TEXTO ÁUREO “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituam...
TEXTO ÁUREO
“Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.” (At 6.3).
VERDADE PRÁTICA
Uma igreja cheia da sabedoria do Espírito age sabiamente para resolver conflitos de relacionamentos.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Atos 6.3
O cenário é a Igreja Primitiva em Jerusalém, crescendo rapidamente (At 6.1). A multiplicação dos discípulos trouxe também desafios de relacionamento: as viúvas dos helenistas estavam sendo esquecidas na distribuição diária de mantimentos. O problema não era apenas logístico, mas cultural e espiritual. Os apóstolos, guiados pelo Espírito Santo, orientaram a congregação a escolher homens cheios de fé e sabedoria para este serviço.
📜 Análise das Palavras-Chave no Grego
- Escolhei (ἐπισκέψασθε, episképsasthe)
- Verbo usado para indicar olhar atentamente, considerar, avaliar.
- Implica um processo cuidadoso e não uma escolha apressada.
- Teologicamente, mostra que a Igreja não deve eleger líderes de forma superficial, mas em oração e discernimento.
- Varões (ἄνδρας, andras)
- Refere-se a homens, mas aqui no sentido de pessoas com maturidade (não apenas do sexo masculino, mas de caráter firme).
- A ideia é de líderes que sustentem a comunidade pela integridade e testemunho.
- Boa reputação (μαρτυρουμένους, martyrouménous)
- Deriva de martyria = testemunho.
- Indica pessoas reconhecidas pela comunidade por sua conduta ilibada.
- Não apenas boa imagem exterior, mas caráter aprovado diante de Deus e dos homens.
- Cheios do Espírito Santo (πλήρεις πνεύματος ἁγίου, plēreis pneumatos hagiou)
- O termo plērēs indica plenitude, estar controlado, dominado pelo Espírito.
- Não se trata de uma experiência ocasional, mas de uma vida constantemente guiada pelo Espírito Santo.
- Aqui se aplica a teologia pneumatológica da capacitação para o serviço (cf. At 1.8; Ef 5.18).
- Sabedoria (σοφίας, sophías)
- Mais que conhecimento, é habilidade prática de aplicar a verdade divina em situações concretas.
- Em contexto judaico, remete à sabedoria de Salomão (Pv 1.7; Tg 3.17).
- A sabedoria espiritual é fruto do temor do Senhor, não apenas inteligência humana.
- Constituamos (καταστήσομεν, katastēsomen)
- Verbo que significa designar, colocar em posição oficial, ordenar.
- A escolha do povo seria confirmada pela autoridade apostólica, mostrando equilíbrio entre participação comunitária e liderança espiritual.
📚 Referências Acadêmicas
- Craig Keener, Acts: An Exegetical Commentary – destaca que a escolha dos sete visava preservar a unidade étnica e cultural da Igreja, mostrando a sabedoria espiritual dos apóstolos.
- John Stott, A Mensagem de Atos – ressalta que os apóstolos não desprezaram o problema material, mas priorizaram a oração e a Palavra, delegando funções administrativas a homens espirituais.
- Stanley Horton, Atos: O Poder do Espírito Santo (CPAD) – observa que o critério espiritual era fundamental, pois até questões práticas da Igreja exigem discernimento do Espírito.
- F. F. Bruce, The Book of the Acts – mostra que a seleção dos sete teve caráter eclesiástico e espiritual, não meramente administrativo.
🪔 Aplicação Pessoal
- A Igreja de hoje enfrenta conflitos semelhantes: culturais, sociais e relacionais.
- A solução bíblica não é apenas estratégia humana, mas sabedoria espiritual.
- Cada crente deve buscar ser cheio do Espírito Santo e agir com sabedoria em seus relacionamentos.
- Líderes da Igreja precisam ser reconhecidos pelo testemunho público e pela capacidade espiritual de lidar com problemas práticos.
- Para nossa vida pessoal, isso significa que até as pequenas tarefas da Igreja exigem unção, caráter e sabedoria.
📊 Tabela Expositiva de Atos 6.3
Elemento
Palavra Grega
Significado
Aplicação à Igreja
Escolhei
ἐπισκέψασθε (episképsasthe)
Avaliar cuidadosamente, escolher com discernimento
A eleição de líderes deve ser feita com oração, cuidado e critério espiritual
Varões
ἄνδρας (andras)
Pessoas maduras e firmes
A liderança exige maturidade, não apenas entusiasmo
Boa reputação
μαρτυρουμένους (martyrouménous)
Ter testemunho reconhecido pela comunidade
O caráter precede o cargo; a vida fala mais que as palavras
Cheios do Espírito Santo
πλήρεις πνεύματος ἁγίου (plēreis pneumatos hagiou)
Vida controlada pelo Espírito
O serviço cristão só é eficaz quando guiado pelo Espírito Santo
Sabedoria
σοφίας (sophías)
Aplicar a verdade divina na prática
A sabedoria espiritual é essencial para resolver conflitos
Constituamos
καταστήσομεν (katastēsomen)
Designar oficialmente
A Igreja deve confirmar e ordenar aqueles que o Espírito capacita
👉 Assim, a Verdade Prática se confirma:
"Uma igreja cheia da sabedoria do Espírito age sabiamente para resolver conflitos de relacionamentos."
A Igreja Primitiva nos ensina que conflitos são inevitáveis, mas podem ser transformados em oportunidades de crescimento quando líderes cheios do Espírito Santo são levantados para servir.
Atos 6.3
O cenário é a Igreja Primitiva em Jerusalém, crescendo rapidamente (At 6.1). A multiplicação dos discípulos trouxe também desafios de relacionamento: as viúvas dos helenistas estavam sendo esquecidas na distribuição diária de mantimentos. O problema não era apenas logístico, mas cultural e espiritual. Os apóstolos, guiados pelo Espírito Santo, orientaram a congregação a escolher homens cheios de fé e sabedoria para este serviço.
📜 Análise das Palavras-Chave no Grego
- Escolhei (ἐπισκέψασθε, episképsasthe)
- Verbo usado para indicar olhar atentamente, considerar, avaliar.
- Implica um processo cuidadoso e não uma escolha apressada.
- Teologicamente, mostra que a Igreja não deve eleger líderes de forma superficial, mas em oração e discernimento.
- Varões (ἄνδρας, andras)
- Refere-se a homens, mas aqui no sentido de pessoas com maturidade (não apenas do sexo masculino, mas de caráter firme).
- A ideia é de líderes que sustentem a comunidade pela integridade e testemunho.
- Boa reputação (μαρτυρουμένους, martyrouménous)
- Deriva de martyria = testemunho.
- Indica pessoas reconhecidas pela comunidade por sua conduta ilibada.
- Não apenas boa imagem exterior, mas caráter aprovado diante de Deus e dos homens.
- Cheios do Espírito Santo (πλήρεις πνεύματος ἁγίου, plēreis pneumatos hagiou)
- O termo plērēs indica plenitude, estar controlado, dominado pelo Espírito.
- Não se trata de uma experiência ocasional, mas de uma vida constantemente guiada pelo Espírito Santo.
- Aqui se aplica a teologia pneumatológica da capacitação para o serviço (cf. At 1.8; Ef 5.18).
- Sabedoria (σοφίας, sophías)
- Mais que conhecimento, é habilidade prática de aplicar a verdade divina em situações concretas.
- Em contexto judaico, remete à sabedoria de Salomão (Pv 1.7; Tg 3.17).
- A sabedoria espiritual é fruto do temor do Senhor, não apenas inteligência humana.
- Constituamos (καταστήσομεν, katastēsomen)
- Verbo que significa designar, colocar em posição oficial, ordenar.
- A escolha do povo seria confirmada pela autoridade apostólica, mostrando equilíbrio entre participação comunitária e liderança espiritual.
📚 Referências Acadêmicas
- Craig Keener, Acts: An Exegetical Commentary – destaca que a escolha dos sete visava preservar a unidade étnica e cultural da Igreja, mostrando a sabedoria espiritual dos apóstolos.
- John Stott, A Mensagem de Atos – ressalta que os apóstolos não desprezaram o problema material, mas priorizaram a oração e a Palavra, delegando funções administrativas a homens espirituais.
- Stanley Horton, Atos: O Poder do Espírito Santo (CPAD) – observa que o critério espiritual era fundamental, pois até questões práticas da Igreja exigem discernimento do Espírito.
- F. F. Bruce, The Book of the Acts – mostra que a seleção dos sete teve caráter eclesiástico e espiritual, não meramente administrativo.
🪔 Aplicação Pessoal
- A Igreja de hoje enfrenta conflitos semelhantes: culturais, sociais e relacionais.
- A solução bíblica não é apenas estratégia humana, mas sabedoria espiritual.
- Cada crente deve buscar ser cheio do Espírito Santo e agir com sabedoria em seus relacionamentos.
- Líderes da Igreja precisam ser reconhecidos pelo testemunho público e pela capacidade espiritual de lidar com problemas práticos.
- Para nossa vida pessoal, isso significa que até as pequenas tarefas da Igreja exigem unção, caráter e sabedoria.
📊 Tabela Expositiva de Atos 6.3
Elemento | Palavra Grega | Significado | Aplicação à Igreja |
Escolhei | ἐπισκέψασθε (episképsasthe) | Avaliar cuidadosamente, escolher com discernimento | A eleição de líderes deve ser feita com oração, cuidado e critério espiritual |
Varões | ἄνδρας (andras) | Pessoas maduras e firmes | A liderança exige maturidade, não apenas entusiasmo |
Boa reputação | μαρτυρουμένους (martyrouménous) | Ter testemunho reconhecido pela comunidade | O caráter precede o cargo; a vida fala mais que as palavras |
Cheios do Espírito Santo | πλήρεις πνεύματος ἁγίου (plēreis pneumatos hagiou) | Vida controlada pelo Espírito | O serviço cristão só é eficaz quando guiado pelo Espírito Santo |
Sabedoria | σοφίας (sophías) | Aplicar a verdade divina na prática | A sabedoria espiritual é essencial para resolver conflitos |
Constituamos | καταστήσομεν (katastēsomen) | Designar oficialmente | A Igreja deve confirmar e ordenar aqueles que o Espírito capacita |
👉 Assim, a Verdade Prática se confirma:
"Uma igreja cheia da sabedoria do Espírito age sabiamente para resolver conflitos de relacionamentos."
A Igreja Primitiva nos ensina que conflitos são inevitáveis, mas podem ser transformados em oportunidades de crescimento quando líderes cheios do Espírito Santo são levantados para servir.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – At 6.1,2 Identificando a natureza dos conflitos
Terça -1Co 6.5 Resolvendo conflitos na esfera da igreja
Quarta – Mt 5.9 Pacificando todos os tipos de conflitos
Quinta – 2Tm 2.24 Gentileza, paciência e habilidades para evitar os conflitos
Sexta – Gl 5.13 Servindo uns aos outros para prevenir os conflitos
Sábado – Pv 13.10 O valor de sábios conselhos na resolução de conflitos
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Segunda — Atos 6.1–2 | Identificando a natureza dos conflitos
Contexto. O crescimento rápido da igreja em Jerusalém trouxe tensão cultural entre helenistas (crentes de língua grega) e hebreus (de língua aramaica). O risco: transformar uma questão logístico-assistencial em divisão da comunidade.
Palavras-chave (grego).
- γογγυσμός (góngysmos, “murmuração/queixa” – At 6.1): ruído de descontentamento que, se não tratado, escala para ruptura (cf. Êx 16).
- παραθεωρέω (paratheōréō, “negligenciar/ignorar” – At 6.1): “passar por alto”, comunica sensação real de injustiça.
- διακονία … καθημερινή (diakonía… kathēmerinē, “distribuição diária” – At 6.1): serviço concreto, não “espiritual menor”.
- οὐκ ἀρεστόν (ouk arestón, “não é apropriado” – At 6.2): não desprezo ao cuidado social, mas priorização funcional.
- διακονεῖν τραπέζαις (diakoneîn trapézais, “servir às mesas” – At 6.2): diaconia prática que exige critérios espirituais (ver 6.3).
Teologia. Conflitos surgem onde há diversidade e crescimento. A resposta apostólica une discernimento (definição de papéis) e participação comunitária (a assembleia escolhe os sete), preservando a unidade e a missão (palavra + serviço).
Aplicação. Nomeie a natureza do conflito (cultural? comunicação? logística?) e adote processos transparentes com critérios espirituais para funções práticas.
Leituras úteis: C. Keener, Acts; S. Horton, Atos – O Poder do Espírito Santo (CPAD); F. F. Bruce, The Book of Acts; John Stott, A Mensagem de Atos.
Terça — 1 Coríntios 6.5 | Conflitos na esfera da igreja
Contexto. Irmãos levavam causas civis aos tribunais pagãos, maculando o testemunho.
Palavras-chave (grego).
- σοφός (sophós, “sábio”): maturidade espiritual prática, não mero intelecto.
- διακρίνω/διακρῖναι (diakrínō/diakrínai, “julgar/decidir”): avaliar com justiça e reconciliação, visando shalom e santidade (cf. 1Co 5–6).
Teologia. A comunidade, habitada pelo Espírito, deve ser capaz de arbitrar conflitos internos com equidade e misericórdia, protegendo o evangelho do escândalo público.
Aplicação. Desenvolva entre líderes/irmãos a competência de mediação bíblica (Mt 18.15–20), com processos, ouvintes imparciais e foco em restauração.
Leituras úteis: Gordon Fee, The First Epistle to the Corinthians; A. C. Thiselton, The First Epistle to the Corinthians; Ben Witherington III, Conflict and Community in Corinth.
Quarta — Mateus 5.9 | Pacificando todos os tipos de conflitos
Texto. “Bem-aventurados os pacificadores, porque serán chamados filhos de Deus.”
Palavras-chave (grego).
- μακάριοι (makárioi, “bem-aventurados”): estado objetivo de favor divino.
- εἰρηνοποιοί (eirēnopoioí, “fazedores de paz”): não passivos; agem para construir reconciliação (cf. Cl 1.20).
- υἱοὶ θεοῦ (huioi theou, “filhos de Deus”): refletem o caráter do Pai, que faz nascer o sol sobre bons e maus (Mt 5.45).
Teologia. A paz bíblica (εἰρήνη / שָׁלוֹם) é plenitude de relações restauradas com Deus e o próximo. Ser “filho” é agir como o Pai na prática da reconciliação.
Aplicação. Em vez de evitar conflitos, entre neles para curar: escuta ativa, nomear feridas, propor passos concretos (pedido de perdão, acordos).
Leituras úteis: John Stott, O Sermão do Monte; D. A. Carson, Jesus’ Sermon on the Mount; R. T. France, The Gospel of Matthew.
Quinta — 2 Timóteo 2.24 | Gentileza, paciência e habilidades para evitar conflitos
Palavras-chave (grego).
- δοῦλος κυρίου (doûlos kyríou, “servo do Senhor”): identidade que molda o temperamento.
- οὐ δεῖ μάχεσθαι (ou deî máchesthai, “não deve brigar”): rejeição de espírito litigioso.
- ἤπιος (ḗpios, “amável/gentil”): postura suave que desarma antagonismos.
- διδακτικός (didaktikós, “apto para ensinar”): habilidade pedagógica para orientar, não apenas refutar.
- ἀνεξίκακος (anexíkakos, “paciente diante do mal”): tolerar ofensas enquanto busca correção (v.25).
Teologia. Caráter pastoral é meio de instrução: a forma (gentileza) comunica o conteúdo (verdade), cooperando com a ação de Deus no arrependimento do outro.
Aplicação. Treine linguagem não-defensiva, perguntas clarificadoras e passos graduais de ensino/correção; escolha relacionalidade em vez de vitória retórica.
Leituras úteis: P. Towner, The Letters to Timothy and Titus; W. Mounce, Pastoral Epistles; John Stott, Guard the Gospel.
Sexta — Gálatas 5.13 | Servindo para prevenir conflitos
Palavras-chave (grego).
- ἐλευθερία (eleuthería, “liberdade”): dom do evangelho.
- ἀφορμή (aphormḗ, “base de operações/oportunidade”): alerta contra usar a liberdade como “plataforma” da σάρξ (sárx, natureza autocentrada).
- διὰ τῆς ἀγάπης δουλεύετε ἀλλήλοις (“pelo amor servi uns aos outros”): verbo δουλεύω implica “servir como escravo”; paradoxalmente, a liberdade cristã se expressa em serviço voluntário.
Teologia. O amor (agápē) regula a liberdade, suprimindo disputas (cf. 5.15) e promovendo mútua edificação.
Aplicação. Transforme preferências em oportunidades de servir: ceder, priorizar o bem comum, instituir práticas de mutualidade (equipes, turnos, cuidado mútuo).
Leituras úteis: Douglas Moo, Galatians; F. F. Bruce, The Epistle to the Galatians; Thomas R. Schreiner, Galatians.
Sábado — Provérbios 13.10 | O valor de sábios conselhos
Texto hebraico (essência).
“Somente pela soberba vem a contenda, mas com os bem aconselhados há sabedoria.”
Palavras-chave (hebraico).
- זָדוֹן (zadôn, “arrogância/insolência”): teimosia orgulhosa que rejeita correção.
- מַצָּה (matsáh, “contenda/disputa”): conflito aberto, litigioso.
- חָכְמָה (chokhmáh, “sabedoria”): habilidade de viver conforme o temor do Senhor.
- A expressão para “bem aconselhados” reflete um termo incomum no hebraico massorético (frequentemente entendido como “os que recebem conselho”); o sentido reconhecido pelos comentaristas é disposição para ouvir/acolher conselho.
Teologia. O provérbio é antitético: orgulho → conflito; aconselhabilidade → sabedoria. O coração ensinável é antídoto preventivo de crises.
Aplicação. Crie cultura de conselho mútuo e prestação de contas: procure mentores, aceite feedback, decida por consenso quando possível.
Leituras úteis: Bruce K. Waltke, The Book of Proverbs; Tremper Longman III, Proverbs; Derek Kidner, Proverbs.
Tabela Expositiva (Resumo Didático)
Dia
Texto
Tema do Conflito
Termos Originais
Tese Teológica
Passos de Aplicação
Seg
At 6.1–2
Tensão cultural e logística
γογγυσμός, διακονία, διακονεῖν τραπέζαις
Nomear o problema e alinhar papéis preserva unidade e missão.
Mapear a causa; comunicar; delegar com critérios espirituais.
Ter
1Co 6.5
Litígios públicos
σοφός, διακρῖναι
A igreja madura arbitra causas internamente com justiça e misericórdia.
Formar mediadores; seguir Mt 18; priorizar reconciliação.
Qua
Mt 5.9
Reconciliação ativa
εἰρηνοποιοί, μακάριοι
Filhos de Deus fazem a paz, refletindo o Pai.
Entrar no conflito para curar; acordos claros; acompanhamento.
Qui
2Tm 2.24
Evitar brigas
ἤπιος, διδακτικός, ἀνεξίκακος
O caráter do servo é meio pedagógico da verdade.
Treinar gentileza; corrigir com paciência; linguagem não-defensiva.
Sex
Gl 5.13
Liberdade que serve
ἀφορμή, σάρξ, ἀγάπη, δουλεύετε
Amor regula a liberdade e previne “morder-se e devorar-se”.
Práticas de serviço mútuo; ceder preferências; metas comuns.
Sáb
Pv 13.10
Orgulho vs. conselho
זָדוֹן, מַצָּה, חָכְמָה
Arrogância gera contenda; aconselhabilidade produz sabedoria.
Buscar conselheiros; acolher feedback; decisões colegiadas.
Sugestões de uso em classe/igreja
- Dinâmica: peça exemplos de “conflitos bons” (que revelam problemas a serem tratados) vs. “conflitos maus” (espírito litigioso).
- Prática semanal: cada ministério elencar 1 ajuste de processo que previna conflitos (comunicação, escala, critérios).
- Oração: por sabedoria (σοφία) e cheio do Espírito para funções práticas (At 6.3).
Segunda — Atos 6.1–2 | Identificando a natureza dos conflitos
Contexto. O crescimento rápido da igreja em Jerusalém trouxe tensão cultural entre helenistas (crentes de língua grega) e hebreus (de língua aramaica). O risco: transformar uma questão logístico-assistencial em divisão da comunidade.
Palavras-chave (grego).
- γογγυσμός (góngysmos, “murmuração/queixa” – At 6.1): ruído de descontentamento que, se não tratado, escala para ruptura (cf. Êx 16).
- παραθεωρέω (paratheōréō, “negligenciar/ignorar” – At 6.1): “passar por alto”, comunica sensação real de injustiça.
- διακονία … καθημερινή (diakonía… kathēmerinē, “distribuição diária” – At 6.1): serviço concreto, não “espiritual menor”.
- οὐκ ἀρεστόν (ouk arestón, “não é apropriado” – At 6.2): não desprezo ao cuidado social, mas priorização funcional.
- διακονεῖν τραπέζαις (diakoneîn trapézais, “servir às mesas” – At 6.2): diaconia prática que exige critérios espirituais (ver 6.3).
Teologia. Conflitos surgem onde há diversidade e crescimento. A resposta apostólica une discernimento (definição de papéis) e participação comunitária (a assembleia escolhe os sete), preservando a unidade e a missão (palavra + serviço).
Aplicação. Nomeie a natureza do conflito (cultural? comunicação? logística?) e adote processos transparentes com critérios espirituais para funções práticas.
Leituras úteis: C. Keener, Acts; S. Horton, Atos – O Poder do Espírito Santo (CPAD); F. F. Bruce, The Book of Acts; John Stott, A Mensagem de Atos.
Terça — 1 Coríntios 6.5 | Conflitos na esfera da igreja
Contexto. Irmãos levavam causas civis aos tribunais pagãos, maculando o testemunho.
Palavras-chave (grego).
- σοφός (sophós, “sábio”): maturidade espiritual prática, não mero intelecto.
- διακρίνω/διακρῖναι (diakrínō/diakrínai, “julgar/decidir”): avaliar com justiça e reconciliação, visando shalom e santidade (cf. 1Co 5–6).
Teologia. A comunidade, habitada pelo Espírito, deve ser capaz de arbitrar conflitos internos com equidade e misericórdia, protegendo o evangelho do escândalo público.
Aplicação. Desenvolva entre líderes/irmãos a competência de mediação bíblica (Mt 18.15–20), com processos, ouvintes imparciais e foco em restauração.
Leituras úteis: Gordon Fee, The First Epistle to the Corinthians; A. C. Thiselton, The First Epistle to the Corinthians; Ben Witherington III, Conflict and Community in Corinth.
Quarta — Mateus 5.9 | Pacificando todos os tipos de conflitos
Texto. “Bem-aventurados os pacificadores, porque serán chamados filhos de Deus.”
Palavras-chave (grego).
- μακάριοι (makárioi, “bem-aventurados”): estado objetivo de favor divino.
- εἰρηνοποιοί (eirēnopoioí, “fazedores de paz”): não passivos; agem para construir reconciliação (cf. Cl 1.20).
- υἱοὶ θεοῦ (huioi theou, “filhos de Deus”): refletem o caráter do Pai, que faz nascer o sol sobre bons e maus (Mt 5.45).
Teologia. A paz bíblica (εἰρήνη / שָׁלוֹם) é plenitude de relações restauradas com Deus e o próximo. Ser “filho” é agir como o Pai na prática da reconciliação.
Aplicação. Em vez de evitar conflitos, entre neles para curar: escuta ativa, nomear feridas, propor passos concretos (pedido de perdão, acordos).
Leituras úteis: John Stott, O Sermão do Monte; D. A. Carson, Jesus’ Sermon on the Mount; R. T. France, The Gospel of Matthew.
Quinta — 2 Timóteo 2.24 | Gentileza, paciência e habilidades para evitar conflitos
Palavras-chave (grego).
- δοῦλος κυρίου (doûlos kyríou, “servo do Senhor”): identidade que molda o temperamento.
- οὐ δεῖ μάχεσθαι (ou deî máchesthai, “não deve brigar”): rejeição de espírito litigioso.
- ἤπιος (ḗpios, “amável/gentil”): postura suave que desarma antagonismos.
