TEXTO ÁUREO E mediu mais mil e era um ribeiro, que eu não podia atravessar, porque as águas eram profundas, águas que se deviam pa...
TEXTO ÁUREO
E mediu mais mil e era um ribeiro, que eu não podia atravessar, porque as águas eram profundas, águas que se deviam passar a nado, ribeiro pelo qual não se podia passar. (Ez 47.5)
VERDADE PRÁTICA
Somente por intermédio do movimento do Espírito Santo, o mundo pode experimentar o verdadeiro avivamento espiritual.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – Lc 2.10 Os anjos trouxeram uma mensagem avivada
Terça – Mt 4.16,17 Jesus – o maior avivamento para a humanidade
Quarta – Ez 37.7-10 O avivamento no vale de ossos secos
Quinta – Hc 3.2 O clamor pelo avivamento na obra de Deus
Sexta – Jo 7.37-39 Jesus prometeu avivamento pelo Espírito Santo
Sábado – Lc 15.10 A obra de um avivamento – o arrependimento do pecador
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Ezequiel 37.7-10; 47.1-5,9
Ezequiel 37
7- Então, profetizei como se me deu ordem; e houve um ruído, enquanto eu profetizava; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se juntaram, cada osso ao seu osso.
8- E olhei, e eis que vieram nervos sobre eles, e cresceu a carne, e estendeu sua pele sobre eles por cima; mas não havia neles espírito.
9- E ele me disse: Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize ao espírito: Assim diz o Senhor Jeová: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam.
10- E profetizei coma ele me deu ordem; então, o espírito entrou neles, e viveram e se puseram em pé, um exército grande em extrema.
Ezequiel 47
1 – Depois disso, me fez voltar à entrada da casa, e eis que saíam umas águas de debaixo do umbral da casa, para o oriente; porque a face da casa olhava para o oriente, e as águas vinham de baixo, desde a banda direita da casa, da banda do sul do altar.
2- E ele me tirou pelo caminho da porta do norte e me fez dar uma volta pelo caminho de fora, até a porta exterior, pelo caminho que olha para o oriente; e eis que corriam umas águas desde a banda direita.
3- Saiu aquele homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir; e mediu mil côvados e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos tornozelos.
4- E mediu mais mil e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos joelhos; e mediu mais mil e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos lombos.
5- E mediu mais mil e era um ribeiro, que eu não podia atravessar, porque as águas eram profundas, águas que se deviam passar a nado, ribeiro pelo qual não se podia passar.
9 – E será que toda criatura vivente que vier por onde quer que entrarem esses dois ribeiros viverá, e haverá muitíssimo peixe; porque lá chegando essas águas e sararão, e viverá tudo por onde quer que entrar esse ribeiro.
Hinos Sugeridos: 265, 384, 458 da Harpa Cristã
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1- INTRODUÇÃO
Nesta lição partiremos da imagem do vale de ossos secos no capítulo 37 e da imagem das águas no capítulo 47 do Livro de Ezequiel. Embora haja um contexto específico para a nação de Israel, essas duas imagens podem ser aplicadas como paradigma do que Deus deseja fazer com o seu povo: trazer vida onde não há mais vida; manifestar o fogo santo onde há frieza espiritual; avivar o que já está morto. Veremos que Deus fez isso muitas vezes em sua Igreja ao longo da história. Portanto, Ele pode fazer de novo.
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Explicar o avivamento no tempo de Ezequiel;
II) Identificar os grandes avivamentos no mundo;
III) Mostrar que os avivamentos mudam o rumo da história.
B) Motivação: É preciso cultivar uma boa expectativa da parte de Deus. O Espírito de Deus não age por força nem por violência (Zc 4.6). Entretanto, é preciso reconhecer que Deus ainda tem levantado talentos na sua obra, o Espírito tem soprado em pessoas que amam ao Senhor e zelam pela proclamação do Evangelho. É vontade de Deus que o seu povo seja avivado.
C) Sugestão de Método: Queremos sugerir que você faça uma pesquisa a respeito dos grandes avivamentos espirituais no mundo. Separe imagens, referências importantes de vultos da História da Igreja no período entre os séculos XVIII e início do século XX. Use como fonte livros consagrados de História da Igreja ou sites especializados em História da Igreja. Selecione esse material para usar na exposição do segundo tópico em que um breve relato dos principais avivamentos é destacado.
3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Mostre aos alunos que a imagem que aparece no livro de Ezequiel pode representar uma vida espiritual seca, mas que, ao mesmo tempo, pode receber o sopro do Espírito Santo. A vida de oração pode reavivar. A vida de meditação na Palavra pode reavivar. A vida de evangelização e a de discipulado podem reavivar. A vida de adoração a Deus pode reavivar. A vida ministerial pode reacender. O Espírito Santo quer avivar a sua classe!
4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio a Lições Bíblicas Adultos. Na edição 92, p.40, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparac;ao de sua aula:
1) Para auxiliar na introdução e no desenvolvimento do segundo tópico, o texto “Avivamento muda atitudes, pensamentos e propósitos” mostra o quanto que Avivamento tem a ver com mudanças densas em nosso interior;
2) Para aprofundar o terceiro tópico, o texto “O que é preciso para permanecer avivado?” traz uma reflexão a respeito da perseverança de uma vida avivada na presença de Deus.
INTRODUÇÃO COMENTÁRIO
Deus fez no tempo de Ezequiel ainda pode fazer atualmente. Ele produziu avivamentos em várias partes do mundo, notadamente, nos séculos XVIII e XIX. No século XX também contemplamos um grande avivamento por intermédio do Movimento Pentecostal. Cremos que, antes da vinda de Jesus para arrebatar a sua Igreja, Deus pode despertar um grande avivamento mundial.
Nesta lição, a partir de Ezequiel 37 e 47, estudaremos os avivamentos espirituais que ocorreram no mundo.
COMENTÁRIO
A Bíblia Sagrada é a mensagem de Deus para o mundo. Como Ele é um Deus planejador, onipotente, onipresente e onisciente, sábio, imenso, tudo no sentido absoluto, Ele não fez nem faz as coisas de qualquer jeito. Ele tem programas, planos, objetivos, metas e estratégias, além de normas e regras ou leis que devem ser obedecidas. Ele poderia ter transmitido a mensagem bíblica a outro povo, mas escolheu revelar a sua vontade para o ser humano, começando pelo povo de Israel.
O Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia, relatam muitos fatos sobre a revelação divina para a humanidade. Segundo o entendimento dos estudiosos, o escritor do Gênesis não é informado, mas o restante do Pentateuco foi escrito por Moisés. De início, Deus escolheu Abraão, o patriarca que se tornou o pai da nação israelita, e fez-lhe promessas maravilhosas de que nele seriam “benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.1-3). Assim, podemos ver que a mensagem do Pentateuco tem um sentido muito mais abrangente do que se pode pensar.
Já podemos ver nos primeiros livros da Bíblia o olhar de Deus para o mundo. Os Dez Mandamentos foram, na origem, voltados para Israel, mas não foram só para aquele povo. Foram uma condensação de normas de caráter espiritual e moral para todos os homens. Os mandamentos podem ser traduzidos como a base legal e moral de Deus para toda a humanidade. Em todos os livros do Antigo Testamento e muito mais nos livros do Novo Testamento, vemos o plano de Deus para a vivência do homem na terra, bem como o seu plano para a redenção do homem caído no Éden. Jesus foi quem melhor entendeu e traduziu o propósito da Lei de Moisés no seu sentido abrangente, dirigida a todos os homens. Ele disse: (Mt 5.17,18)
A Lei mandava amar o próximo (Lv 19.18b), mas os religiosos acrescentavam: “Odiarás o teu inimigo”. Jesus trouxe uma nova ética para a prática do amor. Ensinando sobre esse tema, Jesus disse: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo” (Mt 5.43). “O próximo” eram só os judeus, as suas famílias, as suas autoridades. O “inimigo” eram os outros, os gentios. O amor na visão de Cristo não é algo apenas romântico, quimérico, fantasioso. É um sentimento que demanda sólido fundamento nos princípios cristãos. Só podem praticar o verdadeiro amor aqueles que são dominados pelo poder de Deus e na direção e unção do Espírito Santo. De outra forma, torna-se impossível amar como Cristo requer. Dando seguimento ao ensino, em contraposição ao que preceituava a Lei, Jesus doutrinou: (Mt 5.44,45)
Essa visão eleva o sentido do amor, sendo um verdadeiro teste para o cristão em todos os tempos. Cristo não admite o ódio a ninguém, nem mesmo um mínimo desafeto a um inimigo. Se Deus ama a todos (Jo 3.16), devemos fazê-lo também para sermos os seus filhos. Isso prova que os princípios espirituais e morais do Decálogo encontram-se com as leis do Reino de Cristo, expostas no sermão do monte. Os antigos cumpriam os mandamentos e estatutos em Israel de modo formal e frio. Alguém deveria ser punido se matasse, mas não havia condenação para quem odiasse.
Jesus, contudo, deu aos mandamentos um sentido muito mais elevado, aprofundando e ampliando o seu entendimento, tornando os instrumentos da justiça e do amor de Deus.
Sem dúvida alguma, desde o Antigo Testamento até ao Novo e até hoje, podemos perceber a grande mensagem de Deus para o ser humano em toda a história. Essa grande mensagem traz a revelação de Deus para que o homem seja salvo e possa ser feliz aqui e muito mais na eternidade. Toda a mensagem da Bíblia é, ao mesmo tempo, mensagem de mandamentos divinos para o homem cumprir para ser salvo e mensagem de alegria e felicidade para os que amam a Deus e cumprem a sua vontade. É, todavia, também uma mensagem de juízo sobre os que não se submetem à sua vontade. No Salmo 9, está escrito: “Os ímpios serão lançados no inferno e todas as nações que se esquecem de Deus” (Sl 9.17).
Para os salvos que amam a Deus e aceitam a Cristo como o seu Salvador, a mensagem da Bíblia é uma mensagem de alegria, de gozo e de avivamento espiritual profundo que parte do interior do ser (Jo 7.37-39)
Os que creem em Jesus são cheios do Espírito Santo e desfrutam de uma vida plena de avivamento.
Através da mensagem do evangelho por todo o mundo e a toda criatura, os povos da terra podem experimentar a presença de Deus nas suas vidas, no seu ser, sendo revestidos de poder e ser cheios do Espírito Santo. A promessa do batismo no Espírito Santo trazida por Jesus não foi só para Israel, que a rejeitou de forma deprimente para o seu próprio prejuízo espiritual; foi para eles e para os confins da terra. Jesus proclamou na despedida dos discípulos: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). A partir de Jerusalém, a mensagem poderosa do evangelho de Cristo espalhou-se por Israel e ultrapassou as suas fronteiras, chegando à Europa e a todos os continentes.
Neste capítulo, veremos como a mensagem de Deus produziu episódios de avivamento em várias partes do mundo, notadamente nos séculos XVIII e XIX e também nos últimos séculos, mesmo em proporção menor. Cremos que, antes da vinda de Jesus para buscar a sua Igreja, poderá haver ainda um grande avivamento mundial, com a globalização do evangelho na unção do Espírito Santo de Deus.
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
A chamada à restauração no presente contexto é o renascimento de Israel na terra de seus antepassados, no Oriente Médio, envolvendo a restauração completa, nacional e espiritual. A visão que Ezequiel teve do vale de ossos secos descreve numa linguagem metafórica como Israel voltará a ser uma nação soberana reconhecida na comunidade internacional.
Essa profecia é continuação da promessa do retorno dos judeus para a terra dos seus antepassados, em Éretz Israel do capítulo 36.
É vista por muitos como a mais ou uma das mais importantes do livro de Ezequiel. Como disse Steven Tuell: “a visão do vale de ossos secos é, indiscutivelmente, a passagem mais famosa e influente neste livro”. Daniel Block afirma: “Com possível exceção da visão inicial, nenhuma profecia no livro de Ezequiel é tão bem conhecida como 37.1-14”. E John W. Wevers declara: “Esta dramática e bem conhecida passagem em Ezequiel é a descrição de uma experiência extática no mesmo cenário em que ocorre a visão inaugural”.
A patrística, principalmente os pais gregos, usava essa passagem como base para a doutrina da ressurreição dos mortos. Essa passagem se reveste de importância especial para os judeus. Foi encontrado esse extrato da profecia em Massada.
Quando os arqueólogos descobriram a fortaleza de Massada, em Israel, entre 1963 e 1965, acharam entre as ruínas os restos de um pergaminho “que estavam melhor conservados, e que se podiam ler com facilidade; continham extratos do capítulo 37: a visão dos ossos”. Massada foi o último bastião dos zelotes que resistiu aos romanos depois da destruição de Jerusalém no ano 70, sendo capturada dois anos depois.
Essa visão de 37.1-14 é parte de uma série de revelações que Ezequiel teve durante a noite anterior, quando recebeu o mensageiro com a notícia da destruição de Jerusalém (33.21, 22). Como disse Charles Lee Feinberg, “era para espalhar a tristeza do povo sobre a triste notícia. O principal objetivo da visão era reagir ao desespero e ao pessimismo que haviam tomado conta da nação desesperançada”.96 É o que mostra o versículo 11.
Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 117-118.
I – O AVIVAMENTO NO TEMPO DE EZEQUIEL
1 - Calamidade e restauração de Israel.
O profeta Ezequiel alertou o povo a respeito dos duros juízos de Deus contra a desobediência e a apostasia de Israel (Ez 6.3-5; 8.1; 9.4). Diante de tão grande calamidade espiritual, o Senhor teve misericórdia, poupou o povo da destruição total e restaurou a nação eleita: “Mas eu os poupei por amor do meu santo nome, que a casa de Israel profanou entre as nações para onde foi” (Ez 36.21).
COMENTÁRIO
Deus Promete Restaurar Israel
O livro de Ezequiel mostra o contexto histórico em que se encontrava o seu povo no exílio babilônico por causa da sua desobediência e afastamento de Deus. Eles foram levados cativos em três etapas. Na primeira etapa, em 605 a.C., foram levados para a Babilônia alguns jovens, dentre os quais Daniel e os seus três companheiros. A segunda etapa ocorreu em 597 a.C., quando cerca de 10 mil cativos foram levados para a Babilônia, no meio dos quais estava o profeta Ezequiel. A terceira etapa teve lugar quando, em 586 a.C., as tropas de Nabucodonosor destruíram completamente o Templo e a cidade e o restante do povo foi levado para a Babilônia.
Ezequiel e Daniel foram levados cativos quando ainda eram adolescentes.
A apostasia de Judá e Jerusalém
Nos seus capítulos, Ezequiel registrou a deplorável situação espiritual de Israel. Depois de ter várias visões de Deus, ele foi chamado como “atalaia sobre a casa de Israel” (Ez 3.17) e foi designado para alertar ao povo o que Deus já anotara sobre os seus pecados e maldades, bem como os juízos que haveriam de vir. Ele profetizou contra “os montes de Israel”: (6.3-5)
A apostasia em Jerusalém era terrível. Os filhos desprezavam os seus pais, cometiam perversidades, havia terríveis pecados sexuais, inclusive com a prática do incesto; havia propinas no meio do povo; os sacerdotes eram carnais, não fazendo separação entre o santo e o profano; os profetas profetizavam mentiras; praticavam violência contra os pobres e necessitados (ver capítulo 22).
O juízo de Deus sobre Jerusalém
Foram muitas as profecias de Ezequiel contendo o teor dos juízos de Deus sobre Israel e Judá (8.1; 9.4). Apenas extraímos alguns textos face o espaço deste estudo. No capítulo 9 do seu livro, Ezequiel anotou terrível juízo do Senhor contra Jerusalém: (9.5-7).
Em outros capítulos, há registros dos grandes castigos de Deus sobre a impiedade do povo de Jerusalém (33.25-29).
A restauração de Israel Diante de tão grande calamidade espiritual, o Senhor teve misericórdia do seu povo e poupou-o da destruição total, resolvendo, assim, restaurar a nação eleita não por respeito a eles, mas pelo seu próprio nome: (Ez 36.21-24)
A decisão de restaurar Israel foi unilateral da parte de Deus. A nação na sua apostasia desonrara o nome do Senhor, profanando-o entre as nações para onde fora levada em cativeiro. Uma nação desobediente assim jamais poderia restaurar-se a si própria. Por isso, o Senhor, que é grande em misericórdia e extremamente benigno e perdoador, resolveu agir, visando a restauração do povo que Ele escolheu para ser um povo eleito, que deveria ter sido o seu representante na face da terra. No entanto, Israel não zelou por essa escolha divina. Deus, porém, tomou a decisão de promover a restauração nacional de Israel, trazendo-lhe de volta de entre as nações e implantando-o na sua terra.
Avivamento na restauração de Deus
Quando Deus decide abençoar alguém ou a um povo, os seus desígnios ultrapassam toda imaginação. O profeta Ezequiel recebeu de Deus o que seria o processo divino para a restauração do seu povo. Ele ouviu diretamente de Deus promessas tão gloriosas e jamais imaginadas: (36.34-38)
Veja o quanto Deus amou o seu povo, que estava praticamente destruído tanto espiritual quanto moralmente. A terra assolada passou a ser lavrada, produzindo o alimento necessário para o seu povo. Ficou “como o jardim do Éden”, coisa jamais imaginada pelos habitantes de Israel, principalmente os de Judá. As cidades que ficaram solitárias, assoladas e destruídas ficaram fortalecidas e cheias de habitantes. E Deus prometeu e cumpriu tempos depois que os multiplicaria como um rebanho, que seria como “o rebanho de Jerusalém em suas solenidades”, e as suas cidades não ficariam mais desertas, mas seriam cheias de famílias, confessando que Deus é o Senhor. Glória a Deus por isso!
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
A maldição da aliança determinava que a deportação de Israel e a desolação de sua terra causariam consternação entre seus inimigos (Lv 26.32,33). Porém, o termo Sãmam em Levítico é vago e o modo de profanação não é especificado. Yahweh dá sua interpretação em Ezequiel, e, ao fazê-lo, revela que a questão principal não é nem demográfica nem geográfica – é teológica. No meio dos observadores estrangeiros, a remoção de Israel de sua terra havia levado a uma conclusão errada a respeito do caráter de Yahweh.
A reação dos observadores, radicalmente teocrática, é descrita por meio de duas citações diretas (v. 20b), ambas construídas como sentenças declarativas, mas, no contexto, exigindo uma interpretação interrogativa. De acordo com as percepções teológicas do antigo Oriente Próximo, a razão é lógica, envolvendo, em síntese, as percepções populares do relacionamento divindade-nação-terra. Como Deus de Israel, Yahweh era obrigado a defender sua terra e seu povo, e a prevenir a separação entre ambos.
Porém, a separação havia ocorrido, trazendo à questão tanto as reivindicações de Yahweh como as do povo. Os estrangeiros puderam concluir ou que Yahweh havia voluntariamente abandonado seu povo, ou que ele era incapaz de defendê-lo contra o poder superior de Marduque, 0 deus da Babilônia. A primeira opção desafia a integridade e a credibilidade de Yahweh; a segunda, sua soberania. Em qualquer caso, sua reputação havia sido profanada entre as nações. Assim, a corrupção da terra havia levado, em última instância, à corrupção do nome de Yahweh.
Nesse contexto, Sêm significa mais que uma marca de identificação; significa o caráter e a reputação de Yahweh. A expressão Sê m q”ds’ (lit., “nome de minha santidade”) deriva da lei cultual de Lv 20.2,3, que associa a profanação do santo nome de Yahweh com a profanação do santuário mediante abusos cultuais. Entretanto, Ezequiel tem a tendência de atribuir a profanação (hillêl) do santo nome de Yahweh a eventos históricos. Em sua anterior descrição revisionista da história de Israel (capítulo 20), em três momentos críticos o motivo de Yahweh para o gracioso tratamento de seu povo foi “para que meu nome não seja profanado à vista das nações” (vv. 9, 14, 22).
Em cada instância, a profanação teria sido resultado do fato de as nações terem tirado conclusões falsas e negativas a respeito de Yahweh, a partir do infortúnio de Israel. Semelhantemente, aqui, o exílio de Israel da terra foi como zombaria de seu caráter e reputação. Reiterando a questão central dessa primeira parte do oráculo, o v. 21 levanta a esperança de que a preocupação ou a piedade por seu nome sagrado motivará Yahweh a agir. A emoção que Yahw’eh havia anteriormente negado a seu povo é agora provocada para defender sua reputação.“
A presente preocupação pela reputação de Yahweh não é nova para Ezequiel. Por duas vezes Moisés havia feito Yahweh desviar sua ameaça de destruir Israel, argumentando que as nações iriam tirar conclusões erradas a respeito de sua motivação e de seu caráter se ele levasse seu plano a cabo (Ex 32.12; Nm 14.15,16). Como no presente texto, em ambos os casos a falha dos observadores externos em distinguir entre uma causa final humana e a imediata ação divina podia levar a uma falsa visão de Deus, portanto, da profanação de seu nome.
Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 323-324.
Deus é santo e grande.
William Greenhill: Estes versículos (Ez 36.21-24) focalizam o fundamento da restauração dos judeus, que é a quarta parte geral do capítulo. Estando eles no cativeiro e pecando muito ali, fizeram com que o nome de Deus fosse profanado pelos pagãos.
Nada merecendo senão vergonha, ele se compadeceu deles e os libertou por amor do seu nome. O nome de Deus vem acompanhado por dois adjuntos, ou epítetos: santo e grande.
O hebraico traz: “E eu os poupei por causa da minha santidade. Ou seja, eu os poupei por causa do meu santo nome. Eu não toleraria que ele fosse profanado pelos pagãos e, por isso, os libertei. A Septuaginta traz: “Eu os poupei por causa do meu santo nome. Eu tenho um temo respeito pelo meu nome, e porque é santo, não admito que seja submetido à maledicência pagã.
…O nome do Senhor é santo. Sua essência, sua vontade, seus atributos, suas obras, sua palavra são o seu nome. Tudo isso exibe Deus, o faz conhecido, e assim constitui o seu nome, igualmente o nome de sua santidade, ou “seu santo nome”. Não há nenhum nome debaixo do céu como o do Senhor. E um nome santo, e tão glorioso; um nome grande, e tão temível. Devemos santificar o nome de Deus, e isso fazemos quando cremos.
Libertação e arrependimento.
Matthew Meade: Foi a misericórdia de sua libertação que entemeceu-lhes o coração numa disposição pesarosa e penitente. “Então vos lembrareis que tive compaixão do meu santo nome, que a casa de Israel profanou entre as nações para onde foi” (Ez 36.21). O que isso indica? Ezequiel 36.24 nos diz: “Tomar-vos-ei de entre as nações, e vos congregarei de todos os países, e vos trarei para a vossa terra…. Libertação e arrependimento vêm juntos.
Eles estavam tão distantes do arrependimento do pecado em seu cativeiro que continuaram em sua impiedade para o grande opróbrio de Deus entre os pagãos… Eles não tinham expectativa de livramento e, onde não há fé, não pode haver aptidão para livramento. Portanto, quando Deus os liberta ele lhes diz que isso não foi por causa deles. É como se ele dissesse: eu faço isso não porque vocês o mereçam, mas por causa da glória do meu próprio nome. “Não é por amor de vós que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome” (Ez 36.22).
Carl L. Beckwith; traduzido por Heber Carlos de Campos Jr., Lucas Ribeiro, Paulo Sérgio Gomes e Vagner Barbosa. Comentário Bíblico da Reforma – Ezequiel e Daniel. Editora Cultura Cristã. 1 Ed 2014. pag.215.
2 - Um vale de ossos secos.
O profeta Ezequiel recebeu uma visão a respeito do vale de ossos secos. Essa visão era uma representação do estado espiritual do povo de Israel. Para esse povo, Deus ordenou a Ezequiel profetizar sobre os ossos secos (Ez 37.4,5). Havia uma promessa ali de um grande avivamento nacional (Ez 37.3).
Depois de profetizar, Ezequiel contemplou um grande milagre em visão: “E profetizei como ele me deu ordem; então, o espírito entrou neles, e viveram e se puseram em pé, um exército grande em extremo” (Ez 37.10). Era a chegada de um grandioso avivamento espiritual sobre a nação de Israel.
COMENTÁRIO
O profeta Ezequiel foi um grande porta-voz da restauração de Deus ao povo de Israel. Ele teve várias visões e revelações de Deus acerca da queda e da restauração espiritual e nacional de Israel. Na mesma época da revelação anterior, Ele teve uma visão muito estranha. Deus fez com que o profeta visse um vale cheio de esqueletos, de ossos secos, “sequíssimos”! E o próprio Deus indagou-lhe se aqueles ossos totalmente ressequidos ainda poderiam viver. O profeta respondeu: “Senhor Jeová, tu o sabes” (37.1-3). Para a surpresa do profeta, Deus mandou-lhe profetizar para os ossos secos, dizendo: (37.4-6)
Após aquela profecia aparentemente sem sentido, por dirigir-se a uma quantidade enorme de ossos secos, um milagre aconteceu.
Enquanto Ezequiel profetizava, obedecendo a Deus, “houve um ruído”, seguido de “um reboliço”, e, para espanto do profeta, cada osso que estava solto e isolado no vale juntou-se misteriosamente ao osso correspondente no esqueleto, e os ossos foram cobertos de nervos. O vale que estivera cheio de ossos sequíssimos tornou-se um vale de cadáveres, de corpos sem vida, pois “não havia neles o espírito”. Diante dessa situação, Deus disse para Ezequiel profetizar não mais aos ossos secos, mas ao “espírito”, para que assoprasse sobre os corpos mortos, e estes tivessem vida. Assim, em cumprimento à ordem de Deus, pela profecia, “o espírito entrou neles, e viveram e se puseram em pé, um exército grande em extremo” (37.7-10).
Podemos dizer com toda a segurança que ali, naquela visão, foi manifestada a chegada de um grandioso avivamento espiritual sobre o povo de Israel. Essa é uma mensagem de esperança nos dias em que vivemos. Há igrejas — e não são poucas — que podem ser comparadas a um “vale de ossos secos”. Outras podem ser comparadas a corpos com carne e nervos, mas são “cadáveres” espirituais. Não têm vida, não têm poder, nem unção. Não passam de “instituições religiosas sem fins lucrativos”. Falta o poder do Espírito Santo. Assim aconteceu com muitas igrejas na Europa.
