TEXTO ÁUREO “Mas ele, estando cheio do Espírito Santo […] disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem que está em pé à mão direit...
TEXTO ÁUREO
“Mas ele, estando cheio do Espírito Santo […] disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem que está em pé à mão direita de Deus.” (At 7.55,56)
VERDADE PRÁTICA
Por intermédio da graça de Deus o cristão pode ser fiel a Cristo até a morte e contemplar a sua glória.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – Mt 16.18 As portas do Inferno não prevalecerão
Terça – Is 43.13 A vontade de Deus não pode ser impedida
Quarta – Mc 16.17,18 Sinais de avivamento na Igreja de Cristo
Quinta – Mt 10.16-20 Enviados aos lobos sob o poder do Espírito Santo
Sexta – Sl 116.15 A morte dos santos é preciosa a vista do Senhor
Sábado – Ap 14.13 Os que morrem em Cristo são bem-aventurados
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 6.8-10; 7.54-60
Atos 6
8- E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.
9- E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos Libertos, e dos cireneus, dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão.
10- E não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava.
Atos 7
54- E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele.
55- Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus
56- e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé a mão direita de Deus.
57- Mas eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele.
58- E, expulsando-o da cidade, o apedrejaram. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo.
59- E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito.
60- E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu.
Hinos Sugeridos: 84, 171, 330 da Harpa Cristã
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PLANO DE AULA
1- INTRODUÇÃO
Professor (a), nesta lição veremos, através do exemplo do Estevão, que uma das marcas do crente cheio do Espírito Santo é sua fidelidade a Jesus. Estevão foi o primeiro cristão que sofreu martírio. Até hoje milhares de cristãos sofrem algum tipo de oposição, hostilidade ou violência por declararem sua fé em Jesus.
A lista mundial de perseguição, publicada em 2022, apontou que mais de 360 milhões de cristãos ainda são perseguidos, isto é, eles têm direitos negados, sofrem violências (verbais e físicas), perdem propriedades, suas famílias são ameaçadas e/ou perdem a vida. Tais perseguições são feitas, às vezes, por grupos civis, em outros momentos por autoridades religiosas e ainda por forças militares ou governamentais. Entretanto, assim como Estevão, milhares de cristãos não desistem da sua fé em Jesus e se mantêm fiéis porque são fortalecidos pelo Senhor.
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Apresentar a vida de Estevão, destacando seu testemunho pessoal;
II) Mostrar que o crente deve permanecer fiel a Jesus diante da perseguição e da morte;
III) Conscientizar de que cada crente precisa do poder do Espírito Santo para se fortalecer e permanecer na fé em Cristo.
B) Motivação: O enfraquecimento da fé, geralmente, é antecedido pelo esfriamento espiritual. Por isso, a busca constante do Espírito Santo é essencial para o crente se fortalecer no Senhor. Em Estevão, vemos um grande exemplo de fidelidade a Deus. Ele se manteve firme na fé em Cristo, mesmo diante do risco de morte. Tal fidelidade foi gerada no poder do Espírito Santo.
C) Sugestão de Método: Inicie a aula com uma oração. Pergunte para a sua classe se alguém já passou pela experiência de ser criticado por ser cristão. Peça para que alguns alunos compartilhem suas experiências pessoais. Em seguida, destaque que nesta lição vamos estudar o primeiro martírio cristão. Em seguida, utilize as informações disponíveis no primeiro auxílio para apresentar à turma o perfil de Estevão. Ele foi muito atuante na Igreja Primitiva.
3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Mostre aos seus alunos que o Espírito Santo é fundamental na caminhada cristã. Por isso, cada crente deve buscar encher-se do Espírito, conforme a ordenança bíblica. Destaque também que manter a fidelidade a Cristo em momentos de tribulação e angústia é essencial. Assim como Estevão, todo crente fiel verá a Cristo, um dia, face a face.
4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio a Lições Bíblicas Adultos. Na edição 92, p.39, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula:
1) Para auxiliar na introdução e no desenvolvimento do primeiro tópico, o texto “Quem foi Estevão” mostra uma visão panorâmica da vida e da atividade ministerial desse cristão;
2) Para aprofundar o segundo tópico, o texto “O martírio de Estevão” traz uma reflexão teológica sobre o momento da morte do primeiro cristão que perdeu sua vida por causa da sua fé em Cristo. O texto destaca o significado da visão e do comportamento de Estevão.
INTRODUÇÃO COMENTÁRIOS
O assunto desta lição é o martírio de Estêvão, um avivado herói da fé. Como um dos sete homens que integraram o primeiro corpo de diáconos da igreja antiga, Estêvão era “cheio de fé e de poder”, “fazia prodígios e grandes sinais entre o povo” (At 6.8). Devido à sua atuação como autêntico evangelista, na unção do Espírito Santo, causou inveja aos adversários do Evangelho. O livro de Atos revela o martírio de Estêvão por causa de sua perseverança ao Evangelho. Nesse sentido, veremos que ele foi um servo fiel até à morte e receberá a coroa da vida (Ap 2.10).
COMENTÁRIOS
Igreja de Jesus nasceu, cresceu e desenvolveu-se debaixo de perseguições das mais diversas. Todos os sistemas religiosos, institucionais e políticos foram usados para destruí-la desde o seu nascedouro. Quando Jesus nasceu, o Diabo procurou eliminá-lo ainda na sua infância. Herodes, o famigerado rei, representando o Império Romano, ao saber pelos magos que nascera “o Rei dos judeus”, sentiu-se ameaçado e procurou eliminar o menino Jesus, mas Deus livrou-o das mãos do sanguinário monarca. Ao longo do ministério de Jesus, a perseguição sempre se fez presente.
De uma forma ou de outra, os líderes do judaísmo, sentindo-se ameaçados no seu prestígio e por inveja, procuraram ocasião para matá-lo. Por fim, traído por Judas Iscariotes, Jesus foi entregue nas mãos dos que queriam a sua morte. Ele foi preso, julgado injustamente e levado ao patíbulo da Cruz, só que a alegria dos inimigos de Cristo durou pouco. Três dias depois de sepultado, conforme Ele próprio dissera, ressuscitou, glorioso e triunfante, vencedor da morte, do Diabo, do pecado, do mundo e de todos os poderes das trevas.
Cumprida a sua missão divina, Jesus voltou ao seu lugar, à destra de Deus, nos céus.
Se não fosse o avivamento, resultante do Pentecostes, como dissemos noutro texto, a Igreja não teria sobrevivido. Seria apenas uma lembrança de uma religião que teria fracassado. Desde que Jesus subiu aos céus, a sua Igreja passou a sofrer perseguição. As “portas do inferno” valeram-se da religião para perseguir os seguidores do Nazareno. O judaísmo levantou as suas forças contra os primeiros cristãos. Após a descida do Espírito Santo (At 2), a perseguição teve início quando Pedro e João, usados por Deus, no nome de Jesus, curaram um coxo de nascença que ficava “à porta do templo, chamada Formosa” (At 3.2).
Não demorou muito quando, diante do povo já atônito por conta do milagre operado diante do santuário judaico, adentraram ao recinto os sacerdotes com o apoio do capitão do Templo e dos saduceus, que lançaram os apóstolos na prisão sem acusação formal ou mandado judicial (At 4.3). Como resultado: “Muitos, porém, dos que ouviram a palavra creram, e chegou o número desses homens a quase cinco mil” (At 4.4).
O crescimento rápido da igreja impressionou os poderosos do judaísmo. Eram doze os que andavam com Jesus; no Pentecostes, no Cenáculo, reuniram-se cento e vinte; com a pregação de Pedro, mais de três mil converteram-se a Cristo. Depois da cura do coxo, foi grande o alvoroço entre os inimigos do evangelho de Cristo. Os apóstolos foram presos, libertos, e o número dos cristãos chegou “a quase cinco mil” (4.4). A igreja continuou crescendo de maneira impressionante. E a perseguição intensificava-se: “E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé” (6.7).
O crescimento não se dava apenas entre as pessoas de classe pobre e sem cultura, mas até entre os sacerdotes judaicos. Isso incomodava e revoltava a liderança religiosa e política da época.
O diácono Estêvão foi usado por Deus de forma poderosa; pelo seu ministério, o Senhor Deus “fazia prodígios e grandes sinais” (6.8). Na visão dos inimigos de Cristo, a sua obra precisava ser detida. A igreja não deveria continuar crescendo, mas Deus não pode ser impedido por ninguém. Está escrito: “Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; operando eu, quem impedirá?” (Is 43.13). Neste capítulo, meditemos sobre o papel de Estêvão, a sua prisão e o seu discurso eloquente, cheio da unção de Deus e, por fim, a sua morte, glorificando a Cristo.
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Antes e Depois de Estêvão
Antes de Deus levantar Estêvão como pregador e apologista do evangelho, a Igreja estava confinada a Jerusalém, apesar de a ordem de Jesus para os apóstolos ter sido: “recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). Contudo, após o aparecimento e — especialmente — o desaparecimento de Estêvão, o evangelho passou a ser propagado por toda parte (8.1-4).
Estêvão, aliás, foi o primeiro não apóstolo a realizar milagres publicamente, visto que, até então, somente os apóstolos haviam sido usados por Deus para fazer maravilhas e sinais (cf. At 2.43; 3.4-8; 5.12). É bem possível que ele já tivesse realizado prodígios no meio do povo e que isso tenha sido uma das razões pelas quais ele foi eleito.
No pensamento dos apóstolos, com a eleição dos servidores da mesa, o ministério da Palavra ficaria reservado exclusivamente a eles. Deus, no entanto, quis que o diácono Estêvão proclamasse a Palavra de modo mais destacado que eles, a ponto de dar testemunho com a sua própria vida! “Na verdade, Estêvão, que não deveria estar pregando de maneira alguma, fez o mais longo sermão de todo o livro de Atos!” (GONZÁLEZ, 2011, p. 120).
Os maiores sermões em Atos, diga-se de passagem, foram o de Estêvão perante o Sinédrio (At 7.2-60) e o de Paulo numa sinagoga em sua primeira viagem missionária (13.16-41). Ao lermos o quinto livro do Novo Testamento, a impressão que fica é que esse diácono-apologista foi o precursor de Paulo. “Parece que Estêvão foi o primeiro membro da igreja a ter a visão do evangelho para o mundo inteiro, e esse ideal levou-o ao martírio” (HURLBUT, p. 28). Todavia, foi o apóstolo Paulo, outrora perseguidor dos cristãos, quem realizou essa importante obra.