- διδακτικός (didaktikós, “apto para ensinar”): habilidade pedagógica para orientar, não apenas refutar.
- ἀνεξίκακος (anexíkakos, “paciente diante do mal”): tolerar ofensas enquanto busca correção (v.25).
Teologia. Caráter pastoral é meio de instrução: a forma (gentileza) comunica o conteúdo (verdade), cooperando com a ação de Deus no arrependimento do outro.
Aplicação. Treine linguagem não-defensiva, perguntas clarificadoras e passos graduais de ensino/correção; escolha relacionalidade em vez de vitória retórica.
Leituras úteis: P. Towner, The Letters to Timothy and Titus; W. Mounce, Pastoral Epistles; John Stott, Guard the Gospel.
Sexta — Gálatas 5.13 | Servindo para prevenir conflitos
Palavras-chave (grego).
- ἐλευθερία (eleuthería, “liberdade”): dom do evangelho.
- ἀφορμή (aphormḗ, “base de operações/oportunidade”): alerta contra usar a liberdade como “plataforma” da σάρξ (sárx, natureza autocentrada).
- διὰ τῆς ἀγάπης δουλεύετε ἀλλήλοις (“pelo amor servi uns aos outros”): verbo δουλεύω implica “servir como escravo”; paradoxalmente, a liberdade cristã se expressa em serviço voluntário.
Teologia. O amor (agápē) regula a liberdade, suprimindo disputas (cf. 5.15) e promovendo mútua edificação.
Aplicação. Transforme preferências em oportunidades de servir: ceder, priorizar o bem comum, instituir práticas de mutualidade (equipes, turnos, cuidado mútuo).
Leituras úteis: Douglas Moo, Galatians; F. F. Bruce, The Epistle to the Galatians; Thomas R. Schreiner, Galatians.
Sábado — Provérbios 13.10 | O valor de sábios conselhos
Texto hebraico (essência).
“Somente pela soberba vem a contenda, mas com os bem aconselhados há sabedoria.”
Palavras-chave (hebraico).
- זָדוֹן (zadôn, “arrogância/insolência”): teimosia orgulhosa que rejeita correção.
- מַצָּה (matsáh, “contenda/disputa”): conflito aberto, litigioso.
- חָכְמָה (chokhmáh, “sabedoria”): habilidade de viver conforme o temor do Senhor.
- A expressão para “bem aconselhados” reflete um termo incomum no hebraico massorético (frequentemente entendido como “os que recebem conselho”); o sentido reconhecido pelos comentaristas é disposição para ouvir/acolher conselho.
Teologia. O provérbio é antitético: orgulho → conflito; aconselhabilidade → sabedoria. O coração ensinável é antídoto preventivo de crises.
Aplicação. Crie cultura de conselho mútuo e prestação de contas: procure mentores, aceite feedback, decida por consenso quando possível.
Leituras úteis: Bruce K. Waltke, The Book of Proverbs; Tremper Longman III, Proverbs; Derek Kidner, Proverbs.
Tabela Expositiva (Resumo Didático)
Dia | Texto | Tema do Conflito | Termos Originais | Tese Teológica | Passos de Aplicação |
Seg | At 6.1–2 | Tensão cultural e logística | γογγυσμός, διακονία, διακονεῖν τραπέζαις | Nomear o problema e alinhar papéis preserva unidade e missão. | Mapear a causa; comunicar; delegar com critérios espirituais. |
Ter | 1Co 6.5 | Litígios públicos | σοφός, διακρῖναι | A igreja madura arbitra causas internamente com justiça e misericórdia. | Formar mediadores; seguir Mt 18; priorizar reconciliação. |
Qua | Mt 5.9 | Reconciliação ativa | εἰρηνοποιοί, μακάριοι | Filhos de Deus fazem a paz, refletindo o Pai. | Entrar no conflito para curar; acordos claros; acompanhamento. |
Qui | 2Tm 2.24 | Evitar brigas | ἤπιος, διδακτικός, ἀνεξίκακος | O caráter do servo é meio pedagógico da verdade. | Treinar gentileza; corrigir com paciência; linguagem não-defensiva. |
Sex | Gl 5.13 | Liberdade que serve | ἀφορμή, σάρξ, ἀγάπη, δουλεύετε | Amor regula a liberdade e previne “morder-se e devorar-se”. | Práticas de serviço mútuo; ceder preferências; metas comuns. |
Sáb | Pv 13.10 | Orgulho vs. conselho | זָדוֹן, מַצָּה, חָכְמָה | Arrogância gera contenda; aconselhabilidade produz sabedoria. | Buscar conselheiros; acolher feedback; decisões colegiadas. |
Sugestões de uso em classe/igreja
- Dinâmica: peça exemplos de “conflitos bons” (que revelam problemas a serem tratados) vs. “conflitos maus” (espírito litigioso).
- Prática semanal: cada ministério elencar 1 ajuste de processo que previna conflitos (comunicação, escala, critérios).
- Oração: por sabedoria (σοφία) e cheio do Espírito para funções práticas (At 6.3).
HINOS SUGERIDOS: 46, 304 e 372 da Harpa Cristã.
Este blog foi feito com muito carinho 💝 para você. Ajude-nos 🙏 Envie uma oferta pelo Pix/e-mail: pecadorconfesso@hotmail.com de qualquer valor e você estará colaborando para que esse blog continue trazendo conteúdo exclusivo e de edificação para a sua vida.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 6.1-7.
1 Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano.
2 E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.
3 Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.
4 Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra.
5 E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia;
6 e os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.
7 E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Movimento do texto (6.1–7):
- Problema (v.1) → 2) Princípios e prioridades (v.2) → 3) Proposta e critérios (v.3–4) → 4) Escolha representativa (v.5) → 5) Comissão/ordenação (v.6) → 6) Resultado missional (v.7).
Tema central: a comunidade resolve um conflito interno com sabedoria do Espírito sem perder de vista a missão.
Comentário verso a verso (com grego)
v.1 — O problema nomeado
“houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas na distribuição diária.”
- “murmuração” – γογγυσμός (goggysmós): queixa sussurrada que sinaliza tensão crescente (cf. LXX em Êx 16).
- “gregos” – Ἑλληνισταί (Hellēnistaí) vs. “hebreus” – Ἑβραῖοι (Hebraîoi): crentes judeus de língua grega (diáspora) e de língua aramaica (Palestina).
- “desprezadas” – παρεθεωροῦντο (paretheōroûnto): imperfeito passivo; “estavam sendo negligenciadas/preteridas”.
- “ministério cotidiano” – ἐν τῇ διακονίᾳ τῇ καθημερινῇ: diakonía não é “menor”; é serviço santo e estruturado.
Enfoque: crescimento e diversidade expõem fragilidades de justiça distributiva e comunicação.
v.2 — Princípio de prioridades sem desprezo do serviço
“Não é razoável (οὐκ ἀρεστόν) que nós deixemos (καταλείψαντας) a palavra de Deus e sirvamos às mesas (διακονεῖν τραπέζαις).”
- οὐκ ἀρεστόν: “não é apropriado/agradável” — não desvaloriza o cuidado; define papéis.
- καταλείψαντας (kataleípsantas): “deixar para trás/abandonar” (particípio aoristo) — seria um desvio da vocação apostólica.
- διακονεῖν τραπέζαις: “servir às mesas” (administração de recursos). A solução não é centralizar, mas delegar com critérios espirituais.
v.3 — Critérios espirituais para funções práticas
“Escolhei… sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria… a quem constituamos sobre esta necessidade.”
- ἐπισκέψασθε (episképsasthe): imperativo médio; “examinem/escolham cuidadosamente para si mesmos”. Discernimento comunitário.
- μαρτυρουμένους (martyrouménous): “de boa reputação”, testemunho comprovado.
- πλήρεις πνεύματος καὶ σοφίας: “cheios do Espírito e de sabedoria” — caráter + capacitação espiritual para tarefas administrativas.
- καταστήσομεν (katastḗsomen): “constituiremos/instalaremos” (ato oficial).
- ἐπὶ τῆς χρείας ταύτης: “sobre esta necessidade” — foco funcional, não honra pessoal.
v.4 — As prioridades da liderança
“Nós perseveraremos (προσκαρτερήσομεν) na oração e no ministério da palavra.”
- προσκαρτερέω: “perseverar/devotar-se continuamente”.
- διακονία τοῦ λόγου: a diakonía também qualifica a Palavra; serviço é tanto prático quanto proclamativo.
Princípio: quando funções são bem distribuídas, a Palavra e a oração não são sufocadas por demandas operacionais.
v.5 — Escolha representativa e aprovação comunitária
“Este parecer agradou a toda a multidão, e elegeram Estêvão… Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia.”
- ἤρεσεν ὁ λόγος: “a proposta agradou” — transparência gera consenso.
- Os sete têm nomes gregos, sugerindo (provável) representatividade helenista na solução do problema.
- Nicolau, prosélito de Antioquia: convertido do paganismo ao judaísmo e depois a Cristo — amplia a inclusão.
Nota: muitos veem os “sete” como proto-diáconos; o termo “diácono” não aparece aqui, mas a função diaconal está presente (e Estêvão/Filipe também evangelizam e fazem sinais).
v.6 — Comissão com oração e mãos
“orando, lhes impuseram as mãos.”
- Imposição de mãos: gesto bíblico de intercessão, bênção e autorização (Nm 27.18–23; 1Tm 4.14).
- O ato não cria “classe” superior, mas reconhece publicamente vocação e responsabilidade.
v.7 — Fruto: Palavra cresce, discípulos multiplicam, sacerdotes obedecem
“crescia (ηὔξανεν) a palavra… multiplicava-se (ἐπληθύνετο) o número… muitos sacerdotes obedeciam (ὑπήκουον) à fé.”
- ηὔξανεν / ἐπληθύνετο (imperfeitos): crescimento contínuo.
- ὑπήκουον τῇ πίστει: “obedeciam à fé” — “a fé” como conteúdo (o evangelho).
- A adesão de sacerdotes indica impacto no coração do culto em Jerusalém.
Síntese: quando conflitos são tratados com justiça, a missão avança.
Linhas Teológicas
- Eclesiologia prática: a Igreja é organismo (vida do Espírito) e organização (processos justos).
- Pneumatologia: plenitude do Espírito é critério para todas as funções (não só púlpito).
- Missiologia: resolver conflitos internos desbloqueia o avanço externo (v.7).
- Justiça e cuidado social: viúvas importam; a fé bíblica cria estruturas de equidade.
Aplicações (pessoal & comunitária)
- Nomeie o problema (v.1): que tipo de negligência temos perpetuado sem perceber?
- Priorize sem desprezar (v.2): líderes devem proteger Palavra e oração, e valorizar a diaconia.
- Critérios > carisma (v.3): reputação, Espírito, sabedoria; não popularidade.
- Transparência e representação (v.5): inclua vozes do grupo afetado.
- Comissione bem (v.6): oração + responsabilidade clara.
- Meça pelo fruto (v.7): a solução aumentou vida espiritual e alcance; nossas decisões geram quê?
Perguntas de exame:
- Quem está “sendo preterido” em nossas rotinas?
- Como blindamos Palavra e oração sem perder compaixão prática?
- Nossos processos de escolha destacam caráter + Espírito + sabedoria?
Tabela Expositiva (At 6.1–7)
Seção
Tensão / Ação
Termos-chave (grego)
Princípio
Prática hoje
v.1
Negligência de viúvas helenistas
γογγυσμός; Ἑλληνισταί/Ἑβραῖοι; παρεθεωροῦντο; διακονία καθημερινή
Nomeie a injustiça e reconheça vieses culturais
Auditoria de processos; canais de escuta; dados transparentes
v.2
Prioridades apostólicas
οὐκ ἀρεστόν; καταλείψαντας; διακονεῖν τραπέζαις
Papéis claros preservam a missão
Descrição de funções; delegação saudável
v.3
Critérios dos sete
ἐπισκέψασθε; μαρτυρουμένους; πλήρεις πνεύματος καὶ σοφίας; καταστήσομεν; χρεία
Funções práticas exigem maturidade espiritual
Seleção com referências, vida devocional e competência
v.4
Foco da liderança
προσκαρτερήσομεν; διακονία τοῦ λόγου
Palavra e oração conduzem a operação
Agenda protegida; intercessão corporativa
v.5
Representatividade
ἤρεσεν ὁ λόγος; nomes gregos; προσήλυτος
Inclusão cura feridas e gera consenso
Comissões com diversidade; feedback da base
v.6
Comissão/ordenação
προσευξάμενοι; ἐπέθηκαν τὰς χεῖρας
Autoridade é reconhecida em oração
Ritos de envio; prestação de contas
v.7
Fruto missional
ηὔξανεν; ἐπληθύνετο; ὑπήκουον τῇ πίστει
Quando há justiça interna, há avanço externo
Indicadores: cuidado + discipulado + alcance
Referências acadêmicas (seleção)
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary (4 vols., Baker).
- F. F. Bruce, The Book of the Acts (NICNT, Eerdmans).
- I. Howard Marshall, The Acts of the Apostles (TNTC, Eerdmans).
- Darrell L. Bock, Acts (BECNT, Baker).
- Eckhard J. Schnabel, Acts (ZECNT, Zondervan).
- Ben Witherington III, The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary.
- John Stott, A Mensagem de Atos (ABU).
- Stanley M. Horton, Atos – O Poder do Espírito Santo (CPAD).
- Léxicos e dicionários: BDAG; Louw-Nida; NIDNTTE; Dicionário Internacional de Teologia do NT (Vida Nova).
Movimento do texto (6.1–7):
- Problema (v.1) → 2) Princípios e prioridades (v.2) → 3) Proposta e critérios (v.3–4) → 4) Escolha representativa (v.5) → 5) Comissão/ordenação (v.6) → 6) Resultado missional (v.7).
Tema central: a comunidade resolve um conflito interno com sabedoria do Espírito sem perder de vista a missão.
Comentário verso a verso (com grego)
v.1 — O problema nomeado
“houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas na distribuição diária.”
- “murmuração” – γογγυσμός (goggysmós): queixa sussurrada que sinaliza tensão crescente (cf. LXX em Êx 16).
- “gregos” – Ἑλληνισταί (Hellēnistaí) vs. “hebreus” – Ἑβραῖοι (Hebraîoi): crentes judeus de língua grega (diáspora) e de língua aramaica (Palestina).
- “desprezadas” – παρεθεωροῦντο (paretheōroûnto): imperfeito passivo; “estavam sendo negligenciadas/preteridas”.
- “ministério cotidiano” – ἐν τῇ διακονίᾳ τῇ καθημερινῇ: diakonía não é “menor”; é serviço santo e estruturado.
Enfoque: crescimento e diversidade expõem fragilidades de justiça distributiva e comunicação.
v.2 — Princípio de prioridades sem desprezo do serviço
“Não é razoável (οὐκ ἀρεστόν) que nós deixemos (καταλείψαντας) a palavra de Deus e sirvamos às mesas (διακονεῖν τραπέζαις).”
- οὐκ ἀρεστόν: “não é apropriado/agradável” — não desvaloriza o cuidado; define papéis.
- καταλείψαντας (kataleípsantas): “deixar para trás/abandonar” (particípio aoristo) — seria um desvio da vocação apostólica.
- διακονεῖν τραπέζαις: “servir às mesas” (administração de recursos). A solução não é centralizar, mas delegar com critérios espirituais.
v.3 — Critérios espirituais para funções práticas
“Escolhei… sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria… a quem constituamos sobre esta necessidade.”
- ἐπισκέψασθε (episképsasthe): imperativo médio; “examinem/escolham cuidadosamente para si mesmos”. Discernimento comunitário.
- μαρτυρουμένους (martyrouménous): “de boa reputação”, testemunho comprovado.
- πλήρεις πνεύματος καὶ σοφίας: “cheios do Espírito e de sabedoria” — caráter + capacitação espiritual para tarefas administrativas.
- καταστήσομεν (katastḗsomen): “constituiremos/instalaremos” (ato oficial).
- ἐπὶ τῆς χρείας ταύτης: “sobre esta necessidade” — foco funcional, não honra pessoal.
v.4 — As prioridades da liderança
“Nós perseveraremos (προσκαρτερήσομεν) na oração e no ministério da palavra.”
- προσκαρτερέω: “perseverar/devotar-se continuamente”.
- διακονία τοῦ λόγου: a diakonía também qualifica a Palavra; serviço é tanto prático quanto proclamativo.
Princípio: quando funções são bem distribuídas, a Palavra e a oração não são sufocadas por demandas operacionais.
v.5 — Escolha representativa e aprovação comunitária
“Este parecer agradou a toda a multidão, e elegeram Estêvão… Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia.”
- ἤρεσεν ὁ λόγος: “a proposta agradou” — transparência gera consenso.
- Os sete têm nomes gregos, sugerindo (provável) representatividade helenista na solução do problema.
- Nicolau, prosélito de Antioquia: convertido do paganismo ao judaísmo e depois a Cristo — amplia a inclusão.
Nota: muitos veem os “sete” como proto-diáconos; o termo “diácono” não aparece aqui, mas a função diaconal está presente (e Estêvão/Filipe também evangelizam e fazem sinais).
v.6 — Comissão com oração e mãos
“orando, lhes impuseram as mãos.”
- Imposição de mãos: gesto bíblico de intercessão, bênção e autorização (Nm 27.18–23; 1Tm 4.14).
- O ato não cria “classe” superior, mas reconhece publicamente vocação e responsabilidade.
v.7 — Fruto: Palavra cresce, discípulos multiplicam, sacerdotes obedecem
“crescia (ηὔξανεν) a palavra… multiplicava-se (ἐπληθύνετο) o número… muitos sacerdotes obedeciam (ὑπήκουον) à fé.”
- ηὔξανεν / ἐπληθύνετο (imperfeitos): crescimento contínuo.
- ὑπήκουον τῇ πίστει: “obedeciam à fé” — “a fé” como conteúdo (o evangelho).
- A adesão de sacerdotes indica impacto no coração do culto em Jerusalém.
Síntese: quando conflitos são tratados com justiça, a missão avança.
Linhas Teológicas
- Eclesiologia prática: a Igreja é organismo (vida do Espírito) e organização (processos justos).
- Pneumatologia: plenitude do Espírito é critério para todas as funções (não só púlpito).
- Missiologia: resolver conflitos internos desbloqueia o avanço externo (v.7).
- Justiça e cuidado social: viúvas importam; a fé bíblica cria estruturas de equidade.
Aplicações (pessoal & comunitária)
- Nomeie o problema (v.1): que tipo de negligência temos perpetuado sem perceber?
- Priorize sem desprezar (v.2): líderes devem proteger Palavra e oração, e valorizar a diaconia.
- Critérios > carisma (v.3): reputação, Espírito, sabedoria; não popularidade.
- Transparência e representação (v.5): inclua vozes do grupo afetado.
- Comissione bem (v.6): oração + responsabilidade clara.
- Meça pelo fruto (v.7): a solução aumentou vida espiritual e alcance; nossas decisões geram quê?
Perguntas de exame:
- Quem está “sendo preterido” em nossas rotinas?
- Como blindamos Palavra e oração sem perder compaixão prática?
- Nossos processos de escolha destacam caráter + Espírito + sabedoria?
Tabela Expositiva (At 6.1–7)
Seção | Tensão / Ação | Termos-chave (grego) | Princípio | Prática hoje |
v.1 | Negligência de viúvas helenistas | γογγυσμός; Ἑλληνισταί/Ἑβραῖοι; παρεθεωροῦντο; διακονία καθημερινή | Nomeie a injustiça e reconheça vieses culturais | Auditoria de processos; canais de escuta; dados transparentes |
v.2 | Prioridades apostólicas | οὐκ ἀρεστόν; καταλείψαντας; διακονεῖν τραπέζαις | Papéis claros preservam a missão | Descrição de funções; delegação saudável |
v.3 | Critérios dos sete | ἐπισκέψασθε; μαρτυρουμένους; πλήρεις πνεύματος καὶ σοφίας; καταστήσομεν; χρεία | Funções práticas exigem maturidade espiritual | Seleção com referências, vida devocional e competência |
v.4 | Foco da liderança | προσκαρτερήσομεν; διακονία τοῦ λόγου | Palavra e oração conduzem a operação | Agenda protegida; intercessão corporativa |
v.5 | Representatividade | ἤρεσεν ὁ λόγος; nomes gregos; προσήλυτος | Inclusão cura feridas e gera consenso | Comissões com diversidade; feedback da base |
v.6 | Comissão/ordenação | προσευξάμενοι; ἐπέθηκαν τὰς χεῖρας | Autoridade é reconhecida em oração | Ritos de envio; prestação de contas |
v.7 | Fruto missional | ηὔξανεν; ἐπληθύνετο; ὑπήκουον τῇ πίστει | Quando há justiça interna, há avanço externo | Indicadores: cuidado + discipulado + alcance |
Referências acadêmicas (seleção)
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary (4 vols., Baker).
- F. F. Bruce, The Book of the Acts (NICNT, Eerdmans).
- I. Howard Marshall, The Acts of the Apostles (TNTC, Eerdmans).
- Darrell L. Bock, Acts (BECNT, Baker).
- Eckhard J. Schnabel, Acts (ZECNT, Zondervan).
- Ben Witherington III, The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary.
- John Stott, A Mensagem de Atos (ABU).
- Stanley M. Horton, Atos – O Poder do Espírito Santo (CPAD).
- Léxicos e dicionários: BDAG; Louw-Nida; NIDNTTE; Dicionário Internacional de Teologia do NT (Vida Nova).
PLANO DE AULA
1- INTRODUÇÃO
Nesta lição, aprenderemos como a igreja primitiva enfrentou e solucionou conflitos internos, destacando a importância da diaconia no serviço cristão. O crescimento da igreja trouxe desafios sociais e culturais, mas os apóstolos, guiados pelo Espírito Santo, instituíram diáconos para auxiliar no cuidado dos necessitados sem comprometer a pregação da Palavra e a prática da oração no ministério. Veremos que a igreja deve equilibrar sua missão espiritual e social, reconhecendo que ambos os aspectos são essenciais. Que possamos refletir sobre a importância do serviço cristão e como podemos aplicá-lo em nossa igreja local.
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Analisar as naturezas cultural e social dos conflitos enfrentados pela igreja primitiva e sua relevância para a igreja atual;
II) Explicar a importância da organização e da distribuição de funções dentro da igreja para equilibrar as responsabilidades espirituais e sociais;
III) Aplicar os princípios bíblicos de caráter, sabedoria e serviço na vida cristã e na atuação ministerial.
B) Motivação: A igreja não está isenta de desafios, mas a forma como lida com eles revela seu compromisso com a vontade de Deus. Assim como a igreja primitiva enfrentou conflitos culturais e sociais, também enfrentamos desafios que exigem sabedoria e serviço. A solução encontrada pelos apóstolos demonstra que o equilíbrio entre oração, ensino e assistência social é essencial. Devemos refletir: como temos contribuído para a unidade e o crescimento da igreja?
C) Sugestão de Método: Para iniciar a lição de forma envolvente, você pode utilizar o método da problematização. Pode começar perguntando à classe: “Quais tipos de conflitos podem surgir dentro da igreja?” e anotar as respostas no quadro. Em seguida, deve incentivar a classe a refletir sobre como esses conflitos podem afetar a comunhão e o crescimento espiritual. Após essa introdução, pode-se relacionar a discussão ao texto bíblico de Atos 6.1-7, mostrando como a igreja primitiva enfrentou desafios semelhantes. Essa abordagem desperta o interesse dos alunos e os prepara para compreender a importância da diaconia e da sabedoria na resolução de problemas na igreja.
3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Assim como a igreja primitiva enfrentou desafios com sabedoria e serviço, devemos agir com amor e compromisso, promovendo a unidade e cuidando uns dos outros para a glória de Deus.
4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 102, p.40, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto “Equilíbrio Ministerial”, localizado depois do segundo tópico, aprofunda o assunto a respeito do equilíbrio que devemos ter nos ministérios de caráter espiritual e social; 2) No final do terceiro tópico, o texto “Requisitos dos Escolhidos” analisa o processo de escolha dos diáconos, extraindo lições para o nosso tempo.
