TEXTO ÁUREO “Ainda que a minha casa não seja tal para com Deus, contudo estabeleceu comigo um concerto eterno, que em tudo será ord...
TEXTO ÁUREO
“Ainda que a minha casa não seja tal para com Deus, contudo estabeleceu comigo um concerto eterno, que em tudo será ordenado e guardado. Pois toda a minha salvação e todo o meu prazer estão nele, apesar de que ainda não o faz brotar.” (2 Sm 23.5)
VERDADE PRÁTICA
A verdadeira essência da vida não consiste em viver muito ou pouco, mas sim em viver cada momento com Deus e para Deus.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – 2 Sm 22.49
Deus é que levanta os seus servos
Terça – 2 Pe 1.21
O Espírito Santo inspirou homens santos a escreverem a Bíblia Sagrada
Quarta – Is 9.7
O governo de Cristo será perfeito
Quinta – Is 55.3
Devemos sempre nos firmar na aliança divina
Sexta – Êx 3.6
O Deus de Jacó usa-nos, apesar de nossas imperfeições
Sábado – Sl 92.14
Busquemos o auxílio divino na velhice, para sermos produtivos
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
2 Samuel 23.1-7
1 - E estas são as últimas palavras de Davi. Diz Davi, filho de Jessé, e diz o homem que foi levantado em altura, o ungido do Deus de Jacó, e o suave em salmos de Israel:
2 - O Espírito do SENHOR falou por mim, e a sua palavra esteve em minha boca.
3 - Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Haverá um justo que domine sobre os homens, que domine no temor de Deus.
4 - E será como a luz da manhã, quando sai o sol, da manhã sem nuvens, quando, pelo seu resplendor e pela chuva, a erva brota da terra.
5 - Ainda que a minha casa não seja tal para com Deus, contudo estabeleceu comigo um concerto eterno, que em tudo será ordenado e guardado. Pois toda a minha salvação e todo o meu prazer estão nele, apesar de que ainda não o faz brotar.
6- Porém os filhos de Belial serão todos como os espinhos que se lançam fora, porque se lhes não pode pegar com a mão.
7 - Mas qualquer que os tocar se armará de ferro e da haste de uma lança; e a fogo serão totalmente queimados no mesmo lugar.
OBJETIVO GERAL
Esclarecer que a essência da vida consiste em viver cada momento com Deus e para Deus.
HINOS SUGERIDOS: 78,278, 348 da Harpa Cristã
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
Apresentar uma visão geral da velhice;
Pontuar os problemas na velhice;
Enfatizar as palavras finais de Davi em sua velhice.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Quantas são as pessoas que ao longo da caminhada cristã, hoje, já na terceira idade, sentem-se cansadas, desanimadas e sem autoestima? Isso não significa falta de espiritualidade ou ausência de comunhão com Deus, mas mostra que o envelhecimento é uma fase natural da vida que pode ser vivida de maneira saudável ou não. Nesse sentido, o objetivo desta lição é afirmar que a essência da vida consiste em viver cada momento com Deus e para Deus. Assim, podemos ter o olhar alterado sobre a velhice, vivendo-a de modo que glorifique a Deus e alegre o coração.
INTRODUÇÃO
Nada há nada de pejorativo na palavra velhice. Ela não fala apenas de idade avançada, mas também de maturidade, experiência. Por isso, o hebraico (seybah) a define como cabelos grisalhos, cabeça encanecida. Nas Escrituras, a velhice é vista como fonte de bênçãos: “Na velhice darão ainda frutos, serão cheios de seiva e de verdor” (Sl 92.14). A velhice pode ser boa ou ruim − isso dependerá da forma como vivemos cada fase de nossa vida; temamos a Deus e sejamos sábios (Ec 12.1).
Os últimos momentos da vida de Davi, já na velhice, foram conturbados, conforme descrito em 1 Reis, mas, pela sua peregrinação e comunhão com Deus, ele finda sua missão com uma grandiosa ação de graças ao Senhor, que o chamara desde a meninice.
