TEXTO ÁUREO “Respondeu, então, Pedro: Pode alguém, porventura, recusar a água, para que não sejam batizados estes que também receberam, co...
TEXTO ÁUREO
“Respondeu, então, Pedro: Pode alguém, porventura, recusar a água, para que não sejam batizados estes que também receberam, como nós, o Espírito Santo?” (At 10.47)..
VERDADE PRÁTICA
O episódio da igreja hebreia na casa do gentio Cornélio demonstra que Deus não faz acepção de pessoas.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Texto e tradução (Atos 10:47) Grego (sintético):
Ἀποκριθεὶς δὲ Πέτρος εἶπεν· μή τις δύναται ὕδωρ ἀρνησαίη ἵνα μὴ βαπτισθῶσιν οὗτοι οἱ ἐν τῷ πνεύματι, καθὰ καὶ ἡμεῖς; (Atos 10.47 — forma aproximada)
Tradução literal:
“Respondendo, pois, Pedro disse: Porventura alguém pode recusar a água para que não sejam batizados estes que também receberam o Espírito, como nós [o recebemos]?”
Análise palavra-a-palavra e observações gramaticais
(ênfase nas palavras-chave e nas nuances do grego do texto)
- Ἀποκριθεὶς (apokritheis) — “Respondendo / tendo respondido.” Particípio aoristo passivo; introduz a fala de Pedro como resposta a um evento (o derramamento do Espírito sobre os gentios).
- Πέτρος (Petros) — o apóstolo Pedro; sua autoridade apostólica é relevante: ele fala com peso deliberativo para a comunidade.
- εἶπεν (eipen) — “disse.” A fórmula narrativa padrão que destaca o conteúdo doutrinário-prático da declaração.
- μή τις (mē tis) — expressão retórica: “porventura alguém…?” aqui com sentido de pergunta enfática que espera “não” como resposta.
- δύναται (dynatai) — “pode / é capaz”; verbo de possibilidade/abilitação (presente indicativo ou potencial) — usado para marcar a improbabilidade de recusar o batismo.
- ὕδωρ (hydōr) — “água” — referência óbvia ao batismo nas águas.
- ἀρνησαίη (arnēsaiē) — aoristo subjuntivo de ἀρνέομαι (“recusar, negar”) — subjuntivo usado em orações finais/hipotéticas na linguagem de perguntas retóricas.
- ἵνα μὴ βαπτισθῶσιν (hina mē baptisthōsin) — “a fim de que não sejam batizados” — construção final/objetiva; βαπτισθῶσιν é aoristo subjuntivo passivo de βαπτίζω.
- οὗτοι οἱ ἐν τῷ πνεύματι (houtoi hoi en tō pneumati) — “estes que estão no Espírito” — expressão que identifica os destinatários pela experiência espiritual (receber o Espírito).
- καθὰ καὶ ἡμεῖς (katha kai hēmeis) — “assim como nós [o recebemos]” — comparação explícita: os gentios receberam o Espírito como os judeus/apóstolos; portanto não há base para retenção.
Observação sintética: a pergunta de Pedro é retórica e decisiva: se o Espírito de Deus já foi derramado sobre esses gentios da mesma forma que sobre os judeus/apóstolos, seria absurdo negar-lhes a iniciação pública (batismo). O argumento funciona tanto teologicamente (igualdade no dom do Espírito) quanto liturgicamente (justificação para batizar).
Principais implicações teológicas
- A evidência do Espírito precede/valida o batismo em Atos. Em Cornélio a seqüência é notável: o Espírito é concedido (10:44–46) antes do batismo com água (10:47–48). Lucas usa esse fato pastoralmente para mostrar que Deus mesmo confirmou a acolhida dos gentios — a obra do Espírito autoriza a comunidade a batizá-los. Isso questiona leituras rígidas que pretendem fixar sempre uma ordem sacramental única; em Atos a primazia é a ação de Deus.
- Igualdade e inclusão (sem acepção de pessoas). A expressão comparativa “καθὰ καὶ ἡμεῖς” torna teológico o princípio que Pedro tinha acabado de enunciar (At 10:34): Deus não faz acepção de pessoas. Receber o Espírito “como nós” torna os gentios iguais em status salvador e eclesial.
- Baptismo como reconhecimento comunitário da obra de Deus. O batismo nas águas funciona aqui como sinal público que sela a incorporação à comunidade; mas o critério decisivo para batizar não é discurso humano nem genealogia, e sim a manifestação do Espírito.
- Autoridade pastoral e discernimento carismático. Pedro, como testemunha e líder, toma a decisão litúrgico-pastoral com base no evento do Espírito. A cena mostra a responsabilidade dos líderes em discernir a ação de Deus e responder, não impor barreiras.
Nota histórica-canônica curta
Lucas constrói esta cena (visão de Pedro + derramamento do Espírito sobre os gentios + pergunta retórica de Pedro + batismo) para afirmar que a missão a gentios é parte do plano divino e que a Igreja não pode usar barreiras étnicas ou rituais para impedir a ação de Deus. Este episódio prepara o solo para decisões posteriores (p.ex. Concílio de Jerusalém – At 15) sobre a inclusão dos gentios.
Referências acadêmicas recomendadas
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento — exegese clássica e equilibrada de Atos 10.
- Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento, ed. Stanley M. Horton — detalhe exegético e contexto histórico.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva — leitura social/retórica do texto.
- John Stott — A Mensagem de Atos — leitura literária e teológica.
- Biblia de Estudo Palavra Chave Grego e Hebraico — entradas para ἀρνέομαι, βαπτίζω, πνεῦμα, δύναμαι.
- Richard Bauckham, O Mundo Cristão em torno do Novo Testamento
Aplicação pessoal e eclesial (prática)
- Contra qualquer forma de “aceitismo” ou discriminação: A pergunta de Pedro nos chama a revisar atitudes: a igreja não pode recusar pessoas que o Espírito já confirmou. Isso vale para divisões étnicas, culturais, de gênero, classe social, orientação, origem nacional, etc. Quando há evidência espiritual (fé, fruto, claro testemunho), retenções que provêm de preconceito não têm base bíblica.
- Pastorado responsável e humildade: Líderes devem aprender a discernir a obra do Espírito e a não transformar práticas humanas (rótulos, procedimentos, barreiras) em critérios absolutos para inclusão. Há espaço para ordenanças e formação, mas sem que elas se tornem muros que impeçam a ação de Deus.
- Baptismo e experiência do Espírito: A cena estimula igrejas a serem pastoralmente sensíveis: se alguém demonstra submissão, fé e evidência da obra do Espírito, a comunidade deve reconhecer e acolher — inclusive com batismo — em vez de fazer do batismo um “teste” que retarde a integração sem necessidade.
- Missão e hospitalidade: O texto é um manual anti-xenófobo: a igreja cresce quando supera fronteiras e abre suas portas (e fontes batismais) aos que Deus alcança.
Tabela expositiva (resumo prático)
Fragmento grego
Tradução / forma
Nota gramatical
Significado teológico
Aplicação prática
μή τις δύναται … ἀρνησαίη
“Porventura alguém pode recusar…”
pergunta retórica; δύναται = possibilidade; ἀρνησαίη = aor. subj.
É inadmissível recusar o batismo a quem Deus já aceitou
Não retenha batismo por motivos de preconceito; discernir o Espírito
ὕδωρ / βαπτισθῶσιν
“água” / “sejam batizados”
βαπτισθῶσιν aor. subj. pass.
Batismo = sinal comunitário de inclusão
Batizar como reconhecimento público da obra de Deus
οὗτοι οἱ ἐν τῷ πνεύματι
“estes que [estão] no Espírito”
identidade por experiência pneumatológica
O Espírito identifica e autentica crentes
Buscar evidências espirituais (fé, fruto) para acolhimento
καθὰ καὶ ἡμεῖς
“assim como nós”
comparação inclusiva
Igualdade no dom do Espírito; sem acepção de pessoas
Praticar igualdade e hospitalidade na igreja local
Texto e tradução (Atos 10:47) Grego (sintético):
Ἀποκριθεὶς δὲ Πέτρος εἶπεν· μή τις δύναται ὕδωρ ἀρνησαίη ἵνα μὴ βαπτισθῶσιν οὗτοι οἱ ἐν τῷ πνεύματι, καθὰ καὶ ἡμεῖς; (Atos 10.47 — forma aproximada)
Tradução literal:
“Respondendo, pois, Pedro disse: Porventura alguém pode recusar a água para que não sejam batizados estes que também receberam o Espírito, como nós [o recebemos]?”
Análise palavra-a-palavra e observações gramaticais
(ênfase nas palavras-chave e nas nuances do grego do texto)
- Ἀποκριθεὶς (apokritheis) — “Respondendo / tendo respondido.” Particípio aoristo passivo; introduz a fala de Pedro como resposta a um evento (o derramamento do Espírito sobre os gentios).
- Πέτρος (Petros) — o apóstolo Pedro; sua autoridade apostólica é relevante: ele fala com peso deliberativo para a comunidade.
- εἶπεν (eipen) — “disse.” A fórmula narrativa padrão que destaca o conteúdo doutrinário-prático da declaração.
- μή τις (mē tis) — expressão retórica: “porventura alguém…?” aqui com sentido de pergunta enfática que espera “não” como resposta.
- δύναται (dynatai) — “pode / é capaz”; verbo de possibilidade/abilitação (presente indicativo ou potencial) — usado para marcar a improbabilidade de recusar o batismo.
- ὕδωρ (hydōr) — “água” — referência óbvia ao batismo nas águas.
- ἀρνησαίη (arnēsaiē) — aoristo subjuntivo de ἀρνέομαι (“recusar, negar”) — subjuntivo usado em orações finais/hipotéticas na linguagem de perguntas retóricas.
- ἵνα μὴ βαπτισθῶσιν (hina mē baptisthōsin) — “a fim de que não sejam batizados” — construção final/objetiva; βαπτισθῶσιν é aoristo subjuntivo passivo de βαπτίζω.
- οὗτοι οἱ ἐν τῷ πνεύματι (houtoi hoi en tō pneumati) — “estes que estão no Espírito” — expressão que identifica os destinatários pela experiência espiritual (receber o Espírito).
- καθὰ καὶ ἡμεῖς (katha kai hēmeis) — “assim como nós [o recebemos]” — comparação explícita: os gentios receberam o Espírito como os judeus/apóstolos; portanto não há base para retenção.
Observação sintética: a pergunta de Pedro é retórica e decisiva: se o Espírito de Deus já foi derramado sobre esses gentios da mesma forma que sobre os judeus/apóstolos, seria absurdo negar-lhes a iniciação pública (batismo). O argumento funciona tanto teologicamente (igualdade no dom do Espírito) quanto liturgicamente (justificação para batizar).
Principais implicações teológicas
- A evidência do Espírito precede/valida o batismo em Atos. Em Cornélio a seqüência é notável: o Espírito é concedido (10:44–46) antes do batismo com água (10:47–48). Lucas usa esse fato pastoralmente para mostrar que Deus mesmo confirmou a acolhida dos gentios — a obra do Espírito autoriza a comunidade a batizá-los. Isso questiona leituras rígidas que pretendem fixar sempre uma ordem sacramental única; em Atos a primazia é a ação de Deus.
- Igualdade e inclusão (sem acepção de pessoas). A expressão comparativa “καθὰ καὶ ἡμεῖς” torna teológico o princípio que Pedro tinha acabado de enunciar (At 10:34): Deus não faz acepção de pessoas. Receber o Espírito “como nós” torna os gentios iguais em status salvador e eclesial.
- Baptismo como reconhecimento comunitário da obra de Deus. O batismo nas águas funciona aqui como sinal público que sela a incorporação à comunidade; mas o critério decisivo para batizar não é discurso humano nem genealogia, e sim a manifestação do Espírito.
- Autoridade pastoral e discernimento carismático. Pedro, como testemunha e líder, toma a decisão litúrgico-pastoral com base no evento do Espírito. A cena mostra a responsabilidade dos líderes em discernir a ação de Deus e responder, não impor barreiras.
Nota histórica-canônica curta
Lucas constrói esta cena (visão de Pedro + derramamento do Espírito sobre os gentios + pergunta retórica de Pedro + batismo) para afirmar que a missão a gentios é parte do plano divino e que a Igreja não pode usar barreiras étnicas ou rituais para impedir a ação de Deus. Este episódio prepara o solo para decisões posteriores (p.ex. Concílio de Jerusalém – At 15) sobre a inclusão dos gentios.
Referências acadêmicas recomendadas
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento — exegese clássica e equilibrada de Atos 10.
- Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento, ed. Stanley M. Horton — detalhe exegético e contexto histórico.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva — leitura social/retórica do texto.
- John Stott — A Mensagem de Atos — leitura literária e teológica.
- Biblia de Estudo Palavra Chave Grego e Hebraico — entradas para ἀρνέομαι, βαπτίζω, πνεῦμα, δύναμαι.
- Richard Bauckham, O Mundo Cristão em torno do Novo Testamento
Aplicação pessoal e eclesial (prática)
- Contra qualquer forma de “aceitismo” ou discriminação: A pergunta de Pedro nos chama a revisar atitudes: a igreja não pode recusar pessoas que o Espírito já confirmou. Isso vale para divisões étnicas, culturais, de gênero, classe social, orientação, origem nacional, etc. Quando há evidência espiritual (fé, fruto, claro testemunho), retenções que provêm de preconceito não têm base bíblica.
- Pastorado responsável e humildade: Líderes devem aprender a discernir a obra do Espírito e a não transformar práticas humanas (rótulos, procedimentos, barreiras) em critérios absolutos para inclusão. Há espaço para ordenanças e formação, mas sem que elas se tornem muros que impeçam a ação de Deus.
- Baptismo e experiência do Espírito: A cena estimula igrejas a serem pastoralmente sensíveis: se alguém demonstra submissão, fé e evidência da obra do Espírito, a comunidade deve reconhecer e acolher — inclusive com batismo — em vez de fazer do batismo um “teste” que retarde a integração sem necessidade.
- Missão e hospitalidade: O texto é um manual anti-xenófobo: a igreja cresce quando supera fronteiras e abre suas portas (e fontes batismais) aos que Deus alcança.
Tabela expositiva (resumo prático)
Fragmento grego | Tradução / forma | Nota gramatical | Significado teológico | Aplicação prática |
μή τις δύναται … ἀρνησαίη | “Porventura alguém pode recusar…” | pergunta retórica; δύναται = possibilidade; ἀρνησαίη = aor. subj. | É inadmissível recusar o batismo a quem Deus já aceitou | Não retenha batismo por motivos de preconceito; discernir o Espírito |
ὕδωρ / βαπτισθῶσιν | “água” / “sejam batizados” | βαπτισθῶσιν aor. subj. pass. | Batismo = sinal comunitário de inclusão | Batizar como reconhecimento público da obra de Deus |
οὗτοι οἱ ἐν τῷ πνεύματι | “estes que [estão] no Espírito” | identidade por experiência pneumatológica | O Espírito identifica e autentica crentes | Buscar evidências espirituais (fé, fruto) para acolhimento |
καθὰ καὶ ἡμεῖς | “assim como nós” | comparação inclusiva | Igualdade no dom do Espírito; sem acepção de pessoas | Praticar igualdade e hospitalidade na igreja local |
LEITURA DIÁRIA
Segunda — Rm 15.12 Os gentios no plano da salvação
Terça — At 10.34 Deus não faz acepção de pessoas
Quarta — Mc 16.15 A pregação do Evangelho a todo tipo de pessoa
Quinta — Jo 3.16 O amor de Deus por todos
Sexta — Tt 2.11 A graça salvadora dispensada a todos
Sábado — At 10.44 O Espírito derramado sobre todos
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Segunda — Romanos 15.12
“E outra vez diz Isaías: Uma raiz em Jessé haverá, e naquele que se levantar para reger os gentios, os gentios esperarão.”
- Palavra-chave: ethnē (ἔθνη) = “nações, gentios”.
- Teologia: Paulo mostra que a missão aos gentios não é acidente, mas cumprimento profético (Is 11.10). Cristo é o “Renovo de Jessé” que atrai as nações.
- Referência: F. F. Bruce comenta que Paulo lê Isaías cristologicamente: a raiz messiânica tem alcance universal.
- Aplicação: Nossa esperança em Cristo não é exclusivista. Ele reina para todos os povos — devemos refletir isso em nossa acolhida.
Terça — Atos 10.34
“E, abrindo a boca, disse Pedro: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas.”
- Palavra-chave: prosōpolēmptēs (προσωπολήπτης) = “tomador de rosto / quem julga pela aparência”.
- Teologia: O Espírito leva Pedro a uma confissão radical: a salvação não pode ser limitada por etnia ou status.
- Referência: Luke Timothy Johnson observa que este versículo é a tese central do episódio com Cornélio.
- Aplicação: Precisamos vigiar nossas barreiras culturais e eclesiásticas: o Espírito derruba muros de segregação.
Quarta — Marcos 16.15
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.”
- Palavra-chave: ktisis (κτίσις) = “criatura, criação”.
- Teologia: A missão é cósmica: toda a criação deve ouvir e ser impactada pelo Evangelho.
- Referência: Craig S. Keener, O Espírito na Igreja destaca que “toda criatura” enfatiza a abrangência da proclamação, não apenas a humanidade judaica.
- Aplicação: Nossa evangelização não pode ser seletiva. Devemos anunciar a todos, em todo lugar, sem filtros de conveniência.
Quinta — João 3.16
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira…”
- Palavra-chave: kosmos (κόσμος) = “mundo, humanidade em geral”.
- Teologia: O amor de Deus é universal; não se restringe a um grupo privilegiado. A iniciativa é divina e incondicional.
- Referência: A. Carson — O Comentário de João ressalta que kosmos em João expressa a humanidade caída, e mesmo assim alvo do amor divino.
- Aplicação: Se Deus amou o mundo inteiro, também somos chamados a amar e acolher a todos, inclusive os “difíceis”.
Sexta — Tito 2.11
“Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens.”
- Palavra-chave: pasin anthrōpois (πᾶσιν ἀνθρώποις) = “a todos os homens”.
- Teologia: A graça é revelada universalmente, mas exige resposta pessoal. Paulo vincula graça e ética cristã.
- Referência: Philip Towner observa que “todos” aqui é inclusivo, derrubando exclusivismos religiosos.
- Aplicação: A graça de Deus nos chama não apenas a receber, mas também a viver uma vida que reflete essa salvação.
Sábado — Atos 10.44
“E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra.”
- Palavra-chave: epesen (ἔπεσεν) = “caiu, desceu repentinamente”.
- Teologia: O Espírito interrompe a pregação de Pedro para mostrar que Deus já havia aceitado aqueles ouvintes gentios. É um “Pentecostes gentílico”.
- Referência: Ben Witherington III descreve este episódio como um “evento-charneira” em Atos, que abre definitivamente a missão às nações.
- Aplicação: Quando o Espírito age, nossas tradições e esquemas são desafiados. Precisamos discernir e acompanhar a obra divina.
📊 Tabela expositiva da Leitura Diária
Dia
Texto
Palavra-chave
Ênfase teológica
Aplicação prática
Seg
Rm 15.12
ethnē (nações)
Cristo é esperança também dos gentios
Incluir todos no plano de Deus
Ter
At 10.34
prosōpolēmptēs (acepção de pessoas)
Deus não discrimina
Derrubar barreiras culturais
Qua
Mc 16.15
ktisis (criatura, criação)
Evangelho para toda a criação
Evangelizar sem seletividade
Qui
Jo 3.16
kosmos (mundo)
Amor universal de Deus
Amar como Deus amou
Sex
Tt 2.11
pasin anthrōpois (a todos os homens)
Graça oferecida a todos
Viver a graça recebida
Sáb
At 10.44
epesen (caiu)
Espírito derramado sobre todos
Seguir a obra do Espírito
Segunda — Romanos 15.12
“E outra vez diz Isaías: Uma raiz em Jessé haverá, e naquele que se levantar para reger os gentios, os gentios esperarão.”
- Palavra-chave: ethnē (ἔθνη) = “nações, gentios”.
- Teologia: Paulo mostra que a missão aos gentios não é acidente, mas cumprimento profético (Is 11.10). Cristo é o “Renovo de Jessé” que atrai as nações.
- Referência: F. F. Bruce comenta que Paulo lê Isaías cristologicamente: a raiz messiânica tem alcance universal.
- Aplicação: Nossa esperança em Cristo não é exclusivista. Ele reina para todos os povos — devemos refletir isso em nossa acolhida.
Terça — Atos 10.34
“E, abrindo a boca, disse Pedro: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas.”
- Palavra-chave: prosōpolēmptēs (προσωπολήπτης) = “tomador de rosto / quem julga pela aparência”.
- Teologia: O Espírito leva Pedro a uma confissão radical: a salvação não pode ser limitada por etnia ou status.
- Referência: Luke Timothy Johnson observa que este versículo é a tese central do episódio com Cornélio.
- Aplicação: Precisamos vigiar nossas barreiras culturais e eclesiásticas: o Espírito derruba muros de segregação.
Quarta — Marcos 16.15
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.”
- Palavra-chave: ktisis (κτίσις) = “criatura, criação”.
- Teologia: A missão é cósmica: toda a criação deve ouvir e ser impactada pelo Evangelho.
- Referência: Craig S. Keener, O Espírito na Igreja destaca que “toda criatura” enfatiza a abrangência da proclamação, não apenas a humanidade judaica.
- Aplicação: Nossa evangelização não pode ser seletiva. Devemos anunciar a todos, em todo lugar, sem filtros de conveniência.
Quinta — João 3.16
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira…”
- Palavra-chave: kosmos (κόσμος) = “mundo, humanidade em geral”.
- Teologia: O amor de Deus é universal; não se restringe a um grupo privilegiado. A iniciativa é divina e incondicional.
- Referência: A. Carson — O Comentário de João ressalta que kosmos em João expressa a humanidade caída, e mesmo assim alvo do amor divino.
- Aplicação: Se Deus amou o mundo inteiro, também somos chamados a amar e acolher a todos, inclusive os “difíceis”.
Sexta — Tito 2.11
“Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens.”
- Palavra-chave: pasin anthrōpois (πᾶσιν ἀνθρώποις) = “a todos os homens”.
- Teologia: A graça é revelada universalmente, mas exige resposta pessoal. Paulo vincula graça e ética cristã.
- Referência: Philip Towner observa que “todos” aqui é inclusivo, derrubando exclusivismos religiosos.
