἁγιασμός ὑμῶν (hē hagiasmós hymōn)
— hagiasmos = santificação; significa “ser separado / consagrado” para Deus. Não é mero ascetismo: é um estado relacional (santo = separado para Deus) que se refere tanto ao ser (posse de nova condição) quanto ao viver (práticas concretas de separação do pecado). Em Paulo, santificação é fruto da graça e da atuação do Espírito, porém requer obediência. - “Abstenhai-vos da prostituição” — ἀπέχεσθαι ἀπὸ τῆς πορνείας (apéchesthai apò tēs porneías)
— porneia = termo amplo para “imoralidade sexual” (inclui prostituição, relações ilícitas, práticas cultuais pagãs com conotação sexual). No contexto greco-romano, cobre o espectro de práticas sexuais contrárias à aliança divina. Paulo pede afastamento (ἄπο + ἔχω = ‘manter-se distante’, decisão deliberada). - “Possuir o próprio corpo em santificação e honra” — γινώσκει λαμβάνειν τὸν ἑαυτοῦ σῶμα ἐν ἁγιωσύνῃ καὶ τιμῇ (ginōskei lambanein ton heautou sōma en hagiōsunē kai timē)
— sōma = corpo; “possuir/possuir para si” (λαμβάνειν here = “apoderar-se” ou “exercer domínio sobre”). A ênfase é dupla: controle responsável do corpo (autodomínio) e vivê-lo com santidade (hagiōsunē) e honra (timē) — não reduzir o corpo a objeto de concupiscência, nem usá-lo desonrosamente. - “Porque Deus nos chamou para a santificação” — ὁ δὲ ὁ καλῶν ἡμᾶς ἐστιν ἅγιος (ho de ho kalōn hēmas estin hagios) / e em v.8: “Deus nos deu o Espírito Santo” — τὸ δὲ διδούς ἡμῖν τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον (to de didous hēmin to pneuma to hagion)**
— A iniciativa é divina: o chamar (κλησις / kaleō) e o dom do Pneuma Hagion (Espírito Santo) tornam possível a vida separada. O Espírito é o agente que capacita o exercício moral. - “Andeis honestamente / com dignidade” — περιπατεῖτε εὐσχημόνως (peripateite euschēmónōs)
— euschēmónōs = comportamento digno, decente, que honra a comunidade e evita escândalo. Corresponde ao mandato social de testemunho. - Trabalhai / não sejais pesos — ἐργάζεσθε (ergazesthe) / μὴ ὄντες [βαρέοι] (mē ontes [bareoi])
— ergazomai = trabalhar; Paulo liga santificação a responsabilidade socioeconômica: o crente deve ser laborioso para sustentar-se e não ser “fardo” para a igreja nem motivo de escândalo diante dos de fora.
III — Exegese teológica (síntese ampliada)
- A santificação é vontade de Deus (v.3). Paulo não propõe uma ascética legalista; declara a vontade divina: a santificação é o desejo de Deus para o seu povo. É, por isso, norma central de vida cristã. Em um mundo permissivo, a igreja é chamada a distinguir-se.
- A ênfase no corpo (vv.4–6). Paulo trata a moralidade sexual não só como questão privada, mas como expressão da nova condição do convertido. “Possuir o próprio corpo” refere-se a autocontrole sexual (no casamento) e à integridade do corpo como templo de Deus. O tema conecta com a doutrina do corpo-resurreto: o corpo importa.
- O agente da santificação: Deus e o Espírito (v.8). A santidade é fruto da vocação e do dom do Espírito. Assim, ética cristã não é apenas autodisciplina; é vida transformada pelo Espírito Santo.
- Dignidade social e trabalho (v.12). Paulo corrige consequências perniciosas da expectativa escatológica mal entendida (ócio, intromissão na vida alheia). A ética do trabalho tem três dimensões: sustento próprio, não ser peso para a igreja, e demonstração de honra diante dos não crentes — a conduta que honra o evangelho.
- União entre escatologia e ética. Esperar a vinda do Senhor não é “licença para desleixo”, mas estímulo para viver de modo que nossa vida honre a Deus agora e na eternidade.
IV — Aplicação pessoal e pastoral (concreta)
Questões pessoais
- Santificação diária: implante um “checklist” devocional diário — confissão, Palavra, oração, exame de ações (onde houve concessão a desejos contrários à santidade?). Viver a santificação como processo, não perfeccionismo.
- Moralidade sexual: cultivar limites práticos (evitar conteúdos e círculos que incitam à concupiscência; estabelecer responsabilidade conjugal; aconselhamento pré-matrimonial e recuperação pastoral para quebras morais).
- Autocontrole corporal: exercitar disciplinas corporais (sono, alimentação, exercício, domínio das paixões) como suporte à vida espiritual.
- Trabalho e testemunho: avaliar vida profissional: sou exemplo honesto? Meu trabalho me torna peso para outros? Procure competência, pontualidade, generosidade.
- Comunhão responsável: não invada a vida alheia mas ofereça ajuda; respeitar a privacidade dos irmãos ao mesmo tempo que se dispõe a servir.
Para a igreja
- Formação sexual saudável: oferecer cursos/células sobre sexualidade bíblica, recuperação para quem tropeçou, mentoria conjugal.
- Incentivo ao trabalho: programas de capacitação profissional, apoio a quem perde emprego, pequenos negócios comunitários — para evitar dependência e criar dignidade.
- Cuidado do chamado escatológico: ensinar a relação entre a esperança e a ética para prevenir passividade e radicalismos.
- Pastoral preventiva: criar redes de acompanhamento para jovens e casais, políticas de proteção contra abuso e escândalo.
V — Tabela expositiva (para estudo/slide)
Texto (1 Ts) | Termo grego (translit.) | Sentido / nuance | Implicação prática |
4.3 | ἡ ἁγιασμός ὑμῶν (hē hagiasmós hymōn) | Santificação: separação consagrada a Deus | Santidade é vontade de Deus; disciplina devocional contínua |
4.3 | ἀπέχεσθαι ἀπὸ τῆς πορνείας (apéchesthai apò tēs porneías) | Afastar-se da porneia (imoralidade sexual ampla) | Limites concretos; ensino sexual bíblico; disciplina comunitária |
4.4 | γινώσκει λαμβάνειν τὸν ἑαυτοῦ σῶμα (ginōskei lambanein ton heautou sōma) | “Possuir / dominar o próprio corpo” | Autocontrole sexual e integridade corporal; casamento honroso |
4.5–6 | μὴ ἐν πάθει ἀνθρώπου (mē en pathei anthrōpou) (contexto) | Não ceder à paixão humana desenfreada | Proteção contra exploração e violência; honra recíproca |
4.7–8 | ὁ δὲ διδούς ἡμῖν τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον (ho de didous hēmin to pneuma to hagion) | Deus deu o Espírito Santo | A fonte da santidade é o Espírito — ora, depende dEle |
4.11–12 | περιπατεῖτε εὐσχημόνως (peripateite euschēmónōs) | Andar com dignidade / honestidade | Trabalho honesto; não ser peso; testemunho diante de “de fora” |
4.11 | ἐργάζεσθαι (ergazesthai) | Trabalhar | Incentivar responsabilidade e serviço produtivo |
VI — Aplicações práticas rápidas (checklist para ministério ou estudo em células)
- Faça uma sessão “santificação: mito e prática” (45–60 min) para jovens e adultos.