Zibordi., Ciro Sanches,. Estevão O Primeiro Apologista do Evangelho. Editora CPAD. 1 Ed. 2018.
I – O TESTEMUNHO DE ESTÊVÃO
1 Estêvão usado por Deus.
O nome de Estevão aparece pela primeira vez na escolha dos diáconos em Atos (63,5). Claramente, o evangelista Lucas faz uma menção de destaque ao dizer que 0 primeiro mártir era um “homem cheio de fé e do Espírito Santo” (At 6.5).
No versículo 8, tomamos conhecimento de outras características de Estêvão: “cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo” (At 6.8). Essa reputação causou inveja e grande oposição dos adversários da igreja: “Levantaram-se alguns da sinagoga chamados de libertinos dos cireneus, dos alexandrinos, dos que eram da Cilícia, da Ásia, e disputavam com Estêvão” (At 6.9). Nos dias de hoje, oremos para Deus levantar crentes como Estêvão, cheios de fé e de sabedoria.
COMENTÁRIOS
Estêvão destaca-se entre os diáconos
Na escolha dos diáconos, o nome de Estêvão aparece pela primeira vez de uma forma bem interessante. Dos sete eleitos pela igreja, todos tinham que ter os requisitos de “boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria” (6.3). Estêvão teve uma menção diferenciada quanto à sua condição espiritual, pois era “homem cheio de fé e do Espírito Santo” (6.5).
Estêvão fazia grandes sinais e prodígios
Estêvão era homem que tinha comunhão com Deus e foi usado para efetuar grandes coisas que glorificavam o nome do Senhor. Diz a Bíblia: “E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo” (6.8). Ele era um pregador que atraía multidões por causa da sua fé em Deus e nas suas promessas de que, ao ser batizado no Espírito Santo, teria poder para realizar o seu ministério, chamado por Deus. Jesus prometeu que os seus discípulos haveriam de receber “a virtude do Espírito Santo” para serem testemunhas em todas as partes, a partir de Jerusalém, “e até aos confins da terra” (1.8).
Homem cheio de fé, Estêvão creu, e Jesus cumpriu a sua promessa aos que creram. Dentre os sinais que demonstrariam a sua fé, estavam: expulsar demônios, falar novas línguas, impor as mãos sobre os enfermos e curá-los (Mc 16.17,18). Ao ser usado por Deus de forma maravilhosa, com sinais evidentes da sua fé e unção, causou inveja e grande oposição dos adversários da igreja.
Levantaram-se contra ele quatro grupos: alguns da sinagoga chamados de libertinos, dos cireneus, dos alexandrinos e “dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com ele”.
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Segredo do Pregador Estêvão
Como se sabe, este livro é o segundo de uma série baseada na vida de sete pregadores neotestamentários, os quais não foram escolhidos aleatoriamente, e sim por causa de um segredo, um elo que os liga. Todos são textualmente mencionados como homens cheios do Espírito Santo: Jesus Cristo (Lc 4.1) e João Batista (1.15); Pedro (At 4.8), Paulo (9.17; 13.9) e Barnabé (11.24); Filipe e Estêvão (6.3,5; 7.55).
A Palavra de Deus afirma que “elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo” (At 6.5). Ele foi escolhido por ter bom testemunho de toda a multidão; porém, a manutenção dessa qualidade tão especial só foi possível mediante a graça de Deus e ajuda permanente do Consolador (Paráclito), que o capacitava e controlava a sua vida.
Se João Batista, como vimos no primeiro livro desta série, é o único personagem bíblico descrito como cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe (Lc 1.15), Estêvão é o pregador que mais vezes recebe o adjetivo “cheio do Espírito” (gr. plereis pneumatos) no Novo Testamento. E ele manteve-se assim até o seu último dia na terra (At 6.3,5; 7.55).
Além disso, Estêvão não foi chamado apenas de cheio do Espírito Santo. De acordo com Atos 6.3-8, ele era um homem cheio de “sabedoria” (gr. sophia), “fé” (gr. pístis), “graça” (gr. cháris) e “poder” (gr. dynamis). Essas quatro qualidades, contudo, decorriam de sua comunhão com o Paráclito e devem ser interpretadas como “manifestações particulares […] que o Espírito concede” (WILLIAMS, 1996, p. 143).
Quando estudamos sobre Estêvão e seus companheiros (At 6–8), aprendemos que os diáconos da Igreja têm de ser mais que meros bons gerentes ou administradores de recursos. Precisam ser “capacitados pelo Espírito na ordem dos discípulos no dia de Pentecostes. Quer dizer, eles devem ter o poder de uma fé que faz milagres” (ARRINGTON, p. 658); mas, sobretudo, devem ser cheios do Espírito Santo.
Zibordi., Ciro Sanches,. Estevão O Primeiro Apologista do Evangelho. Editora CPAD. 1 Ed. 2018.
Se existe uma palavra que caracteriza a vida de Estêvão é cheio. Ele era um homem cheio de Deus. Sua vida não era apenas irrepreensível, mas também plena. Destacamos aqui alguns aspectos dessa plenitude.
Estêvão era cheio do Espírito Santo (6.3,5). Todo homem está cheio de alguma coisa. Está cheio do Espírito ou de si mesmo. Está cheio de Deus ou de pecado.
Estêvão era cheio de fé (6.5). Estêvão fora salvo pela fé, vivia pela fé, vencia o mundo pela fé e era cheio de fé.
Estêvão era cheio de sabedoria (6.3). Sabedoria é mais do que conhecimento; é o uso correto do conhecimento. E olhar para a vida com os olhos de Deus.
Estêvão era cheio de graça (6.8). Havia em Estêvão abundante graça. Sua vida era uma fonte de bênção. Seu coração era generoso, suas mãos eram dadivosas, e sua vida, um vaso transbordante de graça. Estêvão era um homem cheio de doçura.
Estêvão era cheio de poder (6.8). Estêvão era um homem revestido com o poder de Deus para fazer milagres e muitos sinais entre o povo. Ele falava e fazia; pregava e demonstrava. Suas palavras eram irresistíveis, e suas obras, irrefutáveis. Até o momento, Lucas creditara prodígios e sinais apenas a Jesus (2.22) e aos apóstolos (2.43; 5.12); agora, pela primeira vez, diz que outros os realizam (6.8; 8.6).196 Adolf Pohl declara que graça e poder formam uma unidade. De nada adianta graça impotente, e poder sem graça é terrível. Porém, por ser cheio de graça e de poder, Estêvão fez grandes prodígios e sinais entre o povo.
LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pag. 142-143.
2 - Uma covarde oposição.
Os inimigos da Igreja usam de meios escusos, desonestos e malignos contra a fé cristã. Em debate com Estêvão, como eles “não podiam resistir à sabedoria, e ao espírito com que falava”, usaram o suborno para aliciar homens ímpios a fim de acusá-lo com mentiras. Esses adversários levaram “falsas testemunhas” que o acusaram de blasfemar “contra Moisés e contra Deus” (At 6.9-14).
Esses inimigos também usaram de violência contra Estêvão, estimulando a liderança política e religiosa a levarem-no violentamente ao Sinédrio. Apesar disso, algo surpreendeu os acusadores ímpios: “Então, todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo” (At 6.15). Que Deus use o seu povo, de tal forma, que reflita o poder do Espírito Santo!
COMENTÁRIOS
Os inimigos da igreja sempre usam meios escusos e desonestos, com maldade, covardia e ódio contra a fé cristã. Em debate com Estêvão, eles “não podiam resistir à sabedoria, e ao espírito com que falava”.
Não tendo argumentos teológicos, filosóficos, teóricos ou lógicos, ou mesmo fundamentados na Lei de Moisés, os adversários da igreja usaram métodos vergonhosos contra o servo de Deus, como o suborno, ou a propina para aliciar homens ímpios e acusarem-no com mentiras; usaram de violência contra ele, excitando o povo, os anciãos e os escribas, que eram a liderança religiosa da cidade, e arrebataram-no, levaram-no à força e conduziram-no ao conselho, que era o Sinédrio, uma espécie de tribunal religioso, legislativo e judicial, que ficava em Jerusalém.
Era um julgamento absurdo, onde o acusado não tinha direito de apresentar testemunhas ou advogado de defesa, mas aos acusadores levaram “falsas testemunhas” que o acusaram de blasfemar “contra Moisés e contra Deus” (6.9-14). Algo surpreendeu os acusadores ímpios: “Então, todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo” (6.15).
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
O “Pecado” de Estêvão
Fazia parte do dia a dia de Estêvão debater com os rabinos em cada sinagoga.
Perante estes, sua argumentação era irrefutável e irritante, pois seguia o exemplo de seu Mestre. Esse apologista não pregava nem defendia a Lei de Moisés, e sim confrontava os judeus de diferentes nações, apresentando-lhes o evangelho, a mensagem de salvação em Cristo.
Estêvão não apresentaria a sua pregação apologética apenas diante dos membros oficiais do Sinédrio. Centenas de outros defensores ferrenhos do judaísmo, homens que odiavam o Caminho e seu principal defensor, estariam acompanhando esse tão esperado momento. Um deles era o jovem fariseu Saulo, que se acotovelava entre fariseus, ao lado de saduceus, sacerdotes, escribas e uma grande multidão atenta ao que o corajoso diácono tinha para falar.
Pedro e João passaram por situação semelhante à de Estêvão e não foram apedrejados. Perante o Sinédrio, mesmo ameaçados reiteradamente, eles disseram e reafirmaram que Jesus “é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina” (At 4.11). Entretanto, embora não tivessem negado a sua fé, eles não eram apologistas como Estêvão.
Pelo que se infere da leitura de Atos 6.8-15, o diácono-apologista era um hábil debatedor, inflexível quanto ao que defendia. Ele não apenas dizia o que pensava, como também provava bíblica, histórica e filosoficamente que estava certo. Essa conduta irritava extremamente os mestres do judaísmo, que, até então, estavam acostumados com o modus operandi dos apóstolos.
