Isaías 65:17 nos diz: "Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória ...
Isaías 65:17 nos diz: "Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas." Alguns interpretam Isaías 65:17 como dizendo que não teremos memória da nossa vida terrena no céu. No entanto, o versículo anterior, Isaías 65:16, diz: "já estão esquecidas as angústias passadas e estão escondidas dos meus olhos." É provável que apenas as nossas "angústias passadas" serão esquecidas - não todas as nossas lembranças. As nossas memórias serão purificadas, redimidas, curadas e restauradas - não apagadas. Não há nenhuma razão pela qual não poderíamos possuir muitas lembranças das nossas vidas terrenas. As lembranças que serão apagadas são as que envolvem o pecado, dor e tristeza. Apocalipse 21:4 declara: "E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram."
Alguns apontam para a história de Lázaro e o homem rico (Lucas 16:19-31) como prova de que os mortos se lembram das suas vidas terrenas. O homem rico pediu a Abraão que enviasse Lázaro de volta à Terra para advertir os seus irmãos a não irem para o inferno. Isso demonstra que ele era capaz de se lembrar dos seus parentes. Ele também deve ter se lembrado da sua vida de pecado porque nunca pediu para ser liberado do inferno, nem perguntou por que estava lá ou afirmou que tinha havido algum tipo de erro. Lembrou-se o suficiente sobre a sua vida terrena para saber que merecia o inferno. Mas isso não é prova de que aqueles no céu lembram das suas vidas terrenas. A lembrança do homem rico era parte da sua miséria. Se tivermos memórias no céu, elas serão apenas de coisas que nos trazem alegria.
Em apocalipse 6:9-11 os mártires se lembram muito bem do que aconteceu na terra e do sofrimento que passaram. O que ocorre é uma mudança de perspectiva no modo como enxergamos as coisas, mas não sofreremos uma lavagem cerebral que venha a apagar nossas memórias.
Apo 6:9-11 Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram.
Quando Babilônia é julgada e destruída, a grande meretriz de Apocalipse, que representa o sistema religioso que virá a perseguir e martirizar os santos terrenos durante a grande tribulação, encontramos um clamor para que os santos, apóstolos e profetas exultassem por causa da queda daquela que teria afligido os santos. Eu tenho certeza de que os que foram perseguidos e estiverem no céu naquele momento não vão dizer "Babilônia? Quem é essa?! Nunca ouvi falar...", mas irão exultar com sua destruição.
Apo 18:20 Exultai sobre ela, ó céus, e vós, santos, apóstolos e profetas, porque Deus contra ela julgou a vossa causa.
Apo 19:1-4 Depois destas coisas, ouvi no céu uma como grande voz de numerosa multidão, dizendo: Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus, porquanto verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande meretriz que corrompia a terra com a sua prostituição e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos. Segunda vez disseram: Aleluia! E a sua fumaça sobe pelos séculos dos séculos. Os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus, que se acha sentado no trono, dizendo: Amém! Aleluia!
Quando o Senhor Jesus voltar, com todos os santos que então estiverem com ele nos céus, tanto os que ressuscitaram quanto os que foram arrebatados, seria absurdo pensar naquela imensa multidão descendo para a batalha contra a besta e os reis da terra e ignorando a razão de tudo aquilo. Você não seria capaz de imaginar-se perguntando ao santo ao seu lado algo como: "Aonde nós vamos?", "Terra? Que terra?", "O que aconteceu lá para merecerem esse juízo?", "Que besta é essa?", "De que falso profeta estão falando?".
Apo 19:11-19 Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça... e seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho finíssimo, branco e puro. Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e ele mesmo as regerá com cetro de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso.
Quando vemos Moisés e Elias no monte da transfiguração, conversando com Jesus sobre as coisas que iriam acontecer em Jerusalém (a saber, a crucificação), eles não estão nem um pouco alheios aos acontecimentos da terra e nem precisarão ver algum telejornal celeste para saber das coisas. E quando voltassem para o céu logo depois é evidente que não teriam apagadas da memória a lembrança daqueles momentos que passaram com o Senhor no monte da transfiguração.
Luc 9:30-31 Eis que dois varões falavam com ele: Moisés e Elias, os quais apareceram em glória e falavam da sua partida, que ele estava para cumprir em Jerusalém.