- Nossos dias neste mundo, que na maioria das pessoas não chegam a mais de setenta ou oitenta anos, são poucos em relação à eternidade. Devemos orar por uma sábia compreensão da brevidade da nossa vida, para termos diante de Deus um coração sábio no emprego de cada dia que Ele nos concede. Considerando que esta vida é uma preparação para a outra, devemos entender o que Deus deseja realizar para si mesmo, para nossa família e para o próximo, através do nosso serviço fiel. Quando terminar aqui o nosso tempo, e chegarmos ao céu, será avaliado como foi (ou deixou de ser) a nossa dedicação a Deus. Com isto em vista, devemos orar pedindo um coração sábio e um santo temor de Deus, e o seu favor em nossa vida e em nosso trabalho para Ele. Lembremos de que somos propriedade de Deus, por isso, empreguemos nossa vida para servi-Lo desde cedo. Vamos concluir mais um trimestre?
PONTO CENTRAL
A essência da vida consiste em viver cada momento com Deus e para Deus.
I – UMA VISÃO GERAL SOBRE A VELHICE
1. Concepções antigas e modernas.
Há 2.500 anos, o filósofo egípcio Ptah-hotep descreveu a velhice como o maior infortúnio que pode atingir o ser humano. O poeta inglês William Shakespeare não via a velhice com bons olhos, antes, relatou que os anos crepusculares trazem uma segunda infância e simples esquecimentos. O tom da concepção moderna sobre a velhice é desgastante, ao afirmar que os velhos são ressentidos com os jovens, pois são pessoas cansadas, fora de moda e severas. Entretanto, o respeito por cada fase da vida é ordenado por Deus. Ninguém pode desprezar o outro por ser adolescente, jovem ou idoso.
Tem-se veiculado nos meios de comunicação o descaso com que muitos tratam os mais velhos; sem dúvida, isso se deve ao esfriamento do amor e ao aumento do pecado, gerando ingratidão e desrespeito (Mt 24.12). Por isso, a igreja deve manter programas especiais para os idosos, pois essa prática revela o amor de Deus ao próximo.
- Esta é uma fase da vida em que todos estão destinados a passar e pode ter vários significados e simbolismos para diferentes sociedades. Sociedades mais antigas, como as orientais, consideram o idoso o chefe de família, aquele que assume todas as responsabilidades, aquele que é o exemplo para os demais; são tratados com veneração e respeito por entender que são responsáveis por grande parte da cultura e do conhecimento. Em nossa cultura temos absorvido um entendimento totalmente contrário, uma inversão de valores, em vez da sabedoria, julgamos o homem pela sua capacidade de produção - muito mais próxima do jovem, e acabamos relegando nossos idosos ao ostracismo, são tratados com desrespeito e deixados de lado como alguém que já usufruiu seu tempo e deve agora apenas aguardar o final de sua vida. Contudo, a velhice é muito subjetiva e complexa, pois além de ser uma etapa natural pela qual todas as pessoas vão passar, ela não é o final e sim o começo de mais uma etapa da vida. Esta fase da vida é chamada de terceira idade e se caracteriza pela queda de força e degeneração do organismo, ou seja, ao longo da vida têm-se várias fases e é com elas que você cresce e amadurece.