Mesmo não sendo hábeis debatedores como Estêvão, os apóstolos deram motivo para ser perseguidos, pois mantiveram firmemente sua posição ante o Sinédrio em momentos diferentes. Deus, no entanto, não permitiu que eles fossem condenados à morte. Numa dessas ocasiões, os membros do Conselho temeram o povo (At 4.15-17). Noutra, o mestre Gamaliel, “venerado por todo o povo”, interveio em favor dos apóstolos (5.34-42).
Agora, o momento era outro, pois os inimigos de Estêvão “excitaram o povo” (At 6.12), e a complacência do velho Gamaliel não seria suficiente para livrar do apedrejamento um jovem tão ousado e intransigente. Eis aí o grande “pecado” do protomártir da Igreja e de todos os apologistas vocacionados: ainda que sejam respeitosos, polidos, dizem toda a verdade e “disputam” com aqueles que se opõem a eles.
Lucas afirma que “o arrebataram e o levaram ao conselho” (At 6.12). Isso significa que Estêvão não teve tempo de preparar-se especificamente para apresentar sua defesa. Ele foi pego “no laço”, o que nos ensina que devemos estar sempre prontos para pregar o evangelho e defender a nossa fé (2 Tm 2.15; 1 Pe 3.15).
Podemos, por exemplo, estar numa reunião em que o preletor convidado falte ou esteja impossibilitado de falar e, então, sejamos chamados em cima da hora para substituí-lo. Nunca me esqueço do saudoso pregador, ensinador e apologista Valdir Bícego, “arrebatado” deste mundo no auge de sua carreira ministerial, assim como Estêvão. Ele sempre dizia na sua igreja, a Assembleia de Deus da Lapa, em São Paulo: “No dia em que eu não tiver uma mensagem de Deus para pregar, não subo neste púlpito”.
Estêvão, então, foi posto pelos revoltosos diante do Sinédrio, já reunido no Templo por alguma razão, e “todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo” (At 6.15).
Ele tinha de responder a duas acusações de blasfêmia: uma contra o próprio Templo (suposta afirmação de que Jesus iria destruí-lo); e outra contra a Lei (pretensa declaração de que o Senhor destruiria o legado de Moisés).
Zibordi., Ciro Sanches,. Estevão O Primeiro Apologista do Evangelho. Editora CPAD. 1 Ed. 2018.
[…] suas obras eram irrefutáveis (6.8,9).
Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Levantaram-se, porém, alguns dos que eram da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus, dos alexandrinos e dos da Cilicia e Asia, e discutiam com Estêvão. Para David Stern, aqueles que possuem histórico cultural e social semelhante, em geral, preferem adorar juntos. Os escravos libertos provavelmente eram judeus de Cirene e de Alexandria, da Cilicia e da província da Ásia, que haviam sido capturados e escravizados pelos romanos. O general Pompeu, que capturou Jerusalém em 63 a.C., fez prisioneiros diversos judeus e os libertou mais tarde em Roma. Entretanto, talvez alguns fossem gentios que se converteram ao judaísmo.
E nesse contexto de oposição que Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Estêvão não tinha apenas uma vida irrepreensível, mas também obras irrefutáveis. Suas obras referendavam sua vida. Falava e fazia. Pregava aos ouvidos e aos olhos.
Ninguém podia contestar sua vida nem negar os milagres que Deus operava por seu intermédio. No entanto, apesar de todas as qualidades extraordinárias de Estêvão, o seu ministério provocou um antagonismo feroz.
Três foram os estágios desse antagonismo: discussão (6.9b, 10); difamação (6.11,12a); e condenação (6.12b— 7.60).
[…] suas palavras eram irresistíveis (6.10-14). Um homem cheio do Espírito, de fé, sabedoria, graça e poder é amado pelo céu e odiado pelo inferno; faz maravilhas entre os homens e ganha a oposição dos inimigos da cruz. Não foi diferente com Estêvão.
Os adversários de Estêvão não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito pelo qual ele falava. Suas palavras eram irresistíveis. Havia virtude de Deus em seus lábios. Então, não podendo suplantá-lo na argumentação, tramaram contra ele, como fizeram com Jesus, e subornaram homens covardes, que o acusaram de blasfêmia. A acusação contra Estêvão foi leviana, mas acabou sendo acolhida pelos membros do Sinédrio. Mário Neves diz que os antagonistas de Estêvão, não podendo vencê-lo pela razão, recorreram à mentira, à calúnia e ao suborno, conseguindo assim amotinar o povo, os anciãos e os escribas.
A acusação contra Estêvão era dupla. Acusavam-no de blasfêmia contra Moisés e contra Deus; contra o templo e contra a lei (6.11). Perante o magno pretório judaico, as testemunhas subornadas pelos líderes religiosos assacaram contra Estêvão pesadas acusações: …Este homem não cessa de falar contra o lugar sagrado e contra a lei (6.13).
William Barclay realça duas coisas especialmente preciosas para os judeus: o templo e a lei. Eles entendiam que só no templo podiam oferecer sacrifícios e só ali podiam adorar verdadeiramente a Deus. A lei jamais poderia ser mudada, mas eles acusavam Estêvão de dizer que o templo desapareceria e a lei nada mais era do que um passo para o evangelho.
Essas acusações eram gravíssimas, uma vez que o templo era o lugar santo, símbolo da presença de Deus entre o povo, e a lei era a revelação da vontade de Deus. Falar contra a casa de Deus e contra a Palavra de Deus era blasfêmia, um pecado sentenciado com a morte. Marshall destaca que foi a mesma preocupação zelosa com o templo, da parte dos judeus da Dispersão, que justificou prisão posterior de Paulo (21.28)
[…] Estêvão não blasfemava contra o templo nem contra a lei. Ao contrário, estava alinhado com a mesma interpretação de Jesus (Jo 2.19; Mc 14.58; 15.29). Porém, a luz da verdade cegou os olhos dos membros do Sinédrio em vez de lhes clarear a mente. A oposição desceu da teologia para a violência. Essa mesma ordem de acontecimentos repetiu-se muitas vezes. No início, há um sério debate teológico.
Quando isso fracassa, as pessoas iniciam uma campanha pessoal de mentiras. Finalmente, recorrem a ações legais ou quase legais numa tentativa de se livrarem do adversário pela força. Em vez de acolher a mensagem da verdade com humildade, o Sinédrio preferiu sentenciar à morte o mensageiro.
LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos.
3 - A fúria dos acusadores.
Após resumir com sabedoria a história de Israel e de sua, apostasia Estêvão mudou o foco do discurso. Confrontou a dureza do coração dos líderes israelitas, dizendo: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim, vós sois como vossos pais” (At 7.51).
Em suma, denunciou as suas traições e homicídio contra Jesus. Assim, diante de tão dura denúncia, os ímpios julgadores se enfureceram contra ele (7-54) Todavia, fiel à sua missão, Estêvão expôs com autoridade o que o Espírito de Deus pusera-lhe no coração.
Depois de dissertar com muita sabedoria sobre a história de Israel e a sua apostasia, Estêvão mudou o foco do discurso. Ele confrontou a dureza de coração dos líderes de Israel ao dizer:
Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim, vós sois como vossos pais. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas; vós que recebestes a lei por ordenação dos anjos e não a guardastes. E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele. (7.51-54)
Em poucos minutos, Estêvão demonstrou o estado espiritual de Israel durante a sua história. Nunca, em nenhum lugar e em tempo algum, um povo foi tão abençoado por Deus. Nascido de Abraão, o patriarca hebreu, constituída como nação escolhida para representar os interesses do Reino de Deus na terra, Israel ouviu da parte de Deus promessas jamais feitas a qualquer povo. Deus tirou aquele povo do Egito e fez sinais e maravilhas jamais vistas por qualquer povo do mundo, começando com a sua retirada da escravidão egípcia com poderosa mão divina, depois com as pragas derramadas sobre aquele povo idólatra, em seguida o livramento na passagem do mar Vermelho, a água tirada da rocha e o manjar dos céus enviado, além de ter dado vitória sobre povos mais fortes e mais poderosos que eles em termos humanos.
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Estêvão confronta com grande vigor os homens que haviam matado a Jesus. A consciência deles ainda está cauterizada. Em vez de demonstrarem arrependimento, rilham os dentes e apanham pedras para cometerem outro crime horrendo. A morte de Estêvão possivelmente não foi um juízo, mas um linchamento, uma vez que o Sinédrio não tinha competência para aplicar a pena capital a ninguém. O que matou Estêvão foi uma explosão de ira cega e incontrolada.
LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pag. 164.
Estêvão apresentou ampla evidência para ressaltar sua denúncia profética dos líderes da nação. No clímax do discurso, ele tocou os ouvintes numa ferida aberta. Em consequência, suas palavras proféticas provocam grande raiva no Sinédrio. Eles foram retratados como pertencentes a uma nação de idólatras e são acusados de serem culpados de crucificar o Messias. As acusações contra eles foram apoiadas por várias Escrituras. Uma explosão de ira irrompe contra Estêvão, e eles rangem os dentes contra ele. Ele apresentou uma grande defesa; mas ainda que o Sinédrio o condene, eles não podem resistir à sabedoria e ao Espírito nos quais Estêvão fala.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 665.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
O DISCURSO DE ESTEVÃO
“O discurso de Estevão diante do Sinédrio e uma defesa da fé propagada por Cristo e pelos apóstolos. Ele é o precursor de todos quantos defendem a fé bíblica contra os que se opõem ao seu ensino ou o distorcem, e é o primeiro que morreu por essa causa. Jesus vindica a ação de Estevão, ficando em pé para honrá-lo diante de seu Pai, no céu.
O amor de Estevão a verdade e sua disposição em dar a vida para salvaguardá-la, contrastam-se nitidamente com aqueles que pouco se interessam por ‘batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos’ (Jd v.3) […]”. Amplie mais o seu conhecimento, lendo a Bíblia de Estudo Pentecostal, editada pela CPAD, p.1643.
SINOPSE I
Estevão manteve-se firme em seu testemunho cristão, mesmo diante da fúria dos seus opositores.
AUXÍLIO PEDAGÓGICO
QUEM FOI ESTEVÃO?