DINAMICA EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Dinâmica para a Lição 08 – “Uma Igreja que enfrenta os seus problemas”, baseada em Atos 6:1-7, voltada para engajamento, reflexão e aplicação prática:
Objetivo da dinâmica
- Demonstrar que conflitos na igreja são naturais, mas devem ser enfrentados com sabedoria, oração e delegação de responsabilidades.
- Valorizar o serviço da diaconia como instrumento de resolução de problemas e cuidado comunitário.
- Estimular reflexão sobre a própria atitude diante de conflitos na igreja e na vida pessoal.
Material necessário
- Cartões ou folhas de papel
- Canetas ou lápis
- Quadro branco ou flip chart (opcional)
- Caixa ou envelope (para votação ou sorteio)
Passo a passo da dinâmica
1. Abertura (5 minutos)
- Leia Atos 6:1-7 para os participantes.
- Faça uma breve introdução sobre os tipos de conflitos: cultural, social e de prioridade (At 6.1-2).
- Explique que a igreja primitiva resolveu o problema de forma organizada, espiritual e prática.
2. Quebra-gelo: “Identificando conflitos” (10 minutos)
- Divida a turma em pequenos grupos (3-5 pessoas).
- Cada grupo recebe cartões para escrever exemplos de conflitos que já aconteceram na igreja ou na comunidade (sem expor nomes).
- Peça que identifiquem o tipo de conflito: cultural, social ou de prioridades.
- Cada grupo compartilha uma situação com os demais (resumidamente).
3. Estudo da solução bíblica (10 minutos)
- Discuta com o grupo como os apóstolos lidaram com o problema:
- Reconheceram o conflito.
- Delegaram responsabilidades aos sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria.
- Continuaram na oração e no ministério da Palavra.
- Perguntas para reflexão:
- Qual foi o papel da oração e da Palavra no enfrentamento do conflito?
- Como a delegação resolveu o problema?
- Quais critérios foram usados para escolher os líderes do serviço?
4. Atividade prática: “Escolha seus diáconos” (15 minutos)
- Cada grupo recebe uma situação fictícia de conflito na igreja (ex.: distribuição de recursos, organização de eventos, visita aos necessitados).
- Os grupos devem selecionar 2-3 pessoas para resolver o conflito, usando critérios bíblicos:
- Boa reputação
- Plenitude do Espírito
- Sabedoria prática
- Escreva as razões da escolha em um cartão e apresente para a turma.
- Enfatize que a solução não é apenas técnica, mas envolve caráter, discernimento e serviço.
5. Discussão final (10 minutos)
- Perguntas para reflexão:
- Como podemos aplicar esses princípios no dia a dia da nossa igreja?
- O que a igreja atual pode aprender com a prática de Atos 6?
- Como equilibrar serviço social e ministério espiritual na comunidade?
- Finalize reforçando que a igreja cresce quando enfrenta problemas com sabedoria, oração e serviço organizado, e que todos podem exercer diaconia em suas áreas de dons e habilidades.
6. Encerramento (5 minutos)
- Faça oração pedindo sabedoria, caráter e plenitude do Espírito para lidar com conflitos e servir à igreja.
- Reforce que a diaconia não é tarefa menor, mas essencial para o crescimento da igreja e a glória de Deus.
Dinâmica para a Lição 08 – “Uma Igreja que enfrenta os seus problemas”, baseada em Atos 6:1-7, voltada para engajamento, reflexão e aplicação prática:
Objetivo da dinâmica
- Demonstrar que conflitos na igreja são naturais, mas devem ser enfrentados com sabedoria, oração e delegação de responsabilidades.
- Valorizar o serviço da diaconia como instrumento de resolução de problemas e cuidado comunitário.
- Estimular reflexão sobre a própria atitude diante de conflitos na igreja e na vida pessoal.
Material necessário
- Cartões ou folhas de papel
- Canetas ou lápis
- Quadro branco ou flip chart (opcional)
- Caixa ou envelope (para votação ou sorteio)
Passo a passo da dinâmica
1. Abertura (5 minutos)
- Leia Atos 6:1-7 para os participantes.
- Faça uma breve introdução sobre os tipos de conflitos: cultural, social e de prioridade (At 6.1-2).
- Explique que a igreja primitiva resolveu o problema de forma organizada, espiritual e prática.
2. Quebra-gelo: “Identificando conflitos” (10 minutos)
- Divida a turma em pequenos grupos (3-5 pessoas).
- Cada grupo recebe cartões para escrever exemplos de conflitos que já aconteceram na igreja ou na comunidade (sem expor nomes).
- Peça que identifiquem o tipo de conflito: cultural, social ou de prioridades.
- Cada grupo compartilha uma situação com os demais (resumidamente).
3. Estudo da solução bíblica (10 minutos)
- Discuta com o grupo como os apóstolos lidaram com o problema:
- Reconheceram o conflito.
- Delegaram responsabilidades aos sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria.
- Continuaram na oração e no ministério da Palavra.
- Perguntas para reflexão:
- Qual foi o papel da oração e da Palavra no enfrentamento do conflito?
- Como a delegação resolveu o problema?
- Quais critérios foram usados para escolher os líderes do serviço?
4. Atividade prática: “Escolha seus diáconos” (15 minutos)
- Cada grupo recebe uma situação fictícia de conflito na igreja (ex.: distribuição de recursos, organização de eventos, visita aos necessitados).
- Os grupos devem selecionar 2-3 pessoas para resolver o conflito, usando critérios bíblicos:
- Boa reputação
- Plenitude do Espírito
- Sabedoria prática
- Escreva as razões da escolha em um cartão e apresente para a turma.
- Enfatize que a solução não é apenas técnica, mas envolve caráter, discernimento e serviço.
5. Discussão final (10 minutos)
- Perguntas para reflexão:
- Como podemos aplicar esses princípios no dia a dia da nossa igreja?
- O que a igreja atual pode aprender com a prática de Atos 6?
- Como equilibrar serviço social e ministério espiritual na comunidade?
- Finalize reforçando que a igreja cresce quando enfrenta problemas com sabedoria, oração e serviço organizado, e que todos podem exercer diaconia em suas áreas de dons e habilidades.
6. Encerramento (5 minutos)
- Faça oração pedindo sabedoria, caráter e plenitude do Espírito para lidar com conflitos e servir à igreja.
- Reforce que a diaconia não é tarefa menor, mas essencial para o crescimento da igreja e a glória de Deus.
INTRODUÇÃO
Nesta lição, exploraremos a diaconia bíblica, um ministério essencial de serviço na igreja, que nos ensina sobre o serviço ao próximo. A Bíblia nos mostra que a Igreja, mesmo em seus primórdios, enfrentava desafios, mas a busca por soluções em Deus era fundamental. A criação do ministério dos diáconos não foi para estabelecer uma hierarquia, mas para organizar o serviço social na Igreja, mostrando que todos os líderes são chamados a servir. O que realmente importa no Reino de Deus é a disposição em servir, independentemente do cargo ou tarefa, pois o serviço é a essência do trabalho na igreja.
Palavra-Chave: DIACONIA
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1) O que é “diaconia” na Bíblia?
No NT, diaconia (διακονία) e sua família verbal/nominal — diakonéō (διακονέω, servir), diákonos (διάκονος, servo/ministro) — descrevem serviço em favor de outrem movido por Deus, abrangendo desde o cuidado material até o anúncio do evangelho (At 6.4: “diaconia da Palavra”). O termo não nasce como “cargo”, mas como vocação funcional que depois assume contornos ministeriais na Igreja (Fp 1.1; 1Tm 3.8-13).
No AT, as raízes da diaconia aparecem em verbos como ‘ābad (עָבַד, servir/adorar: Ex 3.12) e šārath (שָׁרַת, ministrar/assistir: Nm 3.6; Dt 10.8), e em conceitos de mishpāṭ (מִשְׁפָּט, justiça), tṣĕdāqāh (צְדָקָה, retidão) e ḥesed (חֶסֶד, amor leal), que estruturam o cuidado de Deus pelos vulneráveis (ger-yātôm-’almanāh: estrangeiro, órfão e viúva; Dt 10.18; 24.17-22).
Síntese: diaconia é serviço cristão integral (espiritual e material), expressão concreta do amor de Deus que organiza a vida da Igreja para o bem do próximo e o avanço do evangelho.
2) Linha bíblica essencial
2.1 Jesus como paradigma do serviço
- Mc 10.45 / Lc 22.27 / Jo 13.1-17. Cristo é o diákonos por excelência: “não para ser servido (diakonēthēnai), mas para servir (diakonēsai)”. O lava-pés redefine grandeza como kenose (Fp 2.5-11): descer para levantar.
2.2 Atos 6 e a gênese diaconal
- O conflito helenistas/hebreus revela a necessidade de justiça distributiva e organização. Os “sete” não são formalmente chamados de “diáconos” em At 6, mas sua função diaconal é clara (assistência, administração, reconciliação comunitária) — e o texto também fala de diaconia da Palavra (At 6.4), mostrando que “serviço” não é menor: é eixo de missão.
2.3 Expansão nas cartas
- Rm 16.1–2: Febe, chamada διάκονος da igreja em Cencreia e προστάτις (“benfeitora/auxiliadora”), exemplifica serviço oficial e patronato cristão santo.
- 1Tm 3.8-13: qualifica diáconos (e, conforme a leitura de v.11, possivelmente diaconisas ou as “esposas dos diáconos”), sublinhando caráter, sobriedade, fidelidade.
- Fp 1.1: “bispos (epískopoi) e diáconos” já aparecem como duas funções reconhecidas.
- 2Co 3–5; 8–9; 1Pe 4.10-11: a diaconia é tanto do Espírito (serviço que vivifica), da reconciliação (evangelho) quanto da generosidade (coleta), culminando na doxologia: “sirvam (diakonountes)… para que em tudo Deus seja glorificado”.
3) Análise lexical (seleção)
Grego (NT)
- διακονία (diakonía): serviço/encargo em benefício de outros; pode ser de bens (At 6.1; 2Co 8-9), da Palavra (At 6.4) ou missionário (2Co 5.18).
- διάκονος (diákonos): servo/ministro. Aplicado a Cristo (Rm 15.8), a oficiais/colaboradores (Fp 1.1; Rm 16.1), e até a autoridades civis como “servos” de Deus (Rm 13.4).
- διακονέω (diakonéō): servir, cuidar, assistir (Lc 10.40; Jo 12.26).
- λειτουργία/λειτουργέω (leitourgía/leitourgéō): serviço “litúrgico” (culto público) que também descreve serviço financeiro aos santos (2Co 9.12; Fp 2.17,30).
- δουλεία/δοῦλος (douleía/doûlos): “servir como escravo”; realça entrega total (Gl 5.13; Rm 1.1).
- οἰκονόμος (oikonómos): mordomo/administrador; sublinha gestão fiel de recursos e dons (1Co 4.1-2; 1Pe 4.10).
Hebraico (AT)
- עָבַד (‘ābad): servir/adorar; serviço a Deus e ao próximo se entrelaçam (Js 24.14-15).
- שָׁרַת (šārath): ministrar/assistir (serviço levítico; Nm 3.6; 1Sm 2.11).
- חֶסֶד (ḥesed): amor leal que sustenta o serviço compassivo (Mq 6.8).
- מִשְׁפָּט (mishpāṭ) e צְדָקָה (tṣĕdāqāh): justiça/retidão — arcabouço ético da diaconia (Is 1.17; Pv 31.8-9).
Nota exegética: A literatura recente (p.ex., John N. Collins) lembra que diakonía na Antiguidade também carregava nuance de “agência/encargo representativo”, não apenas “serviço humilde”. Isso enriquece, não nega, o viés de humildade moldado por Cristo: é serviço representando Deus para o bem do outro.
4) Teologia da diaconia
- Cristocêntrica — Servimos porque fomos servidos por Cristo (Jo 13.14-15).
- Pneumatológica — Plenitude do Espírito é critério para funções práticas (At 6.3).
- Eclesiológica — Corpo com dons diversos; a diaconia organiza o amor (1Pe 4.10-11; Rm 12.6-8).
- Missional — Resolver carências internas desbloqueia o avanço da Palavra (At 6.7).
- Ético-social — Diaconia promove justiça, equidade e inclusão, especialmente dos vulneráveis (Tg 1.27).
5) Aplicação pessoal e comunitária
- Identidade de servo: abrace humildade prática: pontualidade, confiabilidade, disposição para tarefas invisíveis.
- Critérios espirituais: caráter comprovado, cheio do Espírito e de sabedoria (At 6.3) — não apenas habilidade técnica.
- Estruturas de cuidado: fluxos claros (triagem de necessidades, visitas, oferta, prestação de contas).
- Serviço que comunica o evangelho: cada gesto diaconal deve apontar para Cristo (1Pe 4.11).
- Inclusão e representatividade: escute os afetados; inclua-os nas soluções (At 6.5).
- Formação contínua: treine diáconos/diaconisas em Bíblia, mordomia, escuta, mediação de conflitos.
Perguntas de exame:
- Quem são nossas “viúvas” hoje (idosos, migrantes, mães solo, enfermos)?
- Nossos processos de benevolência são justos e transparentes?
- Meu serviço aumenta a adoração a Deus e a alegria da igreja?
6) Tabela Expositiva — “Diaconia” em foco
Aspecto
Termo/Texto
Núcleo de Sentido
Exemplos Bíblicos
Implicações hoje
Fundamento
Mc 10.45; Jo 13
Cristo serve e nos modela
Lava-pés; cruz como serviço
Liderança = servir; grandeza = descer
Natureza
διακονία / διακονέω
Serviço em favor do outro
At 6.1-4; 1Pe 4.10-11
Cuidado material e espiritual integrados
Ofício
διάκονος; 1Tm 3; Fp 1.1
Função reconhecida na igreja
Febe (Rm 16.1-2)
Seleção por caráter; homens e mulheres servindo
Culto-serviço
λειτουργία
Serviço que vira adoração
2Co 9.12; Fp 2.17,30
Generosidade é liturgia viva
Mordomia
οἰκονόμος
Gestão fiel de dons/recursos
1Co 4.1-2; Lc 12.42
Prestação de contas e transparência
Justiça
מִשְׁפָּט / צְדָקָה
Equidade e defesa do fraco
Is 1.17; Tg 1.27
Políticas de cuidado e proteção
Poder espiritual
At 6.3
Cheios do Espírito e sabedoria
Estêvão e Filipe
Serviço com unção, palavra e sinais
Missão
At 6.7
Serviço libera a Palavra
Crescimento e conversões
Diaconia que evangeliza e discipula
Referências acadêmicas (seleção)
Exegese/Atos
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary (Baker).
- F. F. Bruce, The Book of the Acts (Eerdmans).
- I. Howard Marshall, Acts (TNTC, Eerdmans).
- Stanley M. Horton, Atos – O Poder do Espírito Santo (CPAD).
- John Stott, A Mensagem de Atos (ABU).
Léxico/Teologia
- BDAG; Louw-Nida; NIDNTTE (Moisés Silva); TDNT (Kittel).
- John N. Collins, Diakonia: Re-Interpreting the Ancient Sources.
- D. J. Moo, The Letters to the Romans (sobre “serviço” e missão).
- Thomas R. Schreiner, 1, 2 Timothy & Titus (sobre 1Tm 3).
- Gordon D. Fee / Silva, Philippians (sobre Fp 1.1; 2.5-11).
- Comentário Bíblico Pentecostal (CPAD) e Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD), verbetes sobre “diácono/diaconia”.
1) O que é “diaconia” na Bíblia?
No NT, diaconia (διακονία) e sua família verbal/nominal — diakonéō (διακονέω, servir), diákonos (διάκονος, servo/ministro) — descrevem serviço em favor de outrem movido por Deus, abrangendo desde o cuidado material até o anúncio do evangelho (At 6.4: “diaconia da Palavra”). O termo não nasce como “cargo”, mas como vocação funcional que depois assume contornos ministeriais na Igreja (Fp 1.1; 1Tm 3.8-13).
No AT, as raízes da diaconia aparecem em verbos como ‘ābad (עָבַד, servir/adorar: Ex 3.12) e šārath (שָׁרַת, ministrar/assistir: Nm 3.6; Dt 10.8), e em conceitos de mishpāṭ (מִשְׁפָּט, justiça), tṣĕdāqāh (צְדָקָה, retidão) e ḥesed (חֶסֶד, amor leal), que estruturam o cuidado de Deus pelos vulneráveis (ger-yātôm-’almanāh: estrangeiro, órfão e viúva; Dt 10.18; 24.17-22).
Síntese: diaconia é serviço cristão integral (espiritual e material), expressão concreta do amor de Deus que organiza a vida da Igreja para o bem do próximo e o avanço do evangelho.
2) Linha bíblica essencial
2.1 Jesus como paradigma do serviço
- Mc 10.45 / Lc 22.27 / Jo 13.1-17. Cristo é o diákonos por excelência: “não para ser servido (diakonēthēnai), mas para servir (diakonēsai)”. O lava-pés redefine grandeza como kenose (Fp 2.5-11): descer para levantar.
2.2 Atos 6 e a gênese diaconal
- O conflito helenistas/hebreus revela a necessidade de justiça distributiva e organização. Os “sete” não são formalmente chamados de “diáconos” em At 6, mas sua função diaconal é clara (assistência, administração, reconciliação comunitária) — e o texto também fala de diaconia da Palavra (At 6.4), mostrando que “serviço” não é menor: é eixo de missão.
2.3 Expansão nas cartas
- Rm 16.1–2: Febe, chamada διάκονος da igreja em Cencreia e προστάτις (“benfeitora/auxiliadora”), exemplifica serviço oficial e patronato cristão santo.
- 1Tm 3.8-13: qualifica diáconos (e, conforme a leitura de v.11, possivelmente diaconisas ou as “esposas dos diáconos”), sublinhando caráter, sobriedade, fidelidade.
- Fp 1.1: “bispos (epískopoi) e diáconos” já aparecem como duas funções reconhecidas.
- 2Co 3–5; 8–9; 1Pe 4.10-11: a diaconia é tanto do Espírito (serviço que vivifica), da reconciliação (evangelho) quanto da generosidade (coleta), culminando na doxologia: “sirvam (diakonountes)… para que em tudo Deus seja glorificado”.
3) Análise lexical (seleção)
Grego (NT)
- διακονία (diakonía): serviço/encargo em benefício de outros; pode ser de bens (At 6.1; 2Co 8-9), da Palavra (At 6.4) ou missionário (2Co 5.18).
- διάκονος (diákonos): servo/ministro. Aplicado a Cristo (Rm 15.8), a oficiais/colaboradores (Fp 1.1; Rm 16.1), e até a autoridades civis como “servos” de Deus (Rm 13.4).
- διακονέω (diakonéō): servir, cuidar, assistir (Lc 10.40; Jo 12.26).
- λειτουργία/λειτουργέω (leitourgía/leitourgéō): serviço “litúrgico” (culto público) que também descreve serviço financeiro aos santos (2Co 9.12; Fp 2.17,30).
- δουλεία/δοῦλος (douleía/doûlos): “servir como escravo”; realça entrega total (Gl 5.13; Rm 1.1).
- οἰκονόμος (oikonómos): mordomo/administrador; sublinha gestão fiel de recursos e dons (1Co 4.1-2; 1Pe 4.10).
Hebraico (AT)
- עָבַד (‘ābad): servir/adorar; serviço a Deus e ao próximo se entrelaçam (Js 24.14-15).
- שָׁרַת (šārath): ministrar/assistir (serviço levítico; Nm 3.6; 1Sm 2.11).
- חֶסֶד (ḥesed): amor leal que sustenta o serviço compassivo (Mq 6.8).
- מִשְׁפָּט (mishpāṭ) e צְדָקָה (tṣĕdāqāh): justiça/retidão — arcabouço ético da diaconia (Is 1.17; Pv 31.8-9).
Nota exegética: A literatura recente (p.ex., John N. Collins) lembra que diakonía na Antiguidade também carregava nuance de “agência/encargo representativo”, não apenas “serviço humilde”. Isso enriquece, não nega, o viés de humildade moldado por Cristo: é serviço representando Deus para o bem do outro.
4) Teologia da diaconia
- Cristocêntrica — Servimos porque fomos servidos por Cristo (Jo 13.14-15).
- Pneumatológica — Plenitude do Espírito é critério para funções práticas (At 6.3).
- Eclesiológica — Corpo com dons diversos; a diaconia organiza o amor (1Pe 4.10-11; Rm 12.6-8).
- Missional — Resolver carências internas desbloqueia o avanço da Palavra (At 6.7).
- Ético-social — Diaconia promove justiça, equidade e inclusão, especialmente dos vulneráveis (Tg 1.27).
5) Aplicação pessoal e comunitária
- Identidade de servo: abrace humildade prática: pontualidade, confiabilidade, disposição para tarefas invisíveis.
- Critérios espirituais: caráter comprovado, cheio do Espírito e de sabedoria (At 6.3) — não apenas habilidade técnica.
- Estruturas de cuidado: fluxos claros (triagem de necessidades, visitas, oferta, prestação de contas).
- Serviço que comunica o evangelho: cada gesto diaconal deve apontar para Cristo (1Pe 4.11).
- Inclusão e representatividade: escute os afetados; inclua-os nas soluções (At 6.5).
- Formação contínua: treine diáconos/diaconisas em Bíblia, mordomia, escuta, mediação de conflitos.
Perguntas de exame:
- Quem são nossas “viúvas” hoje (idosos, migrantes, mães solo, enfermos)?
- Nossos processos de benevolência são justos e transparentes?
- Meu serviço aumenta a adoração a Deus e a alegria da igreja?
6) Tabela Expositiva — “Diaconia” em foco
Aspecto | Termo/Texto | Núcleo de Sentido | Exemplos Bíblicos | Implicações hoje |
Fundamento | Mc 10.45; Jo 13 | Cristo serve e nos modela | Lava-pés; cruz como serviço | Liderança = servir; grandeza = descer |
Natureza | διακονία / διακονέω | Serviço em favor do outro | At 6.1-4; 1Pe 4.10-11 | Cuidado material e espiritual integrados |
Ofício | διάκονος; 1Tm 3; Fp 1.1 | Função reconhecida na igreja | Febe (Rm 16.1-2) | Seleção por caráter; homens e mulheres servindo |
Culto-serviço | λειτουργία | Serviço que vira adoração | 2Co 9.12; Fp 2.17,30 | Generosidade é liturgia viva |
Mordomia | οἰκονόμος | Gestão fiel de dons/recursos | 1Co 4.1-2; Lc 12.42 | Prestação de contas e transparência |
Justiça | מִשְׁפָּט / צְדָקָה | Equidade e defesa do fraco | Is 1.17; Tg 1.27 | Políticas de cuidado e proteção |
Poder espiritual | At 6.3 | Cheios do Espírito e sabedoria | Estêvão e Filipe | Serviço com unção, palavra e sinais |
Missão | At 6.7 | Serviço libera a Palavra | Crescimento e conversões | Diaconia que evangeliza e discipula |
Referências acadêmicas (seleção)
Exegese/Atos
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary (Baker).
- F. F. Bruce, The Book of the Acts (Eerdmans).
- I. Howard Marshall, Acts (TNTC, Eerdmans).
- Stanley M. Horton, Atos – O Poder do Espírito Santo (CPAD).
- John Stott, A Mensagem de Atos (ABU).
Léxico/Teologia
- BDAG; Louw-Nida; NIDNTTE (Moisés Silva); TDNT (Kittel).
- John N. Collins, Diakonia: Re-Interpreting the Ancient Sources.
- D. J. Moo, The Letters to the Romans (sobre “serviço” e missão).
- Thomas R. Schreiner, 1, 2 Timothy & Titus (sobre 1Tm 3).
- Gordon D. Fee / Silva, Philippians (sobre Fp 1.1; 2.5-11).
- Comentário Bíblico Pentecostal (CPAD) e Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD), verbetes sobre “diácono/diaconia”.