- Aplicação: A graça de Deus nos chama não apenas a receber, mas também a viver uma vida que reflete essa salvação.
Sábado — Atos 10.44
“E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra.”
- Palavra-chave: epesen (ἔπεσεν) = “caiu, desceu repentinamente”.
- Teologia: O Espírito interrompe a pregação de Pedro para mostrar que Deus já havia aceitado aqueles ouvintes gentios. É um “Pentecostes gentílico”.
- Referência: Ben Witherington III descreve este episódio como um “evento-charneira” em Atos, que abre definitivamente a missão às nações.
- Aplicação: Quando o Espírito age, nossas tradições e esquemas são desafiados. Precisamos discernir e acompanhar a obra divina.
📊 Tabela expositiva da Leitura Diária
Dia | Texto | Palavra-chave | Ênfase teológica | Aplicação prática |
Seg | Rm 15.12 | ethnē (nações) | Cristo é esperança também dos gentios | Incluir todos no plano de Deus |
Ter | At 10.34 | prosōpolēmptēs (acepção de pessoas) | Deus não discrimina | Derrubar barreiras culturais |
Qua | Mc 16.15 | ktisis (criatura, criação) | Evangelho para toda a criação | Evangelizar sem seletividade |
Qui | Jo 3.16 | kosmos (mundo) | Amor universal de Deus | Amar como Deus amou |
Sex | Tt 2.11 | pasin anthrōpois (a todos os homens) | Graça oferecida a todos | Viver a graça recebida |
Sáb | At 10.44 | epesen (caiu) | Espírito derramado sobre todos | Seguir a obra do Espírito |
HINOS SUGERIDOS: 392, 361 e 614 da Harpa Cristã.
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LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 10.1-8,21-23,44-48.
1 — E havia em Cesareia um varão por nome Cornélio, centurião da coorte chamada Italiana,
2 — piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo e, de contínuo, orava a Deus.
3 — Este, quase à hora nona do dia, viu claramente numa visão um anjo de Deus, que se dirigia para ele e dizia: Cornélio!
4 — Este, fixando os olhos nele e muito atemorizado, disse: Que é, Senhor? E o anjo lhe disse: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus.
5 — Agora, pois, envia homens a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro.
6 — Este está com um certo Simão, curtidor, que tem a sua casa junto do mar. Ele te dirá o que deves fazer.
7 — E, retirando-se o anjo que lhe falava, chamou dois dos seus criados e a um piedoso soldado dos que estavam ao seu serviço.
8 — E, havendo-lhes contado tudo, os enviou a Jope.
21 — E, descendo Pedro para junto dos varões que lhe foram enviados por Cornélio, disse: Sou eu a quem procurais; qual é a causa por que estais aqui?
22 — E eles disseram: Cornélio, o centurião, varão justo e temente a Deus e que tem bom testemunho de toda a nação dos judeus, foi avisado por um santo anjo para que te chamasse a sua casa e ouvisse as tuas palavras.
23 — Então, chamando-os para dentro, os recebeu em casa. No dia seguinte, foi Pedro com eles, e foram com ele alguns irmãos de Jope.
44 — E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra.
45 — E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios.
46 — Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus.
47 — Respondeu, então, Pedro: Pode alguém, porventura, recusar a água, para que não sejam batizados estes que também receberam, como nós, o Espírito Santo?
48 — E mandou que fossem batizados em nome do Senhor. Então, rogaram-lhe que ficasse com eles por alguns dias.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Atos 10.1–8; 21–23; 44–48
A passagem de Atos 10 (o chamado de Cornélio, a visão de Pedro, a descida do Espírito sobre gentios e o batismo) é um texto-chave para a pneumatologia, a eclesiologia e a missão: mostra que Deus abre a comunidade cristã a não-judeus por iniciativa divina (visões, dom do Espírito) — e que a igreja deve reconhecer e confirmar esse agir por meio do batismo. Para muitas leituras históricas e teológicas, o episódio sela a ruptura com a exclusividade étnico-ritual e funda a universalidade da boa-nova.
1. Contexto histórico-cultural (síntese)
- Cornélio é apresentado como centurião “da coorte chamada Italiana” (Κοορτής Italiana). A referência a uma cohors Italica tem respaldo no texto e foi objeto de discussão entre historiadores (identificação exata e datas da presença de unidades com esse nome em Cesareia são discutidas, mas a unidade militar e a posição de Cornélio como oficial romano são historicamente plausíveis). A referência realça que o primeiro anúncio público bem-sucedido a gentios é feito numa casa oficial romana, em Cesareia.
- O ambiente social: Cesareia era capital provincial e ponto de encontro entre judeus e impérios romanos; um centurião podia ser “temente a Deus” (um God-fearer) sem converter-se ao judaísmo — o texto descreve Cornélio como alguém de oração e esmolas, uma imagem de religiosidade prática.
2. Leitura sintética do roteiro literário em Atos 10
- (10:1–8) Visão de Cornélio: chamado, instrução para buscar Pedro.
- (10:9–20 — visão de Pedro, limpeza simbólica) — Pedro recebe uma revelação que quebra tabus alimentares e prepara-o para ir aos gentios.
- (10:21–23) Pedro aceita os mensageiros e parte com irmãos; vai a Cesareia.
- (10:34–43) Pregação de Pedro: “Deus não faz acepção de pessoas”; evangelho de Jesus.
- (10:44–48) Enquanto Pedro fala, o Espírito Santo cai sobre os gentios; os judeus presentes se espantam; Pedro ordena o batismo.
3. Pontos exegéticos e lexical-gramaticais (palavras chave)
A seguir, com breves notas lexicais (ordem: grego, translit., Strong / comentário sucinto):
- εὐσεβής / εὐσέβεια (devoto, piedoso) — eusebḗs / eusebeía (G2152 / G2150). Indica reverência a Deus manifestada em vida — aqui, Cornélio é descrito como “piedoso/temeroso de Deus”, isto é, alguém que pratica religiosidade sincera (oração, esmolas).
- ἐλεημοσύνη (esmolas/obras de misericórdia) — eleēmosýnē (G1654): dá ênfase à prática caritativa como expressão de piedade (At 10:2). Serve para caracterizar Cornélio como alguém cuja religiosidade é socialmente visível.
- ὕδωρ / βαπτίζω (água / baptizar) — hydōr (G5204) e baptízō (G907). Em Atos 10:47 Pedro fala de “τὸ ὕδωρ” (= a água, metonímia para o rito do batismo): isto é, o batismo em água é o ato litúrgico que confirma a recepção do dom do Espírito.
- κωλύω (impedir, recusar) — kōlúō (G2967): “impedir/obstar/recusar”; Pedro usa a forma retórica: “Μήτι τὸ ὕδωρ δύναται κωλῦσαί τις…?” — pergunta que pressupõe a resposta negativa (ninguém pode impedir). A palavra sublinha a ideia de que resistir ao batismo, depois que Deus deu o Espírito, seria opor-se ao próprio agir divino.
- τοῦ μὴ βαπτισθῆναι (articular infinitive: ‘o não ser batizados’) — a construção τοῦ + infinitivo substantiva o ato (o “fato” que poderia ser impedido). Do ponto de vista sintático, Wallace observa a frequência e a função do infinitivo articular em estruturas resultais/purposeiras; aqui converte o infinitivo em objeto da ideia “impedir”.
- τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον ἔλαβον (receber o Espírito Santo — ἔλαβον = aoristo de λαμβάνω) — to pneuma to hagion elabon (G4151; G40; G2983): o aoristo “ἔλαβον” indica ação consumada: o dom do Espírito já ocorreu nos gentios — fato objetivo que justifica a ordenação do batismo.
4. Exegese detalhada (por blocos de versículos)
a) Atos 10.1–8 — Cornélio: o “piedoso” gentio chamado por Deus
- Observação textual: o texto descreve Cornélio como “piedoso, temente a Deus” (oração contínua, esmolas), e relata uma visão angelical que ordena enviar a Jope por Pedro. A ênfase está na resposta de Deus às práticas piedosas — Deus “ouve” as orações e vê as esmolas como memória diante dele (v.4). Isso prepara o leitor para o fato de que Deus encontra pessoas fiéis fora do espaço judaico ritual.
- Teologia prática: a salvação não é confinada a observância étnica; Deus atende à fé e à misericórdia translúcida em não-judeus. Pastoralmente, a igreja deve reconhecer lugares inesperados da graça.
b) Atos 10.21–23 — Pedro acolhe os mensageiros
- Observação textual: Pedro declara “sou eu a quem procurais” e aceita ir com eles depois de ouvir que Cornélio fora avisado por um anjo. A narrativa mostra obediência progressiva de Pedro: a visão (10:9–16) foi pedagógica; agora ele percebe que deve ir.
- Implicação teológica: as revelações (visões) são parte do processo pelo qual a igreja aprende a ampliar seus limites — Deus usa sonhos/visões tanto com o gentio quanto com o apóstolo.
c) Atos 10.44–48 — O Espírito desce; a reação e o batismo
- Fato narrativo: “Enquanto Pedro ainda falava, o Espírito Santo caiu sobre todos os que ouviam a palavra” (v.44). A descida do Espírito ocorre antes do batismo em água. Esse fato narrativo é crucial: Deus dá o Espírito independentemente do rito; o batismo segue como reconhecimento e inclusão litúrgica.
- Reação dos judeus crentes: os presentes (fiéis da circuncisão) se maravilham porque o dom se derrama sobre gentios (v.45). O sinal perceptível — falar em línguas e louvar a Deus (v.46) — é paralelo ao Pentecostes e funciona como prova pública.
- Interpretação teológica: muitos comentaristas (Dunn, Beasley-Murray, Keener, Bruce) observam que o texto sublinha a primazia do Espírito como critério de pertença; o batismo em água é, então, o selo/adoção pública. Há diversidade de leituras: alguns (p.ex. Dunn) enfatizam que receber o Espírito é o elemento central na iniciação cristã; outros, ao analisar a prática sacramental, veem o batismo como indispensável mas contextualizado pela ação do Espírito.
- Pedro e a pergunta retórica (10:47) — frase: Μήτι τὸ ὕδωρ δύναται κωλῦσαί τις τοῦ μὴ βαπτισθῆναι τούτους…? — Pedro usa uma pergunta retórica para dizer: “ninguém pode obstar a que se batizem estes, pois já receberam o Espírito como nós”. A força argumentativa é: se Deus concedeu o Espírito, os regulamentos humanos não podem impedir o rito que identifica a comunidade.
5. Aplicação pastoral e pessoal (prática)
- Discernimento do Espírito: construir ministérios eclesiais sensíveis às evidências do Espírito (arrependimento, fé plausível, frutos ou carismas) e prontos a acolher novos irmãos — evitando travas culturais/étnicas. (Atos 10 demonstra que a igreja deve seguir onde o Espírito age).
- Batismo como confirmação pública: o batismo continua sendo a ação sacramental/celebrativa que integra; não se deve usá-lo como instrumento para “testar” Deus ou bloquear a ação do Espírito. Onde a comunidade reconhece o Espírito atuando, o batismo deve ser oferecido.
- Missão e hospitalidade: Cornélio era um “outro” social; a história desafia a comunidade a abrir a casa (metáfora e prática) aos estrangeiros, aos marginalizados e aos que já estão sendo tocados por Deus fora dos nossos círculos.
6. Tabela expositiva (verso a verso — leitura selecionada)
Versículos
Texto (PT, resumo)
Palavras-chave / grego (translit.)
Observação lexical/sintática
Tema teológico
Aplicação prática
10:1–2
Cornélio — centurião, piedoso, orava, dava esmolas
εὐσεβής (eusebḗs, G2152); ἐλεημοσύνη (eleēmosýnē, G1654)
“Piedoso” = atitude reverente; “esmolas” = obra concreta de piedade.
Piedade prática fora do judaísmo; preparação divina
Reconhecer a piedade e frutos fora da nossa tradição; campo missionário
10:3–8
Visão de Cornélio; enviar a Joppa por Pedro
ἄγγελος (ángelos); ordem divina
A ação de Deus inicia a ponte entre Cornélio e Pedro
Deus escolhe e dirige (iniciativa divina)
Valorizar instruções/“portas” divinas inusitadas
10:9–20
Visão de Pedro (limpeza) prepara a ida
ὁράω/φαγεῖν (ver/comer) — símbolo da inclusão
Visão pedagógica para quebrar tabus alimentares
Preparação para missão aos gentios
Formação para mudança de paradigma cultural
10:21–23
Pedro aceita; vai com irmãos
ἀποστελλω (enviado)
Obediência progressiva a revelação
Comunhão apostólica na missão
Caminhar em obediência comunitária às direções do Espírito
10:44–46
Espírito desce sobre ouvintes; falam em línguas
τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον ἐπέπεσεν; ἔλαβον (aor.)
O dom do Espírito é fato consumado antes do batismo
Pneumatologia: o Espírito inaugura inclusão
Ouvir o Espírito; sinais públicos confirmam ação divina
10:47–48
Pedro: “alguém pode impedir a água?”; batizam
Μήτι τὸ ὕδωρ δύναται κωλῦσαί τις… (kōlúō G2967)
Pergunta retórica; τοῦ + inf. = “o não ser batizados”
Batismo como reconhecimento litúrgico da obra do Espírito
Não usar procedimentos humanos para bloquear o que Deus fez
(Fontes lexicais: Bíblia de Estudo Palavra Chave; gramática: Wallace; comentários: Keener, F.F. Bruce, Marshall, Witherington; estudos sobre batismo: Dunn, Beasley-Murray.)
7. Bibliografia comentada (seleção para estudo aprofundado)
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento — estudo exegético e cultural detalhado; leitura indispensável para contexto social e histórico.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento — comentário clássico, equilibrado teológica e historicamente.
- John Stott — A Mensagem de Atos — síntese acessível e sólida para pregadores/estudantes.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva — análises sociais e retóricas úteis para entender a recepção do texto.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento — discussão clássica sobre a relação entre batismo em água e batismo no Espírito (útil para questões teológicas sobre Atos 10).
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD). — abordagem histórica-teológica ampla sobre o batismo (útil para sacramentalidade).
- Biblia de Estudo Palavra Chave Grego e Hebraico — referência sintática para construções como τοῦ + infinitivo.
8. Conclusão
Atos 10 apresenta um conjunto de sinais (visões, oração/esmolas de Cornélio, dom do Espírito, fala em línguas) que funcionam como prova objetiva da iniciativa de Deus em incluir gentios. Pedro, reconhecendo que o Espírito precedeu o rito, responde ordenando o batismo — mostrando que o papel da comunidade é confirmar liturgicamente o que Deus já realizou. O texto nos desafia a uma igreja que discernir o Espírito, abrace a missão e deixe que o sinal do Espírito seja o critério de inclusão, não as fronteiras humanas.
Atos 10.1–8; 21–23; 44–48
A passagem de Atos 10 (o chamado de Cornélio, a visão de Pedro, a descida do Espírito sobre gentios e o batismo) é um texto-chave para a pneumatologia, a eclesiologia e a missão: mostra que Deus abre a comunidade cristã a não-judeus por iniciativa divina (visões, dom do Espírito) — e que a igreja deve reconhecer e confirmar esse agir por meio do batismo. Para muitas leituras históricas e teológicas, o episódio sela a ruptura com a exclusividade étnico-ritual e funda a universalidade da boa-nova.
1. Contexto histórico-cultural (síntese)
- Cornélio é apresentado como centurião “da coorte chamada Italiana” (Κοορτής Italiana). A referência a uma cohors Italica tem respaldo no texto e foi objeto de discussão entre historiadores (identificação exata e datas da presença de unidades com esse nome em Cesareia são discutidas, mas a unidade militar e a posição de Cornélio como oficial romano são historicamente plausíveis). A referência realça que o primeiro anúncio público bem-sucedido a gentios é feito numa casa oficial romana, em Cesareia.
- O ambiente social: Cesareia era capital provincial e ponto de encontro entre judeus e impérios romanos; um centurião podia ser “temente a Deus” (um God-fearer) sem converter-se ao judaísmo — o texto descreve Cornélio como alguém de oração e esmolas, uma imagem de religiosidade prática.
2. Leitura sintética do roteiro literário em Atos 10
- (10:1–8) Visão de Cornélio: chamado, instrução para buscar Pedro.
- (10:9–20 — visão de Pedro, limpeza simbólica) — Pedro recebe uma revelação que quebra tabus alimentares e prepara-o para ir aos gentios.
- (10:21–23) Pedro aceita os mensageiros e parte com irmãos; vai a Cesareia.
- (10:34–43) Pregação de Pedro: “Deus não faz acepção de pessoas”; evangelho de Jesus.
- (10:44–48) Enquanto Pedro fala, o Espírito Santo cai sobre os gentios; os judeus presentes se espantam; Pedro ordena o batismo.
3. Pontos exegéticos e lexical-gramaticais (palavras chave)
A seguir, com breves notas lexicais (ordem: grego, translit., Strong / comentário sucinto):
- εὐσεβής / εὐσέβεια (devoto, piedoso) — eusebḗs / eusebeía (G2152 / G2150). Indica reverência a Deus manifestada em vida — aqui, Cornélio é descrito como “piedoso/temeroso de Deus”, isto é, alguém que pratica religiosidade sincera (oração, esmolas).
- ἐλεημοσύνη (esmolas/obras de misericórdia) — eleēmosýnē (G1654): dá ênfase à prática caritativa como expressão de piedade (At 10:2). Serve para caracterizar Cornélio como alguém cuja religiosidade é socialmente visível.
- ὕδωρ / βαπτίζω (água / baptizar) — hydōr (G5204) e baptízō (G907). Em Atos 10:47 Pedro fala de “τὸ ὕδωρ” (= a água, metonímia para o rito do batismo): isto é, o batismo em água é o ato litúrgico que confirma a recepção do dom do Espírito.
- κωλύω (impedir, recusar) — kōlúō (G2967): “impedir/obstar/recusar”; Pedro usa a forma retórica: “Μήτι τὸ ὕδωρ δύναται κωλῦσαί τις…?” — pergunta que pressupõe a resposta negativa (ninguém pode impedir). A palavra sublinha a ideia de que resistir ao batismo, depois que Deus deu o Espírito, seria opor-se ao próprio agir divino.
- τοῦ μὴ βαπτισθῆναι (articular infinitive: ‘o não ser batizados’) — a construção τοῦ + infinitivo substantiva o ato (o “fato” que poderia ser impedido). Do ponto de vista sintático, Wallace observa a frequência e a função do infinitivo articular em estruturas resultais/purposeiras; aqui converte o infinitivo em objeto da ideia “impedir”.
- τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον ἔλαβον (receber o Espírito Santo — ἔλαβον = aoristo de λαμβάνω) — to pneuma to hagion elabon (G4151; G40; G2983): o aoristo “ἔλαβον” indica ação consumada: o dom do Espírito já ocorreu nos gentios — fato objetivo que justifica a ordenação do batismo.
4. Exegese detalhada (por blocos de versículos)
a) Atos 10.1–8 — Cornélio: o “piedoso” gentio chamado por Deus
- Observação textual: o texto descreve Cornélio como “piedoso, temente a Deus” (oração contínua, esmolas), e relata uma visão angelical que ordena enviar a Jope por Pedro. A ênfase está na resposta de Deus às práticas piedosas — Deus “ouve” as orações e vê as esmolas como memória diante dele (v.4). Isso prepara o leitor para o fato de que Deus encontra pessoas fiéis fora do espaço judaico ritual.
- Teologia prática: a salvação não é confinada a observância étnica; Deus atende à fé e à misericórdia translúcida em não-judeus. Pastoralmente, a igreja deve reconhecer lugares inesperados da graça.
b) Atos 10.21–23 — Pedro acolhe os mensageiros
- Observação textual: Pedro declara “sou eu a quem procurais” e aceita ir com eles depois de ouvir que Cornélio fora avisado por um anjo. A narrativa mostra obediência progressiva de Pedro: a visão (10:9–16) foi pedagógica; agora ele percebe que deve ir.
- Implicação teológica: as revelações (visões) são parte do processo pelo qual a igreja aprende a ampliar seus limites — Deus usa sonhos/visões tanto com o gentio quanto com o apóstolo.
c) Atos 10.44–48 — O Espírito desce; a reação e o batismo
- Fato narrativo: “Enquanto Pedro ainda falava, o Espírito Santo caiu sobre todos os que ouviam a palavra” (v.44). A descida do Espírito ocorre antes do batismo em água. Esse fato narrativo é crucial: Deus dá o Espírito independentemente do rito; o batismo segue como reconhecimento e inclusão litúrgica.
- Reação dos judeus crentes: os presentes (fiéis da circuncisão) se maravilham porque o dom se derrama sobre gentios (v.45). O sinal perceptível — falar em línguas e louvar a Deus (v.46) — é paralelo ao Pentecostes e funciona como prova pública.
- Interpretação teológica: muitos comentaristas (Dunn, Beasley-Murray, Keener, Bruce) observam que o texto sublinha a primazia do Espírito como critério de pertença; o batismo em água é, então, o selo/adoção pública. Há diversidade de leituras: alguns (p.ex. Dunn) enfatizam que receber o Espírito é o elemento central na iniciação cristã; outros, ao analisar a prática sacramental, veem o batismo como indispensável mas contextualizado pela ação do Espírito.
- Pedro e a pergunta retórica (10:47) — frase: Μήτι τὸ ὕδωρ δύναται κωλῦσαί τις τοῦ μὴ βαπτισθῆναι τούτους…? — Pedro usa uma pergunta retórica para dizer: “ninguém pode obstar a que se batizem estes, pois já receberam o Espírito como nós”. A força argumentativa é: se Deus concedeu o Espírito, os regulamentos humanos não podem impedir o rito que identifica a comunidade.
5. Aplicação pastoral e pessoal (prática)
- Discernimento do Espírito: construir ministérios eclesiais sensíveis às evidências do Espírito (arrependimento, fé plausível, frutos ou carismas) e prontos a acolher novos irmãos — evitando travas culturais/étnicas. (Atos 10 demonstra que a igreja deve seguir onde o Espírito age).
- Batismo como confirmação pública: o batismo continua sendo a ação sacramental/celebrativa que integra; não se deve usá-lo como instrumento para “testar” Deus ou bloquear a ação do Espírito. Onde a comunidade reconhece o Espírito atuando, o batismo deve ser oferecido.