“Pontos fortes e êxitos:
- Foi um dos sete líderes escolhidos para supervisionar a distribuição de alimentos aos necessitados na Igreja Primitiva.
- Foi conhecido por suas qualidades espirituais de fé, sabedoria, graça, poder e pela presença do Espírito em sua vida.
- Foi um líder reconhecido e destacado, um mestre, um debatedor.
- Foi o primeiro a dar a vida pelo evangelho.
Lições de Vida:
- O esforço em busca da excelência em pequenas tarefas prepara as pessoas para responsabilidades maiores.
- A Verdadeira compreensão a respeito de Deus sempre leva a ações práticas e compassivas para as pessoas.
Informações essenciais:
- Ocupação: Diácono (distribuía alimentos aos necessitados).
- Contemporâneos: Paulo, Caifás, Gamaliel e os apóstolos.
Versículos chave: Atos 7.59,60
(Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.1490).
II – A PRECIOSA MORTE DE ESTÊVÃO
1 - Cheio do Espírito Santo.
Após a fúria dos inimigos de Cristo, o caminho do martírio de Estêvão estava traçado. Entretanto, antes de fazê-lo, o primeiro mártir da Igreja teve uma visão da glória de Deus e viu Jesus ao lado do Pai, num momento especial, de tamanho êxtase espiritual, de modo que a morte não o intimidou:
“Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus” (At 7.55). Que visão gloriosa! Uma vida espiritualmente avivada contempla a glória de Deus diante de uma grande tormenta.
COMENTÁRIOS
Para enfrentar a morte sem desesperar, Estêvão mostrou que era um servo de Deus, que tinha íntima comunhão com o Senhor. Antes de ele ser apedrejado, teve uma visão da glória de Deus e viu Jesus ao lado do Pai num momento especial, num êxtase espiritual tão grande que a morte não lhe intimidou. E ele proclamou com graça e paz:
Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus. (At 7.55)
Estêvão só pôde enfrentar as terríveis acusações contra ele, porque era um servo de Deus que orava, certamente jejuava e, depois do Pentecostes, não se limitou a falar línguas estranhas — como acontece com muitos crentes batizados no Espírito Santo. Ele buscou e tornou-se um homem de Deus “cheio do Espírito Santo”.
Antes do Pentecostes, os discípulos já eram salvos e tinham o Espírito Santo com eles, habitando neles (Jo 14.17). Porém, uma vez batizados no Espírito Santo, eles receberam um revestimento de poder que jamais conhecera. No seu discurso, diante do Sinédrio, demonstrou ter esse poder na sua vida.
Jesus já tinha prometido aos seus discípulos que eles haveriam de receber poder ao descer sobre eles o Espírito Santo, e Estêvão também experimentou esse novo estado de relacionamento com Deus. Em nenhum momento, ele demonstrou fraqueza espiritual, emocional ou psicológica diante dos desafios, dificuldades, oposições e afrontas violentas contra a sua pessoa. Ele manteve-se de pé, com altruísmo e coragem. Ser cheio do Espírito Santo faz toda a diferença na vida dos servos e servas de Deus. Jesus assegurou: “Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito da verdade, que procede do Pai, testificará de mim” (Jo 15.26).
O apóstolo Paulo, escrevendo aos Efésios, exortou-lhes que fossem cheios do Espírito:
E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus. (Ef 5.18-21)
Nesse texto, vemos que o crente cheio do Espírito Santo não apenas fala línguas, como também foge de vícios, de contendas e passa a adorar a Deus com novos cânticos espirituais, de coração, e sempre agradece a Ele por tudo “em nome do Senhor Jesus”.
Lição importante para os dias atuais quando, em igrejas evangélicas, o louvor gospel exalta o cantor, a banda ou outro grupo musical. O momento de louvor torna-se um show de técnica e exibição de talentos humanos.
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
O que É Ser Cheio do Espírito?
O termo “cheio do Espírito” refere-se, de modo geral, à vida controlada inteiramente pelo Paráclito. Lucas, porém, também o emprega “para indicar o recebimento do batismo no Espírito Santo (At 1.5; 2.4; 9.17; 11.16); […] indicar que um crente ou crentes, em ocasiões específicas, recebem poder para falar sob o impulso direto do Espírito (4.8; 13.9; Lc 1.41-45,67-69); […] indicar um ministério profético geral sob a inspiração ou a unção do Espírito Santo, sem especificar a duração desse ministério” (STAMPS, p. 1.642).
Tive o privilégio de visitar as Cataratas do Iguaçu, no Paraná, sul do Brasil, algumas vezes. E, sempre que ali estive, lembrei-me da plenitude do Espírito.
Aliás, para mim, nenhuma definição de ser cheio do Espírito que encontrei em comentários bíblicos é melhor que a imagem e o som daquele lugar!
Como disse o Senhor Jesus, “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre” (Jo 7.38).
Muitas vezes, penso se podemos servir a Deus de verdade sem que a nossa vida esteja inundada pela presença gloriosa do Paráclito. Se refletirmos à luz de Efésios 5.18, chegaremos à conclusão de que todos os salvos devem ser cheios do Espírito. “Qualquer coisa menos que isto é só parte do plano de Deus para nossa vida” (GRAHAM, p. 94).
Ser cheio do Espírito Santo não é uma opção entre muitas, e sim uma necessidade imperiosa. O mesmo texto que usamos para condenar a embriaguez tem outro mandamento, que negligenciamos muitas vezes: “enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). Observe que o verbo está no imperativo, assim como na frase: “Não vos embriagueis com vinho”. Entretanto, o que é ser cheio do Espírito? Implica ser completamente dominado, controlado e guiado pelo Paráclito. Assim como uma pessoa cheia de vinho, embriagada, está sob a influência do álcool, o salvo cheio do Espírito está debaixo do seu controle. Com uma diferença: geralmente, a pessoa alcoolizada não sabe o que está fazendo nem se lembra do que fez; já o salvo não perde sua condição de raciocinar normalmente (cf. 1 Co 14.32).
Há diferença entre conservar a plenitude e ser cheio do Espírito Santo? Se compararmos Atos 2.4 com 4.31, chegaremos à conclusão de que o crente cheio do Espírito pode ser cheio novamente, visto que “Deus não dá o Espírito por medida” (Jo 3.34, ARA). Na verdade, os “crentes que conservam a plenitude do Espírito Santo [como no caso de Estêvão] são caracterizados pela sua constância nessa condição” (STAMPS, p. 1.642), ainda que possam ser cada vez mais cheios.
Algumas pessoas não se mantêm cheias do Espírito porque uma coisa é a sua ação momentânea sobre nós, e outra é a sua operação permanente dentro de nós. O Paráclito veio sobre a Igreja no dia de Pentecostes e encheu os crentes, revestindo-os de poder para serem testemunhas de Cristo (At 1.8; 2.1-4). E Ele continua vindo sobre os santos, conferindo-lhes dons e reavivando-os (1 Co 12-14; Ef 4.1-15). Se, contudo, permitirmos que Ele venha encher-nos no sentido apresentado em Efésios 5.18, não somente virá sobre nós, como também dominará completamente a nossa vida.
O Paráclito não apenas veio sobre Jesus (Lc 4.18). Ele, de fato, encheu-o: “Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto” (v. 1). Em João 4.1-4, vemos que o Senhor era, sem dúvida, guiado pelo Paráclito.
“Esse fato é mostrado pelo itinerário que Ele escolheu no retorno à Galileia. Os judeus, geralmente, evitavam o caminho mais curto, através da Samaria, e passavam pelo vale do Jordão e pela Pereia. Mas, quanto a Jesus, ‘era-lhe necessário passar por Samaria’” (HORTON, 1993, p. 104).
Como saber se estamos cheios do Espírito Santo? Ele age dentro de nós, fazendo-nos realizar boas obras em prol do Reino de Deus, o que o apóstolo Paulo chamou de “o fruto do Espírito” (Gl 5.22; Ef 5.9). Quando um crente não cultiva a comunhão com o Paráclito, esse fruto não amadurece, e, consequentemente, o poder dinâmico que vem do alto começa a cessar.
Um crente não cheio do Espírito perde a vontade de pregar o evangelho, e seu zelo em obedecer às Escrituras enfraquece. Sua vida devocional míngua, e a meditação na Palavra de Deus é substituída por divertimentos, navegação na Internet, leitura de jornais e revistas. Ele até continua frequentando as reuniões no templo; no entanto, quando ora, faz isso mais por mera obrigação ou por força do hábito do que por alegria.
Ser cheio do Paráclito é andar no Espírito e ser guiado por Ele. E isso significa “algo mais do que milagres. Significa vitória sobre os desejos e os impulsos carnais.
Significa cultivar o fruto do Espírito, o melhor antídoto às concupiscências carnais. […]As obras da carne não se manifestam, se somos dirigidos pelo Espírito. Se aparecem tais manifestações, significa que deixamos de viver pelo Espírito e nos afastamos de sua orientação” (HORTON, 1993, p. 191).
Zibordi., Ciro Sanches,. Estevão O Primeiro Apologista do Evangelho. Editora CPAD. 1 Ed. 2018.
O Estêvão cheio do Espírito se comporta como profeta. Pelo Espírito Santo, ele vê a glória radiante de Deus e o Jesus exaltado à mão direita de Deus (w. 55,56; Lc 22.69). Durante a visão, aparece o padrão trinitário. Estêvão, cheio do Espírito Santo, olha para o céu e vê o Senhor Jesus em pé, à mão direita de Deus Pai. Essa visão não deixa dúvida sobre o lugar de Jesus na deidade.
Só aqui no Novo Testamento Jesus é retratado a estar em pé em vez de estar sentado à mão direita de Deus. A explicação mais satisfatória é que Ele está agindo no papel de intercessor, advogado e testemunha. Sua posição sugere que Ele está confessando Estêvão diante do Pai divino, como Ele prometera: “Qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10.32). Jesus é o Senhor exaltado, e seu povo tem acesso a Deus por Ele (cf. Rm8.34). Como o Justo (v. 52), o Filho do Homem está qualificado para representar o povo de Deus e testemunhar a seu favor.