I- A IDENTIFICAÇÃO DOS CONFLITOS
1- Conflito de natureza cultural. Lucas cita um conflito entre os “gregos” e “hebreus” (At 6.1a). A referência neste texto aos “gregos” está relacionada aos judeus helenistas, isto é, que haviam emigrado para outros países e que, por conta disso, falavam somente a língua grega. Por outro lado, o termo “hebreus” era uma referência aos judeus de Jerusalém que se comunicavam principalmente em hebraico (aramaico). Havia, portanto, uma barreira de natureza cultural por conta da língua. Essa barreira cultural trouxe um conflito de relacionamento entre os crentes da primeira igreja. Isso fez com que os apóstolos, logo após tomarem conhecimento do problema, buscassem uma solução. Eles não podiam deixar a igreja de Jerusalém se desintegrar por conta da barreira de natureza cultural. A unidade da igreja não pode ser ameaçada por conflitos de qualquer natureza.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Lucas descreve um conflito interno na igreja de Jerusalém: “houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus” (At 6.1a). Esse pequeno verso revela várias camadas teológicas e sociológicas. Não se trata apenas de uma queixa administrativa, mas de tensão cultural provocada por diferenças de língua, hábitos, redes de parentesco e memória religiosa (judeus do território vs. judeus da diáspora).
Teologicamente, o texto mostra que o crescimento da igreja (v.1 abre com “crescendo o número dos discípulos”) não apaga as diferenças humanas — antes as expõe. A história da salvação agora passa pelo crivo das relações concretas: a igreja, como corpo de Cristo, é chamada a articular unidade na diversidade (cf. Ef 4.1–6; Gl 3.28). A forma como a comunidade trata as minorias internas é prova de sua fidelidade ao evangelho: quando a caridade falha, o testemunho público sofre.
Lucas apresenta a tensão com reservas lexicais e narrativas que apontam para injustiça percebida (viúvas “desprezadas”) e para a necessidade de uma resposta eclesiástica que preserve a missão. Assim, a identificação do conflito é o primeiro passo — reconhecer o tipo (cultural, econômico, litúrgico, teológico) para que a solução seja proporcional e pastoral.
Análise lexical (grego) — termos centrais em At 6.1a
- γογγυσμός (goggysmós) — “murmuração/queixa”. Nuance: não é um protesto público organizado, mas um movimento de insatisfação que corre “por baixo” e corrói a coesão. BDAG observa que goggysmós tem conotação de resistência passiva que pode levar à desunião (cf. Êx 16; Nm 11).
- τῶν Ἑλληνιστῶν (tōn Hellēnistōn) — “dos helenistas / gregos” (forma plural genitiva). Aqui refere-se aos judeus helenistas: judeus que adotaram a língua grega e cultura helenística, muitas vezes vindos da diáspora. Não são pagãos: são judeus com matriz cultural distinta.
- πρὸς τοὺς Ἑβραίους (pros tous Hebraious) — “contra os hebreus” (tou" Hebraious = os hebreus/judeus de fala aramaica/aramaico-hebraica). O contraste não é teológico (não separa judeu de gentio) mas sociolinguístico/itorial.
- ἐπελείφθησαν / παρεθεωροῦντο (variante) — “foram deixadas de lado / negligenciadas / preteridas”. Indica ação contínua/estado: as viúvas estavam sendo sistematicamente esquecidas no ministério de distribuição. O verbo traduz a percepção de injustiça.
- διάκονία ἡ καθημερινή (diakonia hē kathēmerinē) — “ministério/distribuição diária”: mostra que o conflito incidia sobre um serviço regular, institucionalizado, e não sobre circunstância isolada — o que puxava para a necessidade de regra/processo.
Contexto sociológico e histórico (síntese)
- Migração e redes: os helenistas tendiam a depender de redes diferentes (família, sinagogas da diáspora, patronos) das comunidades palestinas; isso afetava acesso e representação nas práticas de ajuda.
- Língua e comunicação: língua define acesso a informações e processos decisórios; quem não fala o idioma dominante tende a ser marginalizado.
- Percepção de justiça: a “murmuração” nasce quando grupos sentem que os critérios que governam a distribuição são parciais.
Linhas teológicas a extrair
- A unidade cristã é prática, não apenas doutrinária — ela se revela na justiça das pequenas instituições (distribuição, visita aos necessitados).
- A igreja é chamada a reconhecer e acomodar diversidade (linguística, cultural) como parte do corpo de Cristo.
- Conflitos devem ser diagnosticados e nomeados (tipo e causa) antes de se implementar soluções; o reconhecimento público do problema é um ato de pastoral responsável.
- A missão avança quando a comunidade cuida bem do seu interior (At 6.7: solução leva crescimento da Palavra).
Aplicação pessoal e comunitária (prática)
- Ouvir antes de julgar: organize canais de escuta (fóruns, entrevistas, reuniões com representantes dos grupos afetados).
- Mapear barreiras: identifique barreiras linguísticas, culturais e procedimentais (por exemplo, formulários só em uma língua).
- Representatividade: inclua representantes do grupo afetado nas comissões decisórias (ex.: ao tratar distribuição, que membros do grupo negligenciado participem da comissão).
- Processos transparentes: regulamente critérios de ajuda (quem recebe, por quê, frequência) e comunique publicamente.
- Formação em competência intercultural: treine líderes e voluntários — escuta ativa, mediação, sensibilidade cultural.
- Ritual de reconhecimento e reconciliação: quando o dano é histórico, promova atos simbólicos e práticas de reparação (pedido público, revisão de políticas).
- Avalie pelo fruto: monitore se as soluções restauraram confiança e permitiram avanço missionário (crescimento, reconciliação, testemunho).
Referências acadêmicas (seleção para aprofundamento)
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary (Baker Academic).
- F. F. Bruce, The Book of the Acts (NICNT).
- Ben Witherington III, The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary.
- I. Howard Marshall, The Acts of the Apostles (TNTC).
- John Stott, The Message of Acts (IVP/ABU).
- John N. Collins, Diakonia: Re-Interpreting the Ancient Sources (útil para entender funções sociais e administrativas no cristianismo antigo).
- Léxicos e ferramentas: BDAG, Louw-Nida, NIDNTTE — para nuance lexical.
Tabela expositiva — identificação do conflito (At 6.1a)
Elemento textual
Termo grego (translit.)
Sentido literal / nuance
Implicação teológica
Aplicação prática
Murmuração
γογγυσμός (goggysmós)
Queixa latente, corrosiva
Sinal de divisão interna; exige diagnóstico pastoral
Instaurar canais de escuta; reconhecer publicamente o problema
Grupo 1 — “gregos”
τῶν Ἑλληνιστῶν (tōn Hellēnistōn)
Judeus helenistas (diáspora; fala grega)
Diversidade cultural/línguística dentro da igreja
Incluir falantes de outras línguas; tradução; representação
Grupo 2 — “hebreus”
τοὺς Ἑβραίους (tous Hebraious)
Judeus de Jerusalém (aramaico/hebraico)
Centro cultural-litúrgico da comunidade
Sensibilidade para não centrar decisões apenas na cultura majoritária
A queixa específica
ἐπελείφθησαν (epeleiphthēsan) / παρεθεωροῦντο
“foram deixadas de lado / negligenciadas”
Justiça distributiva é critério de fidelidade cristã
Revisar critérios de benevolência; auditoria social
Campo do problema
διακονίᾳ τῇ καθημερινῇ
Distribuição diária (diaconia institucional)
Serviço regular, institucionalizado — não incidente pontual
Padronizar processos; rotinas de prestação de contas
Perguntas para discussão em classe
- Que sinais identificam uma “murmuração” hoje numa comunidade local? Como distingui-la de uma crítica legítima?
- Quais grupos na sua igreja hoje podem estar em risco de “ser negligenciados”? Como você sugeriria ouvi-los e incluí-los?
- Quais medidas práticas garantiriam que decisões sobre recursos fossem justas e transparentes?
- Como proteger a missão (pregação/oração) enquanto se resolve conflitos administrativos?
Lucas descreve um conflito interno na igreja de Jerusalém: “houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus” (At 6.1a). Esse pequeno verso revela várias camadas teológicas e sociológicas. Não se trata apenas de uma queixa administrativa, mas de tensão cultural provocada por diferenças de língua, hábitos, redes de parentesco e memória religiosa (judeus do território vs. judeus da diáspora).
Teologicamente, o texto mostra que o crescimento da igreja (v.1 abre com “crescendo o número dos discípulos”) não apaga as diferenças humanas — antes as expõe. A história da salvação agora passa pelo crivo das relações concretas: a igreja, como corpo de Cristo, é chamada a articular unidade na diversidade (cf. Ef 4.1–6; Gl 3.28). A forma como a comunidade trata as minorias internas é prova de sua fidelidade ao evangelho: quando a caridade falha, o testemunho público sofre.
Lucas apresenta a tensão com reservas lexicais e narrativas que apontam para injustiça percebida (viúvas “desprezadas”) e para a necessidade de uma resposta eclesiástica que preserve a missão. Assim, a identificação do conflito é o primeiro passo — reconhecer o tipo (cultural, econômico, litúrgico, teológico) para que a solução seja proporcional e pastoral.
Análise lexical (grego) — termos centrais em At 6.1a
- γογγυσμός (goggysmós) — “murmuração/queixa”. Nuance: não é um protesto público organizado, mas um movimento de insatisfação que corre “por baixo” e corrói a coesão. BDAG observa que goggysmós tem conotação de resistência passiva que pode levar à desunião (cf. Êx 16; Nm 11).
- τῶν Ἑλληνιστῶν (tōn Hellēnistōn) — “dos helenistas / gregos” (forma plural genitiva). Aqui refere-se aos judeus helenistas: judeus que adotaram a língua grega e cultura helenística, muitas vezes vindos da diáspora. Não são pagãos: são judeus com matriz cultural distinta.
- πρὸς τοὺς Ἑβραίους (pros tous Hebraious) — “contra os hebreus” (tou" Hebraious = os hebreus/judeus de fala aramaica/aramaico-hebraica). O contraste não é teológico (não separa judeu de gentio) mas sociolinguístico/itorial.
- ἐπελείφθησαν / παρεθεωροῦντο (variante) — “foram deixadas de lado / negligenciadas / preteridas”. Indica ação contínua/estado: as viúvas estavam sendo sistematicamente esquecidas no ministério de distribuição. O verbo traduz a percepção de injustiça.
- διάκονία ἡ καθημερινή (diakonia hē kathēmerinē) — “ministério/distribuição diária”: mostra que o conflito incidia sobre um serviço regular, institucionalizado, e não sobre circunstância isolada — o que puxava para a necessidade de regra/processo.
Contexto sociológico e histórico (síntese)
- Migração e redes: os helenistas tendiam a depender de redes diferentes (família, sinagogas da diáspora, patronos) das comunidades palestinas; isso afetava acesso e representação nas práticas de ajuda.
- Língua e comunicação: língua define acesso a informações e processos decisórios; quem não fala o idioma dominante tende a ser marginalizado.
- Percepção de justiça: a “murmuração” nasce quando grupos sentem que os critérios que governam a distribuição são parciais.
Linhas teológicas a extrair
- A unidade cristã é prática, não apenas doutrinária — ela se revela na justiça das pequenas instituições (distribuição, visita aos necessitados).
- A igreja é chamada a reconhecer e acomodar diversidade (linguística, cultural) como parte do corpo de Cristo.
- Conflitos devem ser diagnosticados e nomeados (tipo e causa) antes de se implementar soluções; o reconhecimento público do problema é um ato de pastoral responsável.
- A missão avança quando a comunidade cuida bem do seu interior (At 6.7: solução leva crescimento da Palavra).
Aplicação pessoal e comunitária (prática)
- Ouvir antes de julgar: organize canais de escuta (fóruns, entrevistas, reuniões com representantes dos grupos afetados).
- Mapear barreiras: identifique barreiras linguísticas, culturais e procedimentais (por exemplo, formulários só em uma língua).
- Representatividade: inclua representantes do grupo afetado nas comissões decisórias (ex.: ao tratar distribuição, que membros do grupo negligenciado participem da comissão).
- Processos transparentes: regulamente critérios de ajuda (quem recebe, por quê, frequência) e comunique publicamente.
- Formação em competência intercultural: treine líderes e voluntários — escuta ativa, mediação, sensibilidade cultural.
- Ritual de reconhecimento e reconciliação: quando o dano é histórico, promova atos simbólicos e práticas de reparação (pedido público, revisão de políticas).
- Avalie pelo fruto: monitore se as soluções restauraram confiança e permitiram avanço missionário (crescimento, reconciliação, testemunho).
Referências acadêmicas (seleção para aprofundamento)
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary (Baker Academic).
- F. F. Bruce, The Book of the Acts (NICNT).
- Ben Witherington III, The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary.
- I. Howard Marshall, The Acts of the Apostles (TNTC).
- John Stott, The Message of Acts (IVP/ABU).
- John N. Collins, Diakonia: Re-Interpreting the Ancient Sources (útil para entender funções sociais e administrativas no cristianismo antigo).
- Léxicos e ferramentas: BDAG, Louw-Nida, NIDNTTE — para nuance lexical.
Tabela expositiva — identificação do conflito (At 6.1a)
Elemento textual | Termo grego (translit.) | Sentido literal / nuance | Implicação teológica | Aplicação prática |
Murmuração | γογγυσμός (goggysmós) | Queixa latente, corrosiva | Sinal de divisão interna; exige diagnóstico pastoral | Instaurar canais de escuta; reconhecer publicamente o problema |
Grupo 1 — “gregos” | τῶν Ἑλληνιστῶν (tōn Hellēnistōn) | Judeus helenistas (diáspora; fala grega) | Diversidade cultural/línguística dentro da igreja | Incluir falantes de outras línguas; tradução; representação |
Grupo 2 — “hebreus” | τοὺς Ἑβραίους (tous Hebraious) | Judeus de Jerusalém (aramaico/hebraico) | Centro cultural-litúrgico da comunidade | Sensibilidade para não centrar decisões apenas na cultura majoritária |
A queixa específica | ἐπελείφθησαν (epeleiphthēsan) / παρεθεωροῦντο | “foram deixadas de lado / negligenciadas” | Justiça distributiva é critério de fidelidade cristã | Revisar critérios de benevolência; auditoria social |
Campo do problema | διακονίᾳ τῇ καθημερινῇ | Distribuição diária (diaconia institucional) | Serviço regular, institucionalizado — não incidente pontual | Padronizar processos; rotinas de prestação de contas |
Perguntas para discussão em classe
- Que sinais identificam uma “murmuração” hoje numa comunidade local? Como distingui-la de uma crítica legítima?
- Quais grupos na sua igreja hoje podem estar em risco de “ser negligenciados”? Como você sugeriria ouvi-los e incluí-los?
- Quais medidas práticas garantiriam que decisões sobre recursos fossem justas e transparentes?
- Como proteger a missão (pregação/oração) enquanto se resolve conflitos administrativos?
2- Conflito de natureza social. Lucas explica que em razão daquela diferença cultural, “as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano” (At 6.1b). Aqui fica evidente a natureza social do problema — as viúvas de fala grega estavam sendo negligenciadas na distribuição diária. O conflito se instalou e precisava de solução. Fica em evidência que a igreja não é só um organismo, ela também é uma organização. Ela tem sua esfera espiritual, mas também social. Era, portanto, essa parte social que estava em desequilíbrio e precisava de cuidados.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Lucas deixa claro que o problema não era apenas cultural, mas que tinha efeito social concreto: “as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano” (At 6.1b). A negligência das viúvas helenistas revela que a comunidade falhou em cumprir sua vocação social: cuidar dos vulneráveis. O episódio configura tanto uma falha administrativa quanto uma crise ética — os gestos de caridade deixaram de ser equânimes e passaram a reproduzir desigualdades culturais internas.
Do ponto de vista narrativo, o verbo que Lucas usa (ἐπελείφθησαν) destaca uma condição de abandono percebido — as viúvas “foram deixadas de lado”. Isso denuncia uma prática sistemática (não acidental) e exige resposta institucional. A reação da comunidade (escolha dos sete) mostra que a solução bíblica combina organização (estrutura) e espiritualidade (oração, critérios espirituais).
Análise lexical e semântica
Texto grego (frase chave)
“ὅτι ἐπελείφθησαν αἱ χήραι αὐτῶν ἐν τῇ διακονίᾳ τῇ καθημερινῇ.”
- αἱ χήραι (hai chērai) — as viúvas. Palavra padrão no NT para viúva; denota pessoas economicamente e socialmente vulneráveis na sociedade antiga (dependência de ajuda comunitária para sustento).
- ἐπελείφθησαν (epeleichthēsan) — verbo aoristo passivo de ἐπιλείπω: “ser deixado de lado / negligenciado / esquecido”. A forma passiva aponta para um estado no qual as viúvas eram objeto de omissão por parte do sistema de distribuição.
- διακονίᾳ (diakoníā) — “ministério / distribuição / serviço”. Aqui refere-se à distribuição cotidiana de mantimentos, serviço institucionalizado que a comunidade mantinha.
- τῇ καθημερινῇ (tē kathēmerinē) — “diária / cotidiana”. Indica regularidade: o problema afetava um serviço permanente, implicando que não se tratava de um erro pontual, mas de um padrão.
Palavras relacionadas no Antigo Testamento (hebraico)
- אַלְמָנָה (almanah) — viúva. No AT, a proteção da viúva é mandamento recorrente (Ex 22:22; Dt 10:18; Js 1:27); a comunidade de fé tem obrigação de justiça e provimento.
- צְדָקָה (tṣedāqâ) e מִשְׁפָּט (mishpāṭ) — tzedakah/justiça e mishpat/julgamento — enquadram a assistência social como expressão de retidão. Negligenciar viúvas é violar o padrão ético mosaico.
Dimensões teológicas do problema social
- A igreja como comunidade que pratica justiça — cuidado pelos vulneráveis não é “opcional”: é testemunho de fidelidade ao Deus que defende órfãos e viúvas (Tg 1.27; Is 1.17).
- A convicção de que fé e prática social caminham juntos — a diaconia é parte integrante da missão; negligenciá-la corrói o testemunho evangélico e abre espaço para murmuração e divisão.
- Organização como expressão de ética — a existência de estruturas (diaconia diária) revela que a igreja deve ter mecanismos de cuidado; quando esses mecanismos falham, a resposta deve ser institucional e pastoral.
- Inclusão como critério de justiça — a igreja do NT é multiétnica e pluricultural; práticas de distribuição devem buscar equidade, não reprodução de privilégios culturais.
Referências acadêmicas recomendadas
(Seleção útil para preparar aulas/estudo)
- Craig S. Keener — Acts: An Exegetical Commentary (comentário detalhado sobre contexto social e litúrgico).
- F. F. Bruce — The Book of the Acts (boa síntese histórica).
- Ben Witherington III — The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary (ênfase sociológica).
- John N. Collins — Diakonia: Re-Interpreting the Ancient Sources (análise do serviço e do cuidado na igreja antiga).
- Léxicos: BDAG, Louw-Nida (para nuances de diakonía e epileípō).
- Comentários pentecostais/livros práticos (CPAD) quando desejada aplicação em contexto brasileiro/pentecostal.
Aplicação pessoal e comunitária (práticas e políticas)
- Mapear os vulneráveis hoje — identificar quem são as “viúvas” contemporâneas: idosos isolados, mães solo, refugiados, desempregados, moradias precárias etc.
- Criar e revisar políticas de distribuição — formular critérios claros (quem recebe, frequência, critérios de elegibilidade), por escrito e públicos. Transparência reduz suspeitas e murmuração.
- Representatividade nas comissões — assegure que membros de grupos vulneráveis participem das decisões sobre assistência (evita percepção de parcialidade).
- Monitoramento e prestação de contas — registros simples, relatórios periódicos e prestação de contas à congregação evitam omissões.
- Formação de voluntariado e sensibilidade cultural — treinar quem distribui para reconhecer vieses inconscientes e atender com dignidade.
- Pastoral e reconciliação — ouvir os afetados, pedir publicamente perdão quando apropriado, promover rituais de reconciliação e reparação simbólica.
- Integração de serviço e evangelho — cada ato de caridade deve refletir o amor de Cristo e promover a inclusão na vida da igreja (não apenas ajuda pontual).
Tabela expositiva — Conflito social: negligência das viúvas (At 6.1b)
Item
Texto/termo
Significado
Implicação teológica
Ação prática recomendada
Grupo afetado
αἱ χήραι (viúvas)
Pessoas vulneráveis, dependentes
Proteção aos frágeis é mandamento bíblico (Deut/Prov/Tg)
Mapear grupos vulneráveis; visitas domiciliares
A omissão
ἐπελείφθησαν (foram negligenciadas)
Estado de abandono percebido
Negligência é pecado comunitário que fere o testemunho
Auditoria de procedimentos; reconhecer o erro
Campo do problema
διακονίᾳ τῇ καθημερινῇ
Serviço/ distribuição diária institucional
Caridade institucional é expressão da justiça
Padronizar critérios; escalas; registros
Natureza do conflito
social (econômico/institucional)
Falha no sistema de cuidado
Igreja é organismo e organização
Criar políticas; comissão representativa
Critério bíblico
almanah / tzedakah / mishpat
Lei social do AT e ensino do NT
Justiça e misericórdia vinculadas à fé
Relatórios públicos; transparência financeira
Resultado esperado
restauração da confiança
Reconciliação e avanço missionário
Justiça interna promove crescimento da Palavra (At 6.7)
Monitorar impacto; avaliar frutos espirituais
Questões para discussão em classe (aplicadas ao contexto local)
- Quem, hoje, seria nossa “viúva helenista” — quais grupos correm risco de exclusão na nossa igreja?
- Quais processos de distribuição nós temos (ofertas, cestas, visitas)? São claros e conhecidos?
- Há práticas culturais inconscientes que favorecem um grupo em detrimento de outro? Como corrigi-las?
- Como envolver os afetados nas decisões para restaurar confiança?
Conclusão prática e teológica
O que Atos 6.1b nos ensina é que a fé que não cuida dos necessitados compromete a integridade do testemunho cristão. A resposta não foi uma reprimenda moral abstrata, mas organização prática: reconhecer o erro, estabelecer critérios, escolher pessoas idôneas e orar. A igreja deve, portanto, combinar sensibilidade pastoral com administração responsável — a justiça social é tanto liturgia quanto mandato missionário.
Lucas deixa claro que o problema não era apenas cultural, mas que tinha efeito social concreto: “as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano” (At 6.1b). A negligência das viúvas helenistas revela que a comunidade falhou em cumprir sua vocação social: cuidar dos vulneráveis. O episódio configura tanto uma falha administrativa quanto uma crise ética — os gestos de caridade deixaram de ser equânimes e passaram a reproduzir desigualdades culturais internas.
Do ponto de vista narrativo, o verbo que Lucas usa (ἐπελείφθησαν) destaca uma condição de abandono percebido — as viúvas “foram deixadas de lado”. Isso denuncia uma prática sistemática (não acidental) e exige resposta institucional. A reação da comunidade (escolha dos sete) mostra que a solução bíblica combina organização (estrutura) e espiritualidade (oração, critérios espirituais).
Análise lexical e semântica
Texto grego (frase chave)
“ὅτι ἐπελείφθησαν αἱ χήραι αὐτῶν ἐν τῇ διακονίᾳ τῇ καθημερινῇ.”
- αἱ χήραι (hai chērai) — as viúvas. Palavra padrão no NT para viúva; denota pessoas economicamente e socialmente vulneráveis na sociedade antiga (dependência de ajuda comunitária para sustento).
- ἐπελείφθησαν (epeleichthēsan) — verbo aoristo passivo de ἐπιλείπω: “ser deixado de lado / negligenciado / esquecido”. A forma passiva aponta para um estado no qual as viúvas eram objeto de omissão por parte do sistema de distribuição.
- διακονίᾳ (diakoníā) — “ministério / distribuição / serviço”. Aqui refere-se à distribuição cotidiana de mantimentos, serviço institucionalizado que a comunidade mantinha.
- τῇ καθημερινῇ (tē kathēmerinē) — “diária / cotidiana”. Indica regularidade: o problema afetava um serviço permanente, implicando que não se tratava de um erro pontual, mas de um padrão.