Muitas eram grandiosas, possuíam muitos membros, mas foram-se acomodando em si mesmas e deixaram de buscar a presença de Deus com o passar dos anos. Grandes templos foram vendidos por falta de fiéis e foram transformados em grandes restaurantes, bares, casas de shows e alguns até em mesquitas muçulmanas.
A mensagem de Ezequiel sobre a restauração dos ossos secos e dos corpos sem vida lembram que Deus pode dar vida a quem está morto. Cremos que Deus, e só Ele, pode reavivar comunidades evangélicas que estão mortas há muito tempo. Vemos igrejas na Europa, nos Estados Unidos e até no Brasil que deixaram de lado a Bíblia, a inspirada, infalível e inerrante Palavra de Deus, e passaram a guiar-se pelo “evangelho politicamente correto”, pelas teologias liberais ou contemporâneas que aceitam o pecado, a iniquidade e a depravação moral como se fossem comportamentos normais e até “aprovados por Deus”.
Para essas igrejas, com os seus pastores, bispos ou apóstolos, a homossexualidade é aceitável e até desejável; deve ser aceita porque “Deus é amor” e “não exclui ninguém”. Para essas igrejas “inclusivas”, o que está escrito em Levítico 18.22 e 20.13 e em 1 Coríntios 6.10 não tem mais valor algum para os dias de hoje. São mensagens “ultrapassadas”, retrógradas e escritas “para um povo tribal”, como disse certo deputado num congresso de homossexuais, com total apoio do governo de esquerda de então.
Nessas igrejas — se é que ainda podem ser chamadas assim —, o crime cruel e covarde do aborto deve ser compreendido como “direito reprodutivo da mulher”; esquecem-se de que a Palavra de Deus diz “não matarás o inocente” (Êx 23.7); aceitam a famigerada e satânica “ideologia de gênero”, que ensina que “ninguém nasce homem ou mulher”, sob o argumento de que é necessário acolher a todos com amor e compreensão. Sim, devemos acolher com amor, mas sem desprezar a Lei de Deus, que considera essa falsa ideologia a maior afronta contra o Criador, que criou o ser humano “macho e fêmea”, à sua imagem, conforme à sua semelhança (Gn 1.27,28).
Contudo, apesar de essas igrejas ou grupos religiosos estarem nessa condição espiritual lastimável, à luz da Palavra de Deus, é possível serem restauradas com um grande avivamento da parte de Deus, desde que parem de jogar a Bíblia de lado e voltem ao Livro Sagrado, que o Senhor Deus preparou para mostrar ao homem a sua santa e soberana vontade. Os “ossos secos” do liberalismo evangélico podem ser restaurados, e os “cadáveres” espirituais podem ser ressuscitados pelo poder do Espírito Santo, desde que aceitem o sopro de Deus nas suas estruturas eclesiásticas mortas pela doença do pecado e da corrupção espiritual e moral.
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Enquanto Ezequiel está contemplando a visão dos ossos secos, ele é abordado diretamente por Yahw’eh, ben-‘ãdãm, (lit. filho do homem), que lhe faz uma pergunta curiosa: “estes ossos poderão tornar a viver? ” A pergunta é também enigmática. A própria tradição de Ezequiel sabe de pessoas que voltaram a viver, mas apenas em casos de morte recente. Estes ossos (hWãsãmôt hâ’ëlleh, que ocorre três vezes nos vv. 3-5) representam os mortos de muito tempo atrás. Qualquer esperança em relação a eles precisaria estar ligada à crença na ressurreição escatológica geral (cf. Dn 12.1,2).
A resposta do profeta sugere que tais noções ainda não haviam amadurecido em Israel. As pessoas haviam começado a compreender a ideia, como Jó 14.14 parece implicar (embora, no final, a esperança de Jó aborte). A resposta de Ezequiel para a pergunta de Yahweh é cautelosa. Como “Ó Senhor Yahweh, só tu o sabes”, ele arremessa a bola de volta ao campo de Yahweh. Ele nem exclui a possibilidade – afinal de contas, com Deus todas as coisas são possíveis (Gn 18.14; Jr 32.17), e Yahweh exerce controle sobre a vida e a morte (Jó 34.14,15; Sl 104.29,30) – nem trai a desesperança de seus contemporâneos (v. 11). Pelo contrário, ele se lança completamente sobre a vontade e o poder de Deus. Yahweh responde devolvendo a bola, exigindo que o profeta se envolva pessoalmente para providenciar a resposta.
4-10 Nestes versos, testemunhamos outro exemplo de “metade” literária, tipicamente ezequielense. Não obstante algumas diferenças significativas nas duas partes, o paralelismo entre os vv. 4-8 e 9,10 é óbvio. As duas metades parecem ser construídas como oráculos separados, cada uma com suas próprias fórmulas proféticas e estrutura. No primeiro segmento, Ezequiel é convocado a chamar a atenção dos ossos secos em favor de Yahweh. Pode parecer absurdo falar com “ossos secos”, mas Ezequiel é famoso por sua desconsideração para com as convenções. Começando com a fórmula de citação, Ezequiel emite uma profecia para os ossos como se eles fossem um auditório vivo. Sua mensagem consiste de uma declaração de tese geral (v. 5b), de uma explicação quádrupla e de uma declaração conclusiva da finalidade ou do resultado (v. 6).
5 Cria-se uma expectativa tanto no público hipotético (os ossos) como no público real (seus companheiros de exílio) do profeta, ao serem alertados a respeito da iminente atividade de Yahweh com hinnêh ‘ãn’… (lit. Eis que eu …). A ação prometida é lançada na forma mais simples: Yahweh vai colocar fôlego nos ossos, tendo a revivificação deles como o alvo determinado. Não obstante a sua simplicidade, o emprego do tenno rúah cria ambigüidade. A mudança no significado do v. 1 é óbvia, mas é difícil decidir se rúah deve ser interpretado como “espirito” ou “fôlego”. De qualquer modo, rüah representa a força estimuladora divina, sem a qual nenhuma vida é possível (Jz 15.19). Somente Deus, de quem toda vida se origina (Ec 12.7), pode reviver esses ossos.
Depois que o profeta se submeteu à ordem de Yahweh, ele testemunhou uma visão muito impressionante. O espírito entrou nos corpos, e eles viveram e se levantaram sobre seus pés. A extensão do milagre é realçada pela observação de que o número extremamente grande de ossos (rabbôt më’od, v. 2) foi transformado num exército extremamente numeroso. Embora a ordem dada a Ezequiel nos vv. 5,6 pareça imaginar uma revivificação de um estágio único, a bifurcação de eventos em duas fases é apropriada para um propósito retórico de criar suspense e revigorar a força da figura.
A última declaração no v. 8 havia forçado o ouvinte a fazer uma pausa, querendo saber se, depois disso tudo, a maldição iria permanecer sobre os ossos. Fazendo assim, a atenção é focalizada na resolução culminante. Somente por um ato específico de Deus esses corpos realmente chegarão a viver; e quando o espírito divino vier, cada um dos cadáveres será revivido. Mas os mortos se levantam não porque sejam biologicamente reconstituídos, nem por causa de alguma força intema, mas porque Yahweh lhes infundiu o espírito. O processo de ressuscitamento, de duas fases, tem, também, uma função antropoteológica, imitando o paradigma da criação de ’ãdãm, efetuada por Yahweh. De acordo com Gn 2.7, a massa infomie do pó da terra, que Yahweh moldou na fona de um homem, só se transformou num ser vivente {nepeS hayyâ) depois que ele soprou nele o seu próprio fôlego.
Block. Daniel,. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 347-348; 349.
Essa parte do oráculo mostra o que Deus vai fazer e como isso será feito. É a restauração de Israel representada nessa ressurreição dos ossos secos. Javé revela isso a Ezequiel e manda que ele profetize aos ossos, como se fossem um auditório de ouvintes.
A pergunta de Javé ao Profeta: será que estes ossos podem reviver? serve para lembrar o Profeta do poder de Deus para trazer a vida até mesmo aos ossos, o que, aliás, já havia acontecido em Israel (2Rs 13.21). Ezequiel sabia a resposta, sem dúvida alguma, mas devolveu a questão a Javé: Senhor Deus, tu o sabes. Isso, segundo Moshe Greenberg, realça que “o profeta evita invadir a liberdade de Deus em sua resposta respeitosamente evasiva”.
Então, Deus ordena a Ezequiel: Profetize para estes ossos. E o conteúdo da profecia é: Ossos secos, ouçam a palavra do Senhor, como se falasse a um auditório ou a uma multidão. Como afirma Zimmerli, “o profeta é de repente transformado de porta-voz humano impotente para porta-voz onipotente divino Note que, em seguida, o profeta introduz o discurso usando a fórmula de autoridade divina: Assim diz o Senhor Deus a estes ossos. Ele recebe a incumbência de proclamar sobre os ossos secos a palavra profética, para que eles prestem atenção no mensageiro autorizado que vai trazer a mensagem divina: Eis que farei entrar em vocês o espírito, e vocês viverão. Esse espírito é o elemento crucial para a vida. A expressão hebraica rûaḥ wîḥyîtem, “espírito e vocês viverão”, traduzida na Septuaginta pela expressão grega pneuma zōēs, “espírito de vida” dado por Deus, é a mesma usada em Apocalipse 11.11.
Segundo a agenda divina, que Javé antecipa ao Profeta e manda-o a profetizar, Porei tendões sobre vocês, farei crescer carne sobre vocês e os cobrirei de pele. Os tendões, ou “nervos” (ARC, TB), correspondem à palavra hebraica gîd, “tensão, nervo”, a mesma usada para descrever a contusão da coxa de Jacó (Gn 32.32). Tendão ou nervo é o tecido fibroso pelo qual um músculo se prende a um osso. Depois de religar os ossos com os tendões, virá a cobertura dos ossos com a carne e, em seguida, a carne será revestida com a pele. A vivificação dos ossos por meio da entrada do espírito é reiterada e a razão dessa restauração: Então vocês saberão que eu sou o Senhor, frase muito comum na profecia de Ezequiel, explicada.
Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 95-97.
3. O rio das águas purificadoras.
No capítulo 47, o profeta Ezequiel viu um homem que possuía um cordel de medir nas mãos com o qual mediu uma distância de “mil côvados” (ou 450tn) e fez o profeta passar pelas águas que chegavam em seus tornozelos (Ez 47.3). A cada etapa de mil côvados (ou 45om), o profeta Ezequiel andava nas águas do rio “pelos joelhos”; “pelos lombos”, e por fim, “a nado” (Ez 47.4,5).
Ele já se sentia mais distante do solo. Era um rio que causava muita produção na agricultura, piscicultura e daria vida em tudo por onde passasse (Ez 47.12). Era o grandioso avivamento que Israel haveria de experimentar pela misericórdia de Deus.
COMENTÁRIO
“Um lugar santo para os sacerdotes”
Nas suas visões espirituais, Ezequiel recebeu novas revelações da parte de Deus. O profeta teve mensagens escatológicas sobre povos que, no fim dos tempos, formarão uma confederação que se levantará com o objetivo de destruir Israel, mas que os seus povos serão totalmente derrotados e exterminados pelo poder de Deus (38-39). Em seguida, Ezequiel viu a restauração do Templo que estava destruído. O Senhor mostrou a restauração das suas estruturas físicas (40-44). Logo depois, ele viu a destinação de um “lugar santo da terra”, destinado aos “sacerdotes”, ministros (45.4,5).
Essas águas podem significar “o rio da graça de Deus”. Em quatro etapas:
a) Numa primeira etapa, em que o profeta sentiu que as águas purificadoras chegavam apenas aos seus tornozelos (47.3), podemos dizer que se trata do crente que não se aprofunda no relacionamento com Deus. Ele está firmado sobre os seus pés, sobre a sua vontade, os seus conceitos e as suas percepções humanas da vida. Pode-se aplicar a igrejas que se deixam levar por uma liturgia humanista, que não busca aprofundamento no estudo da Palavra de Deus. Nessas igrejas, a maioria dos crentes não lê a Bíblia e muito menos estudam-na. Limitam-se a ouvir a “leitura oficial” ou “devocional” no culto e a ouvir mensagens bonitas, agradáveis e superficiais.
b) Numa segunda etapa, em que as águas davam pelos joelhos do profeta (47.4a), podemos entender que se trata do crente que já tem mais comunhão com Deus, mas ainda não está bem firmado nos seus pés em termos espirituais e continua dominado pelos sentimentos humanos e carnais. Está ainda andando com os pés no chão da vida humana. Em relação a igrejas, pode ser entendido o caso das que já passaram por uma evolução na busca do conhecimento da Palavra de Deus, mas que ainda dão lugar às pregações liberais, que visam agradar aos homens, e não a Deus.
c) Numa terceira etapa, o profeta sentia as águas cobrirem-lhe os lombos, ou o seu peito (47.4 b). Trata-se do crente que ainda tem os pés na terra, mas já se sente mais envolvido pelo rio da graça de Deus, estando mais voltado para cima, para as coisas espirituais. A sua comunhão com o Senhor já evoluiu bastante, e ele pode sentir mais a presença de Deus. Há igrejas que conseguem avançar no relacionamento com Deus, levando as pessoas a orar, a ler a Bíblia, sendo, portanto, uma situação bem melhor que as anteriores.
d) Numa quarta etapa, Ezequiel diz que o homem “[…] mediu mais mil e era um ribeiro, que eu não podia atravessar, porque as águas eram profundas, águas que se deviam passar a nado, ribeiro pelo qual não se podia passar” (47.5). Nessa etapa, o profeta sentiu que os seus pés não mais tocavam ao chão do rio; pois as águas eram profundas e que, para atravessar o ribeiro, precisava nadar. É o nível desejável de maturidade cristã. O crente deixa de ser carnal ou natural e passa a ser “homem espiritual”, que “discerne bem tudo” (1 Co 2.15,15). Ele alcança um nível espiritual em que pode dizer como Paulo: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2.20). Em se tratando de igrejas, trata-se da situação desejável em que a liderança dá exemplo em buscar a presença de Deus e leva os crentes a terem maturidade espiritual, não se deixando levar pelas falsas teologias liberalistas dos tempos presentes.
