Lição 02 - Salmo 23 – O Senhor é o meu Pastor | 3° Trimestre de 2024 | EBD PECC

SUPLEMENTO EXCLUSIVO AO PROFESSOR Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição é igual para alunos e mestres, inclusive o ...

SUPLEMENTO EXCLUSIVO AO PROFESSOR

Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Em Salmos 23 há 6 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com os alunos, Salmo 23.1-6 (1 a 2 min.). A revista funciona como guia de estudo e leitura complementar, mas não substitui a leitura da Bíblia. É muito comum ver que aqueles que não temem a Deus, quando estão em momentos de bonança, “sepultarem” o Senhor no túmulo do esquecimento e se precipitarem em seus prazeres. No entanto, Davi, embora vivesse um momento de prosperidade, procurou se deleitar em Deus e viver com ele um relacionamento de honra. No salmo 23, na mesma intensidade que o poeta se aplicava a celebrar ao Senhor como a causa de tudo que ele vivia – como deitar em pastos verdejantes ou sentir a presença do pastor e o refrigério da alma – também evidencia a importância de ter um relacionamento com o dono de todas as bênçãos ao dizer que seu desejo era habitar na casa do Senhor por todos os dias da sua vida.

OBJETIVOS

Identificar autor, data, classificação e o caráter espiritual do Salmo 23.

Reconhecer que a figura do Pastor nos inspira à plena confiança em Deus.

Enxergar em Deus a figura do anfitrião que nos trata como filhos ilustres.

PARA COMEÇAR A AULA

Inestimável professor, introduza a aula destacando alguns pontos que serão abordados no corpo da lição como se fosse o trailer de um filme, o qual, mostrando trechos específicos, cause, assim, o desejo de ver o filme por completo. Assim, evidencie, inicialmente, as informações que acredite ser as mais relevantes, como exemplo: os três tópicos, “aspectos gerais; O Bom pastor e O Anfitrião Honrador”, sem prolongar-se demais, mas apenas com o objetivo de captar a atenção do aluno para o restante do ensino.

LEITURA ADICIONAL

“Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte”, como se o crente não apressasse o passo quando chega a hora da morte, mas continua andando calmamente com Deus. Andar indica o avanço permanente da alma que conhece o caminho, sabe o fim, decide seguir o caminho, sente-se bastante seguro e está perfeitamente calmo e sereno. O santo doente não está alvoroçado, não corre como se estivesse alarmado, nem fica parado como se não tivesse mais como avançar. Não está confuso nem envergonhado. Por isso, se mantém no passo de sempre. Observemos que ele não está andando no vale, mas pelo vale. Passamos pelo túnel escuro da morte e emergimos na luz da imortalidade. Não morremos, mas dormimos para acordar na glória. A morte não é a casa, mas a varanda, não o fim, mas a passagem. O trecho da agonia é chamado de vale. A tempestade açoite nas montanhas, mas o vale é o lugar da quietude. Assim, não raro, os últimos dias do crente são os mais calmos da carreira As montanhas estão gélidas e desertas, mas o vale está repleto de feixes de cereais. Muitos santos colhem mais alegria e conhecimento quando a morte está se aproximando que jamais colheram enquanto viviam. E não é o “vale da morte”: mas o “vale da sombra da morte”: pois a morte em sua essência foi afastada, permanecendo só a sombra. Uns dizem que quando há sombra tem de haver luz em algum lugar, e eles estão certos. A morte fica ao lado do caminho no qual temos de viajar, e a luz do céu que brilha nela lança sombra em nosso caminho. Alegremo-nos porque há luz do outro lado. Ninguém tem medo de sombra, pois a sombra não pode deter o caminho do homem nem sequer por um momento. A sombra de um cachorro não pode nos morder; a sombra de uma espada não pode nos ferir; a sombra da morte não pode nos matar. Não tenhamos medo. Livro: Os Tesouros de Davi, vol. 1 (Charles Spurgeon, CPAD, 2017, pág. 461).

TEXTO ÁUREO

“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam.” SI 23.4

COMENTÁRIO EXTRA

Comentário de Hubner Braz

Texto Áureo: Salmo 23:4

“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam.”

Comentário Bíblico e Teológico

Contexto do Salmo 23: O Salmo 23, atribuído a Davi, é uma das passagens mais conhecidas e consoladoras da Bíblia. Este salmo expressa a confiança absoluta do salmista em Deus como seu Pastor, aquele que guia, protege e provê. O versículo 4 destaca a proteção e o conforto de Deus mesmo nos momentos mais sombrios e perigosos da vida.

1. "Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte":

• O "vale da sombra da morte" é uma metáfora poderosa para os momentos de perigo extremo, sofrimento profundo ou a proximidade da morte. O termo hebraico "tsalmaveth" (צַלְמָוֶת) pode ser traduzido como "profunda escuridão" ou "sombra de morte". Representa as situações mais aterrorizantes que uma pessoa pode enfrentar.
• A confiança do salmista não é abalada por essas circunstâncias, pois ele sabe que Deus está presente com ele.

2. "Não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo":

• A presença de Deus elimina o medo do mal. A certeza da companhia de Deus é a fonte de coragem e paz para o salmista.
• A frase "tu estás comigo" é uma declaração de confiança inabalável na presença constante e protetora de Deus.