- Missão e hospitalidade: Cornélio era um “outro” social; a história desafia a comunidade a abrir a casa (metáfora e prática) aos estrangeiros, aos marginalizados e aos que já estão sendo tocados por Deus fora dos nossos círculos.
6. Tabela expositiva (verso a verso — leitura selecionada)
Versículos | Texto (PT, resumo) | Palavras-chave / grego (translit.) | Observação lexical/sintática | Tema teológico | Aplicação prática |
10:1–2 | Cornélio — centurião, piedoso, orava, dava esmolas | εὐσεβής (eusebḗs, G2152); ἐλεημοσύνη (eleēmosýnē, G1654) | “Piedoso” = atitude reverente; “esmolas” = obra concreta de piedade. | Piedade prática fora do judaísmo; preparação divina | Reconhecer a piedade e frutos fora da nossa tradição; campo missionário |
10:3–8 | Visão de Cornélio; enviar a Joppa por Pedro | ἄγγελος (ángelos); ordem divina | A ação de Deus inicia a ponte entre Cornélio e Pedro | Deus escolhe e dirige (iniciativa divina) | Valorizar instruções/“portas” divinas inusitadas |
10:9–20 | Visão de Pedro (limpeza) prepara a ida | ὁράω/φαγεῖν (ver/comer) — símbolo da inclusão | Visão pedagógica para quebrar tabus alimentares | Preparação para missão aos gentios | Formação para mudança de paradigma cultural |
10:21–23 | Pedro aceita; vai com irmãos | ἀποστελλω (enviado) | Obediência progressiva a revelação | Comunhão apostólica na missão | Caminhar em obediência comunitária às direções do Espírito |
10:44–46 | Espírito desce sobre ouvintes; falam em línguas | τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον ἐπέπεσεν; ἔλαβον (aor.) | O dom do Espírito é fato consumado antes do batismo | Pneumatologia: o Espírito inaugura inclusão | Ouvir o Espírito; sinais públicos confirmam ação divina |
10:47–48 | Pedro: “alguém pode impedir a água?”; batizam | Μήτι τὸ ὕδωρ δύναται κωλῦσαί τις… (kōlúō G2967) | Pergunta retórica; τοῦ + inf. = “o não ser batizados” | Batismo como reconhecimento litúrgico da obra do Espírito | Não usar procedimentos humanos para bloquear o que Deus fez |
(Fontes lexicais: Bíblia de Estudo Palavra Chave; gramática: Wallace; comentários: Keener, F.F. Bruce, Marshall, Witherington; estudos sobre batismo: Dunn, Beasley-Murray.)
7. Bibliografia comentada (seleção para estudo aprofundado)
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento — estudo exegético e cultural detalhado; leitura indispensável para contexto social e histórico.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento — comentário clássico, equilibrado teológica e historicamente.
- John Stott — A Mensagem de Atos — síntese acessível e sólida para pregadores/estudantes.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva — análises sociais e retóricas úteis para entender a recepção do texto.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento — discussão clássica sobre a relação entre batismo em água e batismo no Espírito (útil para questões teológicas sobre Atos 10).
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD). — abordagem histórica-teológica ampla sobre o batismo (útil para sacramentalidade).
- Biblia de Estudo Palavra Chave Grego e Hebraico — referência sintática para construções como τοῦ + infinitivo.
8. Conclusão
Atos 10 apresenta um conjunto de sinais (visões, oração/esmolas de Cornélio, dom do Espírito, fala em línguas) que funcionam como prova objetiva da iniciativa de Deus em incluir gentios. Pedro, reconhecendo que o Espírito precedeu o rito, responde ordenando o batismo — mostrando que o papel da comunidade é confirmar liturgicamente o que Deus já realizou. O texto nos desafia a uma igreja que discernir o Espírito, abrace a missão e deixe que o sinal do Espírito seja o critério de inclusão, não as fronteiras humanas.
PLANO DE AULA
1- INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos um dos momentos mais marcantes da história da Igreja: a visita do apóstolo Pedro à casa do centurião Cornélio. Esse episódio revela que o plano de salvação em Cristo não está restrito a um povo ou cultura, mas se estende a todas as nações. Através da ação do Espírito Santo, Deus rompe barreiras étnicas e culturais, mostrando que não faz acepção de pessoas. Veremos como a mensagem do Evangelho alcançou os gentios com poder, a partir da igreja em Jerusalém.
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Mostrar que Deus incluiu os gentios em seu plano de salvação;
II) Ressaltar que a salvação é oferecida a todos os que creem em Jesus, independentemente de sua origem étnica ou cultural;
III) Enfatizar a obra do Espírito Santo como confirmação do agir de Deus entre os gentios, demonstrando que o Pentecostes não foi exclusivo dos judeus.
B) Motivação: A lição de hoje nos mostra que o Evangelho rompe barreiras e convida a Igreja a viver a missão com abertura, compaixão e obediência ao Espírito. Que nossos corações estejam sensíveis à voz de Deus e prontos a levar sua salvação a todos.
C) Sugestão de Método: Para reforçar o ensino do Tópico III — O Espírito Derramado sobre os Gentios, você pode aplicar o método comparativo reflexivo. Sugerimos que utilize um quadro ou cartolina com duas colunas: uma para o Pentecostes entre os judeus (Atos 2) e outra para o Pentecostes entre os gentios (Atos 10). Peça que os alunos apontem elementos em comum, como o derramamento do Espírito, o falar em línguas e a manifestação da presença de Deus. Após essa análise, promova um momento de reflexão em grupo: “O que essa igualdade espiritual entre judeus e gentios nos ensina sobre o agir de Deus hoje?”. Isso fortalecerá a compreensão doutrinária e despertará a aplicação pessoal do ensino.
3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: A presente lição nos convida a que tenhamos corações abertos à direção do Espírito e dispostos a acolher todos aqueles que Deus chama para o seu Reino.
4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 102, p.41, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto “Cornélio e Pedro”, localizado depois do primeiro tópico, aprofunda a reflexão a respeito da evangelização dos gentios e do derramamento do Espírito sobre eles; 2) O texto “Deus não faz acepção de pessoas”, ao final do terceiro tópico, amplia a reflexão sobre a aceitação de Deus a respeito de todos os que confessam o Senhor Jesus sob o poder do Espírito Santo.
DINAMICA EXTRA
Comentário de Hubner Braz
🎲 Dinâmica: “A Porta Aberta”
🎯 Objetivo
Demonstrar que o Evangelho rompe barreiras culturais, sociais e religiosas, e que Deus chama a Igreja a acolher todos, sem acepção.
📌 Materiais
- Uma porta improvisada (pode ser um arco feito com cadeira e lençol, ou até desenhar uma porta em cartolina).
- Papéis com diferentes “identidades” escritas:
- Judeu
- Gentio
- Rico
- Pobre
- Estrangeiro
- Doente
- Homem
- Mulher
- Criança
📖 Passos
- Introdução: O líder explica que, para os judeus, os gentios eram considerados “de fora”, e a casa de Cornélio era vista como lugar proibido. Mas em Atos 10, Deus mostrou a Pedro que o Evangelho era para todos.
- A Porta: Coloque a porta no centro da sala. Os participantes, um por vez, pegam um papel com uma identidade (sem mostrar ao grupo) e se posicionam diante da porta.
- Decisão: Antes de atravessar, o grupo deve dizer se, humanamente, aquela identidade seria aceita ou rejeitada pelos judeus da época. Depois, a pessoa atravessa a porta e o líder diz:
“Em Cristo, todos são bem-vindos. Deus não faz acepção de pessoas.”
- Reflexão final: Após todos passarem, leia Atos 10.34-35 e destaque que o Espírito Santo foi derramado sobre gentios e judeus, inaugurando a universalidade da Igreja.
💡 Aplicação
- A porta simboliza Cristo (Jo 10.9), que abriu acesso a todos.
- Não podemos manter fechada a porta que Deus abriu.
- Nossa igreja local deve ser espaço de acolhimento, não de barreiras.
📊 Ligação com a Lição
- Pedro e Cornélio → barreiras culturais derrubadas.
- O Espírito Santo sobre os gentios → selo da inclusão divina.
- Igreja hoje → chamada a ser missionária e inclusiva.
🎲 Dinâmica: “A Porta Aberta”
🎯 Objetivo
Demonstrar que o Evangelho rompe barreiras culturais, sociais e religiosas, e que Deus chama a Igreja a acolher todos, sem acepção.
📌 Materiais
- Uma porta improvisada (pode ser um arco feito com cadeira e lençol, ou até desenhar uma porta em cartolina).
- Papéis com diferentes “identidades” escritas:
- Judeu
- Gentio
- Rico
- Pobre
- Estrangeiro
- Doente
- Homem
- Mulher
- Criança
📖 Passos
- Introdução: O líder explica que, para os judeus, os gentios eram considerados “de fora”, e a casa de Cornélio era vista como lugar proibido. Mas em Atos 10, Deus mostrou a Pedro que o Evangelho era para todos.
- A Porta: Coloque a porta no centro da sala. Os participantes, um por vez, pegam um papel com uma identidade (sem mostrar ao grupo) e se posicionam diante da porta.
- Decisão: Antes de atravessar, o grupo deve dizer se, humanamente, aquela identidade seria aceita ou rejeitada pelos judeus da época. Depois, a pessoa atravessa a porta e o líder diz:
“Em Cristo, todos são bem-vindos. Deus não faz acepção de pessoas.” - Reflexão final: Após todos passarem, leia Atos 10.34-35 e destaque que o Espírito Santo foi derramado sobre gentios e judeus, inaugurando a universalidade da Igreja.
💡 Aplicação
- A porta simboliza Cristo (Jo 10.9), que abriu acesso a todos.
- Não podemos manter fechada a porta que Deus abriu.
- Nossa igreja local deve ser espaço de acolhimento, não de barreiras.
📊 Ligação com a Lição
- Pedro e Cornélio → barreiras culturais derrubadas.
- O Espírito Santo sobre os gentios → selo da inclusão divina.
- Igreja hoje → chamada a ser missionária e inclusiva.
INTRODUÇÃO
Nesta semana, estudaremos sobre como a igreja judaica de Jerusalém deu um passo gigantesco quando foi chamada por Deus para compartilhar sua fé com pessoas de outras nações. O apóstolo Pedro foi escolhido divinamente para pregar as Boas-Novas da salvação aos gentios, o que na época não era aceitável. Atos 10 é uma das mais impressionantes histórias da Bíblia, onde fica evidente o grande amor e graça de Deus em salvar a todos aqueles que demonstrem fé na pessoa do seu bendito Filho, Jesus Cristo. Lucas destaca em seu livro que os gentios foram salvos e receberam o dom do Espírito da mesma forma que os judeus no Pentecostes.
Palavra-Chave: ACEITAÇÃO
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Visão geral temática
A narrativa de Atos 10 (Cornélio e Pedro) é um ponto de virada narrativa e teológico no livro de Atos: demonstra a abertura do plano salvífico de Deus para além dos limites étnicos de Israel e institui critérios divinos de aceitação que não coincidem com categorias sociais ou cerimoniais.
A aceitação por Deus se manifesta historicamente por sinais (a descida do Espírito) e liturgicamente por práticas da comunidade (batismo). Lucas usa a experiência de Cornélio como paradigma para a expansão da igreja para as nações.
Leitura narrativa: estrutura e pontos-chave
- Cornélio (Atos 10:1–8) – homem temente a Deus, com oração e esmolas; recebe visão que o envia a procurar Pedro. Mostra que Deus já estava trabalhando no mundo gentil antes do encontro.
- Pedro (Atos 10:9–16) – recebe visão com o lençol e os animais impuros; é instruído a não chamar comum o que Deus purificou. A visão altera categorias rituais, preparando Pedro para aceitar gentios.
- Encontro (Atos 10:17–33) – Pedro vai à casa de Cornélio, enfrenta sua própria resistência cultural, mas declara: “Agora percebo que Deus não faz acepção de pessoas.”
- Pregação e descida do Espírito (Atos 10:34–44) – o evangelho é pregado; o Espírito desce sobre os gentios exatamente como em Pentecostes; é o sinal da aceitação divina.
- Batismo (Atos 10:45–48) – a comunidade reconhece o sinal e ordena o batismo: aceitação visível e sacramental.
Comentário exegético e teológico (passagens-chave)
1) Atos 10:9–16 — A visão de Pedro (lençol e animais)
Observação narrativa: A visão trabalha sobre categorias alimentares e de pureza — símbolos que representavam barreiras sociais e religiosas.
Palavras e análise linguística:
- ὁράω / ὁρά (horao) — visão, revelação. A revelação não é apenas intelectual: é experiencial e formativa.
- κοινὸν / ἄτιμον (koinon / atimon) — “comum / impuro”: na visão, a ordem para não chamar comum aquilo que Deus purificou subverte juízos rituais. A linguagem remete à esfera cerimonial judaica.
Teologia: Deus redefine fronteiras religiosas: o que era socialmente excluído pode ser incluído quando Deus o purifica. A visão prepara Pedro para entender que critérios de aceitação divina não se reduzem a observância cerimonial.
Aplicação imediata: Devemos avaliar quais categorias culturais ou rituais hoje nos impedem de perceber a ação de Deus entre “outros”.
2) Atos 10:28–35 — Pedro e a declaração da imparcialidade divina
Verso-chave: “Em verdade reconheço que Deus não mostra acepção de pessoas.”
Análise lexical:
- προσωπολημπτης / προσωποληψία (prosōpolēmptēs / prosōpolēpsia) — literal: “aquele que toma pela face” → “aquele que faz acepção de pessoas, que mostra parcialidade”. Trata-se de um juízo moral/social: favorecer alguém por aparência/posição.
- ἔθνη (ethnē) — nações/gentios; aqui o termo caracteriza os destinatários do anúncio messiânico.
Teologia: Pedro anuncia um princípio central: a aceitação divina não é baseada em pertencimento étnico ou em observância cerimonial, mas em critérios revelados por Deus (temor de Deus, fé, obras que acompanham a fé). Isso rompe a exclusividade étnica e abre a comunidade ao critério do Espírito.
Aplicação: A igreja precisa instituir práticas de inclusão que coincidam com a lógica do evangelho — não reproduzir hierarquias sociais que Deus rejeita.
3) Atos 10:44–48 — O Espírito e o batismo
Observação: A descida do Espírito sobre os que ouvem é o selo divino de aceitação, análogo a Pentecostes (Atos 2). O batismo é subsequente: a comunidade reconhece e incorpora.
Palavras-chave:
- πνεῦμα ἅγιον (pneuma hagion) — o Espírito Santo: sinal e agente de inclusão.
- βαπτίζω (baptizō) — batizar: rito de entrada que acompanha a recepção do Espírito nesta narrativa.
Teologia: Lucas articula pneumatologia e eclesiologia: o Espírito precede (ou coincide com) a recepção sacramental e legitima a inclusão. A recepção do dom do Espírito substitui, aos olhos de Deus, barreiras cerimoniais.
Aplicação comunitária: Não podemos reduzir a aceitação ao cumprimento de normas culturais; a confirmação do Espírito e o batismo são indicadores que a comunidade deve respeitar e reconhecer.
Estudo de palavras (mini- léxico com transliteração)
- προσωπολημπτης / prosōpolēmptēs — “aquele que faz acepção de pessoas, mostra parcialidade.” (composição: πρόσωπον + λαμβάνω)
- ἔθνη / ethnē — “nações, povos (gentios).”
- πνεῦμα ἅγιον / pneuma hagion — “Espírito Santo.”
- κτίσις / ktisis — “criação, mundo” (termo usado em outras passagens para indicar a amplitude do anúncio).
- κόσμος / kosmos — “mundo” — em João e outros, pode significar a humanidade ou a ordem caída; aqui, indica a área de alcance da salvação.
- μονογενής / monogenēs — “unigênito, singularmente gerado” (no contexto do Filho dado por Deus).
- χάρις / charis — “graça” — favor divino que se manifesta (epifania da graça).
- ἐπεφάνη / epephanē — “se manifestou, apareceu” (verbo de epifania, de uso teológico para a revelação salvífica).
Nota lexical: Para estudo aprofundado recomendo o uso de léxicos reconhecidos (BDAG para o grego), além de consultar gramáticas do grego do Novo Testamento e comentários exegéticos.
Reflexão teológica aprofundada — ACEITAÇÃO como atributo divino e prática da igreja
- Aceitação divina ≠ conivência com o erro moral — A aceitação que o texto mostra é a aceitação em vista da fé e do temor de Deus; a recepção do Espírito e o batismo são sinais de que Deus se apraz na fé daqueles que creem. Não é um chamado à laxidade moral, mas à inclusão pastoral.
- Aceitação e critério final: o Espírito — Em Atos, o Espírito é o critério divino mais seguro: quando o Espírito desce, a comunidade tem sinal para reconhecer a legitimidade da inclusão, mesmo que as categorias sociais e rituais digam o contrário.
- Missio Dei e universalidade da oferta — A narrativa reforça que a história da salvação progride da promessa a Israel para o alcance às nações: o Messias como centro que atrai as nações e o evangelho anunciado como oferta universal.
- Ecclesiologia prática — A igreja é chamada a ser reflexo desse padrão divino: hospitalidade, revisão de práticas exclusivistas, cuidado com discriminações (por classe, raça, etnia, gênero, status socioeconômico) e prontidão para reconhecer a obra do Espírito onde ela ocorre.
Aplicação pastoral e pessoal (prática)
- Para pastores/líderes: Rever critérios de admissão e liderança; promover formação sobre diversidade cultural; criar rotinas de acolhimento e integração (mentoria, discipulado intercultural).
- Para comunidades locais: Promover celebrações conjuntas com diversidade litúrgica e cultural; analisar portas de entrada (linguagem, horários, barreiras materiais) que impedem a participação.
- Para cristãos individuais: Examinar preconceitos pessoais; praticar hospitalidade intencional (convidar alguém de fora); reconhecer a ação do Espírito além do nosso círculo.
- No discipulado: Ensinar que a graça salvadora se manifesta em fé e que a ética cristã decorre dessa graça — inclusão não é indiferença moral, mas compromisso com a conversão e crescimento na fé.
Tabela expositiva resumida (para uso em estudo ou folheto)
Passagem
Palavra-chave (grego/hebraico)
Observação exegética
Aplicação prática
Atos 10:1–8
Cornélio: temente a Deus
Deus já prepara os gentios antes mesmo do encontro; graça precede missão
Buscar e reconhecer espaços onde Deus já está atuando fora da nossa comunidade
Atos 10:9–16
Visão: κοινόν / ἄτιμον
Subversão de categorias rituais; Deus redefine pureza
Rever julgamentos rituais e culturais que bloqueiam acolhida
Atos 10:28–35
προσοπολημπτης / ἔθνη
Declaração doutrinária: Deus não mostra parcialidade
Incluir na prática e nas estruturas da igreja (batismo, liderança)
Atos 10:44–48
πνεῦμα ἅγιον / βαπτίζω
Espírito como selo de aceitação; batismo como reconhecimento sacramental
Valorizar o critério pneumatológico e reconhecer oficialmente quem o Espírito alcança
Rm 15:12 / Is 11:10
שֹׁרֶשׁ (shoresh) / ῥίζα
Raiz de Jessé que atrai as nações: messianismo inclusivo
Pregação messiânica que apresenta Jesus como esperança para todas as nações
Jo 3:16 / Tt 2:11
κόσμος / χάρις
Oferta universal da graça e do amor divino
Anunciar o evangelho como oferta real a todo ser humano
Sugestões práticas para um culto/devoção da semana (modelo)
- Abertura: Leitura da INTRODUÇÃO + oração por abertura espiritual.
- Leitura bíblica: Atos 10:1–48 em bloco (ou dividida nos dias conforme a leitura diária).
- Reflexão curta: 5–7 minutos sobre "ACEITAÇÃO" — enfatizar o sinal do Espírito.
- Aplicação: Testemunho de alguém da comunidade que viveu inclusão ou missão intercultural; convite à hospitalidade.
- Encerramento: Oração por aqueles que ainda não conhecem o evangelho e bênção sobre ministérios de acolhimento.
Bibliografia (seleção para aprofundamento)
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
- Biblia de Estudo Palavra Chave Grego e Hebraico
Conclusão
A narrativa de Atos 10 modela para a igreja primitiva — e para nós hoje — um padrão de aceitação fundado não em categorias humanas, mas na ação do próprio Deus por meio do Espírito. Aceitar, aqui, é reconhecer a graça onde ela acontece, incorporar sacramentalmente e transformar a prática comunitária para refletir a amplitude do plano salvífico.
Visão geral temática
A narrativa de Atos 10 (Cornélio e Pedro) é um ponto de virada narrativa e teológico no livro de Atos: demonstra a abertura do plano salvífico de Deus para além dos limites étnicos de Israel e institui critérios divinos de aceitação que não coincidem com categorias sociais ou cerimoniais.
A aceitação por Deus se manifesta historicamente por sinais (a descida do Espírito) e liturgicamente por práticas da comunidade (batismo). Lucas usa a experiência de Cornélio como paradigma para a expansão da igreja para as nações.
Leitura narrativa: estrutura e pontos-chave
- Cornélio (Atos 10:1–8) – homem temente a Deus, com oração e esmolas; recebe visão que o envia a procurar Pedro. Mostra que Deus já estava trabalhando no mundo gentil antes do encontro.
- Pedro (Atos 10:9–16) – recebe visão com o lençol e os animais impuros; é instruído a não chamar comum o que Deus purificou. A visão altera categorias rituais, preparando Pedro para aceitar gentios.
- Encontro (Atos 10:17–33) – Pedro vai à casa de Cornélio, enfrenta sua própria resistência cultural, mas declara: “Agora percebo que Deus não faz acepção de pessoas.”
- Pregação e descida do Espírito (Atos 10:34–44) – o evangelho é pregado; o Espírito desce sobre os gentios exatamente como em Pentecostes; é o sinal da aceitação divina.
- Batismo (Atos 10:45–48) – a comunidade reconhece o sinal e ordena o batismo: aceitação visível e sacramental.
Comentário exegético e teológico (passagens-chave)
1) Atos 10:9–16 — A visão de Pedro (lençol e animais)
Observação narrativa: A visão trabalha sobre categorias alimentares e de pureza — símbolos que representavam barreiras sociais e religiosas.
Palavras e análise linguística:
- ὁράω / ὁρά (horao) — visão, revelação. A revelação não é apenas intelectual: é experiencial e formativa.