Os efeitos das águas purificadoras
Na sua visão sublime, Ezequiel foi levado de volta à margem do ribeiro das águas purificadoras e observou que, às margens do rio, havia muitas árvores de uma e de outra banda. O ser celestial que o levou disse que iriam para o mar e sarariam as águas; e haveria “muitíssimo peixe”, e as águas tinham a propriedade de sarar e dar vida a tudo por onde o ribeiro passasse. E o ser que conduzia o profeta concluiu a sua missão falando sobre os efeitos produtivos e proveitosos daquelas águas: (47.12)
Essas águas lembram o que diz o Salmo 1 sobre a comparação que o salmista faz sobre a natureza do homem justo: “Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará” (Sl 1.3).
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Simplesmente espetacular!!!
Essa foto foi registrada por uma fotógrafa no Texas, ao por do Sol, nos faz ter uma breve noção de como foi a visão de Ezequiel junto ao rio Quebar.
"Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do norte, uma grande nuvem, com um fogo revolvendo-se nela, e um resplendor ao redor, e no meio dela havia uma coisa, como de cor de âmbar, que saía do meio do fogo."
Ez 1.4
Fonte: GospelNews
Águas debaixo do limiar. William Greenhill: “E eis que saíam águas de debaixo”.
Vilalpandus interpreta essas águas como sendo as águas subterrâneas que eram transportadas por tubos no subsolo e saíam no átrio dos sacerdotes, para lavar os sacrifícios e limpar o sangue, os excrementos e a sujeira ocasionada pelo abate de tantos sacrifícios. Certamente se não houvesse aquedutos em tomo do templo de Salomão para manter limpos os lugares onde os sacrifícios eram abatidos e preparados, esse local seria malcheiroso e insalubre. Essas águas fluíam, algumas do limiar, algumas do lado sul do altar, e assim corriam. Dessas águas, o Senhor aproveita a ocasião para falar de águas espirituais.
Aguas debaixo do limiar. John Bunyan:
Embora na relação sagrada do edifício do templo nenhuma menção seja feita a essas águas, mas apenas se menciona o monte no qual o rei o construiu e os materiais com que ele o edifícou, não obstante, parece-me que nesse monte, e ali também onde o templo foi construído, havia uma fonte de água viva. Isso parece mais que provável, por Ezequiel 47.1, onde ele diz: “Depois disto, o homem me fez voltar à entrada do templo, e eis que saíam águas de debaixo do limiar do templo, para 0 oriente; porque a face da casa dava para o oriente, e as águas vinham de baixo, do lado direito da casa, do lado sul do altar.
E de novo: “Sairá uma fonte da Casa do Senhor e regará o vale de Sitim” (J1 3.18). E onde quer que estivesse a primeira aparição dessas águas santas, essa fonte só estaria no santuário, que é o mais sagrado de todos (Ez 47.12), onde ficava o propiciatorio, que em Apocalipse é chamado de “trono de Deus e do Cordeiro” (Ap 22.1-2).
…Em Ezequiel e Apocalipse é dito que essa água tem a árvore da vida crescendo em suas margens e era um tipo da Palavra e do Espírito de Deus, por meio qual o próprio Cristo se santifícou, a fim de adorar como sumo sacerdote (Ez 47; Ap 22). E também essa água é aquela que cura todos os que serão salvos e pela qual, sendo eles também santificados por ela, fazem toda a sua obra de adoração e serviço aceitável, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor. Assim, é dito que essas águas correm para o mar, o mundo, e curam os seus peixes, os pecadores nele; de fato, essa é aquela água da qual Cristo Jesus, nosso Senhor, diz: “Quem dela beber viverá eternamente” (Ez 47.8-10; Zc 14.8; Jo 4.14).
Carl L. Beckwith; traduzido por Heber Carlos de Campos Jr., Lucas Ribeiro, Paulo Sérgio Gomes e Vagner Barbosa. Comentário Bíblico da Reforma – Ezequiel e Daniel. Editora Cultura Cristã. 1 Ed 2014. pag. 259.
O ser celestial, tendo na mão um cordel de medir (v. 3), fez Ezequiel passar pelas águas, que ao caminhar rio abaixo, mediu quinhentos metros e me fez passar pela água, que me dava pelos tornozelos (v. 3b). Quinhentos metros mais adiante, as águas chegam aos joelhos e depois de mais quinhentos metros elas já estão nos lombos (v. 4). Quinhentos além, essas águas já haviam se tornado um ribeiro, e o profeta agora tinha que nadar (v. 5). Ele atravessou o ribeiro nadando, mas depois o ser celestial levou o profeta de volta para a margem do ribeiro (v. 6). Qual o propósito disso? Era necessário que Ezequiel visse a extensão e a profundidade do ribeiro para reconhecer a fonte de todos esses milagres; eles provêm de Deus como um filete de águas e se tornam um ribeiro capaz de fertilizar uma terra seca localizada numa região extremamente árida.
Essa experiência da imersão do profeta nas águas tem implicações teológicas profundas (Jo 7.37-39). Ao longo dos séculos, cristãos de todos os ramos do cristianismo reconhecem a estreita ligação teológica das águas com o Espírito Santo. Ezequiel imerso nessas águas pode perfeitamente ser comparado ao crente cheio do Espírito Santo, visto que a água é um dos símbolos do Espírito (1Jo 5.6), e nenhum livro do Antigo Testamento revela a identidade, os atributos e as obras do Espírito Santo como Ezequiel.
Isso está bem ilustrado na visão de Ezequiel inundado nas águas sanadoras que brotam do templo de Deus (vv. 3-5).
Das 378 vezes que o termo rûaḥ, “vento, sopro, hálito, espírito, Espírito”, aparece no Antigo Testamento, 52 vezes estão no livro de Ezequiel, e 14 vezes em referência ao Espírito Santo.116 O termo revela sua deidade absoluta e identidade com o próprio Javé (8.1-3); ele atua na obra da restauração e regeneração (36.24-28; 37.14; 39.29). O profeta Ezequiel anunciou um derramamento do Espírito Santo para a purificação (Ez 36.25, 33) e a capacitação dos purificados (Ez 36.27).
As águas terapêuticas do rio da visão de Ezequiel saem de debaixo do umbral, e as águas cristalinas que saem do trono de Deus e do Cordeiro, em Apocalipse, apontam para Cristo e o Espírito Santo. É significativo a presença do rio no Éden, no princípio, e no relato da criação e do rio da vida, no mundo vindouro, sendo que o rio da visão de Ezequiel fica entre eles, ou seja, entre o primeiro e o último. Vemos em tudo isso a restauração escatológica da terra e a efusão do Espírito sem medida.
Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 139-140.
II – OS GRANDES AVIVAMENTOS NO MUNDO
1. Na Europa.
Houve períodos em que o continente europeu estava em situação idêntica à do povo de Israel no contexto das profecias de Ezequiel 37 e 47. Pela misericórdia divina, não tardou Deus usar pessoas cheias do Espírito Santo para clamarem e perseverarem por um avivamento espiritual. O Senhor queria avivar o velho continente.
a) Na Alemanha. Por volta de 1722, o Conde Zinzendorf liderou os morávios num fervor missionário que se espalhou pelo continente europeu e chegou à América; com sua ênfase na “religião do coração”, houve um grande despertamento na busca do poder de Deus, principalmente, voltado para as missões mundiais.
b) Na Inglaterra. Por volta de 1740, John e Charles Wesley, e George Whitefield atuaram com grande fervor missionário, buscaram o poder de Deus, a unção do Espírito e pregaram contra 0 formalismo sem poder das igrejas daquele tempo. Um grande avivamento desceu sobre a nação inglesa.
c) No País de Gales. Evan Roberts, um adolescente de 13 anos, reuniu seus colegas e lhes falou da visão que recebeu de Deus, num domingo, dizendo que enviaria um avivamento, mas todos precisavam abandonar a prática do pecado. Foi tão grande o impacto daquela visão de Deus que, por volta de 1904 e 1905, 0 avivamento começou a espalhar-se pela cidade, pelo país e alcançou muitos países do mundo.
COMENTÁRIO
Avivamentos preparatórios
Deus começou a levantar homens cheios do Espírito Santo para usá-los com poder para buscar o avivamento espiritual, tão necessário para o mundo e para as igrejas que estavam numa verdadeira letargia espiritual.
a) Na Inglaterra. John e Charles Wesley, entre 1703 e 1791, com grande fervor missionário, busca do poder de Deus e unção do Espírito Santo; no avivamento com George Whitefield, entre 1714 e 1770; “somente com o surgimento desses três grandes líderes”, o clima espiritual de muitas igrejas passou por uma mudança real em busca do avivamento.
Os irmãos Wesley foram notáveis exemplos de vida em comunhão com Deus. John Wesley não se conformou com o estilo de vida da Igreja Anglicana, formalista e sem poder, e pôs-se a pregar o retorno à vida esposada no Novo Testamento. Reuniu jovens na faculdade chamados de “O Clube Santo”. Dedicavam-se a uma vida de devoção e santificação. Não eram bem-vistos pelos demais crentes.
Wesley andava 90 quilômetros a cavalo para levar a mensagem de Cristo. Viajou à Irlanda 42 vezes, e 22 vezes à Escócia para pregar o evangelho. A sua pregação era bíblica e conservadora por excelência. Falava sobre santidade, boas relações familiares, aversão aos vícios e ao desregramento. Aos 37 anos, depois de ter estudado nos Estados Unidos, voltou à Inglaterra e tornou-se pregador fervoroso. Pregava às 5 horas da madrugada aos trabalhadores que iam para as fábricas; George Whitefield, amigo dos Wesleys, também foi pregador cheio do Espírito Santo. A História da Igreja não afirma que eles falavam em línguas, mas, sim, que eram grandemente avivados e contribuíram para uma busca maior do poder de Deus numa sociedade que se dizia cristã, mas que vivia de modo frio, letárgico e sem unção.
b) Na Alemanha. Por volta de 1720, o Conde Zinzendorf liderou os morávios num verdadeiro fervor missionário que se espalhou pelo continente e chegou à América. A sua ênfase na “religião do coração” levou os fiéis a desde atitudes infantis até a um grande despertamento na busca do poder de Deus, principalmente voltado para as missões transculturais.
c) No País de Gales. Em 1891, Evan Roberts, um adolescente de 13 anos, sentiu a necessidade de um avivamento na sua vida e na sua terra. Ele reuniu os seus colegas e falou-lhes da visão que Deus havia-lhe dado num domingo, dia 30 de outubro de 1904. Mostrou lhes que o Senhor queria enviar um avivamento, mas que todos precisavam abandonar tudo o que era pecado, confessando-os diante de todos. Foi tão grande o impacto daquela visão de Deus que começou a espalhar-se pela cidade, pelo país e alcançou muitos países do mundo.
Em todos esses movimentos, pode-se dizer que Deus estava preparando o ambiente das missões no mundo para o grande avivamento pentecostal que se concretizou no início do século XX e continua até hoje fazendo a diferença entre o formalismo religioso e denominacional e o movimento do Espírito Santo, que começou no Dia de Pentecostes em Jerusalém e nunca mais parou. De uma forma ou de outra, o Senhor sempre levantou homens e mulheres para cumprir os seus desígnios e propósitos.
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
O historiador Lecky, nomeia o Grande Avivamento como sendo a influência que salvou a Inglaterra de uma revolução, igual à que, na mesma época, deixou a França em ruínas. Dos quatro vultos que se destacaram no Grande Avivamento, João Wesley era o maior. Jônatas Edwards, que nasceu no mesmo ano de Wesley, faleceu trinta e três anos antes dele; Jorge Whitefield, nascido onze anos depois de Wesley, faleceu vinte anos antes dele; e Carlos Wesley continuou o seu itinerário efetivo somente dezoito anos, enquanto João continuou durante meio século.
Mas a biografia deste célebre pregador, para ser completa, deve incluir a história de sua mãe, Susana. De fato, é como certo biógrafo escreveu: “Não se pode traçar a história do Grande Avivamento do século passado (1700), na Inglaterra, sem dar uma grande parte da herança merecida à mãe de João e Carlos Wesley; isso não somente por causa da instrução que inculcou profundamente aos filhos, mas por causa da direção que deu ao avivamento.”