Palavras relacionadas no Antigo Testamento (hebraico)
- אַלְמָנָה (almanah) — viúva. No AT, a proteção da viúva é mandamento recorrente (Ex 22:22; Dt 10:18; Js 1:27); a comunidade de fé tem obrigação de justiça e provimento.
- צְדָקָה (tṣedāqâ) e מִשְׁפָּט (mishpāṭ) — tzedakah/justiça e mishpat/julgamento — enquadram a assistência social como expressão de retidão. Negligenciar viúvas é violar o padrão ético mosaico.
Dimensões teológicas do problema social
- A igreja como comunidade que pratica justiça — cuidado pelos vulneráveis não é “opcional”: é testemunho de fidelidade ao Deus que defende órfãos e viúvas (Tg 1.27; Is 1.17).
- A convicção de que fé e prática social caminham juntos — a diaconia é parte integrante da missão; negligenciá-la corrói o testemunho evangélico e abre espaço para murmuração e divisão.
- Organização como expressão de ética — a existência de estruturas (diaconia diária) revela que a igreja deve ter mecanismos de cuidado; quando esses mecanismos falham, a resposta deve ser institucional e pastoral.
- Inclusão como critério de justiça — a igreja do NT é multiétnica e pluricultural; práticas de distribuição devem buscar equidade, não reprodução de privilégios culturais.
Referências acadêmicas recomendadas
(Seleção útil para preparar aulas/estudo)
- Craig S. Keener — Acts: An Exegetical Commentary (comentário detalhado sobre contexto social e litúrgico).
- F. F. Bruce — The Book of the Acts (boa síntese histórica).
- Ben Witherington III — The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary (ênfase sociológica).
- John N. Collins — Diakonia: Re-Interpreting the Ancient Sources (análise do serviço e do cuidado na igreja antiga).
- Léxicos: BDAG, Louw-Nida (para nuances de diakonía e epileípō).
- Comentários pentecostais/livros práticos (CPAD) quando desejada aplicação em contexto brasileiro/pentecostal.
Aplicação pessoal e comunitária (práticas e políticas)
- Mapear os vulneráveis hoje — identificar quem são as “viúvas” contemporâneas: idosos isolados, mães solo, refugiados, desempregados, moradias precárias etc.
- Criar e revisar políticas de distribuição — formular critérios claros (quem recebe, frequência, critérios de elegibilidade), por escrito e públicos. Transparência reduz suspeitas e murmuração.
- Representatividade nas comissões — assegure que membros de grupos vulneráveis participem das decisões sobre assistência (evita percepção de parcialidade).
- Monitoramento e prestação de contas — registros simples, relatórios periódicos e prestação de contas à congregação evitam omissões.
- Formação de voluntariado e sensibilidade cultural — treinar quem distribui para reconhecer vieses inconscientes e atender com dignidade.
- Pastoral e reconciliação — ouvir os afetados, pedir publicamente perdão quando apropriado, promover rituais de reconciliação e reparação simbólica.
- Integração de serviço e evangelho — cada ato de caridade deve refletir o amor de Cristo e promover a inclusão na vida da igreja (não apenas ajuda pontual).
Tabela expositiva — Conflito social: negligência das viúvas (At 6.1b)
Item | Texto/termo | Significado | Implicação teológica | Ação prática recomendada |
Grupo afetado | αἱ χήραι (viúvas) | Pessoas vulneráveis, dependentes | Proteção aos frágeis é mandamento bíblico (Deut/Prov/Tg) | Mapear grupos vulneráveis; visitas domiciliares |
A omissão | ἐπελείφθησαν (foram negligenciadas) | Estado de abandono percebido | Negligência é pecado comunitário que fere o testemunho | Auditoria de procedimentos; reconhecer o erro |
Campo do problema | διακονίᾳ τῇ καθημερινῇ | Serviço/ distribuição diária institucional | Caridade institucional é expressão da justiça | Padronizar critérios; escalas; registros |
Natureza do conflito | social (econômico/institucional) | Falha no sistema de cuidado | Igreja é organismo e organização | Criar políticas; comissão representativa |
Critério bíblico | almanah / tzedakah / mishpat | Lei social do AT e ensino do NT | Justiça e misericórdia vinculadas à fé | Relatórios públicos; transparência financeira |
Resultado esperado | restauração da confiança | Reconciliação e avanço missionário | Justiça interna promove crescimento da Palavra (At 6.7) | Monitorar impacto; avaliar frutos espirituais |
Questões para discussão em classe (aplicadas ao contexto local)
- Quem, hoje, seria nossa “viúva helenista” — quais grupos correm risco de exclusão na nossa igreja?
- Quais processos de distribuição nós temos (ofertas, cestas, visitas)? São claros e conhecidos?
- Há práticas culturais inconscientes que favorecem um grupo em detrimento de outro? Como corrigi-las?
- Como envolver os afetados nas decisões para restaurar confiança?
Conclusão prática e teológica
O que Atos 6.1b nos ensina é que a fé que não cuida dos necessitados compromete a integridade do testemunho cristão. A resposta não foi uma reprimenda moral abstrata, mas organização prática: reconhecer o erro, estabelecer critérios, escolher pessoas idôneas e orar. A igreja deve, portanto, combinar sensibilidade pastoral com administração responsável — a justiça social é tanto liturgia quanto mandato missionário.
3- Qual é a prioridade? É muito comum a ideia de que o cristão deve cuidar apenas da esfera espiritual e negligenciar a social. Cria-se dessa forma um entendimento nada bíblico de que a primeira deve ser privilegiada e a segunda, negligenciada. Assim, por exemplo, um evento musical recebe grande atenção porquanto mexe com as emoções, enquanto um trabalho social numa igreja local carente conta com poucas adesões. Negligenciar os mais necessitados é um dos pecados denunciados tanto no Antigo Testamento (Is 58.6) quanto no Novo Testamento (Mt 25.35-38). Não podemos ignorar a situação social dos menos favorecidos e pensar que, dessa forma, estamos adorando a Deus em espírito e em verdade.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1. A tensão entre o espiritual e o social
Em Atos 6, os apóstolos não negligenciaram a Palavra e a oração, mas também não desprezaram a necessidade social. O texto mostra que a comunidade de Jerusalém entendeu que ambos os aspectos são complementares, não excludentes.
O profeta Isaías já denunciava a falsa espiritualidade que desprezava a justiça social:
- “Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade... e repartas o teu pão com o faminto” (Is 58.6-7).
Jesus também afirmou que o verdadeiro serviço a Ele passa pelo cuidado aos necessitados:
- “Tive fome e me destes de comer...” (Mt 25.35-36).
Portanto, uma igreja madura entende que a adoração a Deus envolve culto, louvor, oração, mas também misericórdia e justiça social.
2. Análise das palavras originais
- Diakonia (διακονία) → traduzida como “ministério” ou “serviço” (At 6.1). O termo carrega a ideia de serviço prático em favor do próximo, incluindo a distribuição de bens. Aqui, está ligado à administração dos recursos para suprir os necessitados.
- Therapeuō (θεραπεύω), embora não apareça diretamente no texto, é a palavra usada muitas vezes no NT para “curar/servir”. Ela mostra que serviço social é também terapêutico, um ato de cura e restauração.
- Latreia (λατρεία) → significa “culto, adoração”. No NT, vemos que tanto a oração e o louvor (esfera espiritual) quanto a justiça social (Rm 12.1) são considerados culto aceitável diante de Deus.
3. Apoio acadêmico
- John Stott em A Missão Cristã no Mundo Moderno lembra que “evangelização e ação social não são rivais, mas parceiros. São como as duas lâminas de uma tesoura ou as duas asas de um pássaro.”
- Craig Keener (Comentário de Atos) observa que o episódio de Atos 6 é um exemplo de crescimento saudável, porque a igreja reconheceu que a pregação e o serviço social precisavam caminhar juntos.
- Hernandes Dias Lopes ensina que “a espiritualidade que não se traduz em amor prático é falsa e morta.”
4. Aplicação pessoal
- A vida cristã não pode ser vivida apenas dentro do templo. Deus espera que o crente cante e adore, mas também sirva e socorra.
- O desequilíbrio espiritual é evidente quando damos mais atenção a eventos que mexem com a emoção, mas não nos engajamos em ações concretas de amor ao próximo.
- Devemos examinar: minha fé é apenas ritual, ou tem se traduzido em atos de misericórdia?
Tabela Expositiva
Aspecto
Espiritual
Social
Termo bíblico
Latreia (λατρεία) – culto, adoração
Diakonia (διακονία) – serviço, assistência
Exemplo bíblico
Oração e ministério da Palavra (At 6.4)
Distribuição às viúvas (At 6.1)
Risco da negligência
Frieza espiritual, religiosidade vazia (Is 29.13)
Injustiça, exclusão e divisão (Tg 2.15-16)
Correção bíblica
Perseverar em oração e Palavra (At 6.4)
Instituição de diáconos (At 6.3)
Aplicação hoje
Buscar intimidade com Deus
Servir os necessitados na igreja e sociedade
✅ Síntese: A prioridade não é escolher entre o espiritual ou o social, mas manter ambos em equilíbrio. A adoração verdadeira une culto e serviço, oração e ação, Palavra e misericórdia.
1. A tensão entre o espiritual e o social
Em Atos 6, os apóstolos não negligenciaram a Palavra e a oração, mas também não desprezaram a necessidade social. O texto mostra que a comunidade de Jerusalém entendeu que ambos os aspectos são complementares, não excludentes.
O profeta Isaías já denunciava a falsa espiritualidade que desprezava a justiça social:
- “Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade... e repartas o teu pão com o faminto” (Is 58.6-7).
Jesus também afirmou que o verdadeiro serviço a Ele passa pelo cuidado aos necessitados:
- “Tive fome e me destes de comer...” (Mt 25.35-36).
Portanto, uma igreja madura entende que a adoração a Deus envolve culto, louvor, oração, mas também misericórdia e justiça social.
2. Análise das palavras originais
- Diakonia (διακονία) → traduzida como “ministério” ou “serviço” (At 6.1). O termo carrega a ideia de serviço prático em favor do próximo, incluindo a distribuição de bens. Aqui, está ligado à administração dos recursos para suprir os necessitados.
- Therapeuō (θεραπεύω), embora não apareça diretamente no texto, é a palavra usada muitas vezes no NT para “curar/servir”. Ela mostra que serviço social é também terapêutico, um ato de cura e restauração.
- Latreia (λατρεία) → significa “culto, adoração”. No NT, vemos que tanto a oração e o louvor (esfera espiritual) quanto a justiça social (Rm 12.1) são considerados culto aceitável diante de Deus.
3. Apoio acadêmico
- John Stott em A Missão Cristã no Mundo Moderno lembra que “evangelização e ação social não são rivais, mas parceiros. São como as duas lâminas de uma tesoura ou as duas asas de um pássaro.”
- Craig Keener (Comentário de Atos) observa que o episódio de Atos 6 é um exemplo de crescimento saudável, porque a igreja reconheceu que a pregação e o serviço social precisavam caminhar juntos.
- Hernandes Dias Lopes ensina que “a espiritualidade que não se traduz em amor prático é falsa e morta.”
4. Aplicação pessoal
- A vida cristã não pode ser vivida apenas dentro do templo. Deus espera que o crente cante e adore, mas também sirva e socorra.
- O desequilíbrio espiritual é evidente quando damos mais atenção a eventos que mexem com a emoção, mas não nos engajamos em ações concretas de amor ao próximo.
- Devemos examinar: minha fé é apenas ritual, ou tem se traduzido em atos de misericórdia?
Tabela Expositiva
Aspecto | Espiritual | Social |
Termo bíblico | Latreia (λατρεία) – culto, adoração | Diakonia (διακονία) – serviço, assistência |
Exemplo bíblico | Oração e ministério da Palavra (At 6.4) | Distribuição às viúvas (At 6.1) |
Risco da negligência | Frieza espiritual, religiosidade vazia (Is 29.13) | Injustiça, exclusão e divisão (Tg 2.15-16) |
Correção bíblica | Perseverar em oração e Palavra (At 6.4) | Instituição de diáconos (At 6.3) |
Aplicação hoje | Buscar intimidade com Deus | Servir os necessitados na igreja e sociedade |
✅ Síntese: A prioridade não é escolher entre o espiritual ou o social, mas manter ambos em equilíbrio. A adoração verdadeira une culto e serviço, oração e ação, Palavra e misericórdia.
SINOPSE I
A igreja primitiva enfrentou desafios internos que exigiram sabedoria para manter a unidade.
II- A DELEGAÇÃO DE TAREFAS
1- O ministério da oração e da Palavra. Diante do conflito, os apóstolos perceberam que a parte da comunidade que estava sendo negligenciada precisava de cuidados. Contudo, eles também perceberam que não poderiam resolver um problema criando outro. Cuidar dos mais necessitados era uma missão urgente da igreja, mas os ministérios da oração e pregação da Palavra de Deus também o eram (At 6.4). Tanto a parte social como a devocional e evangelística fazem parte de uma única missão da Igreja. Poderíamos dizer que são os dois lados de uma mesma moeda. Cuidar dos necessitados é importante, igualmente importante é a oração e a evangelização.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
II. A DELEGAÇÃO DE TAREFAS: O ministério da oração e da Palavra (At 6.4)
1) Texto e leitura direta
Atos 6.4 (grego): ἡμεῖς προσκαρτερήσομεν τῇ προσευχῇ καὶ τῇ διακονίᾳ τοῦ λόγου.
Tradução literal: “Nós nos dedicaremos / perseveraremos na oração e na diaconia (ministério) da Palavra.”
Lucas aqui apresenta a atitude e a prioridade dos apóstolos: não abandonarão a oração e o ministério da Palavra, enquanto a comunidade organiza a assistência social por meio de pessoas escolhidas. Isso não significa uma desvalorização da diaconia social, mas uma distribuição de responsabilidades que preserva o pulso espiritual da igreja e, ao mesmo tempo, promove justiça social.
2) Análise lexical e exegética (grego)
- προσκαρτερήσομεν (proskarterḗsomen) — futuro indicativo, 1ª pessoa plural de proskarteréō. Significado: “persistiremos/seremos dedicados/estaremos firmes em”. O verbo aponta para perseverança contínua, não ato isolado. BDAG: “to be constantly present to; to give oneself wholly to an activity (persevere).”
- τῇ προσευχῇ (tē proseuchē) — dativo singular de proseuchē (oração). No NT, oração é o meio relacional com Deus e fonte de capacitação para missão (At 1.14; 2.42). Não é atividade opcional, mas principal.
- τῇ διακονίᾳ (tē diakoníā) — dativo de diakonia (serviço/ministério/diaconia). Aqui qualificado por τοῦ λόγου (do Verbo / da Palavra): trata-se de serviço teológico-proclamatório (pregação, ensino, cuidado doutrinário), não apenas gestão administrativa.
- τοῦ λόγου (tou lógou) — “da Palavra” / “do anúncio” — lógos aqui remete ao conteúdo apostólico (cf. At 6.2 “a palavra de Deus” e At 6.7 “crescia a palavra de Deus”). O ministério da Palavra inclui instrução, proclamação, exegese, e também pastoral.
Implicação exegética: os apóstolos identificam duas funções essenciais que não podem ser negligenciadas: (a) preservarem e se afirmarem na vida espiritual (oração) e (b) garantirem a continuidade e fidelidade do ensino da igreja (ministério da Palavra). Para que a igreja funcione saudável, essas funções devem permanecer firmes — por isso delegam a distribuição para outros.
3) Dimensões teológicas
- Integração palavra-oração-serviço. O ministério cristão é trinitário e integral: a proclamação (Palavra) e a intercessão (oração) são fontes do poder missionário; a ação social (diaconia) é expressão dessa proclamação. Não há dicotomia legítima entre “espiritual” e “social”.
- Ofício apostólico como cuidado pastoral. Os apóstolos se veem como guardiões da doutrina e da comunhão com Deus — sua primazia não é por status, mas por função: proteger a sã doutrina e manter a vida devocional que sustenta a missão.
- Princípio da delegação bíblica. Reconhecer limites (a impossibilidade de ocupar-se simultaneamente de tudo) é prudência ministerial. A delegação não é fuga de responsabilidade, mas exercício de sabedoria para preservar missão e justiça.
- Missão que frutifica por ordenação das tarefas. A solução organisational (escolha dos sete) cria condições para que a Palavra cresça (At 6.7). Ordem e santidade pastoral são meios da graça, não fins em si.
4) Intertextualidade e apoio bíblico
- At 2.42 — os crentes perseveravam na doutrina dos apóstolos e na oração.
- 1Tm 3; Fp 1.1 — existência de funções reconhecidas (bispos/diáconos), com critérios morais que garantem fidelidade no serviço.
- Mc 10.45; Jo 13 — o padrão de serviço de Jesus como paradigma para todas as funções ministeriais.
- Tg 1.27; Mt 25.31–46; Is 58 — insistência profética e evangélica: fé autêntica se traduz em justiça social.
- 2Tm 4.2 — “pregue a palavra” — a proclamatio deve ser preservada.
5) Referências acadêmicas (seleção)
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary — exegese histórica e sociológica de Atos.
- F. F. Bruce, The Book of the Acts (NICNT) — estudo clássico do movimento apostólico.
- Ben Witherington III, The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary.
- I. Howard Marshall, The Acts of the Apostles (TNTC).
- John N. Collins, Diakonia: Re-Interpreting the Ancient Sources — análise histórica do serviço e da organização na igreja primitiva.
- Léxicos: BDAG, Louw-Nida (para proskarteréō, diakonia, proseuchē).
(essas obras discutem tanto a centralidade apostólica quanto a lógica de delegação presente em At 6.)
6) Aplicação pessoal e comunitária (prática)
- Preservar espaços inegociáveis: os líderes-pregadores devem ter tempo protegido para oração, estudo e pregação — estabeleça “zonas sem reuniões” e horários de meditação bíblica no calendário pastoral.
- Delegar com critérios: selecione encarregados da assistência social com critérios espirituais (caráter, reputação, plenitude do Espírito, sabedoria — At 6.3), mas dando-lhes autoridade e formação prática.
- Treinar e capacitar: ofereça formação teológica e prática (mordomia, atendimento, ética, registro) aos que cuidam da diaconia para que o serviço seja eficaz e digno.
- Integração entre ministérios: diaconia e proclamação devem caminhar juntas: relatórios de ação social podem virar oportunidades de discipulado; visitas sociais podem abrir portas para cuidado pastoral.
- Medição por frutos espirituais e sociais: indicadores não apenas numéricos (nº de cestas distribuídas), mas qualitativos — restauração de confiança, reintegração ao culto, crescimento em discipulado.
- Cultura de corresponsabilidade: a igreja deve entender que proteger a Palavra e a oração não é privilégio de uma casta — todos são chamados a perseverar na oração e a contribuir para o serviço ao próximo.
7) Tabela expositiva
Frase (At 6.4)
Termo grego
Sentido literal
Significado teológico
Aplicação prática
“perseveraremos na oração”
προσκαρτερήσομεν τῇ προσευχῇ
perseveraremos / nos dedicaremos à oração
Oração contínua é fonte e sustentáculo da missão; conecta a comunidade com o poder de Deus
Instituir horários de oração exclusivos para liderança; priorizar intercessão pela missão e pela assistência
“e na diaconia da Palavra”
τῇ διακονίᾳ τοῦ λόγου
serviço/ministério da Palavra
Proclamar e cuidar da doutrina é serviço ministerial central; o ensino é tão “diaconal” quanto a distribuição
Proteger tempo de estudo, pregação, formação de professores e pastores; agenda de exposições bíblicas
A lógica de delegação
(implícito: escolha dos sete)
delegar tarefa social
Ordenação de responsabilidades para preservar o núcleo devocional e garantir justiça social
Selecionar e capacitar equipes de diaconia; responsabilidades claras e prestação de contas
Unidade ministerial
paralelos em Atos 2.42 e 6.7
culto + serviço → crescimento
Palavra + oração + justiça social → missão frutífera
Integração de relatórios: como a diaconia tem servido à proclamação? Registrar frutos espirituais
8) Mini-plano de ação (3 passos imediatos para a igreja local)
- Proteção do tempo pastoral: criar uma política de “tempo devocional” para líderes (horário semanal reservado para estudo e oração).
- Formação de equipe de diaconia: eleger com critérios claros (reputação, espírito, sabedoria), fornecer treinamento prático e um termo de responsabilidade.
- Rotina de coordenação: reunião mensal entre equipe pastoral e diaconia para integrar serviços, avaliar impactos e testemunhos (não só números).
Conclusão
Atos 6.4 não separa religiosidade de preocupação social; antes, ensina sabedoria organizacional: proteger a oração e a proclamação enquanto se estrutura o cuidado social. Delegar é um ato teológico — não fuga — porque garante que a igreja continue sendo corpo que ora, prega e serve com fidelidade.
II. A DELEGAÇÃO DE TAREFAS: O ministério da oração e da Palavra (At 6.4)
1) Texto e leitura direta
Atos 6.4 (grego): ἡμεῖς προσκαρτερήσομεν τῇ προσευχῇ καὶ τῇ διακονίᾳ τοῦ λόγου.
Tradução literal: “Nós nos dedicaremos / perseveraremos na oração e na diaconia (ministério) da Palavra.”
Lucas aqui apresenta a atitude e a prioridade dos apóstolos: não abandonarão a oração e o ministério da Palavra, enquanto a comunidade organiza a assistência social por meio de pessoas escolhidas. Isso não significa uma desvalorização da diaconia social, mas uma distribuição de responsabilidades que preserva o pulso espiritual da igreja e, ao mesmo tempo, promove justiça social.
2) Análise lexical e exegética (grego)
- προσκαρτερήσομεν (proskarterḗsomen) — futuro indicativo, 1ª pessoa plural de proskarteréō. Significado: “persistiremos/seremos dedicados/estaremos firmes em”. O verbo aponta para perseverança contínua, não ato isolado. BDAG: “to be constantly present to; to give oneself wholly to an activity (persevere).”
- τῇ προσευχῇ (tē proseuchē) — dativo singular de proseuchē (oração). No NT, oração é o meio relacional com Deus e fonte de capacitação para missão (At 1.14; 2.42). Não é atividade opcional, mas principal.
- τῇ διακονίᾳ (tē diakoníā) — dativo de diakonia (serviço/ministério/diaconia). Aqui qualificado por τοῦ λόγου (do Verbo / da Palavra): trata-se de serviço teológico-proclamatório (pregação, ensino, cuidado doutrinário), não apenas gestão administrativa.
- τοῦ λόγου (tou lógou) — “da Palavra” / “do anúncio” — lógos aqui remete ao conteúdo apostólico (cf. At 6.2 “a palavra de Deus” e At 6.7 “crescia a palavra de Deus”). O ministério da Palavra inclui instrução, proclamação, exegese, e também pastoral.
Implicação exegética: os apóstolos identificam duas funções essenciais que não podem ser negligenciadas: (a) preservarem e se afirmarem na vida espiritual (oração) e (b) garantirem a continuidade e fidelidade do ensino da igreja (ministério da Palavra). Para que a igreja funcione saudável, essas funções devem permanecer firmes — por isso delegam a distribuição para outros.
3) Dimensões teológicas
- Integração palavra-oração-serviço. O ministério cristão é trinitário e integral: a proclamação (Palavra) e a intercessão (oração) são fontes do poder missionário; a ação social (diaconia) é expressão dessa proclamação. Não há dicotomia legítima entre “espiritual” e “social”.
- Ofício apostólico como cuidado pastoral. Os apóstolos se veem como guardiões da doutrina e da comunhão com Deus — sua primazia não é por status, mas por função: proteger a sã doutrina e manter a vida devocional que sustenta a missão.
- Princípio da delegação bíblica. Reconhecer limites (a impossibilidade de ocupar-se simultaneamente de tudo) é prudência ministerial. A delegação não é fuga de responsabilidade, mas exercício de sabedoria para preservar missão e justiça.
- Missão que frutifica por ordenação das tarefas. A solução organisational (escolha dos sete) cria condições para que a Palavra cresça (At 6.7). Ordem e santidade pastoral são meios da graça, não fins em si.
