Sou abstêmio convicto, motivado especialmente por caso de alcoolismo na família e por compreender o dano social causado pelo consumo d...
Sou abstêmio convicto, motivado especialmente por caso de alcoolismo na família e por compreender o dano social causado pelo consumo de bebidas alcoólicas. Portanto, este texto não pretende ser uma apologia a nada, exceto talvez ao equilíbrio bíblico, tendo em conta a advertência: “Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que eu vos mando” (Dt 4:2). A obediência aos mandamentos começa por não ficar aquém nem ir além de onde a própria Bíblia vai.
De forma geral, sou abstêmio. O que isso significa é que, se eu puder escolher, eu não bebo, mas é possível que eu beba para ser um bom hóspede. Essa é a minha pequena experiência de liberdade em Cristo. Se eu estiver na Alemanha, eu não serei rude. Se eles colocarem alguma coisa na mesa, eu vou me esforçar para honrá-los como hóspede.
Eu quero que o amor seja o guia e o amor é o que me afasta das bebidas alcoólicas no dia a dia. Mas aqui está a resposta mais detalhada, que explica um pouco da razão para eu escolher esse caminho, embora eu não faça disso uma exigência para todos.
A primeira resposta que eu daria para a pergunta “é pecado ingerir bebida alcoólica?”, é a mesma resposta que eu daria para a pergunta “é pecado beber água?”. E a resposta é: “Pode ser”. É pecado beber água enquanto você deveria dar água para alguém que precisa. Beber água enquanto deveria estar ouvindo com reverência a pregação da Palavra de Deus é pecado. Beber água depois de alguém avisar que ela está contaminada e que pode matá-lo é pecado. Então, beber água pode ser pecado e tomar bebida alcoólica também pode ser pecado.
Mas também pode não ser. Jesus fez vinho para a festa de casamento em Caná da Galileia e eu presumo que ele fez o vinho para que as pessoas bebessem e ele não cooperaria com o pecado deles. Paulo disse a Timóteo para beber vinho por razões médicas. Os líderes da igreja não podem ser “dados a muito vinho”, o que eu acredito que sugere um uso moderado.
O Salmo 104:15 diz que é um dom de Deus: “O vinho que alegra o coração do homem, e o azeite que faz reluzir o seu rosto”. Então, eu acho que não é possível defender, com base na Escritura, que ser um abstêmio é obrigatório.
Se você escolher não ingerir bebidas alcoólicas, como eu fiz, como o seu estilo de vida, precisa ser baseado em algum princípio que vai além do que a Bíblia exige de nós.
Então, que princípio seria esse? É realmente surpreendente quantas advertências há na Bíblia sobre bebidas alcoólicas. Eu vou citar algumas aqui.
“E não vos embriagueis com vinho”, Efésios 5.18.
Romanos 14: “É bom não beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a tropeçar.”
Oséias 4.11: “O vinho e o mosto tiram o entendimento.”
Ezequiel 44.21: “Nenhum sacerdote beberá vinho quando entrar no átrio interior.”
Provérbios 20.1: “O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; todo aquele que por eles é vencido não é sábio.”
Provérbios 21: “Quem ama o vinho e o azeite jamais enriquecerá.”
E a mais longa declaração de Provérbios diz o seguinte no capítulo 23: “Para os que se demoram em beber vinho, para os que andam buscando bebida misturada. Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. Pois ao cabo morderá como a cobra e picará como o basilisco. Os teus olhos verão coisas esquisitas, e o teu coração falará perversidades. Serás como o que se deita no meio do mar e como o que se deita no alto do mastro.” Ótima comparação! “E dirás: Espancaram-me, e não me doeu; bateram-me, e não o senti; quando despertarei? Então, tornarei a beber.” Isso está em Provérbios 23.30-35. “Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho”. Eu não sei o que isso significa, exceto que talvez exista um tipo de bebida que é simplesmente perigoso demais. Não é…
Provérbios 31 também diz: “Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes desejar bebida forte. Para que não bebam, e se esqueçam da lei, e pervertam o direito de todos os aflitos.”
Ou Deuteronômio 29: “Não bebestes vinho nem bebida forte, para que soubésseis que eu sou o SENHOR.” Eles não bebiam vinho no deserto porque isso contribuiria para que eles conhecessem a Deus completamente.
Então, a impressão é que, embora o vinho fosse permitido e fosse uma bênção, havia perigos associados.