Essa unção do Espírito Santo dilatou grandemente os horizontes espirituais de Wesley; o seu ministério tornou-se excepcionalmente frutuoso e ele trabalhou ininterruptamente durante 53 anos, com o coração abrasado pelo amor divino.
Um pastor prega, em média, cem vezes por ano, mas João Wesley pregou cerca de 780 Vezes por ano, durante 54 anos. Esse homenzinho, com a altura de apenas um metro e sessenta e seis centímetros e pesando menos de sessenta quilos, dirigia-se a grandes multidões e sob as maiores provações. Quando as igrejas lhe fecharam as portas, levantou-se para pregar ao ar livre.
Apesar de enfrentar a apatia espiritual quase geral nos crentes, a par de uma onda de devassidão e crimes no país inteiro, multidões de 5 mil a 20 mil afluíam para ouvir seus sermões. Tornou-se comum, nesses cultos, os pecadores acharem-se tão angustiados, que gritavam e gemiam.
Se célebres materialistas, tais como Voltaire e Tomaz Paine, gritaram de convicção ao se encontrarem com Deus no leito de morte, não é de admirar que centenas de pecadores gemessem, gritassem e caíssem ao chão, como mortos, quando o Espírito Santo os levava a sentir a presença de Deus. Multidões de perdidos, assim, tornavam-se novas criaturas em Cristo Jesus, nos cultos de João Wesley. Muitas vezes os ouvintes eram levados às alturas de amor, gozo e admiração; receiam também visões da perfeição divina e das excelências de Cristo, até ficarem algumas horas como mortos. (Ver Apocalipse 1.17.)
Como todos que invadem o território de Satanás, os irmãos Carlos e João Wesley, tinham de sofrer terríveis perseguições. Em Moorfield os inimigos do Evangelho acabaram com o culto, destruindo a mesa em que João subira para pregar e o insultaram e maltrataram. Em Sheffield, a casa foi demolida sobre a cabeça dos crentes. Em Wednesbury, destruíram as casas, roupas e móveis dos crentes, deixando-os desabrigados, expostos à neve e ao temporal. Diversas vezes João Wesley foi apedrejado e arrastado como morto, na rua. Certa vez foi espancado na boca, no rosto e na cabeça até ficar coberto de sangue.
Mas a perseguição da parte da igreja decadente era a sua maior cruz. Foram denunciados como “falsos profetas”, “paroleiros”, “impostores arrogantes”, “homens destros na astúcia espiritual”, “fanáticos”, etc. Ao voltar para visitar Epworth, onde nascera e se criara, João assistiu, no domingo, ao culto da manhã e ao culto da tarde, na igreja onde seu pai fora fiel pastor durante muitos anos, mas não lhe foi concedida a oportunidade de falar ao povo. Às dezoito horas, João, em pé, sobre o monumento, que marcava o lugar em que enterraram seu pai, ao lado da igreja, pregou ao maior auditório jamais visto em Epworth – e Deus salvou muitas almas.
– Qual a causa de tão grande oposição? Entre os crentes da igreja dormente, alegava-se que eram as suas pregações sobre a justificação pela fé, e a santificação. Os descrentes não gostavam dele porque “levou o povo a se levantar para cantar hinos às cinco da madrugada.”
João Wesley não somente pregava mais que os outros pregadores, mas os excedia como pastor, exortando e confortando os crentes, e visitando de casa em casa.
Nas suas viagens, andava tanto a cavalo, como a pé, ora em dias ensolarados, ora sob chuvas, ora em temporais de neve. Durante os 54 anos do seu ministério, andou, em média, mais de 7 mil quilômetros por ano, para alcançar os pontos de pregação. Esse homenzinho que andava 7 mil quilômetros por ano, ainda tinha tempo para a vida literária. Leu não menos de 1.200 tomos, a maior parte enquanto andava a cavalo. Escreveu uma gramática hebraica, outra de latim, e ainda outras de francês e inglês. Serviu durante muitos anos como redator dum jornal de 56 páginas. O dicionário completo que compilou da língua inglesa era muito popular, e seu comentário sobre o Novo Testamento ainda tem grande circulação.
Revisou e republicou uma biblioteca de cinquenta volumes, reduzindo-a para trinta volumes. O livro que escreveu sobre a filosofia natural teve grande aceitação entre o ministério. Compilou uma obra de quatro volumes sobre a história da Igreja. Escreveu e publicou um livro sobre a história de Roma e outro sobre a da Inglaterra. Preparou e publicou três volumes sobre medicina e seis sobre música para os cultos. Depois da sua experiência em Fetter Lane, ele e seu irmão Carlos, escreveram e publicaram 54 hinários. Diz-se que ao todo escreveu mais que 230 livros.
Orlando S. Boyer. Heróis da Fé: Vinte homens extraordinários que incendiaram o mundo. Editora CPAD. 15ª edição: 1999.
Nasce o Clube Santo
No início do ano de 1729, ele começa não apenas a ler, mas a estudar a Bíblia como único padrão de verdade e o único modelo da religião pura. Assim, ele acreditava ver uma luz cada vez mais clara, a indispensável necessidade de ter a mente que havia em Cristo; não apenas parte, mas toda ela, e de caminhar como Cristo caminhou.
Oxford observa com espanto um pequeno círculo social, tomando a doutrina cristã literalmente; incessantemente orando; rigorosamente observando jejuns; vivendo com escassez, de maneira a dar tudo que tinham ao pobre; e pregando, sim, verdadeiramente nas prisões!
Eles se encontravam várias tardes na semana, para lerem o Testamento grego; suas horas eram rigorosamente distribuídas para as várias formas de trabalho; eles nunca tinham descanso.
O diário de John Wesley. Editora Angular. Ed. 2017.
O Conde Nikolaus Ludwig von Zinzendorf (1700-1760) foi um reformador religioso e social alemão, bem como bispo da Igreja da Morávia. Ele foi o fundador e principal organizador da Igreja Morávia, uma denominação cristã que se originou no século 18 na atual República Tcheca. Ele promoveu a tolerância religiosa e a unidade cristã, e seus seguidores eram conhecidos por seu zelo missionário. Ele também desempenhou um papel significativo na cristianização dos povos nativos das Américas, particularmente no Caribe e em partes do que hoje são os Estados Unidos.
Pb. Alessandro Silva.
Evan John Roberts (1878-1951) foi um ministro cristão galês e avivalista. Ele é mais conhecido por liderar o Renascimento galês de 1904-1905, um período de intenso fervor religioso que varreu o País de Gales e teve um impacto significativo no cenário religioso, social e político do país.
Ele era um pregador leigo na Igreja Metodista Calvinista de Gales, e sua pregação durante o avivamento foi marcada por mensagens poderosas que enfatizavam a necessidade de arrependimento e santidade pessoal. Ele pregou em muitas cidades e vilas do País de Gales, atraindo grandes multidões e resultando em muitas conversões, curas e outros sinais de renovação espiritual. Embora o avivamento tenha durado pouco, seu impacto foi duradouro e continua sendo sentido até hoje.
Pb. Alessandro Silva.
2. Nos Estados Unidos.
Deus também queria avivar os Estados Unidos da América. Por isso, houve vários avivamentos na grande nação americana. Charles Grandinson Finney foi usado por Deus para um grande despertamento espiritual.
Teve grande influência de G. Campbell Morgan, do Movimento de Vida Profunda, que pregava um viver pleno da presença de Deus contra uma vida morna que dominava muitas igrejas evangélicas daquele tempo.
COMENTÁRIO
Movimento de Vida Profunda (1792–1875)
Nos Estados Unidos, os ventos do avivamento tiveram grande impacto no século XIX. Charles Grandison Finney foi usado por Deus para um grande despertamento (1792–1875). Teve grande influência de G. Campbell Morgan, do Movimento de Vida Profunda, que pregava um viver pleno da presença de Deus contra uma vida morna que dominava muitas igrejas evangélicas. Charles Finney “também se aliou a esse movimento, e revela em sua autobiografia sua experiência do poder do Espírito Santo, que incluía o falar em línguas”. Esse avivamento não chegou a ser o que depois se chamaria Movimento Pentecostal.
Na Nova Inglaterra, o avivamento pentecostal começou em 1854.
Em 1890, o pastor “Daniel Awrey recebeu o batismo com o Espírito Santo, em sua plenitude pentecostal” em Delaware, Ohio (Hulburt, p. 222). Na cidade de Morehead, o poder caiu em 1892.
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Movimento da Santidade
Contribuições do Movimento
A principal preocupação da igreja não deveria ser sobre adesão de membros, mas sim sobre a salvação. Os avivamentos que ocorreram durante os séculos XIX e XX foram responsáveis pela salvação e restauração de muitos.
Durante os últimos duzentos anos aconteceram várias renovações, reformas e avivamentos. No século XVI, a Igreja Luterana foi forte em sua persuasão.
Depois disso, a Igreja Católica na Europa começou a perder um pouco de sua credibilidade.2 Os puritanos experimentaram um avivamento sob a liderança de Oliver Cromwell, John Bunyan e John Newton; e a Igreja Wesleyana trabalhou junto a eles, além de ajudar a Inglaterra no período em que a França estava lutando na revolução.
Durante o século XIX, pessoas tiveram maravilhosas experiências sob a influência de Charles G. Finney e Dwight L. Moody. Em 1860, 23% da população americana participava de algum tipo de reunião de igreja. Dentro da Igreja Metodista no Norte e no Sul havia um interesse em retornar ao movimento de santidade, o qual prevalecia nos Estados Unidos em 1858.
O movimento gerou grandes contribuições, que prepararam a terra para a ascensão pentecostal. A primeira delas foi a experiência que veio na sequência, da crise à experiência de salvação, e a segunda foi a produção de outra onda de manifestações de Deus notável da história, o que incluiu o batismo pelo Espírito Santo.
Em 1870, os bispos do Sul pediram pela restauração da santificação. Eles enfatizaram que não havia nada mais necessário naquele período. O retorno da santificação traria foco às verdades bíblicas e possivelmente produziria uma renovação. Eles chamavam esta doutrina de “as três obras da graça, porém muitos cristãos a ignoraram devido ao seu interesse no “Evangelho social.
O movimento de santidade se tornou sólido e convicto em suas crenças. Era bastante independente e não era facilmente aceito por outras denominações. Este movimento foi marcado por seu início em Vineland, Nova Jersey, em uma reunião ao ar livre em 17 de Julho de 1867.8 O foco do evento era “exercer influência sobre o Cristianismo, sobre a santidade e “trazer uma nova era ao Metodismo.”
Os Efeitos do Movimento Santidade nas Denominações
O movimento teve também um efeito sobre outras denominações do século XX.
Vinson Synan, um estudioso escritor afirmou: “estes homens em muito pouco se deram conta de que esta reunião eventualmente resultaria na formação de mais de 14.000 denominações ao redor do mundo, e nasceria a “terceira força” do Cristianismo, o Movimento Pentecostal. Elmer T. Clark, autor de “The Small Sects in America” – Os pequenos grupos religiosos na America, lista 60 grupos Pentecostais e Santidade que vieram à existência entre os anos de 1880 e 1930.
Bispo Otis G. Clark & Dra. Gwyneth Williams. O Avivamento de Azusa. Dando liberdade ao Espírito Santo, Sinais, Maravilhas, & Milagres. Ed. 2018.
Uma vida santificada a Deus
Nascido no ano de 1792, na cidade norte-americana de Connecticute, na Nova Inglaterra, Charles Finney teve o privilégio de ser educado numa família tradicionalmente puritana. Quando ele tinha dois anos de idade, seus pais resolveram transferir-se para Nova Iorque. Aos vinte anos, retornou à Nova Inglaterra a fim de cursar a Escola Superior. Enquanto prosseguia nos estudos, pôs-se a lecionar em escolas públicas. Nessa época, já se havia especializado em latim, grego e hebraico.
Em 1918, começou a estudar Direito nos escritórios de Squire Wright, de Adams, em Nova Iorque.
Quanto à vida espiritual, seu progresso era quase nulo. Os sermões que ouvia, achava-os monótonos e sem nenhum atrativo. Sua mente lógica e agudíssima exigia algo mais consistente. Foi por essa época, que ele começou a estudar as Sagradas Escrituras. De início, mostrou-se cético. Mas com o passar dos tempos, não pôde mais resistir: a Bíblia é de fato a inspirada, infalível e inerrante Palavra de Deus.
O que lhe faltava senão aceitar a Cristo? Deixemos que ele mesmo fale de sua experiência de salvação: “Num sábado à noite, no outono de 1821, tomei a firme resolução de resolver de vez a questão da salvação de minha alma e ter paz com Deus”.