- Ofereça um pequeno grupo de acompanhamento para casais e solteiros sobre disciplina sexual e integridade.
- Desenvolva um “manual de trabalho cristão” com dicas práticas (currículo, ética no emprego, como falar de fé no trabalho).
- Crie uma Pequena Equipe de Aconselhamento para casos de tropeço moral — restauração com graça e responsabilidade.
VII — Conclusão
Paulo transforma esperança em prática: a vinda futura de Cristo não anula o dever presente de santificação, domínio do corpo e responsabilidade social. Santidade é vocação divina (não mérito humano), fruto do Espírito e expressão de testemunho. A comunidade cristã vive chamada à separação ética (não ao isolamento) e ao serviço digno no mundo — porque o Senhor que virá exige um povo que O revele já hoje.
II- A VINDA DO SENHOR (4.13-5.11)
Ignorância é algo que Deus nunca incentiva. Ignorância no tocante às realidades espirituais é sempre algo ruim para o crente. Ela pode privá-lo de conforto e alegria. É o caso quanto à vinda do Senhor.
1- Os que morreram no Senhor (4.13) Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança.
Por alguma razão não muito clara, disseminaram-se entre os tessalonicenses que os irmãos em Cristo que haviam morrido não participaram plenamente ou seriam abandonados no bendito retorno de Cristo. Paulo corrigiu esse equívoco. O apóstolo esclarece que os que morreram em Cristo não terão nenhuma desvantagem em relação aos vivos (4.15). De fato, a ressurreição precederá o arrebatamento. É normal prantear- mos nossos irmãos na fé e parentes mortos, todavia não devemos nos entristecer como os não crentes, que não possuem esperança.
Frequentemente, a morte do crente é comparada ao dormir (Mt 27.52; At 7.60). Era uma ideia comum no mundo antigo como eufemismo e aparece tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Não devemos pensar, como alguns defendem, que se trata do sono da alma. Quem dorme é o corpo, não a alma, pois esta vai para a presença de Cristo (Fp 1.20-24). A alma está em plena consciência no seu próprio e novo ambiente com seu Senhor (Lc 16.19-31).
2- Traz esperança e consolo (4.18) Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras.
É muito comum pregadores, ao falarem da vinda do Senhor Jesus, fazerem isso de modo a trazerem medo e pavor aos ouvintes, ao invés de consolo e esperança. Fazem o inverso daquilo que é proposto por Paulo nessa passagem. A mensagem da volta do Senhor e do arrebatamento da Igreja devem trazer profundo consolo e alegria aos corações do povo de Deus. Devemos usar isso como fonte de consolo e não de apavoramento. Os mortos não estarão em desvantagem; ao contrário, terão prioridade. Cristo voltará e teremos um corpo incorruptível semelhante ao Dele. Paulo diz: transmitam isso e consolem-se mutuamente. Como diz o hino 371 da Harpa Cristã: “Breve vem o grande dia em que lutas findarão; todos os males, agonias deste mundo cessarão.” Nossa esperança está em Cristo e no seu retorno.
3- Quando será? (5.1) Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas, não há necessidade de que eu vos escreva.
Os crentes de Tessalônica também indagaram a Paulo sobre o momento em que ocorreria o retorno do Senhor. A linguagem sugere que o apóstolo está retomando mais uma pergunta que lhe fizeram, pedindo a sua resposta. Se souberem a data talvez pudessem preparar-se de modo adequado. Haverá algum sinal prévio? Algum evento específico indicará que o momento é chegado? Essas têm sido perguntas comuns em nossos dias também. Para responder, Paulo se vale da mesma figura usada por Jesus em Mateus 24: o ladrão da noite. O ladrão não envia antecipadamente nenhum aviso sobre sua ação. Ele vem repentina e inesperadamente. Então é sem sentido a pergunta sobre quando será. Mas há uma segunda lição igualmente envolvida na resposta. Embora o ladrão encontre suas vítimas despreparadas, isso não é verdade em relação aos crentes (5.4). A ideia do despreparo, diz Paulo, só é válida para os não crentes. O crente está aguardando, embora não saiba quando ocorrerá. Os crentes não estão em trevas. Eles não serão surpreendidos. O desejo de Paulo é que seus leitores, em vez de se encherem de vã curiosidade ou se deixar invadir pela especulação do calendário, fiquem preparados. O mundo está em trevas, envolvidos nela e em razão de elas não estão preparadas. Serão surpreendidos. O crente, no entanto, aguarda e ama a volta do Senhor.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1. Leitura panorâmica e tese teológica
Paulo corrige duas falhas entre os tessalonicenses: ignorância escatológica (sobre os “que dormem”) que gera tristeza sem esperança, e curiosidade cronológica (quando será a vinda), que conduz à ansiedade e permitirá especulações vazias. Sua resposta é dupla: (a) a morte do crente é temporária — os “que dormem” serão ressuscitados e reunidos com o Senhor; (b) o momento da vinda é incerto — como um ladrão — por isso a igreja deve viver acordada, sóbria e revestida de fé, amor e esperança. A ênfase pastoral é clara: a esperança escatológica consola e molda a vida presente; não produz fuga nem passividade, mas vigilância ética e solidariedade mútua.
2. Análise exegética e lexical (grego — termos-chave)
Vou apresentar os termos principais na forma transliterada, com breve explicação teológica.
A. Sobre os mortos — 1Ts 4:13–18
- kekoīmēmenoi (κεκοιμημένοι) — “os que dormem”
Termo eufemístico para os mortos. Paulo usa-o para diminuir o pavor da morte e destacar a esperança da ressurreição: o sono é temporário; haverá despertar. - mē lupēsthe (μὴ λυπῆσθε) — “não vos entristeçais” (negativo qualificado)
Não proíbe o pranto humano, mas rejeita a tristeza desesperada daqueles “que não têm esperança.” A dor é legítima; a desesperança é incompatível com a fé cristã. - anastēsontai / egeirontai (ἀναστήσονται / ἐγερθήσονται) — “serão ressuscitados / levantados”
Verbos que indicam ação divina futura sobre os mortos; marcam a certeza da ressurreição corporal. - harpagēsometha (ἁρπαγησόμεθα) — “seremos arrebatados / seremos tomados” (de ἁρπάζω)
Indica encontro súbito e definitivo com o Senhor no ar — linguagem comunitária: “seremos arrebatados juntamente com os mortos ressuscitados” (4:17). - salpinx (σάλπιγξ) / phōnē archangelou (φωνὴ ἀρχαγγέλου) — “trombeta” / “voz do arcanjo”
Imagens do anúncio escatológico: sinal sonoro divino que convoca os crentes à reunião final.
