TEXTO ÁUREO “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. ” (Gl 5.22) VERDAD...
TEXTO ÁUREO
“Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. ” (Gl 5.22)
VERDADE PRÁTICA
O avivamento espiritual traz uma realidade de vida no Espírito
LEITURA DIÁRIA
Segunda – GI 5.16 É necessário que o crente ande no Espírito
Terça – Rm 12.2 Andando em Espírito para experimentar a vontade de Deus
Quarta – Ne 8.10 A alegria do Senhor e a nossa força
Quinta – Rm 8.14 Os filhos de Deus são guiados pelo Espírito Santo
Sexta – 1Co 6.19,20 O corpo do crente é templo do Espírito Santo
Sábado – 1 Jo 4.7,8 Quem ama conhece a Deus porque Deus é amor
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Gálatas 5.19-25
19- Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia,
20- idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,
21- invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, coma já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.
22- Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
23- Contra estas coisas não há lei.
24- E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.
25- Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.
Hinos Sugeridos: 101, 367, 458 da Harpa Cristã
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PLANO DE AULA
1-INTRODUÇÃO
Prezado(a) professor(a), na lição deste domingo veremos que o verdadeiro avivamento espiritual proporciona ao crente uma nova dinâmica de vida no Espírito. No entanto, isso não significa que o crente esteja isento de enfrentar lutas espirituais, bem como batalhas na carne para que não obedeça à vontade de Deus.
A caminhada espiritual requer do crente o esforço para preservar uma vida santa, consagrada a Deus por intermédio da oração e leitura da Palavra. O Senhor Jesus alertou aos seus discípulos de que enfrentariam aflição neste mundo, mas deveriam manter o bom ânimo, haja vista que Ele mesmo venceu esse sistema pecaminoso (Jo 16.33). A Bíblia ressalta que o nascido de Deus tem condições de vencer o mundo mediante a fé (1 Jo 5.4). Logo, o estilo de vida pela fé requer andar no Espírito.
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Destacar o que significa andar no Espírito e a sua importância para a condução da vida espiritual;
I) Apontar os aspectos que envolvem o confronto entre a carne e o Espírito;
III) Ressaltar os dons e o Fruto do Espírito como predicados essenciais para a vida e o caráter cristão.
B) Motivação: O apóstolo Paulo destacou que há uma batalha incessante entre a carne e o Espírito para que não façamos o que queremos (Rm 7.18-20). Essa batalha se mostra presente nas ocasiões em que intentamos praticar a vontade de Deus, porém, o mal do pecado está sempre presente para nos impedir. Paulo conclui que somente a graça de Deus, mediante a ação do Espírito no crente, pode resultar na obediência a Deus (Rm 8.1). Reflita com seus alunos o que precisa ser feito para nutrir uma vida espiritual no Espírito e longe do pecado. Pergunte se a santificação ao tem sido o alvo principal da nova vida em Cristo ou a negligência com esse compromisso tem sido uma constância em nosso cotidiano.
C) Sugestão de Método: Neste momento da aula, sugerimos que você desenvolva com a classe o método de aprendizagem baseado na resolução de um problema: considere a situação de um crente que, após a conversão, se depara com a batalha entre a carne e o Espírito. Pergunte aos alunos quais são as práticas que a Bíblia ensina para que o crente vença essa batalha que, diga-se de passagem, parece ser tão injusta. Peça que expliquem com base no texto bíblico de Romanos, capítulos 7 e 8. Explique que a nova vida debaixo da graça requer disciplina e sujeição aos mandamentos bíblicos para que o crente tenha uma vida cristã direcionada pelo Espírito Santo e vença as concupiscências da carne (cf. Gl 5.16).
3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Após estudar a respeito da nova vida no Espírito, faça a seguinte pergunta: como você tem lidado com as concupiscências da carne? Quais aspectos do Fruto do Espírito você encontra maior dificuldade de produzir? Reforce a importância dessa autoanálise para a saúde da vida cristã.
Considere que, à medida que o crente busca o fortalecimento da vida espiritual e o compromisso contínuo com a prática dos ensinamentos bíblicos, menor a influência das obras da carne sobre o comportamento diário. O apóstolo Joao ensina em sua Carta que “Aquele que diz que está nele também deve andar como ele andou” (1Jo 2.6).
4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio a Lições Bíblicas Adultos. Na edição 92, p. 42, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula:
1) Para aprofundar o segundo tópico, o texto que tem como título “Carne” trata-se de um verbete do Dicionário Bíblico Wycliffe que tem como finalidade apresentar o sentido ético da palavra “carne”, que faz referência a natureza carnal do homem, propensa a pecar, em contraste com a santidade de Deus;
2) Para aprofundar o terceiro tópico, o texto “Vivendo no Espírito: a mensagem de Paulo” diz respeito ao comportamento do crente cheio do Espírito e a comunica ao da morte e ressurreição de Cristo com a nova vida de acordo com o Espírito.
INTRODUÇÃO COMENTÁRIO
O salvo em Cristo Jesus, desde quando aceitou a Jesus como seu único e suficiente Salvador, pode passar por diversas situações em sua vida para experimentar o avivamento espiritual.
A vida cristã é uma jornada espiritual que começa no dia da conversão e prossegue até a morte, se a pessoa perseverar até o fim (Mt 10.22). Na caminhada espiritual o crente precisa conservar-se fiel, vivendo de acordo com a vontade de Deus. Para isso é necessário andar no Espírito.
COMENTÁRIO
Em relação à vida espiritual, só existem dois tipos de crentes: o crente espiritual e o crente carnal. E existe uma grande diferença entre o cristão que é espiritual e o carnal. O espiritual anda “em espírito” (Gl 5.16a) e procura viver de acordo com o fruto do Espírito (Gl 5.22-25); o crente carnal, às vezes, tem aparência de santidade, mas a sua vida demonstra que ele é conduzido pelas “obras da carne” (Gl 5.19-21). A igreja de Corinto foi fundada por Paulo na sua segunda viagem missionária. Como bom missionário, ele procurou proclamar o evangelho de Cristo àquele povo, que vivia numa cidade cosmopolita e comercial do seu tempo. Talvez pelas riquezas obtidas com o seu comércio, os coríntios tornaram-se uma sociedade que cultivava a libertinagem e o desregramento moral, típico das grandes metrópoles antigas, que não conheciam a mensagem do evangelho, mas Paulo, chamado por Deus para ser, um grande evangelista e pastor, pregou o evangelho na unção e poder do Senhor.
Foi tão grande o impacto da obra missionária desenvolvida por Paulo que a igreja de Corinto tornou-se exemplo de comunidade cristã cheia do Espírito Santo. É a única no Novo Testamento em que os crentes tinham no seu meio todos os nove tipos de dons espirituais. Na sua mensagem, no primeiro capítulo da sua carta aos coríntios, Paulo diz que sempre dava graças a Deus por eles:
“Porque em tudo fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento (como foi mesmo o testemunho de Cristo confirmado entre vós). De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 1.5-7).
Na sua formação inicial, os coríntios abraçaram a fé em Cristo com grande fervor. Eles nasceram sob um avivamento espiritual que não fora visto em outras igrejas fundadas por Paulo tanto na palavra, quanto no conhecimento e na busca pelos dons espirituais.
Não demorou muito, e o clima espiritual da igreja arrefeceu, e um clima de carnalidade jamais imaginado para uma igreja tão rica da graça e do conhecimento de Cristo desenvolveu-se entre eles (2Pe 3.18). Paulo tomou conhecimento de que havia desunião, intriga e dissensões entre os coríntios. Havia quem dissesse: “Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo. Está Cristo dividido? Foi Paulo crucificado por vós? Ou fostes vós batizados em nome de Paulo?” (1Co 1.12b-13).
Provavelmente, na ausência de Paulo, durante algum tempo —pois ele era um evangelista e pastor que precisava dar atenção a outras igrejas —, os crentes de Corinto não tiveram um bom ensinamento bíblico sobre o comportamento do verdadeiro cristão.
Prova disso é que, no capítulo 3 da sua primeira epístola à igreja de Corinto, Paulo, sem dúvida, com sentimento de frustração, escreveu-lhes: E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei e não com manjar, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis; porque ainda sois carnais, pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois, porventura, carnais e não andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu, de Apolo; porventura, não sois carnais? Pois quem é Paulo e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. (1Co 3.1-7)
No exemplo da igreja em Corinto, podemos ver a diferença entre crentes espirituais e crentes carnais. No início da sua história cristã, os coríntios eram espirituais, tinham paz, conhecimento da Palavra, tinham todos os dons espirituais manifestados no meio deles e, como cristãos avivados que eram, esperavam a vinda de Jesus, “a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo” (1.7). Crentes espirituais são beneficiados com grandes bênçãos da parte de Deus. Eles andam em Espírito e não andam conforme as concupiscências da carne (Gl 5.16); eles possuem, além dos dons espirituais, o fruto do Espírito: “[…] amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gl 5.22).
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Nenhum trecho da Bíblia apresenta um mais nítido contraste entre o modo de vida do crente cheio do Espírito e aquele controlado pela natureza humana pecaminosa do que 5.16-26.
Paulo não somente examina a diferença geral do modo de vida desses dois tipos de crentes, ao enfatizar que o Espírito e a carne estão em conflito entre si, mas também inclui uma lista específica tanto das obras da carne, como do fruto do Espírito.
STAMPIS. Donald C. (Ed) Bíblia de Estudo Pentecostal: Antigo e Novo testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
Embora não conste, a liberdade (5:1,13) não ficou esquecida aqui. “O amor é o guarda da liberdade cristã. O Espírito Santo é o seu guia” (G. G. Findlay, The Epistle to the Galatians in The Expositor’s Bible, pág. 347). Esta seção, com seu contraste entre a carne e o Espírito, foi um tanto antecipada pela declaração de 3:3.
A vida no Espírito está sendo agora apresentada como o antídoto para as inclinações da carne, o princípio do pecado que persiste nos santos. Portanto, há uma guerra necessária e legítima, em contraste com aquilo que foi insinuado em 5:15.
Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Galatas. Editora Batista Regular. pag. 32.
PALAVRA-CHAVE: ESPÍRITO
I -A VIDA NO ESPÍRITO
1- Andando em Espírito.
Na Bíblia, o verbo andar tem o sentido figurado de viver, experiência, praticar e conduzir na vida espiritual. Por isso, Paulo escreve: “Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 5.16).
O andar em Espírito, com “E” maiúsculo, tem um significado espiritual muito elevado e profundo. É ter uma vida cristã subordinada à direção do Espírito Santo, pautada nos ditames da santa Palavra de Deus. É ter uma vida espiritualmente avivada (Rm 8.1).
COMENTÁRIO
O salvo em Cristo Jesus, para experimentar o avivamento espiritual, pode passar por diversas experiências na vida, desde que aceitou a Jesus como o seu único e suficiente Salvador. A vida cristã é uma jornada espiritual que começa no dia da conversão verdadeira e prossegue até à morte — desde que a pessoa persevere até ao fim (Mt 10.22). Na sua caminhada espiritual, o servo ou a serva de Deus precisa esforçar-se para viver de acordo com a vontade de Deus. O apóstolo Paulo exorta sobre como viver de maneira correta como cristão: “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição” (1 Ts 4.3).
Aos gálatas, ele ensina: “Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 5.16).
O verbo “andar” na Bíblia é figuradamente tomado no sentido de viver, experienciar, praticar e conduzir-se na vida espiritual. Por isso, Paulo diz: “Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 5.16). O andar em Espírito, com “E” maiúsculo, tem um significado espiritual muito elevado e profundo.
Trata-se de ter uma vida cristã subordinada à direção do Espírito Santo, pautada nos ditames da santa Palavra de Deus para não cumprir “a concupiscência da carne”, da natureza humana, carnal e pecaminosa herdada de Adão (Rm 5.12). É ter uma vida avivada espiritualmente. Aos coríntios, o apóstolo escreveu: “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito” (Rm 8.1).