3. "O teu bordão e o teu cajado me consolam":

• Bordão (shebet): Era um instrumento curto, usado pelo pastor para proteger as ovelhas de predadores. Simboliza a defesa e a força de Deus em proteger Seu povo.
• Cajado (mish'enet): Era uma vara longa usada pelo pastor para guiar e corrigir as ovelhas. Representa a direção e o cuidado providencial de Deus.
• Ambos os instrumentos são símbolos do cuidado pastoral de Deus, fornecendo conforto e segurança ao salmista.

Reflexão e Aplicação Contemporânea

1. Confiança em Deus nos Momentos Difíceis:

• Assim como Davi confiava em Deus no "vale da sombra da morte", os cristãos hoje podem confiar na presença e proteção de Deus em tempos de adversidade e medo.
• Versículos como Isaías 41:10, "Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça", reforçam essa confiança na presença divina.

2. Deus como Pastor:

• A imagem de Deus como Pastor é recorrente nas Escrituras, destacando Seu papel de guia, protetor e provedor (João 10:11, "Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas").
• Essa imagem pastoral oferece conforto e segurança, especialmente em momentos de incerteza e sofrimento.

3. Instrumentos de Consolação:

• O bordão e o cajado simbolizam as maneiras pelas quais Deus protege e guia Seus filhos. Na vida cristã, isso pode ser visto através da Palavra de Deus, da oração e da comunidade de fé.
• O Novo Testamento nos encoraja a confiar na direção e correção de Deus, como visto em Hebreus 12:5-6, "Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, e não desmaies quando por ele fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho."

Conclusão

O Salmo 23:4 nos lembra da presença constante e protetora de Deus, mesmo nos momentos mais difíceis da vida. A confiança em Deus como nosso Pastor nos oferece coragem e paz, sabendo que Ele nos guia e nos protege com Seu bordão e cajado. Essa verdade é um alicerce sólido para a fé cristã, inspirando-nos a viver com confiança e esperança, independentemente das circunstâncias.

LEITURA BÍBLICA COM TODOS

Salmo 23.1-6

COMENTÁRIO EXTRA

Comentário de Hubner Braz

Salmo 23:1-6 (ARC)

1. O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.
2. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas.
3. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.
4. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.
5. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos; unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.
6. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor por longos dias.

Comentário Bíblico e Teológico

Versículo 1: "O Senhor é o meu pastor; nada me faltará."

• O Senhor é o meu pastor: Davi compara Deus a um pastor, alguém que cuida, guia e protege as ovelhas. Esta metáfora expressa uma relação de intimidade e confiança entre Deus e Seu povo.
• Nada me faltará: Indica a provisão total e a suficiência de Deus. Assim como um pastor supre todas as necessidades das ovelhas, Deus supre todas as necessidades dos Seus filhos.

Versículo 2: "Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas."

• Deitar-me faz em verdes pastos: Refere-se à provisão e ao descanso. Os "verdes pastos" simbolizam alimento abundante e segurança.
• Guia-me mansamente a águas tranquilas: Representa paz e rejuvenescimento. As "águas tranquilas" são fontes de descanso e refrigério espiritual.

Versículo 3: "Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome."

• Refrigera a minha alma: Deus restaura e revigora o nosso ser interior. Isso implica cura, renovação e fortalecimento espiritual.
• Guia-me pelas veredas da justiça: Deus nos conduz em caminhos corretos e justos, alinhados com Sua vontade.
• Por amor do seu nome: A motivação de Deus para guiar e cuidar de nós é o Seu próprio caráter e reputação. Ele age em conformidade com Seu nome e Sua natureza.

Versículo 4: "Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam."

• Vale da sombra da morte: Representa as circunstâncias mais sombrias e perigosas da vida.
• Não temeria mal algum: A presença de Deus elimina o medo.
• Tu estás comigo: A certeza da presença contínua de Deus é a fonte de consolo.
• A tua vara e o teu cajado me consolam: Ambos os instrumentos de pastor (vara para proteção e cajado para guia) simbolizam a proteção e direção divinas.

Versículo 5: "Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos; unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda."

• Preparas uma mesa perante mim: Deus provê abundantemente, mesmo diante da oposição.
• Unges a minha cabeça com óleo: O óleo simboliza bênção, consagração e alegria.
• O meu cálice transborda: Expressa a superabundância das bênçãos de Deus.

Versículo 6: "Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor por longos dias."

• Bondade e misericórdia: Representam as bênçãos e o favor contínuo de Deus.
• Me seguirão todos os dias da minha vida: Indica uma provisão constante e ininterrupta de Deus.
• Habitarei na Casa do Senhor por longos dias: Expressa o desejo e a certeza de uma comunhão eterna com Deus.

Reflexão e Aplicação

1. Confiança na Provisão de Deus:
• O Salmo 23 nos assegura que Deus é um Pastor fiel que cuida de todas as nossas necessidades. Devemos confiar na Sua provisão, mesmo quando as circunstâncias parecem adversas.
2. Presença de Deus nas Adversidades:
• Mesmo quando enfrentamos o "vale da sombra da morte", a presença de Deus nos dá coragem e paz. Podemos encontrar conforto em saber que Ele nunca nos abandona.
3. Viver em Abundância Espiritual:
• Deus não apenas supre nossas necessidades básicas, mas também nos abençoa abundantemente, fazendo nosso "cálice transbordar". Vivamos com gratidão pelas bênçãos transbordantes de Deus.
4. Esperança de Comunhão Eterna:
• A certeza de habitar na Casa do Senhor para sempre nos dá esperança e motiva-nos a viver em íntima comunhão com Ele, agora e eternamente.