Quando João, no capítulo 4 de Apocalipse, é arrebatado aos céus, fica claro que ele passa a assistir de camarote aos eventos que se desenrolam na terra. O céu não é um lugar alheio aos acontecimentos da terra, porque tudo o que acontece aqui tem consequências eternas e serão registradas para sempre no céu. O simples fato de encontrarmos as multidões celestiais adorando o Cordeiro que havia sido morto demonstra que todos ali têm clara consciência da morte de Cristo e da razão disso.
Na história do rico e Lázaro a vida na terra continua na memória de quem já morreu e o rico pede até que Lázaro seja mandado para avisar seus irmãos, ou seja, ele se lembra deles. Seria estranho pensar que o rico, no hades, tivesse conhecimento de coisas na terra que estivessem vedadas à memória de quem já estivesse no céu. Além disso, Lázaro é confortado estando no céu, e não faria sentido ele ser confortado se não soubesse de que estaria sendo confortado, ou o rico atormentado sem ter consciência do que o levou ali.
Luc 16:25 Disse, porém, Abraão: Filho, LEMBRA-TEde que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos.
E se aqueles nos céus estivessem alheios aos acontecimentos da terra, como poderia haver "maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento"? (Lc 15:7). Embora seja válido pensar que os anjos de Deus se alegrem com cada conversão, o texto vai além ao afirmar que "há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende" (Lc 15:10), o que significa que não está falando diretamente dos anjos, mas daqueles que estão diante dos anjos, ou seja, os santos redimidos. E como eles poderiam se regozijar se ignorassem quem são aqueles que se arrependem na terra, de quê estão arrependidos e como puderam chegar ao arrependimento?
Seria muito estranho aplicar 2 Coríntios 5:10 a pessoas que fossem pegas de surpresa no céu, indagando, "Como assim? De que bem ele está falando? Qual foi o mal que fiz?". O Tribunal de Cristo para os salvos não tem um caráter de julgamento da pessoa, mas de suas obras apenas (porque os salvos já foram julgados em Cristo na cruz), mas para os perdidos haverá condenação com base nas mesmas obras más que praticaram em vida.
1Co 3:12-15 Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo.
2Co 5:10 Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo.
Mat 12:36-37 Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado.
Os atos de justiça dos santos praticados na terra serão a matéria prima do tecido de linho finíssimo do vestido de noiva que vemos em Apocalipse nas bodas do Cordeiro. Também é dito que as obras dos que morrem no Senhor os acompanham no céu.
Apo 19:7-8 Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos.
Apo 14:13 Então, ouvi uma voz do céu, dizendo: Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham.
Existe uma diferença entre ter consciência de pecados pendentes e ter consciência de pecados pagos. Acredito que teremos plena consciência de onde fomos tirados, ou não saberemos a razão de estarmos ali e nem fará sentido louvarmos o Cordeiro. Quando você tem uma dívida paga por um amigo, você se lembra da dívida, do pagamento e do amigo. Você já não é mais afligido pela pendência e pela dívida, mas pode descansar no fato de ter sido paga e vive com um sentimento de gratidão àquele que pagou.
No céu não seremos diferentes do fomos na terra, no sentido de nossa individualidade. É claro que estaremos todos transformados e vivendo em um corpo glorificado como o do Senhor Jesus, com sentimentos puros, livres de todo pecado, malícia e engano. Mas seremos as mesmas pessoas, no sentido de quem somos e reconheceremos as pessoas ali, não apenas as que amamos na terra, mas as que nos eram desconhecidas. Lembre-se de que os três discípulos que subiram com Jesus ao monte da transfiguração imediatamente reconheceram Moisés e Elias, que tinham vivido séculos antes deles. Naquele tempo ainda não existia fotografia ou qualquer referência visível para eles poderem se apoiar.
1Co 13:12 Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido.
Tendo isto em mente podemos entender melhor o versículo em Isaías 65:16-17 que diz: "...porque já estão esquecidas as angústias passadas, e estão escondidas dos meus olhos. Porque, eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão".