E eu acrescentaria que a situação em que eu vivo nos Estados Unidos é o motivo pelo qual não me sinto nem um pouco motivado a tentar gostar de bebidas alcoólicas. Sinto-me muito satisfeito sem elas e o meu pensamento é o seguinte: Eu fui ministro por 30 anos em Bethlehem a somente alguns quarteirões do Desafio Jovem e praticamente todo sábado à noite, alguns daqueles caras que estavam lá tentando se libertar do vício à bebida chegavam para receber uma oração e suas histórias eram simplesmente trágicas. Eu ficava emocionado com a libertação deles. Eu via a bebida destruindo vidas e eu via essas vidas sendo reconstruídas sem o álcool.
Ontem eu pesquisei no Google: US$200 bilhões de dólares por ano, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, é o custo para os americanos – US$750 por americano são gastos com a saúde por causa de bebidas alcoólicas. Um terço de todas as mortes no trânsito são por causa do envolvimento com bebidas alcoólicas e é assim com a maioria dos problemas de nossa cultura. Você pode ler as estatísticas relacionadas ao divórcio, ao abuso e assim por diante. Sem contar os que ficam balbuciando como tolos nos aviões e se tornam muito, muito irritantes.
Então, considerando que não existe um mandamento para que eu beba… Aliás, a bebida da comunhão nunca é chamada de vinho no Novo Testamento. Provavelmente era. Não estou dizendo que não era. Provavelmente era, mas não é interessante que, em nenhum lugar, a comunhão é chamada de “vinho”. Costuma ser chamado de “cálice” e é chamado de “fruto da vide”, então ninguém pode insistir que há um mandamento para beber vinho no mandamento de participar da ceia do Senhor.
Considerando que a Bíblia é especialmente cautelosa com relação à bebida, considerando que eu não tenho qualquer desejo de beber e que Deus deu muitas outras bebidas que não têm os mesmos tipos de efeitos colaterais viciantes e destrutivos, o que eu gosto de dizer é que eu estou deixando o melhor para o final. Estou deixando o melhor para quando eu souber administrar. Eu tenho facilidade para ficar viciado. Eu compro um pacote de chiclete e acabo com tudo em 5 minutos. Como eu me conheço e como eu conheço essa cultura que está sendo destruída, em parte por causa da bebida, eu não me sinto motivado a fazer algo que eu não tenho desejo de fazer.
Fiz uma busca rápida por vinho no Novo Testamento e a encontrei em cerca de 30 versículos. Algumas palavras importantes são estudadas a seguir.
Oinos
Esta palavra aparece 33 vezes em 25 versículos (em alguns versículos ocorre repetidamente), e é traduzida “vinho” em todas as ocorrências pela Revista e Atualizada. Que vinho [oinos] contém álcool fica claro na seguinte passagem: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5:18). A Septuaginta usa oinos para traduzir os hebraicos yayin, chemer, ieqev, sove, asis, shekar, shemer e tirosh, indistintamente.
Quanto ao vinho usado na última ceia, não é dito de que tipo era, visto que a palavra vinho não ocorre nesse contexto. De qualquer forma, as igrejas apostólicas celebravam a ceia com vinho inebriante, pois é dito que “ao comerdes, cada um toma, antecipadamente, a sua própria ceia; e há quem tenha fome, ao passo que há também quem se embriague” 1Co 11:21. Note que em suas repreensões à forma desordenada na qual a igreja corintiana celebrava a ceia do Senhor, Paulo não inclui o tipo de vinho utilizado.
Interessante notar, também, que Jesus foi acusado de bebedor de vinhos [oinopotes]: “Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!” (Lc 7:34). Em uma passagem da primeira epístola de Pedro, bebedices é tradução de um termo derivado de oinos [oinophlugia]: “Porque basta o tempo decorrido para terdes executado a vontade dos gentios, tendo andado em dissoluções, concupiscências, borracheiras, orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias” 1Pe 4:3
A conclusão é de que o termo mais comumente traduzido vinho no Novo Testamento refere-se a uma bebida capaz de causar embriaguez se consumida em grande quantidade. É possível que o vinho feito por Jesus em Caná e o utilizado na última ceia fossem do mesmo tipo consumido comumente pelos judeus de seus dias, que bebido puro e em grande quantidade era embriagante. No caso da ceia em Corinto, é-nos permitido concluir que a mesmo continha álcool, pois ninguém se embriaga com suco de uva.