- κοινὸν / ἄτιμον (koinon / atimon) — “comum / impuro”: na visão, a ordem para não chamar comum aquilo que Deus purificou subverte juízos rituais. A linguagem remete à esfera cerimonial judaica.
Teologia: Deus redefine fronteiras religiosas: o que era socialmente excluído pode ser incluído quando Deus o purifica. A visão prepara Pedro para entender que critérios de aceitação divina não se reduzem a observância cerimonial.
Aplicação imediata: Devemos avaliar quais categorias culturais ou rituais hoje nos impedem de perceber a ação de Deus entre “outros”.
2) Atos 10:28–35 — Pedro e a declaração da imparcialidade divina
Verso-chave: “Em verdade reconheço que Deus não mostra acepção de pessoas.”
Análise lexical:
- προσωπολημπτης / προσωποληψία (prosōpolēmptēs / prosōpolēpsia) — literal: “aquele que toma pela face” → “aquele que faz acepção de pessoas, que mostra parcialidade”. Trata-se de um juízo moral/social: favorecer alguém por aparência/posição.
- ἔθνη (ethnē) — nações/gentios; aqui o termo caracteriza os destinatários do anúncio messiânico.
Teologia: Pedro anuncia um princípio central: a aceitação divina não é baseada em pertencimento étnico ou em observância cerimonial, mas em critérios revelados por Deus (temor de Deus, fé, obras que acompanham a fé). Isso rompe a exclusividade étnica e abre a comunidade ao critério do Espírito.
Aplicação: A igreja precisa instituir práticas de inclusão que coincidam com a lógica do evangelho — não reproduzir hierarquias sociais que Deus rejeita.
3) Atos 10:44–48 — O Espírito e o batismo
Observação: A descida do Espírito sobre os que ouvem é o selo divino de aceitação, análogo a Pentecostes (Atos 2). O batismo é subsequente: a comunidade reconhece e incorpora.
Palavras-chave:
- πνεῦμα ἅγιον (pneuma hagion) — o Espírito Santo: sinal e agente de inclusão.
- βαπτίζω (baptizō) — batizar: rito de entrada que acompanha a recepção do Espírito nesta narrativa.
Teologia: Lucas articula pneumatologia e eclesiologia: o Espírito precede (ou coincide com) a recepção sacramental e legitima a inclusão. A recepção do dom do Espírito substitui, aos olhos de Deus, barreiras cerimoniais.
Aplicação comunitária: Não podemos reduzir a aceitação ao cumprimento de normas culturais; a confirmação do Espírito e o batismo são indicadores que a comunidade deve respeitar e reconhecer.
Estudo de palavras (mini- léxico com transliteração)
- προσωπολημπτης / prosōpolēmptēs — “aquele que faz acepção de pessoas, mostra parcialidade.” (composição: πρόσωπον + λαμβάνω)
- ἔθνη / ethnē — “nações, povos (gentios).”
- πνεῦμα ἅγιον / pneuma hagion — “Espírito Santo.”
- κτίσις / ktisis — “criação, mundo” (termo usado em outras passagens para indicar a amplitude do anúncio).
- κόσμος / kosmos — “mundo” — em João e outros, pode significar a humanidade ou a ordem caída; aqui, indica a área de alcance da salvação.
- μονογενής / monogenēs — “unigênito, singularmente gerado” (no contexto do Filho dado por Deus).
- χάρις / charis — “graça” — favor divino que se manifesta (epifania da graça).
- ἐπεφάνη / epephanē — “se manifestou, apareceu” (verbo de epifania, de uso teológico para a revelação salvífica).
Nota lexical: Para estudo aprofundado recomendo o uso de léxicos reconhecidos (BDAG para o grego), além de consultar gramáticas do grego do Novo Testamento e comentários exegéticos.
Reflexão teológica aprofundada — ACEITAÇÃO como atributo divino e prática da igreja
- Aceitação divina ≠ conivência com o erro moral — A aceitação que o texto mostra é a aceitação em vista da fé e do temor de Deus; a recepção do Espírito e o batismo são sinais de que Deus se apraz na fé daqueles que creem. Não é um chamado à laxidade moral, mas à inclusão pastoral.
- Aceitação e critério final: o Espírito — Em Atos, o Espírito é o critério divino mais seguro: quando o Espírito desce, a comunidade tem sinal para reconhecer a legitimidade da inclusão, mesmo que as categorias sociais e rituais digam o contrário.
- Missio Dei e universalidade da oferta — A narrativa reforça que a história da salvação progride da promessa a Israel para o alcance às nações: o Messias como centro que atrai as nações e o evangelho anunciado como oferta universal.
- Ecclesiologia prática — A igreja é chamada a ser reflexo desse padrão divino: hospitalidade, revisão de práticas exclusivistas, cuidado com discriminações (por classe, raça, etnia, gênero, status socioeconômico) e prontidão para reconhecer a obra do Espírito onde ela ocorre.
Aplicação pastoral e pessoal (prática)
- Para pastores/líderes: Rever critérios de admissão e liderança; promover formação sobre diversidade cultural; criar rotinas de acolhimento e integração (mentoria, discipulado intercultural).
- Para comunidades locais: Promover celebrações conjuntas com diversidade litúrgica e cultural; analisar portas de entrada (linguagem, horários, barreiras materiais) que impedem a participação.
- Para cristãos individuais: Examinar preconceitos pessoais; praticar hospitalidade intencional (convidar alguém de fora); reconhecer a ação do Espírito além do nosso círculo.
- No discipulado: Ensinar que a graça salvadora se manifesta em fé e que a ética cristã decorre dessa graça — inclusão não é indiferença moral, mas compromisso com a conversão e crescimento na fé.
Tabela expositiva resumida (para uso em estudo ou folheto)
Passagem | Palavra-chave (grego/hebraico) | Observação exegética | Aplicação prática |
Atos 10:1–8 | Cornélio: temente a Deus | Deus já prepara os gentios antes mesmo do encontro; graça precede missão | Buscar e reconhecer espaços onde Deus já está atuando fora da nossa comunidade |
Atos 10:9–16 | Visão: κοινόν / ἄτιμον | Subversão de categorias rituais; Deus redefine pureza | Rever julgamentos rituais e culturais que bloqueiam acolhida |
Atos 10:28–35 | προσοπολημπτης / ἔθνη | Declaração doutrinária: Deus não mostra parcialidade | Incluir na prática e nas estruturas da igreja (batismo, liderança) |
Atos 10:44–48 | πνεῦμα ἅγιον / βαπτίζω | Espírito como selo de aceitação; batismo como reconhecimento sacramental | Valorizar o critério pneumatológico e reconhecer oficialmente quem o Espírito alcança |
Rm 15:12 / Is 11:10 | שֹׁרֶשׁ (shoresh) / ῥίζα | Raiz de Jessé que atrai as nações: messianismo inclusivo | Pregação messiânica que apresenta Jesus como esperança para todas as nações |
Jo 3:16 / Tt 2:11 | κόσμος / χάρις | Oferta universal da graça e do amor divino | Anunciar o evangelho como oferta real a todo ser humano |
Sugestões práticas para um culto/devoção da semana (modelo)
- Abertura: Leitura da INTRODUÇÃO + oração por abertura espiritual.
- Leitura bíblica: Atos 10:1–48 em bloco (ou dividida nos dias conforme a leitura diária).
- Reflexão curta: 5–7 minutos sobre "ACEITAÇÃO" — enfatizar o sinal do Espírito.
- Aplicação: Testemunho de alguém da comunidade que viveu inclusão ou missão intercultural; convite à hospitalidade.
- Encerramento: Oração por aqueles que ainda não conhecem o evangelho e bênção sobre ministérios de acolhimento.
Bibliografia (seleção para aprofundamento)
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
- Biblia de Estudo Palavra Chave Grego e Hebraico
Conclusão
A narrativa de Atos 10 modela para a igreja primitiva — e para nós hoje — um padrão de aceitação fundado não em categorias humanas, mas na ação do próprio Deus por meio do Espírito. Aceitar, aqui, é reconhecer a graça onde ela acontece, incorporar sacramentalmente e transformar a prática comunitária para refletir a amplitude do plano salvífico.
I- A REVELAÇÃO DE DEUS AOS GENTIOS
1- A visão de Cornélio. Cornélio, um centurião romano da cidade de Cesareia, orava por volta das três horas da tarde quando teve uma revelação de Deus. Ele viu um anjo de Deus (At 10.3). Não é incomum, nas páginas das Escrituras, Deus se revelar por meio de anjos. Contudo, essa revelação se distingue de outras por conta de seu propósito: a inclusão dos gentios à Igreja do Senhor. Cornélio era um homem que tinha desejo de salvação, pois mesmo sendo um gentio, era piedoso e temente a Deus com toda a sua casa (At 10.2). No entanto, isso não era suficiente para salvá-lo. Ele precisava ouvir acerca da mensagem da cruz e o anjo de Deus estava ali para instruí-lo a como fazer. Não sendo a pregação do Evangelho missão para um anjo, Cornélio foi instruído a chamar o apóstolo Pedro para fazer isso (At 10.22).
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
I – A REVELAÇÃO DE DEUS AOS GENTIOS
1. A Visão de Cornélio (Atos 10:1-3)
Cornélio era um centurião romano de Cesareia, capital administrativa da Judeia sob domínio romano. A descrição que Lucas faz dele é notável:
- “Piedoso” (εὐσεβής, eusebḗs) – termo que significa “devoto, reverente”, usado no NT para expressar verdadeira reverência a Deus (cf. 2Pe 2.9).
- “Temente a Deus” (φοβούμενος τὸν Θεόν, phoboúmenos tòn Theón) – expressão usada por Lucas para designar gentios simpatizantes do judaísmo, que acreditavam no Deus de Israel, mas não eram prosélitos completos (cf. At 13.16,26).
- “Com toda a sua casa” – a fé de Cornélio não era apenas individual, mas exercia influência familiar.
Mesmo com sua piedade, Cornélio ainda não tinha a salvação em Cristo. Esse detalhe ressalta uma verdade teológica: boas obras e devoção religiosa não bastam para salvar (cf. Ef 2.8-9). Como observa F. F. Bruce (The Book of the Acts, NICNT, 1988), a experiência de Cornélio mostra que a graça de Deus vai além das barreiras culturais e religiosas, mas sempre mediante a proclamação do evangelho.
2. A Intervenção Angélica
À “hora nona” (ἡ ὥρα ἐνάτη, hē hōra enátē) — aproximadamente 15h, hora tradicional da oração judaica (cf. At 3.1) — Cornélio recebe a visão de um anjo. O anjo não prega o evangelho, mas direciona Cornélio a Pedro, porque a pregação é responsabilidade da Igreja (cf. Rm 10.14-15). Como comenta John Stott (The Message of Acts, BST, 1990), “os anjos podem preparar, mas somente homens podem pregar o evangelho”.
A expressão do anjo — “as tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus” (At 10.4) — usa o termo grego μνημόσυνον (mnēmosynon), “lembrança memorial”, evocando a linguagem sacrificial do AT (Lv 2.2). Isso mostra que Deus valoriza a sinceridade do coração, mesmo antes da plena revelação de Cristo.
3. O Propósito da Revelação
Essa visão se diferencia de outras manifestações angelicais porque não foi apenas pessoal, mas redentiva e histórica: a entrada oficial dos gentios na Igreja. Cornélio representa a primeira “família gentílica” a receber o Espírito Santo, quebrando a barreira entre judeus e não-judeus (Ef 2.14-16).
A teologia lucana aqui é clara: o Espírito Santo é quem guia a expansão missionária da Igreja, derrubando preconceitos e ampliando o alcance do evangelho (At 1.8).
📖 Referências acadêmicas
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- John Stott — A Mensagem de Atos..
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
📌 Aplicação Pessoal
A experiência de Cornélio nos ensina que:
- Deus responde a corações sinceros que O buscam, mas conduz sempre à cruz de Cristo.
- Nenhuma religiosidade ou bondade humana substitui a necessidade da salvação em Jesus.
- Como Igreja, somos chamados a ser “Pedros” na vida de muitos “Cornélios”, levando o evangelho a quem já demonstra fome espiritual.
📊 Tabela Expositiva – Atos 10.1-8
Versículo
Destaque
Palavra-chave (grego/hebraico)
Significado
Aplicação
10.1
Cornélio, centurião
κεντυρίων (kentyriōn)
Oficial romano responsável por 100 soldados
Deus alcança pessoas de diferentes posições sociais
10.2
Piedoso e temente a Deus
εὐσεβής (eusebḗs), φοβούμενος (phoboúmenos)
Devoto, reverente, respeitoso diante de Deus
A devoção deve ser acompanhada da fé em Cristo
10.3
Visão do anjo
ὅραμα (hórama)
Aparição visível, revelação
Deus usa meios extraordinários para preparar a salvação
10.4
Orações e esmolas
μνημόσυνον (mnēmosynon)
Memorial diante de Deus
A vida piedosa tem valor diante do Senhor
10.5-6
Chamado de Pedro
καλέω (kaleō)
Chamar, convocar
O evangelho deve ser proclamado pela Igreja
10.7-8
Obediência imediata
ἀποστέλλω (apostéllō)
Enviar em missão
A obediência abre portas para a revelação completa de Deus
I – A REVELAÇÃO DE DEUS AOS GENTIOS
1. A Visão de Cornélio (Atos 10:1-3)
Cornélio era um centurião romano de Cesareia, capital administrativa da Judeia sob domínio romano. A descrição que Lucas faz dele é notável:
- “Piedoso” (εὐσεβής, eusebḗs) – termo que significa “devoto, reverente”, usado no NT para expressar verdadeira reverência a Deus (cf. 2Pe 2.9).
- “Temente a Deus” (φοβούμενος τὸν Θεόν, phoboúmenos tòn Theón) – expressão usada por Lucas para designar gentios simpatizantes do judaísmo, que acreditavam no Deus de Israel, mas não eram prosélitos completos (cf. At 13.16,26).
- “Com toda a sua casa” – a fé de Cornélio não era apenas individual, mas exercia influência familiar.
Mesmo com sua piedade, Cornélio ainda não tinha a salvação em Cristo. Esse detalhe ressalta uma verdade teológica: boas obras e devoção religiosa não bastam para salvar (cf. Ef 2.8-9). Como observa F. F. Bruce (The Book of the Acts, NICNT, 1988), a experiência de Cornélio mostra que a graça de Deus vai além das barreiras culturais e religiosas, mas sempre mediante a proclamação do evangelho.
2. A Intervenção Angélica
À “hora nona” (ἡ ὥρα ἐνάτη, hē hōra enátē) — aproximadamente 15h, hora tradicional da oração judaica (cf. At 3.1) — Cornélio recebe a visão de um anjo. O anjo não prega o evangelho, mas direciona Cornélio a Pedro, porque a pregação é responsabilidade da Igreja (cf. Rm 10.14-15). Como comenta John Stott (The Message of Acts, BST, 1990), “os anjos podem preparar, mas somente homens podem pregar o evangelho”.
A expressão do anjo — “as tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus” (At 10.4) — usa o termo grego μνημόσυνον (mnēmosynon), “lembrança memorial”, evocando a linguagem sacrificial do AT (Lv 2.2). Isso mostra que Deus valoriza a sinceridade do coração, mesmo antes da plena revelação de Cristo.
3. O Propósito da Revelação
Essa visão se diferencia de outras manifestações angelicais porque não foi apenas pessoal, mas redentiva e histórica: a entrada oficial dos gentios na Igreja. Cornélio representa a primeira “família gentílica” a receber o Espírito Santo, quebrando a barreira entre judeus e não-judeus (Ef 2.14-16).
A teologia lucana aqui é clara: o Espírito Santo é quem guia a expansão missionária da Igreja, derrubando preconceitos e ampliando o alcance do evangelho (At 1.8).
📖 Referências acadêmicas
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- John Stott — A Mensagem de Atos..
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
📌 Aplicação Pessoal
A experiência de Cornélio nos ensina que:
- Deus responde a corações sinceros que O buscam, mas conduz sempre à cruz de Cristo.
- Nenhuma religiosidade ou bondade humana substitui a necessidade da salvação em Jesus.
- Como Igreja, somos chamados a ser “Pedros” na vida de muitos “Cornélios”, levando o evangelho a quem já demonstra fome espiritual.
📊 Tabela Expositiva – Atos 10.1-8
Versículo | Destaque | Palavra-chave (grego/hebraico) | Significado | Aplicação |
10.1 | Cornélio, centurião | κεντυρίων (kentyriōn) | Oficial romano responsável por 100 soldados | Deus alcança pessoas de diferentes posições sociais |
10.2 | Piedoso e temente a Deus | εὐσεβής (eusebḗs), φοβούμενος (phoboúmenos) | Devoto, reverente, respeitoso diante de Deus | A devoção deve ser acompanhada da fé em Cristo |
10.3 | Visão do anjo | ὅραμα (hórama) | Aparição visível, revelação | Deus usa meios extraordinários para preparar a salvação |
10.4 | Orações e esmolas | μνημόσυνον (mnēmosynon) | Memorial diante de Deus | A vida piedosa tem valor diante do Senhor |
10.5-6 | Chamado de Pedro | καλέω (kaleō) | Chamar, convocar | O evangelho deve ser proclamado pela Igreja |
10.7-8 | Obediência imediata | ἀποστέλλω (apostéllō) | Enviar em missão | A obediência abre portas para a revelação completa de Deus |
2- A experiência espiritual de Pedro. Assim como Cornélio, Pedro também teve uma revelação (At 10.10). Pedro teve uma experiência espiritual com visão e revelação divina, que o deixou perplexo (At 10.11,12). Deus sabia do impacto que a missão na casa do gentio Cornélio teria sobre as convicções de Pedro e, por isso, por meio dessa experiência espiritual, o prepara para o que viria pela frente. Pedro levaria as Boas-Novas do Evangelho a um povo que, para ele, estava excluído do plano salvífico de Deus. Ele sentiu o caráter excepcional dessa revelação e achou por bem levar consigo outros seis irmãos judeus naquela missão (At 10.23; 11.12; 15.7).
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
A Experiência Espiritual de Pedro (At 10.10-23)
1. Contexto e Experiência Espiritual
Pedro, estando em oração, “caiu em êxtase” (At 10.10). O termo grego usado é ἔκστασις (ekstasis), que significa literalmente “ficar fora de si”, indicando uma experiência de arrebatamento espiritual ou visão extática (cf. Lc 5.26; At 22.17). Essa palavra aparece em contextos onde Deus rompe a realidade natural e dá revelações sobrenaturais.
A visão (ὅραμα, horama — At 10.17) mostra um lençol descendo do céu com animais impuros, desafiando a tradição judaica baseada em Levítico 11. Esse ato não era apenas sobre comida, mas sobre aceitação de pessoas — Deus estava preparando Pedro para derrubar barreiras étnicas e religiosas.
2. A Revelação Divina e a Preparação de Pedro
A repetição da visão por três vezes (At 10.16) reforça a autoridade divina e lembra outras experiências bíblicas (cf. Gn 41.32; Jo 21.17). Isso indica a certeza e a urgência da mensagem: Deus não faz distinção entre judeus e gentios (At 10.34).
Pedro ficou “perplexo” (διηπόρει, diēporei — At 10.17), termo que denota confusão intensa, dúvida e necessidade de discernimento espiritual. Como destaca F. F. Bruce (em The Book of Acts), a perplexidade de Pedro ilustra a dificuldade que os primeiros cristãos judeus tiveram em compreender a inclusão dos gentios no plano de Deus.
3. Acompanhado por Testemunhas
Pedro levou consigo seis irmãos judeus (At 11.12). Esse número não é casual, pois segundo a lei judaica, o testemunho era confirmado por duas ou três testemunhas (Dt 19.15). O número maior demonstra que Pedro buscava respaldo comunitário para uma missão tão delicada. Conforme William Larkin Jr. (Acts, IVP), isso revela a prudência pastoral de Pedro diante de uma transição histórica no plano da salvação.
4. Significado Teológico
- Universalidade do Evangelho: A visão não trata apenas de alimentos, mas simboliza a quebra das barreiras culturais e religiosas. O que antes era considerado “comum” (koinos) ou “impuro” (akathartos) agora foi purificado por Deus (At 10.15).
- Missão guiada pelo Espírito: O Espírito Santo direciona Pedro (At 10.19-20), mostrando que a evangelização transcultural não é invenção humana, mas obra do Espírito.
- Princípio da Aceitação: Deus não rejeita quem crê em Cristo; a barreira entre judeus e gentios foi removida (Ef 2.14-16).
5. Referências Acadêmicas
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- John Stott — A Mensagem de Atos..
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
6. Aplicação Pessoal
- Abertura ao agir de Deus: Muitas vezes, como Pedro, temos convicções enraizadas que podem nos impedir de compreender a amplitude do plano divino. Precisamos estar abertos à revelação do Espírito.
- Aceitação do próximo: Assim como Pedro foi desafiado a aceitar os gentios, somos chamados a vencer preconceitos sociais, raciais e culturais.
- Discernimento espiritual: Nem toda visão ou experiência é clara no início; como Pedro, precisamos meditar, orar e buscar confirmação no Espírito e na comunidade cristã.
📊 Tabela Expositiva – A Experiência de Pedro em Atos 10
Aspecto
Texto
Palavra-Chave Grega/Hebraica
Significado
Aplicação
Êxtase
At 10.10
ἔκστασις (ekstasis)
Arrebatamento espiritual, estar fora de si
Estar aberto ao agir sobrenatural de Deus
Visão
At 10.11-12
ὅραμα (horama)
Algo visto, revelação divina
Deus revela Seus propósitos além da tradição
Impureza/Pureza
At 10.14-15
κοινός (koinos), ἀκάθαρτος (akathartos)
Comum/profano x impuro
Deus purifica e chama todos para a salvação
Perplexidade
At 10.17
διηπόρει (diēporei)
Ficar confuso, em dúvida
A revelação divina exige discernimento espiritual
Testemunhas
At 10.23; 11.12
—
Seis irmãos judeus como confirmação
O plano de Deus é confirmado pela comunidade
A Experiência Espiritual de Pedro (At 10.10-23)
1. Contexto e Experiência Espiritual
Pedro, estando em oração, “caiu em êxtase” (At 10.10). O termo grego usado é ἔκστασις (ekstasis), que significa literalmente “ficar fora de si”, indicando uma experiência de arrebatamento espiritual ou visão extática (cf. Lc 5.26; At 22.17). Essa palavra aparece em contextos onde Deus rompe a realidade natural e dá revelações sobrenaturais.