B. Sobre o tempo e o estado de vigilância — 1Ts 5:1–11
- klēroi kai hōrai (καιροί καὶ ὧραι) — “tempos e épocas” (5:1)
Expressão que designa calendário/apontamentos cronológicos: Paulo diz que não precisa repetir ensiná-los sobre isso — o detalhe temporal não é o ponto. - kleptēs (κλέπτης) — “ladrão” (v.2, v.4)
Imagem-modelo: a vinda será repentina e inesperada para os que vivem nas trevas; para os filhos da luz será encontro esperado. - skotos / phōs (σκότος / φῶς) — “trevas / luz”
Contraste moral-ontológico: descrença/estado de despreparo (trevas) x vida vigilante e esclarecida (luz). - egērthēte / nēpsate (ἐγείρεσθε / νήψατε) — “despertai / sede sóbrios”
Chamado à vigilância ativa e à sobriedade moral e espiritual. - peribolē zōēs (περιβολὴ ζωῆς) [not explicit in 1Ts but parallel] — revestir-se de vida / vestir-se de Cristo (cf. Rom/Eph language)
Paulo pede atitude prática: revestir-se — modo de vida coerente com a esperança. - pistis, agapē, elpis (πίστις, ἀγάπη, ἐλπίς) — “fé, amor, esperança” (v.8)
O capacete da esperança (v.8) reúne a tríade cristã que sustenta a vida vigilante.
3. Exegese teológica aprofundada — pontos centrais
3.1. Morte = sono (metáfora: conforto, não esfumação da pessoa)
Paulo emprega uma metáfora pastoral: o corpo “dorme”, a pessoa não é aniquilada. A linguagem evita especulações sobre a “localização da alma”, mas afirma continuidade relacional com Cristo (para os crentes a morte não é abandono). O fundamento não é só metáfora reconfortante, mas a obra cristológica: Cristo morreu e ressuscitou; por isso, Deus “trará com ele” os que dormem em Jesus (4:14).
3.2. Ressurreição comunitária e cronologia relativa
Paulo descreve sequência: os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois os que estiverem vivos serão arrebatados para encontrar o Senhor no ar (4:16–17). Ele corrige a ideia de que os mortos seriam “desfavorecidos”; a ordem não implica desvantagem, antes prioridade dos que dormem (recebem o primeiro dom: a ressurreição).
3.3. Não saber o “quando” é convite à vigilância ética
A imagem do ladrão (5:2) desloca a preocupação cronológica para existencial: não adianta pré-anunciar datas; o que importa é viver como quem espera. A diferença entre crentes e descrentes não é calendário, mas estado moral e espiritual: luz vs trevas; vigilância vs surpresa. Paulo, portanto, converte escatologia em ética: dormir mal (no sentido de negligência) não é cristão.
3.4. Esperança como capacitação ética
A esperança (elpis) não é escapismo; é capacitação para uma vida sóbria: “revesti-vos de fé e amor como couraça e de esperança como capacete” (5:8). O uso militar metafórico (capacete) recorda que a esperança protege o pensamento e a coragem diante do juízo e do sofrimento.
4. Aplicação pastoral e pessoal (concreta)
Consolação no luto
- Ensinar preguiçosamente? Não. Pastoral do consolo: explicar a esperança da ressurreição, permitir o choro, mas combater a desesperança. Em funerais: proclamar a ressurreição e a certeza do encontro.
Evitar especulações cronológicas
- Controle pastoral de data-setting: quando surgirem profecias populares ou cálculos de datas, oferecer ensino: o Senhor virá inesperadamente; foque em santificação e serviço em vez de datas.
Viver despertos e sóbrios
- Práticas espirituais concretas: vigília de oração, leitura bíblica diária, exame de consciência regular, comunidade de prestação de contas, discipulado que enfatize sobriedade e serviço.
- Vestir-se de esperança: rotinas que reforcem esperança — liturgias que lembram a vinda do Senhor, canções que formem o coração, memórias de fidelidade de Deus.
Comunidade e missão
- A visão escatológica sustenta missão: a certeza do encontro com Cristo impulsiona urgência na evangelização e a ética pública: ser luz no mundo, testemunhar com obras e palavras.
5. Tabela expositiva
Texto
Termo grego (translit.)
Sentido imediato
Nuance teológica
Aplicação prática
4:13
κεκοιμημένοι (kekoīmēmenoi)
“os que dormem” (mortos)
Morte como sono temporário — expectativa da ressurreição
Consolar enlutados: chorar com esperança; pregar ressurreição
4:14–16
ἀναστήσονται / ἐγερθήσονται (anastēsontai / egeirthēsontai)
“ressuscitarão / serão levantados”
Ação divina; ressurreição corporal
Ensino catequético sobre ressurreição; funerais cristãos
4:17
ἁρπαγησόμεθα (harpagēsometha)
“seremos arrebatados”
Encontro súbito no ar — comunhão viva entre mortos e vivos
Garantir que a comunidade entenda a reunificação final
5:1–2
κλέπτης (kleptēs)
“ladrão” (imagem)
Vinda súbita; imprevisibilidade cronológica
Evitar data-setting; promover vigilância prática
5:4–6
σκότος / φῶς (skotos / phōs); νήψατε (nēpsate)
trevas/luz; “sede sóbrios/estai despertos”
Estado moral: os crentes vivem na luz e não serão surpreendidos
Cultivar sobriedade, vigília intercessória e santidade
5:8
πίστις / ἀγάπη / ἐλπίς (pistis / agapē / elpis)
fé / amor / esperança
Triade que equipa a vida escatológica
Instruir a igreja a “vestir” essas virtudes; práticas devocionais
5:9–10
σωτηρία / ζωή (sōtēria / zōē)
salvação / viver com Cristo
Deus nos destinou à salvação através de Cristo
Pastoral que enfatize vocação e segurança em Cristo
6. Perguntas para reflexão e uso em célula/pregar
- Como lido com o luto? Minha prática de luto manifesta esperança bíblica ou desespero secular?
- Há áreas da minha vida onde vivo como “nas trevas”? Que passos concretos farei esta semana para “andar como filhos da luz”?
- Que “rituais de esperança” nossa comunidade pode instituir para formar o povo (funerais, memórias, liturgias de vigília)?
- Como transformar a curiosidade por “datas” em compromisso missionário (fazer discípulos, amar os vizinhos)?
7. Conclusão sucinta
Paulo transforma incerteza cronológica em coragem ética: não saber o “quando” não é desculpa para descuido, mas chamado à vigilância e ao cuidado mútuo. A esperança cristã consolida o luto e motiva o serviço. Encoraje sua comunidade a aprender a chorar com esperança, a rejeitar especulações cronológicas e a vestir-se diariamente de fé, amor e esperança, enquanto aguarda o Senhor.
1. Leitura panorâmica e tese teológica
Paulo corrige duas falhas entre os tessalonicenses: ignorância escatológica (sobre os “que dormem”) que gera tristeza sem esperança, e curiosidade cronológica (quando será a vinda), que conduz à ansiedade e permitirá especulações vazias. Sua resposta é dupla: (a) a morte do crente é temporária — os “que dormem” serão ressuscitados e reunidos com o Senhor; (b) o momento da vinda é incerto — como um ladrão — por isso a igreja deve viver acordada, sóbria e revestida de fé, amor e esperança. A ênfase pastoral é clara: a esperança escatológica consola e molda a vida presente; não produz fuga nem passividade, mas vigilância ética e solidariedade mútua.