Antes é bom ter em mente que este versículo fala da terra durante o Milênio, não do céu, pois na sequência vemos pessoas plantando e colhendo, construindo casas e criando animais, coisas que não faremos no céu. Mesmo assim, nessa terra restaurada e com pessoas de carne e ossos (não ressuscitadas) vivendo nela Deus promete que serão"esquecidas as angústias passadas... e não haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão".
É evidente que ele não está falando de passar uma borracha nas mentes das pessoas, transformando-as em recém nascidos que não sabem sequer como usar as mãos, mas está se referindo à angústias, isto é, aos sentimentos. É fácil compreender o sentido quando pensamos numa mãe que foi muito maltratada por um filho, e um dia ele volta para casa arrependido e sua mãe o perdoa de tudo. Pergunto: Será que essa mãe irá alguma vez trazer à memória as angústias passadas? Não, ela colocou uma pedra em cima daquilo e elas nem se comparam ao prazer de ter seu filho de volta e transformado em um filho exemplar. "O amor cobre todos os pecados" Pv 10:12.
O mesmo entendimento podemos ter da passagem que diz: "porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados" Jr 31:34. Aqui é também no sentido de dívida paga. As dívidas que você tinha com o banco continuam lá, mas em um arquivo morto e com um grande carimbo de "PAGO". Mesmo assim, e sabendo que terei memória de minha vida na terra, minha impressão do céu é que estaremos tão ocupados com Cristo e sua formosura que acabaremos relevando para um segundo plano todas as memórias a nosso respeito.
É bom pensar no céu como a casa do pai à qual o filho pródigo retornou. Ao ser abraçado pelo pai e introduzido na mansão o filho tinha perfeita consciência de seu passado, sua memória não foi apagada, mas seus atos de desobediência foram todos perdoados. O filho havia ensaiado seu discurso que incluía dizer ao pai que o fizesse um empregado, mas ao ser abraçado ele pula esta parte. Ele entendeu que aquele pai jamais o colocaria numa posição menor que filho, com todos os direitos e privilégios. E em nenhum momento na história você escuta o pai trazer à tona a vida errada do filho, ao contrário, tudo é festa e alegria por seu retorno ao lar.
Apo 5:8-14 e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra. Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares, proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor. Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos. E os quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos prostraram-se e adoraram.
A Bíblia diz que iremos nos reconhecer no Céu?
A Bíblia indica claramente que iremos reconhecer uns aos outros na eternidade. Embora não haja um versículo específico onde podemos ler explicitamente “no céu nós iremos nos reconhecer”, existem muitas passagens bíblicas que apontam nessa direção. Podemos citar alguns exemplos aqui:
- Ao falar da morte de seu filho recém-nascido, o rei Davi admitiu que ele só poderia encontrá-lo novamente na eternidade (2 Samuel 12:23). Como ele poderia expressar essa certeza se não pensasse que no Céu poderia reconhecê-lo?
- Jesus também fala da bem-aventurança eterna indicando um grande banquete onde nos assentaremos à mesa juntos com Abraão, Isaque e Jacó (Mateus 8:5-11). Isto implica na ideia de que reconheceremos Abraão, Isaque e Jacó. Se seremos capazes de reconhecer pessoas que nunca vimos, que dirá então aquele que convivemos?
- Na transfiguração de Jesus, evidentemente o texto bíblico revela que Moisés e o profeta Elias se reconhecem. Além do mais, eles também são reconhecidos pelos discípulos (Mateus 17:3,4).
- Na história do rico e Lázaro, o homem rico reconhece Lázaro e Abraão e se lembra de que na terra havia deixado cinco irmãos (Lucas 16:19-31).
- Em 1 Tessalonicenses 4:13-18 o apóstolo Pauloconforta seus leitores justamente sobre a questão de seus familiares que já tinham partido para o Senhor. Que sentido faria esse conforto se os crentes na eternidade nunca mais iriam reconhecer uns aos outros?
A importância da memória na eternidade
Sem dúvida, muito da obra da redenção perderia o sentido se na eternidade não nos lembrássemos das coisas passadas. No dia do julgamento, por exemplo, obviamente as pessoas deverão se lembrar de cada detalhe de suas vidas. Jesus até fala de certas pessoas que se lembrarão de seus atos na tentativa frustrada de se justificarem. Essas pessoas profetizaram, fizeram milagres e expulsaram demônios, apesar de nunca terem sido salvas (Mateus 7:22).