Finney, porém, não se conformava. Queria mais de Cristo. Sua fome pelo Senhor era insaciável. Foi assim, buscando incessantemente a Deus, que veio ele a ser batizado no Espírito Santo. Que o próprio Finney narre como se deu sua experiência pentecostal:
“Ao entrar e fechar a porta atrás de mim, parecia-me ter encontrado o Senhor Jesus Cristo face a face. Não me entrou na mente, na ocasião, nem por algum tempo depois, que era apenas uma concepção mental. Ao contrário, parecia-me que eu o encontrara como encontro qualquer pessoa. Ele não disse coisa alguma, mas olhou para mim de tal forma, que fiquei quebrantado e prostrado aos seus pés. Isso, para mim, foi uma experiência extraordinária, porque parecia-me uma realidade, como se Ele mesmo ficasse em pé perante mim, e eu me prostrasse aos seus pés e lhe derramasse a minha alma. Chorei alto e fiz tanta confissão quanto possível, entre soluços. Parecia-me que lavava os seus pés com as minhas lágrimas; contudo, sem sentir ter tocado na sua pessoa.
“Ao virar-me para me sentar, recebi o poderoso batismo com o Espírito Santo. Sem o esperar, sem mesmo saber que havia tal para mim, o Espírito Santo desceu de tal maneira, que parecia encher-me o corpo e a alma. Senti-o como uma onda elétrica que me traspassava repetidamente. De fato, parecia-me como ondas de amor liquefeito; porque não sei outra maneira de descrever isso. Parecia o próprio fôlego de Deus.
“Não existem palavras para descrever o maravilhoso amor derramado no meu coração. Chorei de tanto gozo e amor que senti; acho melhor dizer que exprimi, chorando em alta voz, as inundações indizíveis do meu coração. As ondas passaram sobre mim, uma após outra, até eu clamar: ‘Morrerei, se estas ondas continuarem a passar sobre mim!
Senhor, não suporto mais!’ Contudo, não receava a morte.
“Quando acordei, de manhã, a luz do sol penetrava no quarto.
Faltam-me palavras para exprimir os meus sentimentos ao ver a luz do sol. No mesmo instante, o batismo do dia anterior voltou sobre mim.
Ajoelhei-me ao lado da cama e chorei pelo gozo que sentia. Passei muito tempo sem poder fazer coisa alguma senão derramar a alma perante Deus”.
O grande evangelista
Charles Finney foi um grande evangelista. Suas campanhas eram marcadas por fatos extraordinários. O missionário Orlando Boyer mostra o impacto que Finney causava como mensageiro de Cristo:
“Perto da aldeia de New York Mills, no século dezenove, havia uma fábrica de tecidos movida pela força das águas do Rio Oriskany. Certa manhã, os operários se achavam comovidos, conversando sobre o poderoso culto da noite anterior, no prédio da escola pública.
“Não muito depois de começar o ruído das máquinas, o pregador, um rapaz alto e atlético, entrou na fábrica. O poder do Espírito Santo ainda permanecia sobre ele; os operários, ao vê-lo, sentiram a culpa de seus pecados a ponto de terem de se esforçar para poderem continuar a trabalhar. Ao passar perto de duas moças que trabalhavam juntas, uma delas, no ato de emendar um fio, foi tomada de tão forte convicção, que caiu em terra, chorando. Segundos depois, quase todos em redor tinham lágrimas nos olhos e, em poucos minutos, o avivamento encheu todas as dependências da fábrica.
“O diretor, vendo que os operários não podiam trabalhar, achou que seria melhor se cuidassem da salvação da alma, e mandou que parassem as máquinas. A comporta das águas foi fechada e os operários se ajuntaram em um salão do edifício. O Espírito Santo operou com grande poder e dentro de poucos dias quase todos se converteram.
“Diz-se acerca deste pregador, que se chamava Charles Finney, que, depois de ele pregar em Governeur, no Estado de New York, não houve baile nem representação de teatro na cidade durante seis anos.
Calcula-se que, durante os anos de 1857 e 1858, mais de 100 mil pessoas foram ganhas para Cristo pela obra direta e indireta de Finney”.
Charles Finney: Teologia Sistemática. Editora CPAD. 3 Ed. 2004.
Charles Grandison Finney (1792-1875) era um ministro presbiteriano americano, evangelista cristão e avivalista. Ele foi considerado uma das figuras mais importantes da história do cristianismo americano e do Segundo Grande Despertar, um período de renascimento religioso que varreu os Estados Unidos no início do século XIX.
Finney era conhecido por sua pregação poderosa e sua capacidade de inspirar as pessoas a se comprometerem com o cristianismo. Ele enfatizou a necessidade de arrependimento pessoal e a importância da obra do Espírito Santo no processo de salvação. Ele também acreditava nas “novas medidas” do avivamento, que incluíam o uso de apelos emocionais para levar as pessoas a tomar decisões por Cristo, convites públicos para se apresentar durante um culto e o uso de leigos no processo de conversão de outros. Ele também foi um forte defensor da reforma social, particularmente em questões de escravidão, temperança e direitos das mulheres.
O revivalismo operado por Deus através de Finney tiveram um impacto significativo no cristianismo americano, e seus métodos e ensinamentos continuam a ser estudados e debatidos por teólogos e historiadores da igreja.
Pb. Alessandro Silva.
3. Raízes do avivamento pentecostal.
No ano de 1900, Charles Fox Parham, obreiro leigo e pregador itinerante, resolveu fundar o chamado “Movimento de Fé Apostólica”. Com o propósito de preparar obreiros leigos para evangelizar, fundou o Instituto Bíblico Bethel College, na cidade de Topeka, no Kansas, EUA. Os alunos estudaram Atos 2, e a partir desse estudo, foram batizados no Espírito Santo. A promessa de Atos alcançou a vida daqueles estudantes.
Em 1901, em Houston, Texas, o pastor negro, filho de escravos da Louisiana, William Joseph Seymour, pertencente a um grupo ‘santidade’ (holiness), “foi atraído pelo Movimento da Fé Apostólica”, iniciado por Parham. Ali, foi batizado no Espírito Santo com evidência das línguas estranhas. Esse ano de 1901 é considerado o ano inicial do Movimento Pentecostal Moderno.
Em 1906, Seymour se transferiu para a Califórnia. Ali, começou a pregar a mensagem pentecostal, na sua própria casa, na Bonnie Brae Street, 216. As reuniões atraíram tantas pessoas que o prédio não comportava a todos. Procurando um novo prédio, Seymour descobriu um salão retangular, que estava abandonado, na Rua Azuza, 312, em Los Angeles, onde fundou a Missão Evangélica da Fé Apostólica. Ali, começou o denominado Avivamento Pentecostal do Século XX que impactou o mundo inteiro.
COMENTÁRIO
Movimento de Fé Apostólica
No ano de 1900, Charles Fox Parham, obreiro leigo, pregador itinerante e cheio de amor pelo Reino de Deus, resolveu fundar o que foi chamado de “Movimento de Fé Apostólica”. Parham sentiase incomodado com a frieza espiritual das igrejas estabelecidas e fundou o movimento “com o objetivo de restaurar a fé da igreja primitiva”. Com o propósito de preparar obreiros leigos para evangelizar, fundou o Instituto Bíblico Bethel College na cidade de Topeka, no Kansas, EUA.
No fim daquele ano, os alunos do Instituto começaram a estudar sobre o batismo no Espírito Santo com base em Atos 2. Entre os alunos, estava a Sra. Agnes Ozman, natural de Albany, Wisconsin, que frequentava com os seus irmãos uma igreja Metodista Episcopal, e mais duas amigas que frequentavam aquele instituto.
Naqueles estudos sobre o batismo no Espírito Santo, Agnes sentiu se inclinada a buscar uma experiência mais profunda com Deus. Ela testemunhou que, “na escola de Parham, na passagem do ano de 1900, ela e mais outras pessoas ficaram orando juntas, quando falou três palavras em outras línguas. A isto ela declarou: ‘Foi uma experiência sobrenatural’”, que ela guardou no seu coração talvez para esperar uma confirmação de Deus.
a) O batismo de Agnes Ozman. Na noite do dia 1 de janeiro de 1901, ela perguntou a Parham se este podia impor as mãos sobre ela, como Paulo fizera sobre os discípulos em Éfeso, a fim de receber o batismo no Espírito Santo. Parham concordou e orou por ela. Ela declarou com alegria: “Falei em línguas, conforme Atos 2.1 e 19.6, de modo semelhante quando o apóstolo Paulo impôs as mãos sobre os discípulos em Éfeso, e o relato bíblico, acontecido no cenáculo em Jerusalém, quando foram vistas línguas como que de fogo.
O Avivamento de Galena (1901)
De Topeka, Kansas, Charles Parham ficou conhecido pelo seu fervor na busca pelo poder de Deus. Parham foi convidado para pregar na cidade de Galena após a cura milagrosa de uma senhora de nome Mary Arthur. Ali ele pregou durante vários meses, e muitos se converteram a Cristo. Alugou um salão para duas mil pessoas sentadas e criou a “Banda da Fé Apostólica”, formada por jovens entusiastas que viajavam tocando, desfilando pelas ruas, fazendo evangelização de casa em casa e cultos ao ar-livre.
Em 1901, em Houston, Texas, o pastor negro, filho de escravos da Louisiana, “W. J. Seymour, pertencente a um grupo ‘santidade’ (holiness), foi atraído pelo Movimento da Fé Apostólica, iniciado por Parham, no Instituto Bíblico de Topeka, Kansas. Ali, foi batizado com o Espírito Santo”, com línguas estranhas. Esse ano de 1901 é considerado o ano inicial do Movimento Pentecostal Moderno.
O avivamento na Bonnie Brae Street
Em 1906, Seymour transferiu-se para a Califórnia. Ali começou a pregar a mensagem pentecostal numa residência de uma família na Bonnie Brae Street. Não demorou muito e, por causa do seu sermão, foi expulso da igreja pela pastora. Como residia na mesma rua, convidou pessoas interessadas para reunir-se na sua casa, na Bonnie Brae Street no 216, que hoje é um memorial ao Movimento Pentecostal, mantido por uma fundação que resgatou a história do movimento. Tornou-se um ponto turístico para quem deseja pesquisar as origens do pentecostalismo nos EUA. Num domingo, 9 de abril de 1906, Seymour e outros irmãos foram batizados no Espírito Santo, com a evidência inicial do falar em línguas estranhas.
O avivamento na Rua Azusa, 312
As reuniões na Bonnie Brae Street atraíram tantas pessoas que o prédio não comportava mais os que para lá se dirigiam na busca de um avivamento para as suas vidas. Procurando um novo prédio, Seymour descobriu um salão retangular onde havia funcionado uma igreja metodista, mas estava abandonado. Ficava na rua Azusa, 312, em Los Angeles, Califórnia. O local, mais amplo, tornou-se mais adequado para as reuniões. Ali, Seymour fundou a The Apostolic Faith Gospel Mission (Missão Evangélica da Fé Apóstólica).
As pregações de Seymour não eram eloquentes. Eram de uma simplicidade bem peculiar, mas a unção do Espírito Santo era tão grande nas reuniões que pessoas eram curadas, outras batizadas no Espírito Santo com tanto poder que caíam prostradas sem que ninguém tocasse nelas. Pessoas de outras denominações corriam ao local para conhecer o “novo movimento” evangélico. Dentre essas, foi recebido o pastor batista de nome William H. Durham, que depois teve papel importante no pentecostalismo brasileiro.
Na Rua Azusa, começou o que os historiadores chamam de “Avivamento Pentecostal no século 20” (Conde, p. 21). O movimento espiritual ali causou grande impacto sobre a população: “Em 18 de abril de 1906, o Los Angeles Times noticiou acerca de um novo e estranho reavivamento que estava sacudindo a cidade”. O título da matéria era “Estranha Babel de Línguas”. O artigo dizia: Reuniões estão sendo efetuadas numa cabana da Rua Azusa, perto da rua São Pedro. Os devotos da estranha doutrina praticam os ritos mais fanáticos, pregam as mais loucas teologias e esforçam-se até à excitação em seu zelo peculiar. Negros e um minguado número de brancos perturbam a vizinhança devido aos uivos dos adoradores. Eles passam horas balançando o corpo para a frente e para trás, numa atitude nervosa de orações e súplicas. Eles afirmam que possuem o dom de línguas, e dizem ser capazes de compreender semelhante Babel.
Naquele mesmo dia, 18 de abril de 1906, houve o grande terremoto em São Francisco que destruiu grande parte da cidade.
Na Azusa, os crentes estavam reunidos, orando, e sentiram mais ainda a presença de Deus. Ali, naquele galpão, havia um clima de humildade, amor e santidade. Frank Bartleman, testemunha ocular do Avivamento da Rua Azusa, diz no seu livro Azusa Street que, no princípio, não havia qualquer hierarquia entre os presentes. O pastor Seymour era um homem simples, mas cheio do poder de Deus. Ele sentava-se sobre duas caixas de madeira vazias e orava com o rosto dentro de uma delas, mas a presença de Deus era fortíssima no lugar. Diz ele que não havia nenhum instrumento ou grupo musical, e sequer havia hinário. O louvor fluía espontaneamente ao cântico de hinos tradicionais bem conhecidos. O hino mais cantado era “The Conforter Has Come” (O Consolador Chegou).