A visão (ὅραμα, horama — At 10.17) mostra um lençol descendo do céu com animais impuros, desafiando a tradição judaica baseada em Levítico 11. Esse ato não era apenas sobre comida, mas sobre aceitação de pessoas — Deus estava preparando Pedro para derrubar barreiras étnicas e religiosas.
2. A Revelação Divina e a Preparação de Pedro
A repetição da visão por três vezes (At 10.16) reforça a autoridade divina e lembra outras experiências bíblicas (cf. Gn 41.32; Jo 21.17). Isso indica a certeza e a urgência da mensagem: Deus não faz distinção entre judeus e gentios (At 10.34).
Pedro ficou “perplexo” (διηπόρει, diēporei — At 10.17), termo que denota confusão intensa, dúvida e necessidade de discernimento espiritual. Como destaca F. F. Bruce (em The Book of Acts), a perplexidade de Pedro ilustra a dificuldade que os primeiros cristãos judeus tiveram em compreender a inclusão dos gentios no plano de Deus.
3. Acompanhado por Testemunhas
Pedro levou consigo seis irmãos judeus (At 11.12). Esse número não é casual, pois segundo a lei judaica, o testemunho era confirmado por duas ou três testemunhas (Dt 19.15). O número maior demonstra que Pedro buscava respaldo comunitário para uma missão tão delicada. Conforme William Larkin Jr. (Acts, IVP), isso revela a prudência pastoral de Pedro diante de uma transição histórica no plano da salvação.
4. Significado Teológico
- Universalidade do Evangelho: A visão não trata apenas de alimentos, mas simboliza a quebra das barreiras culturais e religiosas. O que antes era considerado “comum” (koinos) ou “impuro” (akathartos) agora foi purificado por Deus (At 10.15).
- Missão guiada pelo Espírito: O Espírito Santo direciona Pedro (At 10.19-20), mostrando que a evangelização transcultural não é invenção humana, mas obra do Espírito.
- Princípio da Aceitação: Deus não rejeita quem crê em Cristo; a barreira entre judeus e gentios foi removida (Ef 2.14-16).
5. Referências Acadêmicas
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- John Stott — A Mensagem de Atos..
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
6. Aplicação Pessoal
- Abertura ao agir de Deus: Muitas vezes, como Pedro, temos convicções enraizadas que podem nos impedir de compreender a amplitude do plano divino. Precisamos estar abertos à revelação do Espírito.
- Aceitação do próximo: Assim como Pedro foi desafiado a aceitar os gentios, somos chamados a vencer preconceitos sociais, raciais e culturais.
- Discernimento espiritual: Nem toda visão ou experiência é clara no início; como Pedro, precisamos meditar, orar e buscar confirmação no Espírito e na comunidade cristã.
📊 Tabela Expositiva – A Experiência de Pedro em Atos 10
Aspecto | Texto | Palavra-Chave Grega/Hebraica | Significado | Aplicação |
Êxtase | At 10.10 | ἔκστασις (ekstasis) | Arrebatamento espiritual, estar fora de si | Estar aberto ao agir sobrenatural de Deus |
Visão | At 10.11-12 | ὅραμα (horama) | Algo visto, revelação divina | Deus revela Seus propósitos além da tradição |
Impureza/Pureza | At 10.14-15 | κοινός (koinos), ἀκάθαρτος (akathartos) | Comum/profano x impuro | Deus purifica e chama todos para a salvação |
Perplexidade | At 10.17 | διηπόρει (diēporei) | Ficar confuso, em dúvida | A revelação divina exige discernimento espiritual |
Testemunhas | At 10.23; 11.12 | — | Seis irmãos judeus como confirmação | O plano de Deus é confirmado pela comunidade |
3- A urgência da pregação do Evangelho. Deus ainda pode revelar a alguém o seu plano salvífico de forma excepcional, inclusive usando anjos eleitos, como fez na casa de Cornélio. Contudo, essa não é a maneira usual do Senhor trabalhar. A partir da verdade bíblica de que Deus quer salvar a todos (1Tm 2.4), a igreja deve levar adiante a grandiosa missão de pregar o Evangelho a toda criatura (Mc 16.15). Paulo afirmou que Deus achou por bem salvar os que creem por meio da pregação (1Co 1.21). Devemos, portanto, pregar. Não é preciso ninguém ficar esperando um anjo comissioná-lo a pregar o Evangelho. Deus já fez isso.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
A urgência da pregação do Evangelho
1. Tese principal
A Bíblia apresenta a proclamação (κηρύσσω / kērussō — “prestar/anar/gfestinar o evangelho”) como o meio ordinário pelo qual Deus realiza a salvação no mundo. Diante da vontade redentora de Deus (1 Tm 2:4) e do mandato missionário (Mc 16:15), há uma responsabilidade urgente da igreja: proclamar o evangelho agora — não esperar sinais extraordinários ou “anjos” — porque Deus escolheu a pregação como instrumento eficaz para produzir fé (πίστις) e conversão.
2. Exegese dos textos-chave (grego focalizado)
1 Timóteo 2:4 — a vontade salvífica de Deus
Texto (núcleo): ὁ θέλων πάντας ἀνθρώπους σωθῆναι…
- θέλων (thelōn) — particípio/forma de θέλω (“desejar, querer, bem querer”): indica a vontade benevolente de Deus.
- πάντας ἀνθρώπους — “todos os homens/pessoas”: linguagem universal.
- σωθῆναι — infinitivo aoristo passivo de σῴζω (“ser salvo”): descreve o objetivo divino.
Comentário: a expressão comunica que Deus deseja a salvação universal dos humanos — esse é um dado normativo que impulsiona a missão. Teólogos discutem (sem negar o texto) como conciliar essa vontade com a realidade de rejeição humana (ver nota teológica abaixo). Em qualquer caso, a exigência prática é clara: se Deus quer isso, a igreja deve agir para promover meios que conduzam a tal resultado — sobretudo a pregação.
Marcos 16:15 — o mandato missionário
Texto (núcleo): Πορευθέντες εἰς τὸν κόσμον ἅπαντα κηρύξατε τὸ εὐαγγέλιον πάσῃ τῇ κτίσει.
- Πορευθέντες (particípio aoristo de πορεύομαι) — “indo”/“partindo”.
- κηρύξατε (aoristo imperativo de κηρύσσω) — “pregai/proclamai” (com força de mandato).
- τὸ εὐαγγέλιον — “o evangelho” (boa-nova; conteúdo e poder).
- πᾶσι τῇ κτίσει / πάσῃ τῇ κτίσει — “a toda a criação” ou “a todo ser criado”: alcance universal do mandato.
Comentário: é um comando direto; o verbo é imperativo, não optativo. A forma e a gramática realçam caráter obrigatório e imediato da missão.
1 Coríntios 1:21 — Deus salva “por meio” do que é pregado
Núcleo teológico (paráfrase do pensamento de Paulo): Deus dispõe meios (o kerygma) para salvar; a “sabedoria do mundo” não conhece Deus, mas o que é pregado é o instrumento que Deus usa. Paulo contrapõe sabedoria humana e “loucura” da pregação que salva.
Texto correlato (Rm 10:14–17 que resume a lógica paulina): “Como crerão naquele de quem não ouviram? … A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo” — πίστις ἐκ τῆς ἀκοῆς· ἡ δὲ ἀκοὴ διὰ ῥήματος Χριστοῦ.
- πίστις ἐκ ἀκοῆς — “a fé vem por (origina-se de) ouvir”; a causalidade instrumental entre ouvir a proclamação e o surgimento da fé é enfatizada.
- ἡ ἀκοὴ διὰ ῥήματος Χριστοῦ — “o ouvir (se dá) através da palavra/declaração de Cristo” (isto é, do evangelho proclamado).
Comentário: para Paulo, Deus usa a proclamação pública (e seus meios: pregadores, epístolas, testemunho) para produzir fé nos ouvintes. Logo, a pregação é o meio instituído e o canal ordinário da salvação.
3. Teologia prática e implicações (por que a pregação é urgente)
- Mandato divino: o comando de Cristo (Mc 16:15; cf. Mat 28:18–20) é expresso em forma imperativa — não é sugestão. A igreja tem obrigação de agir.
- Vontade benevolente de Deus: se Deus deseja que “todos” sejam salvos (1 Tm 2:4), isso implica empenho humano em meios apropriados para que esse desejo seja efetivado: pregação, testemunho e discipulado.
- Instrumento escolhido por Deus: Paulo afirma que fé vem pelo ouvir; Deus escolheu o kerygma como veículo de efeito salvífico (1 Co 1:21; Rm 10:17). Logo, negligenciar a pregação é obrar contra os meios que Deus usa.
- Urgência escatológica: o Novo Testamento frequentemente sublinha que o tempo é curto (p. ex. “agora é o tempo aceitável” — 2 Co 6:2; “é chegada a hora” etc.) — isto gera senso de pressa missionária.
- Responsabilidade comunitária: a pregação não é só tarefa de alguns; Paulo fala de envio (ἀποστέλλω), de mensageiros e de toda a igreja como corpo missionário (Rm 10:14–15: “como pregarão se não houver quem envie?”).
- Contra a espera passiva: milagres e visões podem acontecer (ex.: Cornélio), mas não são o padrão normativo. A ordem normal é proclamar. Esperar um “anjo” ou uma intervenção espetacular como pré-condição para evangelizar é teologicamente indefensável.
4. Dificuldades teológicas breves (nota sobre “vontade de Deus” vs. realidade)
A afirmação de 1 Tm 2:4 (“Deus deseja todos salvos”) tem sido interpretada de maneiras diversas:
- Leitura literal e universal-missional: Deus quer a salvação de todos e, por isso, ordena a pregação universal.
- Leitura teológica mais técnica (soteriologia): distingue-se a vontade de decreto (o que Deus determina eficazmente) da vontade benevolente/boante (o que Deus deseja; p.ex., que muitos se arrependam). Em qualquer caso, a resposta pastoral é a mesma: mobilizar a proclamação.
Não se pretende resolver aqui todo o debate (Arminianos/Reformados), mas afirmar que, pastoralmente e missionariamente, o texto impele à ação urgente.
5. Aplicação pessoal e eclesial (prática)
- Igreja local: reavaliar prioridades — formação de pregadores, ênfase em evangelismo pessoal, programas de alcance, suporte a missionários.
- Cada crente: entender que todo crente tem papel em levar a boa-nova (testemunho pessoal, oração por perdidos, convite).
- Treinamento e envio: investir em discipulado que prepara crentes a explicar o evangelho clara e amorosamente.
- Urgência com sensibilidade: pregar com amor e paciência; a pressa não pode comprometer a fidelidade e a compaixão.
- Uso de meios contemporâneos: mídias digitais, literatura, escola bíblica — sem substituir a proclamação pessoal, mas ampliando alcance.
- Oração missionária: unir proclamação com intercessão; a proclamação sem oração perde força espiritual.
6. Tabela expositiva (síntese: versículo / palavra grega / observação / aplicação)
Texto bíblico
Palavra grega-chave
Observação exegética
Aplicação prática
1 Tm 2:4 — “Deus quer que todos sejam salvos”
θέλω… σωθῆναι (thelō; sōthēnai)
“θέλω” = vontade benevolente; “σωθῆναι” = ser salvo (infinitivo passivo). Mostra a vontade universal-comissiva de Deus, que impulsiona a missão.
Postura missionária: se Deus quer isso, a igreja age urgentemente para proclamar meios que conduzam à salvação.
Mc 16:15 — “Pregar a toda criatura”
κηρύξατε τὸ εὐαγγέλιον (kēruxate; euangelion)
Imperativo aoristo: comando direto de proclamação com alcance universal (πᾶσα κτίσις).
Missão é mandato imediato; priorizar evangelismo e treinamento de pregadores.
Rm 10:14–17 — “Como crerão sem ouvir?”
πίστις ἐκ ἀκοῆς; ἡ ἀκοὴ διὰ ῥήματος
Fé como resultado instrumental do ouvir o kerygma. A lógica paulina: envio → pregação → ouvir → fé.
Estruturar ministérios que garantam que o evangelho seja ouvido claramente (pregação, ensino, literatura).
1 Co 1:21 — “Deus salvou por meio do que se pregou”
κηρύγματος / τὸ κηρύγμα (kērygmatos)
Para Paulo, a “loucura” pregada é o canal da ação salvífica de Deus diante da sabedoria humana.
Valorizar o conteúdo do kerygma (crucificação e ressurreição) como centro da mensagem missionária.
7. Bibliografia recomendada (seleção acadêmica cristã)
8. Conclusão
A urgência da pregação do evangelho é bíblica e teológica: Deus deseja que todos sejam alcançados (1 Tm 2:4), deu um mandato claro (Mc 16:15) e escolheu a proclamação pública como meio ordinário para produzir fé (Rm 10:14–17; 1 Co 1:21). Logo, a igreja não deve esperar sinais extraordinários para evangelizar — deve pregar agora, treinar, enviar, orar e usar todos os meios fiéis para que a boa-nova chegue a quem ainda não ouviu.
A urgência da pregação do Evangelho
1. Tese principal
A Bíblia apresenta a proclamação (κηρύσσω / kērussō — “prestar/anar/gfestinar o evangelho”) como o meio ordinário pelo qual Deus realiza a salvação no mundo. Diante da vontade redentora de Deus (1 Tm 2:4) e do mandato missionário (Mc 16:15), há uma responsabilidade urgente da igreja: proclamar o evangelho agora — não esperar sinais extraordinários ou “anjos” — porque Deus escolheu a pregação como instrumento eficaz para produzir fé (πίστις) e conversão.
2. Exegese dos textos-chave (grego focalizado)
1 Timóteo 2:4 — a vontade salvífica de Deus
Texto (núcleo): ὁ θέλων πάντας ἀνθρώπους σωθῆναι…
- θέλων (thelōn) — particípio/forma de θέλω (“desejar, querer, bem querer”): indica a vontade benevolente de Deus.
- πάντας ἀνθρώπους — “todos os homens/pessoas”: linguagem universal.
- σωθῆναι — infinitivo aoristo passivo de σῴζω (“ser salvo”): descreve o objetivo divino.
Comentário: a expressão comunica que Deus deseja a salvação universal dos humanos — esse é um dado normativo que impulsiona a missão. Teólogos discutem (sem negar o texto) como conciliar essa vontade com a realidade de rejeição humana (ver nota teológica abaixo). Em qualquer caso, a exigência prática é clara: se Deus quer isso, a igreja deve agir para promover meios que conduzam a tal resultado — sobretudo a pregação.
Marcos 16:15 — o mandato missionário
Texto (núcleo): Πορευθέντες εἰς τὸν κόσμον ἅπαντα κηρύξατε τὸ εὐαγγέλιον πάσῃ τῇ κτίσει.
- Πορευθέντες (particípio aoristo de πορεύομαι) — “indo”/“partindo”.
- κηρύξατε (aoristo imperativo de κηρύσσω) — “pregai/proclamai” (com força de mandato).
- τὸ εὐαγγέλιον — “o evangelho” (boa-nova; conteúdo e poder).
- πᾶσι τῇ κτίσει / πάσῃ τῇ κτίσει — “a toda a criação” ou “a todo ser criado”: alcance universal do mandato.
Comentário: é um comando direto; o verbo é imperativo, não optativo. A forma e a gramática realçam caráter obrigatório e imediato da missão.
1 Coríntios 1:21 — Deus salva “por meio” do que é pregado
Núcleo teológico (paráfrase do pensamento de Paulo): Deus dispõe meios (o kerygma) para salvar; a “sabedoria do mundo” não conhece Deus, mas o que é pregado é o instrumento que Deus usa. Paulo contrapõe sabedoria humana e “loucura” da pregação que salva.
Texto correlato (Rm 10:14–17 que resume a lógica paulina): “Como crerão naquele de quem não ouviram? … A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo” — πίστις ἐκ τῆς ἀκοῆς· ἡ δὲ ἀκοὴ διὰ ῥήματος Χριστοῦ.
- πίστις ἐκ ἀκοῆς — “a fé vem por (origina-se de) ouvir”; a causalidade instrumental entre ouvir a proclamação e o surgimento da fé é enfatizada.
- ἡ ἀκοὴ διὰ ῥήματος Χριστοῦ — “o ouvir (se dá) através da palavra/declaração de Cristo” (isto é, do evangelho proclamado).
Comentário: para Paulo, Deus usa a proclamação pública (e seus meios: pregadores, epístolas, testemunho) para produzir fé nos ouvintes. Logo, a pregação é o meio instituído e o canal ordinário da salvação.
3. Teologia prática e implicações (por que a pregação é urgente)
- Mandato divino: o comando de Cristo (Mc 16:15; cf. Mat 28:18–20) é expresso em forma imperativa — não é sugestão. A igreja tem obrigação de agir.
- Vontade benevolente de Deus: se Deus deseja que “todos” sejam salvos (1 Tm 2:4), isso implica empenho humano em meios apropriados para que esse desejo seja efetivado: pregação, testemunho e discipulado.
- Instrumento escolhido por Deus: Paulo afirma que fé vem pelo ouvir; Deus escolheu o kerygma como veículo de efeito salvífico (1 Co 1:21; Rm 10:17). Logo, negligenciar a pregação é obrar contra os meios que Deus usa.
- Urgência escatológica: o Novo Testamento frequentemente sublinha que o tempo é curto (p. ex. “agora é o tempo aceitável” — 2 Co 6:2; “é chegada a hora” etc.) — isto gera senso de pressa missionária.
- Responsabilidade comunitária: a pregação não é só tarefa de alguns; Paulo fala de envio (ἀποστέλλω), de mensageiros e de toda a igreja como corpo missionário (Rm 10:14–15: “como pregarão se não houver quem envie?”).
- Contra a espera passiva: milagres e visões podem acontecer (ex.: Cornélio), mas não são o padrão normativo. A ordem normal é proclamar. Esperar um “anjo” ou uma intervenção espetacular como pré-condição para evangelizar é teologicamente indefensável.
4. Dificuldades teológicas breves (nota sobre “vontade de Deus” vs. realidade)
A afirmação de 1 Tm 2:4 (“Deus deseja todos salvos”) tem sido interpretada de maneiras diversas:
- Leitura literal e universal-missional: Deus quer a salvação de todos e, por isso, ordena a pregação universal.
- Leitura teológica mais técnica (soteriologia): distingue-se a vontade de decreto (o que Deus determina eficazmente) da vontade benevolente/boante (o que Deus deseja; p.ex., que muitos se arrependam). Em qualquer caso, a resposta pastoral é a mesma: mobilizar a proclamação.
Não se pretende resolver aqui todo o debate (Arminianos/Reformados), mas afirmar que, pastoralmente e missionariamente, o texto impele à ação urgente.
5. Aplicação pessoal e eclesial (prática)
- Igreja local: reavaliar prioridades — formação de pregadores, ênfase em evangelismo pessoal, programas de alcance, suporte a missionários.
- Cada crente: entender que todo crente tem papel em levar a boa-nova (testemunho pessoal, oração por perdidos, convite).
- Treinamento e envio: investir em discipulado que prepara crentes a explicar o evangelho clara e amorosamente.
- Urgência com sensibilidade: pregar com amor e paciência; a pressa não pode comprometer a fidelidade e a compaixão.
- Uso de meios contemporâneos: mídias digitais, literatura, escola bíblica — sem substituir a proclamação pessoal, mas ampliando alcance.
- Oração missionária: unir proclamação com intercessão; a proclamação sem oração perde força espiritual.
6. Tabela expositiva (síntese: versículo / palavra grega / observação / aplicação)
Texto bíblico | Palavra grega-chave | Observação exegética | Aplicação prática |
1 Tm 2:4 — “Deus quer que todos sejam salvos” | θέλω… σωθῆναι (thelō; sōthēnai) | “θέλω” = vontade benevolente; “σωθῆναι” = ser salvo (infinitivo passivo). Mostra a vontade universal-comissiva de Deus, que impulsiona a missão. | Postura missionária: se Deus quer isso, a igreja age urgentemente para proclamar meios que conduzam à salvação. |
Mc 16:15 — “Pregar a toda criatura” | κηρύξατε τὸ εὐαγγέλιον (kēruxate; euangelion) | Imperativo aoristo: comando direto de proclamação com alcance universal (πᾶσα κτίσις). | Missão é mandato imediato; priorizar evangelismo e treinamento de pregadores. |
Rm 10:14–17 — “Como crerão sem ouvir?” | πίστις ἐκ ἀκοῆς; ἡ ἀκοὴ διὰ ῥήματος | Fé como resultado instrumental do ouvir o kerygma. A lógica paulina: envio → pregação → ouvir → fé. | Estruturar ministérios que garantam que o evangelho seja ouvido claramente (pregação, ensino, literatura). |
1 Co 1:21 — “Deus salvou por meio do que se pregou” | κηρύγματος / τὸ κηρύγμα (kērygmatos) | Para Paulo, a “loucura” pregada é o canal da ação salvífica de Deus diante da sabedoria humana. | Valorizar o conteúdo do kerygma (crucificação e ressurreição) como centro da mensagem missionária. |
7. Bibliografia recomendada (seleção acadêmica cristã)
8. Conclusão
A urgência da pregação do evangelho é bíblica e teológica: Deus deseja que todos sejam alcançados (1 Tm 2:4), deu um mandato claro (Mc 16:15) e escolheu a proclamação pública como meio ordinário para produzir fé (Rm 10:14–17; 1 Co 1:21). Logo, a igreja não deve esperar sinais extraordinários para evangelizar — deve pregar agora, treinar, enviar, orar e usar todos os meios fiéis para que a boa-nova chegue a quem ainda não ouviu.
SINOPSE I
Deus revelou seu plano de salvação a Cornélio e preparou Pedro para anunciar o Evangelho aos gentios.
AUXÍLIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
CORNÉLIO E PEDRO
“A primeira igreja, fundada após o Pentecostes, era composta quase exclusivamente de judeus. Durante anos, nenhuma tentativa foi feita no sentido de evangelizar os gentios. Apesar do último mandamento de Cristo. Isto nos parece surpreendente! Mas, era difícil remover da mentalidade judaica certos preconceitos seculares. Somente o poder de Deus poderia arrancar deles tais costumes. Antes da Grande Comissão ser efetuada pela igreja judaica e o Evangelho alcançar os gentios, algumas questões teriam de ser solucionadas. Será que judeus e gentios poderiam receber igual salvação, ficando em pé de igualdade? Os crentes judeus poderiam ter comunhão e convívio com os gentios? Os judeus os consideravam ‘impuros’. Até da sua comida se recusavam participar. Isto por não ser preparada de acordo com a Lei de Moisés. Deus se pronunciou sobre estas dúvidas. Primeiro, providenciou um contato entre duas pessoas: Cornélio, um gentio interessado no Evangelho, e Pedro, o pregador judeu.” (PEARLMAN, Myer. Atos: Estudo do Livro de Atos e o Crescimento da Igreja Primitiva. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, pp.119,120).
II- A SALVAÇÃO DOS GENTIOS
1- Pregação aos gentios. Pedro recebeu a missão de pregar para Cornélio e sua casa (At 11.14). Sua pregação é totalmente cristocêntrica, sempre apontando para a cruz de Cristo. Assim, podemos perceber alguns eixos principais que sua mensagem percorria. Primeiramente, Deus ama a todos (At 10.34). Todas as pessoas, quer judeus quer gentios, são objeto do amor de Deus. Em segundo lugar, Deus quer salvar a todos (At 10.35). Deus não somente ama a todos, mas quer salvar a todos. Pedro agora reconhece que a salvação não é apenas para os judeus que guardam a Lei, mas também para todo aquele que em qualquer nação o “teme”. Em terceiro lugar, Cristo é o Senhor de todos (At 10.36). Cristo é o centro do Evangelho. Ele é o eixo em torno do qual todas as bênçãos espirituais se encontram. Estar em Cristo é estar salvo; não estar em Cristo é não estar salvo!
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
A Salvação dos Gentios
1. Pregação aos Gentios (At 11.14)
Pedro recebeu a missão de pregar na casa de Cornélio, e o texto ressalta que “palavras pelas quais serás salvo” seriam anunciadas. A palavra grega para “salvo” é σωθήσῃ (sōthēsē), forma futura passiva do verbo σῴζω (sōzō), que significa “resgatar, libertar, salvar do perigo ou destruição”. O uso no passivo mostra que a salvação é obra de Deus, não mérito humano (cf. Ef 2.8-9).
A pregação de Pedro é cristocêntrica, como sublinha I. Howard Marshall (Acts: An Introduction and Commentary): ela não se apoia em tradições judaicas, mas no evento da vida, morte e ressurreição de Cristo (At 10.38-43).
2. Deus Ama a Todos (At 10.34)
Pedro declara: “Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas”. A expressão vem do grego προσωπολήμπτης (prosōpolēmptēs), que significa “tomar em consideração a face de alguém”, isto é, julgar pela aparência, posição ou etnia. O texto ensina que Deus não age com parcialidade, mas com justiça universal (cf. Dt 10.17; Rm 2.11).
Esse reconhecimento foi revolucionário para a mentalidade judaica, pois derrubava séculos de separação cultural e religiosa entre judeus e gentios.
3. Deus Quer Salvar a Todos (At 10.35)
Pedro afirma que em toda nação, “aquele que o teme (phobeitai) e pratica (ergazetai) a justiça lhe é aceitável”. O verbo φοβέομαι (phobeomai) não indica medo servil, mas reverência a Deus. Já ἐργάζομαι (ergazomai) transmite a ideia de “agir, praticar, produzir”.
Esse texto não contradiz a doutrina da salvação pela graça, mas indica que a fé genuína produz obediência prática. Como observa Ben Witherington III (The Acts of the Apostles), Pedro não está ensinando salvação por obras, mas que o temor de Deus abre espaço para receber a mensagem de Cristo.
4. Cristo é o Senhor de Todos (At 10.36)
Pedro anuncia: “Jesus Cristo (este é o Senhor de todos)”. O termo κύριος (kyrios) é central aqui. No grego koiné, podia significar “senhor” ou “dono”, mas no uso bíblico se tornou título divino, equivalente ao hebraico YHWH na Septuaginta.
Assim, a proclamação de Pedro não é apenas que Jesus é Salvador, mas que Ele é o Senhor soberano de toda a humanidade, judeus e gentios (cf. Fp 2.10-11). Cristo é o eixo em torno do qual gira toda a bênção espiritual (Ef 1.3).
5. Referências Acadêmicas
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- John Stott — A Mensagem de Atos..
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
6. Aplicação Pessoal
- Universalidade do Evangelho: Não há limites geográficos, culturais ou sociais para o alcance da salvação em Cristo.
- Desafio ao preconceito religioso: Assim como Pedro precisou vencer paradigmas, também devemos superar barreiras de exclusão.
- Centralidade de Cristo: Toda mensagem cristã deve ser centrada na obra de Cristo, não em tradições ou sistemas humanos.
- Fé prática: O temor a Deus se expressa em atitudes de justiça, que confirmam uma fé viva.
📊 Tabela Expositiva – A Salvação dos Gentios
Eixo da Pregação
Texto
Palavra-Chave Grega
Significado
Aplicação
Pregação salvadora
At 11.14
σωθήσῃ (sōthēsē)
Ser salvo, libertado
A salvação vem pela fé na Palavra anunciada
Amor de Deus
At 10.34
προσωπολήμπτης (prosōpolēmptēs)
Não mostrar parcialidade
Deus ama a todos sem distinção
Salvação universal
At 10.35
φοβέομαι (phobeomai), ἐργάζομαι (ergazomai)
Temer com reverência, praticar
O temor de Deus conduz à obediência
Cristo, Senhor de todos
At 10.36
κύριος (kyrios)
Senhor, dono, título divino
Jesus é soberano sobre judeus e gentios
A Salvação dos Gentios
1. Pregação aos Gentios (At 11.14)
Pedro recebeu a missão de pregar na casa de Cornélio, e o texto ressalta que “palavras pelas quais serás salvo” seriam anunciadas. A palavra grega para “salvo” é σωθήσῃ (sōthēsē), forma futura passiva do verbo σῴζω (sōzō), que significa “resgatar, libertar, salvar do perigo ou destruição”. O uso no passivo mostra que a salvação é obra de Deus, não mérito humano (cf. Ef 2.8-9).
A pregação de Pedro é cristocêntrica, como sublinha I. Howard Marshall (Acts: An Introduction and Commentary): ela não se apoia em tradições judaicas, mas no evento da vida, morte e ressurreição de Cristo (At 10.38-43).
2. Deus Ama a Todos (At 10.34)
Pedro declara: “Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas”. A expressão vem do grego προσωπολήμπτης (prosōpolēmptēs), que significa “tomar em consideração a face de alguém”, isto é, julgar pela aparência, posição ou etnia. O texto ensina que Deus não age com parcialidade, mas com justiça universal (cf. Dt 10.17; Rm 2.11).
Esse reconhecimento foi revolucionário para a mentalidade judaica, pois derrubava séculos de separação cultural e religiosa entre judeus e gentios.
3. Deus Quer Salvar a Todos (At 10.35)
Pedro afirma que em toda nação, “aquele que o teme (phobeitai) e pratica (ergazetai) a justiça lhe é aceitável”. O verbo φοβέομαι (phobeomai) não indica medo servil, mas reverência a Deus. Já ἐργάζομαι (ergazomai) transmite a ideia de “agir, praticar, produzir”.
Esse texto não contradiz a doutrina da salvação pela graça, mas indica que a fé genuína produz obediência prática. Como observa Ben Witherington III (The Acts of the Apostles), Pedro não está ensinando salvação por obras, mas que o temor de Deus abre espaço para receber a mensagem de Cristo.
4. Cristo é o Senhor de Todos (At 10.36)
Pedro anuncia: “Jesus Cristo (este é o Senhor de todos)”. O termo κύριος (kyrios) é central aqui. No grego koiné, podia significar “senhor” ou “dono”, mas no uso bíblico se tornou título divino, equivalente ao hebraico YHWH na Septuaginta.
Assim, a proclamação de Pedro não é apenas que Jesus é Salvador, mas que Ele é o Senhor soberano de toda a humanidade, judeus e gentios (cf. Fp 2.10-11). Cristo é o eixo em torno do qual gira toda a bênção espiritual (Ef 1.3).
5. Referências Acadêmicas
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- John Stott — A Mensagem de Atos..
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
6. Aplicação Pessoal
- Universalidade do Evangelho: Não há limites geográficos, culturais ou sociais para o alcance da salvação em Cristo.
- Desafio ao preconceito religioso: Assim como Pedro precisou vencer paradigmas, também devemos superar barreiras de exclusão.
- Centralidade de Cristo: Toda mensagem cristã deve ser centrada na obra de Cristo, não em tradições ou sistemas humanos.
- Fé prática: O temor a Deus se expressa em atitudes de justiça, que confirmam uma fé viva.
📊 Tabela Expositiva – A Salvação dos Gentios
Eixo da Pregação | Texto | Palavra-Chave Grega | Significado | Aplicação |
Pregação salvadora | At 11.14 | σωθήσῃ (sōthēsē) | Ser salvo, libertado | A salvação vem pela fé na Palavra anunciada |
Amor de Deus | At 10.34 | προσωπολήμπτης (prosōpolēmptēs) | Não mostrar parcialidade | Deus ama a todos sem distinção |
Salvação universal | At 10.35 | φοβέομαι (phobeomai), ἐργάζομαι (ergazomai) | Temer com reverência, praticar | O temor de Deus conduz à obediência |
Cristo, Senhor de todos | At 10.36 | κύριος (kyrios) | Senhor, dono, título divino | Jesus é soberano sobre judeus e gentios |
2- A conversão dos gentios. A mensagem da cruz é um chamado ao arrependimento (At 10.43). Todos os que, arrependidos, creem em Cristo, serão perdoados, e, portanto, salvos. Na sua soberania e graça, Deus havia incluído no seu plano de salvação todos os não judeus que, arrependidos, professariam o nome do Senhor Jesus. Ninguém é salvo à força; é preciso crer em Cristo para receber a salvação. Tanto judeus quanto gentios necessitam se arrepender para ser salvos. Os judeus acreditavam que o privilégio da salvação era exclusividade deles e que, portanto, os gentios estavam excluídos. O Criador havia mostrado que isso era um erro. Posteriormente, os judeus convertidos reconheceram maravilhados que Deus, por meio do arrependimento, abriu a porta da fé para os gentios (At 11.18). Portanto, Ele salvou os gentios que demonstraram fé em Jesus e se arrependeram de seus pecados.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
A CONVERSÃO DOS GENTIOS
1. Tese e leitura sintética
A conversão dos gentios em Atos (ex.: At 10:43; 11:18) é apresentada como fruto da proclamação do Evangelho: a mensagem da cruz convoca ao arrependimento (μετάνοια) e à fé (πίστις / πιστεύειν); aqueles que, movidos pela graça, se arrependem e creem recebem o perdão (ἄφεσις / ἀφίημι) e a vida (σωτηρία). Lucas enfatiza que essa conversão não é uma subtração forçada da vontade humana, mas a resposta humana à iniciativa divina: Deus abre a porta (o Espírito age), concede arrependimento/vida e os que creem entram livremente na comunidade. A narrativa corrige a presunção judaica de exclusividade e reconfigura a identidade da igreja como comunidade multiétnica reconciliada em Cristo.
2. Exegese teológica dos textos-chave
Atos 10:43 (núcleo):
A formulação central em Atos 10 é que “todos os que creem em Jesus recebem perdão de pecados por meio do seu nome” (paráfrase do sentido). Lucas vincula a proclamação messiânica e a consequência soteriológica: arrependimento/fé → perdão/vida. No contexto, o grande dado narrativo é que o Espírito desce sobre gentios antes do batismo em água (10:44–48), demonstrando que a iniciativa salvadora é pneumatológica e que a conversão efetiva é identificada por Deus (pneumaticamente) e, então, reconhecida liturgicamente (batismo).
Atos 11:18 (núcleo):
Após o relato de Cesareia, os irmãos em Jerusalém ouvem e “glorificaram a Deus, dizendo: Então também aos gentios Deus concedeu arrependimento, para a vida.” Lucas registra a fala da igreja primitiva: o que distingue a inclusão é não um ato político, mas o dom concedido — “arrependimento que conduz à vida” — um arrependimento eficaz, que produz a resposta humana e a transformação vital.
Relação bíblica: arrependimento + fé
Lucas e Paulo pautam a conversão como dupla: metanoia (mudança/retorno) + pistis (confiança/fé pessoal). Exemplos correlatos: At 2:38 (“arrependam-se e sejam batizados…”), At 3:19 (“arrependam-se e convertam-se…”), Rm 10:9–17 (fé que confessa e é produzida pelo ouvir). Assim a narrativa lucana alinha-se com a soteriologia do NT: a proclamação produz fé; o Espírito confirma; o arrependimento caracteriza a virada ética e relacional.
3. Análise léxica (grego e notas hebraicas pertinentes)
Grego (palavras centrais)
- μετάνοια (metánoia) — “arrependimento” / literalmente “mudança de mente/volta”. Envolve contrição e conversão prática (virada ética). No NT não é apenas remorso, mas reorientação da vida para Deus.
- μετανοέω (metanoeō) — verbo: arrepender-se, voltar atrás, mudar de atitude perante Deus.
- πιστεύω (pisteuō) — “crer, confiar”; fé que responde ao kerygma e se manifesta em confiança obediente em Jesus Cristo.
- ἄφεσις (aphesis) e ἀφίημι (aphiēmi) — “perdão, remissão, libertação”: no contexto soteriológico designam o ato de Deus por meio do qual os pecados são perdoados/relaxados.
- ζωή (zōē) — “vida” (vida plena, vida futura, vida agora transformada); “arrependimento para a vida” (At 11:18) indica que o arrependimento não é apenas um ajuste moral, mas ingresso na vida do Reino.
- ἁμαρτία (hamartia) — “pecado”; consciência da condição humana que demanda perdão.
Nota prática: em Lucas/Atos o binômio metanoia + pistis é normalmente apresentado como resposta humana requerida, mas sempre colocada na órbita da iniciativa divina (visões, Espírito, pregação).
Hebraico (paralelos bíblicos que informam o significado)
- שׁוּב (shûv) / תשובה (teshuvah) — “voltar”, “arrependimento”/“retorno” (AT): deslocamento moral e religioso que aproxima do Deus de aliança. Ajuda a entender a profundidade do conceito greco-NT: não apenas mudar de opinião, mas voltar ao relacionamento.
- כָּפַר (kāpar) / כפרה (kippur) — no campo do perdão/expiação: “cobrir/propiciar expiação” (no AT tipicamente associado ao culto expiatorio). Em Atos, a linguagem do “perdão” herda essa carga sacrificial — Deus oferece redenção dos pecados em Cristo.
4. Dimensões teológicas centrais
- Soberania e graça divina sem coerção: Deus é o primeiro agente (ele dá o arrependimento e abre portas), mas a conversão pressupõe resposta humana livre — “ninguém é salvo à força”. Lucas mostra ação soberana (visões, Espírito) que resulta em resposta livre (os gentios creem).
- Universalidade da oferta vs. responsabilidade humana: Deus oferece salvação a todos (temas ligados a 1 Tm 2:4, Rm 3–10), mas nem todos respondem; a narrativa apostólica historiciza a tensão entre vontade benevolente divina e a recusa humana.
- Pneumatologia como selo de inclusão: o dom do Espírito em Cesareia funciona como prova objetiva de que Deus aceita os gentios — isto legitima a inclusão e confirma que a conversão é válida tanto para judeus quanto para gentios.
- Arrependimento como via para “vida”: o verbo/do substantivo arrependimento em Luke/Atos quase sempre está ligado a promessa de nova vida (σωτηρία, ζωὴ) — não meramente mudança moral, mas participação no Reino.
- Baptismo como reconhecimento comunitário: o batismo em Atos sucede (ou acompanha) a experiência do Espírito; torna pública a conversão reconhecida por Deus.
5. Bibliografia acadêmica (seleção recomendada para estudo aprofundado)
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
- Biblia de Estudo Palavra Chave Grego e Hebraico
- Para o conceito de arrependimento/teshuvah: obras de estudos do AT sobre arrependimento (p.ex. J. Barton, N. A. T.; só para referência contextual).
6. Aplicação pastoral e pessoal
- Pregação clara do chamado ao arrependimento e à fé. A igreja deve proclamar explicitamente que a resposta requerida é arrependimento (voltar de caminhos que separam de Deus) e fé em Jesus (confiança obediente).
- Evitar exclusivismos étnicos ou culturais. O episódio de Cornélio condena qualquer privilégio étnico para a salvação: a igreja deve ser espaço de inclusão real.
- Oração por “arrependimento que conduz à vida.” Orar para que o Espírito conceda não meros sentimentos, mas arrependimento eficaz que transforme condutas e gere vida nova.
- Discernimento pastoral entre chamada divina e resposta humana. Há ocasiões em que sinais extraordinários ocorrem; contudo, o padrão cotidiano é a proclamação e o convite à conversão. Pastores devem estimar a obra do Espírito, prestar apoio aos que se convertem e oferecer instrução catequética.
- Batismo e integração litúrgica. Reconhecer e proceder ao batismo como sinal público de ingresso na comunidade, sem perguntar pela “qualidade” da graça (Deus é juiz do coração), mas cuidando da instrução e do acompanhamento.
7. Tabela expositiva (síntese prática)
Texto / Lugar
Elemento central
Termo grego/hebraico
Observação teológica
Aplicação prática
At 10:43
A proclamação que oferece perdão
πίστις (pistis); ἄφεσις (aphesis)
Fé em Jesus conecta-se com perdão/remoção de pecados; universality da oferta
Proclamar perdão em Cristo como convite à fé; não reduzir a salvação a obras
At 11:18
Reação da igreja: Deus concedeu arrependimento
μετάνοια (metanoia); Hebr. שׁוּב (shuv)
Arrependimento concedido por Deus que produz vida — inclusão confirmada
Encorajar oração por arrependimento e celebrar frutos de vida nova
At 2:38 / At 3:19 (paralelos)
Chamado público: arrependam-se e sejam batizados
μετανοεῖν (metanoein); βαπτίζεσθαι (baptizesthai)
Arrependimento relacionado à vida comunitária (batismo)
Catequese pós-conversão; batismo como sinal de integração
Rm 10:14–17
Fé vem pelo ouvir
ἀκοή (akoē); κήρυγμα (kērugma)
O kerygma é o meio normal de gerar fé
Priorizar pregação evangelística clara e acessível
Doutrina (teológica)
Soberania & responsabilidade
—
Deus inicia, mas a resposta humana é necessária; não há coerção
Ministrar com respeito à liberdade, exortando à fidelidade
8. Conclusão
A conversão dos gentios em Atos é exemplar para a teologia da conversão: Deus, em sua graça, abre caminho para os não-judeus — oferece arrependimento que conduz à vida e confirma tal obra pelo Espírito — e, em seguida, a comunidade, reconhecendo a ação divina, integra liturgicamente esses novos crentes (batismo). Conversion is thus both divine gift and human response: arrependimento + fé are necessary, not coerced. A igreja do século XXI é chamada a pregar com urgência e humildade, a orar por arrependimento que gere vida e a abrir suas portas sem barreiras étnicas ou culturais.
A CONVERSÃO DOS GENTIOS
1. Tese e leitura sintética
A conversão dos gentios em Atos (ex.: At 10:43; 11:18) é apresentada como fruto da proclamação do Evangelho: a mensagem da cruz convoca ao arrependimento (μετάνοια) e à fé (πίστις / πιστεύειν); aqueles que, movidos pela graça, se arrependem e creem recebem o perdão (ἄφεσις / ἀφίημι) e a vida (σωτηρία). Lucas enfatiza que essa conversão não é uma subtração forçada da vontade humana, mas a resposta humana à iniciativa divina: Deus abre a porta (o Espírito age), concede arrependimento/vida e os que creem entram livremente na comunidade. A narrativa corrige a presunção judaica de exclusividade e reconfigura a identidade da igreja como comunidade multiétnica reconciliada em Cristo.
2. Exegese teológica dos textos-chave
Atos 10:43 (núcleo):
A formulação central em Atos 10 é que “todos os que creem em Jesus recebem perdão de pecados por meio do seu nome” (paráfrase do sentido). Lucas vincula a proclamação messiânica e a consequência soteriológica: arrependimento/fé → perdão/vida. No contexto, o grande dado narrativo é que o Espírito desce sobre gentios antes do batismo em água (10:44–48), demonstrando que a iniciativa salvadora é pneumatológica e que a conversão efetiva é identificada por Deus (pneumaticamente) e, então, reconhecida liturgicamente (batismo).
Atos 11:18 (núcleo):
Após o relato de Cesareia, os irmãos em Jerusalém ouvem e “glorificaram a Deus, dizendo: Então também aos gentios Deus concedeu arrependimento, para a vida.” Lucas registra a fala da igreja primitiva: o que distingue a inclusão é não um ato político, mas o dom concedido — “arrependimento que conduz à vida” — um arrependimento eficaz, que produz a resposta humana e a transformação vital.
Relação bíblica: arrependimento + fé
Lucas e Paulo pautam a conversão como dupla: metanoia (mudança/retorno) + pistis (confiança/fé pessoal). Exemplos correlatos: At 2:38 (“arrependam-se e sejam batizados…”), At 3:19 (“arrependam-se e convertam-se…”), Rm 10:9–17 (fé que confessa e é produzida pelo ouvir). Assim a narrativa lucana alinha-se com a soteriologia do NT: a proclamação produz fé; o Espírito confirma; o arrependimento caracteriza a virada ética e relacional.
3. Análise léxica (grego e notas hebraicas pertinentes)
Grego (palavras centrais)
- μετάνοια (metánoia) — “arrependimento” / literalmente “mudança de mente/volta”. Envolve contrição e conversão prática (virada ética). No NT não é apenas remorso, mas reorientação da vida para Deus.
- μετανοέω (metanoeō) — verbo: arrepender-se, voltar atrás, mudar de atitude perante Deus.
- πιστεύω (pisteuō) — “crer, confiar”; fé que responde ao kerygma e se manifesta em confiança obediente em Jesus Cristo.
- ἄφεσις (aphesis) e ἀφίημι (aphiēmi) — “perdão, remissão, libertação”: no contexto soteriológico designam o ato de Deus por meio do qual os pecados são perdoados/relaxados.