Agora Estêvão confessa pela primeira vez o Senhor ressurreto diante do Sinédrio, declarando que Ele vê Jesus Cristo compartilhando a glória de Deus como o exaltado Filho do Homem. Estas palavras são blasfemas aos líderes religiosos. Eles cobrem os ouvidos, indicando que já não ouvirão o blasfemador. A recusa em ouvir reflete um problema muito mais profundo: empenho para que os ouvidos não sejam abertos pelo Espírito Santo (v. 52; Theological Dictionary of the New Testament, eds. G. Kittel e G. Friedrich, GrandRapids, 1964- 1976, vol. 5, p. 556). Eles abafam a voz de Estêvão “grita[ndo] com grande voz” (v. 57) e avançando ameaçadoramente para o agarrar.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 665-666.
2 - A violência dos acusadores.
Se seus acusadores estavam enfurecidos por causa do enfrentamento corajoso de Estêvão, eles não suportaram ouvir que ele via a glória de Deus e, a Jesus, nos céus.
Com o fim de executá-lo, o expulsaram da cidade, o apedrejaram perante “um jovem chamado Saulo” (At 7.58) e levaram-no, com violência, para fora da cidade para, ali, fazê-lo primeiro mártir da Igreja Cristã. Àquela altura, Saulo de Tarso era o principal perseguidor dos cristãos.
COMENTÁRIOS
Se os seus acusadores já estavam enfurecidos por terem sido confrontados corajosamente por Estêvão, de serem duros de coração e de resistirem ao Espírito Santo, eles não suportaram ouvir que Estêvão estava vendo a glória de Deus e a Jesus nos céus:
“Mas eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele. E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo” (7.57,58). Estêvão foi levado à periferia da cidade, provavelmente para lugares menos movimentados, e ali foi cercado pela multidão enfurecida com sede de sangue. A sua fúria alcançou o auge quando ouviram a declaração de que ele estava contemplando os céus abertos e Jesus à direita de Deus (7.55).
Eles ficaram tão enfurecidos que viram Estêvão como um perigoso criminoso. Eles perderam todo o controle emocional. Já estavam cheios de ódio no coração, desejando ver o fim do homem de Deus. Passaram a gritar com altos brados palavras de condenação, de ira e furor; era tão terrível para eles ouvir o que Estêvão dissera de estar vendo a glória de Deus, que eles taparam os ouvidos com as mãos, totalmente desequilibrados e descontrolados.
No acesso da fúria demoníaca, “arremeteram unânimes contra ele”. Conscientes do que estavam fazendo, agrediram-no não só verbal, como também fisicamente, com socos, murros, pontapés e pancadas no rosto e na cabeça, querendo destruí-lo. Levaram-no com violência para fora da cidade e ali o apedrejaram sem dó. Para dar uma impressão de que realizavam um julgamento legal, levaram testemunhas contra Estêvão, as quais, com mentiras e calúnias, “depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo”. Àquela altura, Saulo de Tarso era o principal perseguidor dos cristãos.
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Estas reações violentas sugerem linchamento, em vez de ser um ato oficial. O Sinédrio não tinha o direito de impor a pena de morte sem o consentimento do governador romano. A referência às testemunhas (v. 58), as quais julgava-se que fossem as primeiras pessoas a lançar pedras a uma pessoa condenada (Dt 17.7), pode denotar um procedimento de julgamento; mas a explosão de ira no versículo 57 indica que Estêvão caiu vítima da ação de uma turba fanática. Eles o arrastam impetuosamente para fora da cidade e começam a apedrejá-lo — o castigo prescrito a um blasfemador (Lv 24.14-16; Nm 15.32-36). Sua morte é provocada por injustiça e pela violência da turba.
Entre as testemunhas da morte de Estêvão está “um jovem chamado Saulo” (v. 58). Quando aqueles que arremetem as pedras tiram as roupas exteriores a fim de terem mais liberdade para atirar as pedras, eles colocam as roupas aos pés de Saulo. Aqui em Atos, Saulo é identificado pela primeira vez por nome, embora ele possa ter estado entre os judeus em Jerusalém referidos pela província da Cilícia (At 6.9). Saulo está entre os oponentes de Estêvão, e o discurso de Estêvão pode tê-lo incitado a tomar parte no assassinato. A morte de Estêvão deixou profunda e duradoura impressão no jovem Saulo. Anos mais tarde, ele lembra disso com tristeza (At 22.20). Depois, Saulo fica amigo dos cristãos quando é milagrosamente transformado pela graça de Deus, tornando- se na principal personagem missionária da igreja.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 666.
A cena é quase cômica. Os distinguidos senhores encontram-se gritando a todo pulmão, e ao mesmo tempo colocam seus dedos em seus ouvidos para não escutar o ruído ao redor. Mas estes homens estão descarregando sua ira contra Estêvão, e indicam que não querem ouvir Estêvão, tampando os ouvidos. Como juízes que são, esquecem de dar seu veredito, e com isso todo o juízo perde o sentido.
Tomam então o acusado e o levam fora dos muros da cidade. Ali recolhem pedras e passam a matá-lo. Note-se que o procedimento segue sua forma legal: a vítima deve ser morta nas subúrbios da cidade para tirar o mal do meio de Israel; as testemunhas que se apresentaram contra o acusado devem lançar as primeiras pedras (Dt 17:7). As pedras abundam em Israel, e por essa razão nos tempos antigos a morte por apedrejamento era comum para castigar os transgressores tanto por adorar a outros deuses como por blasfemar e cometer adultério.
As duas ou três testemunhas que testificaram contra Estêvão (Dt 17:6–7) agora tomam pedras e começam a lançar-lhe. Põem de lado suas capas para ter maior liberdade de movimento. As roupas eles as deixam aos pés de um jovem chamado Saulo. Esta é a primeira vez que aparece na Bíblia o nome Saulo, e é vinculado com a morte de Estêvão. Saulo era um estudante de teologia, cujo mestre Gamaliel servia como membro do Sinédrio (At 5:34; 22:3). Saulo não só estava aí de pé, observando a execução, mas também sentia prazer na morte de Estêvão (At 8:1a). A frase um jovem faz supor que se procurava uma pessoa entre vinte e quatro e quarenta anos.468 Provavelmente Saulo, ou Paulo, tenha tido uns trinta anos de idade.
A questão da legalidade na morte de Estêvão é difícil. Segundo todas as aparências, sua morte é o resultado de uma ação do povo que os romanos não previram. No entanto, o governador romano pôde efetuar uma investigação pois os judeus não podiam condenar a ninguém à pena de morte (Jo 18:31).469 Aquele poder pertencia exclusivamente ao governador romano. Para ilustrar este ponto: Josefo diz que o procurador romano (governador) Copônio, enviado a Judeia pelo imperador, foi “investido por Augusto com plenos poderes, incluindo a aplicação da pena capital”.
Se assumirmos que Estêvão morreu no ano 35 d.C., concluímos que Pôncio Pilatos ainda era o governador da Judeia. Por esses dias, os problemas de Pilatos, resultado da matança de numerosos samaritanos no Monte Gerizim eram suficientemente sérios para fazê-lo voltar para Roma (36 d.C.) a pedido do governador da Síria.470 No meio deste clima político, os judeus certamente não temeriam que a morte de Estêvão provocaria repercussões em Roma. A verdade é que no último ano em seu posto Pilatos tinha perdido influência e autoridade na Judeia.
Note-se que já quando os apóstolos compareceram, os membros do Sinédrio se encheram de tal maneira de ira que quiseram matá-los (At 5:33). Ao contrário, quando Paulo no final de sua terceira viagem missionária foi atacado por uma multidão na área do templo, os comandantes das tropas romanas o protegeram (At 21:30–36). Isso ocorreu durante o tempo do governador Félix quem tinha o completo controle da Judeia. Mas quando o governador Festo morreu e seu sucessor, Albino, ainda não tinha chegado a Jerusalém, os judeus, dirigidos pelo sumo sacerdote Anás, mataram a Tiago, o irmão de Jesus no ano 62 d.C.471 Concluímos, portanto, que o Sinédrio executou a Estêvão porque naqueles dias não tinham nada que temer de um fraco governador romano. Além disso, Pilatos vivia em Cesareia, que estava localizada a uma distância de dois dias de viagem de Jerusalém.
Simon J. Kistemaker. Comentário do Novo Testamento Atos I. Editora Cultura Cristã. pag. 394-396.
3 - O perdão no martírio.
Naquele momento de suplício e de dores, Estêvão não demonstrou sentimento de vingança ou de ódio: “E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu” (At 7.59,60).
Que exemplo grandioso! Estevão ainda exclamou: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito […]. Senhor, não lhes imputes este pecado” (At 7-59,60). Cumpriu-se o que diz a Palavra de Deus: “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos” (SI 116.15). Um crente espiritualmente avivado não cultiva a vingança nem o ódio no coração. Ele está pronto a perdoar seus algozes.
COMENTÁRIOS
Quando cruelmente apedrejado, Estêvão demonstrou que era, de fato, um homem de Deus, convertido, cheio do Espírito Santo e de amor. Naquela hora terrível, ao sentir quando as pedradas faziam-lhe sofrer, já com dores atrozes e com o sangue escorrendo pela face e por todo o seu corpo, Estêvão não demonstrou sentimento de vingança ou de ódio:
E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu. (7.59,60)
Que exemplo grandioso! Ele, ainda de pé, exclamou: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito”. Estêvão viu que era chegada a sua morte, quando estava saindo deste mundo e adentrando nas regiões celestiais, na presença de Deus. Em seguida, ele ajoelhou-se e “clamou com grande voz”, dizendo: “Senhor, não lhes imputes este pecado”.
Estêvão seguiu o exemplo de Jesus na cruz quando orou a Deus, e disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34). E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu” (7.55-60). Enquanto na terra o quadro da morte de Estêvão era tenebroso, com tanta fúria, ódio, violência e com o sangue inocente derramado, outro quadro era bem diferente no céu.