- “Nas sociedades primitivas, os velhos eram objetos de veneração. Os jovens a eles recorriam em busca de seus conselhos, eram respeitados e lhes confiavam negócios. Na antiga China, o filósofo Confúcio pregava que todos os elementos de uma família deveriam obedecer os mais velhos. Em geral, as sociedades da antigüidade, consideravam o estado de velhice dignificante e adotavam como sábio aquele que atingia essa etapa. Passou s ser importante o papel de ancião, época terminal da vida, que aos que nela ingressavam era reservado um papel de intensa atuação nos destinos políticos dos grupos sociais e na tomada de decisões importantes. No século XVIII, o idoso era tido como patrimônio e não encargo”(tribunapr – Acesso em: 21, Dezembro 2019)
- “Segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS, a terceira idade começa entre 60 e 65 anos; para os cientistas, ela começa aos 65; para outros a aposentadoria deve ser o referencial para determinar o inicio da terceira idade. A fixação do inicio desta fase da vida não tem nenhum fundamento cientifico. Serve, apenas, para orientar as pesquisas cientificas e para a elaboração da política governamental nas áreas da saúde e social. Toda dificuldade advém do fato de que as pessoas são muito diferentes entre si. A questão da idade é mais uma questão psíquica. É possível encontrar alguém com 80 anos com uma cabeça melhor e uma disposição física superior a de outra com 50 anos, ou menos; velhos que ainda sonham, que ainda possuem metas para serem alcançadas, que não se sentem realizados - velhos com ideais ainda vivos. Em nossas Igrejas temos muitos exemplos desta natureza. Obreiros que já ultrapassaram a barreira dos oitenta e que podem fazer suas as palavras de Calebe: “...e agora eis que já hoje sou da idade de oitenta e cinco anos. E ainda hoje estou tão forte como no dia em que Moisés me enviou; qual a minha força então era, tal é agora a minha força, para a guerra, e para sair e para entrar”(Js 14:10-11). A velhice chega quando sepultamos nossos sonhos.” (retrospectivasbiblicas)
2. Concepção bíblica.
A Bíblia descreve a velhice como algo natural e dadivoso. O homem que mais viveu na terra foi Matusalém, chegando à idade de 969 anos (Gn 5.27). Mas há muitos outros que chegaram à velhice com menos idade e diversos problemas, como Isaque, que não enxergava mais (Gn 27.1), Barzilai, que afirmou que, devido à idade, já não se interessava mais por finas iguarias (2 Sm 19.34,35).
A Bíblia relata, porém, dois homens de idade avançada que não foram atingidos pelos sintomas e problemas na velhice. O primeiro é Moisés; em Deuteronômio 34.7 é dito que seus olhos nunca escureceram nem ele perdeu o vigor. Em seguida, Calebe, com a idade de 84 anos, falou a Josué que Deus lhe tinha conservado até ali, e ele ainda viria a conquistar as terras que lhe foram destinadas (Js 14.10-14).
A velhice virá para todos os mortais, mas o importante é ter Deus na vida, pois, dessa forma, poderá ser encarada com naturalidade, longe de qualquer estereótipo.
- A sociedade hebraica possuía os anciãos como uma classe social na pirâmide social. Líderes consagrados por Deus para auxiliarem Moisés e administrarem os territórios conquistados em Canaã, entre outras importantes funções, em razão da sabedoria que procede de uma idade avançada. Em Números 11.16-26, setenta deles receberam um derramamento sobrenatural do Espírito Santo, a fim de se integrarem na direção do numeroso povo que saiu do Egito.