- ζωή (zōē) — “vida” (vida plena, vida futura, vida agora transformada); “arrependimento para a vida” (At 11:18) indica que o arrependimento não é apenas um ajuste moral, mas ingresso na vida do Reino.
- ἁμαρτία (hamartia) — “pecado”; consciência da condição humana que demanda perdão.
Nota prática: em Lucas/Atos o binômio metanoia + pistis é normalmente apresentado como resposta humana requerida, mas sempre colocada na órbita da iniciativa divina (visões, Espírito, pregação).
Hebraico (paralelos bíblicos que informam o significado)
- שׁוּב (shûv) / תשובה (teshuvah) — “voltar”, “arrependimento”/“retorno” (AT): deslocamento moral e religioso que aproxima do Deus de aliança. Ajuda a entender a profundidade do conceito greco-NT: não apenas mudar de opinião, mas voltar ao relacionamento.
- כָּפַר (kāpar) / כפרה (kippur) — no campo do perdão/expiação: “cobrir/propiciar expiação” (no AT tipicamente associado ao culto expiatorio). Em Atos, a linguagem do “perdão” herda essa carga sacrificial — Deus oferece redenção dos pecados em Cristo.
4. Dimensões teológicas centrais
- Soberania e graça divina sem coerção: Deus é o primeiro agente (ele dá o arrependimento e abre portas), mas a conversão pressupõe resposta humana livre — “ninguém é salvo à força”. Lucas mostra ação soberana (visões, Espírito) que resulta em resposta livre (os gentios creem).
- Universalidade da oferta vs. responsabilidade humana: Deus oferece salvação a todos (temas ligados a 1 Tm 2:4, Rm 3–10), mas nem todos respondem; a narrativa apostólica historiciza a tensão entre vontade benevolente divina e a recusa humana.
- Pneumatologia como selo de inclusão: o dom do Espírito em Cesareia funciona como prova objetiva de que Deus aceita os gentios — isto legitima a inclusão e confirma que a conversão é válida tanto para judeus quanto para gentios.
- Arrependimento como via para “vida”: o verbo/do substantivo arrependimento em Luke/Atos quase sempre está ligado a promessa de nova vida (σωτηρία, ζωὴ) — não meramente mudança moral, mas participação no Reino.
- Baptismo como reconhecimento comunitário: o batismo em Atos sucede (ou acompanha) a experiência do Espírito; torna pública a conversão reconhecida por Deus.
5. Bibliografia acadêmica (seleção recomendada para estudo aprofundado)
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
- Biblia de Estudo Palavra Chave Grego e Hebraico
- Para o conceito de arrependimento/teshuvah: obras de estudos do AT sobre arrependimento (p.ex. J. Barton, N. A. T.; só para referência contextual).
6. Aplicação pastoral e pessoal
- Pregação clara do chamado ao arrependimento e à fé. A igreja deve proclamar explicitamente que a resposta requerida é arrependimento (voltar de caminhos que separam de Deus) e fé em Jesus (confiança obediente).
- Evitar exclusivismos étnicos ou culturais. O episódio de Cornélio condena qualquer privilégio étnico para a salvação: a igreja deve ser espaço de inclusão real.
- Oração por “arrependimento que conduz à vida.” Orar para que o Espírito conceda não meros sentimentos, mas arrependimento eficaz que transforme condutas e gere vida nova.
- Discernimento pastoral entre chamada divina e resposta humana. Há ocasiões em que sinais extraordinários ocorrem; contudo, o padrão cotidiano é a proclamação e o convite à conversão. Pastores devem estimar a obra do Espírito, prestar apoio aos que se convertem e oferecer instrução catequética.
- Batismo e integração litúrgica. Reconhecer e proceder ao batismo como sinal público de ingresso na comunidade, sem perguntar pela “qualidade” da graça (Deus é juiz do coração), mas cuidando da instrução e do acompanhamento.
7. Tabela expositiva (síntese prática)
Texto / Lugar | Elemento central | Termo grego/hebraico | Observação teológica | Aplicação prática |
At 10:43 | A proclamação que oferece perdão | πίστις (pistis); ἄφεσις (aphesis) | Fé em Jesus conecta-se com perdão/remoção de pecados; universality da oferta | Proclamar perdão em Cristo como convite à fé; não reduzir a salvação a obras |
At 11:18 | Reação da igreja: Deus concedeu arrependimento | μετάνοια (metanoia); Hebr. שׁוּב (shuv) | Arrependimento concedido por Deus que produz vida — inclusão confirmada | Encorajar oração por arrependimento e celebrar frutos de vida nova |
At 2:38 / At 3:19 (paralelos) | Chamado público: arrependam-se e sejam batizados | μετανοεῖν (metanoein); βαπτίζεσθαι (baptizesthai) | Arrependimento relacionado à vida comunitária (batismo) | Catequese pós-conversão; batismo como sinal de integração |
Rm 10:14–17 | Fé vem pelo ouvir | ἀκοή (akoē); κήρυγμα (kērugma) | O kerygma é o meio normal de gerar fé | Priorizar pregação evangelística clara e acessível |
Doutrina (teológica) | Soberania & responsabilidade | — | Deus inicia, mas a resposta humana é necessária; não há coerção | Ministrar com respeito à liberdade, exortando à fidelidade |
8. Conclusão
A conversão dos gentios em Atos é exemplar para a teologia da conversão: Deus, em sua graça, abre caminho para os não-judeus — oferece arrependimento que conduz à vida e confirma tal obra pelo Espírito — e, em seguida, a comunidade, reconhecendo a ação divina, integra liturgicamente esses novos crentes (batismo). Conversion is thus both divine gift and human response: arrependimento + fé are necessary, not coerced. A igreja do século XXI é chamada a pregar com urgência e humildade, a orar por arrependimento que gere vida e a abrir suas portas sem barreiras étnicas ou culturais.
SINOPSE II
A mensagem de Pedro mostrou que todos, judeus e gentios, são chamados à salvação pela fé em Cristo.
BÔNUS EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Línguas estranhas, uma pergunta via inbox:
— Paz!!! Acabei de assistir o vídeo, o nobre lá faz uma confusão bíblica sem tamanho, poderia me ajudar a entender melhor Atos 2 ???.
Resposta:
1. O que aconteceu em Atos 2?
- O derramamento do Espírito Santo em Pentecostes foi acompanhado de xenolalia (ξένος = estrangeiro, λαλία = fala): línguas conhecidas, entendidas pelos presentes (At 2.6-8).
- Isso tinha um propósito missional: cada povo ouviu “as grandezas de Deus” em seu próprio idioma.
2. Outras manifestações de línguas em Atos
- Em Atos 8 (Samaritanos), Atos 10 (casa de Cornélio) e Atos 19 (discípulos em Éfeso), as línguas se manifestaram de forma não compreendida pelos ouvintes – o que chamamos de glossolalia (γλῶσσα = língua, λαλία = fala).
- Ou seja: em Atos temos os dois tipos de fenômeno – línguas entendidas (xenolalia) e línguas espirituais (glossolalia).
3. O dom de línguas não é para todos
- 1 Coríntios 12.7-11 mostra que o Espírito distribui os dons como Ele quer.
- Nem todos terão o dom de variedades de línguas ou de interpretação de línguas.
- Portanto, não é correto impor as línguas como requisito ministerial ou prova exclusiva do batismo no Espírito. E também não é correto dizer que as línguas estranhas são iguais as línguas dos anjos. (1Co 13)
4. Diferença entre batismo COM e NO Espírito Santo
- Batismo COM o Espírito Santo → acontece na conversão, quando o Espírito passa a habitar no crente. (Jo 14.17; 1 Co 6.19; Jo 20.22).
- Batismo NO Espírito Santo → experiência distinta, de revestimento de poder, conforme At 1.8; Joel 2.28-29; evidenciada em At 2, At 10 e At 19.
- Essa distinção ajuda a compreender que todo salvo tem o Espírito, mas nem todo salvo experimentou o revestimento do Espírito em poder.
5. Ser cheio do Espírito é outra dimensão
- A plenitude do Espírito (Ef 5.18) está ligada à vida de santidade e ao fruto do Espírito (Gl 5.22-23), não necessariamente a dons carismáticos.
Conclusão
- O Espírito Santo distribui os dons soberanamente.
- O falar em línguas (sejam idiomas humanos ou línguas espirituais) é bíblico e atual.
- O batismo no Espírito Santo não substitui a regeneração, mas é uma capacitação a mais para testemunho e serviço.
- A verdadeira marca de quem é cheio do Espírito não são apenas os dons, mas sobretudo o fruto do Espírito.
Livro: Línguas Sobrenaturais da Bíblia - Hubner Braz
Línguas estranhas, uma pergunta via inbox:
— Paz!!! Acabei de assistir o vídeo, o nobre lá faz uma confusão bíblica sem tamanho, poderia me ajudar a entender melhor Atos 2 ???.
Resposta:
1. O que aconteceu em Atos 2?
- O derramamento do Espírito Santo em Pentecostes foi acompanhado de xenolalia (ξένος = estrangeiro, λαλία = fala): línguas conhecidas, entendidas pelos presentes (At 2.6-8).
- Isso tinha um propósito missional: cada povo ouviu “as grandezas de Deus” em seu próprio idioma.
2. Outras manifestações de línguas em Atos
- Em Atos 8 (Samaritanos), Atos 10 (casa de Cornélio) e Atos 19 (discípulos em Éfeso), as línguas se manifestaram de forma não compreendida pelos ouvintes – o que chamamos de glossolalia (γλῶσσα = língua, λαλία = fala).
- Ou seja: em Atos temos os dois tipos de fenômeno – línguas entendidas (xenolalia) e línguas espirituais (glossolalia).
3. O dom de línguas não é para todos
- 1 Coríntios 12.7-11 mostra que o Espírito distribui os dons como Ele quer.
- Nem todos terão o dom de variedades de línguas ou de interpretação de línguas.
- Portanto, não é correto impor as línguas como requisito ministerial ou prova exclusiva do batismo no Espírito. E também não é correto dizer que as línguas estranhas são iguais as línguas dos anjos. (1Co 13)
4. Diferença entre batismo COM e NO Espírito Santo
- Batismo COM o Espírito Santo → acontece na conversão, quando o Espírito passa a habitar no crente. (Jo 14.17; 1 Co 6.19; Jo 20.22).
- Batismo NO Espírito Santo → experiência distinta, de revestimento de poder, conforme At 1.8; Joel 2.28-29; evidenciada em At 2, At 10 e At 19.
- Essa distinção ajuda a compreender que todo salvo tem o Espírito, mas nem todo salvo experimentou o revestimento do Espírito em poder.
5. Ser cheio do Espírito é outra dimensão
- A plenitude do Espírito (Ef 5.18) está ligada à vida de santidade e ao fruto do Espírito (Gl 5.22-23), não necessariamente a dons carismáticos.
Conclusão
- O Espírito Santo distribui os dons soberanamente.
- O falar em línguas (sejam idiomas humanos ou línguas espirituais) é bíblico e atual.
- O batismo no Espírito Santo não substitui a regeneração, mas é uma capacitação a mais para testemunho e serviço.
- A verdadeira marca de quem é cheio do Espírito não são apenas os dons, mas sobretudo o fruto do Espírito.
III- O ESPÍRITO DERRAMADO SOBRE OS GENTIOS
1- O Espírito prometido. O batismo no Espírito Santo experimentado pelos gentios na casa de Cornélio (At 10.44-46) foi um dos fatos mais marcantes que aconteceu nos dias da Igreja Primitiva. Anos mais tarde, durante o primeiro Concílio da Igreja em Jerusalém, Pedro faz referência a esse fato como sendo uma das promessas feitas por Deus aos gentios (At 15.16). Assim, o recebimento do Espírito Santo, incluindo a experiência pentecostal do batismo no Espírito Santo, era a “bênção de Abraão” feita aos gentios (Gl 3.14). Pedro já havia dito, citando a profecia do profeta Joel (Jl 2.28), que o batismo no Espírito Santo era uma promessa de Deus a “toda carne” (At 2.17). A promessa, portanto, não se limitava mais aos judeus, nem tampouco a uma classe especial (reis, profetas e sacerdotes), mas a todos quantos nosso Deus chamar (At 2.39). Eu, você e todos os que creem em Cristo somos contemplados com essa promessa de Deus.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
O Espírito Derramado sobre os Gentios
1. O Espírito Prometido e Cumprido
Em Atos 10.44, o Espírito Santo caiu (ἐπέπεσεν, epépesen, do verbo epipiptō — “cair sobre, tomar posse”) sobre todos os que ouviam a Palavra. Esse verbo é o mesmo usado em At 8.16 e 11.15, descrevendo uma ação soberana de Deus. O derramamento não foi mediado por imposição de mãos, mas aconteceu de forma direta, mostrando a soberania divina na inclusão dos gentios.
Pedro, ao relatar no Concílio de Jerusalém, disse: “o mesmo dom (dōrea) que a nós” (At 11.17), enfatizando que não havia distinção entre judeus e gentios. Isso confirma o cumprimento da promessa veterotestamentária em Joel 2.28: “derramarei do meu Espírito sobre toda carne”.
2. A Promessa de “Toda Carne”
A expressão hebraica de Joel 2.28 é עַל־כָּל־בָּשָׂר (‘al kol basar), que significa “sobre toda humanidade”. O termo basar (“carne”) indica a totalidade da humanidade, sem restrição étnica, social ou de classe. Pedro, em Atos 2.17, reforça esse aspecto universal: não apenas profetas, sacerdotes e reis, mas jovens, velhos, servos e servas seriam alcançados.
Paulo em Gálatas 3.14 interpreta isso como a “bênção de Abraão” (εὐλογία τοῦ Ἀβραάμ, eulogia tou Abraam), agora transmitida aos gentios em Cristo, mostrando que a promessa feita a Abraão (Gn 12.3) se cumpre plenamente no derramamento do Espírito.
3. O Espírito como Sinal da Salvação
O batismo no Espírito Santo na casa de Cornélio não foi apenas uma experiência carismática, mas também um sinal visível de que os gentios haviam sido plenamente aceitos por Deus. Eles falavam em línguas (λαλεῖν γλώσσαις, lalein glōssais) e magnificavam a Deus, repetindo a mesma manifestação do Pentecostes (At 2.4).
I. Howard Marshall (Acts: An Introduction and Commentary) destaca que essa experiência foi decisiva para convencer a Igreja de Jerusalém de que a salvação e a habitação do Espírito não estavam restritas aos judeus.
4. Teologia Pentecostal e Universalidade
Segundo Gordon Fee (God’s Empowering Presence), o derramamento do Espírito é tanto soteriológico (garantia de pertença ao povo de Deus) quanto carismático (empoderamento para testemunho e missão). Assim, em Cornélio temos a confirmação de que a promessa de Atos 1.8 (“sereis minhas testemunhas… até os confins da terra”) estava em pleno andamento.
A promessa é universal: “a todos quantos o Senhor nosso Deus chamar” (At 2.39). O verbo grego usado, προσκαλέσηται (proskalēsētai), indica um chamado eficaz e ativo de Deus, mostrando que a iniciativa da salvação e do derramamento do Espírito é sempre divina.
5. Referências Acadêmicas
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
- Biblia de Estudo Palavra Chave Grego e Hebraico
6. Aplicação Pessoal
- Aceitação universal: O mesmo Espírito que foi derramado em Jerusalém também veio sobre gentios, provando que não há exclusão no plano de Deus.
- Confirmação de fé: O batismo no Espírito é selo da salvação e confirmação de que pertencemos ao corpo de Cristo.
- Empoderamento para missão: O derramamento não é apenas para edificação pessoal, mas para proclamar a grandeza de Deus ao mundo.
- Esperança atual: Eu e você, hoje, participamos dessa promessa — a plenitude do Espírito está disponível a todos que creem em Cristo.
📊 Tabela Expositiva – O Espírito Derramado sobre os Gentios
Aspecto
Texto
Palavra-Chave
Significado
Aplicação
Derramamento do Espírito
At 10.44
ἐπέπεσεν (epépesen)
Cair sobre, tomar posse
O Espírito age soberanamente sobre todos os que creem
Promessa universal
Jl 2.28; At 2.17
עַל־כָּל־בָּשָׂר (‘al kol basar)
Sobre toda carne/humanidade
O Espírito não é restrito a um povo ou classe
Bênção de Abraão
Gl 3.14
εὐλογία (eulogia)
Bênção, promessa de vida
A promessa se cumpre em Cristo e alcança os gentios
Sinal visível
At 10.46
λαλεῖν γλώσσαις (lalein glōssais)
Falar em línguas
Confirmação da aceitação de Deus
Promessa a todos
At 2.39
προσκαλέσηται (proskalēsētai)
Chamar, convocar
Todos os chamados por Deus podem receber o Espírito
O Espírito Derramado sobre os Gentios
1. O Espírito Prometido e Cumprido
Em Atos 10.44, o Espírito Santo caiu (ἐπέπεσεν, epépesen, do verbo epipiptō — “cair sobre, tomar posse”) sobre todos os que ouviam a Palavra. Esse verbo é o mesmo usado em At 8.16 e 11.15, descrevendo uma ação soberana de Deus. O derramamento não foi mediado por imposição de mãos, mas aconteceu de forma direta, mostrando a soberania divina na inclusão dos gentios.
Pedro, ao relatar no Concílio de Jerusalém, disse: “o mesmo dom (dōrea) que a nós” (At 11.17), enfatizando que não havia distinção entre judeus e gentios. Isso confirma o cumprimento da promessa veterotestamentária em Joel 2.28: “derramarei do meu Espírito sobre toda carne”.
2. A Promessa de “Toda Carne”
A expressão hebraica de Joel 2.28 é עַל־כָּל־בָּשָׂר (‘al kol basar), que significa “sobre toda humanidade”. O termo basar (“carne”) indica a totalidade da humanidade, sem restrição étnica, social ou de classe. Pedro, em Atos 2.17, reforça esse aspecto universal: não apenas profetas, sacerdotes e reis, mas jovens, velhos, servos e servas seriam alcançados.
Paulo em Gálatas 3.14 interpreta isso como a “bênção de Abraão” (εὐλογία τοῦ Ἀβραάμ, eulogia tou Abraam), agora transmitida aos gentios em Cristo, mostrando que a promessa feita a Abraão (Gn 12.3) se cumpre plenamente no derramamento do Espírito.
3. O Espírito como Sinal da Salvação
O batismo no Espírito Santo na casa de Cornélio não foi apenas uma experiência carismática, mas também um sinal visível de que os gentios haviam sido plenamente aceitos por Deus. Eles falavam em línguas (λαλεῖν γλώσσαις, lalein glōssais) e magnificavam a Deus, repetindo a mesma manifestação do Pentecostes (At 2.4).
I. Howard Marshall (Acts: An Introduction and Commentary) destaca que essa experiência foi decisiva para convencer a Igreja de Jerusalém de que a salvação e a habitação do Espírito não estavam restritas aos judeus.
4. Teologia Pentecostal e Universalidade
Segundo Gordon Fee (God’s Empowering Presence), o derramamento do Espírito é tanto soteriológico (garantia de pertença ao povo de Deus) quanto carismático (empoderamento para testemunho e missão). Assim, em Cornélio temos a confirmação de que a promessa de Atos 1.8 (“sereis minhas testemunhas… até os confins da terra”) estava em pleno andamento.
A promessa é universal: “a todos quantos o Senhor nosso Deus chamar” (At 2.39). O verbo grego usado, προσκαλέσηται (proskalēsētai), indica um chamado eficaz e ativo de Deus, mostrando que a iniciativa da salvação e do derramamento do Espírito é sempre divina.
5. Referências Acadêmicas
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
- Biblia de Estudo Palavra Chave Grego e Hebraico
6. Aplicação Pessoal
- Aceitação universal: O mesmo Espírito que foi derramado em Jerusalém também veio sobre gentios, provando que não há exclusão no plano de Deus.
- Confirmação de fé: O batismo no Espírito é selo da salvação e confirmação de que pertencemos ao corpo de Cristo.
- Empoderamento para missão: O derramamento não é apenas para edificação pessoal, mas para proclamar a grandeza de Deus ao mundo.
- Esperança atual: Eu e você, hoje, participamos dessa promessa — a plenitude do Espírito está disponível a todos que creem em Cristo.
📊 Tabela Expositiva – O Espírito Derramado sobre os Gentios
Aspecto | Texto | Palavra-Chave | Significado | Aplicação |
Derramamento do Espírito | At 10.44 | ἐπέπεσεν (epépesen) | Cair sobre, tomar posse | O Espírito age soberanamente sobre todos os que creem |
Promessa universal | Jl 2.28; At 2.17 | עַל־כָּל־בָּשָׂר (‘al kol basar) | Sobre toda carne/humanidade | O Espírito não é restrito a um povo ou classe |
Bênção de Abraão | Gl 3.14 | εὐλογία (eulogia) | Bênção, promessa de vida | A promessa se cumpre em Cristo e alcança os gentios |
Sinal visível | At 10.46 | λαλεῖν γλώσσαις (lalein glōssais) | Falar em línguas | Confirmação da aceitação de Deus |
Promessa a todos | At 2.39 | προσκαλέσηται (proskalēsētai) | Chamar, convocar | Todos os chamados por Deus podem receber o Espírito |
2- O Espírito recebido. Como vimos, logo após os gentios terem “recebido a Palavra de Deus” (At 11.1), isto é, se convertido à fé cristã, o Espírito Santo foi derramado sobre os crentes gentios de Cesareia: “E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios” (At 10.45). Esse derramamento do Espírito veio acompanhado pela evidência física do falar em outras línguas e expressões de louvor, que aparece aqui como um padrão já aceito pela comunidade cristã: “Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus” (At 10.46).
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
O ESPÍRITO RECEBIDO (Atos 10:44–46)
Comentário bíblico-teológico aprofundado — com análise das palavras gregas, referências acadêmicas, aplicação prática e tabela expositiva.
1) Leitura sintética do episódio
Em Cesareia, após a pregação de Pedro, “o Espírito Santo caiu sobre todos os que ouviam a palavra” (At 10:44). Os cristãos judeus presentes “maravilharam-se” porque o dom do Espírito havia sido derramado também sobre os gentios (10:45). A evidência visível foi que os gentios falavam em línguas e louvavam a Deus (10:46). Lucas coloca esse evento como paralelismo intencional com Pentecostes (At 2): o Espírito confirma a inclusão dos gentios na família de Deus, mostrando que o critério de pertença é pneumatológico e não étnico.