2. Análise exegética e lexical (grego — termos-chave)
Vou apresentar os termos principais na forma transliterada, com breve explicação teológica.
A. Sobre os mortos — 1Ts 4:13–18
- kekoīmēmenoi (κεκοιμημένοι) — “os que dormem”
Termo eufemístico para os mortos. Paulo usa-o para diminuir o pavor da morte e destacar a esperança da ressurreição: o sono é temporário; haverá despertar. - mē lupēsthe (μὴ λυπῆσθε) — “não vos entristeçais” (negativo qualificado)
Não proíbe o pranto humano, mas rejeita a tristeza desesperada daqueles “que não têm esperança.” A dor é legítima; a desesperança é incompatível com a fé cristã. - anastēsontai / egeirontai (ἀναστήσονται / ἐγερθήσονται) — “serão ressuscitados / levantados”
Verbos que indicam ação divina futura sobre os mortos; marcam a certeza da ressurreição corporal. - harpagēsometha (ἁρπαγησόμεθα) — “seremos arrebatados / seremos tomados” (de ἁρπάζω)
Indica encontro súbito e definitivo com o Senhor no ar — linguagem comunitária: “seremos arrebatados juntamente com os mortos ressuscitados” (4:17). - salpinx (σάλπιγξ) / phōnē archangelou (φωνὴ ἀρχαγγέλου) — “trombeta” / “voz do arcanjo”
Imagens do anúncio escatológico: sinal sonoro divino que convoca os crentes à reunião final.
B. Sobre o tempo e o estado de vigilância — 1Ts 5:1–11
- klēroi kai hōrai (καιροί καὶ ὧραι) — “tempos e épocas” (5:1)
Expressão que designa calendário/apontamentos cronológicos: Paulo diz que não precisa repetir ensiná-los sobre isso — o detalhe temporal não é o ponto. - kleptēs (κλέπτης) — “ladrão” (v.2, v.4)
Imagem-modelo: a vinda será repentina e inesperada para os que vivem nas trevas; para os filhos da luz será encontro esperado. - skotos / phōs (σκότος / φῶς) — “trevas / luz”
Contraste moral-ontológico: descrença/estado de despreparo (trevas) x vida vigilante e esclarecida (luz). - egērthēte / nēpsate (ἐγείρεσθε / νήψατε) — “despertai / sede sóbrios”
Chamado à vigilância ativa e à sobriedade moral e espiritual. - peribolē zōēs (περιβολὴ ζωῆς) [not explicit in 1Ts but parallel] — revestir-se de vida / vestir-se de Cristo (cf. Rom/Eph language)
Paulo pede atitude prática: revestir-se — modo de vida coerente com a esperança. - pistis, agapē, elpis (πίστις, ἀγάπη, ἐλπίς) — “fé, amor, esperança” (v.8)
O capacete da esperança (v.8) reúne a tríade cristã que sustenta a vida vigilante.
3. Exegese teológica aprofundada — pontos centrais
3.1. Morte = sono (metáfora: conforto, não esfumação da pessoa)
Paulo emprega uma metáfora pastoral: o corpo “dorme”, a pessoa não é aniquilada. A linguagem evita especulações sobre a “localização da alma”, mas afirma continuidade relacional com Cristo (para os crentes a morte não é abandono). O fundamento não é só metáfora reconfortante, mas a obra cristológica: Cristo morreu e ressuscitou; por isso, Deus “trará com ele” os que dormem em Jesus (4:14).
3.2. Ressurreição comunitária e cronologia relativa
Paulo descreve sequência: os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois os que estiverem vivos serão arrebatados para encontrar o Senhor no ar (4:16–17). Ele corrige a ideia de que os mortos seriam “desfavorecidos”; a ordem não implica desvantagem, antes prioridade dos que dormem (recebem o primeiro dom: a ressurreição).
3.3. Não saber o “quando” é convite à vigilância ética
A imagem do ladrão (5:2) desloca a preocupação cronológica para existencial: não adianta pré-anunciar datas; o que importa é viver como quem espera. A diferença entre crentes e descrentes não é calendário, mas estado moral e espiritual: luz vs trevas; vigilância vs surpresa. Paulo, portanto, converte escatologia em ética: dormir mal (no sentido de negligência) não é cristão.
3.4. Esperança como capacitação ética
A esperança (elpis) não é escapismo; é capacitação para uma vida sóbria: “revesti-vos de fé e amor como couraça e de esperança como capacete” (5:8). O uso militar metafórico (capacete) recorda que a esperança protege o pensamento e a coragem diante do juízo e do sofrimento.
4. Aplicação pastoral e pessoal (concreta)
Consolação no luto
- Ensinar preguiçosamente? Não. Pastoral do consolo: explicar a esperança da ressurreição, permitir o choro, mas combater a desesperança. Em funerais: proclamar a ressurreição e a certeza do encontro.
Evitar especulações cronológicas
- Controle pastoral de data-setting: quando surgirem profecias populares ou cálculos de datas, oferecer ensino: o Senhor virá inesperadamente; foque em santificação e serviço em vez de datas.
Viver despertos e sóbrios
- Práticas espirituais concretas: vigília de oração, leitura bíblica diária, exame de consciência regular, comunidade de prestação de contas, discipulado que enfatize sobriedade e serviço.
- Vestir-se de esperança: rotinas que reforcem esperança — liturgias que lembram a vinda do Senhor, canções que formem o coração, memórias de fidelidade de Deus.
Comunidade e missão
- A visão escatológica sustenta missão: a certeza do encontro com Cristo impulsiona urgência na evangelização e a ética pública: ser luz no mundo, testemunhar com obras e palavras.
5. Tabela expositiva
Texto | Termo grego (translit.) | Sentido imediato | Nuance teológica | Aplicação prática |
4:13 | κεκοιμημένοι (kekoīmēmenoi) | “os que dormem” (mortos) | Morte como sono temporário — expectativa da ressurreição | Consolar enlutados: chorar com esperança; pregar ressurreição |
4:14–16 | ἀναστήσονται / ἐγερθήσονται (anastēsontai / egeirthēsontai) | “ressuscitarão / serão levantados” | Ação divina; ressurreição corporal | Ensino catequético sobre ressurreição; funerais cristãos |
4:17 | ἁρπαγησόμεθα (harpagēsometha) | “seremos arrebatados” | Encontro súbito no ar — comunhão viva entre mortos e vivos | Garantir que a comunidade entenda a reunificação final |
5:1–2 | κλέπτης (kleptēs) | “ladrão” (imagem) | Vinda súbita; imprevisibilidade cronológica | Evitar data-setting; promover vigilância prática |
5:4–6 | σκότος / φῶς (skotos / phōs); νήψατε (nēpsate) | trevas/luz; “sede sóbrios/estai despertos” | Estado moral: os crentes vivem na luz e não serão surpreendidos | Cultivar sobriedade, vigília intercessória e santidade |
5:8 | πίστις / ἀγάπη / ἐλπίς (pistis / agapē / elpis) | fé / amor / esperança | Triade que equipa a vida escatológica | Instruir a igreja a “vestir” essas virtudes; práticas devocionais |
5:9–10 | σωτηρία / ζωή (sōtēria / zōē) | salvação / viver com Cristo | Deus nos destinou à salvação através de Cristo | Pastoral que enfatize vocação e segurança em Cristo |
6. Perguntas para reflexão e uso em célula/pregar
- Como lido com o luto? Minha prática de luto manifesta esperança bíblica ou desespero secular?