- “No Antigo Testamento há várias palavras para definir o termo "ancião", "velho", ou "velhice", alguns com matizes teológicos, outros nem tanto. Por conseguinte, pretendo destacar um vocábulo hebraico (zāqēn) e outro aramaico ('ătîd), muito embora façamos referências a outros termos. Cabe aqui, portanto, uma breve distinção: os anciãos como classe e como um estado de maturidade. Zāqēn aparece em inúmeras passagens (Gn 43.27; Lv 19.32; Is 3.2,5) e, figuradamente, algumas vezes é chamada de cãs (Gn 21.7; 42.38; 1 Sm 12.2; Pv 16.31). A estes anciãos justos e tementes a Deus, a Sagrada Escritura promete longevidade feliz e frutífera”. (cpadnews – Acesso: 21, Dezembro 2019)
SÍNTESE DO TÓPICO I
A perspectiva bíblica a respeito da velhice é positiva, pois a mostra como algo natural e dadivoso.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Ao introduzir esta lição, fale um pouco do texto base das Escrituras, que fundamenta a lição (2 Sm 23.1-7), destacando a seguinte informação: “O primeiro parágrafo do capítulo 23 é introduzido com um título: Estas são as últimas palavras de Davi (1). Davi é descrito como o homem que foi levantado em altura, o ungido do Deus de Jacó, e o suave em salmos de Israel. É possível que as últimas palavras aqui signifiquem ‘as últimas palavras inspiradas’, visto que o termo hebraico traduzido como diz é um termo que é sempre usado em outras passagens como um pronunciamento divinamente inspirado. Que o Espírito do Senhor realmente falava por Davi (2) é abundantemente atestado nos salmos que ele escreveu” (Comentário Bíblico Beacon: 2 Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.260-61). No tópico três, você poderá retomar o assunto, pois ele trata das palavras finais de Davi.
II – PROBLEMAS NA VELHICE DE DAVI
1. A velhice de Davi.
1 Reis 1.1-4 descreve alguns problemas que atingiram Davi na velhice. Ali, se esclarece que a velhice não poupa ninguém. Por causa dos grandes sofrimentos, das lutas que marcaram sua vida e das causas naturais, com aproximadamente setenta anos, as forças e a saúde de Davi já tinham definhados. Seu corpo não conseguia manter-se aquecido.
Davi é o exemplo de como começa o declínio da vida, conforme expõe Eclesiastes 12.1-7. Portanto, aproveitemos bem a adolescência e a juventude na presença de Deus; consagremos nossas forças e todo o nosso vigor ao Senhor Jesus Cristo.
- A narrativa de 1Rs 1.1-4, Davi contava com 70 anos (25m 5.4-.1). Com a idade avançada, problemas circulatórios passaram a atormentar o rei Davi, de modo que ele não conseguia manter-se aquecido. O gabinete real propôs a solução de que uma jovem virgem cuidasse dele, no que hoje poderíamos chamar de enfermeira; o cuidado dele consistira em aquecer o velho rei à noite com o calor do seu corpo, Abisague lhe prestou esses serviços. Pode parecer estranho para nós hoje, mas isso estava de acordo com os costumes médicos daquele tempo; tanto o historiador Flávio Josefo quanto o médico grego Galeno registraram essa prática. É interessante ainda notar que, embora Davi não a tenha possuído, ela foi considerada como sendo uma das suas esposas, como vemos mais tarde.
- Em Eclesiastes 12.1-7, Salomão aconselha: “Lembra-te do teu Criador... maus dias”. Lembre-se de que você é propriedade de Deus, por isso, empregue sua vida para servi-Lo desde o início de seus anos e não no final, quando a capacidade de servir se torna bastante limitada. Salomão usa á imagem do envelhecimento, acrescentando elementos de uma casa em decadência, da natureza e de um cortejo fúnebre a fim de intensificar a ênfase daquilo que ele escreveu no capítulo 11.7-12.1. A juventude é normalmente o período da luz da alvorada, e a velhice, o período da penumbra melancólica. Esse retrato melancólico da velhice não nega a verdade de que essa estação da vida pode ser uma bênção para o servo fiel (Pv 16.31), mas relembra ao jovem que ele não conseguirá desfrutar da bênção de uma velhice piedosa e de uma vida dedicada à obra de Deus se não se lembrar de seu Criador enquanto ainda é jovem (v. 1).