4) Intertextualidade e apoio bíblico
- At 2.42 — os crentes perseveravam na doutrina dos apóstolos e na oração.
- 1Tm 3; Fp 1.1 — existência de funções reconhecidas (bispos/diáconos), com critérios morais que garantem fidelidade no serviço.
- Mc 10.45; Jo 13 — o padrão de serviço de Jesus como paradigma para todas as funções ministeriais.
- Tg 1.27; Mt 25.31–46; Is 58 — insistência profética e evangélica: fé autêntica se traduz em justiça social.
- 2Tm 4.2 — “pregue a palavra” — a proclamatio deve ser preservada.
5) Referências acadêmicas (seleção)
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary — exegese histórica e sociológica de Atos.
- F. F. Bruce, The Book of the Acts (NICNT) — estudo clássico do movimento apostólico.
- Ben Witherington III, The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary.
- I. Howard Marshall, The Acts of the Apostles (TNTC).
- John N. Collins, Diakonia: Re-Interpreting the Ancient Sources — análise histórica do serviço e da organização na igreja primitiva.
- Léxicos: BDAG, Louw-Nida (para proskarteréō, diakonia, proseuchē).
(essas obras discutem tanto a centralidade apostólica quanto a lógica de delegação presente em At 6.)
6) Aplicação pessoal e comunitária (prática)
- Preservar espaços inegociáveis: os líderes-pregadores devem ter tempo protegido para oração, estudo e pregação — estabeleça “zonas sem reuniões” e horários de meditação bíblica no calendário pastoral.
- Delegar com critérios: selecione encarregados da assistência social com critérios espirituais (caráter, reputação, plenitude do Espírito, sabedoria — At 6.3), mas dando-lhes autoridade e formação prática.
- Treinar e capacitar: ofereça formação teológica e prática (mordomia, atendimento, ética, registro) aos que cuidam da diaconia para que o serviço seja eficaz e digno.
- Integração entre ministérios: diaconia e proclamação devem caminhar juntas: relatórios de ação social podem virar oportunidades de discipulado; visitas sociais podem abrir portas para cuidado pastoral.
- Medição por frutos espirituais e sociais: indicadores não apenas numéricos (nº de cestas distribuídas), mas qualitativos — restauração de confiança, reintegração ao culto, crescimento em discipulado.
- Cultura de corresponsabilidade: a igreja deve entender que proteger a Palavra e a oração não é privilégio de uma casta — todos são chamados a perseverar na oração e a contribuir para o serviço ao próximo.
7) Tabela expositiva
Frase (At 6.4) | Termo grego | Sentido literal | Significado teológico | Aplicação prática |
“perseveraremos na oração” | προσκαρτερήσομεν τῇ προσευχῇ | perseveraremos / nos dedicaremos à oração | Oração contínua é fonte e sustentáculo da missão; conecta a comunidade com o poder de Deus | Instituir horários de oração exclusivos para liderança; priorizar intercessão pela missão e pela assistência |
“e na diaconia da Palavra” | τῇ διακονίᾳ τοῦ λόγου | serviço/ministério da Palavra | Proclamar e cuidar da doutrina é serviço ministerial central; o ensino é tão “diaconal” quanto a distribuição | Proteger tempo de estudo, pregação, formação de professores e pastores; agenda de exposições bíblicas |
A lógica de delegação | (implícito: escolha dos sete) | delegar tarefa social | Ordenação de responsabilidades para preservar o núcleo devocional e garantir justiça social | Selecionar e capacitar equipes de diaconia; responsabilidades claras e prestação de contas |
Unidade ministerial | paralelos em Atos 2.42 e 6.7 | culto + serviço → crescimento | Palavra + oração + justiça social → missão frutífera | Integração de relatórios: como a diaconia tem servido à proclamação? Registrar frutos espirituais |
8) Mini-plano de ação (3 passos imediatos para a igreja local)
- Proteção do tempo pastoral: criar uma política de “tempo devocional” para líderes (horário semanal reservado para estudo e oração).
- Formação de equipe de diaconia: eleger com critérios claros (reputação, espírito, sabedoria), fornecer treinamento prático e um termo de responsabilidade.
- Rotina de coordenação: reunião mensal entre equipe pastoral e diaconia para integrar serviços, avaliar impactos e testemunhos (não só números).
Conclusão
Atos 6.4 não separa religiosidade de preocupação social; antes, ensina sabedoria organizacional: proteger a oração e a proclamação enquanto se estrutura o cuidado social. Delegar é um ato teológico — não fuga — porque garante que a igreja continue sendo corpo que ora, prega e serve com fidelidade.
2- Não há conflito entre tarefas. Não podemos ler Atos 6 como se o ministério da oração e da pregação estivessem em oposição com o ministério de serviço social. Não há essa contradição, onde um é considerado mais espiritual e o outro menos. Tudo faz parte de uma única missão da Igreja. Assim, se a igreja ora e prega, mas não cuida dos necessitados, ela falha em sua missão. Da mesma forma, se a igreja se torna apenas um centro social, negligenciando a oração e a pregação, ela perde a sua essência, deixa de ser Igreja de Cristo e, por isso, também falha em sua missão.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
“Não há conflito entre tarefas” (At 6 em perspectiva)
Tese: Atos 6 não estabelece uma hierarquia entre “espiritual” (oração e pregação) e “social” (diaconia); antes, mostra que a missão é integral — culto, anúncio e serviço são dimensões inseparáveis do ser Igreja. Qualquer dicotomia entre “mais espiritual” e “menos espiritual” é estranha ao evangelho e contrária à prática apostólica.
1. Leitura teológica do texto
Em Atos 6 os apóstolos preservam intencionalmente a oração e o ministério da Palavra (προσκαρτερήσομεν τῇ προσευχῇ καὶ τῇ διακονίᾳ τοῦ λόγου — “nos dedicaremos à oração e ao ministério da Palavra”), enquanto delegam a distribuição diária a homens “cheios do Espírito e de sabedoria” (At 6.3). A leitura correta é complementaridade, não exclusão. A comunidade precisava cuidar dos vulneráveis sem que isso comprometesse a centralidade da proclamação e da vida devocional — e a solução foi organizar tarefas, não desvalorizar nenhuma delas. O fruto aparece: “crescia a palavra de Deus” e o número de discípulos aumentava (At 6.7) — prova de que integração gera missão frutífera.
2. Análise lexical (grego / hebraico) — termos-chave e sua carga teológica
Grego (NT)
- διακονία (diakonía) — serviço, ministério. Abrange serviço material (At 6.1) e serviço doutrinário (At 6.4: “diaconia do Logos”). Não é “serviço menor”, mas função essencial do corpo de Cristo.
- διάκονος (diákonos) — servo/ministro: tanto função quanto atitude (ver Rm 16.1; Fp 1.1).
- προσευχή (proseuchḗ) / προσκαρτερέω (proskarteréō) — oração / perseverar na oração. Indica dedicação contínua à comunhão com Deus, que sustenta todo serviço.
- λόγος (lógos) — a Palavra, conteúdo apostólico; “diaconia τοῦ λόγου” mostra que o ensino é também forma de serviço.
- λατρεία (latreía) — adorar/serviço litúrgico. No NT, culto e justiça/amor convergem (cf. Rm 12.1; Tg 1.27).
Hebraico (AT) — ideias complementares
- אַלְמָנָה (almanah) — viúva: símbolo bíblico do vulnerável que exige justiça comunitária (Ex 22.22; Dt 10.18).
- חֶסֶד (ḥesed) — amor fiel/compaixão: motiva a prática social do povo de Deus.
- צְדָקָה / מִשְׁפָּט (tṣedāqâ / mishpāṭ) — justiça / julgar corretamente: assistência social é exigência ética, não opcional.
Conclusão lexical: as palavras mostram sobreposição e complementaridade — oração alimenta serviço; serviço manifesta Palavra; ambos configuram “latreia” (adoração) autêntica.
3. Fundamentos bíblico-teológicos (síntese)
- Cristo como modelo integral — Jesus é servo (διάκονος) e Senhor; seu serviço inclui proclamação, compaixão e sacrifício (Mc 10.45; Jo 13).
- O evangelho é encarnacional — anuncia e transforma; o anúncio sem cuidado prático é parcial (Mt 25.31–46); o cuidado sem Palavra empobrece propósito e discipulado.
- Igreja = organismo + organização — a vida do Espírito (oração, dons) precisa de estruturas (diaconia organizada) para expressar justiça e fidelidade.
- Pneumatologia operativa — o Espírito capacita tanto os pregadores quanto os que servem; plenitude espiritual é critério para ambas as tarefas (At 6.3).
- Missionalidade frutífera — integração gera crescimento (At 6.7): a justiça interna abre espaço para a proclamação eficaz.
4. Aplicação pessoal e comunitária (prática)
- Cultura institucional integrada: planeje ministérios com agendas conjuntas (reuniões entre liderança pastoral e equipe de diaconia).
- Proteção de tempo devocional: garanta tempo reservado para oração/estudo dos líderes (como os apóstolos).
- Delegação orgânica: escolha servos com critérios bíblicos (caráter, reputação, plenitude do Espírito e sabedoria).
- Serviço como liturgia: proclame os atos de diaconia como forma de adoração (testemunhos em cultos, relatos que liguem serviço ao evangelho).
- Formação mútua: treine pregadores em práticas de justiça social e servidores em fundamentos bíblicos da fé — ambos precisam entender a mesma missão.
- Avaliação por fruto integral: não só números (cestas, visitas), mas sinais espirituais (integração de beneficiários na vida da igreja, discipulado, crescimento na fé).
5. Tabela expositiva — “Unidade da missão: oração, Palavra e serviço”
Aspecto
Termo bíblico
Função
Por que não há conflito?
Ação prática
Oração
προσκαρτερήσομεν τῇ προσευχῇ
Conexão com Deus, sustento espiritual
Mantém a igreja dependente do Espírito; fonte do poder para servir
Horário protegido de oração para liderança e ministérios
Palavra
τῇ διακονίᾳ τοῦ λόγου
Ensino, proclamação, formação
A Palavra orienta e dá conteúdo ao serviço; previne paternalismo
Agenda de ensino ligado a projetos sociais (discipulado + ação)
Serviço
διακονία / διάκονος
Cuidado material e relacional
Expressa amor e justiça; testemunho concreto do evangelho
Equipes formadas com critérios bíblicos; relatórios e inclusão
Critério espiritual
πλήρεις πνεύματος καὶ σοφίας (At 6.3)
Qualificação para liderar o serviço
O Espírito capacita ambas as esferas; plenitude é critério
Seleção e treinamento; acompanhamento espiritual
Resultado
At 6.7 — crescimento
Fruto missional integrado
Justiça interna favorece expansão da Palavra
Monitorar impacto espiritual e social; relatos públicos
6. Bibliografia recomendada (seleção para aprofundar)
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary (Baker).
- F. F. Bruce, The Book of the Acts (NICNT).
- Ben Witherington III, The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary.
- John N. Collins, Diakonia: Re-Interpreting the Ancient Sources.
- John Stott, The Message of Acts; também textos sobre missiologia prática.
- Léxicos e obras de referência: BDAG, Louw-Nida, TDNT.
7. Conclusão
A leitura séria de Atos 6 ensina uma economia eclesial: não estamos diante de duas missões concorrentes, mas de uma única missão com múltiplas expressões. O desafio pastoral é organizar a comunidade para que oração, pregação e serviço mutuamente se alimentem e produzam crescimento espiritual e social — exatamente o que os apóstolos visaram ao delegarem tarefas com critérios espirituais.
“Não há conflito entre tarefas” (At 6 em perspectiva)
Tese: Atos 6 não estabelece uma hierarquia entre “espiritual” (oração e pregação) e “social” (diaconia); antes, mostra que a missão é integral — culto, anúncio e serviço são dimensões inseparáveis do ser Igreja. Qualquer dicotomia entre “mais espiritual” e “menos espiritual” é estranha ao evangelho e contrária à prática apostólica.
1. Leitura teológica do texto
Em Atos 6 os apóstolos preservam intencionalmente a oração e o ministério da Palavra (προσκαρτερήσομεν τῇ προσευχῇ καὶ τῇ διακονίᾳ τοῦ λόγου — “nos dedicaremos à oração e ao ministério da Palavra”), enquanto delegam a distribuição diária a homens “cheios do Espírito e de sabedoria” (At 6.3). A leitura correta é complementaridade, não exclusão. A comunidade precisava cuidar dos vulneráveis sem que isso comprometesse a centralidade da proclamação e da vida devocional — e a solução foi organizar tarefas, não desvalorizar nenhuma delas. O fruto aparece: “crescia a palavra de Deus” e o número de discípulos aumentava (At 6.7) — prova de que integração gera missão frutífera.
2. Análise lexical (grego / hebraico) — termos-chave e sua carga teológica
Grego (NT)
- διακονία (diakonía) — serviço, ministério. Abrange serviço material (At 6.1) e serviço doutrinário (At 6.4: “diaconia do Logos”). Não é “serviço menor”, mas função essencial do corpo de Cristo.
- διάκονος (diákonos) — servo/ministro: tanto função quanto atitude (ver Rm 16.1; Fp 1.1).
- προσευχή (proseuchḗ) / προσκαρτερέω (proskarteréō) — oração / perseverar na oração. Indica dedicação contínua à comunhão com Deus, que sustenta todo serviço.
- λόγος (lógos) — a Palavra, conteúdo apostólico; “diaconia τοῦ λόγου” mostra que o ensino é também forma de serviço.
- λατρεία (latreía) — adorar/serviço litúrgico. No NT, culto e justiça/amor convergem (cf. Rm 12.1; Tg 1.27).
Hebraico (AT) — ideias complementares
- אַלְמָנָה (almanah) — viúva: símbolo bíblico do vulnerável que exige justiça comunitária (Ex 22.22; Dt 10.18).
- חֶסֶד (ḥesed) — amor fiel/compaixão: motiva a prática social do povo de Deus.
- צְדָקָה / מִשְׁפָּט (tṣedāqâ / mishpāṭ) — justiça / julgar corretamente: assistência social é exigência ética, não opcional.
Conclusão lexical: as palavras mostram sobreposição e complementaridade — oração alimenta serviço; serviço manifesta Palavra; ambos configuram “latreia” (adoração) autêntica.
3. Fundamentos bíblico-teológicos (síntese)
- Cristo como modelo integral — Jesus é servo (διάκονος) e Senhor; seu serviço inclui proclamação, compaixão e sacrifício (Mc 10.45; Jo 13).
- O evangelho é encarnacional — anuncia e transforma; o anúncio sem cuidado prático é parcial (Mt 25.31–46); o cuidado sem Palavra empobrece propósito e discipulado.
- Igreja = organismo + organização — a vida do Espírito (oração, dons) precisa de estruturas (diaconia organizada) para expressar justiça e fidelidade.
- Pneumatologia operativa — o Espírito capacita tanto os pregadores quanto os que servem; plenitude espiritual é critério para ambas as tarefas (At 6.3).
- Missionalidade frutífera — integração gera crescimento (At 6.7): a justiça interna abre espaço para a proclamação eficaz.
4. Aplicação pessoal e comunitária (prática)
- Cultura institucional integrada: planeje ministérios com agendas conjuntas (reuniões entre liderança pastoral e equipe de diaconia).
- Proteção de tempo devocional: garanta tempo reservado para oração/estudo dos líderes (como os apóstolos).
- Delegação orgânica: escolha servos com critérios bíblicos (caráter, reputação, plenitude do Espírito e sabedoria).
- Serviço como liturgia: proclame os atos de diaconia como forma de adoração (testemunhos em cultos, relatos que liguem serviço ao evangelho).
- Formação mútua: treine pregadores em práticas de justiça social e servidores em fundamentos bíblicos da fé — ambos precisam entender a mesma missão.
- Avaliação por fruto integral: não só números (cestas, visitas), mas sinais espirituais (integração de beneficiários na vida da igreja, discipulado, crescimento na fé).
5. Tabela expositiva — “Unidade da missão: oração, Palavra e serviço”
Aspecto | Termo bíblico | Função | Por que não há conflito? | Ação prática |
Oração | προσκαρτερήσομεν τῇ προσευχῇ | Conexão com Deus, sustento espiritual | Mantém a igreja dependente do Espírito; fonte do poder para servir | Horário protegido de oração para liderança e ministérios |
Palavra | τῇ διακονίᾳ τοῦ λόγου | Ensino, proclamação, formação | A Palavra orienta e dá conteúdo ao serviço; previne paternalismo | Agenda de ensino ligado a projetos sociais (discipulado + ação) |
Serviço | διακονία / διάκονος | Cuidado material e relacional | Expressa amor e justiça; testemunho concreto do evangelho | Equipes formadas com critérios bíblicos; relatórios e inclusão |
Critério espiritual | πλήρεις πνεύματος καὶ σοφίας (At 6.3) | Qualificação para liderar o serviço | O Espírito capacita ambas as esferas; plenitude é critério | Seleção e treinamento; acompanhamento espiritual |
Resultado | At 6.7 — crescimento | Fruto missional integrado | Justiça interna favorece expansão da Palavra | Monitorar impacto espiritual e social; relatos públicos |
6. Bibliografia recomendada (seleção para aprofundar)
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary (Baker).
- F. F. Bruce, The Book of the Acts (NICNT).
- Ben Witherington III, The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary.
- John N. Collins, Diakonia: Re-Interpreting the Ancient Sources.
- John Stott, The Message of Acts; também textos sobre missiologia prática.
- Léxicos e obras de referência: BDAG, Louw-Nida, TDNT.
7. Conclusão
A leitura séria de Atos 6 ensina uma economia eclesial: não estamos diante de duas missões concorrentes, mas de uma única missão com múltiplas expressões. O desafio pastoral é organizar a comunidade para que oração, pregação e serviço mutuamente se alimentem e produzam crescimento espiritual e social — exatamente o que os apóstolos visaram ao delegarem tarefas com critérios espirituais.
3- A Diaconia. O parecer dos apóstolos foi que eles constituíssem pessoas habilitadas sobre o que eles denominaram de “este importante negócio” (At 6.3). É, portanto, uma referência ao “serviço” ou “diaconia”, identificado no versículo 3 como “servir” às mesas (At 6.3). A palavra “diaconia” tem a ver mais com a função do que com a forma. Assim, em Atos 6 o que está mais em destaque é a função exercida pelos sete diáconos do cargo ou ofício ocupado por eles. O contexto favorece esse entendimento. Contudo, essa narrativa bíblica fundamenta a instituição do diaconato cristão. Outrossim, devemos enfatizar aqui que a diaconia era vista pelos apóstolos como um “importante” negócio, ou seja, algo necessário à igreja. Esse entendimento apostólico contradiz o que muitos pensam atualmente a respeito do serviço da diaconia. Infelizmente, há os que enxergam um diácono como um obreiro de classe inferior. Mas no contexto bíblico, a diaconia é um serviço especial onde somente pessoas especiais, isto é, com as qualificações bíblicas exigidas, podem trabalhar.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
A DIACONIA (At 6.3): função, dignidade e instituição
1. Leitura imediata da perícope
Em Atos 6.3 o texto manda: “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio (ἐπὶ τῆς χρείας ταύτης).” O ponto narrativo é claro: diante de uma necessidade social regular (a distribuição diária às viúvas), a comunidade deve designar pessoas competentes para o serviço — e os apóstolos explicam que querem manter-se na oração e no ministério da Palavra. A ênfase de Lucas recai sobre a função do serviço (o que precisa ser feito), não primordialmente sobre um título clerical.
2. Análise dos termos gregos principais (e breves implicações)
- διακονία / διακονεῖν / διάκονος — diakonia / diakonein / diakonos.
Vocábulos amplos que descrevem “serviço”, “atender”, “ministério”. Em Atos o mesmo campo lexical é usado tanto para o serviço material (distribuir às mesas) quanto para o “ministério da palavra” — o que mostra que diakonia é categoria funcional que engloba atividades distintas, todas essenciais ao corpo. A literatura especializada sublinha que o campo semântico é variado e o contexto determina se a ênfase é administrativa, representativa ou pastoral. - πλήρεις πνεύματος καὶ σοφίας — “cheios do Espírito e de sabedoria”.
Critério duplo: caráter/espiritualidade (domínio pneumatológico) + discernimento prático (sabedoria). Isso eleva a diaconia do plano meramente técnico para o plano espiritual-ministerial: trata-se de um serviço que exige unção e ética. - ἐπὶ τῆς χρείας ταύτης (epì tēs chreías tautēs) — “sobre esta necessidade / negócio”.
O substantivo χρεία indica necessidade, exigência prática; a expressão mostra que o trabalho designado é essencial / necessário (não trivial). O adjetivo/locução sugere que os apóstolos consideravam a diaconia “questão séria/necessária” para a vida da comunidade.
3. Função versus cargo — o que Atos 6 realmente mostra?
- Função primária: Atos 6 destaca a repartição de tarefas por sabedoria organizacional: a comunidade escolhe, os apóstolos impõem as mãos em ato público. O foco narrativo é a capacidade de executar uma tarefa necessária com integridade (reputação, Espírito, sabedoria).
- Da função ao ofício institucional: historicamente, a função de servir documentada em Atos evoluiu — nas comunidades posteriores a designação do serviço adquiriu forma institucional (listas de qualificações em 1Tm 3, menções de «diakonos/diakonissa» em cartas e literatura patrística). A transição — função → ofício reconhecido — é respaldada por textos posteriores do NT (p.ex. 1Tm 3:8–13) e por práticas das igrejas locais.
- Debate acadêmico: há consenso em reconhecer vínculo entre Atos 6 e o surgimento do diaconato, mas há discussão sobre se Luke tinha em mente um “cargo” nos termos posteriores ou apenas uma solução situacional (variações e argumentos são bem documentados na literatura moderna). Autores como John N. Collins redefiniram nuances semânticas de diakonia, insistindo que o termo antigo muitas vezes aponta para “agência/encargo” e não apenas humildade servil — o que enriquece a leitura funcional/institucional do texto.
4. Dignidade da diaconia — contra a ideia de “classe inferior”
- Texto e intenção apostólica: Atos chama a tarefa de “χρεία ταύτη” (necessária) e exige que os escolhidos sejam “μαρτυρουμένους” (de boa reputação) e “πλήρεις πνεύματος καὶ σοφίας”. A própria formulação demonstra que a diaconia é tarefa nobre e exigente, não um subemprego ministerial. A atitude apostólica — delegar com critérios espirituais e impor as mãos — confere reconhecimento público e sacralidade funcional ao serviço.
- Evidências em outras passagens: a referência a Febe como diakonos da igreja em Cencréia (Rm 16.1) mostra que diakonos/diakonia era termo aplicado a pessoas relevantes para a missão da igreja — inclusive mulheres em papéis de liderança-serviço — reforçando que o ofício era respeitável e essencial.
- Critérios paulinos (1Tm 3): As qualificações para diáconos em 1 Timóteo incluem dignidade, controle, fidelidade ao mistério da fé e ser provado antes de servir — tudo isso demonstra que o diaconato requer santo caráter e responsabilidade, não subserviência estigmatizada.
5. Teologia prática: por que a diaconia é “importante negócio” (teologia aplicada)
- Cristológica: o Cristo servil (Mc 10.45; Jo 13) é o paradigma — o serviço litúrgico e social representa e continua a obra de Jesus. A dignidade do serviço deriva da sua semelhança ao ministério de Cristo.
- Eclesiológica: diaconia é parte constitutiva da identidade da Igreja: cuidar dos vulneráveis e administrar recursos é expressão de fidelidade à aliança.
- Pneumatológica: plenitude do Espírito (At 6.3) é critério para a função; o Espírito capacita tanto a pregação quanto a administração (a diaconia é, portanto, um ministério espiritualmente qualificado).
- Missional: resolver injustiças internas abre caminho para o avanço da Palavra (fruto imediato em At 6.7). Assim, diaconia e proclamação são mutuamente fecundantes.
6. Aplicação pastoral e individual (prática concreta)
- Valorize publicamente os servidores: estabeleça atos de reconhecimento (consagração, imposição de mãos, apresentação pública). Isto reforça a dignidade do ofício.