Gleukos
Em Atos 2:13 a Revista e Corrigida traduz gleukos como mosto, um suco doce de uva espremida: “Outros, porém, zombando, diziam: Estão embriagados!” (At 2:13.) Tecnicamente, mosto é o vinho ainda não totalmente fermentado. De qualquer forma, deveria ser embriagante, visto que a Revista e Atualizada traduz “cheios de mosto” como “embriagados”. A própria expressão dos ouvintes requeria que eles estivessem alterados.
Oxos
Outra palavra traduzida por vinho é oxos: “deram-lhe a beber vinho com fel; mas ele, provando-o, não o quis beber” (Mt 27:34). Era uma mistura de vinho azedo ou vinagre e água que os soldados romanos estavam acostumados a beber. De fato, a palavra só ocorre nos Evangelhos e somente no episódio da crucificação de Jesus (Mt 27:34, 48; Mc 15:36; Lc 23:36; Jo 19:29-30), sendo traduzida mais comumente como vinagre. Logo, este seguramente não era o vinho utilizado na última ceia, na ceia do Senhor da igreja primitiva e nem mesmo o vinho consumido normalmente pelos judeus nos dias de Jesus.
Sikera
É uma palavra traduzida como bebida forte na única vez que ocorre: “Pois ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte e será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno” (Lc 1:15). Não era vinho, mas uma bebida forte e intoxicante. Era um produto artificial, feito de uma mistura de ingredientes doces, derivados de grãos ou legumes, ou do suco de frutas (tâmara), ou de uma decocção do mel.
Methe
A palavra beberrão, bêbado, bebedices, etc. deriva de methe que significa embriaguez bebedeira, intoxicação: “Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais” (1Co 5:11. Ver ainda 1Co 6:10). Methe e seus derivados estão associados ao consumo excessivo de bebidas. E este excesso é claramente proibido nas Escrituras, como por exemplo Ef 5:18 onde a proibição não é quanto ao consumo de vinho [oinos], mas à embriaguez [methusko], pois como demonstrado acima, Jesus bebia vinho (Lc 7:34, citado acima), mas o irmão beberrão deveria ser evitado (1Co 5:11, citado acima). Não há uma proibição do tipo “não beberás vinho”. Parece que o ensino bíblico é mais no sentido da moderação. Por exemplo, nas descrições dos requisitos para os oficiais da igreja, a proibição é quanto ao excesso: “É necessário, portanto, que o bispo seja... não dado ao vinho” (1Tm 3:2-3), “semelhantemente, quanto a diáconos, é necessário que sejam... não inclinados a muito vinho” (1Tm 3:8) e “quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam... não escravizadas a muito vinho” (Tt 2:3).
A proibição geral é quanto ao embriagar-se, não quanto ao consumo em si, feito com moderação. É neste sentido que temos advertências do tipo “não vos embriagueis com vinho” (Ef 5:18), “acautelai-vos por vós mesmos, para que nunca vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado com as conseqüências da... embriaguez” (Lc 21:34), “Andemos dignamente... não em orgias e bebedices” (Rm 13:13), pois “não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam” (Gl 5:21).
Ao lado disso, há a recomendação do experiente Paulo ao jovem Timóteo para que este bebesse um pouco de vinho, devido a seus problemas de saúde. “Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades” (1Tm 5:23) É interessante aqui observar duas coisas, a quantidade e a finalidade. Era para tomar “um pouco” de vinho e “por causa” de seus problemas gástricos, ou seja, com finalidade terapêutica.
Concluindo, se alguém me perguntar o que eu acho sobre o crente beber com moderação, direi que o mesmo deve evitar, pelas razões que expressei na introdução. Mas se alguém me perguntar se a Bíblia proíbe ao crente beber de forma moderada, para ficar em paz com minha consciência, direi que não. Pois de fato ela não o faz. Ela proíbe a embriaguez, mas não o consumo moderado.
Concluindo, se alguém me perguntar o que eu acho sobre o crente beber com moderação, direi que o mesmo deve evitar, pelas razões que expressei na introdução. Mas se alguém me perguntar se a Bíblia proíbe ao crente beber de forma moderada, para ficar em paz com minha consciência, direi que não. Pois de fato ela não o faz. Ela proíbe a embriaguez, mas não o consumo moderado.
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