Embora a palavra “espírito” esteja grafada com letra minúscula em diversas versões do Novo Testamento, refere-se, na verdade, ao Espírito Santo segundo o contexto desse versículo.
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Não obstante, como os gálatas podem escapar da luta carnal tão explicitamente descrita em 5.15? Como podem se guardar de serem envolvidos pelos mandamentos carnais da lei? Como podem se proteger contra os motivos carnais dos judaizantes? A resposta de Paulo para todas estas perguntas é que devem “andar [lit., caminhar] em Espírito” (5.16).
Paulo usa a palavra “andar” metaforicamente para descrever todo o modo de viver (Ef 2.10; 5.2, 8; Cl 2.6; 1Ts 2.12; 4.1). Em outras palavras, manda que os gálatas permitam que o Espírito Santo controle cada aspecto de suas vidas.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 1180.
O apóstolo Paulo identificou dois grandes perigos que atacavam as igrejas da Galácia. O primeiro é passar da liberdade para a escravidão (5.1), e o segundo implica transformar a liberdade em licenciosidade. Nos versículos 13 a 15, Paulo enfatizou que a verdadeira liberdade cristã se expressa no autocontrole, no serviço de amor ao próximo e na obediência à lei de Deus. A questão agora é: Como essas coisas são possíveis? E a resposta é: Pelo Espírito Santo. Só ele pode manter-nos verdadeiramente livres.
Encontramos em Gálatas cerca de quatorze referências ao Espírito Santo. Quando cremos em Cristo, o Espírito passa a habitar dentro de nós (3.2). Somos “nascidos segundo o Espírito”, como Isaque (4.29). E o Espírito no coração que nos dá a certeza da salvação (4.6); e é o Espírito que nos capacita a viver para Cristo e a glorificá-lo (5.16,18,25).
A vida cristã é um campo de batalha. Trava-se nesse campo uma guerra sem trégua entre a carne e o Espírito. O Espírito e a carne têm desejos diferentes, e é isso o que gera os conflitos.
Destacamos aqui três pontos importantes.
Em primeiro lugar, como vencera batalha interior. “Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne” (5.16). A “carne” representa o que somos por nascimento natural, e o “Espírito”, o que nos tornamos pelo novo nascimento, o nascimento do Espírito. A carne tem desejos ardentes que nos arrastam para longe de Deus, pois os impulsos da carne são inimizade contra Deus. Os desejos da carne levam à morte. A palavra grega epithumia, traduzida por “concupiscência”, é geralmente usada no sentido de ansiar por coisas proibidas. A única maneira de triunfar sobre esses apetites é andar no Espírito. Se alimentarmos a carne, fazendo provisão para ela, fracassaremos irremediavelmente. Porém, se andarmos no Espírito, jamais satisfaremos esses apetites desenfreados da carne.
Adolf Pohl diz que todos os povos conhecem bem a ideia de que a vida é como um caminho que precisa ser trilhado.
O movimento básico da vida humana, portanto, é o passo da caminhada. Trata-se de mais do que um mecânico “esquerda-direita, esquerda-direita”. Todo caminho inclui um “de onde” e um “para onde”. Podemos desviar-nos do caminho. Assim o “andar” constitui um movimento com sentido, direção e, por conseguinte, qualidade. Da parte da carne surgem pressões transversais. Contra elas Paulo faz valer agora forças pneumáticas. Andem no Espírito.
A carne tem uma inclusão para aquilo que é sujo.
Somente pelo Espírito de Deus podemos caminhar em santidade. Warren Wiersbe ilustra isso da seguinte maneira: A ovelha é um animal limpo, que evita a sujeira, enquanto o porco é um animal imundo, que gosta de se revolver na lama (2Pe 2.19-22). Depois que a chuva cessou e que a arca se encontrava em terra firme, Noé soltou um corvo, mas a ave não voltou (Gn 8.6,7). O corvo é uma ave carniceira, portanto deve ter encontrado alimento de sobra. Mas, quando Noé soltou uma pomba (uma ave limpa), ela voltou (Gn 8.8-12). Quando soltou a pomba pela última vez e ela não voltou, Noé soube, ao certo, que ela havia encontrado um lugar limpo para pousar e que, portanto, as águas haviam baixado. A velha natureza é como o porco e o corvo, sempre procurando algo imundo para se alimentar. Nossa nova natureza é como a ovelha e a pomba, ansiando por aquilo que é limpo e santo.
LOPES, Hernandes Dias. GALATAS A carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pag. 238-240.
2- Por que andar em Espírito?
O crente em Jesus deve andar de acordo com o Espírito Santo para não cumprir os desejos da natureza carnal (Gl 5.16). Escrevendo aos romanos, o apóstolo Paulo disse:
“Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8.1,2). Por isso, andando no Espírito, o salvo tem Vitória sobre o império do pecado e da morte.
COMENTÁRIO
Para não viver segundo a carne
Toda exortação bíblica tem um propósito — ou propósitos. No texto em apreço, Paulo responde: “Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 5.16). O crente em Jesus deve andar e viver de acordo com o Espírito Santo para não cumprir os desejos intensos da natureza carnal. É condição indispensável para ter o avivamento espiritual e não enfraquecer na fé e no relacionamento com Deus. Por isso, Paulo, escrevendo aos romanos, disse: “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8.1,2 – grifo acrescido).
Para fazer a vontade de Deus
Somente os crentes salvos, avidados espiritualmente, podem andar em Espírito. O crente carnal vive segundo a natureza pecaminosa, herdada de nossos pais. Ele não tem forças para vencer as inclinações naturais, que afastam o homem da presença de Deus. Porém, quando passa a andar em Espírito, adquire poder para subjugar a sua natureza carnal e passa a fazer a vontade de Deus: “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). É somente com o poder do Espírito Santo que o crente pode suplantar as forças da carne para fazer a vontade de Deus.
Para ter poder para vencer o Maligno
Satanás é o principal adversário de Deus e dos crentes fiéis. Ele foi derribado dos céus com parte dos anjos que o acompanharam na sua rebelião contra o Senhor. Quando Deus criou o ser humano no Éden, Satanás quis vingar-se dEle e atacou o primeiro casal, obra-prima das mãos do Criador, conseguindo prejudicar o relacionamento entre o homem e Deus. O Senhor, contudo, não deixou que o homem ficasse nas mãos do Diabo e prometeu a solução para o pecado por meio da vinda de Cristo em forma de homem para derrotar Satanás e os seus poderes.
Assim, cheios do Espírito de Deus, homem e mulher crentes em Jesus podem vencer as forças do mal: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef 6.10.11). O cristão, fortalecido no Senhor, cheio da “força do seu poder”, tem avivamento espiritual da parte de Deus para ser vitorioso em todas as lutas da vida espiritual.
Para ter “alegria do Senhor”
Esse é um dos maiores mistérios revelados na Palavra de Deus para quem quer ser vencedor na vida de salvo. O crente só poderá ter força para enfrentar os grandes desafios e obstáculos que encontrará na vida e andar em Espírito se tiver “a alegria do Senhor”. Quem melhor expressou essa verdade foi o profeta Neemias, quando viu que o povo estava triste ao ouvir a leitura da Lei e a sua explicação durante toda a manhã, sabendo que haviam falhado contra o Senhor.
Vendo o povo chorar diante da explicação da Palavra de Deus, “Disse-lhes mais: Ide, e comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque esse dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8.10 – grifo acrescido). São poucas as pessoas nas igrejas que percebem e cultivam essa grande virtude. Quando o crente é alegre no Senhor (Sl 32.11; 97.12), torna-se forte mediante a energia e o poder produzidos pela “alegria do Senhor”. É essa alegria que reflete o avivamento espiritual na vida do crente e só pode ser obtida se o crente viver na presença do Senhor: “Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há abundância de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente” (Sl 16.11).
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Nós nos sentimos condenados porque Satanás usa as culpas do passado e os erros do presente para nos levar a questionar o que Cristo fez por nós. Nossa segurança deve estar centrada em Cristo e não no nosso desempenho. Não importam os nossos sentimentos, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Pelo fato de termos sido resgatados por Cristo (7.24,25) não estamos condenados. Estar em Cristo Jesus significa ter depositado nele a nossa fé, tornando-nos membros do seu corpo de crentes. Jesus disse: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (Jo 5.24).
O Espírito de vida é o Espírito Santo que estava presente na criação do mundo como um dos agentes da própria origem da vida (Gn 1.2). Ele é o poder (ou lei) que está por detrás de cada cristão, e aquele que nos ajuda a viver uma vida cristã. O Espírito Santo nos liberta, de uma vez por todas, do poder (ou da lei) do pecado, e da sua natural consequência, a morte.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 53.
Justificados por Deus por intermédio de Cristo, estamos livres da condenação. A justificação é um ato legal e forense de Deus a nosso respeito. Porque estamos livres do casamento com a lei (7.1-4), já que morremos e ressuscitamos com Cristo, a penalidade da lei foi cumprida, a justiça foi satisfeita e agora não pesa mais sobre nós nenhuma culpa.
A condenação do pecado que deveria ter caído sobre nós caiu sobre Cristo, que morreu em nosso lugar e em nosso favor. Agora, pois, estamos quites com a lei e com a justiça divina diante do seu justo tribunal. Ninguém nos pode acusar porque é Deus quem nos justifica (8.33). Ninguém nos pode condenar, pois Cristo morreu, ressuscitou, está à destra de Deus e intercede por nós (8.34). O resultado disso é nenhuma condenação.
William Greathouse diz que “condenação” aqui é mais que uma absolvição judicial. John Murray aponta que “nenhuma condenação” se refere à libertação não apenas da culpa, mas também do poder escravizante do pecado.
De acordo com F. F. Bruce, a palavra grega katakrima, “condenação”, não significa provavelmente condenação, mas a punição que se segue à sentença. Assim, não há razão para nós, que estamos em Cristo, continuarmos fazendo trabalhos forçados penais, como se nunca tivéssemos sido perdoados e libertados da prisão do pecado.
Digno de nota é o fato de que somos justificados não pelas obras da lei, mas pela obra de Deus em Cristo. Não são as nossas obras que nos salvam, mas a obra de Cristo na cruz por nós. Desde que a lei foi cumprida e a justiça satisfeita, Deus nos declara inocentes, inculpáveis e salvos.
Embora a santificação esteja presente em todo o capítulo 8 de Romanos, seu ponto nevrálgico é a garantia da salvação.
Paulo começa com “nenhuma condenação” (8.1) e termina com “nenhuma separação” (8.39), em ambos os casos referindo-se àqueles que “estão em Cristo Jesus”.
Em segundo lugar, a explicação perfeita (8.2). Na antiga ordem estávamos sujeitos à lei do pecado e da morte, e nesse tempo o fruto que colhíamos era a escravidão; mas agora estamos debaixo da lei do Espírito da vida e o resultado é a libertação. Se a ênfase do versículo 1 era nenhuma condenação, a ênfase do versículo 2 é nenhuma escravidão.
Conforme F. F. Bruce, a velha escravidão da lei foi abolida; o Espírito introduz os crentes numa nova relação como filhos de Deus, nascidos livres.
A vida no Espírito não é uma obediência exterior a um código produtor de morte, mas também não é um misticismo disforme sem relação com a vontade revelada de Deus. De que fomos libertados? Da lei do pecado e da morte. Como fomos libertados? Pela lei do Espírito de vida. O Espírito é o doador da vida física e espiritual.
E ele quem nos vivifica, nos regenera e nos dá o novo nascimento. E ele quem nos comunica a vida de Deus e esculpe em nós o caráter de Cristo. John Murray diz que a “lei do Espírito de vida” é o poder do Espírito Santo agindo em nós para nos tornar livres do poder do pecado, que conduz à morte.
LOPES. Hernandes Dias. Romanos O Evangelho segundo Paulo. Editora Hagnos. pag. 279-280.