É verdade que aqui algumas pessoas alegam que a perda da memória ocorrerá exatamente após o juízo. Elas se baseiam em Apocalipse 21:4. Neste texto lemos que Deus limpará de nossos olhos toda a lágrima e que as primeiras coisas serão passadas.
Porém, este versículo em nenhum momento fala sobre a perda da memória na eternidade. O texto bíblico está indicando que a maldição do pecado que afetou a criação divina desaparecerá, porque Deus fará novas todas as coisas. O foco principal do versículo não é revelar simplesmente a abolição das coisas antigas, mas apontar para a redenção que explica o porquê de serem feitas novas todas as coisas.
Além disso, como poderemos louvar a Deus por toda eternidade se não nos lembrarmos de se seus maravilhosos atos de redenção? Alguns até podem dizer que nós nos lembraremos de nossas próprias vidas, mas não de nossos amigos e familiares.
Mas como pode ser possível lembrarmos-nos de nossas vidas sem que nos lembremos de parte tão importante dela, isto é, os nossos relacionamentos interpessoais? Que tipo de lembrança será essa, onde todas as memórias de relacionamentos serão apagadas?
Por fim, o apóstolo Paulo fala que no Céu sua coroa e alegria serão seus filhos espirituais, isto é, as pessoas convertidas por meio de seu ministério (1 Tessalonicenses 2:19,20; cf. 2 Coríntios 4:14) Em outras palavras, os missionários sentirão uma alegria suprema quando contemplarem os frutos de seus esforços missionários diante de Deus.
Se nós nos reconheceremos no Céu, não ficaremos tristes?
Como já foi dito, muita gente acredita que não poderemos nos reconhecer no Céu porque isto implicaria numa infelicidade. Como poderemos ser plenamente felizes no Céu se por ventura não encontrarmos alguns amigos e familiares? No entanto, este tipo de argumento só faria sentido se não ocorresse a transformação e renovação de todas as coisas da qual a Bíblia fala.
Toda opressão, dor e sofrimento causados pelo pecado e seus efeitos, serão aniquilados. Isto significa que nossa memória será purificada de toda a mancha pecadora. No entanto, ainda assim ela será uma memória. Nós teremos lembranças e nos reconheceremos no Céu, mas não sofreremos.
Além disso, apesar de nós nos reconhecermos no Céu, nossas relações terrenas não farão mais sentido na vida futura. Embora poderemos reconhecer nossos conjugues, por exemplo, não teremos mais o sentimento de relação matrimonial (Mateus 12:46-50). O mesmo serve para todas as relações familiares, incluindo as pessoas que não estarão conosco no paraíso.
Por mais que não entendamos agora, na eternidade jamais ficaremos infelizes pela eventual falta de uma pessoa querida enquanto nossa vida terrena. Lá estaremos completamente satisfeitos e realizados diante de Deus. Juntamente com todos aqueles que fizeram a vontade do Pai, seremos uma grande família (cf. Mateus 12:46-50).
Haverá lembranças no Céu
A ideia de que não poderemos nos reconhecer no Céu e que teremos nossa memória terrena apagada, não é bíblica. Na verdade ela tem origem em religiões pagãs. Os gregos, por exemplo, acreditavam que após a morte as pessoas tomavam da água de um tipo de mar do esquecimento. Esse ritual aniquilava qualquer elemento de continuidade entre a vida passada e a vida futura.
Mas como vimos, este tipo de pensamento não é bíblico. Nós fomos criados para a comunhão, e ter comunhão implica em relacionamento, e relacionamento exige memória. Mas é preciso que tenhamos em mente que a finalidade principal do homem é glorificar a Deus e se alegrar nele para sempre.
Nós nos reconheceremos no Céu para que juntos, em comunhão, não apenas com aqueles que conhecemos durante a vida terrena, mas com todos os outros redimidos, possamos viver em completa comunhão com Deus. A esperança de nos reencontrarmos na eternidade sempre deve ser vista da perspectiva da comunhão com Cristo. Por isto o salmista declara: “Quem mais tenho eu no céu senão a Ti?” (Salmo 73:25).
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