Conclusão

O Salmo 23 é um testemunho poderoso da fidelidade de Deus como nosso Pastor. Ele cuida de nós, provê para nós e nos guia, mesmo nas situações mais difíceis. Como seguidores de Cristo, podemos descansar na certeza de Sua presença constante e de Suas abundantes bênçãos, enquanto aguardamos a eterna comunhão com Ele.

VERDADE PRÁTICA

Quem confia em Deus, não teme nem a morte.

INTRODUÇÃO

I- ASPECTOS GERAIS

1- Autor, título e data

2- Classificação

3- Espiritual e intimista

II- O BOM PASTOR Sl 23. 1-4

1- Plenitude e paz Sl 23. 1.2

2- Veredas de justiça Sl 23.3

3- Não temerei Sl 23.4

III- O PASTOR QUE HONRA SI 23.5-6

1- Honra pública Sl 23.5a

2- Unção de honra Sl 23.5b

3- Bondade e misericórdias Sl 23.6

APLICAÇÃO PESSOAL

DEVOCIONAL DIÁRIO

Segunda – Sl 11.7

Terça – Sl 16.5

Quarta – Sl 27.4

Quinta – Sl 56.4

Sexta – Sl 63.1

Sábado – Sl 130.4

Hinos da Harpa: 156 – 413

INTRODUÇÃO

Nesta aula, temos uma das páginas mais conhecidas da Bíblia. O Salmo 23 é uma joia da literatura. Nele, Deus é representado nas figuras de um bom pastor e de um agradável anfitrião. Deus é alguém que sabe compreender e guiar cada uma de suas ovelhas.

COMENTÁRIO EXTRA

Comentário de Hubner Braz

O Salmo 23, uma das passagens mais conhecidas e amadas da Bíblia, oferece uma visão rica e profunda da relação entre Deus e Seu povo. Composto por Davi, este salmo apresenta Deus como um Pastor cuidadoso e um Anfitrião generoso, revelando aspectos importantes do caráter divino e da experiência humana com o divino.

Análise Bíblica e Teológica

Versículo 1: "O Senhor é o meu pastor; nada me faltará."

• O Senhor é o meu pastor (YHWH Roi): Esta expressão utiliza o nome de Deus, Yahweh, destacando Sua natureza como o Pastor que cuida e guia. O termo hebraico "Roi" (רֹעִי) implica cuidado e liderança pessoal.
• Nada me faltará: Esta declaração de confiança total em Deus reflete a certeza de que todas as necessidades, físicas e espirituais, serão supridas por Ele.

Versículo 2: "Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas."

• Verdes pastos e águas tranquilas: Estas imagens evocam paz, segurança e provisão. No contexto bíblico, pastos verdes simbolizam sustento espiritual, enquanto as águas tranquilas representam calma e restauração. O verbo hebraico "nāhâ" (נָחָה) significa guiar suavemente.

Versículo 3: "Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome."

• Refrigera a minha alma: A palavra hebraica "shub" (שׁוּב) significa restaurar ou renovar, indicando que Deus revigora a vida interior do crente.
• Veredas da justiça: As veredas ou caminhos da justiça (צֶדֶק, tzedek) referem-se à condução divina em caminhos moralmente corretos e alinhados com a vontade de Deus.

Versículo 4: "Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam."

• Vale da sombra da morte: Este termo sugere circunstâncias extremas de perigo e escuridão. O termo hebraico "tsalmaveth" (צַלְמָוֶת) pode ser traduzido como "sombra profunda" ou "morte sombria".
• Vara e cajado: Ferramentas do pastor que simbolizam proteção e direção. A vara (שֵׁבֶט, shevet) é usada para proteção contra predadores, e o cajado (מִשְׁעָנָה, mish'enah) para guiar e corrigir.

Versículo 5: "Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos; unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda."

• Mesa perante os inimigos: Reflete a provisão e honra que Deus concede mesmo em meio a adversários.
• Unges a minha cabeça com óleo: O ato de ungir simboliza bênção, consagração e alegria. O óleo é frequentemente associado com o Espírito Santo e a presença divina (Salmo 92:10).
• Meu cálice transborda: Expressa a superabundância das bênçãos de Deus.

Versículo 6: "Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor por longos dias."

• Bondade e misericórdia: As palavras hebraicas "tov" (טוֹב) e "chesed" (חֶסֶד) indicam a natureza amorosa e fiel de Deus.
• Habitar na Casa do Senhor: Refere-se a uma comunhão contínua com Deus, tanto agora quanto na eternidade. Este anseio é ecoado no Novo Testamento, onde a presença eterna com Deus é prometida aos crentes (João 14:2-3).

Contexto Bíblico e Histórico

Contexto de Davi:

• Davi, o autor do Salmo, era ele próprio um pastor antes de se tornar rei. Suas experiências cuidando de ovelhas forneceram a metáfora rica e pessoal usada neste salmo.
• A imagem de Deus como Pastor também ressoa com outras passagens bíblicas, como Isaías 40:11 e Ezequiel 34:11-16, onde Deus é descrito como cuidando e buscando Suas ovelhas.