3- Como andar em Espírito?
Não é fácil andar no Espírito. Infelizmente, a inclinação da natureza carnal, herdada de nossos primeiros pais, inerente a todos os seres humanos, faz com que busquemos as coisas que não agradam a Deus. Quando as pessoas aceitam a Cristo como Salvador, tornam-se novas criaturas, pelo processo salvífico do Novo Nascimento (Jo 3.3; 2Co 5.17).
Entretanto, elas precisam cultivar o relacionamento espiritual e perseverante com Deus. Portanto, para o crente andar em Espírito é preciso ter o Espírito Santo dentro dele (Jo 14.17); ser guiado pelo Espírito (Rm 8.14); ser cheio do Santo Espírito (Ef 5.18).
COMENTÁRIO
Não é fácil andar em Espírito. A inclinação da natureza carnal, inerente a todos os homens, faz com que eles, na sua maioria, busquem as coisas que não agradam a Deus. Quando as pessoas aceitam a Cristo como Salvador, tornam-se novas criaturas pelo processo espiritual do novo nascimento (Jo 3.3; 2 Co 5.17), tendo novo comportamento espiritual e moral, mas precisam cultivar o relacionamento com Deus, sabendo como andar em Espírito.
Tendo o Espírito Santo
Antes de tudo, para o crente andar em Espírito, precisa ter o Espírito Santo na sua vida e dentro dele. Jesus prometeu enviar “[…] o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós” (Jo 14.17). Isso foi promessa de Jesus antes mesmo de Ele ir para o Calvário. Parecia que tudo estava sem sentido quando Jesus morreu, mas quando Ele ressuscitou, reiterou a sua promessa, prometendo o batismo no Espírito Santo (At 1.5), bem como o seu revestimento para que os seus seguidores pudessem ser testemunhas poderosas em todas as partes. Assim, ter o Espírito Santo na vida, nas atitudes, no testemunho e em todos os lugares é condição indispensável para andar em Espírito.
Sendo guiado pelo Espírito Santo
Na jornada da vida cristã, o crente precisa saber conduzir-se de maneira correta e santa desde a conversão. No mundo dominado pelo Maligno, há em todas as áreas da realidade humana muitos perigos, obstáculos, enganos, seduções e convites para a prática do que não agrada a Deus. Se o cristão não souber como se comportar diante das coisas que se antepõem diante de si, poderá tomar caminhos ou atalhos errados e perder-se; no entanto, se tiver a orientação sábia e divina, nunca vai errar o caminho. Paulo escreveu: “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus” (Rm 8.14). Somente os filhos de Deus são guiados pelo seu Espírito. Os salvos em Cristo Jesus têm esse privilégio espiritual de terem o Guia infalível para todos os aspectos da vida, para todas as decisões a tomar diante de quaisquer situações. Essa divina direção exige condições, como tudo, no relacionamento com Deus. O salmista mostrou que é indispensável não somente ter fé, mas também possuir o “temor” do Senhor para saber o caminho a seguir na sua vida: “Qual é o homem que teme ao Senhor? Ele o ensinará no caminho que deve escolher” (Sl 25.12).
Sendo cheio do Espírito Santo
Para o crente andar no Espírito, precisa viver cheio do Espírito. É a condição natural e normal na vida dos servos de Deus. Ou seja: um cristão verdadeiro não pode ser carnal, vivendo dominado pelas inclinações da carne (ver Gl 5.17); ele precisa ser verdadeiramente espiritual. A Bíblia não diz que Deus “enche” as pessoas do seu Espírito, mas que todos devemos estar cheios do Espírito. Isso quer dizer que Deus deseja encher-nos do seu poder, mas precisamos fazer nossa parte, buscando e esforçando-nos na sua presença para sentirmos a plenitude do Espírito Santo. Na sua exortação sobre isso, Paulo ensinou que o crente deve fugir das práticas carnais, próprias de quem não tem a Cristo, como fazer uso indevido de bebidas alcoólicas, tipificadas no vinho, que era a bebida mais comum entre os cristãos da sua época, alertando para as consequências desse tipo de comportamento: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).
Na experiência cristã, sobretudo no ministério pastoral, vemos que muitas pessoas foram batizadas no Espírito Santo, falaram línguas estranhas a elas próprias, como evidência dessa experiência tão importante para quem já é salvo (At 1.5,8; 2.1-14); mas, com o passar dos anos, vão-se esvaziando do Espírito, dando lugar à carne, ao mundo e até ao Diabo nas suas vidas. Não por acaso, tais pessoas ficaram completamente distantes de Deus. Foram batizadas, mas esqueceram-se de a cada dia buscarem ser mais cheias do Espírito Santo. Assim é impossível andar em Espírito.
Somente com dedicação, amor e busca diária no relacionamento com Deus, o cristão verdadeiro pode ser cheio do Espírito.
Sendo revestido de poder
O pecador passa a ter o Espírito Santo habitando nele quando aceita a Cristo como Salvador (Jo 14.17b); todavia, ao buscar o batismo no Espírito Santo, experimenta a segunda grande bênção espiritual na sua vida e, depois do Pentecostes, seguindo a determinação de Jesus, recebe um revestimento especial de poder.
Jesus falou aos seus doze discípulos que ficassem em Jerusalém até que recebessem esse revestimento antes de saírem pelo mundo para proclamar o seu evangelho: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.49). Não somente os doze, mas cerca de cento e vinte irmãos ficaram no cenáculo e, no dia de Pentecostes, tiveram a gloriosa experiência de serem cheios do Espírito Santo em meio a sinais sobrenaturais, com evidência de falarem línguas estranhas para eles, tendo sido batizados no Espírito Santo conforme lhes prometera Jesus (At 1.5) a fim de serem cheios da virtude espiritual e tornarem-se testemunhas com poder, começando por Jerusalém e até aos confins da terra (At 1.8).
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
O “viver segundo a carne” se revela através do veículo do corpo. Portanto, devemos nos afastar da carne (natureza pecaminosa) e das suas iníquas atitudes, das suas práticas e suas habituais respostas. Esse é um ato que deve ser realizado e uma atitude que deve ser tomada; devemos todos os dias nos afastar dos desejos que nos levam para longe de Deus. Os judeus já se consideravam filhos de Deus por causa da sua herança, mas Paulo explica que agora esse termo tem um novo significado. Os verdadeiros filhos de Deus são aqueles que são guiados pelo Espirito de Deus como ficou provado no seu estilo de vida. Os crentes não têm apenas o Espírito (8.9), eles também são guiados por Ele.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 55.
[…] o Espírito Santo nos orienta como filhos de Deus (8.14). Paulo nos ensina duas grandes verdades aqui.
A primeira é que a paternidade de Deus não é universal.
Nem todos os seres humanos são filhos de Deus, uma vez que só aqueles guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. A segunda verdade é que a paternidade de Deus é real e experimental, uma vez que podemos ter garantia de que, se somos guiados pelo Espírito de Deus, verdadeiramente somos filhos de Deus.
O Espírito Santo não apenas habita em nós e nos capacita a triunfar sobre o pecado, mas também nos toma pela mão e nos guia, dirige, impele pelo caminho da obediência.
O Espírito Santo nos constrange e nos compele a viver como filhos de Deus. Assim, não apenas nos tornamos membros da família de Deus, mas também agimos como tal. Não apenas somos adotados como filhos de Deus, somos também orientados a viver como seus filhos. Isso não significa que o Espírito Santo coage, intimida ou violenta, tirando de nós, nossa liberdade de escolha. O que ele faz é nos iluminar e nos persuadir, com sua doçura e poder.
O Espírito não nos aponta o caminho que devemos seguir como um vendedor de mapas; ele nos toma pela mão e nos guia como um beduíno no deserto que caminha com os viajantes pelos montes alcantilados e pelos vales profundos, conduzindo-os ao destino desejado.
LOPES. Hernandes Dias. Romanos O Evangelho segundo Paulo. Editora Hagnos. pag. 289-290.
SINOPSE I
Ter uma vida espiritualmente avivada é andar no Espírito e viver de acordo com os ensinamentos bíblicos.
II- O CONFRONTO ENTRE A CARNE E O ESPÍRITO
1- Carne x Espírito.
Em termos espirituais, é a maior luta da vida do crente salvo. A natureza carnal, herdada de Adão, é alimentada pela concupiscência da carne. Ela se inclina para as estruturas pecaminosas criadas pelo Diabo com o objetivo de afastar os seres humanos para longe de Deus. Por isso, o apóstolo Joao escreveu: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.
Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo” (1Jo 2.15,16). Infelizmente, muitas pessoas não querem saber de Deus. Elas são seduzidas e afastadas para longe de Deus por meio de vários instrumentos: pelas falsas religiões, pelo humanismo, materialismo etc.
Como resultado, as pessoas se esquecem de Deus e procuram agradar ao Diabo e a própria natureza carnal, corrompida pelo pecado. Não por acaso, o apóstolo Paulo admoestou a respeito dessa luta entre a carne e o Espírito (Gl 5.16,17).
COMENTÁRIO
É oportuno esclarecer o que significa “a carne” no contexto deste estudo. Há pessoas que imaginam que “a carne” refere-se ao corpo físico, formado por cabeça, tronco e membros. É um equívoco elementar. O corpo humano não peca; os olhos, os ouvidos, a boca, os braços, as mãos, as pernas, os pés, bem como os órgãos sexuais não pecam. Em termos bíblicos, para o crente fiel, o corpo humano é “templo do Espírito Santo” (1Co 6.19.20).
Em termos espirituais, é a maior luta que existe na realidade humana. Ela começou no Éden, quando o Diabo, “a antiga serpente”, conseguiu seduzir a mulher para a desobediência a Deus. Enganada pelo Maligno, Eva convidou o seu esposo para experimentar do fruto proibido por Deus, e a tragédia espiritual e moral cumpriu-se na vida deles. Ambos só tiveram prejuízos espirituais, morais, físicos e materiais. Expulsos do Paraíso, levaram consigo o pecado original. Esse pecado tem em si o domínio sobre a natureza carnal do homem e provoca constantemente uma disputa entre o novo e o velho homem. Essa é a luta entre a carne e o Espírito.
A concupiscência da carne
A palavra concupiscência, em termos etimológicos, tem origem do latim, concupiscens, que tem o significado de “forte desejo”, no sentido de obter bens materiais ou prazer sexual. Ela provoca no homem natural, que não tem o Espírito Santo, intenso desejo de buscar a prática do sexo ilícito, conduzindo o homem para a fornicação, que é a relação sexual pecaminosa entre solteiros; ao adultério, que é o pecado envolvendo pessoas casadas com outras que não são os seus cônjuges; prostituição, que é o pecado da mercantilização ou da venda do corpo para obtenção do prazer sexual; e para a homossexualidade, que é a relação sexual entre pessoas do mesmo sexo. A concupiscência da carne faz parte das estruturas pecaminosas criadas pelo Diabo ou pelos homens para afastá-los de Deus. Diz João:
Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. (1 Jo 2.15-16
A carne contra o Espírito
A maioria absoluta das pessoas no mundo não quer saber de Deus. São seduzidas e afastadas para longe do Senhor por vários meios: pelas falsas religiões; pela sabedoria diabólica, fruto dos conhecimentos humanos e materiais que exaltam o homem; pelo humanismo e pelo materialismo. Como resultado, as pessoas em geral esquecem-se de Deus e preferem agradar ao Diabo e à sua natureza carnal, corrompida pelo pecado, e tal confronto configurasse como a luta entre a carne e o Espírito. Quem melhor compreendeu esse combate crucial de proporções espirituais e humanas foi o apóstolo Paulo. Escrevendo aos crentes, ele disse:
“Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis” (Gl 5.16-17).