- Há áreas da minha vida onde vivo como “nas trevas”? Que passos concretos farei esta semana para “andar como filhos da luz”?
- Que “rituais de esperança” nossa comunidade pode instituir para formar o povo (funerais, memórias, liturgias de vigília)?
- Como transformar a curiosidade por “datas” em compromisso missionário (fazer discípulos, amar os vizinhos)?
7. Conclusão sucinta
Paulo transforma incerteza cronológica em coragem ética: não saber o “quando” não é desculpa para descuido, mas chamado à vigilância e ao cuidado mútuo. A esperança cristã consolida o luto e motiva o serviço. Encoraje sua comunidade a aprender a chorar com esperança, a rejeitar especulações cronológicas e a vestir-se diariamente de fé, amor e esperança, enquanto aguarda o Senhor.
III- INSTRUÇÕES FINAIS (5.12-28)
Chegamos ao final da carta aos tessalonicenses, na qual Paulo faz exortações que tratam de questões específicas de liderança e relacionamentos entre os membros da Igreja, bem como de atitudes gerais como oração, gratidão e distanciamento do mal.
1- Reconhecer os que trabalham (5.12) Agora, vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós e os que vos presidem no Senhor e vos admoestar.
Provavelmente, em seu relatório da situação em Tessalônica, Timóteo pontuou que havia dificuldades entre líderes e liderados. Paulo então traz orientações a ambos. Seu ensino é claro: aqueles que são líderes devem ser tratados com o respeito apropriado. Prestar contas aos nossos líderes é um exercício de submissão a Cristo e parte da vida cristã. Ao falar da liderança, há três ações a elas mencionadas: a) trabalhar; b) presidir; c) admoestar. Vejamos cada uma.
a) A palavra “trabalho” traduz um verbo cujo sentido é “ficar fatigado, exausto devido uma atividade realizada”. Muitos querem a liderança por desejo de honra, fama e prestígio, mas liderança no reino é trabalho duro. b) A palavra “presidir” literalmente é “estar de pé à frente”. É servir de exemplo. c) “Admoestar” é advertir alguém que está se desviando ou está prestes a fazê-lo.
Por essas e outras razões, aqueles que Deus colocou para nos ensinar e liderar devem ser honrados e respeitados, nunca desprezados ou rejeitados. A melhor maneira de respeitar um líder é submeter-se à sua liderança. Por fim, Paulo enfatiza que a liderança na Igreja é feita “no Senhor”. Essa expressão é usada para destacar a fonte da autoridade. A liderança no Reino é feita em nome de Cristo, para o bem estar dos que são de Cristo e para a glória do nome de Cristo.
2- O ministério da Igreja (5.14) Exortamos-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimes para com todos.
Após tratar sobre o relacionamento entre líderes e liderados, Paulo agora se dirige a todos. Sua orientação nesse ponto é geral. Atinge toda a Igreja. Nem tudo na Igreja é responsabilidade da liderança. Devemos fugir do clericalismo que induz os crentes a cruzarem os braços e esperar que apenas os oficiais da igreja trabalhem. Nos versos 14 e 15, o apóstolo lista seis deveres da igreja:
a) Admoestar os insubmissos. A insubmissão deve ser tratada. Ela gera rebelião e rebelião gera maldição;
b) Consolar os desanimados. Literalmente é “alguém com pouca alma”, abatido, triste;
c) Amparar os fracos. Fraqueza com conotação espiritual. Significa o débil na fé. O que ainda não adquiriu a maturidade espiritual necessária deve ser amparado;
d) Longânimos para com todos. Esse é um dos atributos comunicáveis de Deus e que deve ser encontrado em todos os seus seguidores. Significa “lento para a ira”, “paciente”; evitar retribuir o mal por mal. Jesus ensinou sobre isso em Mateus 5.38-48. O crente é chamado a caminhar na direção oposta do mundo vingativo. Retaliação não é permitida ao crente (Rm 12.21 e Hb 10.30); Seguir sempre o bem. Essa é a regra de ouro do viver cristão. Responder tudo com a prática daquilo que é bom, puro, amável e honesto.
Diante dessa lista, temos feito nossa parte? Quando vemos um irmão agindo de modo a desagradar a Deus temos o admoestado ou vamos fofocar a respeito? Temos sido pacientes para com os faltosos? Temos retribuído o mal com o bem?
3- Devoção e fervor (5.19) Não apagueis o Espírito.
A carta é encerrada com uma série de mandamentos gerais e universalmente aplicáveis. a) Regozijai-vos sempre. Uma ação contínua que demonstra a atitude normal do crente. Sejam quais forem as circunstâncias, pela graça de Deus o crente pode elevar-se acima delas.; b) Orai sem cessar: A oração não pode estar confinada apenas a momentos e lugares específicos; c) Em tudo dai graças. O crente é chamado a dar graças a Deus, não importa o que aconteça; d) Não Apagueis o Espírito. Havia uma tendência na igreja de Tessalônica para apagar o fogo do Espírito, com especial desprezo para com as profecias (5.20); e) Julguem todas as coisas, retendo o que é bom. O discernimento espiritual é imprescindível para o viver vitorioso neste mundo caído. Paulo preserva o equilíbrio necessário, convidando a todos a reter o que é bom. Vale aqui o famoso ditado popular: “Não jogue fora o bebê junto com a água do banho”; Abstende-vos de toda forma de mal. Por último, o apóstolo recomenda absoluta distância de tudo que se assemelha ao mal.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
III. Instruções finais (1 Ts 5.12–28)
Excelente fechamento da carta de Paulo: aqui ele sintetiza a vida concreta da igreja à luz da esperança escatológica. As exortações vão do respeito aos líderes ao cultivo de uma comunidade vibrante em oração, em discernimento e em santidade — tudo sustentado pela presença do Espírito. Vou comentar os pontos-chave, oferecer análise lexical (grego), aplicações práticas e uma tabela expositiva para uso pastoral ou didático.
1. Panorama teológico rápido
O bloco final de 1 Tessalonicenses conecta três coisas: (1) autoridade e responsabilidade (reconhecer quem trabalha e preside); (2) ministério mútuo (a igreja inteira exerce cuidado — admoestar, consolar, fortalecer, ser paciente); (3) discernimento espiritual e devoção (não apagar o Espírito, não desprezar profecia, examinar tudo, conservar o que é bom). Teologicamente, a autoridade e a vida comunitária não são verticalidades isoladas: elas existem no Senhor (ἐν Κυρίῳ) e devem ser moldadas pelo Espírito, pela ética do Reino e pelo objetivo da santificação e do testemunho ao mundo.
2. Análise lexical (grego) — termos-chave e suas nuances
Vou apresentar os termos originais mais relevantes (transliteração) com explicação teológica/prática.