Com toda a certeza, quando ele fixou os olhos no céu, viu um quadro belíssimo e glorioso:
Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus. (7.55)
Assim como o mendigo Lázaro, que foi levado pelos anjos “ao seio de Abraão” (Lc 16.22), Estêvão também foi levado ao Paraíso pelos anjos à presença de Deus e de Jesus. Cumpriu-se o que diz a Palavra de Deus: “Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos” (Sl 116.15). Ele alcançou a grande bem-aventurança prevista em Apocalipse:
E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam. (Ap 14.13)
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Calvário, Lugar de Perdão
Charles Ferguson Ball (1998) descreveu o ocorrido da seguinte forma:
“Cercado pelos guardas do Templo, Estêvão foi arrastado pelas ruas da cidade até um lugar perto dos muros. De repente, o grito: ‘Morte ao blasfemo! Morte ao nazareno!’ A Lei de Moisés ordenava que a primeira pedra fosse atirada pelas testemunhas que, despindo-lhe de seus mantos, empilharam-nos aos pés de Saulo. A incumbência deste era cuidar para que as roupas não fossem roubadas” (BALL, p. 57).
Estêvão foi apedrejado fora da cidade como se fosse um blasfemador que merecesse a pena capital (cf. Lv 24.14-16; Lc 4.29). As mãos das falsas testemunhas foram possivelmente as primeiras “contra ele, para matá-lo; e, depois, a mão de todo o povo” (Dt 17.7), visto que elas deixaram “as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo” (At 7.58).
Pelo que Lucas relatou, as testemunhas “tiraram as vestes externas de maneira a se sentirem mais livres para atirar as pedras e depuseram as vestes aos pés de um mancebo chamado Saulo. Por esse registro verificamos que Saulo foi testemunha ocular da morte de Estêvão e, provavelmente, de sua pregação” (HORTON, 1983, p. 86).
De acordo com o catolicismo romano, o “lugar do martírio de Estêvão em Jerusalém encontra-se, tradicionalmente, não muito longe da Porta de Damasco, ao norte, onde agora está precisamente a igreja de Santo Estêvão, junto da conhecida Escola Bíblica dos dominicanos” (RATZINGER, p. 138).
Alguns estudiosos acreditam que Estêvão e seu Mestre, o Senhor Jesus, morreram no mesmo lugar (cf. POLLOCK, 1990), no Gólgota (Calvário), “conhecido como Monte da Caveira. Ao meio-dia, especialmente, as sombras fazem os dois ‘buracos dos olhos’, […] pode ter sido aqui que São Estêvão foi apedrejado até a morte, poucos anos depois [da crucificação de Jesus], tornando-se o primeiro mártir cristão” (WALKER, p. 185–186).
Jesus Cristo foi escarnecido, cuspido e agredido fisicamente até chegar ao Calvário (Mt 27.27-33). Estêvão possivelmente chegou ao mesmo lugar debaixo de uma chuva de pedras e impropérios. Ali, no Lugar da Caveira, no entanto, ambos — acusados de profanar o Templo — fizeram as mais belas intercessões por seus inimigos.
O primeiro, dependurado entre o céu e a terra, disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34). E o segundo, ajoelhado, clamou em alta voz: “Senhor, não lhes imputes este pecado!” (At 7.60). Que resposta desconcertante àqueles que, “clamando em alta voz, taparam os ouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele” (v. 57, ARA)!
Últimas Palavras de Estêvão
Há uma íntima semelhança do martírio de Estêvão com a morte de Jesus Cristo.
“Ambos foram julgados na presença da assembleia nacional (Lc 22.66; At 6.12); ambos foram acusados por falsas testemunhas (Mc 14.56-58; At 6.13,14); ambos foram acusados de blasfêmia (Mc 14.63,64; At 7.56,57); e ambos foram vítimas da violência da multidão (Lc 23.18-23; At 7.57-59). A morte de Jesus, contudo, foi consumada indiretamente através de pressão popular sobre o governador romano; Estêvão foi apedrejado pelo povo” (TENNEY, p. 218).
Antes de morrer, as palavras do Senhor Jesus — depois de ter rogado ao Pai que perdoasse seus algozes e de ter salvado efetivamente o infrator arrependido que lhe pediu perdão (Lc 23.33-43) — foram estas: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (v. 46). Estêvão, de modo semelhante, porém inverso, primeiro disse: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito!” (At 7.59). E, em seguida: “Senhor, não lhes imputes este pecado!” (v. 60).
Fico maravilhado com a autoridade e a segurança desse servo do Senhor momentos antes de morrer!
“Com a confiança tranquila de um profeta, ele segue o exemplo de Jesus e permanece fiel ao seu ensino: ‘Bendizei os que vos maldizem e orai pelos que vos caluniam’ (Lc 6.28)” (ARRINGTON, p. 666).
Essa semelhança entre Estêvão e seu Mestre deixam-nos sem palavras. Qual de nós teria a autoridade e a ousadia de verberar contra os pecados do Sinédrio e, em seguida, em meio a um linchamento, pedir a Deus, sem desespero ou medo de morrer, que perdoasse seus algozes?
Autoridade é uma capacitação divina. Ela está relacionada com integridade moral (1 Tm 3.5-7), postura adequada (4.12), idoneidade para ensinar (Tt 2.15), capacidade para dirigir (Sl 78.72) e ousadia no falar conforme orientação do Espírito Santo (1 Rs 17.1; 2 Rs 2.10; At 13.6-11; 8.19-24). Tudo isso Estêvão tinha. Todavia, sua autoridade fora, sobretudo, outorgada por Deus, principalmente se considerarmos a possibilidade de ele ter sido um dos 70 discípulos enviados por Jesus Cristo (cf. Lc 10.17-19, ARA).
Esse primeiro grande apologista do evangelho era um homem manso e pacificador. Ele não quis afrontar o Sinédrio. Pelo contrário! A maneira elegante como ele iniciou a pregação e a sua oração perdoadora ante seus inimigos figadais evidenciam que seu amor a Jesus Cristo estava acima de tudo.
Estêvão não temia a morte; ele tinha a certeza de que o Senhor Jesus receberia o seu espírito, haja vista as suas declarações finais. Reflitamos sobre isso. Quais serão as nossas últimas palavras antes de nossa morte caso o Arrebatamento da Igreja não a anteceder? Se houver tempo de dirigirmos uma oração a Deus, teremos a convicção para dizer-lhe: “recebe o meu espírito”, ou tentaremos pedir-lhe perdão por todos os nossos pecados em tempo recorde?
A convicção de Estêvão decorria do fato de ele ser cheio do Espírito Santo.
O selo e o penhor do Paráclito, o qual testemunhava em seu interior que ele era filho de Deus, davam-lhe a certeza de que o seu nome está inscrito no Livro da Vida! O cristão que ainda não tem essa convicção clama desesperadamente por misericórdia, assim como fez o infrator crucificado momentos antes de morrer. Mas, e se este não tivesse tempo de falar com Jesus Cristo? E se tivesse morrido antes de repente?
Podemos vir a falecer repentinamente enquanto dormimos, ou em um inesperado acidente aéreo ou rodoviário, ou em decorrência de um ato violento permitido pelo Senhor. As palavras de Estêvão evidenciam que ele estava seguro em Cristo. Ele tinha, de fato, a certeza da vida eterna porque sua comunhão com o Paráclito jamais fora interrompida, mantendo-se, assim, cheio do Espírito Santo até seu último suspiro na terra (At 7.55-59).
Zibordi., Ciro Sanches,. Estevão O Primeiro Apologista do Evangelho. Editora CPAD. 1 Ed. 2018.
[…] A última oração de Estêvão pelos seus inimigos (7.60)
William Barclay destaca três pontos importantes acerca de Estêvão neste texto:
O segredo do seu valor. O primeiro diácono da igreja viu o martírio como sua entrada à presença de Cristo.
O protomártir do cristianismo seguiu o exemplo de Cristo em sua vida e também em sua morte. Assim como Jesus orou pelo perdão daqueles que o executavam (Lc 23.34), também o fez Estêvão.
Para Estêvão, o terrível tumulto terminou em uma estranha paz. Ele dormiu na terra e logo foi recebido no céu pelo próprio Senhor Jesus.
LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pag. 164.
SINOPSE II
Estêvão, cheio do Espírito Santo, testemunhou a manifestação da Glória de Deus.
AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO
O MARTÍRIO DE ESTEVÃO
“Estevão cheio do Espírito se comporta como profeta. Pelo Espírito Santo, ele vê a glória radiante de Deus e o Jesus exaltado à mão direita de Deus (At 7.55,56; cf. Lc 22.69). Durante a visão, aparece o padrão trinitario. Estêvão cheio do Espírito Santo, olha para o céu e vê o Senhor Jesus em pé, a mão direita de Deus Pai […].
Agora Estevão confessa pela primeira vez o Senhor ressurreto Diante do Sinédrio, declarando que ele vê Jesus Cristo compartilhando a glória de Deus como o exaltado Filho do Homem. Estas palavras são blastemas aos líderes religiosos. Eles cobrem os ouvidos indicando que já não ouviram o blasfemador. A recusa em ouvir reflete um problema muito mais profundo: empenho para que os ouvidos não sejam abertos pelo Espírito Santo […].
Em seguida, Estevão se ajoelha em oração e ainda ecoa outra declaração de Jesus na cruz: ‘Senhor não lhes imputes este pecado’ (v. 60). Com confiança tranquila de um profeta, ele segue o exemplo de Jesus e permanece fiel ao seu ensino: ‘Bendizei os que vos maldizem e orai pelos que vos caluniam’ (Lc 6.28).
Antes de Estevão morrer, todos ouvem esta testemunha inspirada oferecer uma oração de perdão aos seus executores. Somente o poder do Espírito Santo pode capacitar Estevão a fazer a oração que ele fez” (FRENCH, Arrington L., STRONSTAD, Roger (Eds). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 665,666).
III – O AVIVAMENTO NO SOFRIMENTO
1 - Sofrimento e morte dos apóstolos.
A Bíblia não diz como todos os apóstolos de Jesus morreram. Em livros da História da Igreja, há registros de informações orais, ou de tradições históricas sobre esse assunto. A tradição histórica, transmitida oralmente, e registrada em alguns escritos, diz que, com a exceção de João, O Evangelista, todos os apóstolos tiveram uma morte violenta.
A única coisa certa é que eles foram fiéis até à morte e não negaram o nome do Senhor. Os apóstolos eram espiritualmente avivados. Quantas vezes somos tentados a negar a Cristo por motivos banais, quer na família, quer na escola, quer na condição de uma posição profissional?! Que Deus nos guarde de trair 0 Salvador!