Contexto Cultural:

• Na antiga Israel, a vida pastoral era comum e bem compreendida pelo povo. A imagem do pastor transmitia naturalmente cuidados diários, proteção e guia.
• A cultura do Oriente Médio também valorizava a hospitalidade, tornando a figura de Deus como um anfitrião generoso uma metáfora poderosa para os ouvintes originais.

Referências Cristãs:

• O Novo Testamento também utiliza a metáfora do Pastor para descrever Jesus. João 10:11, por exemplo, apresenta Jesus como o Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas.
• A visão de um Pastor que guia e protege é central para a compreensão cristã da liderança e cuidado divino.

Conclusão

O Salmo 23, através de suas imagens vívidas e linguagem poética, comunica a profunda verdade teológica de que Deus é um Pastor amoroso e um Anfitrião generoso. Ele guia, protege, provê e restaura. Este salmo é um convite para confiar completamente na provisão e cuidado divinos, independentemente das circunstâncias. Ele nos lembra que, mesmo nos vales sombrios da vida, a presença de Deus nos conforta e nos conduz em caminhos de justiça.

I- ASPECTOS GERAIS

1- Autor, título e data. Este é o salmo cuja autoria praticamente todos os cristãos conhecem. No título em itálico, está expresso “Salmo de Davi”. Porém, essa autoria é bastante perceptível no conteúdo do poema, pois Davi é conhecido na Bíblia pelo seu ofício de pastor de ovelhas (1 Sm 16.19). Sobre a data, aplica-se o mesmo que temos dito em todos os salmos davídicos (1.000-970 a.C.).

2- Classificação. O Salmo 23 é classificado como um salmo de devoção e confiança, no qual Davi expressa total dependência de Deus. Embora não seja tido como “profético” ou “messiânico”, o Salmo 23 apresenta essa natureza, sendo o salmo que Jesus aplicou a si mesmo com ricos detalhes na Parábola do Bom Pastor (Jo 10.1-18), assim como na Parábola da Ovelha Perdida (Lc 15.3-7). 12

3- Espiritual e intimista. No Salmo 23, Davi expõe e declara da melhor forma poética possível todo o amor que deve existir entre Deus e o homem. Para isto, a partir de sua rica experiência pastoril, ele se submete à condição servil de “ovelha” que simplesmente se deixa conduzir pelo “pastor”. Considerando que o autor do salmo é quem detém, n a prática, o conhecimento humano da profissão pastoril, temos aqui um antropomorfismo da pessoa de Deus, isto é, para explicar profundamente essa relação, enquanto o homem assume o papel de ovelha, Deus, em cena o papel de homem, de um simples pastor. Para compor esta literatura intimista, Davi lembra o árduo trabalho de um pastor, que podia assumir a condução de milhares de animais. Era um trabalho pesado, de grande responsabilidade, que só podia ser bem cumprido mediante o amor e a cumplicidade entre pastor e ovelha, pois nos períodos de calor na Palestina, entre os meses de abril e novembro, pastores viviam com seus rebanhos ao ar livre, longe de casa, como bem declarou o pastor Jacó, esposo da pastora Raquel (Gn 29.9), que, reclamando com o seu tio Labão, disse: “De maneira que eu andava, de dia consumido pelo calor, de noite, pela geada; e o meu sono me fugia dos olhos.” (Gn 31.40), isto durante vinte anos.

COMENTÁRIO EXTRA

Comentário de Hubner Braz

I- Aspectos Gerais do Salmo 23

1. Autor, Título e Data

Autor:

• Davi: A autoria do Salmo 23 é atribuída a Davi, conforme indicado no título "Salmo de Davi". Davi é amplamente reconhecido como pastor antes de se tornar rei, o que dá profundidade e autenticidade à metáfora do pastor no salmo. Esta autoria é sustentada pelo conhecimento íntimo e detalhado das responsabilidades e experiências de um pastor de ovelhas, algo que Davi conhecia bem (1 Samuel 16:19).

Data:

• 1.000-970 a.C.: A composição deste salmo situa-se no período da vida de Davi, aproximadamente entre 1.000 e 970 a.C., durante seu reinado ou possivelmente antes, quando ainda era um pastor.

2. Classificação

Salmo de Devoção e Confiança:

• O Salmo 23 é classificado como um salmo de devoção e confiança, onde Davi expressa total dependência de Deus. Este salmo é um hino de confiança que celebra a provisão, proteção e cuidado de Deus.

Referências Proféticas e Messiânicas:

• Parábola do Bom Pastor (João 10:1-18): Jesus se identifica como o Bom Pastor, ecoando as imagens do Salmo 23. Ele se apresenta como aquele que dá a vida pelas ovelhas, demonstrando o cuidado e sacrifício supremo.
• Parábola da Ovelha Perdida (Lucas 15:3-7): Reflete a busca e a alegria de encontrar a ovelha perdida, mostrando a dedicação e o amor do pastor, paralelamente ao cuidado de Deus pelo Seu povo.

3. Espiritual e Intimista

Amor entre Deus e o Homem:

• Davi, através de sua rica experiência como pastor, cria uma metáfora poderosa para descrever a relação entre Deus e o homem. Ele se coloca no papel de uma ovelha, totalmente dependente e confiante no cuidado do Pastor divino. Este antropomorfismo ajuda a explicar a relação íntima e cuidadosa entre Deus e o Seu povo.