Paulo dirigia-se na sua epístola aos cristãos que serviam a Deus na igreja da Galácia. Ele tomou conhecimento de que os crentes daquela igreja estavam inclinando-se para voltar aos velhos preceitos cerimoniais do judaísmo, como, por exemplo, a guarda do sábado, de forma legalista, a submissão ao rito da circuncisão da carne, coisas que aparentemente eram de natureza espiritual, mas, na verdade, as suas práticas, depois de terem conhecido a Cristo, eram práticas carnais. Daí a razão por que Paulo escreveu grave exortação contra esse desvio doutrinário:
Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. E, de novo, protesto a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei. Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído. (Gl 5.1-4)
Deve ter sido muito duro para os irmãos da Galácia ouvirem a leitura da carta de Paulo. Alguém se intrometeu no meio deles e induziu-os a deixar a liberdade concedida por Cristo para que voltassem a ficar “debaixo do jugo da servidão”; e o apóstolo alertou-os de que, caso se deixassem circuncidar, não só estariam obrigados a cumprir todos os preceitos da Lei, mas também o que era pior: estariam “separados de Cristo” e “caídos da graça”. Então, vejamos que a luta da carne contra o Espírito pode começar dentro das igrejas cristãs, podendo manifestar-se na pregação de doutrinas falsas, de heresias, de discursos de hereges pelas redes sociais, em sites da Internet, além de levados ao seio da congregação. Homens carnais, travestidos de espirituais, podem levar os crentes a dar lugar à carne. Porém, o que é mais comum é a luta da carne contra o Espírito através das “obras da carne”, como veremos no item a seguir.
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Se o princípio que dirige suas vidas for o Espírito Santo, os gálatas não cumprirão “a concupiscência da carne” ou os desejos da natureza pecadora (5.16). Isto é verdade porque a direção do Espírito Santo é diametralmente oposta ao impulso da natureza pecadora, e vice-versa (5.17). A frase “para que não façais o que quereis” está aberta à interpretação. Pode significar que quando os gálatas querem caminhar após a natureza pecadora, o Espírito se opõe a este desejo. Pode ainda significar que quando querem ser guiados pelo Espírito, a natureza pecadora mina suas intenções. Uma vez que os gálatas estão cheios com o Espírito (3.2), Paulo provavelmente está observando que a natureza pecadora está impedindo que sirvam a Deus como desejam.
Esta interpretação coincide com o tratamento de Paulo quanto à carne (natureza pecaminosa) e o Espírito em Romanos 6.1—8.27. Os gálatas não devem oferecer seus membros como instrumentos de injustiça, mas devem apresentar-se a Deus como instrumentos de justiça (6.13,14,19). A mente renovada pode realmente desejar fazer a vontade de Deus, mas a natureza pecaminosa impede a realização desta vontade. Aqueles que estão na carne encontram-se fazendo aquilo que odeiam. Um conhecimento adicionado da lei só serve para multiplicar as transgressões (7.14-25; veja Fung, 1988, 252). A libertação deste ciclo vicioso somente pode vir através do poder do Espírito (8.1-4,9).
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 1180.
Enquanto os crentes vivem neste mundo, enfrentam uma tensão constante entre o que a came e o que o Espírito querem. Não devemos concluir, com base nas palavras de Paulo, que a nossa personalidade tem duas partes, nem que temos duas forças iguais e opostas lutando para assumir o controle. Em Cristo e no Espírito Santo, nós temos uma nova vida de ressurreição que é vitoriosa.
O Espírito Santo em nós assegura a nossa total redenção e modificação futura. Embora tenhamos uma vida nova em Cristo, nós ainda temos uma mente e um corpo inclinados à rebelião e seduzidos por desejos pecaminosos.
Devemos resistir a estes desejos.
Frequentemente, nós sentimos resistência quando seguimos a orientação do Espírito.
Satanás tem servido como um persistente professor de rebelião, e a humanidade tem tido séculos de prática. Qualquer que seja o caminho que escolhermos, ouviremos os sussurros da oposição – as nossas escolhas nunca estão livres deste conflito. Sempre que decidirmos fazer o que o Espírito Santo nos instrui, podemos esperar que a nossa natureza pecadora se inflame em oposição. Quando decidimos transmitir o Evangelho, a nossa natureza humana pecadora nos faz sentir tolos.
Quando decidimos nos comprometer com algum serviço, os maus desejos nos atrapalham, tentando retardar a orientação do Espírito.
E, ao contrário, sempre que seguimos a nossa natureza humana pecadora, nós recebemos (pela nossa consciência, pela Palavra de Deus, ou mesmo por outros crentes) lembretes para não seguir estes desejos pecaminosos. Os verdadeiros crentes percebem o poder mortal do pecado.
Já não sendo mais seu senhor, o pecado agora ataca como um inimigo poderoso. Estas duas forças se opõem uma à outra constantemente.
Os desejos pecaminosos ainda explodem, como forças de guerrilha, atacando-nos quando menos esperamos.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 295.
2- As obras da carne.
Em termos bíblicos, do grego sarx, “a carne”, é a natureza decaída do homem, cuja inclinação é a prática do que não agrada a Deus. Assim, “as obras da carne”, segundo a Epístola aos Gálatas, são as práticas, atitudes e pensamentos contrários à santidade exigida por Deus para os que são fiéis à Palavra.
Identificadas em pelo menos 15 tipos, sem fechar a lista, pois o autor bíblico acrescenta “e coisas semelhantes a estas”, essas obras podem ser classificadas em várias categorias: práticas sexuais ilícitas (5.19); práticas religiosas (5.20a); mau relacionamento humano (5.20b; 21); e vícios e maus hábitos (5.21), o apóstolo Paulo encerra essa parte da carta, dizendo “que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus” (Gl 5.21; cf. 1Co 6.9).
COMENTÁRIO
Como já demonstramos em tópicos anteriores, a “carne” não é o corpo e nem a sua estrutura de tecidos musculares sobre o esqueleto. Em termos bíblicos, a “carne”, do grego sarx, é a natureza decaída do homem, cuja inclinação é a prática do que não agrada a Deus. Assim, “as obras da carne” a que se refere a epístola aos Gálatas são as práticas, atitudes e pensamentos contrários à santidade exigida por Deus para os que são os seus servos. Essas obras, identificadas em número de dezesseis tipos — sem fechar a lista, pois acrescenta “e coisas semelhantes a estas” —, podem ser classificadas em várias categorias.
Referentes a práticas sexuais ilícitas
“Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia […]” (Gl 5.19).
a) Prostituição. Refere-se à prática vil de venda do corpo para a prática sexual em troca de dinheiro; inclui todo tipo de imoralidade sexual, bem como a “pornografia”, em que a pessoa excita-se ilicitamente por meio de imagens, de quadros, etc. O crente deve fugir da prostituição (1 Co 6.18; Ef 5.3).
b) Impureza. Tem sentido mais amplo, só que voltada para a área do sexo e as imoralidades diversas, por meio de palavras impuras, pensamentos e intenções. Não devemos dar lugar a quaisquer práticas impuras. A impureza inclui pecados sexuais, vícios e maus pensamentos carnais no coração (Ef 5.3; Cl 3.5).
c) Lascívia. É a propensão para interessar-se e excitar-se normalmente por meio do sentido da visão, com imagens sensuais do sexo oposto. “Lascívia significa sensualidade, libidinagem, luxúria. É uma característica de quem tem despudor, quem tem modos libertinos libidinosos, quem tem propensão para a sensualidade.”
Paulo mostra como o cristão deve zelar pelos seus pensamentos para não dar lugar à impureza e a outras obras da carne: Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. (Fp 4.8)
Se o crente deseja andar em Espírito e ser avivado, tem que fugir dessas coisas.
Referentes a práticas religiosas: “Idolatria, feitiçarias […]” (Gl 5.20a)
a) Idolatria. Refere-se a cultos a falsos deuses, a todos os tipos de ídolos, imagens de esculturas, condenadas no Decálogo. O primeiro mandamento na Lei de Deus é:
Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos. (Êx 20.3-5)
Também se refere a qualquer coisa ou ente que tome o primeiro lugar no coração de uma pessoa, lugar este que deve ser exclusivo de Deus, o único ser digno de ser adorado. Quando, por exemplo, um servo de Deus coloca os seus estudos em primeiro lugar, ou um jovem coloca o namoro acima do relacionamento com Deus, ou mesmo um pai dá mais valor a um filho do que ao Senhor — e comportamentos semelhantes —, isso pode ser visto como “idolatria”.
b) Feitiçarias. Refere-se a práticas religiosas voltadas para demônios, envolvendo promoção de desejos malignos em cultos diabólicos com a finalidade de prejudicar ou exterminar a vida de alguém. O Dicionário Online de Português diz: “Ofício do bruxo, do feiticeiro; bruxaria: na Idade Média, a feitiçaria era considerada crime. Prática de magia que busca alcançar, através de meios ocultos, resultados extraordinários que não podem ser explicados pelas leis naturais, geralmente atribuídos a seres sobrenaturais; bruxaria. Ritual ou objeto utilizado durante essa prática. [Figurado] O que fascina; encanto, sedução; feitiço, feitiçarias do coração”. No Antigo Testamento, a feitiçaria era considerada pecado gravíssimo e punível com a pena de morte: “A feiticeira não deixarás viver” (Êx 22.18).
Referentes ao mau relacionamento humano
O apóstolo lista atitudes reprováveis aos que se dizem seguidores de Cristo, que mandou amar uns aos outros como a si mesmo, da mesma forma como fomos amados por Ele (Mt 22.39; Jo 13.34-35).
Nessa categoria, incluem-se (Gl 5.20b):
a) Inimizades. São a falta de amizade e de companheirismo por falta de amor e simpatia. Jesus veio desfazer as inimizades (Ef 2.16); um cristão não pode dar lugar ou alimentar esse tipo de sentimento. Jesus mandou amar ao próximo, e o amor não pode coexistir com inimizades.
b) Porfias. São brigas, rixas, desentendimentos, disputas, oposição. Tais coisas não condizem com a vida pautada no amor de Deus (Rm 1.29; 1Co 1.11; 3.3).
c) Emulações. “Emulação é sinônimo de ciúme, inveja, competição, rivalidade; Sentimento que faz com que uma pessoa tente se igualar ou superar alguma coisa ou outra pessoa”.39 É um sentimento carnal, pois um crente em Jesus não deve dar lugar ao ciúme, à inveja ou à rivalidade. O amor de Cristo não admite esse tipo de sentimento (Rm 1.29; 13.13; 1Co 3.3; Tg 3.14).
d) Iras. Sinônimo de raivas, rixas e inimizades não condizentes com o amor cristão. O crente poder irar-se contra coisas que não agradam a Deus (por exemplo, ficar irado contra o pecado, contra os convites para o mal). Mesmo assim, precisa ter cuidado para não pecar. Está escrito: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Ef 4.26). Num sentido prático, o cristão só pode irar-se com outro de quem discorda até às 17h30, antes do pôr do sol. Depois, deve procurar o seu irmão para a reconciliação.
e) Pelejas. Tem o mesmo significado de brigas, rixa. Nesse comportamento, uma pessoa quer suplantar a outra por algum motivo ou interesse. O amor cristão não admite tais sentimentos (2Co 12.20; Fp 1.16-17).
f) Dissensões. São semelhantes a pelejas, desentendimentos, provocações iradas. Quem quer andar em Espírito precisa ter muito cuidado, pois Deus abomina quem provoca dissensões entres os irmãos: “Estas seis coisas aborrece o Senhor, e a sétima a sua alma abomina” (Pv 6.16). Sabe qual é a sétima coisa que Deus abomina e não suporta? “[…] o que semeia contenda [dissensões] entre os irmãos” (Pv 6.16).
g) Heresias. Incluídas no meio da lista de mau relacionamento humano no meio da igreja provavelmente porque quem aceita heresias, que são falsas doutrinas, falsos ensinos e mandamentos, pode provocar divisões entre os irmãos (1 Co 11.19).
h) Invejas (5.21). Depois da inserção das heresias, o apóstolo retoma a lista de mau relacionamento entre os irmãos, mostrando as “invejas” como obra da natureza carnal corrompida pelo pecado. A inveja é um sentimento carnal muito ruim, pois leva quem a possui a sentir-se mal pelo sucesso do outro, seja na vida financeira, seja em relação aos bens que o outro possui, ou por boa situação profissional, familiar e, por incrível que pareça, até por ser bem-sucedido no ministério. A inveja foi a causa do primeiro homicídio na raça humana, quando Caim, filho de Adão, matou o seu irmão, Abel (Gn 4.9), por Deus não ter aceitado o seu sacrifício (o de Caim); este matou seu irmão por pura maldade: “Não como Caim, que era do maligno e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas” (1Jo 3.12). O invejoso não anda em Espírito, mas segundo os ditames da carne.
i) Homicídios. Trata-se da prática de agressão com morte ao seu semelhante. O homicídio foi o primeiro pecado humano causado pela inveja, e a falta de relacionamento correto com Deus. Caim matou Abel, porque Deus agradou-se do sacrifício do seu irmão, e não aceitou o dele (Gn 4.9). Por que razão:
mesmo sendo filhos de Adão e Eva, Caim voltou-se para o mal para atender aos desejos da carne, enquanto Abel procurou servir a Deus, andando em Espírito. O cristão deve ter muito cuidado. No Antigo Testamento, só era considerado “homicida” quem tirasse a vida do seu irmão; no Novo Testamento, porém, um crente pode ser classificado como “homicida” mesmo sem agredir o seu irmão com algum tipo de instrumento material. Se “aborrecer” ao seu irmão, já será considerado “homicida”. Está escrito:
“Qualquer que aborrece a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem permanente nele a vida eterna” (1 Jo 3.15).