COMENTÁRIOS
A Bíblia não diz como todos os apóstolos de Jesus morreram. Em livros da História da Igreja, há registros de informações verbais ou de tradições históricas sobre esse assunto. A tradição histórica, transmitida oralmente, diz que Pedro foi morto crucificado em Roma, mas teria pedido para ficar de cabeça para baixo para não se assemelhar ao seu Mestre. Essa versão tem apoio em literatura antiga sobre os apóstolos de Jesus, mas como tradição. Outros dizem que ele morreu na terrível prisão em Mamertina, da qual ninguém escapava vivo.16 André teria sido muito torturado antes de ir para a cruz, na Grécia. João teria morrido por volta dos 100 anos de idade de causas naturais em Éfeso.
Relatos dão conta de que Filipe teria morrido de causas naturais, mas também há estudiosos que acreditam que ele morreu ou enforcado, ou apedrejado ou mesmo crucificado em Hierápolis.
A tradição da igreja católica afirma que Bartolomeu foi posto vivo num saco e lançado ao mar depois de ser açoitado. Mateus teria sido morto em decorrência de um ferimento de espada ou de causas naturais. Tomé teria sido morto a flechadas durante as suas orações, e a sua morte teria sido encomendada pelo rei de Milapura, na cidade indiana de Madras, no ano 53 depois de Cristo. Simão, apóstolo pouco falado nos relatos bíblicos, teria sido morto em Roma durante um massacre no ano 70 depois de Cristo. Tiago Maior teria sido decapitado em Jerusalém na mesma ocasião em que Pedro foi preso. Tiago Menor teria sido crucificado, assim como Jesus, no Egito no ano de 62 d.C. Judas Tadeu teria morrido de causas violentas, mas não especificadas. Judas Iscariotes teve a sua morte relatada na Bíblia. Ele enforcou-se após trair Jesus por algumas 30 moedas de prata (Mt 27.3-5).
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Martírio do apóstolo Tiago
Naquele tempo – evidentemente o de Cláudio -o rei Herodes pôs-se a maltratar alguns da Igreja. E matou Tiago, o irmão de João, com a espada.
Acerca deste Tiago, Clemente, no livro VII de suas Hypotyposeis, acrescenta um relato digno de menção, afirmando tê-lo tomado de uma tradição anterior a ele. Diz que aquele que o introduziu ante o tribunal, comovido ao vê-lo dar testemunho, confessou que também ele era cristão.
“Ambos pois, diz Clemente, foram levados juntos dali, e no caminho pediu que Tiago o perdoasse, e este, depois de olhá-lo um instante, disse: A paz esteja contigo, e beijou-o. E assim é que ambos foram decapitados ao mesmo tempo.”
Então, como diz a divina Escritura, vendo Herodes que sua façanha de assassinar Tiago tinha agradado aos judeus, tentou-o também contra Pedro, encarcerou-o e pouco faltou para que o executassem também se um anjo, por aparição divina, não houvesse aparecido a ele durante a noite e não o tivesse retirado milagrosamente da prisão, deixando-o livre para o ministério da pregação. Esta foi a providência disposição no que diz respeito a Pedro.
Da perseguição nos tempos de Nero, na qual Paulo e Pedro foram adornados com o martírio pela religião em Roma
Firmado Nero no poder, deu-se a práticas ímpias e tomou as armas contra a própria religião do Deus do universo. Descrever de que maldades foi capaz este homem não é tarefa para a presente obra.
Já que, sendo muitos os que transmitiram em relatos precisos suas maldades, quem queira poderá aprender destes sobre a grosseira demência deste homem estranho que, levado por ela e sem a menor reflexão, produziu a morte de inúmeras pessoas e a tal ponto levou seu afã homicida que não se deteve nem mesmo ante os mais chegados e queridos, mas que até a sua mãe, seus irmãos, sua esposa e com eles muitos familiares, fez perecer com variadas formas de morte, como se fossem adversários e inimigos.
Mas deve-se saber que a tudo o que foi dito sobre ele faltava acrescentar que foi o primeiro imperador que se mostrou inimigo da piedade para com Deus.
- Disto faz menção também o latino Tertuliano quando diz:
“Leiam vossas memórias. Nelas encontrareis que Nero foi o primeiro a perseguir esta doutrina, principalmente quando, depois de submeter todo o Oriente, em Roma era cruel para com todos. Nós nos ufanamos de ter um assim como autor de nosso castigo, porque quem o conhecer compreenderá que Nero não podia condenar nada que não fosse um grande bem.”
Assim pois, este, proclamado primeiro inimigo de Deus entre todos os que o foram, levou sua exaltação ao ponto de fazer degolar os apóstolos. De fato, diz-se que sob seu império Paulo foi decapitado na própria Roma, e que Pedro foi crucificado. E disto da fé o título de Pedro e Paulo que predominou para os cemitérios daquele lugar até o presente.
Também o confirma um varão eclesiástico chamado Caio, que viveu quando Zeferino era bispo de Roma. Disputando por escrito com Proclo, líder da seita catafriga, diz sobre os lugares onde estão depositados os sagrados despojos dos mencionados apóstolos o seguinte:
“Eu, por outro lado, posso mostrar-te os troféus dos apóstolos, porque se queres ir ao Vaticano ou ao caminho de Ostia, encontrarás os troféus dos que fundaram está igreja.”
Que ambos sofreram martírio na mesma ocasião é afirmado por Dionísio, bispo de Corinto, em sua correspondência escrita com os romanos, nos seguintes termos:
“Nisto também vós, por meio de semelhante admoestação, fundistes as searas de Pedro e de Paulo, a dos romanos e a dos Coríntios, porque depois de ambos plantarem em nossa Corinto, ambos nos instruíram, e depois de ensinarem também na Itália no mesmo lugar, os dois sofreram martírio na mesma ocasião.” Sirva também isto para maior confirmação dos fatos narrados.
Da morte de João e de Felipe
Já explicamos anteriormente o tempo e o modo da morte de Paulo e de Pedro, assim como também o lugar onde foram depositados seus corpos depois que partiram desta vida.
Sobre João, quanto ao tempo, também já foi dito; mas quanto ao lugar de seu corpo, indica-se na carta de Polícrates, bispo da igreja de Éfeso, que foi escrita para o bispo de Roma, Victor. Junto com João menciona o apóstolo Felipe e as filhas deste nos seguintes termos:
“Porque também na Ásia repousam grandes luminares que ressuscitarão no último dia da vinda do Senhor, quando virá dos céus com glória em busca de todos os santos: Felipe, um dos doze apóstolos, que repousa em Hierápolis com duas filhas suas que chegaram virgens à velhice, e a outra filha, que depois de viver no Espírito Santo, descansa em Éfeso; e também há João, o que se recostou sobre o peito do Senhor e que foi sacerdote portador do pétalon , mártir e mestre; este repousa em Éfeso.”
Isto há sobre a morte destes luminares. Mas também no Diálogo de Caio -de quem já falamos pouco acima -, Proclo – contra quem é dirigida a disputa -, coincidindo com o exposto, diz sobre a morte de Felipe e de suas filhas o seguinte:
“Depois deste houve em Hierápolis, a da Ásia, quatro profetisas, as filhas de Felipe. Ali estão seus sepulcros e o de seu pai.”
Assim diz Proclo. E Lucas, nos Atos dos Apóstolos, menciona as filhas de Felipe, que então viviam em Cesaréia da Judéia junto com seu pai, e que haviam sido agraciadas com o dom da profecia; diz textualmente o que segue: Viemos a Cesaréia e entramos na casa de Felipe o evangelista – pois era um dos sete – e permanecemos em sua casa. Tinha ele quatro filhas virgens, que eram profetisas.
Depois de haver descrito sobre o que chegou ao nosso conhecimento acerca dos apóstolos e dos tempos apostólicos, assim como dos escritos sagrados que nos deixaram, e inclusive dos que são controversos, mas que na maioria das igrejas muitos leem em público, e dos que são inteiramente espúrios e alheios à ortodoxia apostólica, continuemos avançando em nossa narrativa.
Wolfgang Fischer. Eusébio De Cesaréia. História Eclesiástica. Editora Novo Século. 1 Ed. 2002.
Algumas fontes indicam como e onde morreram os apóstolos.
1 – Pedro: Segundo a tradição, foi crucificado de cabeça para baixo em Roma.
2 – André: Segundo a tradição, foi martirizado e morto na Grécia.
3 – Tiago: Filho de Zebedeu, morto por Herodes. Atos 12:1,2. O primeiro dos apóstolos a ser morto.
4 – João: Irmão de Tiago, lançado vivo num tacho de óleo fervente, mas nada sofreu, Deus o livrou como fez com os moços lançados na fornalha de fogo ardente. Depois foi exilado para a ilha de Patmos onde recebeu as Revelações do Apocalipse. Era o mais jovem dos discípulos, e foi o último deles a morrer, possivelmente em Éfeso, de morte natural.
5 – Felipe: De acordo com “Genealogias dos Apóstolos”, morreu de morte natural.
6 – Bartolomeu: Segundo a tradição, foi posto vivo num saco e lançado no mar.
7 – Tomé: Segundo a tradição, trabalhou na Índia e aí foi martirizado e morto.
8 – Mateus: Segundo a tradição, morreu de morte natural na Etiópia ou na Macedônia.
9 – Tiago: Filho de Alfeu, um livro do seu tempo relata que ele foi apedrejado pelos judeus, em Jerusalém, por pregar Cristo.
10 – Tadeu: Sabe-se apenas que foi sepultado em Beirute, ou no Egito.
11 – Simão: O Zelote, segundo uma tradição, trabalhou no norte da África e sofreu martírio na Palestina durante o reinado de Domiciano, perseguidor dos cristãos.
12 – Judas: Enforcou-se após trair Jesus. S. Mateus 27:3-5.
Poderíamos ainda acrescentar Paulo, que não esteve entre os doze, mas foi chamado para ser apóstolo pessoalmente por Jesus: Foi decapitado próximo de Roma, segundo a tradição.
Fonte: https://biblia.com.br/curso/ensinos-de-jesus 18/01/2023
2 - O avivamento e sofrimento.