Experiência Pastoril:

• Davi recorda a árdua tarefa de um pastor na Palestina, onde os pastores viviam ao ar livre com seus rebanhos, enfrentando calor e frio intensos, como descrito em Gênesis 31:40. Esta imagem reforça o sacrifício e a dedicação necessários para cuidar das ovelhas, destacando a paciência e o amor do pastor por suas ovelhas.

Análise Bíblica e Teológica

Versículo 1: "O Senhor é o meu pastor; nada me faltará."

• YHWH Roi: Davi usa o nome de Deus, Yahweh, enfatizando que Deus é pessoalmente envolvido no cuidado de Seu povo. "Nada me faltará" expressa uma confiança plena na provisão divina, indicando que todas as necessidades serão supridas.

Versículo 2: "Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas."

• Verdes Pastos e Águas Tranquilas: As imagens de pastos verdes e águas tranquilas simbolizam paz, nutrição e restauração espiritual. O pastor guia as ovelhas a locais de segurança e sustento.

Versículo 3: "Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome."

• Refrigera a Minha Alma: A palavra hebraica "shub" implica restaurar ou revigorar. As veredas da justiça indicam que Deus conduz Seu povo em caminhos de retidão, refletindo Sua santidade e fidelidade.

Versículo 4: "Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam."

• Vale da Sombra da Morte: Representa perigos extremos. A presença de Deus oferece consolo e proteção. A vara e o cajado são símbolos de autoridade e cuidado pastoral.

Versículo 5: "Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos; unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda."

• Mesa Perante os Inimigos: Indica honra e provisão mesmo em meio a adversários. Ungir a cabeça com óleo simboliza bênção e consagração. O cálice transbordante reflete a abundância das bênçãos de Deus.

Versículo 6: "Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor por longos dias."

• Bondade e Misericórdia: Tov e chesed destacam a natureza amorosa e fiel de Deus. Habitar na Casa do Senhor indica comunhão contínua com Deus, tanto agora quanto na eternidade.

Conclusão

O Salmo 23, através de suas imagens vívidas e linguagem poética, comunica verdades profundas sobre a provisão, proteção e cuidado divino. Ele nos convida a confiar completamente na fidelidade e na presença constante de Deus. A metáfora do Pastor e da ovelha sublinha a relação íntima e pessoal entre Deus e Seus seguidores, proporcionando um modelo de dependência e confiança em meio às adversidades da vida.

II- O BOM PASTOR (Sl 23. 1-4)

1- Plenitude e paz (SI 23.1,2). O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso. Não é difícil encontrarmos pessoas invocando a providência da parte final do versículo 1 deste salmo. Mas, em “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará”, este triunfo decorre de uma plena entrega do nosso caminho ao Pai (Sl 37.5). “Nada me faltará” significa nada de indispensável, cujos itens e critérios de importância Jesus deixou bem claro na conhecida oração do Pai Nosso (Mt 6.9-13). Esta palavra nada tem a ver com a herética teologia da prosperidade. Veremos, do início ao final deste salmo, que todos os verbos relacionados ao Senhor estão na voz ativa, o que implica atitude, providência, ação. Porém, todos esses atos diretos de Deus derivam mesmo do verso 1, onde, qual pilar de toda essa construção literária, Davi declara a suficiência de Deus para a sua existência humana, o que sua biografia comprova (1 Cr 29.10- 22). A paz está em falta na vida de muitos declarados cristãos em nossos dias. As redes sociais espelham um falso evangelho de ódio e vingança. Falta Deus, sobra religiosidade. Falta comunhão profunda com o bom Pastor, sobra contenda e incredulidade. “Pastos verdejantes”, “águas de descanso” e “refrigério” da alma (v. 2) apontam para um estado de total dependência de Deus, de plena confiança nele. Especialistas dizem que ovelhas não deitam facilmente se não se sentirem plenamente seguras, alimentadas, dessedentadas.

2- Veredas de justiça (Sl 23.3). Refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. Veredas são caminhos estreitos, passagens onde a vegetação pode esconder perigos de muitas maneiras. Como uma ovelha pode confiar que está sendo conduzida com segurança e não a um tipo de emboscada? A resposta é: somente se, por sua familiaridade com o pastor, “souber ” a quem tem confiado sua vida (2Tm 1.12). O valor da justiça aparece neste momento na vida do crente. Essa “justiça” tem a ver com o fato de confiarmos que temos quem nos defenda e nos julgue corretamente (1 Jo 2.1). Isto tem relação direta com o nosso andar na luz e na verdade, sendo o Pastor a própria luz e verdade (Jo 8.12; 14.6), de modo que quem o segue não anda em trevas. Infelizmente, luz e verdade não são valores bíblicos tão enfatizados hoje. Logo, não vivemos um tempo de justiça nem mesmo entre alguns proclamados importantes “servos de Deus”, que mentem, dissimulam, falsificam resultados e provas. Tais homens são corruptos e corruptores, o que não deixa de ser uma profecia para os Últimos Dias. Porém, a perspectiva escatológica não deve servir como justificativa para quem deseja herdar o Reino de Deus, onde não entrará quem tiver mãos e coração impuros (SI 24.4; Mt 5.8), ou viver em contenda e longe da santificação (Hb 12.14).