2. Enfrentando mais um filho rebelde.
Em 1 Reis 1.15, novamente o texto reforça a velhice de Davi. Estando ele doente e sem forças, Adonias aproveita-se desse instante para declarar-se rei; ele tem quase os mesmos traços de Absalão − é formoso de aparência e exalta a si mesmo, dizendo: “Eu reinarei”. Apresenta-se ao público com características da realeza: com carros, cavaleiros e pessoas que corriam adiante dele. Ao contrário de Absalão, que sofria oposição de seu pai, Adonias sabia que não haveria qualquer entrave para o seu plano, pois fora criado sem qualquer disciplina. Daí a expressão: “Nunca seu pai o tinha contrariado”.
Adonias representa aqueles que querem ser líderes segundo sua própria vontade, que exaltam a si mesmos, desprezando a vontade de Deus. Essa postura vai lhe custar a vida.
- Quero nesse subtópico retornar à Lição 10: O Pecado do Homem Segundo o Coração de Deus, no Tópico III – O Adultério e o Homicídio de Davi, subtópico 4. A tentativa de Davi para evitar as suspeitas do seu pecado, onde o comentarista escreve: “Era uma mulher ambiciosa, cheia de planos”; Na verdade, a revolta de Adonias foi derrotada por Natã, que conhecia a vontade do Senhor (2Sm 7.12; 1Cr 22.9) e agiu com rapidez, fazendo com que Bate-Seba fosse até Davi antes para relatar o que estava acontecendo, e a quem depois ele seguiria (v. 23). Aproveitando-se da velhice de Davi, Adonias tenta usurpar o trono para si, trono que deveria ser de Salomão por direito; Natã e Bate-Seba logo avisam o rei Davi sobre isso e o reinado de Salomão foi anunciado diante do povo.
3. Constituindo Salomão como rei.
Já no seu leito de morte, doente e velho, Davi teve de atuar firmemente para constituir Salomão como rei. Ele chama Zadoque, Natã e Benaia, e passa-lhes as necessárias instruções, seguindo os costumes da separação de um rei: a unção e o anúncio público.
A ordem de Davi era que Salomão fosse colocado em sua mula, sobre a qual somente o rei andava; ele foi escoltado até Giom, em direção ao vale de Cedrom. A unção foi feita por Zadoque com o óleo do tabernáculo, perante todo o povo. A cerimônia feita para a coroação de Salomão recebia a ratificação divina. Somente a partir disso é que Salomão poderia assumir o trono.
- O fato de Salomão viajar montado na mula real de Davi mostrava a Israel que era ele o escolhido por Davi para ser o seu sucessor (2Sm 13.29). É possível que a cerimônia de unção do Salomão tenha sido ouvida sem ser vista pela comitiva de Adonias. Saul e Davi tinham sido ungidos por Samuel, sacerdote e profeta do Senhor (ISm 10.1; 16.13); Salomão também seria reconhecido por um profeta e sacerdote. A participação do profeta Natã deu à coroação a prova da bênção do Senhor. Ao longo de todo o livro de Reis, Deus identificou os seus reis escolhidos por meio dos profetas (1Rs 11.37; 15.28-29; 16.12; 2Rs 9.3). A ordem para “tocareis a trombeta” sinalizava uma audiência pública na qual o povo reconhecia oficialmente a nova posição de Salomão como co-regente e sucessor de Davi.
4. As palavras de Davi a Salomão e sua morte.
Davi tem consciência de que vai morrer. É isso o que se constata em 1 Reis 2.1-4. Nessa hora, brotam dos seus lábios profundas palavras com as quais aconselha seu filho. Davi diz para Salomão andar em santidade e, nela, conduzir o rebanho de Deus, Israel. O rei tinha consciência plena de que uma vida de santidade só era possível pela observância e obediência completa à Palavra de Deus, conforme Moisés revelara.
Tanto Salomão quanto o povo tinham a responsabilidade de andarem nos caminhos do Senhor, por causa das verdades divinas transmitidas, o que significava: atentar para os estatutos do Senhor (Êx 30.21); guardar os mandamentos divinos (Êx 20.1-17); atentar para os decretos ou juízos do Senhor (Êx 21.1).