Em relação a vícios e maus hábitos
a) Embriaguez. Refere-se às manifestações de descontrole e intemperança ocasionadas por bebidas embriagantes (cf. Rm 13.13; Lc 21.34). De acordo com o Dicionário Houaiss, embriaguez é o “estado causado pela ingestão de bebidas alcoólicas; embriagamento”.
b) Glutonaria. O termo aplicado por Paulo refere-se ao estilo de vida desenfreado e extravagante que pode ser traduzido nas típicas orgias do paganismo da época, com motivações de ingestão excessiva de alimentos ou bebidas de modo desenfreado; geralmente, entre os ímpios, tais comilanças envolvem sexo e drogas.
Paulo conclui essa parte da sua carta aos gálatas dizendo que, quanto às “obras da carne” listadas “e coisas semelhantes a estas”, já discriminadas por ele, “os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus” (5.21; ver 1 Co 6.9,10).
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
O primeiro conjunto de vícios focaliza a imoralidade sexual. Esta palavra (porneia) se refere a todos os tipos de improprieda- de sexual. “Impureza” (akatharsia) significa literalmente “sujeira”. Paulo nunca usa este termo para se referir à impureza cerimonial ou ritual (Mc 7.1-5, 14; At 10.14,28). Pelo contrário, para Paulo, “sujeira” tem sempre um conteúdo ético ou moral normalmente relacionado à perversão sexual (Rm 1.24; 6.19; Ef4.19). Aselgeia (“devassidão”) se refere à luxúria desinibida que
não tem absolutamente nenhuma consideração para com Deus, para com o próprio ser, nem para com os outros (Bruce, 1982, 247).
Em 5.20 Paulo fala da idolatria e do oculto. A “idolatria” é uma obra da natureza pecaminosa, porque um ídolo é basicamente uma projeção própria. É o ato de criar “deus” na própria imagem da humanidade (Êx 20.4; Lv 26.1). A idolatria é o desejo carnal de controlar o sobrenatural para satisfazer as luxúrias da natureza pecaminosa. Por esta razão a “cobiça” é equivalente à idolatria (Cl 3.5). “Bruxaria” ou “Magia” (pbarmakeia; cf. nossa palavra “farmácia”) não denota o mal em si, porém certas drogas eram usadas em bruxaria e em algumas práticas ocultas durante a adoração de ídolos.
“O ódio, a discórdia, o ciúme e os acessos de ira” são manifestações da natureza pecaminosa nas relações sociais. A palavra para “ódio” está na verdade no plural, indicando a expressão contínua de um espírito hostil. “Discórdia” (às vezes traduzida como “discussão”) é derivada da deusa grega Eris; ela era a deusa que inspirava as guerras (Bruce, 1982, 248). “Ciúme” {zelos), significa literalmente “zelo” e pode ser uma virtude se a pessoa for tocada pelo Espírito (2 Co 11.2). Porém, quando fomentado pela natureza pecaminosa, de- genera-se em um ciúme invejoso, que abomina o sucesso dos outros. “Acessos de ira” descrevem a ira desenfreada que indiscriminadamente mata e mutila qualquer um que tenha a infelicidade de estar em seu caminho.
“A ambição egoísta” descreve alguém que tenha um espírito mercenário (Bruce,
1982, 249). O efeito da carne é que esta causa “dissensões” no corpo de Cristo (1 Co 1.11,12). “Facções” vêm de haireseis (cf. nossa “heresia”), uma palavra que originalmente não continha nenhuma conotação má e se referia a tipos diferentes de festas religiosas e políticas. Josefo usou esta palavra para descrever seitas religiosas como os fariseus, os saduceus e os nazarenos. Com o passar do tempo, porém, a palavra veio a descrever falsos mestres e suas doutrinas.
Diferentemente de “zelo”, a palavra para “inveja” (phtbonos) tem sempre um significado maligno. Refere-se a uma atitude de espírito mesquinho, que se ressente do sucesso dos outros. A palavra está na verdade no plural e indica um ciúme contínuo em uma variedade de circunstâncias. Os últimos dois vícios (“embriaguez” e “orgias”) refletem o estilo de vida hedonista tão prevalecente na cultura pagà (5.21). Paulo conclui sua lista de vícios com “e coisas semelhantes a estas”. O apóstolo pode fazer tal generalização devido àquilo que disse previamente em 5.19- A natureza da carne é facilmente discernida.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 1181-1182.
Paulo comparou as obras da carne com as obras da vida cheia do Espírito, em 5.19-21 e 5.22,23. Os pecados da lista de Paulo classificam-se em quatro categorias. Estes pecados em particular eram especialmente habituais no mundo pagão, e os gálatas os teriam compreendido prontamente.
Com poucas exceções, nós podemos também reconhecer estes pecados como presentes na nossa época atual.
Na primeira categoria, são mencionados três pecados sexuais;
- Prostituição – qualquer forma de relação sexual ilícita. A palavra serve para destacar o comportamento sexual proibido entre as pessoas ou a participação indireta como um espectador.
- Impureza – a impureza moral. Talvez nenhum ato sexual tenha ocorrido, mas a pessoa exibe uma grosseria e uma insensibilidade em questões sexuais que ofende aos demais. Um exemplo hoje seria o uso excessivo de humor sexual (ou o que se supõe que seja humor), em que as pessoas fazem declaração com um duplo sentido sexual.
- Lascívia — uma indulgência franca e excessiva quanto a pecados sexuais. A pessoa não tem sentimento de vergonha nem moderação. Este é o resultado da imoralidade e da impureza sexual.
Os dois pecados a seguir são pecados religiosos característicos da cultura pagã.
- Idolatria – adoração de ídolos pagãos.
A pessoa cria substitutos para Deus e então os trata como se fossem Deus.
Esta pessoa está se entregando a desejos humanos pecaminosos.
- Feitiçarias (ou participação em atividades demoníacas) — envolvimento com os poderes malignos, usando, às vezes, poções e venenos. Na idolatria, o indivíduo age submissamente com relação ao mal; na atividade demoníaca, o indivíduo é um agente ativo que serve aos poderes malignos.
Os oito pecados seguintes dizem respeito ao comportamento com relação às pessoas (relações interpessoais) que é motivado por desejos pecaminosos. E triste notar, mas muitos destes pecados são frequentemente vistos nas nossas igrejas hoje.
- Inimizades – uma situação de inimizade constante entre grupos.
Isto pode ser um conflito real e não solucionado, cuja causa já foi esquecida, mas que resultou em muita amargura.
- Porfias – competição, rivalidade, conflitos amargos — as sementes e o fruto natural do ódio.
- Emulações (ou ciúmes) — o sentimento de ressentimento de que alguém tenha o que outro acha que merece.
- Iras – raiva egoísta. A forma plural transmite o significado de um comportamento contínuo e descontrolado.
- Pelejas (ou ambição egoísta) – a abordagem à vida e ao trabalho que tenta progredir à custa dos demais.
Não somente pode se referir ao que chamamos de “vício de trabalho”, como também pode implicar em uma atitude mercenária, agressiva em relação aos demais, na busca dos próprios objetivos.
- Dissensões – fortes desentendimentos ou discussões. A situação que pode se instalar rapidamente entre as pessoas quando prevalece uma atitude desagradável.
- Heresias (ou o sentimento de que todos estão errados, exceto os do seu pequeno grupo) – a dissensão criada entre as pessoas por causa de divisões.
Isto descreve a tendência de procurar aliados no meio do conflito. A geração quase espontânea de facções demonstra esta característica dos desejos humanos pecaminosos.
- Invejas — o desejo de possuir alguma coisa dada a outro ou conseguida por ele; ou até mesmo a lógica corrompida que grita: “Injusto!”, com respeito às circunstâncias de outra pessoa, e expressa o seguinte desejo; “Se eu não posso ter isto, eles não deveriam poder também!”
Finalmente, Paulo relaciona dois pecados, comuns às culturas pagãs, que estão frequentemente conectados com os rituais de adoração de ídolos;
- Bebedices – o uso excessivo de vinho e bebidas fortes.
- Glutonarias (ou “farras”) – “festas” com muita bebida, frequentemente cheias de promiscuidade sexual, eram associadas com as festividades para alguns deuses pagãos. Os banquetes em honra a Baco eram particularmente infames pela sua imoralidade.
- E coisas semelhantes a estas – Paulo acrescentou um “etc.”, para mostrar que a lista não estava, de maneira nenhuma, completa.
“Os que cometem tais coisas” refere-se ao modo de vida das pessoas que habitualmente exibem estas características. Isto não quer dizer que os crentes que cometerem algum destes pecados irão perder a sua salvação e a sua herança.
Mas as pessoas que habitualmente exibem estas características se revelam escravizadas à natureza humana pecaminosa. Elas não são filhos de Deus; consequentemente, não podem participar da herança do reino de Deus. As pessoas que aceitaram Cristo e que têm o Espírito Santo dentro de si mesmas manifestarão esta nova vida, rompendo claramente com os pecados que foram listados acima, bem como com outros que sejam semelhantes.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 295-296.
SINOPSE II
Em termos espirituais, o confronto entre a carne e o Espírito trata-se da maior luta da vida do crente.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
CARNE
“No sentido ético ela faz referência a natureza carnal, ou a disposição no homem que é propensa a pecar e que é antagônica a Deus (Gn 6.12; Rm 7.18; 8.6-8; 1Co 3.3; Gl 5.17,19; Cl 2.18; 2Pe 2.10,18; 1Jo 2.16). Este é o uso mais importante para o cristão. A carne, ou a natureza caída, cobiça e guerreia contra o Espírito quando este opera através de uma nova natureza, o que pode resultar em uma paralisia ou derrota espiritual (GI 5.17-24; Rm 7.14-8.1). Esta condição é vencida da seguinte maneira:
a) Aprendendo a distinguir entre as obras da carne e as obras do Espírito Santo (Gl 5.19-23; cf. 1Co 6.9-11; Rm 8.4-13).
b) Percebendo pela fé que a natureza caída já está sob condenação, embora ela ainda não esteja removida (Rm 8.3) e, portanto, o Espírito Santo pode habitar e de fato habita o crente (Rm 8.9).
c) Rendendo-nos e sujeitando-nos a direção orientadora do Espírito Santo (Rm 8.4-13 Gl 5.24,25; Ef 5.18ss.), o que é mencionado como ‘andar em Espírito”’ (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 379).