2.1 Liderança e trabalho (v.12)
- οἱ κοπιῶντές ὑμῶν / hoi kopiōntes hymōn — “os que trabalham entre vós / os que se fatigam por vós”
Nuance: trabalho here isn’t mere status; é ministério que custa. Paulo honra quem se esgota no serviço pastoral/teológico e prático. - οἱ προϊστάμενοι ὑμῶν / hoi proistamenoi hymōn — “os que vos presidem / que estão à frente”
Proistēmi = “estar em frente, presidir, liderar”. Indica responsabilidade e exemplo, não domínio autoritário. - νουθετοῦντες / nouthetheis (participle of νουθετέω / nouthéteō) — “e os que vos admoestam”
Nouthéteō = advertir, corrigir, instruir para retorno ao caminho. Liderança pastoral inclui correção amorosa.
2.2 Ministério da comunidade (v.14)
- νουθετεῖτε τοὺς ἀπειθοῦντας / noutheteite tous apeithountas — “admoestai os insubmissos”
Apeithēs = desobediente; a correção comunitária visa restauração. - παρακαλεῖτε τοὺς ταπεινοφρόνους / parakaleite tous tapeinophronous — “consoleis os desanimados / os abatidos”
Parakaleō = chamar ao lado, consolar, encorajar. - ἐνισχύετε τοὺς ἀσθενεῖς / enischyete tous astheneis — “amparai os fracos / fortalecei os fracos”
Astheneia = fraqueza — aqui com nuance espiritual (fé frágil); exigir pastoral de cuidado. - μακροθυμεῖτε πρὸς πάντας / makrothumeite pros pantas — “sede longânimos / pacientes para com todos”
Makrothumia = “lentidão para a ira”, paciência que preserva a comunhão.
2.3 Discernimento e devoção (vv.19–22)
- Μὴ σβέννυτε τὸ πνεῦμα / Mē sbennute to pneuma — “Não apagueis o Espírito”
sbennýō = apagar, extinguir (como apagar fogo). Cuidado: atos e dons do Espírito não devem ser sufocados por ceticismo ou praticismo. - Μὴ καταφρονείτε προφητείας / Mē kataphroneite prophēteias — “Não desprezeis profecias”
Kataphroneō = desprezar, ter em pouco. Paulo pede cuidado: não escarnecer, mas também não aceitar tudo sem exame. - Δοκιμάζετε τὰ πάντα / Dokimazete ta panta — “Examinai / provai todas as coisas”
Dokimazō = testar, provar, discernir. Teste crítico à luz do Evangelho. - Κρατεῖτε τὰ ἀγαθά / Krateite ta agathá — “Retende / apegai-vos ao que é bom”
Krateō = segurar firmemente. Após o exame, reter o que edifica. - Ἀπό παντὸς εἴδους κακοῦ ἀπέχεσθε / Apo pantos eidos kakou apechesthe — “Abstende-vos de toda forma de mal”
Chamada à separação moral radical.
2.4 Devoções finais (vv.16–18, 23–28)
- Πάντοτε χαίρετε / Pántote chairete — “Regozijai-vos sempre”
Perseverança de júbilo, não superficial, mas enraizada em Cristo. - Προσεύχεσθε ἀδιαλείπτως / Proseuchesthe adialeiptōs — “Orai sem cessar”
Adialeiptos = contínuo, ininterrupto; oração como ritmo vital. - Εἰς πάντα εὐχαριστεῖτε / Eis panta eucharisteite — “Em tudo dai graças”
Gratidão como lente teológica. - Ἡ χάρις τοῦ Κυρίου Ἰησοῦ Χριστοῦ μεθʼ ὑμῶν / Hē charis tou Kyriou Iēsou Christou methʼ hymōn — bênção final: a graça do Senhor com vocês — encorajamento da presença de Cristo.
3. Comentário exegético e teológico (síntese)
3.1 Reconhecer os que trabalham (5.12)
Paulo pede à igreja um reconhecimento público e prático. No contexto do NT, líderes eram itinerantes, dedicados à pregação, ensino e cuidado (cf. 1 Tim 5; Heb 13). Trabalhar (κοπιᾶν) destaca o custo do ministério; presidir (προϊστάσθαι) lembra função exemplar; admoestar (νουθετεῖν) sublinha a necessidade de correção amorosa. A autoridade ministerial não é autoritarismo, mas serviço (diakonia) “no Senhor” — autoridade delegada por Cristo e exercida para edificação (οἱ ἐν Κυρίῳ).
3.2 O ministério da igreja (5.14)
Paulo descentraliza o ministério: a comunidade inteira carrega responsabilidade. A lista de ações mostra uma igreja que disciplina (nouthéteo), consola (parakaleō), fortifica (enischyō), e practica longa paciência (makrothumia). Isso evita clericalismo e fomenta a corresponsabilidade eclesial.
3.3 Espírito, profecia e discernimento (5.19–22)
Duas tensões precisam ser mantidas: (a) não sufocar o Espírito — reconhecer dons, profecia e impulso do Espírito; (b) não aceitar tudo sem crítica — “provar todas as coisas” e reter o útil. Paulo equilibra carisma e cuidado: celebra a ação do Espírito, exige teste e maturidade. Isso protege a comunidade de fanatismos e de aridez institucional.
3.4 Vida devocional e ética final (5.16–18; 23–24)
As três breves exortações (gozo, oração, gratidão) sintetizam uma espiritualidade de resistência. O “não apagar o Espírito” complementa com saúde carismática. A bênção final (v.24) lembra que a verdadeira santificação e estabilidade vêm de Deus que nos chama e nos confirma. A igreja é conduzida por graça, não por autoajuda.
4. Aplicação pessoal e comunitária (prática)
Para líderes
- Solicitar avaliação e cuidado: encorajar encontros regulares de prestação de contas (igreja-liderança), reconhecimento público e apoio prático (folga, cuidado pastoral, oração por líderes).
- Equilibrar autoridade e serviço: liderança como presidir no Senhor — exercer poder servil, baseado em exemplo e amor.
Para a comunidade
- Exercitar ministério mútuo: treinar membros para nouthéteō com mansidão (Gál 6.1), para parakaleō (confortar), para enischyō (fortalecer os irmãos) — práticas concretas: equipes de visita, grupos de apoio, discipulado.
- Combater clericalismo: criar estruturas que permitam responsabilidade compartilhada (comitês, ministérios laicais, cursos de capacitação).
Discernimento espiritual
- Protocolo para profecias/dons: estabelecer critérios bíblicos para avaliar profecias (coerência com Escritura, fruto, humildade do profeta, confirmação pastoral).
- Cultura de prova: formar a comunidade em teologia do Espírito — reconhecer dons, mas exercê-los em amor e sob ordenamento.
Práticas devocionais
- Ritmo de oração e ação: cultivar rotinas (horas de oração comunitária, intercessão semanal, grupos de ação social).
- Gratidão em todas as circunstâncias: práticas de memória (altar de gratidão, testemunhos em culto) para fixar confiança em Deus.
5. Tabela expositiva (resumo prático por versos)
Verso(s)
Termo grego (translit.)