- Critérios bíblicos na seleção: reputação, plenitude do Espírito, sabedoria e provas práticas (período probatório) — conforme Atos 6.3 e 1Tm 3.
- Capacitação e prestação de contas: diaconia organizada necessita de treinamento (mordomia, ética, administração) e transparência financeira para evitar abuso e murmuração.
- Integração litúrgica: conectar atos de serviço a momentos de culto (testemunhos, relatórios) para que a comunidade veja a diaconia como culto vivo.
- Pastoral inclusiva: reconhecer que o termo diakonia admite expressões diversas (homens, mulheres, papéis administrativos, missionais) — seja inclusivo conforme convicções teológicas da comunidade, sem rebaixar o ofício.
7. Tabela expositiva (resumo prático)
Item
Texto / Termo Grego
Núcleo semântico
Implicação teológica
Aplicação prática
“este importante negócio”
ἐπὶ τῆς χρείας ταύτης (chreías)
necessidade/questão necessária
Diaconia como trabalho essencial
Tratar diaconia como prioridade institucional
Serviço
διακονία (diakonia)
serviço / encargo / atuação
Campo funcional amplo (material e doutrinário)
Planejamento, descrição de tarefas, capacitação
O agente
διάκονος (diakonos)
executor / representante / ministro
Pessoa com autoridade e responsabilidade
Seleção com critérios bíblicos; consagração pública
Critérios
πλήρεις πνεύματος καὶ σοφίας
plenitude do Espírito + sabedoria prática
Diaconia é ministério espiritual e técnico
Formação espiritual + treinamento prático
Institucionalização
1 Tm 3:8–13
Qualificações formais para diáconos
A função tornou-se ofício reconhecido
Período probatório; prestação de contas
Dignidade
Rm 16:1 (Φοίβη — diakonos)
termos aplicados a servidores importantes
Diaconia prestigiada, pode incluir mulheres
Reconhecer publicamente, promover participação
(Citações de apoio: estudos lexicográficos e monografias sobre diakonia; resenhas acadêmicas de John N. Collins; estudos de contexto histórico de Atos; comentários exegéticos sobre At 6 e 1Tm 3).
8. Conclusão
Atos 6 coloca a diaconia no centro da vida e da responsabilidade eclesial: é função essencial (χρεία), desempenhada por pessoas de reputação e unção, e com impacto missionário real. A narrativa apoia tanto a importância prática do serviço social quanto sua dignidade ministerial — portanto, qualquer visão que trate o diácono como “classe inferior” é contrária ao texto e ao desenvolvimento bíblico do ministério.
A DIACONIA (At 6.3): função, dignidade e instituição
1. Leitura imediata da perícope
Em Atos 6.3 o texto manda: “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio (ἐπὶ τῆς χρείας ταύτης).” O ponto narrativo é claro: diante de uma necessidade social regular (a distribuição diária às viúvas), a comunidade deve designar pessoas competentes para o serviço — e os apóstolos explicam que querem manter-se na oração e no ministério da Palavra. A ênfase de Lucas recai sobre a função do serviço (o que precisa ser feito), não primordialmente sobre um título clerical.
2. Análise dos termos gregos principais (e breves implicações)
- διακονία / διακονεῖν / διάκονος — diakonia / diakonein / diakonos.
Vocábulos amplos que descrevem “serviço”, “atender”, “ministério”. Em Atos o mesmo campo lexical é usado tanto para o serviço material (distribuir às mesas) quanto para o “ministério da palavra” — o que mostra que diakonia é categoria funcional que engloba atividades distintas, todas essenciais ao corpo. A literatura especializada sublinha que o campo semântico é variado e o contexto determina se a ênfase é administrativa, representativa ou pastoral. - πλήρεις πνεύματος καὶ σοφίας — “cheios do Espírito e de sabedoria”.
Critério duplo: caráter/espiritualidade (domínio pneumatológico) + discernimento prático (sabedoria). Isso eleva a diaconia do plano meramente técnico para o plano espiritual-ministerial: trata-se de um serviço que exige unção e ética. - ἐπὶ τῆς χρείας ταύτης (epì tēs chreías tautēs) — “sobre esta necessidade / negócio”.
O substantivo χρεία indica necessidade, exigência prática; a expressão mostra que o trabalho designado é essencial / necessário (não trivial). O adjetivo/locução sugere que os apóstolos consideravam a diaconia “questão séria/necessária” para a vida da comunidade.
3. Função versus cargo — o que Atos 6 realmente mostra?
- Função primária: Atos 6 destaca a repartição de tarefas por sabedoria organizacional: a comunidade escolhe, os apóstolos impõem as mãos em ato público. O foco narrativo é a capacidade de executar uma tarefa necessária com integridade (reputação, Espírito, sabedoria).
- Da função ao ofício institucional: historicamente, a função de servir documentada em Atos evoluiu — nas comunidades posteriores a designação do serviço adquiriu forma institucional (listas de qualificações em 1Tm 3, menções de «diakonos/diakonissa» em cartas e literatura patrística). A transição — função → ofício reconhecido — é respaldada por textos posteriores do NT (p.ex. 1Tm 3:8–13) e por práticas das igrejas locais.
- Debate acadêmico: há consenso em reconhecer vínculo entre Atos 6 e o surgimento do diaconato, mas há discussão sobre se Luke tinha em mente um “cargo” nos termos posteriores ou apenas uma solução situacional (variações e argumentos são bem documentados na literatura moderna). Autores como John N. Collins redefiniram nuances semânticas de diakonia, insistindo que o termo antigo muitas vezes aponta para “agência/encargo” e não apenas humildade servil — o que enriquece a leitura funcional/institucional do texto.
4. Dignidade da diaconia — contra a ideia de “classe inferior”
- Texto e intenção apostólica: Atos chama a tarefa de “χρεία ταύτη” (necessária) e exige que os escolhidos sejam “μαρτυρουμένους” (de boa reputação) e “πλήρεις πνεύματος καὶ σοφίας”. A própria formulação demonstra que a diaconia é tarefa nobre e exigente, não um subemprego ministerial. A atitude apostólica — delegar com critérios espirituais e impor as mãos — confere reconhecimento público e sacralidade funcional ao serviço.
- Evidências em outras passagens: a referência a Febe como diakonos da igreja em Cencréia (Rm 16.1) mostra que diakonos/diakonia era termo aplicado a pessoas relevantes para a missão da igreja — inclusive mulheres em papéis de liderança-serviço — reforçando que o ofício era respeitável e essencial.
- Critérios paulinos (1Tm 3): As qualificações para diáconos em 1 Timóteo incluem dignidade, controle, fidelidade ao mistério da fé e ser provado antes de servir — tudo isso demonstra que o diaconato requer santo caráter e responsabilidade, não subserviência estigmatizada.
5. Teologia prática: por que a diaconia é “importante negócio” (teologia aplicada)
- Cristológica: o Cristo servil (Mc 10.45; Jo 13) é o paradigma — o serviço litúrgico e social representa e continua a obra de Jesus. A dignidade do serviço deriva da sua semelhança ao ministério de Cristo.
- Eclesiológica: diaconia é parte constitutiva da identidade da Igreja: cuidar dos vulneráveis e administrar recursos é expressão de fidelidade à aliança.
- Pneumatológica: plenitude do Espírito (At 6.3) é critério para a função; o Espírito capacita tanto a pregação quanto a administração (a diaconia é, portanto, um ministério espiritualmente qualificado).
- Missional: resolver injustiças internas abre caminho para o avanço da Palavra (fruto imediato em At 6.7). Assim, diaconia e proclamação são mutuamente fecundantes.
6. Aplicação pastoral e individual (prática concreta)
- Valorize publicamente os servidores: estabeleça atos de reconhecimento (consagração, imposição de mãos, apresentação pública). Isto reforça a dignidade do ofício.
- Critérios bíblicos na seleção: reputação, plenitude do Espírito, sabedoria e provas práticas (período probatório) — conforme Atos 6.3 e 1Tm 3.
- Capacitação e prestação de contas: diaconia organizada necessita de treinamento (mordomia, ética, administração) e transparência financeira para evitar abuso e murmuração.
- Integração litúrgica: conectar atos de serviço a momentos de culto (testemunhos, relatórios) para que a comunidade veja a diaconia como culto vivo.
- Pastoral inclusiva: reconhecer que o termo diakonia admite expressões diversas (homens, mulheres, papéis administrativos, missionais) — seja inclusivo conforme convicções teológicas da comunidade, sem rebaixar o ofício.
7. Tabela expositiva (resumo prático)
Item | Texto / Termo Grego | Núcleo semântico | Implicação teológica | Aplicação prática |
“este importante negócio” | ἐπὶ τῆς χρείας ταύτης (chreías) | necessidade/questão necessária | Diaconia como trabalho essencial | Tratar diaconia como prioridade institucional |
Serviço | διακονία (diakonia) | serviço / encargo / atuação | Campo funcional amplo (material e doutrinário) | Planejamento, descrição de tarefas, capacitação |
O agente | διάκονος (diakonos) | executor / representante / ministro | Pessoa com autoridade e responsabilidade | Seleção com critérios bíblicos; consagração pública |
Critérios | πλήρεις πνεύματος καὶ σοφίας | plenitude do Espírito + sabedoria prática | Diaconia é ministério espiritual e técnico | Formação espiritual + treinamento prático |
Institucionalização | 1 Tm 3:8–13 | Qualificações formais para diáconos | A função tornou-se ofício reconhecido | Período probatório; prestação de contas |
Dignidade | Rm 16:1 (Φοίβη — diakonos) | termos aplicados a servidores importantes | Diaconia prestigiada, pode incluir mulheres | Reconhecer publicamente, promover participação |
(Citações de apoio: estudos lexicográficos e monografias sobre diakonia; resenhas acadêmicas de John N. Collins; estudos de contexto histórico de Atos; comentários exegéticos sobre At 6 e 1Tm 3).
8. Conclusão
Atos 6 coloca a diaconia no centro da vida e da responsabilidade eclesial: é função essencial (χρεία), desempenhada por pessoas de reputação e unção, e com impacto missionário real. A narrativa apoia tanto a importância prática do serviço social quanto sua dignidade ministerial — portanto, qualquer visão que trate o diácono como “classe inferior” é contrária ao texto e ao desenvolvimento bíblico do ministério.
SINOPSE II
Os apóstolos instituíram diáconos para equilibrar o ministério da pregação da Palavra, da oração e do serviço social.
AUXÍLIO VIDA CRISTÃ
EQUILÍBRIO MINISTERIAL
“À medida que a Igreja Primitiva crescia, suas necessidades aumentavam. Uma delas era organizar a distribuição de alimentos para os pobres. Os apóstolos precisavam concentrar-se na pregação; então escolheram diáconos para administrar o programa alimentar. Cada cristão tinha uma função vital a desempenhar na igreja (ver 1Co 12). Se você já ocupa uma posição de liderança e está sobrecarregado por suas responsabilidades, determine quais são as habilidades que lhe foram dadas por Deus e reveja suas prioridades; então procure outras pessoas para ajudá-lo. Se você não faz parte da liderança, saiba que tem dons que podem ser usados por Deus em várias áreas do ministério da igreja. Coloque estes dons a serviço do Mestre.” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.1488).
III- SEGUINDO OS PRINCÍPIOS CRISTÃOS
1- Privilegiando o caráter. Nas exigências das qualificações exigidas para o exercício do diaconato, o caráter ganha ênfase: “Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio” (At 6.3). Aqueles que iriam “cuidar das mesas” deveriam ser pessoas de “boa reputação”. A palavra “boa reputação” traduz o termo grego martyreo, que significa “testemunha” ou “mártir”, quer dizer uma pessoa autêntica, honesta, correta e que não negocia valores para exercer a função da diaconia. Às vezes pensamos que essas exigências eram apenas para os dias bíblicos, o que evidentemente é um equívoco. Se para aqueles que se dedicariam apenas em “servir as mesas”, isto é, os diáconos, era exigido “boa reputação”, então o que dizer dos pastores que cuidam de todo o rebanho?
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Privilegiando o caráter no diaconato (At 6.3)
1. Texto e análise imediata
Atos 6.3 apresenta a primeira exigência para os sete homens escolhidos:
“Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.”
A narrativa enfatiza que a diaconia, embora voltada a tarefas sociais (“servir às mesas”), exige caráter exemplar. Lucas não trata apenas da habilidade técnica ou da disponibilidade física, mas da integridade moral e espiritual. A boa reputação é o primeiro critério, seguido da plenitude do Espírito e da sabedoria.
2. Análise lexical
- Μαρτυρέω / μαρτυρία (martyreó / martyria) — traduzido como “boa reputação” ou “testemunho”.
- Significado literal: “ser testemunha, dar testemunho, relatar de forma autêntica”.
- Significado teológico: a pessoa de caráter íntegro é testemunha viva da fé, cuja vida confirma a Palavra que serve.
- Implicação: o termo sugere honestidade, consistência ética e coerência entre palavra e ação.
- BDAG: “to be of good repute, be well thought of by the community; one whose life bears witness to integrity and truthfulness.”
- Πλήρεις Πνεύματος (plēreis pneumatos) — “cheios do Espírito”.
- Indica plena capacitação espiritual, não apenas experiência social.
- O caráter sem a plenitude do Espírito seria insuficiente para o serviço cristão autêntico.
- Σοφία (sophia) — “sabedoria”.
- Habilidade prática e discernimento para lidar com situações complexas.
- Complementa o caráter, garantindo decisões justas e eficientes na diaconia.
3. Fundamentos teológicos
- Caráter como critério universal:
A exigência de integridade não era cultural ou temporária; é um princípio eterno para todos os líderes cristãos. Se até o serviço aparentemente “menor” (distribuir mantimentos) exige testemunho íntegro, quanto mais o ministério pastoral, que envolve cuidado do rebanho espiritual, ensino da Palavra e administração da igreja (1Tm 3.1-7; Tt 1.5-9). - Integração caráter + unção + sabedoria:
O diaconato não depende só de habilidade ou disponibilidade, mas da união de ética, espiritualidade e discernimento. Um caráter sólido é a base que sustenta sabedoria prática e serviço guiado pelo Espírito. - Testemunho como missão ativa:
Martyreo não é apenas reputação passiva; é testemunho público, vida coerente que confirma a mensagem de Cristo. A diaconia torna-se, portanto, uma extensão do ministério evangelístico: o serviço social é missão encarnada. - Princípio de liderança cristã:
O NT vincula liderança e caráter: bispos, pastores e diáconos precisam ter reputação irrepreensível (1Tm 3.2, 3.8; Tt 1.6-7). Atos 6 oferece o modelo inicial do que mais tarde se formaliza na carta pastoral.
4. Aplicação pessoal e comunitária
- Seleção de líderes e servidores: nunca priorizar habilidade técnica ou disposição em detrimento de integridade moral.
- Exame do testemunho: avaliar reputação na comunidade, coerência de vida e fidelidade à Palavra.
- Formação contínua: caráter se fortalece pela disciplina espiritual, estudo bíblico, oração e supervisão pastoral.
- Integração na prática: a diaconia ou qualquer ministério da igreja deve ser visível como exemplo de ética, fé e serviço.
- Estabelecer padrões claros: criar critérios bíblicos de seleção e acompanhamento para evitar escândalos e preservar a confiança da comunidade.
5. Tabela expositiva
Elemento
Termo grego
Sentido literal
Significado teológico
Aplicação prática
Boa reputação
μάρτυς / μαρτυρέω
Testemunha, vida íntegra
Caráter íntegro é critério para serviço e liderança
Avaliar coerência de vida, ética e fidelidade à Palavra
Plenitude do Espírito
πλήρεις πνεύματος
Cheios do Espírito
Capacitação espiritual necessária para discernir e servir
Promover oração, estudo bíblico, dependência do Espírito
Sabedoria
σοφία
Discernimento, habilidade prática
Decisões justas e eficientes; evita conflito e negligência
Treinamento e acompanhamento de líderes e diáconos
Serviço
διακονία
Atendimento das necessidades da igreja
Função ministerial digna e essencial
Delegar tarefas de forma organizada e respeitosa
Princípio geral
At 6.3 + 1Tm 3
Integridade + espiritualidade + sabedoria
Fundamenta toda liderança cristã
Seleção de líderes, capacitação contínua, supervisão pastoral
6. Referências acadêmicas
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary (Baker Academic) — análise de Atos 6 e liderança na igreja primitiva.
- Ben Witherington III, The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary — visão sobre critérios de caráter e plenitude espiritual.
- F. F. Bruce, The Book of the Acts (NICNT) — importância do caráter na escolha de diáconos.
- John N. Collins, Diakonia: Re-Interpreting the Ancient Sources — estudo da função e dignidade da diaconia.
- Léxicos: BDAG (para martyreó, diakonia, plēreis pneumatos).
7. Conclusão
Atos 6.3 revela que o caráter é prioridade absoluta no serviço cristão, mesmo em tarefas aparentemente simples. A escolha de líderes e diáconos exige boa reputação, plenitude do Espírito e sabedoria, princípios que permanecem válidos para todos os ministérios da igreja. O caráter sólido não apenas legitima a função, mas torna o serviço uma expressão do testemunho cristão autêntico.
Privilegiando o caráter no diaconato (At 6.3)
1. Texto e análise imediata
Atos 6.3 apresenta a primeira exigência para os sete homens escolhidos:
“Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.”
A narrativa enfatiza que a diaconia, embora voltada a tarefas sociais (“servir às mesas”), exige caráter exemplar. Lucas não trata apenas da habilidade técnica ou da disponibilidade física, mas da integridade moral e espiritual. A boa reputação é o primeiro critério, seguido da plenitude do Espírito e da sabedoria.
2. Análise lexical
- Μαρτυρέω / μαρτυρία (martyreó / martyria) — traduzido como “boa reputação” ou “testemunho”.
- Significado literal: “ser testemunha, dar testemunho, relatar de forma autêntica”.
- Significado teológico: a pessoa de caráter íntegro é testemunha viva da fé, cuja vida confirma a Palavra que serve.
- Implicação: o termo sugere honestidade, consistência ética e coerência entre palavra e ação.
- BDAG: “to be of good repute, be well thought of by the community; one whose life bears witness to integrity and truthfulness.”
- Πλήρεις Πνεύματος (plēreis pneumatos) — “cheios do Espírito”.
- Indica plena capacitação espiritual, não apenas experiência social.
- O caráter sem a plenitude do Espírito seria insuficiente para o serviço cristão autêntico.
- Σοφία (sophia) — “sabedoria”.
- Habilidade prática e discernimento para lidar com situações complexas.
- Complementa o caráter, garantindo decisões justas e eficientes na diaconia.
3. Fundamentos teológicos
- Caráter como critério universal:
A exigência de integridade não era cultural ou temporária; é um princípio eterno para todos os líderes cristãos. Se até o serviço aparentemente “menor” (distribuir mantimentos) exige testemunho íntegro, quanto mais o ministério pastoral, que envolve cuidado do rebanho espiritual, ensino da Palavra e administração da igreja (1Tm 3.1-7; Tt 1.5-9). - Integração caráter + unção + sabedoria:
O diaconato não depende só de habilidade ou disponibilidade, mas da união de ética, espiritualidade e discernimento. Um caráter sólido é a base que sustenta sabedoria prática e serviço guiado pelo Espírito. - Testemunho como missão ativa:
Martyreo não é apenas reputação passiva; é testemunho público, vida coerente que confirma a mensagem de Cristo. A diaconia torna-se, portanto, uma extensão do ministério evangelístico: o serviço social é missão encarnada. - Princípio de liderança cristã:
O NT vincula liderança e caráter: bispos, pastores e diáconos precisam ter reputação irrepreensível (1Tm 3.2, 3.8; Tt 1.6-7). Atos 6 oferece o modelo inicial do que mais tarde se formaliza na carta pastoral.
4. Aplicação pessoal e comunitária
- Seleção de líderes e servidores: nunca priorizar habilidade técnica ou disposição em detrimento de integridade moral.
- Exame do testemunho: avaliar reputação na comunidade, coerência de vida e fidelidade à Palavra.
- Formação contínua: caráter se fortalece pela disciplina espiritual, estudo bíblico, oração e supervisão pastoral.
- Integração na prática: a diaconia ou qualquer ministério da igreja deve ser visível como exemplo de ética, fé e serviço.
- Estabelecer padrões claros: criar critérios bíblicos de seleção e acompanhamento para evitar escândalos e preservar a confiança da comunidade.
5. Tabela expositiva
Elemento | Termo grego | Sentido literal | Significado teológico | Aplicação prática |
Boa reputação | μάρτυς / μαρτυρέω | Testemunha, vida íntegra | Caráter íntegro é critério para serviço e liderança | Avaliar coerência de vida, ética e fidelidade à Palavra |
Plenitude do Espírito | πλήρεις πνεύματος | Cheios do Espírito | Capacitação espiritual necessária para discernir e servir | Promover oração, estudo bíblico, dependência do Espírito |
Sabedoria | σοφία | Discernimento, habilidade prática | Decisões justas e eficientes; evita conflito e negligência | Treinamento e acompanhamento de líderes e diáconos |
Serviço | διακονία | Atendimento das necessidades da igreja | Função ministerial digna e essencial | Delegar tarefas de forma organizada e respeitosa |
Princípio geral | At 6.3 + 1Tm 3 | Integridade + espiritualidade + sabedoria | Fundamenta toda liderança cristã | Seleção de líderes, capacitação contínua, supervisão pastoral |
6. Referências acadêmicas
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary (Baker Academic) — análise de Atos 6 e liderança na igreja primitiva.
- Ben Witherington III, The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary — visão sobre critérios de caráter e plenitude espiritual.
- F. F. Bruce, The Book of the Acts (NICNT) — importância do caráter na escolha de diáconos.
- John N. Collins, Diakonia: Re-Interpreting the Ancient Sources — estudo da função e dignidade da diaconia.
- Léxicos: BDAG (para martyreó, diakonia, plēreis pneumatos).
7. Conclusão
Atos 6.3 revela que o caráter é prioridade absoluta no serviço cristão, mesmo em tarefas aparentemente simples. A escolha de líderes e diáconos exige boa reputação, plenitude do Espírito e sabedoria, princípios que permanecem válidos para todos os ministérios da igreja. O caráter sólido não apenas legitima a função, mas torna o serviço uma expressão do testemunho cristão autêntico.
2- Exercitando os dons. Essas pessoas, encarregadas da diaconia da igreja, além da exigência de boa reputação, deviam ser cheias do “Espírito Santo e de sabedoria” (At 6.3). Defender a boa ortodoxia, isto é, a doutrina correta, era importante, mas incompleto. Era necessário que essas pessoas também fossem cheias do Espírito Santo e da sabedoria. É possível uma pessoa ser ortodoxa, eticamente irrepreensível, contudo, não ser quebrantada e nem possuir fervor espiritual. Da mesma forma, é possível uma pessoa exercitar os dons espirituais, contudo, não ter sabedoria nenhuma. Uma coisa não pode funcionar sem a outra. O ideal de Deus é que o cristão viva corretamente exercitando os dons espirituais com a sabedoria no exercício da diaconia.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Exercitando os dons com sabedoria no diaconato (At 6.3)
1. Contexto e leitura imediata
Atos 6.3 enfatiza que os sete homens escolhidos para a diaconia deveriam ser:
“cheios do Espírito Santo e de sabedoria.”
A narrativa sugere que a plena capacitação espiritual e o discernimento prático são requisitos fundamentais para o serviço ministerial. Não basta ser ético ou possuir conhecimento teológico; o exercício dos dons espirituais deve estar sempre acompanhado de sabedoria e sensibilidade pastoral.
Essa exigência é uma diretriz para toda liderança e serviço na igreja: o equilíbrio entre unção espiritual e prudência prática é essencial para que o serviço não se torne ineficaz ou prejudicial à comunidade.
2. Análise lexical (grego)
- πλήρεις Πνεύματος (plēreis pneumatos) — “cheios do Espírito”:
- Refere-se a uma plena capacitação espiritual, incluindo sensibilidade ao mover de Deus, poder e manifestação de dons (At 2.4; 4.31; 13.52).