III- O AVIVAMENTO PELO FRUTO DO ESPÍRITO
1- Fruto do Espírito.
Dons e Fruto do Espírito são características essenciais para a vida e o caráter cristão. O uso dos dons espirituais, sem a prática do Fruto do Espírito, pode ser apenas uma demonstração de egoísmo e exibicionismo. Nem todos os cristãos são portadores da graça dos dons espirituais, mas todos devem experimentar e testemunhar o fruto do Espírito em sua vida.
Um cristão não pode dar bom testemunho sem a unidade do Fruto do Espírito: não pode ter amor sem ter fé; não pode ter gozo (alegria) e não ter benignidade, bondade ou temperança (Gl 5.22,23). Um aspecto do fruto não pode ser dissociado do outro. Podemos usar o exemplo de uma fruta, como uma laranja, que tem vários gomos, mas é um só fruto.
COMENTÁRIO
O estudo do fruto do Espírito insere-se no amplo espectro da Pneumatologia, ou do estudo dos assuntos relativos ao Espírito Santo. Dons e fruto são elementos essenciais para a vida e o caráter do cristão avivado. O uso dos dons espirituais sem a prática do fruto do Espírito pode tornar-se apenas numa demonstração de egoísmo e exibicionismo. Nem todos os cristãos são portadores da graça dos dons espirituais, mas todos têm a obrigação de experimentar e testemunhar na vida o fruto do Espírito. O crente pode ser salvo sem ter dom algum, mas sem o fruto do Espírito não pode haver salvação e nem avivamento no meio da igreja. O crente que cultiva e pratica o fruto do Espírito é um crente espiritual.
A expressão “fruto do Espírito”, no singular, tem causado embaraço a alguns crentes, mas ela faz sentido. Em Gálatas 5.22,23, lemos: “Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
Contra essas coisas não há lei”. Um cristão não pode dar bom testemunho sem a unidade do fruto do Espírito; não pode ter caridade sem ter fé; não pode ter gozo (alegria) e não ter benignidade, bondade ou temperança. Um aspecto do fruto não pode ser dissociado do outro. Pode-se usar o exemplo de uma fruta, como uma laranja, que tem vários gomos, mas é um só fruto.
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Neste momento Paulo expressa o ponto crucial da questão. Qualquer um que continue a praticar as obras da carne não herdará o reino de Deus. Portanto, as obras da natureza pecaminosa são antitéticas aos princípios do reino. Paulo havia pregado isto aos gálatas “antes”, quando estava com eles (At 14.22). A campanha carnal dos judaizantes levou-o a novamente enfatizar estes pontos.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 1182.
O “fruto do Espírito” relacionado nesta passagem refere-se ao caráter (GI 5:22, 23). É importante distinguir o dom do Espírito, que é a salvação (At 2:38; 11 :17), e os dons do Espírito, que dizem respeito ao serviço (1 Co 12), das graças do Espírito, relacionadas ao caráter cristão. Infelizmente, costuma-se dar uma ênfase excessiva aos dons, levando os cristãos a negligenciar as graças do Espírito. A construção do caráter cristão deve ter precedência sobre a demonstração de habilidades especiais.
WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. I. 1 Ed 2006. Editora Central Gospel. pag. 941.
[…] o Espírito produz em nós o seu próprio fruto. “… o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei” (5.22,23). Segundo Juarez Marcondes Filho, o fruto do Espírito não pode ser criado artificialmente nem pode ser simulado.
Ninguém frutificará alheio à operação do Espírito Santo. Vale ressaltar que Paulo não fala de frutos, mas do fruto. Essas nove virtudes são como que gomos de um mesmo fruto. Não podemos ter um fruto e ser desprovidos de outros. As nove virtudes produzidas em nós pelo Espírito podem ser classificadas em três áreas: 1) a atitude do cristão para com Deus; 2) a atitude do cristão para com outras pessoas; e 3) a atitude do cristão para com ele mesmo.
LOPES, Hernandes Dias. GALATAS A carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pag. 248.
2- Os nove aspectos do Fruto do Espírito (Gl 5.22).
Na Bíblia, amor (ou caridade) (gr. ágape) é mais que filantropia, pois significa o verdadeiro amor como sinônimo do amor ágape, o amor de Deus no coração do homem (Fp 1.9; 1Jo 4.7-8,16);
gozo (gr. chara) é a alegria produzida pelo Espirito Santo (Lc 8.13; Fp1.4); paz (gr. eirene) é “a paz de Deus que excede todo o entendimento” (Fp 4.7);
longanimidade (gr. makrothumia) é a paciência para suportar as adversidades, os defeitos do outro (Ef 4.2; 2 Tm 3.10; Hb 12.1);
benignidade (gr. chrestotes) é a qualidade de quem é benigno, bondoso, complacente, perdoador (Ef 4.32);
bondade (gr. agathosune) refere-se aquele que é bom (Mt 12.35; Ef 5.9; SI 37.23);
fé (gr. pistis), não é a fé natural, mas a produzida pelo Espirito Santo no coração dos que creem em Deus, conforme as Escrituras (Jo 7.38; Rm 1.17; 3.28; Hb 11.6);
mansidão (gr. prautes) diz respeito aquele que é manso, sinônimo de “brandura, de gênio afável, sossegado, dócil” (Mt 5.5; 1Tm 6.11);
temperança (gr. egkrateia) quer dizer autocontrole, domínio próprio, é o aspecto elevadíssimo do relacionamento com os outros, com situações e fatos diversos na vida (Tt 1.8; 2 Pe 1.6).
COMENTÁRIO
Caridade – Amor Ágape
O Dicionário Aurélio, traduzindo a palavra caridade, diz que: “No vocabulário cristão, o amor que move a vontade à busca efetiva do bem de outrem e procura identificar-se com o amor de Deus; ágape, amor-caridade. Benevolência, complacência, compaixão.
Beneficência, benefício; esmola. Rel. Uma das virtudes teologais”. A palavra caridade (gr. agape) tem sofrido um desgaste em relação ao seu sentido inicial. Em termos modernos, tem sido empregada como sinônimo da prática de filantropia, dar esmolas, ajudar os carentes.
É um sentido pobre para o seu verdadeiro significado. Ao ser utilizada nas traduções bíblicas mais antigas, a palavra tinha o sentido do verdadeiro amor, como sinônimo do amor ágape, que é o amor de Deus no coração do homem. É nesse sentido que tomamos o termo caridade em Gálatas 5.22.
Um cristão sincero demonstra na sua vida que possui essa caridade, ou o amor de Deus, infundido pelo Espírito Santo no interior do ser e cultivado no seu testemunho cotidiano. Podemos dizer que caridade é o amor em ação. Diz Paulo: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo vos amou e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” (Ef 5.1-2). O apóstolo pede aos efésios que a sua “caridade aumente mais e mais […]” (Fp 1.9). Os obreiros têm a árdua missão de liderar todo tipo de ovelhas, desde as mais fortes às mais fracas; desde as obedientes às mais complicadas. É preciso ter amor.
O apóstolo João bem exprime o sentido do fruto do Espírito, caridade. Diz ele: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque a caridade é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é caridade” (1 Jo 4.7,8). “Deus é caridade”. Eis a razão por que não podemos confundir a caridade, como fruto do Espírito, de maneira simplista, com o dar esmolas ou praticar outros atos de generosidade ou filantropia. Estes são necessários, mas o fruto da caridade é muito mais amplo, visto que “Deus é caridade”: “E nós conhecemos e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é caridade e quem está em caridade está em Deus, e Deus, nele” (1 Jo 4.16).
Sem caridade (amor), até os dons espirituais perdem o seu sentido e o seu valor. Ter dom de variedade de línguas, dom de profecia, dom da ciência e outros sem ter caridade não significa nada para Deus (ver 1 Co 13.2,3). Ministério sem caridade nada é diante de Deus. (Rm 5.5; 1 Co 13; Ef 5.2; Cl 3.14).
Gozo (Alegria)
O gozo, ou a alegria (gr. chara), como fruto do Espírito, é de natureza divina, concedida pelo Espírito Santo e demonstrada na vida do cristão fiel. A raiz de uma planta nem sempre é vista, mas o seu fruto aparece sempre no tempo apropriado. Ter a alegria como fruto do Espírito é fundamental para uma vida cristã produtiva e feliz.
Há pessoas em igrejas evangélicas que não demonstram ser alegres. Certamente, tais pessoas não tiverem, ou não têm, a graça para desenvolver uma vida cristã plena da alegria do Senhor.
Quando o crente cultiva esse fruto, este se manifesta na sua face e nas suas atitudes e ações. Um crente alegre irradia contentamento perante os outros.
Em certo lugar, havia um vizinho de uma igreja evangélica que passava todos os dias pela frente do templo, inclusive nas horas de culto. Os que evangelizavam sempre visitavam aquele senhor, mas ele nunca quis fazer a decisão para Cristo. Um dia, porém, inesperadamente, num domingo à noite, ele entrou no templo e ouviu a pregação. No fim do culto, aceitou a Cristo como o seu Salvador. O pastor, muito feliz, foi cumprimentá-lo, dizendo sentir-se alegre por ele ter aceitado a Jesus após ouvir a mensagem da noite.
O visitante, recém-convertido, respondeu: “Pastor, não aceitei por causa da mensagem. Aceitei por causa do sorriso do seu porteiro.
Chamou-me a atenção o fato de ele estar sempre alegre, ali, na porta da igreja. Eu concluí que sendo ele uma pessoa pobre, mas sempre alegre, deveria ser por causa da sua fé. E resolvi aceitar a Jesus”.
A alegria do Espírito é a mesma alegria do Senhor. Diz a Bíblia:
“[…] portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8.10). É essa alegria que dá força ao crente fiel. Se o crente não tem a alegria do Espírito Santo, ele torna-se fraco.
Normalmente, um crente alegre não se desvia e nem se afasta da congregação, muito menos deixa de servir a Deus; mas, quando fica abatido e deprimido por qualquer motivo, a tendência é ficar enfraquecido e desanimar na fé. Assim, é indispensável o crente ter o gozo ou a alegria do Espírito Santo. Onde encontrar essa alegria?
A Bíblia responde: “Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há abundância de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente” (Sl 16.11). Quando se trata do obreiro que não demonstra ter essa alegria, tende a cansar-se mais cedo a render menos no ministério, bem como a sofrer sérios problemas emocionais e físicos (Sl 119.16; 2 Co 6.10; 12.9; 1 Pe 1.8).
Paz
A paz, como fruto do Espírito, é aquela paz (gr. eirene) a que se refere Paulo: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus” (Fp 4.7). A paz proveniente do Espírito Santo equivale à paz desejada e difundida no meio do povo de Israel, a Shalom de Deus, ou seja, a paz que não é apenas a expressão de falta de guerra, de pelejas ou de harmonia. A paz de Deus, Shalom, é serenidade, tranquilidade, saúde, harmonia, bem-estar, segurança, provisão e muito mais. Ela difere da “Pax romana”, que propugnava o lema: Si vis pacem parabellum, ou seja, “Se queres a paz, prepara-te para a guerra”. A paz de Deus conduz à paz entre os homens. Quando os anjos anunciaram o nascimento de Jesus, disseram: “[…] paz na terra, boa vontade para com os homens!”.