- Os líderes normalmente exortavam seus sucessores; por exemplo, Moisés (Dt 31.7-8), Josué (Js 23.1-6) e Samuel (1Sm 12.1-25). Assim, também Davi fez uma exortação final a Salomão no momento em que pressentia sua partida, fato narrado assim: “Eu vou pelo caminho de todos os mortais”-expressão usada para descrever a morte (Js 2.3.14; Gn 3.19). Interessante como Davi inicia suas últimas palavras de orientação a Salomão com a qual prepará-lo para as tarefas difíceis e as batalhas em seu futuro: “Coragem, pois, e sê homem!“ – um homem de Deus precisa ter coragem e demonstrar virtudes tais como integridade, força de caráter, determinação, justiça e retidão. Nessa conversa, Davi admoestou Salomão a obedecer à lei mosaica para que seu reinado fosse bem-sucedido. Ele declarou que a obediência do rei à lei de Moisés era condição necessária para o cumprimento da promessa divina. O livro de Reis demonstra que nenhum dos descendentes de Davi permaneceu fiel à lei de Deus; nenhum deles satisfez as condições para o cumprimento da promessa divina. Portanto, as palavras de Davi fornecem a base para explicar o exílio. Assim, o último e supremo rei de Israel surgiria mais tarde, num tempo não determinado.
SÍNTESE DO TÓPICO II
Na velhice, Davi presenciou mais uma revolta de um filho, Adonias.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Adonias exaltou-se a si mesmo [1 Reis] (1.5-8). A decisão de se andar em seu próprio caminho ao invés de se submeter à vontade de Deus é autoexaltação, e esse espírito frequentemente resulta em uma tendência estabelecida na vida. Isto era verdadeiro no caso de Adonias. Ao exaltar-se a si mesmo, ele seguiu o exemplo de Absalão (cf. 2 Sm 15.1ss). Propositalmente, ele se apresentou como um personagem da realeza, com seus próprios carros, cavaleiros e homens que corriam diante dele. Ao contar com um histórico de disciplina paterna negligente e com a sua formosura (6), ele aparentemente sentiu que Davi, seu pai, não seria empecilho para ele. Adonias procurou a ajuda daqueles que já não gozavam das boas graças de Davi (7): Joabe, o antigo comandante do exército do rei (2 Sm 2.13, passim); e Abiatar, que tinha sido sacerdote leal de Davi no passado (1 Sm 22.20, passim). Existem muitas evidências em 2 Samuel de uma crescente discórdia entre Davi e seu general Joabe (2 Sm 3.23-39; 19.1-8; 24.3,4). No entanto, nada se sabe que possa explicar o desafeto de Abiatar, e a sua consequente disposição de adotar a causa de Adonias” (Comentário Bíblico Beacon:2 Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.279).
III. AS PALAVRAS FINAIS DE DAVI EM SUA VELHICE
1. O reconhecimento da ação do Deus de Jacó.
As palavras finais de Davi em 2 Samuel 23.1-7 são de louvor a Deus. Primeiramente ele expressa sua gratidão a Deus por ter-lhe favorecido em tudo; e menciona que foi levantado em altura pelo Deus de Jacó: “Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Haverá um justo que domine sobre os homens, que domine no temor de Deus“ (v.3).
Davi tinha consciência de que todas as suas conquistas não eram humanas e que, ele mesmo, não era divino, como pensavam os reis de outras nações ao próprio respeito; mas seu crescimento veio do Deus de Israel. Reconhecer nossa fragilidade é o caminho para Deus usar-nos sem nunca pensarmos ser alguma coisa (Sl 82.7). No Novo Testamento, Paulo era usado por Deus, mas tinha consciência de sua humanidade (At 14.15).