- Indica também dependência contínua do Espírito, não apenas um evento pontual.
- Em Atos 6, sugere que a liderança no serviço social também requer direção divina.
- Σοφία (sophia) — “sabedoria”:
- Mais que conhecimento teórico; é discernimento prático aplicado no serviço do próximo.
- Combina experiência, sensibilidade pastoral e compreensão das circunstâncias.
- BDAG: “capacity to make sound judgments, discernment in action, ability to guide and advise correctly.”
- Integração dos dois termos:
A plenitude do Espírito sem sabedoria pode gerar zelo desordenado; sabedoria sem Espírito pode resultar em planejamento frio e sem unção. O equilíbrio é essencial para a eficácia da diaconia e para o testemunho cristão autêntico.
3. Fundamentos teológicos
- Caráter + dons + sabedoria
Atos 6 combina boa reputação, plenitude do Espírito e sabedoria prática (At 6.3) como requisitos. Isso mostra que o serviço cristão eficaz é triplamente qualificado: moral, espiritual e prática. - Dons espirituais aplicados com prudência
Paulo enfatiza em 1Co 12-14 que os dons espirituais devem ser exercidos com ordem, amor e edificação da igreja, reforçando que o exercício sem sabedoria ou discernimento pode causar confusão ou dano à comunidade. - Ortodoxia incompleta sem unção
O texto alerta: ser teologicamente correto (ortodoxia) é insuficiente sem vida espiritual ativa e sem aplicação prática dos dons. A fé se manifesta não só no ensino, mas também em atos de serviço eficaz guiados pelo Espírito. - Diaconia como campo de maturidade espiritual
Servir aos necessitados é um labor espiritual que exige equilíbrio entre zelo, discernimento e submissão ao Espírito Santo — forma prática de exercer dons espirituais.
4. Aplicação prática e pessoal
- Treinamento de servidores: capacitar tanto no conhecimento teológico quanto no exercício de dons (ensinando discernimento e aplicação prática).
- Equilíbrio espiritual e prático: incentivar oração constante para direção do Espírito, evitando decisões baseadas apenas em critérios humanos.
- Exercício comunitário de dons: integrar ministérios (louvor, ensino, serviço social) para que os dons sejam aplicados com sabedoria e eficácia.
- Supervisão e mentoring: líderes experientes orientam novos servidores no uso prudente dos dons.
- Avaliação de frutos: verificar se o serviço gera edificação espiritual, cuidado social e unidade da igreja.
5. Tabela expositiva
Elemento
Termo grego
Significado
Implicação teológica
Aplicação prática
Plenitude do Espírito
πλήρεις πνεύματος
Capacitação espiritual total
Necessidade de direção divina e sensibilidade aos dons
Incentivar oração, dependência do Espírito, oração comunitária
Sabedoria
σοφία
Discernimento prático
Exercício prudente e correto dos dons espirituais
Formação e orientação para decisões equilibradas na diaconia
Caráter
μάρτυς / μαρτυρία
Reputação e integridade
Fundamenta confiança e eficácia do serviço
Avaliação ética e moral contínua de líderes e servidores
Exercício dos dons
-
Manifestação espiritual prática
Deve estar subordinado à sabedoria e ao amor
Aplicar dons em contextos comunitários de forma organizada e prudente
Resultado
At 6.7
Crescimento da igreja
União de caráter, Espírito e sabedoria produz frutos visíveis
Integrar oração, serviço e ensino para frutificação do ministério
6. Referências acadêmicas
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary (Baker).
- Ben Witherington III, The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary.
- F. F. Bruce, The Book of the Acts (NICNT).
- John N. Collins, Diakonia: Re-Interpreting the Ancient Sources.
- Léxicos: BDAG (para πλήρεις πνεύματος, σοφία, μάρτυς).
- Comentários sobre 1Co 12-14: enfatizam a integração de dons, sabedoria e edificação.
7. Conclusão
O serviço cristão — especialmente a diaconia — exige integração entre caráter, plenitude do Espírito e sabedoria. Exercitar dons sem prudência ou sabedoria, ou ter sabedoria sem unção, resulta em serviço incompleto. Deus deseja que o cristão viva corretamente, exerça seus dons espirituais e aplique sabedoria no serviço à igreja e à comunidade, produzindo frutos espirituais, sociais e missionais.
Exercitando os dons com sabedoria no diaconato (At 6.3)
1. Contexto e leitura imediata
Atos 6.3 enfatiza que os sete homens escolhidos para a diaconia deveriam ser:
“cheios do Espírito Santo e de sabedoria.”
A narrativa sugere que a plena capacitação espiritual e o discernimento prático são requisitos fundamentais para o serviço ministerial. Não basta ser ético ou possuir conhecimento teológico; o exercício dos dons espirituais deve estar sempre acompanhado de sabedoria e sensibilidade pastoral.
Essa exigência é uma diretriz para toda liderança e serviço na igreja: o equilíbrio entre unção espiritual e prudência prática é essencial para que o serviço não se torne ineficaz ou prejudicial à comunidade.
2. Análise lexical (grego)
- πλήρεις Πνεύματος (plēreis pneumatos) — “cheios do Espírito”:
- Refere-se a uma plena capacitação espiritual, incluindo sensibilidade ao mover de Deus, poder e manifestação de dons (At 2.4; 4.31; 13.52).
- Indica também dependência contínua do Espírito, não apenas um evento pontual.
- Em Atos 6, sugere que a liderança no serviço social também requer direção divina.
- Σοφία (sophia) — “sabedoria”:
- Mais que conhecimento teórico; é discernimento prático aplicado no serviço do próximo.
- Combina experiência, sensibilidade pastoral e compreensão das circunstâncias.
- BDAG: “capacity to make sound judgments, discernment in action, ability to guide and advise correctly.”
- Integração dos dois termos:
A plenitude do Espírito sem sabedoria pode gerar zelo desordenado; sabedoria sem Espírito pode resultar em planejamento frio e sem unção. O equilíbrio é essencial para a eficácia da diaconia e para o testemunho cristão autêntico.
3. Fundamentos teológicos
- Caráter + dons + sabedoria
Atos 6 combina boa reputação, plenitude do Espírito e sabedoria prática (At 6.3) como requisitos. Isso mostra que o serviço cristão eficaz é triplamente qualificado: moral, espiritual e prática. - Dons espirituais aplicados com prudência
Paulo enfatiza em 1Co 12-14 que os dons espirituais devem ser exercidos com ordem, amor e edificação da igreja, reforçando que o exercício sem sabedoria ou discernimento pode causar confusão ou dano à comunidade. - Ortodoxia incompleta sem unção
O texto alerta: ser teologicamente correto (ortodoxia) é insuficiente sem vida espiritual ativa e sem aplicação prática dos dons. A fé se manifesta não só no ensino, mas também em atos de serviço eficaz guiados pelo Espírito. - Diaconia como campo de maturidade espiritual
Servir aos necessitados é um labor espiritual que exige equilíbrio entre zelo, discernimento e submissão ao Espírito Santo — forma prática de exercer dons espirituais.
4. Aplicação prática e pessoal
- Treinamento de servidores: capacitar tanto no conhecimento teológico quanto no exercício de dons (ensinando discernimento e aplicação prática).
- Equilíbrio espiritual e prático: incentivar oração constante para direção do Espírito, evitando decisões baseadas apenas em critérios humanos.
- Exercício comunitário de dons: integrar ministérios (louvor, ensino, serviço social) para que os dons sejam aplicados com sabedoria e eficácia.
- Supervisão e mentoring: líderes experientes orientam novos servidores no uso prudente dos dons.
- Avaliação de frutos: verificar se o serviço gera edificação espiritual, cuidado social e unidade da igreja.
5. Tabela expositiva
Elemento | Termo grego | Significado | Implicação teológica | Aplicação prática |
Plenitude do Espírito | πλήρεις πνεύματος | Capacitação espiritual total | Necessidade de direção divina e sensibilidade aos dons | Incentivar oração, dependência do Espírito, oração comunitária |
Sabedoria | σοφία | Discernimento prático | Exercício prudente e correto dos dons espirituais | Formação e orientação para decisões equilibradas na diaconia |
Caráter | μάρτυς / μαρτυρία | Reputação e integridade | Fundamenta confiança e eficácia do serviço | Avaliação ética e moral contínua de líderes e servidores |
Exercício dos dons | - | Manifestação espiritual prática | Deve estar subordinado à sabedoria e ao amor | Aplicar dons em contextos comunitários de forma organizada e prudente |
Resultado | At 6.7 | Crescimento da igreja | União de caráter, Espírito e sabedoria produz frutos visíveis | Integrar oração, serviço e ensino para frutificação do ministério |
6. Referências acadêmicas
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary (Baker).
- Ben Witherington III, The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary.
- F. F. Bruce, The Book of the Acts (NICNT).
- John N. Collins, Diakonia: Re-Interpreting the Ancient Sources.
- Léxicos: BDAG (para πλήρεις πνεύματος, σοφία, μάρτυς).
- Comentários sobre 1Co 12-14: enfatizam a integração de dons, sabedoria e edificação.
7. Conclusão
O serviço cristão — especialmente a diaconia — exige integração entre caráter, plenitude do Espírito e sabedoria. Exercitar dons sem prudência ou sabedoria, ou ter sabedoria sem unção, resulta em serviço incompleto. Deus deseja que o cristão viva corretamente, exerça seus dons espirituais e aplique sabedoria no serviço à igreja e à comunidade, produzindo frutos espirituais, sociais e missionais.
SINOPSE III
A escolha dos diáconos seguiu critérios espirituais, destacando caráter, fé, compromisso cristão e fervor espiritual.
AUXÍLIO VIDA CRISTÃ
REQUISITOS DOS ESCOLHIDOS
“Essa tarefa administrativa não foi tratada de modo inconsequente. Observe os requisitos dos homens que cuidariam da distribuição dos alimentos: deveriam ter boa reputação e ser cheios do Espírito Santo e de sabedoria. As pessoas que têm grandes responsabilidades e que trabalham próximas a outras devem ter estas qualidades. Devemos procurar homens e mulheres espiritualmente sábios e maduros para liderar nossas igrejas. As prioridades dos apóstolos eram corretas. O ministério da Palavra nunca deveria ser negligenciado por causa dos fardos administrativos. Os pastores não devem tentar desempenhar todas as tarefas da igreja, e ninguém deve esperar que o façam. Ao contrário, o trabalho da igreja deve ser dividido entre os membros.” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.1488).
CONCLUSÃO
Aprendemos nesta lição a importância do serviço cristão. A igreja “espiritual” é também social. Devemos nos dedicar tanto ao ministério da oração e pregação como também à assistência aos mais necessitados. A igreja que cuida da alma também deve cuidar do corpo. Deus não é glorificado na desgraça de ninguém. Se há um necessitado em nosso meio, e há, devemos considerar os princípios bíblicos ensinados nessa passagem das Escrituras para alcançá-lo. Assim, a igreja cresce como Igreja de Deus e o Senhor é glorificado.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Conclusão sobre serviço cristão (At 6.1-7)
1. Leitura do texto e ideia central
A conclusão da lição enfatiza que a igreja não pode ser reduzida apenas à espiritualidade individual ou cultos formais; ela é também social, chamada a cuidar das necessidades práticas dos membros e da comunidade. Atos 6.1-7 mostra que o crescimento da igreja depende da integração oração + pregação da Palavra + serviço social.
Lucas destaca a diaconia como ministério essencial que não compete com o espiritual, mas o complementa, fortalecendo a igreja como corpo de Cristo.
2. Fundamentos bíblicos e análise lexical
- Diaconia (διακονία, diakonia): serviço, atenção às necessidades materiais e sociais, mas sempre com dimensão espiritual (At 6.1-4).
- Plenitude do Espírito (πλήρεις πνεύματος, plēreis pneumatos): capacitação divina para discernimento e ação eficaz.
- Sabedoria (σοφία, sophia): discernimento prático aplicado ao serviço social e ministerial.
- Negligência (ἀμελεῖν, amelein): implicações do texto de Atos 6 mostram que ignorar os necessitados não é neutro — é pecado social e espiritual.
Implicação teológica: a Igreja é corpo integrado — cuidar de almas e corpos é serviço a Deus (cf. Mt 25.35-36; Tg 1.27).
3. Princípios teológicos extraídos
- Serviço integral: espiritualidade sem ação social é incompleta; cuidado social sem discernimento espiritual também falha.
- Deus é glorificado no serviço: ao cuidar dos necessitados, a igreja manifesta a glória de Deus de forma prática (At 6.7; Mt 5.16).
- Crescimento da igreja: Atos 6 mostra que o cuidado equilibrado de necessidades espirituais e sociais resulta em multiplicação de discípulos.
- Caráter e capacitação: os escolhidos para o serviço social devem ter reputação, sabedoria e plenitude do Espírito (At 6.3-5), estabelecendo padrão para todos os líderes.
4. Aplicação pessoal e comunitária
- Integração ministérios: igrejas devem equilibrar culto, ensino e ação social.
- Treinamento de diáconos: desenvolvimento espiritual, ética e discernimento.
- Serviço pessoal: cada cristão é chamado a aplicar dons e recursos em prol de quem precisa.
- Planejamento comunitário: criar estruturas para identificar necessidades sociais e responder com eficácia, evitando murmuração ou negligência.
- Evangelização prática: a diaconia é também meio de testemunho, demonstrando o amor de Cristo em ações tangíveis.
5. Tabela expositiva
Elemento
Termo grego
Significado
Implicação teológica
Aplicação prática
Serviço integral
διακονία
Ministério de atendimento às necessidades
Igreja espiritual também é social; cuidado prático glorifica a Deus
Implementar ministérios de assistência aos necessitados e evangelização prática
Plenitude do Espírito
πλήρεις πνεύματος
Capacitação divina para discernimento
Necessário para todo serviço eficaz
Oração, dependência do Espírito, sensibilidade pastoral
Sabedoria
σοφία
Discernimento prático
Permite decisões justas e eficazes
Formação e acompanhamento de líderes e servidores
Reputação
μάρτυς / μαρτυρία
Testemunho autêntico
Fundamenta confiança e legitimidade do serviço
Avaliação ética, caráter e coerência de vida dos líderes
Crescimento da igreja
At 6.7
Multiplicação de discípulos
Serviço equilibrado gera frutificação e avanço do evangelho
Combinar ensino, oração e serviço social como estratégia de crescimento
Glorificação de Deus
-
Honra divina através do cuidado
Deus é glorificado na ação prática da igreja
Promover ações que expressem o amor de Cristo e testemunho público
6. Referências acadêmicas
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary (Baker Academic).
- Ben Witherington III, The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary.
- F. F. Bruce, The Book of the Acts (NICNT).
- John N. Collins, Diakonia: Re-Interpreting the Ancient Sources.
- Léxicos: BDAG (para διακονία, πλήρεις πνεύματος, σοφία, μάρτυς).
- Comentários sobre Mt 25.35-36 e Tg 1.27: integração entre fé e ação social.
7. Conclusão
Atos 6.1-7 revela uma igreja equilibrada, onde oração, pregação e serviço social caminham juntos. O ministério da diaconia não é opcional nem secundário: é essencial para o crescimento da igreja e a glória de Deus. O caráter, a sabedoria e a plenitude do Espírito são critérios indispensáveis para qualquer liderança ou serviço cristão, mostrando que cuidar da alma e do corpo são dimensões complementares do Reino de Deus.
Conclusão sobre serviço cristão (At 6.1-7)
1. Leitura do texto e ideia central
A conclusão da lição enfatiza que a igreja não pode ser reduzida apenas à espiritualidade individual ou cultos formais; ela é também social, chamada a cuidar das necessidades práticas dos membros e da comunidade. Atos 6.1-7 mostra que o crescimento da igreja depende da integração oração + pregação da Palavra + serviço social.
Lucas destaca a diaconia como ministério essencial que não compete com o espiritual, mas o complementa, fortalecendo a igreja como corpo de Cristo.
2. Fundamentos bíblicos e análise lexical
- Diaconia (διακονία, diakonia): serviço, atenção às necessidades materiais e sociais, mas sempre com dimensão espiritual (At 6.1-4).
- Plenitude do Espírito (πλήρεις πνεύματος, plēreis pneumatos): capacitação divina para discernimento e ação eficaz.
- Sabedoria (σοφία, sophia): discernimento prático aplicado ao serviço social e ministerial.
- Negligência (ἀμελεῖν, amelein): implicações do texto de Atos 6 mostram que ignorar os necessitados não é neutro — é pecado social e espiritual.
Implicação teológica: a Igreja é corpo integrado — cuidar de almas e corpos é serviço a Deus (cf. Mt 25.35-36; Tg 1.27).
3. Princípios teológicos extraídos
- Serviço integral: espiritualidade sem ação social é incompleta; cuidado social sem discernimento espiritual também falha.
- Deus é glorificado no serviço: ao cuidar dos necessitados, a igreja manifesta a glória de Deus de forma prática (At 6.7; Mt 5.16).
- Crescimento da igreja: Atos 6 mostra que o cuidado equilibrado de necessidades espirituais e sociais resulta em multiplicação de discípulos.
- Caráter e capacitação: os escolhidos para o serviço social devem ter reputação, sabedoria e plenitude do Espírito (At 6.3-5), estabelecendo padrão para todos os líderes.
4. Aplicação pessoal e comunitária
- Integração ministérios: igrejas devem equilibrar culto, ensino e ação social.
- Treinamento de diáconos: desenvolvimento espiritual, ética e discernimento.
- Serviço pessoal: cada cristão é chamado a aplicar dons e recursos em prol de quem precisa.
- Planejamento comunitário: criar estruturas para identificar necessidades sociais e responder com eficácia, evitando murmuração ou negligência.
- Evangelização prática: a diaconia é também meio de testemunho, demonstrando o amor de Cristo em ações tangíveis.
5. Tabela expositiva
Elemento | Termo grego | Significado | Implicação teológica | Aplicação prática |
Serviço integral | διακονία | Ministério de atendimento às necessidades | Igreja espiritual também é social; cuidado prático glorifica a Deus | Implementar ministérios de assistência aos necessitados e evangelização prática |
Plenitude do Espírito | πλήρεις πνεύματος | Capacitação divina para discernimento | Necessário para todo serviço eficaz | Oração, dependência do Espírito, sensibilidade pastoral |
Sabedoria | σοφία | Discernimento prático | Permite decisões justas e eficazes | Formação e acompanhamento de líderes e servidores |
Reputação | μάρτυς / μαρτυρία | Testemunho autêntico | Fundamenta confiança e legitimidade do serviço | Avaliação ética, caráter e coerência de vida dos líderes |
Crescimento da igreja | At 6.7 | Multiplicação de discípulos | Serviço equilibrado gera frutificação e avanço do evangelho | Combinar ensino, oração e serviço social como estratégia de crescimento |
Glorificação de Deus | - | Honra divina através do cuidado | Deus é glorificado na ação prática da igreja | Promover ações que expressem o amor de Cristo e testemunho público |
6. Referências acadêmicas
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary (Baker Academic).
- Ben Witherington III, The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary.
- F. F. Bruce, The Book of the Acts (NICNT).
- John N. Collins, Diakonia: Re-Interpreting the Ancient Sources.
- Léxicos: BDAG (para διακονία, πλήρεις πνεύματος, σοφία, μάρτυς).
- Comentários sobre Mt 25.35-36 e Tg 1.27: integração entre fé e ação social.
7. Conclusão
Atos 6.1-7 revela uma igreja equilibrada, onde oração, pregação e serviço social caminham juntos. O ministério da diaconia não é opcional nem secundário: é essencial para o crescimento da igreja e a glória de Deus. O caráter, a sabedoria e a plenitude do Espírito são critérios indispensáveis para qualquer liderança ou serviço cristão, mostrando que cuidar da alma e do corpo são dimensões complementares do Reino de Deus.
REVISANDO O CONTEÚDO
1- Quais são as referências de “gregos” e “hebreus”?
“Gregos” refere-se aos judeus helenistas, que falavam grego e tinham influência da cultura grega, enquanto “hebreus” eram judeus de fala aramaica, ligados à tradição judaica de Jerusalém.
2- Quais são as duas naturezas do conflito entre os judeus gregos e hebreus?
O conflito era de natureza cultural, devido às diferenças de idioma e costumes, e de natureza social, pois as viúvas dos helenistas estavam sendo negligenciadas na distribuição diária de mantimentos.
3- Há contradição entre as esferas espiritual e social?
Não há essa contradição, onde um é mais espiritual e o outro menos. Tudo faz parte de uma única missão da Igreja.
4- Com o que a palavra “diaconia” tem a ver?
A palavra “diaconia” tem a ver mais com a função do que com a forma. Assim, em Atos 6 o que está mais em destaque é a função exercida pelos sete diáconos do cargo ou ofício ocupado por eles.
5- O que recebeu ênfase pelas exigências e qualificações exigidas para o diaconato?
Nas exigências das qualificações exigidas para o exercício do diaconato, o caráter ganha ênfase. Aqueles que iriam “cuidar das mesas” deveriam ser pessoas de “boa reputação”.
Gostou do site? Ajude-nos a manter e melhorar ainda mais este Site. Nos abençoe com Uma Oferta pelo PIX:TEL (11)97828-5171 – Seja Um Parceiro Desta Obra. “Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos dará; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”. (Lucas 6:38)
SAIBA TUDO SOBRE A ESCOLA DOMINICAL:
SAIBA TUDO SOBRE A ESCOLA DOMINICAL
EBD 3° Trimestre De 2025 | CPAD Adultos – TEMA: A IGREJA EM JERUSALÉM: Doutrina, Comunhão e Fé: A Base para o Crescimento da Igreja em meio às Perseguições | Escola Biblica Dominical | Lição 08 - Uma Igreja que enfrenta os seus problemas
Quem compromete-se com a EBD não inventa histórias, mas fala o que está escrito na Bíblia!
EBD 3° Trimestre De 2025 | CPAD Adultos – TEMA: A IGREJA EM JERUSALÉM: Doutrina, Comunhão e Fé: A Base para o Crescimento da Igreja em meio às Perseguições | Escola Biblica Dominical | Lição 08 - Uma Igreja que enfrenta os seus problemas
Quem compromete-se com a EBD não inventa histórias, mas fala o que está escrito na Bíblia!
📩 Adquira UM DOS PACOTES do acesso Vip ou arquivo avulso de qualquer ano | Saiba mais pelo Zap.
- O acesso vip foi pensado para facilitar o superintende e professores de EBD, dá a possibilidade de ter em mãos, Slides, Subsídios de todas as classes e faixas etárias. Saiba qual as opções, e adquira! Entre em contato.
- O acesso vip foi pensado para facilitar o superintende e professores de EBD, dá a possibilidade de ter em mãos, Slides, Subsídios de todas as classes e faixas etárias. Saiba qual as opções, e adquira! Entre em contato.
ADQUIRA O ACESSO VIP ou os conteúdos em pdf 👆👆👆👆👆👆 Entre em contato.
Os conteúdos tem lhe abençoado? Nos abençoe também com Uma Oferta Voluntária de qualquer valor pelo PIX: E-MAIL pecadorconfesso@hotmail.com – ou, PIX:TEL (15)99798-4063 Seja Um Parceiro Desta Obra. “Dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos dará; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”. Lucas 6:38
- ////////----------/////////--------------///////////
- ////////----------/////////--------------///////////
SUBSÍDIOS DAS REVISTAS CPAD
SUBSÍDIOS DAS REVISTAS BETEL
Adultos (sem limites de idade).
CONECTAR+ Jovens (A partir de 18 anos);
VIVER+ adolescentes (15 e 17 anos);
SABER+ Pré-Teen (9 e 11 anos)em pdf;
APRENDER+ Primários (6 e 8 anos)em pdf;
CRESCER+ Maternal (2 e 3 anos);
SUBSÍDIOS DAS REVISTAS PECC
SUBSÍDIOS DAS REVISTAS CENTRAL GOSPEL
---------------------------------------------------------
---------------------------------------------------------
- ////////----------/////////--------------///////////
COMMENTS