Não deve haver de maneira alguma quaisquer tipos de disputas ou dissensões no meio do povo de Deus. É lastimável quando se ouve ou se vê que existem obreiros que se envolvem numa disputa pelo poder humano, por cargos e posições em igrejas ou convenções de modo tão agressivo que causa escândalo aos mais simples. Diz a Palavra:
Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa e que não haja entre vós dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentido e em um mesmo parecer. (1Co 1.10)
A paz como fruto do Espírito é indispensável para que o crente seja exemplo para o mundo. Imaginemos o que tem ocorrido em convenções de ministros por esse Brasil. Às vezes, por falta de amor e por falta de paz, há tantas pelejas e tantas dissensões que obreiros mais novos sentem-se escandalizados, imaginando estarem em reunião de disputas de partidos ou de sindicatos. Que Deus nos ajude a ser exemplos dos fiéis em tudo (1 Tm 4.12).
Longanimidade
Como fruto do Espírito, longanimidade (gr. makrothumia) é a paciência para suportar as ofensas e os defeitos dos outros. Pode também ser perseverança e disposição para evitar a ira e o desespero (Ef 4.2; 2Tm 3.10; Hb 12.1). Com a longanimidade, o crente demonstra compreensão com os que erram, mesmo não concordando com as suas faltas. Deus é longânimo. Criticando a impenitência dos judeus, Paulo disse: “Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência, e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?” (Rm 2.4; 9.22).
Pedro ressalta a longanimidade de Deus: “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se” (2 Pe 3.9).
A longanimidade é uma qualidade necessária a todos os salvos, mas principalmente àqueles que são líderes na igreja do Senhor.
Paulo exorta os obreiros a serem exemplo na longanimidade (2Co 6.6). Sem essa virtude, muitos homens de Deus sofrem terríveis desgastes nos seus ministérios, por não terem paciência com os fracos, com os trabalhosos, com os errados, com os que não têm condições espirituais para atenderem às expectativas da liderança.
Nos dias presentes, há obreiros que não têm condições de suportar os desafios impostos por comportamentos muitas vezes estranhos, que contrariam normas ou regras estabelecidas no passado. Não nos referimos a ter longanimidade com o pecado, mas, sim, a termos compreensão com os que erram. Deus tem longanimidade para conosco, e isso é resultado do seu amor. Nós, obreiros, também precisamos ser pacientes com todos. Diz a Bíblia:
Rogamos-vos também, irmãos, que admoesteis os desordeiros, consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos e sejais pacientes para com todos” (1 Ts 5.14).
Benignidade
É a qualidade daquele que é benigno, bondoso, complacente, indulgente e perdoador. É qualidade indispensável para lidar com a natureza humana, que é sempre imprevisível e sujeita à maldade.
Um servo de Deus, sobretudo um obreiro, jamais deve esquecer-se de ser benigno. A benignidade (gr. chrestotes) constitui-se um dever cristão, além de ser fruto da sua espiritualidade. Exortando os efésios, Paulo alinhou diversos comportamentos que deveriam ser excluídos da vida cristã, tais como a mentira, a ira, o roubo, a amargura, a cólera, a gritaria, a blasfêmia, e concluiu: “Antes, sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (ver Ef 4.25-32).
Temos um exemplo extraordinário de benignidade no Novo Testamento. Jesus contou a parábola do bom samaritano (Lc 10.25-35). O sacerdote e o levita passaram de largo, vendo o homem caído, ferido, quase à morte, à beira do caminho, mas o samaritano, que era estrangeiro, parou, interessou-se pelo ferido, desceu da sua cavalgadura, cuidou dos ferimentos do homem, transportou-o com cuidado a uma estalagem e despendeu recursos com a sua recuperação. Ele foi benigno. Deus quer que os seus servos sejam benignos, principalmente os que lideram a sua obra.
Bondade
É a qualidade daquele que é bom. Bondade (gr. agathosune) é um aspecto do fruto do Espírito necessário a todos os cristãos. Aos crentes em geral, torna-se qualidade que deve permear todas as suas atitudes. Paulo, falando aos efésios sobre o “fruto do Espírito”, disse: “porque o fruto do Espírito está em toda bondade, e justiça, e verdade” (Ef 5.9 – grifo acrescentado). Um obreiro, assim como todo o que é de Deus, tem o dever de ser bom para ser aprovado por Deus. Diz o salmista: “Os passos de um homem bom são confirmados pelo Senhor, e ele deleita-se no seu caminho” (Sl 37.23).
O homem bom é bom com a sua família, no seu casamento, com os seus filhos, com os membros e congregados, com as crianças, com os jovens e adolescentes, com todos na igreja, tanto fora dela como em toda parte. É um homem de bem. É “um santo homem de Deus” (2Rs 4.9): “Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca. O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro […]” (Mt 12.34b,35a). Essas “boas coisas” podem ser boas palavras, boas mensagens, bons conselhos, boas orientações.
Fé
Fé, no léxico, é sinônimo de confiança, de crença, em alguém ou em alguma coisa. Como fruto do Espírito, é muito mais do que isso. É confiança absoluta em Deus. É a fé de que fala o escritor aos hebreus quando diz: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (Hb 11.1). Essa fé (gr. pistis) não é a fé natural. Ela é potencializada pelo Espírito Santo no coração daqueles que creem em Deus conforme as escrituras (Jo 7.38). Sem a fé, ninguém agrada a Deus (Hb 11.6), pois a fé confirma a salvação dos crentes (At 16.5); a fé santifica (At 26.18); a fé justifica (Rm 3.28); vive-se pela fé (Rm 1.17); a fé protege o crente (Ef 6.16).
Outras características da fé poderiam ser indicadas. Quando cultivada como fruto do Espírito, todas as características da fé são incrementadas; todos os seus aspectos são destacados; todas as suas potencialidades são aumentadas. O Espírito Santo faz a fé nascer, crescer e ser usada como poderoso instrumento a serviço do Reino. A fé, ativada pelo Espírito Santo, é um elemento poderoso para dar vitória contra o mundo (1 Jo 5.4). Um obreiro sem fé é um obreiro derrotado. Quando o obreiro tem fé, é um vencedor.
Mansidão
É sinônimo de “brandura de gênio ou índole”. Mansidão (gr. prautes) é qualidade daquele que é manso. Dependendo do temperamento, há pessoas que têm dificuldade em ser mansas. Os chamados “sanguíneos” e os “coléricos” têm uma tendência a serem ríspidos, grosseiros, agressivos no relacionamento com os outros. Um cristão não pode deixar-se levar por essa faceta do temperamento. Mansidão, como fruto do Espírito, pode ser conseguida ao longo dos anos no relacionamento com Cristo. Ele é Mestre por excelência em mansidão. Pedro, que era “sanguíneo”, quando viu a turba cercando Jesus, sacou a espada e fez a orelha de Malco cair no chão num golpe certeiro. Ele não era nada manso.
Porém, para espanto de Pedro e de todos os que ali estavam, Jesus calmamente tomou a orelha do homem e imediatamente a repôs no seu lugar. E, numa lição magistral de mansidão, amor, humildade e de poder, também disse: “[…] Mete a tua espada na bainha; não beberei eu o cálice que o Pai me deu?” (Jo 18.11). Foi na cruz que Jesus demonstrou a sua mansidão sem medida quando esteve ante aos olhares perplexos da multidão e dos seus discípulos. Ele poderia ter pedido fogo do céu sobre os seus algozes, mas exclamou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34).
Não é fácil termos condições emocionais para suportarmos uma agressão; todavia, quando o crente tem o fruto do Espírito da mansidão, é capaz até mesmo de dar a outra face ao inimigo (Lc 6.29). Só sendo grandemente forte na graça de Deus é que se é capaz de cumprir esse ensino do Mestre. Poucos obreiros podem fazer isso. É comum usarmos a autoridade ministerial para revidarmos qualquer desfeita. Peçamos a Deus que nos ensine a desenvolver o fruto da mansidão em nossas vidas e em nossos ministérios.
Temperança
Quer dizer autocontrole, domínio próprio. Temperança (gr. egkrateia) é qualidade elevadíssima no relacionamento com os outros, com situações e fatos diversos na vida de um crente em Jesus. É qualidade de quem é moderado, sobretudo de quem modera apetites ou paixões. A temperança fecha a lista de aspectos ou virtudes do fruto do Espírito. Tanto o homem quanto a mulher de Deus devem demonstrar esse precioso fruto no seu dia a dia. Ele fala de equilíbrio no espírito, na alma e nas emoções. O crente guiado pelo Espírito Santo tem equilíbrio nas atitudes. A Bíblia exorta a que o bispo, ou o pastor, seja temperante (Tt 1.8). A fé do crente deve ter a virtude da temperança (2 Pe 1.6). Os obreiros do Senhor precisam ter temperança em tudo: nos hábitos, nos usos, nos costumes, na oração, na santidade e em tudo na vida.
Parece tão simples, mas há muitos crentes obesos, doentes e estressados, porque não têm a temperança na alimentação; outros se tornam radicais por agirem sem temperança no trato com os problemas da igreja sob a sua responsabilidade. A Bíblia orienta que o fruto da temperança é desejável e indispensável para que o obreiro não se desvie “nem para a direita nem para a esquerda”, conduza-se com prudência, no equilíbrio e no bom senso, obedecendo à Palavra de Deus (Js 1.7). Que o Senhor nos ajude e nos ensine pelo seu Espírito Santo a nos conduzir com temperança.
Os dons não são dados a todos os crentes, mas o fruto do Espírito é produzido e cultivado no coração de todos os que são cheios do Espírito Santo. A conclusão de Paulo sobre o fruto do Espírito é impressionante. Ele afirma incisiva e categoricamente: “Contra essas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gl 5.23-25).
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Paulo continua a contrastar “o fruto do Espírito” com as obras da natureza pecaminosa. Assim como a natureza pecaminosa se manifesta de diferentes modos, o fruto do Espírito tem uma variedade de expressões. O termo “fruto” (karpos) está no singular e mostra a unidade essencial do fruto do Espírito. Em outras palavras, o crente cheio do Espírito deve demonstrar todas as características do Espírito, não apenas esta ou aquela virtude.
Pelo fato de toda a lei ser cumprida em amor (5.14), ágape aparece em primeiro lugar na lista. Este é o amor de Deus capacitado pelo Espírito, que infalivelmente busca o bem-estar dos outros (1Co 13). Neste sentido o “amor” ou “caridade” é a fonte de todas as graças do Espírito (Eadie, 1977, 422 a seguir).
A “alegria” ou “gozo” (chara) não tem nada a ver com aquela emoção alegre passageira, tão comum ao mundo. Antes, é aquele conhecimento arraigado de que somos salvos no presente, ainda que a nossa redenção plena resida no futuro (1 Jo 3-2). Os poderes do tempo por vir estão continuamente nos transformando na imagem de Cristo (Rm 8.29). Portanto, independentemente das circunstâncias pessoais, o crente experimenta uma confiança festiva de que seu destino está em Deus.
Esta experiência de alegria conduz à “paz” (fiirene). “Paz” não se refere a alguma trégua frágil entre partes hostis. A paz de Deus não é dependente do panorama variável de um mundo caído. Antes, Paulo está falando de paz com Deus e da paz que vem de Deus (Rm 5.1; 15.13, 33). É aquela paz divina que transcende a todo entendimento humano, e que concede o pleno conhecimento de que tudo está bem com a minha alma (Fp 4.7). Em resumo, Paulo fala da paz de Deus que nasce da justiça e concede alegria no Espírito Santo. Diferentemente das obras da natureza pecadora, este é o reino de Deus (Rm 14.17).
“Paciência” (makrothumia) fala daquele poder de recuperação do Espírito que se recusa a atacar quando é provocado ou maliciosamente usado (cf. Ef. 4.2). Paulo usa este termo para descrever como Deus pacientemente suportou os vasos de ira (Rm 9.22). Seu significado é semelhante a “longanimidade” (hypomone), que pode ser literalmente traduzido como “resistir sob uma carga pesada”. Mesmo quando sujeito a pressão contínua, o crente cheio do Espírito não recorre aos “acessos de ira” (veja Gl 5.20).