3- Não temerei (Sl 23.4) .Ainda que e u ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam. Davi encerra a primeira parte deste salmo (Deus-Pastor) do modo mais dramático possível. Ele evoca o grande inimigo da humanidade desde a Queda: a 14 morte (1Co 15.26). O risco de uma ovelha desgarrar-se e ser tragada por um predador era constante. Naqueles tempos, ursos, chacais, hienas e lobos estavam sempre à espreita, pois eram muito numerosos. Para evitar a deserção, pastores prendiam uma das pernas da ovelha junto à cauda. Cães estavam a postos para afastar predadores. Porém, em grandes perigos, era mesmo o pastor quem arriscava a própria vida lutando com feras, como vimos em 1 Samuel 17.34-35. Jesus é o bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas (Jo 10.11). Ele tem os instrumentos de nossa defesa (cajado/vara). Somente o amor recíproco entre o crente e o seu Senhor nos dá esta segurança, tão bem expressada pelo apóstolo Paulo em Filipenses 1.21. Será que amamos ao Senhor acima de tudo e de todos? Somente o amor em Deus afasta o medo (1Jo 4.18).

COMENTÁRIO EXTRA

Comentário de Hubner Braz

II- O Bom Pastor (Salmo 23:1-4)

1. Plenitude e Paz (Salmo 23:1-2)

Versículo 1: "O Senhor é o meu pastor; nada me faltará."

• Plena Entrega e Dependência de Deus: A frase "O Senhor é o meu pastor" implica uma entrega completa e confiante a Deus. A confiança expressa por Davi reflete uma dependência total do Senhor para todas as necessidades essenciais. Em Salmo 37:5, encontramos uma expressão similar de confiança: "Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará."
• Nada Me Faltará: Esta expressão não se refere a uma garantia de prosperidade material, mas a uma segurança de que Deus proverá tudo o que é necessário para a vida e piedade (Mateus 6:9-13). Isso refuta a teologia da prosperidade, que muitas vezes distorce o significado deste versículo. A suficiência de Deus para todas as necessidades humanas é central na vida de Davi, como evidenciado em 1 Crônicas 29:10-22, onde ele louva a Deus pela provisão abundante.

Versículo 2: "Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso."

• Pastos Verdejantes e Águas de Descanso: Estes são símbolos de paz, nutrição e restauração. O cuidado providencial de Deus é comparado ao de um pastor que leva suas ovelhas a pastos férteis e águas calmas. Em João 10:9, Jesus se identifica como a porta pelas quais as ovelhas entram e encontram pastagem, ecoando a ideia de provisão e segurança.
• Segurança e Confiança: Ovelhas não deitam facilmente a menos que se sintam seguras, bem alimentadas e hidratadas. Isso ilustra a confiança e a paz que vêm de uma relação íntima com Deus. A falta de paz entre muitos cristãos hoje pode ser atribuída à falta de uma verdadeira comunhão com Deus, refletida em atitudes de ódio e vingança que vemos frequentemente, especialmente nas redes sociais.

2. Veredas de Justiça (Salmo 23:3)

Versículo 3: "Refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome."

• Refrigera a Minha Alma: A palavra "refrigera" (hebraico: shub) implica restaurar ou revigorar. Deus não apenas cuida das necessidades físicas, mas também restaura e revigora a alma. Em Mateus 11:28-30, Jesus convida os cansados e sobrecarregados a encontrarem descanso em Ele, prometendo aliviar suas almas.
• Veredas da Justiça: Caminhos de justiça são aqueles que Deus guia, levando Seu povo a viver de acordo com Seus padrões justos. Em 1 João 2:1, Jesus é nosso advogado que nos defende e nos guia na justiça. Esta justiça tem a ver com viver na luz e na verdade, como Jesus afirma ser em João 8:12 e 14:6.
• Importância da Justiça: A justiça é um valor central na vida do crente, essencial para quem deseja herdar o Reino de Deus. Em Salmo 24:4 e Mateus 5:8, vemos que pureza de mãos e coração é necessária para estar na presença de Deus. A busca pela justiça e santificação é um imperativo para os crentes (Hebreus 12:14).

3. Não Temerei (Salmo 23:4)

Versículo 4: "Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam."

• Vale da Sombra da Morte: Este versículo fala de passar por circunstâncias extremamente perigosas e ameaçadoras. A presença de Deus é a fonte de coragem e consolo. A confiança de Davi em Deus é tão forte que ele não teme o mal, mesmo nas situações mais sombrias.
• Bordão e Cajado: Estes são instrumentos de um pastor para guiar e proteger as ovelhas. O bordão pode ser usado para defesa contra predadores e o cajado para resgatar ovelhas em perigo. Em João 10:11, Jesus se identifica como o Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas, assegurando-nos de Sua proteção e cuidado.
• Amor que Expulsa o Medo: A segurança e a ausência de medo vêm do amor perfeito que temos em Deus. Em 1 João 4:18, vemos que o perfeito amor lança fora o medo. O apóstolo Paulo também expressa essa segurança em Filipenses 1:21: "Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro."

Conclusão

A análise dos versículos 1 a 4 do Salmo 23 revela um profundo entendimento da relação entre Deus e Seus seguidores. Davi, com sua experiência como pastor, utiliza uma metáfora poderosa para descrever a provisão, proteção e direção de Deus. Ele demonstra que a confiança e a dependência de Deus resultam em plenitude e paz, mesmo em meio a circunstâncias adversas. A justiça e a santidade são valores centrais que orientam o caminho dos crentes, e o amor perfeito de Deus oferece segurança contra todos os medos. Assim, o Salmo 23 continua a ser uma fonte de consolo e encorajamento para os fiéis de todas as gerações.