- No final de sua vida, Davi olhou para trás com fé nas promessas de Deus, e para frente com esperança no cumprimento da vinda de um futuro "rei", o "ungido". Esse é o legado literário final para Israel, e não o seu discurso final (1Rs 2.1-10). É interessante notar que, no texto de 2Sm 23.1 “Palavras de Davi”, ou como aparece em algumas versões: "Assim diz Davi", percebe-se que Davi tinha a idéia de que os salmos que havia escrito com a orientação do Espírito Santo eram a própria Palavra de Deus! Assim ele sabia que não era divino, como era a mentalidade comum em seus dias de pensar nos reis como representantes de uma determinada divindade, ou mesmo a própria divindade, no entanto, ele sabia que era instrumento nas mãos de Deus! O Santo Espírito de Deus é o instrumento divino de revelação e inspiração. Davi tinha consciência de que o rei ideal deveria exercer a sua autoridade com justiça, em completa submissão à soberania divina. Esse rei é como os raios do sol pela manhã e a chuva que traz vida e nutre a terra. Esse rei ideal foi identificado no Antigo Testamento como o futuro Messias (Is 9.6-7).
2. O Davi inspirado.
Davi esclarece que as palavras que pronunciará têm sua fonte em Deus. Ele deixa claro, nos versículos 3 e 4, que brevemente o governador ideal chegará. Ele irá atuar com justiça, andará no temor do Senhor e trará grandes bênçãos ao povo. O rei diz assim porque tinha consciência de que havia falhado. Mesmo diante de suas falhas, Davi sabia que Deus tinha estabelecido com ele um concerto, de modo que esse justo rei irá sair de sua própria casa (Is 55.3; Jr 33.15.16; At 13.34). Referia-se Ele, profeticamente, à chegada do Messias – Jesus Cristo.
Em 1 Reis 2.10, o autor sagrado registra a morte de Davi, o grande rei de Israel. Ele dormiu com os seus pais para acordar na eternidade com Deus. Ele estaria para sempre com o Senhor.
- O Texto de 2Sm 23.3-4 é o registro do discurso direto de Deus, não é o discurso de Davi, embora pronunciadas pelos lábios do velho rei, era inspirada pelo Espírito Santo, traçando o ideário de rei submisso à soberania divina, profecia referente ao Messias (Is 9.6-7).
“A morte de Davi é relatada em um curto versículo. Existe um tom de tristeza aqui, pois ele havia sido um grande homem de Deus. Quando o seu primeiro filho com Bate-Seba morreu, Davi havia dito: "Eu irei a ele, porém ele não voltará para mim". Ele agora havia ido. Mas voltará para o seu reino milenar, com o SENHOR (Jr 30.9, Ez 34.23-24, 37:24-25, Os 3.5)” (R David Jones)
“A morte de um homem é um dos principais eventos de sua vida. É uma ocasião solene, quando a vida da pessoa passa em revista, quando se extrai o significado dos poucos anos da sua vida. As experiências perto da morte informam-nos que o Ser Luminoso sujeita a pessoa a uma completa revista. Assim ela chega a entender todo o sentido de sua vida, o que não deveria ter feito, o que deixou de fazer, o que fez de bom, enfim, a média do valor dessa vida. Dois grandes fatores na vida são o conhecimento e o cumprimento da lei do amor. Esses dois fatores são muito mais importantes que os feitos dos guerreiros ou que o bom governo de um rei. Davi faleceu com setenta anos (II Sm 5:4) e foi sepultado em Jerusalém ou Sião, a cidade de Davi (I Rs 2:10,11). Aos turistas, hoje em dia, mostra-se o suposto túmulo de Davi, localizado na colina sul da moderna Jerusalém, comumente chamada monte Sião. Porém, o local não pode ser identificado com a localização real do túmulo de Davi, o qual, definidamente, ficava dentro das muralhas da cidade. Essa falsa localização vem sendo promovida desde a época das cruzadas.” (ebdareiabranca)
SÍNTESE DO TÓPICO III
Em sua velhice Davi reconheceu a ação de Deus e diz palavras divinamente inspiradas
SUBSÍDIO DE VIDA CRISTÃ
“Não importa a sua idade, não importam os problemas de saúde ou outro qualquer que você esteja enfrentando. Não importa o cansaço físico e mental, a falta de coragem e de ânimo. O Senhor Jesus faz o seguinte convite: ‘Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei’ (Mt 11.28). Se até então a sua idade tem sido um ‘fardo’ difícil de suportar, a proposta de Jesus é que você troque pelo seu fardo e seu jugo, que é leve e suave. Ou seja: a partir de hoje, os seus muitos dias de vida serão usufruídos com a leveza e suavidade que só Deus pode conceder, por meio de sua maravilhosa paz. [...] Com Jesus ao seu lado você poderá dizer que ‘as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo’ (2 Co 5.17). Assim, a sua ‘velha idade’, o seu ‘velho corpo’, o seu ‘velho cansaço’, a sua ‘velha vida’, o seu ‘velho eu’, tudo o que você considera como ‘velharia’ será transformado em coisa novas por Cristo” (FREIRE, Eurides Santana. Melhor idade... Por que não? Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.109,10).