“Generosidade” ou “Benignidade” (chrestotes) é aquela sensibilidade para a estrutura mental, espiritual e emocional dos outros, uma qualidade que pode discernir o “limite de carga” de um indivíduo (Sl 103.14).
“Bondade” (agathosyne) é aquele compromisso firme para o benefício dos outros. Este é o verdadeiro espírito da lei quando está livre do pecado e da carne. Reflete o caráter de seu Criador e deste modo é santo, justo e bom (Rm7.12). Semelhantemente, o crente cheio do Espírito cumpre a lei evidenciando a bondade de Deus (Rm 3.21).
Como Paulo está se dirigindo àqueles que já foram cheios com o Espírito, pistis (normalmente traduzida como “fé”) significa “fidelidade”. Denota o oposto de cinismo.
“Mansidão” (prautes, traduzida como “brandura” na KJV) é o oposto da atitude arrogante tão frequentemente confundida com autoconfiança. A mansidão é o oposto de um espírito precipitado e teimoso que frequentemente é rude com os sentimentos dos outros.
“Domínio próprio” ou “temperança” (egkrateia) é relacionada à palavra kratos, que se refere ao grande poder de Deus. É um tipo de poder espiritual que domina todos os impulsos carnais (1Co 9-27).
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 1182
A apresentação da palavra “fruto”, por Paulo, está cheia de significado. Com ela, Paulo queria transmitir o significado de uma colheita cheia de virtudes. O fruto é um subproduto; leva tempo para crescer e requer cuidado e cultivo. O Espírito produz o fruto; a nossa função é entrar em sintonia com o Espírito. Os crentes exibem o fruto do Espírito, não porque eles trabalham nele, mas simplesmente porque o Espírito controla as suas vidas.
O fruto do Espírito separa os cristãos do mundo mau e sem Deus, revela o seu poder dentro deles, e os ajuda a serem mais parecidos com Cristo na sua vida cotidiana. Em contraste com a lista que se segue, Paulo não descreveu estas características como sendo óbvias. As primeiras residem em nós; as outras vêm como resultado da presença do Espírito.
Mais uma vez, as características classificam-se em categorias. As três primeiras são interiores e só podem vir de Deus:
- Caridade (ou amor) – este é o amor como demonstrado por Jesus, que é auto sacrificial e imutável, e como demonstrado por Deus, que enviou seu Filho para morrer pelos pecadores (Rm 5.5). O amor forma a base para todas as demais características do fruto aqui listadas. Em outra passagem, Paulo subdivide o amor em vários componentes (veja 1 Co 13), para que o “amor” (ou caridade) passe a ter pouca semelhança com o significado emocional tão frequentemente atribuído à palavra.
- Gozo – uma alegria interior que persiste apesar das circunstâncias externas. Esta característica tem pouco a ver com felicidade e pode existir em tempos de infelicidade. É uma satisfação profunda e saudável que continua mesmo quando uma situação na vida parece vazia e insatisfatória. O relacionamento com Deus, por meio de Cristo, preserva-se mesmo nos desertos e vales da vida.
- Paz – uma tranquilidade interior e uma fé na soberania e na justiça de Deus, mesmo face a circunstâncias adversas. É um profundo concordar com a verdade de que Deus, e não nós, é quem está a cargo do universo.
As três seguintes dizem respeito ao relacionamento de cada crente com os demais:
- Longanimidade (ou paciência, de acordo com a versão NTLH) – suportar pacientemente as pessoas que nos irritam continuamente. A obra do Espírito Santo em nós aumenta a nossa tolerância.
- Benignidade – agir com delicadeza, com benevolência com relação aos outros, como Deus fez conosco. A benignidade toma a iniciativa de responder às necessidades das outras pessoas.
- Bondade — estender a mão para fazer o bem aos outros, mesmo que eles não o mereçam. A bondade não reage ao mal, mas absorve a ofensa e reage com ações positivas.
As três últimas apresentam traços mais gerais de caráter, que deveriam guiar a vida de todo crente:
- Fé (ou fidelidade, de acordo com a versão RA) – a pessoa que é confiável, digna de confiança.
- Mansidão – a pessoa é humilde, considera os demais, sujeita-se a Deus e à sua Palavra. Mesmo quando a ira é a resposta adequada, como quando Jesus limpou o Templo, a mansidão conserva a expressão da ira orientada na direção correta. A mansidão aplica até mesmo a força na direção correta.
- Temperança (ou domínio próprio, de acordo com a versão RA) – o domínio sobre os desejos humanos pecaminosos e a sua falta de controle. Ironicamente, os nossos desejos pecaminosos, que prometem auto realização e poder, inevitavelmente nos levam à escravidão.
Quando nos rendemos ao Espírito Santo, inicialmente sentimos como se tivéssemos perdido o controle, mas Ele nos leva a exercer o autocontrole que seria impossível somente com as nossas próprias forças.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 297-298.
3- Contra o Fruto do Espírito, não há lei.
A conclusão de Paulo sobre o fruto do Espírito é impressionante. Ele afirma de modo incisivo e categórico: “Contra essas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.
Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito” (Gl 5.23-25). Que Deus nos ajude a cultivar o Fruto do Espírito em nossas vidas. Os dons espirituais só têm valor se forem acompanhados do fruto do Espírito. Issa e viver na plenitude do Espírito, tendo uma vida verdadeiramente avivada.
COMENTÁRIO
A frase “contra essas coisas não há lei” resume os pensamentos de Paulo com relação ao fruto do Espírito (5.23). O Espírito e a lei são duas categorias totalmente diferentes. A lei não pode mandar no fruto do Espírito, nem pode facilitar a aplicação prática deste. A esterilidade da lei não tem nada a acrescentar à frutificação do Espírito.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 1182
Deus deu a lei para tornar as pessoas conscientes dos seus pecados e restringir o mal. Mas ninguém faria uma lei contra as características deste fruto (virtudes), pois elas não são nem pecaminosas nem más. Na verdade, uma sociedade onde todas as pessoas agissem assim precisaria de poucas leis.
Como Deus, que enviou a lei, também enviou o Espírito, os subprodutos da vida cheia do Espírito harmonizam-se perfeitamente com o objetivo da lei de Deus. Uma pessoa que exibe o fruto do Espírito satisfaz a lei muito melhor do que uma pessoa que mantém os rituais mas tem pouco amor no seu coração.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 298.
«…Contra estas cousas não há lei… » As leis são baixadas a fim de entravarem e eliminarem o mal; mas as virtudes dignas, como aquelas aqui alistadas, não são proibidas nem pela lei de Deus e nem pelas leis dos homens. Pelo contrário, as autoridades e as leis louvam o indivíduo agraciado por essas virtudes. A lei de Deus exige tais virtudes, longe de mostrar-se contra elas. No entanto, elas nos são oferecidas e implantadas, dentro do sistema da graça divina, através da fé, vitalizada pelo amor.
A lei de Deus, pois, mostra-se em favor do virtuoso, e não contra ele; mas a lei de Deus não tem o poder de produzir essas virtudes no indivíduo. O «conhecimento» dessas virtudes não está fora do alcance da lei; mas o «perfazê-las» na experiência real, transcende ao poder do princípio legal. O apóstolo dos gentios já havia demonstrado que isso é uma verdade; e parece que isso faz parte do significado dessa expressão, ou, pelo menos, parece que isso fica subentendido. O que é produzido pelo Espírito de Deus, dentro do sistema da graça divina, jamais poderia ser condenado pela lei dê Deus.
Pelo contrário, tal fruto será sempre elogiado pela lei, ordenado por ela. Os elementos tendentes para o legalismo, pois, que realmente se interessem pela santidade, deveriam submeter-se àquilo que é elogiado pela lei.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 4. pag. 511-512.
SINOPSE III
O uso dos dons espirituais e o Fruto do Espírito são práticas indissociáveis.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
VIVENDO NO ESPÍRITO: A MENSAGEM DE PAULO.
“A mensagem de Paulo é clara. Os crentes cheios do Espírito se separaram completamente do pecado, do mundo e da carne. Mas as perguntas ainda permanecem. Em que sentido nós fomos crucificados? Como está crucificação acontece? E que papel representamos na experiência da crucificação? Em resposta, note que a nossa crucificação está sempre relacionada à cruz de Cristo.
Nós não nos crucificamos a nós mesmos, mas em um sentido passivo fomos crucificados ‘com Cristo’. Deste modo a morte de Cristo na cruz serve como o único fundamento para todas as outras crucificações no corpo de Cristo. Pela fé podemos participar da morte, sepultamento e ressurreição de Cristo (Rm 6.1-6). Em resumo, a partir da perspectiva de Deus, as experiências de Cristo se tornaram as nossas experiências.
Não obstante, como crentes temos um papel ativo na crucificação da carne (Gl 5.24). Os efésios são ordenados a despojarem-se do velho homem e revestir-se do novo homem (Ef 4.22-24). Os romanos são exortados a pararem de oferecer seus membros como instrumentos de iniquidade (Rm 6.13). Não devem viver de acordo com a natureza pecadora, mas de acordo com o Espírito (8.1,4).
Os coríntios são desafiados a limparem-se de toda contaminação do corpo e do espírito (2 Co 7.1). Embora Cristo seja a nossa santidade (1 Co 1.30) os crentes recebem a ordem de viver a santidade na vida diária (Rm 12.1; 1 Co 3.16,17; 6.19,20)” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds). Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento: Romanos-Apocalipse. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 379).
CONCLUSÃO
Crentes avivados são beneficiados com grandes bênçãos da parte de Deus, pois eles andam em Espírito, e não andam conforme as concupiscências da carne (Gl 5.16). Além dos dons espirituais, eles têm o Fruto do Espírito: “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gl 5.22).
Por isso, Deus concede bênçãos em abundância sobre os crentes que andam e vivem no Espírito: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos Lugares celestiais em Cristo” (Ef 1.3).
REVISANDO O CONTEÚDO
1- Qual o sentido do verbo “andar” na Bíblia?
Na Bíblia, o verbo andar tem o sentido figurado de viver, experiência, praticar e conduzir na vida espiritual.
2- De que a natureza carnal é alimentada?
A natureza carnal, herdada de Adão, é alimentada pela concupiscência da carne.
3- Segundo os termos bíblicos, o que é “carne”?
Em termos bíblicos, do grego sarx, “a carne” é a natureza decaída do homem, cuja inclinação é a prática do que não agrada a Deus.
4- O que são as características essenciais para a vida e o caráter cristão?
Dons e fruto do Espírito são características essenciais para vida e caráter cristão.
5- O que quer dizer “temperança”?
Temperança (gr. egkrateia) quer dizer autocontrole, domínio próprio, e qualidade elevadíssima no relacionamento com os outros, com situações e fatos diversos na vida (Tt 1.8; 2 Pe 1.6).
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Descrição
O currículo de Escola Dominical CPAD é um aprendizado que acompanha toda a família. A cada trimestre, um reforço espiritual para aqueles que desejam edificar suas vidas na Palavra de Deus.
Neste 1º trimestre de 2023, estudaremos:
Tema: Aviva a Tua Obra
O Chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus
Comentarista: Elinaldo Renovato
1- O Avivamento Espiritual
2- O Avivamento no Antigo Testamento
3- O Avivamento no Novo Testamento
4- O Ministério Avivado de Jesus
5- O Avivamento na Vida da Igreja
6- O Avivamento no Ministério de Pedro
7- Estêvão – Um Mártir Avivado
8- O Avivamento Espiritual no Mundo
9- O Avivamento Pentecostal no Brasil
10- O Avivamento na Vida Pessoal
11- O Avivamento e a Missão da Igreja
12- Vivendo no Espírito
13- Aviva, Ó Senhor, a tua Obra
Características
ISBN | 1678-6823 |
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Altura | 21 |
Largura | 13,5 |
Acabamento | Grampeado |
Periodicidade | Trimestral |
Faixa Etária | Adultos |
Tipo | Escola Dominical |
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“Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos dará; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”. (Lucas 6:38)
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