III- O PASTOR QUE HONRA (Sl 23.5-6)

1- Honra pública (Sl 23.5a). Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários. A primeira parte do verso 5 menciona um antigo costume de reis orientais. Para declararem publicamente as alianças feitas e seus respectivos aliados, esses reis costumavam oferecer grandes banquetes públicos. A ideia era mostrar que seus convidados estavam, a partir daquela cerimônia, sob a guarda e proteção do rei. Dali em diante, os adversários daqueles convidados saberiam que não poderiam mais atingi-los, pois estavam seguros. Mas, atenção: esta palavra nada tem a ver com o triunfalismo egoístico de alguns, ensinado hoje através de pregações e hinos que menosprezam e zombam de quem “não os ajudou” durante certas tribulações. A honra de Deus sobre as nossas vidas há de nos deixar mais humildes, quebrantados e santificados, capacitando o crente a amar até mesmo os inimigos (Mt 5.44). Observe a ordem dos versículos do Salmo 23: Deus só se torna um Anfitrião honrador (v. 5) para ovelhas que o têm antes como o bondoso Pastor e Nele confiam (v. 1-4).

2- Unção de honra (Sl 23.5b) unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda. Mais uma vez, Davi recorre ao antigo costume oriental de anfitriões ungirem convidados ilustres durante um banquete. “Unges-me a cabeça com óleo” é uma cena retratada em Lucas 7.36-38. Como uma honra do Pai sobre seu Filho, uma mulher pecadora completou a cena daquele jantar preparado por um fariseu. Ela entrou sorrateiramente na casa e derramou um caríssimo óleo perfumado sobre o convidado. Nessa ocasião, a casa enchia- -se de perfume, que se espalhava, de sorte que todos que ali passavam sabiam que naquele lugar havia uma pessoa muito ilustre. O óleo aqui citado não é o mesmo óleo cerimonial usado para ungir reis e sacerdotes (1Sm 10; 2Sm S; 1 Rs 1.39), mas sim o óleo aromático dos festejos, o qual se destinava a honrar convidados ilustres. A referência do salmista procura mostrar o quanto serão honrados aqueles que colocam toda a sua vida nas mãos de Deus – o anfitrião. Com estes o Senhor celebrará aliança e não os deixará perecer. Tantas provisões abundantes de proteção e segurança também estão representadas pelo cálice transbordante.

3- Bondade e misericórdia (SI 23.6). Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre. No último versículo, Davi nos lembra os dois valores divinos que justificam e explicam toda a beleza e profundidade do Salmo 23, o Salmo do Pastor e do Anfitrião. “E habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre” (v. 6b). Somos eternamente Dele, aqui e no além; hoje e sempre; nesta vida e na eternidade. Aleluia!

COMENTÁRIO EXTRA

Comentário de Hubner Braz

III- O Pastor que Honra (Salmo 23:5-6)

1. Honra Pública (Salmo 23:5a)

Versículo 5a: "Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários."

• Contexto Cultural: Nos tempos antigos, reis orientais frequentemente organizavam banquetes públicos para mostrar alianças e proteção aos seus aliados. Este ato público de hospitalidade e proteção significava que os convidados estavam sob a guarda do rei, e qualquer adversário seria desencorajado a causar-lhes mal.
• Significado Espiritual: Deus, como nosso Pastor, prepara uma mesa para nós na presença dos nossos inimigos. Isso simboliza a provisão, proteção e honra que Ele nos concede, mesmo em meio a adversidades. Este não é um triunfo egoísta, mas uma demonstração da graça de Deus que nos capacita a amar nossos inimigos (Mateus 5:44).
• Humildade e Quebrantamento: A honra que Deus nos concede deve nos levar a uma maior humildade e santificação. A sequência dos versículos do Salmo 23 sugere que a honra de Deus é para aqueles que primeiro confiam Nele como Pastor e O seguem fielmente (versículos 1-4).

2. Unção de Honra (Salmo 23:5b)

Versículo 5b: "Unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda."

• Costume Oriental: Nos banquetes orientais, anfitriões ungiam os convidados ilustres com óleo perfumado, demonstrando honra e hospitalidade. Este óleo não é o óleo cerimonial usado para ungir reis e sacerdotes, mas um óleo aromático usado em celebrações.
• Referência Bíblica: Em Lucas 7:36-38, uma mulher pecadora unge Jesus com óleo perfumado, uma ação que simboliza honra e devoção. O aroma se espalha, indicando a presença de alguém especial.
• Aplicação Espiritual: A unção com óleo representa a honra e a bênção que Deus concede aos Seus filhos. O cálice transbordante simboliza a abundância das bênçãos divinas. Aqueles que confiam plenamente em Deus e entregam suas vidas a Ele são honrados e abençoados abundantemente.

3. Bondade e Misericórdia (Salmo 23:6)

Versículo 6: "Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias."

• Bondade e Misericórdia: Estas são as qualidades divinas que acompanham os crentes ao longo de suas vidas. A bondade (hebraico: "tov") e a misericórdia (hebraico: "chesed") de Deus são infalíveis e constantes. Elas representam o cuidado amoroso e a fidelidade de Deus.
• Habitar na Casa do Senhor: Este versículo promete a presença contínua e eterna com Deus. Habitar na casa do Senhor significa estar em constante comunhão com Ele, tanto nesta vida quanto na eternidade.
• Esperança Eterna: A declaração de Davi reflete a segurança eterna que os crentes têm em Deus. Somos chamados a viver na presença de Deus, desfrutando de Sua bondade e misericórdia agora e para sempre.