Sentido / Nuance
Implicação prática
5.12
οἱ κοπιῶντές ὑμῶν (hoi kopiōntes hymōn) / οἱ προϊστάμενοι (hoi proistamenoi)
Trabalhadores fatigados; os que presidem
Honrar líderes; apoio prático (descanso, sustento)
5.12
νουθετοῦντες (nouthéteountes)
Admoestar / corrigir
Aceitar correção amorosa; submissão responsável
5.14
νουθετεῖτε (noutheteite)
Admoestar os insubmissos
Disciplina restauradora, evitar fofoca
5.14
παρακαλεῖτε (parakaleite)
Consolar os desanimados
Equipas de visita, aconselhamento, intercessão
5.14
ἐνισχύετε (enischyete)
Fortalecer os fracos
Discipulado intencional, mentoria
5.14
μακροθυμεῖτε (makrothumeite)
Ser longânimo/paciente
Cultura de perdão e paciência comunitária
5.19
μὴ σβέννυτε τὸ πνεῦμα (mē sbennute to pneuma)
Não apagar o Espírito
Valorizar dons; permitir expressão carismática ordenada
5.20
μὴ καταφρονείτε προφητείας (mē kataphroneite prophēteias)
Não desprezar profecias
Ouvir profecia; avaliar com crítica bíblica
5.21
δοκιμάζετε τὰ πάντα (dokimazete ta panta)
Provai tudo
Critério teológico para dons e ensinamentos
5.22
ἀπὸ παντὸς τύπου κακοῦ ἀπέχεσθε (apo pantos tupou kakou apechesthe)
Abstende-vos de todo mal
Separação ética, ação de santificação
5.16–18
πάντα… χαίρετε, προσεύχεσθε, εὐχαριστεῖτε
Regozijai-vos / Orai / Dai graças
Vida devocional perene: alegria, oração, gratidão
5.23–24
ἁγιασμὸν ὑμῶν / ὁ πιστὸς ὁ καλῶν
Santificação; Deus fiel que confirma
Confiança: Deus completa a obra que iniciou
6. Perguntas para reflexão ou uso em célula
- Como nossa comunidade demonstra honra e cuidado concreto por quem “trabalha” entre nós?
- Temos práticas para corrigir insubmissos de modo bíblico e restaurador, e para consolar os abatidos? Que passos práticos faltam?
- Qual é o nosso procedimento quando alguém profetiza? Testamos e retemos o que é bom?
- De que modo a nossa rotina de igreja (orações, cultos, ministérios) ajuda as pessoas a “não apagar o Espírito” nem a “desprezar profecias”?
7. Conclusão
As instruções finais de Paulo são um manual prático para a vida eclesial: respeito por quem serve, corresponsabilidade ministerial, equilíbrio entre carisma e critério, e uma espiritualidade marcada por alegria, oração e gratidão. Tudo isso acontece “no Senhor” e pela graça daquele que nos chama e nos guarda (v.24). Uma igreja fiel pratica correção com amor, protege seus servos, alimenta o fogo do Espírito e exerce discrição amorosa — assim vive como sinal para o mundo que observa.
III. Instruções finais (1 Ts 5.12–28)
Excelente fechamento da carta de Paulo: aqui ele sintetiza a vida concreta da igreja à luz da esperança escatológica. As exortações vão do respeito aos líderes ao cultivo de uma comunidade vibrante em oração, em discernimento e em santidade — tudo sustentado pela presença do Espírito. Vou comentar os pontos-chave, oferecer análise lexical (grego), aplicações práticas e uma tabela expositiva para uso pastoral ou didático.
1. Panorama teológico rápido
O bloco final de 1 Tessalonicenses conecta três coisas: (1) autoridade e responsabilidade (reconhecer quem trabalha e preside); (2) ministério mútuo (a igreja inteira exerce cuidado — admoestar, consolar, fortalecer, ser paciente); (3) discernimento espiritual e devoção (não apagar o Espírito, não desprezar profecia, examinar tudo, conservar o que é bom). Teologicamente, a autoridade e a vida comunitária não são verticalidades isoladas: elas existem no Senhor (ἐν Κυρίῳ) e devem ser moldadas pelo Espírito, pela ética do Reino e pelo objetivo da santificação e do testemunho ao mundo.
2. Análise lexical (grego) — termos-chave e suas nuances
Vou apresentar os termos originais mais relevantes (transliteração) com explicação teológica/prática.
2.1 Liderança e trabalho (v.12)
- οἱ κοπιῶντές ὑμῶν / hoi kopiōntes hymōn — “os que trabalham entre vós / os que se fatigam por vós”
Nuance: trabalho here isn’t mere status; é ministério que custa. Paulo honra quem se esgota no serviço pastoral/teológico e prático. - οἱ προϊστάμενοι ὑμῶν / hoi proistamenoi hymōn — “os que vos presidem / que estão à frente”
Proistēmi = “estar em frente, presidir, liderar”. Indica responsabilidade e exemplo, não domínio autoritário. - νουθετοῦντες / nouthetheis (participle of νουθετέω / nouthéteō) — “e os que vos admoestam”
Nouthéteō = advertir, corrigir, instruir para retorno ao caminho. Liderança pastoral inclui correção amorosa.
2.2 Ministério da comunidade (v.14)
- νουθετεῖτε τοὺς ἀπειθοῦντας / noutheteite tous apeithountas — “admoestai os insubmissos”
Apeithēs = desobediente; a correção comunitária visa restauração. - παρακαλεῖτε τοὺς ταπεινοφρόνους / parakaleite tous tapeinophronous — “consoleis os desanimados / os abatidos”
Parakaleō = chamar ao lado, consolar, encorajar. - ἐνισχύετε τοὺς ἀσθενεῖς / enischyete tous astheneis — “amparai os fracos / fortalecei os fracos”
Astheneia = fraqueza — aqui com nuance espiritual (fé frágil); exigir pastoral de cuidado. - μακροθυμεῖτε πρὸς πάντας / makrothumeite pros pantas — “sede longânimos / pacientes para com todos”
Makrothumia = “lentidão para a ira”, paciência que preserva a comunhão.
2.3 Discernimento e devoção (vv.19–22)
- Μὴ σβέννυτε τὸ πνεῦμα / Mē sbennute to pneuma — “Não apagueis o Espírito”
sbennýō = apagar, extinguir (como apagar fogo). Cuidado: atos e dons do Espírito não devem ser sufocados por ceticismo ou praticismo. - Μὴ καταφρονείτε προφητείας / Mē kataphroneite prophēteias — “Não desprezeis profecias”
Kataphroneō = desprezar, ter em pouco. Paulo pede cuidado: não escarnecer, mas também não aceitar tudo sem exame. - Δοκιμάζετε τὰ πάντα / Dokimazete ta panta — “Examinai / provai todas as coisas”
Dokimazō = testar, provar, discernir. Teste crítico à luz do Evangelho. - Κρατεῖτε τὰ ἀγαθά / Krateite ta agathá — “Retende / apegai-vos ao que é bom”
Krateō = segurar firmemente. Após o exame, reter o que edifica. - Ἀπό παντὸς εἴδους κακοῦ ἀπέχεσθε / Apo pantos eidos kakou apechesthe — “Abstende-vos de toda forma de mal”
Chamada à separação moral radical.