O avivamento espiritual, motivado pela presença gloriosa do Espírito Santo, renova as forças dos servos de Deus para enfrentarem situações difíceis por causa da sua fé em Jesus. A Bíblia nos mostra essa capacitação do Espírito para sermos resilientes diante das dificuldades.
Para o crente, espiritualmente avivado, quando diante do sofrimento, a alegria do Senhor é a sua força (Ne 8.10). Por isso que o avivamento é uma questão de necessidade o crente em Jesus precisa desse suporte do céu para superar as muitas agruras pelas quais passa.
COMENTÁRIOS
Neste estudo, podemos constatar que Estêvão teve forças espirituais diante do sofrimento a que foi submetido, tanto em termos físicos quanto emocionais. É possível que muitos crentes ao longo da História da Igreja tenham sucumbido diante das pressões descomunais contra si, muitas vezes incluindo a sua família, por não terem a força e o poder do Espírito Santo para resistir até à morte. Estêvão foi um exemplo marcante e referencial de que somente sendo cheio do Espírito Santo, o fiel pode suportar as terríveis pressões de um julgamento injusto, ilegal e tendencioso e, assim, ser vitorioso diante de torturas psicológicas e físicas por causa da sua fé.
O avivamento espiritual, motivado pela presença gloriosa do Espírito Santo, dá forças aos servos e servas de Deus para enfrentarem situações difíceis de torturas e castigos severos por professarem a sua fé em Jesus. Podemos ver na Bíblia a razão dessa força extra-humana que Estêvão teve diante do sofrimento, nas mãos dos seus executores. Além de ser cheio do Espírito Santo, o cristão precisa ter a alegria do Espírito Santo, ou a alegria do Senhor. Esse é um fator importantíssimo para ser vencedor diante das lutas que possam surgir na vida cristã. No livro de Neemias, encontramos uma referência que nos mostra como podemos vencer as adversidades que se apresentam em nossa vida.
Quando o povo chorava muito depois de ouvir a leitura da Lei por Esdras — pois sentiam as suas faltas e pecados diante de Deus —, Neemias, que liderou a reconstrução dos muros de Jerusalém, convidou o povo para a leitura do livro da Lei — que havia sido desprezado — numa assembleia solene, desde a manhã até ao meio-dia. Com a leitura, feita com calma e explicação do seu sentido, o povo começou a chorar, mas Neemias levantou-se e exortou a todos para não se entristecerem:
Disse-lhes mais: Ide, e comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque esse dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força. (Ne 8.10)
Quando “a alegria do Senhor” resulta do enchimento do Espírito Santo, torna-se fonte de energia espiritual que dá força e poder aos que a possuem.
A Bíblia mostra-nos diversas referências sobre essa alegria que vem de cima: “Alegrai-vos no Senhor e regozijai-vos, vós, os justos; e cantai alegremente todos vós que sois retos de coração” (Sl 32.11). Alegrar-se no Senhor e cantar alegremente é fator excelente para dar força ao crente. Devemos anotar que tal bênção é para os que são “retos de coração”, ou seja, pessoas íntegras tanto espiritual quanto moralmente. Outro Salmo diz: “Alegrai-vos, ó justos, no Senhor, e dai louvores em memória da sua santidade” (Sl 97.12). Joel, o profeta do Pentecostes, também ressaltou a importância da alegria do Senhor ou do avivamento espiritual. “E vós, filhos de Sião, regozijai-vos e alegrai-vos no Senhor, vosso Deus, porque ele vos dará ensinador de justiça e fará descer a chuva, a temporã e a serôdia, no primeiro mês” (Jl 2.23).
Paulo, escrevendo aos coríntios, disse como eles deveriam comportar-se na vida cristã: “Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco” (2Co 13.11).
Veja quantos conselhos oportunos e necessários a uma igreja que precisa alegrar-se no Senhor. Ele diz que os irmãos devem regozijar-se no Senhor, mas prossegue doutrinando sobre essa alegria espiritual profunda e fortalecedora do ânimo do crente.
Muitos caem, afastam-se, desviam-se, porque não conseguem ter uma vida cristã sadia e cheia de poder de Deus. Para tanto, Paulo diz que, além de regozijarem-se, os irmãos devem saber que Deus requer que sejamos, perfeitos, consolados, de “um mesmo parecer” — ou seja, que vivamos em acordo, em harmonia —, e acrescenta que os servos de Cristo devem viver em paz. Em consequência, diz Paulo: “e o Deus de amor e de paz será convosco” (13.11).
Paulo não só ensinava, como também já havia experimentado grandes sofrimentos, assim como os demais apóstolos, mas resistiu com a graça e o poder de Deus na sua vida:
Porque tenho para mim que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens. Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, ilustres, e nós, vis. Até esta presente hora, sofremos fome e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa, e nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos; somos injuriados e bendizemos; somos perseguidos e sofremos; somos blasfemados e rogamos; até ao presente, temos chegado a ser como o lixo deste mundo e como a escória de todos. (1Co 4.9-13)
Diante de toda essa realidade adversa, Paulo não reclamou, não murmurou e nem se queixou da sua situação:
Porque sei que disto me resultará salvação, pela vossa oração e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo, segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. (Fp 1.19-21)
Ele foi um grande exemplo e incentivador da alegria do Senhor: “Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos” (Fp 4.4). Aos tessalonicenses, ele escreveu: “Regozijai-vos sempre” (1Ts 5.16).
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Jó vivia uma vida integra e que agradava a Deus, mas após seu sofrimento e tentação, ele se manteve fiel ao Senhor, e disse (Mas agora os meus olhos te veem). Existe um contraste entre o ouvir e o ver em relação ao conhecimento veja 26:14; 28:21-27. Não houve (Teofania) nenhuma forma divina aparecendo para Jó, mas a revelação da voz, foi uma experiência transformadora, iluminando todas as outras revelações divinas, quer generalizadamente quer alguma revelação especial anterior que fora transmitida a Jó. Foi por meio dessa nova revelação que Jó encontra novamente o caminho.
Pb Alessandro Silva
Nesta dispensação da igreja — o corpo místico dos salvos em Cristo —, o Espírito habita em toda pessoa por Ele regenerada e salva por Jesus (Jo 14.16,17; 1 Jo 4.13; Rm 8.9). Ao mesmo tempo, Jesus também quer batizar os crentes com o Espírito Santo, revestindo-os com poder para o serviço do Senhor (At 1.5; Lc 24.49; At 2.1-4,32,33). O segredo do rápido e vitorioso avanço do Reino de Deus, em meio a limitações, sofrimentos e perseguições, foi essa capacitação sobrenatural nos crentes dos primeiros tempos. Não há outra explicação.
Antônio Gilberto. Verdades Pentecostais Como obter e Manter um Genuíno Avivamento Pentecostal nos Dias de Hoje. Editora CPAD. 1 Ed. 2019.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
O DISCURSO DE ESTÊVÃO
“O discurso de Estêvão diante do Sinédrio é uma defesa da fé propagada por Cristo e pelos apóstolos. Ele é o precursor de todos quantos defendem a fé bíblica contra os que se opõem ao seu ensino ou o distorcem, e é o primeiro que morreu por essa causa. Jesus vindica a ação de Estêvão, ficando em pé para honrá-lo diante de seu Pai, no céu.
O amor de Estêvão à verdade e sua disposição em dar a vida para salvaguardá-la, contrastam-se nitidamente com aqueles que pouco se interessam por ‘batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos’ (Jd v.3) […]”. Amplie mais o seu conhecimento, lendo a Bíblia de Estudo Pentecostal, editada pela CPAD, p.1643.
SINOPSE III
O cristão avivado mantém-se fiel a Deus mesmo diante da perseguição e da morte.
CONCLUSÃO
Diante dos inimigos do Evangelho de Cristo e da morte, o testemunho de Estêvão nos mostra que Deus concede graça, força e equilíbrio emocional para o crente espiritualmente avivado. Que o Senhor nos ajude a glorificá-lo no meio das lutas da vida. A exemplo do primeiro mártir da igreja antiga, não neguemos a Cristo!
VOCABULÁRIO
Aliciar: Seduzir, envolver.
Resiliência: Capacidade de recuperar ou se adaptar a má fase ou mudanças.
REVISANDO O CONTEÚDO
1- Quando, pela primeira vez, o nome de Estevão aparece?
O nome de Estevão aparece pela primeira vez na escolha de diáconos em Atos (6.315).
2- O que Estevão denunciou?
Ele confrontou a dureza do coração dos líderes israelitas e denunciou as suas traições e homicídio contra Jesus.
3- Qual foi a visão que Estevão teve?
O primeiro mártir da igreja teve uma visão da glória de Deus e viu Jesus ao lado do Pai.
4- Que sentimento Estevão não demonstrou diante de seu suplício e dores?
Naquele momento de suplício e de dores, Estevão não demonstrou sentimento de vingança ou de ódio.
5- O que é a alegria do Senhor para o crente avivado?
Para o crente espiritualmente avivado diante do sofrimento, a alegria do Senhor é a sua força (Ne 8.10).
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Descrição
O currículo de Escola Dominical CPAD é um aprendizado que acompanha toda a família. A cada trimestre, um reforço espiritual para aqueles que desejam edificar suas vidas na Palavra de Deus.
Neste 1º trimestre de 2023, estudaremos:
Tema: Aviva a Tua Obra
O Chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus
Comentarista: Elinaldo Renovato
1- O Avivamento Espiritual
2- O Avivamento no Antigo Testamento
3- O Avivamento no Novo Testamento
4- O Ministério Avivado de Jesus
5- O Avivamento na Vida da Igreja
6- O Avivamento no Ministério de Pedro
7- Estêvão – Um Mártir Avivado
8- O Avivamento Espiritual no Mundo
9- O Avivamento Pentecostal no Brasil
10- O Avivamento na Vida Pessoal
11- O Avivamento e a Missão da Igreja
12- Vivendo no Espírito
13- Aviva, Ó Senhor, a tua Obra
Características
ISBN | 1678-6823 |
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Altura | 21 |
Largura | 13,5 |
Acabamento | Grampeado |
Periodicidade | Trimestral |
Faixa Etária | Adultos |
Tipo | Escola Dominical |
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“Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos dará; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”. (Lucas 6:38)
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