Análise Teológica e Profunda

O Salmo 23, em sua totalidade, oferece uma visão rica e multifacetada do relacionamento entre Deus e Seu povo.

• Deus como Pastor: Nos primeiros versículos, Deus é retratado como o Pastor que provê, guia e protege. Este papel pastoral é uma metáfora poderosa da liderança e cuidado contínuos de Deus.
• Deus como Anfitrião: Nos versículos 5-6, a imagem muda para Deus como Anfitrião, que honra e celebra com Seus convidados. Esta transição simboliza a provisão abundante e a hospitalidade divina.
• Elementos de Proteção e Honra: A mesa preparada na presença dos inimigos e a unção com óleo destacam a proteção e a honra que Deus concede aos Seus seguidores. Estes atos de Deus demonstram não apenas Sua capacidade de proteger, mas também Sua disposição de exaltar aqueles que confiam Nele.
• A Aliança e Comunhão: A referência ao cálice transbordante e à habitação na casa do Senhor enfatiza a aliança e a comunhão contínua com Deus. A presença constante de Deus é uma fonte de segurança e alegria para o crente.
• Valores Divinos: Bondade e misericórdia são atributos essenciais de Deus que guiam e sustentam o crente ao longo da vida. Eles são a base para a confiança em Deus e a esperança na vida eterna.

Conclusão

O Salmo 23 é uma expressão profunda de confiança em Deus, que é nosso Pastor e Anfitrião. Ele nos guia, protege e honra, demonstrando Sua bondade e misericórdia ao longo de nossas vidas. Este salmo nos desafia a confiar plenamente em Deus, a viver em comunhão com Ele e a buscar Sua justiça e santidade. Em todas as circunstâncias, podemos encontrar segurança e esperança na presença contínua de Deus, que nos acompanha nesta vida e na eternidade.

APLICAÇÃO PESSOAL

Davi nos ensina a depositar toda a nossa fé no Senhor, certos de que Ele cuida de nós e supre todas as nossas necessidades. Tenha fé e proclame: “O Senhor é o meu pastor”.

COMENTÁRIO EXTRA

Comentário de Hubner Braz

Aplicação Pessoal

Davi nos ensina a depositar toda a nossa fé no Senhor, certos de que Ele cuida de nós e supre todas as nossas necessidades. Tenha fé e proclame: "O Senhor é o meu pastor."

• Confiança Plena em Deus: Assim como Davi confiava plenamente em Deus para guiar e proteger sua vida, somos chamados a confiar em Deus em todas as situações. Lembre-se de que Deus é um pastor cuidadoso que conhece cada uma de Suas ovelhas pelo nome e cuida delas com amor e dedicação.
• Dependência de Deus: Em um mundo que muitas vezes valoriza a autossuficiência, o Salmo 23 nos lembra da importância de depender de Deus para suprir nossas necessidades. Quando declaramos "O Senhor é o meu pastor; nada me faltará", estamos reconhecendo que Deus é a fonte de todas as nossas provisões, espirituais e materiais.
• Paz e Segurança: Os "pastos verdejantes" e as "águas tranquilas" simbolizam a paz e a segurança que encontramos em Deus. Em momentos de ansiedade e incerteza, podemos encontrar consolo e descanso na presença do Senhor, sabendo que Ele cuida de nós.
• Caminhos de Justiça: Deus nos guia "pelas veredas da justiça por amor do Seu nome". Isso significa que devemos buscar viver de acordo com os princípios divinos, confiando que Deus nos conduz em caminhos justos. Quando enfrentamos dilemas morais, devemos lembrar que Deus nos chama para viver na luz e na verdade.
• Coragem em Tempos de Adversidade: "Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo." Esta declaração de confiança nos encoraja a não temer, mesmo nas circunstâncias mais difíceis. A presença de Deus é nossa maior segurança e conforto.
• Receber e Demonstrar Honra: Deus nos honra diante de nossos adversários e nos unge com óleo, simbolizando Sua aprovação e bênção. Somos chamados a receber essa honra com humildade e a demonstrar amor e respeito até mesmo aos nossos inimigos.
• Fidelidade e Comunhão Contínua: "Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre." Esta promessa nos assegura da fidelidade de Deus e nos convida a viver em comunhão contínua com Ele, tanto agora quanto na eternidade.

Em todas essas coisas, somos chamados a colocar nossa fé e confiança no Senhor, seguindo Seu exemplo e proclamando diariamente: "O Senhor é o meu pastor." Esta proclamação não é apenas uma afirmação de fé, mas também um compromisso de viver de acordo com os princípios de Deus, confiando em Sua provisão, proteção e orientação em todas as áreas de nossas vidas.

RESPONDA

1) De acordo com a lição, em que classificação o Salmo 23 se enquadra?

R. Devoção e confiança.

2) O que representa a voz ativa dos verbos relacionados a Deus no Salmo 23?

R. Atitude, providência e ação.

3) Que figuras Davi usa em relação a Deus para nos inspirar à plena confiança Nele?

R. Pastor e anfitrião.

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