2.4 Devoções finais (vv.16–18, 23–28)
- Πάντοτε χαίρετε / Pántote chairete — “Regozijai-vos sempre”
Perseverança de júbilo, não superficial, mas enraizada em Cristo. - Προσεύχεσθε ἀδιαλείπτως / Proseuchesthe adialeiptōs — “Orai sem cessar”
Adialeiptos = contínuo, ininterrupto; oração como ritmo vital. - Εἰς πάντα εὐχαριστεῖτε / Eis panta eucharisteite — “Em tudo dai graças”
Gratidão como lente teológica. - Ἡ χάρις τοῦ Κυρίου Ἰησοῦ Χριστοῦ μεθʼ ὑμῶν / Hē charis tou Kyriou Iēsou Christou methʼ hymōn — bênção final: a graça do Senhor com vocês — encorajamento da presença de Cristo.
3. Comentário exegético e teológico (síntese)
3.1 Reconhecer os que trabalham (5.12)
Paulo pede à igreja um reconhecimento público e prático. No contexto do NT, líderes eram itinerantes, dedicados à pregação, ensino e cuidado (cf. 1 Tim 5; Heb 13). Trabalhar (κοπιᾶν) destaca o custo do ministério; presidir (προϊστάσθαι) lembra função exemplar; admoestar (νουθετεῖν) sublinha a necessidade de correção amorosa. A autoridade ministerial não é autoritarismo, mas serviço (diakonia) “no Senhor” — autoridade delegada por Cristo e exercida para edificação (οἱ ἐν Κυρίῳ).
3.2 O ministério da igreja (5.14)
Paulo descentraliza o ministério: a comunidade inteira carrega responsabilidade. A lista de ações mostra uma igreja que disciplina (nouthéteo), consola (parakaleō), fortifica (enischyō), e practica longa paciência (makrothumia). Isso evita clericalismo e fomenta a corresponsabilidade eclesial.
3.3 Espírito, profecia e discernimento (5.19–22)
Duas tensões precisam ser mantidas: (a) não sufocar o Espírito — reconhecer dons, profecia e impulso do Espírito; (b) não aceitar tudo sem crítica — “provar todas as coisas” e reter o útil. Paulo equilibra carisma e cuidado: celebra a ação do Espírito, exige teste e maturidade. Isso protege a comunidade de fanatismos e de aridez institucional.
3.4 Vida devocional e ética final (5.16–18; 23–24)
As três breves exortações (gozo, oração, gratidão) sintetizam uma espiritualidade de resistência. O “não apagar o Espírito” complementa com saúde carismática. A bênção final (v.24) lembra que a verdadeira santificação e estabilidade vêm de Deus que nos chama e nos confirma. A igreja é conduzida por graça, não por autoajuda.
4. Aplicação pessoal e comunitária (prática)
Para líderes
- Solicitar avaliação e cuidado: encorajar encontros regulares de prestação de contas (igreja-liderança), reconhecimento público e apoio prático (folga, cuidado pastoral, oração por líderes).
- Equilibrar autoridade e serviço: liderança como presidir no Senhor — exercer poder servil, baseado em exemplo e amor.
Para a comunidade
- Exercitar ministério mútuo: treinar membros para nouthéteō com mansidão (Gál 6.1), para parakaleō (confortar), para enischyō (fortalecer os irmãos) — práticas concretas: equipes de visita, grupos de apoio, discipulado.
- Combater clericalismo: criar estruturas que permitam responsabilidade compartilhada (comitês, ministérios laicais, cursos de capacitação).
Discernimento espiritual
- Protocolo para profecias/dons: estabelecer critérios bíblicos para avaliar profecias (coerência com Escritura, fruto, humildade do profeta, confirmação pastoral).
- Cultura de prova: formar a comunidade em teologia do Espírito — reconhecer dons, mas exercê-los em amor e sob ordenamento.
Práticas devocionais
- Ritmo de oração e ação: cultivar rotinas (horas de oração comunitária, intercessão semanal, grupos de ação social).
- Gratidão em todas as circunstâncias: práticas de memória (altar de gratidão, testemunhos em culto) para fixar confiança em Deus.
5. Tabela expositiva (resumo prático por versos)
Verso(s) | Termo grego (translit.) | Sentido / Nuance | Implicação prática |
5.12 | οἱ κοπιῶντές ὑμῶν (hoi kopiōntes hymōn) / οἱ προϊστάμενοι (hoi proistamenoi) | Trabalhadores fatigados; os que presidem | Honrar líderes; apoio prático (descanso, sustento) |
5.12 | νουθετοῦντες (nouthéteountes) | Admoestar / corrigir | Aceitar correção amorosa; submissão responsável |
5.14 | νουθετεῖτε (noutheteite) | Admoestar os insubmissos | Disciplina restauradora, evitar fofoca |
5.14 | παρακαλεῖτε (parakaleite) | Consolar os desanimados | Equipas de visita, aconselhamento, intercessão |
5.14 | ἐνισχύετε (enischyete) | Fortalecer os fracos | Discipulado intencional, mentoria |
5.14 | μακροθυμεῖτε (makrothumeite) | Ser longânimo/paciente | Cultura de perdão e paciência comunitária |
5.19 | μὴ σβέννυτε τὸ πνεῦμα (mē sbennute to pneuma) | Não apagar o Espírito | Valorizar dons; permitir expressão carismática ordenada |
5.20 | μὴ καταφρονείτε προφητείας (mē kataphroneite prophēteias) | Não desprezar profecias | Ouvir profecia; avaliar com crítica bíblica |
5.21 | δοκιμάζετε τὰ πάντα (dokimazete ta panta) | Provai tudo | Critério teológico para dons e ensinamentos |
5.22 | ἀπὸ παντὸς τύπου κακοῦ ἀπέχεσθε (apo pantos tupou kakou apechesthe) | Abstende-vos de todo mal | Separação ética, ação de santificação |
5.16–18 | πάντα… χαίρετε, προσεύχεσθε, εὐχαριστεῖτε | Regozijai-vos / Orai / Dai graças | Vida devocional perene: alegria, oração, gratidão |
5.23–24 | ἁγιασμὸν ὑμῶν / ὁ πιστὸς ὁ καλῶν | Santificação; Deus fiel que confirma | Confiança: Deus completa a obra que iniciou |
6. Perguntas para reflexão ou uso em célula
- Como nossa comunidade demonstra honra e cuidado concreto por quem “trabalha” entre nós?
- Temos práticas para corrigir insubmissos de modo bíblico e restaurador, e para consolar os abatidos? Que passos práticos faltam?
- Qual é o nosso procedimento quando alguém profetiza? Testamos e retemos o que é bom?
- De que modo a nossa rotina de igreja (orações, cultos, ministérios) ajuda as pessoas a “não apagar o Espírito” nem a “desprezar profecias”?
7. Conclusão
As instruções finais de Paulo são um manual prático para a vida eclesial: respeito por quem serve, corresponsabilidade ministerial, equilíbrio entre carisma e critério, e uma espiritualidade marcada por alegria, oração e gratidão. Tudo isso acontece “no Senhor” e pela graça daquele que nos chama e nos guarda (v.24). Uma igreja fiel pratica correção com amor, protege seus servos, alimenta o fogo do Espírito e exerce discrição amorosa — assim vive como sinal para o mundo que observa.
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