O irmão Seymour foi reconhecido como líder do trabalho de avivamento na Azusa Street, mas não havia hierarquia, segundo Frank Bartleman. Não havia plataforma ou púlpito. Tudo era informal, mas muito espiritual. O lugar não era fechado ou vazio, nunca. O culto não dependia da direção humana, mas a presença de Deus guiava toda a sequência dos trabalhos. Diz Frank: “Nós queríamos ouvir diretamente da parte de Deus. […] Não havia respeitos humanos. Os ricos e educados eram os mesmos que os pobres e ignorantes […] todos éramos iguais […]. Aquelas eram reuniões do Espírito Santo, dirigidas pelo Senhor”. O clima espiritual na Azusa era impactante: “Alguém tinha que falar. De repente, o Espírito Santo caía sobre a congregação, o próprio Deus fazia o chamado ao altar”.
Homens caíam por toda a casa. Parecia mais um cenário de árvores caindo numa floresta. Ninguém chamava alguém para pregar. Deus tocava em alguém para ir à frente e falar. E cada um sabia a hora de parar de falar. A glória de Deus estava ali, diz Frank.
No seu livro, ele relata o caso de um pregador batista de nome irmão Ansel Post. Numa tarde, este estava sentado no meio do salão. De repente, o Espírito Santo veio sobre ele, que pulou da cadeira e começou a glorificar a Deus em línguas estranhas.
Tempos depois, Post foi enviado para o Egito como missionário. Foi nesse clima de manifestações sobrenaturais que o Avivamento da Rua Azusa espalhou-se pelo mundo. Dos Estados Unidos migrou para a Europa, para a Ásia, para a África e América Latina em poucos anos, como se fosse um fogo que queima uma seara de folhas secas.
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Charles Fox Parham (1873-1929) foi um ministro cristão americano, considerado um dos pioneiros do movimento pentecostal. Ele fundou o Bethel Bible College em Topeka, Kansas, em 1900, onde ensinou que os dons do Espírito Santo, incluindo falar em línguas, estavam disponíveis para todos os crentes.
Em 1901, uma de suas alunas, Agnes Ozman, falou em línguas, o que foi considerado o primeiro caso registrado de falar em línguas na era moderna do pentecostalismo. Este evento despertou um amplo interesse no movimento pentecostal, que se tornaria um dos maiores e mais influentes movimentos cristãos do século XX.
Após o incidente, a escola cresceu rapidamente e muitos alunos vieram a Topeka para estudar, a escola também foi o primeiro lugar onde o termo “Fé Apostólica” foi usado para se referir ao movimento que mais tarde ficou conhecido como Pentecostalismo. Parham acabou perdendo o controle da escola e ela fechou em 1907. O prédio que abrigava a escola foi demolido na década de 1920 e o local agora é um estacionamento.
Pb. Alessandro Silva.
O DERRAMAMENTO COMEÇA
Na noite de 9 de Abril de 1906, um derramamento do Santo Espírito teve lugar que iria acender um dos maiores movimentos missionários na história da igreja. O derramamento aconteceu num lugar inesperado e com um povo inesperado. O lugar foi uma casa pequena de quatro quartos que pertencia ao Richard e à Ruth Asberry, situada à Rua Boonie Brae, número 214, na secção “mista” de Los Angeles. O Richard era um homem africano nascido na América que trabalhava como continuo num prédio de escritórios. As pessoas em que o Espírito derramou o seu poder, nas palavras de um escritor, foram “mulheres africanas de lavagem, alguns dos seus maridos, e uma mão cheia de brancos pobres.
Os cultos eram dirigidos pelo William J. Seymour, um pregador espiritual africano que tinha acabado de chegar de Houston, Texas. Ele veio para Los Angeles com uma mensagem que queimava no seu coração. Era uma mensagem da Graça e do Poder de Deus. O Seymour acreditava que Deus daria, a quem pedisse, a mesma experiência que Ele deu aos seus discípulos no Dia de Pentecostes, uma experiência chamada o batismo no Espírito Santo. Ele também acreditou que os que recebessem este batismo Pentecostal teriam as mesmas “provas Bíblicas” que os discípulos originais, que iriam falar em línguas que o Espírito lhes daria.”
Noite após noite, por várias semanas, o grupo de Bonnie Brae juntava-se para buscar a Deus, Contudo, até aí, nenhum deles tinha recebido o Espírito Santo nem tinham falado em línguas. Até mesmo o próprio Seymour não tinha recebido.
Determinados a sucederem com a sua busca, no dia 6 de Abril o grupo comprometeu-se a um jejum de dez dias, confiando que Deus iria responder as suas orações.
Durante esta altura, o Seymour morava na casa de um homem americano irlandês que se chamava “Irish” Owen Lee. Na noite de 9 de Abril, quando Seymour estava saindo da casa de Lee para o culto na Rua Bonnie Brae, ele parou para orar por Lee, que estava fraco e doente devido ao jejum. O Lee então pediu para o Seymour orar com ele para que ele recebesse o Espírito Santo. Enquanto oravam o Espírito Santo desceu de uma maneira poderosa sobre Lee e ele começou a falar em línguas.
Todo empolgado, o Seymour correu para a casa dos Asberry e contou o que tinha acontecido aos que estavam presentes. Os seus corações se encheram de esperança. Mais uma vez, como tinha feito várias vezes antes, o Seymour exortou os perseguidores de Actos 2:4. Depois levantou as suas mãos para o céu e o Espírito de Deus desceu sobre ele. Ele foi cheio do Espírito e começou a falar em línguas. Comovido pela presença de Deus, ele caiu para o chão, seguido pela Jennie Moore e outros. Todos começaram a falar em línguas.
A notícia espalhou-se rapidamente, e as pessoas da vizinhança juntaram-se para verem o que estava a acontecendo.
Vendo a multidão, e sentindo a oportunidade de pregar o evangelho, o Seymour e os outros ergueram um púlpito temporário na varanda da frente, O Seymour começou a exortar a multidão.
Nos dias que se seguiram, a multidão cresceu mais e mais. Uma testemunha reportou, “Gritaram por três dias e noites. Era a altura da Páscoa. As pessoas vieram de todo o lado. Na manhã seguinte não havia maneira de se aproximarem da casa. Quando as pessoas entravam e caíam debaixo do poder de Deus, e a cidade toda foi agitada.
Os cultos na Bonnie Brae continuaram todos os dias.
Centenas foram salvos, e muitos foram curados e batizados no Espírito Santo, falando em línguas como no Dia de Pentecostes.
Algumas pessoas testemunharam que o lugar tremeu com o poder de Deus. O Seymour e os outros sabiam que tinham que encontrar um prédio maior para os seus cultos e para poderem continuar com o reavivamento.
Cerca de duas milhas dali descobri um prédio velho de dois andares com armação de madeira, situado à Rua Azusa, uma rua curta sem saída no distrito industrial da cidade. O prédio era originalmente usado por uma igreja metodista, depois como armazém, e finalmente como estábulo para cavalos. Era um prédio com o telhado de asfalto, e tinha 12 metros de largura e 16 metros longo (40 x 60 pés). Tinha um telhado chato e paredes de lambrim em escama temporadas brancas. A janela gótica em forma de arco acima da entrada era a única característica que identificava o prédio como sendo uma igreja no passado.
O prédio necessitava de muita reparação. As portas e janelas estavam partidas, e havia restos por todo o lado. Apesar da condição pobre em que se encontrava, o prédio foi escolhido para ser a casa da missão nova. Os voluntários começaram logo a trabalhar para repararem e aprontarem o prédio para os cultos.
A parte interior do prédio estava limpa e os voluntários jogaram um pouco de serradura no chão. Construíram-se bancos de barris vazios, e caixões de pinho vermelho da Califórnia em cima. Fez-se um púlpito de duas caixas de madeira vazias e foi posto no centro do maior quarto de baixo com os bancos de madeira organizados em forma rectangular à volta do púlpito. O altar de oração foi outro caixão apoiado por duas cadeiras no centro do quarto. O segundo andar do prédio estava dividido em quartos. Tinha dois propósitos. O quarto maior era um “quarto superior” onde as pessoas podiam ficar orando por um tempo, para serem cheias do Espírito Santo. Os outros quartos serviam de quartos de habitação para o Seymour e o outro pessoal permanente.
No exterior, a Rua Azusa era uma estrada de terra. Quando chovia, as pessoas tinham que andar pela lama para irem ao culto.
A Missão da Rua Azusa era um lugar bem humilde para o grande reavivamento que passaria a ter um local.
Denzil R. Miller. De Azusa para África para as Nações. Sociedade Bíblica Internacional. pag. 7-9.
As Reuniões na Califórnia
Seymour residiu na Califórnia durante o resto de sua vida. Seu ensino era novo e ofensivo para alguns. Em geral, todos os cristãos declaravam-se cheios do Espírito Santo sem a evidência inicial de falar em línguas. O ensinamento sobre a glossolalia veio a se tornar a peça principal do ensino Pentecostal, com Seymour sendo o “apóstolo” do movimento. As reuniões de tendas, missões e igrejas estavam tão vazias que algumas fecharam e juntaram-se ao movimento.
As reuniões de oração em casa logo cederam lugar e a varanda da frente transformou-se em um púlpito. A rua veio a ser os bancos que atraíram centenas de ouvintes ansiosos que vinham ouvir Seymour e seus seguidores que falavam em línguas. Em pouco tempo as multidões tornaram-se tão numerosas que estabelecimentos maiores eram necessários para o grupo que tão rapidamente crescia.
Eles fizeram uma grande busca no centro de Los Angeles e encontraram uma construção antiga e abandonada na Rua Azusa, 312. O prédio havia sido previamente usado como uma Igreja Metodista, um estábulo e um depósito.
Estava em ruínas. As janelas e portas estavam caídas e havia detritos espalhados por todo lugar. O grupo de Pentecostais que iniciou com os cultos lá em Abril de 1906 sentiu que o lugar era apropriado. Os convertidos, brancos e negros, encheram o prédio. A construção deserta de dois andares localizava-se em uma rua sem saída de apenas meia quadra de comprimento, na região industrial do centro de Los Angeles.
Bispo Otis G. Clark & Dra. Gwyneth Williams. O Avivamento de Azusa. Dando liberdade ao Espírito Santo, Sinais, Maravilhas, & Milagres. Ed. 2018.
AUXÍLIO VIDA CRISTÃ
AVIVAMENTO MUDA ATITUDES, PENSAMENTOS E PROPÓSITOS
“Não, não precisamos reconstituir os acontecimentos do início do século. Tampouco necessitamos copiar com exatidão o que está relatado no livro de Atos. Charles G. Finney diz que, passada a primeira onda de avivamento, as pessoas começam a desobstruir os canais que Deus usa, para que o fluxo do Espírito possa correr livremente. Quando Deus envia o reavivamento em resposta ao arrependimento e fé, ele usa novos canais. Por toda a História, nenhum avivamento tem sido exatamente a réplica de outro.
Nosso clamor por avivamento deve ser constante. Finney disse que, em qualquer tempo, significa arrepender-se primeiro. Lembremos que a palavra ‘arrependimento’, em Atos 3.19, é metanoesate, no grego, que, é a segunda pessoa do plural do aoristo imperativo do verbo que significa basicamente ‘mudança de mente’.
Não uma transformação superficial, mas uma profunda mudança de atitudes, pensamentos e propósitos.” (HORTON, Stanley M. Avivamento Pentecostal: As Origens e o futuro do maior movimento espiritual dos tempos modernos. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.79).
III – OS AVIVAMENTOS MUDAM A HISTÓRIA
1. Impactos no mundo.
É consenso entre os estudiosos a informação de que os maiores avivamentos no mundo trouxeram impactos profundos na política, na economia e na cultura. Poderíamos citar inúmeros exemplos, mas fiquemos com um que ocorreu entre os pentecostais nos EUA.
Num contexto da tragédia do racismo naquela nação, mesmo entre igrejas históricas, foi possível contemplar vítimas de séculos de conflitos raciais, cultuando ao Senhor, falando em línguas estranhas e se alegrando no Espírito Santo (cf. Ef 2.14). Só um verdadeiro avivamento espiritual remove o pecado da divisão de quaisquer espécies.
COMENTÁRIO
Como visto acima, os avivamentos eclodidos na Europa, nos Estados Unidos e em outras partes do mundo provocaram mudanças nas igrejas e nos locais onde ocorreram. Uns se posicionaram a favor do movimento espiritual que surgira nas suas comunidades; outros se levantaram contra e perseguiram os crentes, mas as coisas nunca ficaram da mesma forma.
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
EM 1º DE DEZEMBRO DE 1955, a sra. Rosa Parks recusou-se a deixar seu lugar quando o motorista de um ônibus lhe pediu que se levantasse e passasse para a parte traseira. A sra. Parks estava sentada na primeira fileira de uma seção não reservada. Todos os lugares atrás estavam ocupados, e se ela seguisse a ordem do motorista teria de ficar de pé e ceder o lugar para um passageiro de sexo masculino que tinha acabado de pegar o ônibus. De uma forma digna e tranquila, tão característica de sua radiosa personalidade, ela se recusou. Em resultado disso, foi presa.