CONCLUSÃO
A Bíblia fala dos atos heroicos de Davi, mas não esconde seus erros e deslizes. Mas o pastorzinho de Belém, como o homem segundo o coração de Deus, soube como retornar ao que o ungira como rei de Israel. Seus salmos relatam a comunhão profunda e íntima que ele mantinha com o Senhor. E, dessa forma, o amado rei finda sua vida, enaltecendo o Deus de Jacó.
- Interessante que, as Escrituras reservam um texto tão curto para tratar a morte desse importante rei em Israel. Melancolicamente o rei Davi passa o trono a seu filho Salomão, em seu leito de morte, chamou seu filho diante dele para dar-lhe seu cargo. A vida de Davi demonstra que as escolhas erradas resultam em consequências desastrosas. Os erros desse mavioso rei de Israel decorreram do seu descuido espiritual. No entanto, apesar das falhas espirituais, , Deus demonstrou sua graça e amor, restaurando-o e perdoando-o, e fazendo-o um ancestral do Messias Jesus.
“Agora que você aprendeu sobre Davi e Bate-Seba e sobre as consequências trágicas de suas escolhas, avalie sua vida verificando em quais áreas você tem pecado contra o Senhor. Confesse cada um dos seus erros e dispondo-se a abandoná-los. Lembre-se de que é indispensável você manter vigilância para que suas escolhas sejam sempre feitas segundo a instrução da Palavra de Deus. E não se esqueça de sempre render louvores ao Senhor pelo perdão que ele concede a você, bem como, por sua infinita graça que é revelada na continuidade de suas bênçãos em sua vida, apesar de seus erros.” (ultimato)
PARA REFLETIR
A respeito da lição “A Velhice de Davi”, responda:
1. Como a velhice é tratada na concepção moderna?
O tom da concepção moderna sobre a velhice é desgastante, ao afirmar que os velhos são ressentidos com os jovens, pois são pessoas cansadas, fora de moda, feias e severas.
2. Como a Bíblia descreve a velhice?
A Bíblia descreve a velhice como uma bênção e algo natural.
3. O que a igreja deve fazer para com as pessoas de terceira idade?
A igreja deve ter e manter programas especiais para os idosos, pois essa prática revela o amor de Deus ao próximo (Mc 12.30).
4. Como é descrito em 1 Reis a velhice de Davi?
Com aproximadamente setenta anos, as forças e a saúde de Davi tinham definhado. Seu corpo não conseguia manter-se aquecido.
5. Qual a consciência que o rei Davi tinha a respeito de si?
Davi tinha consciência de que todas suas conquistas não eram humanas, e que ele mesmo não era divino, como pensavam os reis de outras nações; seu crescimento provinha do Deus de Israel.
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