A questão dos ônibus era uma das chagas de Montgomery. Se um visitante fosse à cidade antes do boicote, teria ouvido motoristas de ônibus referindo-se aos passageiros negros como “crioulos”, “macacos pretos” e “vacas pretas”. Teria notado com frequência passageiros negros entrando pela porta dianteira, pagando suas passagens e então sendo forçados a se levantar, sair e voltar a entrar pela porta traseira – e muitas vezes, antes que conseguissem fazer isso, o ônibus partindo com o dinheiro que haviam pago. Mais que isso, porém, o visitante teria observado passageiros negros de pé diante de assentos vazios. Mesmo que nenhum branco pegasse o ônibus e este estivesse cheio de negros, esses passageiros estavam proibidos de se sentar nas quatro primeiras fileiras porque estas eram só para brancos. Mas era ainda mais que isso. Se a parte reservada para brancos estivesse lotada e outros brancos pegassem o ônibus, passageiros negros sentados na parte não reservada eram muitas vezes solicitados a se levantar e ceder seus assentos. Caso se recusassem seriam presos.
Iniciando o movimento liderado M. L. King, onde a população negra aderiu quase 100%, essa luta incluiu muitos protestos pacíficos e atos de desobediência civil, mas também enfrentou violência e repressão por parte das autoridades. Durante essa época, as cidades americanas frequentemente enfrentavam conflitos raciais violentos, incluindo distúrbios e motins. A luta de King e de outros líderes de direitos civis levou à aprovação de leis importantes, como a Lei de Direitos Civis de 1964, mas ainda há muito a ser feito para combater a discriminação racial e alcançar a verdadeira igualdade nos Estados Unidos.
Pb. Alessandro Silva.
17 de dezembro de 1955
King e outros líderes da Associação para o Progresso de Montgomery se reúnem com representantes dos brancos numa tentativa malsucedida de resolver a questão dos ônibus
26 de janeiro de 1956
Durante a campanha do “Endureça”, King é detido e trancafiado na cadeia por excesso de velocidade
28 de janeiro
Ele é multado em quatorze dólares pelo delito
30 de janeiro
Depois de jogarem uma bomba em sua casa, King defende a não violência
21 de fevereiro de 1956
O grande júri de Montgomery indicia King e outros líderes da Associação para o Progresso de Montgomery por violarem a lei antiboicotes
22 de março
King é considerado culpado de liderar um boicote ilegal e condenado a multa de quinhentos dólares ou 386 dias na cadeia; é impetrado um recurso.
13 de novembro
A Suprema Corte dos Estados Unidos declara inconstitucionais as leis que determinavam a segregação nos ônibus.
21 de dezembro
Depois de a Associação para o Progresso de Montgomery votar pelo fim do boicote, King é um dos primeiros passageiros a viajar nos ônibus dessegregados.
Organização. Clayborne Carson. Tradução: Carlos Alberto Medeiros. A autobiografia de Martin Luther King. Editora Zarar.
O Ministro Martin Luther King Jr. (1929-1968) era um ministro batista americano, ativista e líder do Movimento dos Direitos Civis. Ele é mais conhecido por seu papel no avanço dos direitos civis usando a desobediência civil não violenta com base na palavra de Deus.
L. King foi uma figura chave no Movimento dos Direitos Civis Americanos, na década de 1950 até ser assassinado em 1968. Ele foi um líder do boicote aos ônibus de Montgomery de 1955 e 1956 e ajudou a fundar a Southern Christian Leadership Conference (SCLC) e em 1957, servindo como 1° presidente. Ele ajudou a organizar a Marcha em Washington por Empregos e Liberdade em 1963, onde fez seu famoso discurso Eu tenho um sonho, que pedia o fim do racismo nos Estados Unidos.
King era um defensor da não-violência e da desobediência civil e um forte crítico da Guerra do Vietnã. Ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1964. Ele foi assassinado em 1968 e sua morte levou ao feriado federal Martin Luther King Jr. Day nos Estados Unidos. Ele é amplamente considerado uma das figuras mais influentes da história americana e seu legado continua a inspirar muitos a lutar por igualdade e justiça.
Pb. Alessandro Silva.
2. A geração depois dos avivamentos.
Também é consenso que, em várias partes do mundo, os avivamentos provocaram mudanças nas igrejas, mas, infelizmente, não perduraram. Em muitos lugares a chama se apagou. Os instrumentos de Deus que incendiaram nações passaram; e seus sucessores não tiveram 0 mesmo ímpeto em manter “o fogo aceso” (Pv 26.20a).
Ora, o Deus de John Wesley, Charles Finney e de William Seymour é o mesmo; Ele não mudou. Mais do que nunca, precisamos sentir a mesma necessidade que esses homens de Deus sentiram em seus tempos para buscar um verdadeiro avivamento espiritual nas igrejas da atualidade. O Espírito Santo deseja avivar o seu povo.
COMENTÁRIO
Uma observação torna-se oportuna a meu ver. Os avivamentos não se tornaram permanentes. Por quê? Por razões bem simples e compreensíveis. Os homens que foram usados por Deus para serem instrumentos do avivamento passaram. Os seus sucessores não tiveram o mesmo ímpeto e interesse em manter “o fogo aceso”.
A Bíblia diz que não há fogo sem lenha: “Sem lenha, o fogo se apagará […]” (Pv 26.20a). Na Bíblia, a lenha é símbolo das coisas humanas. O avivamento espiritual é de Deus, é divino, mas Ele não usa anjos. O Senhor sempre usou e quer usar homens e mulheres que se coloquem diante dEle como instrumentos do avivamento. A Europa foi pré-cristã; depois se tornou um continente cristão, onde houve avivamentos históricos nas suas nações; hoje, a Europa é pós-cristã. Catedrais enormes que reuniram milhares de pessoas em grandes avivamentos hoje são “ossos secos”, transformadas em bares, danceterias, museus e até mesmo em templos de outras religiões. Os sucessores dos avivalistas esfriaram-se, acomodaram se, e os lares cristãos desprezaram o culto doméstico, e os filhos desviaram-se de Deus. Essa história repete-se inclusive no Brasil, onde a maioria dos crentes não faz o culto doméstico e nem se interessa pela leitura diária da Bíblia.
Que Deus opere no seio das igrejas evangélicas no Brasil e no mundo, promovendo um poderoso avivamento ou reavivamento espiritual que sacuda as estruturas eclesiásticas dominadas pelo formalismo religioso ou denominacional; que deixem de lado as teologias contemporâneas, liberalistas, frias e sem vida e busquem o batismo no Espírito Santo com intenso fervor para que, como no Pentecostes, possamos ver sinais, milagres, prodígios e maravilhas pelo uso abundante dos dons espirituais, que são mais necessários hoje do que nos tempos da Igreja Primitiva. Oremos pelo Brasil e pelo mundo. O comunismo globalista é a nova face do comunismo marxista, pois não usa mais tanques mísseis, mas procura enganar os povos com uma mensagem de progressismo, feminismo, ambientalismo, tudo para implantar a chamada Nova Ordem Mundial, que nada mais é que a preparação para o governo do Anticristo na trindade satânica que dominará o mundo após o arrebatamento da Igreja. Maranata!
Renovato. Elinaldo,. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Existe e existiram vários avivamentos religiosos que são considerados por alguns estudiosos como sendo exagerados ou falsos. Um exemplo é o chamado “Avivamento de Toronto” iniciado na década de 1990 e foi liderado por um ministro chamado Randy Clark. Este avivamento foi marcado por curas milagrosas e falar em línguas, mas foi criticado pelos líderes religiosos e estudiosos como sendo exagerado e sem base bíblica.
Outro exemplo é o chamado “Avivamento de Pensacola” que começou na década de 1990 e foi liderado por Steve Hill. Este avivamento também foi marcado por alegações de curas milagrosas e falar em línguas, mas foi criticado por muitos líderes religiosos e estudiosos como sendo exagerado e sem base bíblica.
É importante notar que a veracidade de um avivamento é sempre questionável e é importante que sejam analisadas as fontes e as evidências antes de se acreditar em sua veracidade.
Algumas das principais críticas incluem:
Base bíblica: Muitos críticos argumentam que o avivamento de Toronto não tinha uma base sólida na Bíblia e que as práticas e ensinamentos promovidos pelo movimento não eram consistentes com a doutrina cristã tradicional.
Exagero e sensacionalismo: Muitos críticos argumentam que o avivamento de Toronto era exagerado e baseado em alegações sensacionais de curas milagrosas e outros fenômenos sobrenaturais, sem qualquer evidência científica ou médica para apoiá-los.
Comercialização: Muitos críticos argumentam que o avivamento de Toronto foi comercializado e que os líderes do movimento estavam mais interessados em ganhar dinheiro do que em espalhar a palavra de Deus.
Liderança: O liderado por Randy Clark, muitos líderes religiosos e estudiosos argumentam que ele não era qualificado ou preparado para liderar um avivamento.
É importante notar que estas críticas são feitas por algumas pessoas e não são compartilhadas por todos, além disso, muitas vezes, as críticas a um movimento religioso são proferidas por outras denominações ou correntes religiosas e cada um tem sua perspectiva.
Outro exemplo é o falso avivamento na igreja AD nos EUA.
Onde um ANJO tinha uma cadeira reservada no púlpito, e durante o culto as pessoas caiam no espirito, experimentado um êxtase do espirito santo. Mas tudo não passou de obra humana.
Pb. Alessandro Silva.
AUXÍLIO VIDA CRISTÃ
O QUE É PRECISO PARA PERMANECER AVIVADO?
“[…] Depois de lermos cuidadosamente as biografias de alguns dos maiores vultos da Igreja de Cristo, concluímos que nunca se pode atribuir o êxito de qualquer deles unicamente aos seus próprios talentos e força de vontade. Certamente um biógrafo que não crer no valor da oração, nem conhece o poder do Espírito Santo que opera nos corações, não mencionaria a oração como sendo o verdadeiro mistério da grandeza dos heróis da fé. Lemos, por exemplo, dois livros, bem escritos, sobre a vida de Adoniram Judson.
Quando estávamos quase a concluir que houvesse alguns verdadeiros heróis da Igreja, realmente grandes em si mesmos, encontramos outra biografia dele, escrita por um de seus filhos, Eduardo Judson. Nessa preciosa obra descobre-se que esse talentoso missionário passava diariamente horas a fio, de noite e de madrugada, em íntima comunhão com Deus, em oração. Qual foi, então, o mistério do incrível êxito dos heróis da Fé da Igreja de Cristo? Esse mistério foi a profunda comunhão com Deus que esses homens observaram” (BOYER, Orlando. Heróis da Fé: Vinte homens extraordinários que incendiaram o mundo. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.iv).
VOCABULÁRIO
Piscicultura: Criação de peixes.
CONCLUSÃO
Deus deseja operar nas igrejas no mundo. Promover um poderoso avivamento espiritual que sacuda as estruturas eclesiásticas e denominacionais. Entretanto, é preciso buscar o batismo no Espírito Santo com perseverante fervor. Que haja sinais, milagres, prodígios e maravilhas em nome de Jesus!
Que o santo Espírito sopre o avivamento espiritual e que o uso abundante dos dons espirituais seja real e abundante em nossos cultos!
REVISANDO O CONTEÚDO
1- A respeito do que o profeta Ezequiel alertou o povo?
O profeta Ezequiel alertou o povo a respeito dos duros juízos de Deus contra a desobediência e apostasia de Israel (Ez 6.3-5; 8.1; 9.4).
2- O que a visão no vale de ossos secos representava?
Essa visão era uma representação do estado espiritual do povo de Israel.
3- Cite os três países da Europa em que ocorreram avivamentos.
Inglaterra, Alemanha e País de Gales.
4- Que tipo de avivamento ainda impacta o mundo inteiro?
O denominado Avivamento Pentecostal do Século XX que impactou o mundo inteiro.
5- Que tipo de esferas é possível observar como impacto de Avivamentos?
É consenso entre os estudiosos dos avivamentos a informação de que os maiores avivamentos no mundo trouxeram impactos profundos na política, na economia e na cultura.
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Descrição
O currículo de Escola Dominical CPAD é um aprendizado que acompanha toda a família. A cada trimestre, um reforço espiritual para aqueles que desejam edificar suas vidas na Palavra de Deus.
Neste 1º trimestre de 2023, estudaremos:
Tema: Aviva a Tua Obra
O Chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus
Comentarista: Elinaldo Renovato
1- O Avivamento Espiritual
2- O Avivamento no Antigo Testamento
3- O Avivamento no Novo Testamento
4- O Ministério Avivado de Jesus
5- O Avivamento na Vida da Igreja
6- O Avivamento no Ministério de Pedro
7- Estêvão – Um Mártir Avivado
8- O Avivamento Espiritual no Mundo
9- O Avivamento Pentecostal no Brasil
10- O Avivamento na Vida Pessoal
11- O Avivamento e a Missão da Igreja
12- Vivendo no Espírito
13- Aviva, Ó Senhor, a tua Obra
Características
ISBN | 1678-6823 |
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Altura | 21 |
Largura | 13,5 |
Acabamento | Grampeado |
Periodicidade | Trimestral |
Faixa Etária | Adultos |
Tipo | Escola Dominical |
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“Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos dará; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”. (Lucas 6:38)
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ResponderExcluirMeu irmão a paz senhor Jesus que Deus continue abençoando sua vida e li concedendo mais e mais entendimento estudos maravilhoso e muito eficaz que Deus abençoe
Estudo abençoado, produtivo ..maravilhoso.
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