2) Análise das palavras e construções gregas (texto chave em grego: At 10:44–46)
Frases principais (formas correntes)
- ἐπέπεσεν τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον — “caiu (ou foi derramado) o Espírito Santo.”
Translit.: epépēsen to pneuma to hagion.
Observação lexical/gram.: o verbo aqui (aoristo) indica um acontecimento histórico decisivo — ação do Espírito que interrompe/transforma a cena narrativa. τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον = identificação clara: o agente divino (o Espírito, identificado como “Santo”) que age para autenticar a obra de Deus. - ἐξέχετο τὸ χάρισμα τοῦ πνεύματος τοῦ ἁγίου (v.45 — variações textuais existem: “τὸ χάρισμα” / “τό δῶρον”) — “foi derramado o dom / o presente do Espírito Santo.”
Translit.: exécheto to charisma tou pneumatos tou hagiou.
Lexema central: χάρισμα (charisma) — “dom gratuito, presente, graça concedida”. Em Atos o termo sublinha que aquilo que acontece é graça comunicada pelo Espírito, não mérito humano. - λαλοῦντας γλώσσαις / λαλοὺντας γλώσσαις — “falando em línguas.”
Translit.: lalountas glōssais.
Observação: γλῶσσα / γλώσσαι (glōssa/glōssai) pode significar “língua” (órgão) ou “idioma/língua humana” ou “linguagem extática”. O plural em Atos indica manifestações linguísticas múltiplas (como em Pentecostes), e Luke descreve que os judeus presentes ouviram (ἤκουον) essas manifestações. - μαγαλύνοντες / ὑμνοῦντας / μεγαλύνειν τὸν θεόν — “magnificavam / louvavam a Deus.”
Observação: o falar em línguas vem acompanhado de louvor inteligível ou manifestação de adoração; Luke enfatiza dois elementos: dons carismáticos + adoração comunitária. - θαυμάζοντες / ἐθαύμασαν — “maravilharam-se, ficaram admirados.”
Teologia: reação de assombro dos fiéis da circuncisão. Não é hostilidade imediata, mas surpresa que leva à reavaliação teológica (véu da exclusividade cai).
3) Questões exegéticas e teológicas principais
- Pneumatologia de confirmação: Lucas usa a descida do Espírito como selo divino que valida a inclusão dos gentios. Esse derramar é paralelo a Pentecostes (At 2) — Luke mostra continuidade: o mesmo Espírito que inaugurou a igreja em Jerusalém confirma agora a expansão para os gentios.
- “Dom / χάρισμα” como graça comunicada: a palavra χάρισμα acentua que o que acontece não é mérito humano, mas graça recebida. Em 1 Coríntios e Atos, charismata são dons do Espírito distribuídos conforme a vontade divina.
- A evidência visível — falar em línguas — e as interpretações: há interpretações diversas sobre o que Luke descreve:
- Leitura “xenoglossia”: em Pentecostes (At 2) Lucas descreve compreensão de idiomas por ouvintes de várias línguas; alguns argumentam que em At 10 também pode haver manifestação de línguas inteligíveis para ouvintes estrangeiros.
- Leitura “glossolalia/extática”: outros entendem como linguagem carismática/oração extática, não necessariamente línguas humanas reconhecíveis.
- Consenso narrativo: Luke enfatiza que havia sinal perceptível (seja qual for a natureza linguística) suficiente para que os judeus “ouvissem” e “se maravilhassem” — o foco narrativo é a função do sinal (testemunho divino), não a tecnicalidade linguística.
- Função eclesial do sinal: o sinal do Espírito serve para legitimar a recepção dos gentios na comunidade e para forçar a igreja judaica a reavaliar suas fronteiras — ou seja, função pastoral e eclesiológica mais do que litúrgico-sacramental técnico.
- Paralelo com Batismo do Espírito vs Batismo em água: em Atos 10 o Espírito precede ou acompanha a iniciação, e o batismo (água) é então administrado (10:47–48). Luke mostra que a ação do Espírito é prima facie: o Espírito pode agir independentemente do rito, e o rito confirma. Isso tem implicações teológicas para debates posteriores sobre sinais de iniciação.
4) Perspectivas acadêmicas (seleção bibliográfica e linhas de interpretação)
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary — análise detalhada do contexto histórico e interpretação das manifestações de língua em Atos; Keener mostra diversidade de expressões carismáticas e a intenção de Luke em ligá-las ao testemunho missionário.
- F. F. Bruce, The Book of the Acts (NICNT) — leitura clássica: destaca o paralelismo entre Pentecostes e Cesareia e a função teológica do sinal como critério de validação.
- I. H. Marshall, The Acts of the Apostles — exposição equilibrada sobre a pneumatologia lucana.
- Ben Witherington III, The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary — útil para entender como sinais carismáticos funcionavam socialmente nas comunidades do primeiro século.
- James D. G. Dunn, Baptism in the Holy Spirit — análise histórica e teológica do batismo no Espírito e suas evidências; aborda continuidade/disjunção entre eventos pentecostais.
- Gordon D. Fee, God’s Empowering Presence — tratamento teológico-exegético dos dons do Espírito e sua função na comunidade (predileto entre estudiosos pentecostais/charismáticos).
- BDAG (A Greek-English Lexicon) e Wallace, Greek Grammar Beyond the Basics — recursos lexicais e sintáticos para estudo das formas e usos.
5) Aplicação pastoral e pessoal
- Discernimento pastoral: o texto pede humildade teológica: reconhecer que Deus pode manifestar o Espírito de formas diversas; natalidade do dom não pode ser ignorada apenas por preconceitos.
- Não confundir sinal com única prova: embora Lucas descreva falar em línguas como evidência aqui, não é teologicamente seguro tornar essa manifestação o único critério de validade espiritual — Luke apresenta-a como um selo reconhecível naquele contexto. A pastoral deve considerar o conjunto (fé, fruto, ensino, caráter).
- Integração comunitária: quando sinais ocorram, a comunidade responsável deve avaliar em oração e, se reconhecido, proceder à integração litúrgica (cf. batismo em At 10:47–48).
- Valorização dos dons: cultive ambientes onde os dons do Espírito possam ser exercidos com ordem, amor e edificação (1 Cor 12–14).
- Missão e testemunho: o evento mostra que sinais do Espírito acompanham a expansão missionária; por isso, evangelismo e abertura pastoral são parte prática da teologia do Espírito.
6) Tabela expositiva (Atos 10:44–46)
Versículo
Frase grega (chave)
Translit.
Nota lexical/gramatical
Significado teológico
Aplicação prática
10:44
ἐν τῷ ἔτι αὐτοῦ λαλοῦντος ἐπέπεσεν τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον
en tō eti autou lalountos epepesen to pneuma to hagion
ἐπέπεσεν (aor. = evento decisivo); τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον = agente divino
O Espírito age soberanamente e confirma a aceitação dos ouvintes
Reconhecer a iniciativa divina antes de procedimentos humanos
10:45
οἱ πιστοὶ… ἐθαύμασαν ὅτι καὶ ἐπὶ τοὺς ἐθνικοὺς ἐξέχετο τὸ χάρισμα
hoi pistoi… ethaumasan hoti kai epi tous ethnous exécheto to charisma
ἐξέχετο = “foi derramado/poured out”; χάρισμα = dom gratuito
O derramar do charisma legitima a inclusão dos gentios
Receber com humildade e abrir espaço à integração
10:46
ἤκουον γὰρ αὐτῶν λαλοὺντας γλώσσαις καὶ μεγαλύνοντας τὸν θεόν
ēkouon gar autōn lalountas glōssais kai megalynein ton theon
λαλοῦντας γλώσσαις = “falando em línguas”; ἤκουον = “ouviram” (percepção pública)
A manifestação carismática acompanha o derramamento; o louvor confirma o caráter devocional do evento
Cultivar ordenação nos dons e exortar ao louvor e à edificação
7) Breves notas sobre controvérsias práticas
- É este evento norma universal para a igreja hoje? Há diversidade: alguns veem tal manifestação como padrão (especialmente tradições pentecostais/charismáticas); outros veem-na como um sinal inaugural ligado à expansão missionária (interpretação mais cautelosa). Lucas não apresenta um tratado doutrinário sobre “normatividade”, mas registra o facto e seu efeito eclesial.
- Como proceder pastoralmente? Princípios: (a) avaliar com oração e estudo bíblico; (b) verificar frutos e ortodoxia doutrinal; (c) não marginalizar sinais genuínos; (d) promover ordem e edificação (1 Cor 14).
8) Bibliografia recomendada (seleção comentada)
O ESPÍRITO RECEBIDO (Atos 10:44–46)
Comentário bíblico-teológico aprofundado — com análise das palavras gregas, referências acadêmicas, aplicação prática e tabela expositiva.
1) Leitura sintética do episódio
Em Cesareia, após a pregação de Pedro, “o Espírito Santo caiu sobre todos os que ouviam a palavra” (At 10:44). Os cristãos judeus presentes “maravilharam-se” porque o dom do Espírito havia sido derramado também sobre os gentios (10:45). A evidência visível foi que os gentios falavam em línguas e louvavam a Deus (10:46). Lucas coloca esse evento como paralelismo intencional com Pentecostes (At 2): o Espírito confirma a inclusão dos gentios na família de Deus, mostrando que o critério de pertença é pneumatológico e não étnico.
2) Análise das palavras e construções gregas (texto chave em grego: At 10:44–46)
Frases principais (formas correntes)
- ἐπέπεσεν τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον — “caiu (ou foi derramado) o Espírito Santo.”
Translit.: epépēsen to pneuma to hagion.
Observação lexical/gram.: o verbo aqui (aoristo) indica um acontecimento histórico decisivo — ação do Espírito que interrompe/transforma a cena narrativa. τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον = identificação clara: o agente divino (o Espírito, identificado como “Santo”) que age para autenticar a obra de Deus. - ἐξέχετο τὸ χάρισμα τοῦ πνεύματος τοῦ ἁγίου (v.45 — variações textuais existem: “τὸ χάρισμα” / “τό δῶρον”) — “foi derramado o dom / o presente do Espírito Santo.”
Translit.: exécheto to charisma tou pneumatos tou hagiou.
Lexema central: χάρισμα (charisma) — “dom gratuito, presente, graça concedida”. Em Atos o termo sublinha que aquilo que acontece é graça comunicada pelo Espírito, não mérito humano. - λαλοῦντας γλώσσαις / λαλοὺντας γλώσσαις — “falando em línguas.”
Translit.: lalountas glōssais.
Observação: γλῶσσα / γλώσσαι (glōssa/glōssai) pode significar “língua” (órgão) ou “idioma/língua humana” ou “linguagem extática”. O plural em Atos indica manifestações linguísticas múltiplas (como em Pentecostes), e Luke descreve que os judeus presentes ouviram (ἤκουον) essas manifestações. - μαγαλύνοντες / ὑμνοῦντας / μεγαλύνειν τὸν θεόν — “magnificavam / louvavam a Deus.”
Observação: o falar em línguas vem acompanhado de louvor inteligível ou manifestação de adoração; Luke enfatiza dois elementos: dons carismáticos + adoração comunitária. - θαυμάζοντες / ἐθαύμασαν — “maravilharam-se, ficaram admirados.”
Teologia: reação de assombro dos fiéis da circuncisão. Não é hostilidade imediata, mas surpresa que leva à reavaliação teológica (véu da exclusividade cai).
3) Questões exegéticas e teológicas principais
- Pneumatologia de confirmação: Lucas usa a descida do Espírito como selo divino que valida a inclusão dos gentios. Esse derramar é paralelo a Pentecostes (At 2) — Luke mostra continuidade: o mesmo Espírito que inaugurou a igreja em Jerusalém confirma agora a expansão para os gentios.
- “Dom / χάρισμα” como graça comunicada: a palavra χάρισμα acentua que o que acontece não é mérito humano, mas graça recebida. Em 1 Coríntios e Atos, charismata são dons do Espírito distribuídos conforme a vontade divina.
- A evidência visível — falar em línguas — e as interpretações: há interpretações diversas sobre o que Luke descreve:
- Leitura “xenoglossia”: em Pentecostes (At 2) Lucas descreve compreensão de idiomas por ouvintes de várias línguas; alguns argumentam que em At 10 também pode haver manifestação de línguas inteligíveis para ouvintes estrangeiros.
- Leitura “glossolalia/extática”: outros entendem como linguagem carismática/oração extática, não necessariamente línguas humanas reconhecíveis.
- Consenso narrativo: Luke enfatiza que havia sinal perceptível (seja qual for a natureza linguística) suficiente para que os judeus “ouvissem” e “se maravilhassem” — o foco narrativo é a função do sinal (testemunho divino), não a tecnicalidade linguística.
- Função eclesial do sinal: o sinal do Espírito serve para legitimar a recepção dos gentios na comunidade e para forçar a igreja judaica a reavaliar suas fronteiras — ou seja, função pastoral e eclesiológica mais do que litúrgico-sacramental técnico.
- Paralelo com Batismo do Espírito vs Batismo em água: em Atos 10 o Espírito precede ou acompanha a iniciação, e o batismo (água) é então administrado (10:47–48). Luke mostra que a ação do Espírito é prima facie: o Espírito pode agir independentemente do rito, e o rito confirma. Isso tem implicações teológicas para debates posteriores sobre sinais de iniciação.
4) Perspectivas acadêmicas (seleção bibliográfica e linhas de interpretação)
- Craig S. Keener, Acts: An Exegetical Commentary — análise detalhada do contexto histórico e interpretação das manifestações de língua em Atos; Keener mostra diversidade de expressões carismáticas e a intenção de Luke em ligá-las ao testemunho missionário.
- F. F. Bruce, The Book of the Acts (NICNT) — leitura clássica: destaca o paralelismo entre Pentecostes e Cesareia e a função teológica do sinal como critério de validação.
- I. H. Marshall, The Acts of the Apostles — exposição equilibrada sobre a pneumatologia lucana.
- Ben Witherington III, The Acts of the Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary — útil para entender como sinais carismáticos funcionavam socialmente nas comunidades do primeiro século.
- James D. G. Dunn, Baptism in the Holy Spirit — análise histórica e teológica do batismo no Espírito e suas evidências; aborda continuidade/disjunção entre eventos pentecostais.
- Gordon D. Fee, God’s Empowering Presence — tratamento teológico-exegético dos dons do Espírito e sua função na comunidade (predileto entre estudiosos pentecostais/charismáticos).
- BDAG (A Greek-English Lexicon) e Wallace, Greek Grammar Beyond the Basics — recursos lexicais e sintáticos para estudo das formas e usos.
5) Aplicação pastoral e pessoal
- Discernimento pastoral: o texto pede humildade teológica: reconhecer que Deus pode manifestar o Espírito de formas diversas; natalidade do dom não pode ser ignorada apenas por preconceitos.
- Não confundir sinal com única prova: embora Lucas descreva falar em línguas como evidência aqui, não é teologicamente seguro tornar essa manifestação o único critério de validade espiritual — Luke apresenta-a como um selo reconhecível naquele contexto. A pastoral deve considerar o conjunto (fé, fruto, ensino, caráter).
- Integração comunitária: quando sinais ocorram, a comunidade responsável deve avaliar em oração e, se reconhecido, proceder à integração litúrgica (cf. batismo em At 10:47–48).
- Valorização dos dons: cultive ambientes onde os dons do Espírito possam ser exercidos com ordem, amor e edificação (1 Cor 12–14).
- Missão e testemunho: o evento mostra que sinais do Espírito acompanham a expansão missionária; por isso, evangelismo e abertura pastoral são parte prática da teologia do Espírito.
6) Tabela expositiva (Atos 10:44–46)
Versículo | Frase grega (chave) | Translit. | Nota lexical/gramatical | Significado teológico | Aplicação prática |
10:44 | ἐν τῷ ἔτι αὐτοῦ λαλοῦντος ἐπέπεσεν τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον | en tō eti autou lalountos epepesen to pneuma to hagion | ἐπέπεσεν (aor. = evento decisivo); τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον = agente divino | O Espírito age soberanamente e confirma a aceitação dos ouvintes | Reconhecer a iniciativa divina antes de procedimentos humanos |
10:45 | οἱ πιστοὶ… ἐθαύμασαν ὅτι καὶ ἐπὶ τοὺς ἐθνικοὺς ἐξέχετο τὸ χάρισμα | hoi pistoi… ethaumasan hoti kai epi tous ethnous exécheto to charisma | ἐξέχετο = “foi derramado/poured out”; χάρισμα = dom gratuito | O derramar do charisma legitima a inclusão dos gentios | Receber com humildade e abrir espaço à integração |
10:46 | ἤκουον γὰρ αὐτῶν λαλοὺντας γλώσσαις καὶ μεγαλύνοντας τὸν θεόν | ēkouon gar autōn lalountas glōssais kai megalynein ton theon | λαλοῦντας γλώσσαις = “falando em línguas”; ἤκουον = “ouviram” (percepção pública) | A manifestação carismática acompanha o derramamento; o louvor confirma o caráter devocional do evento | Cultivar ordenação nos dons e exortar ao louvor e à edificação |
7) Breves notas sobre controvérsias práticas
- É este evento norma universal para a igreja hoje? Há diversidade: alguns veem tal manifestação como padrão (especialmente tradições pentecostais/charismáticas); outros veem-na como um sinal inaugural ligado à expansão missionária (interpretação mais cautelosa). Lucas não apresenta um tratado doutrinário sobre “normatividade”, mas registra o facto e seu efeito eclesial.
- Como proceder pastoralmente? Princípios: (a) avaliar com oração e estudo bíblico; (b) verificar frutos e ortodoxia doutrinal; (c) não marginalizar sinais genuínos; (d) promover ordem e edificação (1 Cor 14).
8) Bibliografia recomendada (seleção comentada)
3- Um pentecoste “visto” e “ouvido”. Posteriormente, quando questionado e censurado por outros judeus por ter ido à casa de um gentio em Cesareia, Pedro usou a experiência pentecostal ocorrida na casa de Cornélio como argumento a favor da autenticidade da fé gentílica. Na argumentação de Pedro, os gentios haviam recebido a mesma experiência pentecostal que eles haviam recebido no dia de Pentecostes (At 2.4), inclusive com a manifestação do fenômeno das línguas (At 11.15-18). Em outras palavras, o Pentecostes gentílico, assim como o Pentecostes judaico, foi marcado pela experiência do Espírito. Em ambos os casos, foi um Pentecostes “visto” e “ouvido”.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
3 — Um Pentecostes “visto” e “ouvido” (Comentário bíblico-teológico aprofundado)
Tese curta: Lucas apresenta o derramamento do Espírito em Cesareia como o mesmo tipo de evento que inaugurou a igreja em Jerusalém no dia de Pentecostes: ambos foram acontecimentos sensoriais (as pessoas viram sinais e ouviram fala em línguas) e, por isso, Pedro usa essa experiência pentecostal como prova de que os gentios receberam autenticamente o Espírito, legitimando a sua inclusão. Essa estratégia narrativa é deliberada em Lucas e tem consequências teológicas e eclesiais profundas.
1) Evidência textual (o “visto” e o “ouvido”) — principais versos e palavras gregas
Luke usa vocabulário sensorial em ambos os episódios. Compare os núcleos textuais:
- Pentecostes (At 2:3–6):
καὶ ὤφθησαν αὐτοῖς διαμεριζόμεναι γλῶσσαι ὡσεὶ πυρός — “apareceram-lhes línguas como de fogo” (ὤφθησαν = foram vistas).
ἤκουον… ἑκάστη τῇ ἰδίᾳ διαλέκτῳ — “cada um os ouvia em sua própria língua” (ἤκουον = eles ouviam). - Cesareia (At 10:44–46):
ἔτι λαλοῦντος … ἐπέπεσεν τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον — “enquanto Pedro ainda falava, caiu o Espírito Santo”.
ἤκουον γὰρ αὐτῶν λαλοὺντας γλώσσαις — “pois os ouviram falando em línguas”. (ἤκουον / λαλοῦντας γλώσσαις = ouviram falando em línguas). - Pedro explicita o paralelo (At 11:15):
ἐν δὲ τῷ ἄρξασθαί με λαλεῖν ἐπέπεσεν τὸ Πνεῦμα τὸ Ἅγιον ἐπ’ αὐτούς, ὥσπερ καὶ ἐφ’ ἡμᾶς ἐν ἀρχῇ. — “quando comecei a falar, o Espírito Santo caiu sobre eles, assim como sobre nós no princípio.” Aqui Pedro literalmente equipara os dois eventos.
Esses textos mostram que Luke não apenas narra o Espírito agindo nos gentios, mas sublinha que o agir foi perceptível (visível/sonoro) — exatamente os mesmos traços que caracterizaram o Pentecostes judaico.
2) Análise léxica breve (palavras que sustentam o argumento)
- ὤφθησαν (ōphthēsan) — “foram vistos, apareceram” (At 2:3): indica percepção ocular do sinal (as “línguas como de fogo”).
- ἤκουον (ēkouon) — “ouviam/escutavam” (At 2:6; 10:46): indica percepção auditiva coletiva.
- ἐπέπεσεν / ἐπέπεσε (epépesen / epépese) — “caiu / desceu” (o Espírito; At 10:44; 11:15): verbo aoristo que assinala um acontecimento decisivo.
- γλώσσαι / λαλεῖν (glōssai / lalein) — “línguas / falar”: plural e o particípio evidenciam manifestações linguísticas múltiplas (sejam estas idiomas conhecidos por ouvintes, como em At 2, ou línguas extáticas — a discussão interpretativa segue abaixo).
3) Interpretação e debate (xenoglossia vs. glossolalia) — leitura equilibrada
Há duas leituras principais sobre o que Luke descreve quando fala de “línguas”:
- Xenoglossia (manifestação em línguas humanas conhecidas): Em At 2 o relato enfatiza que os ouvintes — peregrinos de várias línguas — entenderam a proclamação em sua própria língua (ἤκουον… τῇ ἰδίᾳ διαλέκτῳ). Isso favorece a leitura de línguas humanas inteligíveis no Pentecostes.
- Glossolalia (falar em línguas extáticas / carismáticas): Em outros contextos do NT (p.ex. 1 Cor 12–14) fala-se de linguagens espirituais cuja inteligibilidade varia; alguns intérpretes entendem Atos 10 como glossolalia análoga às manifestações carismáticas, acompanhadas de louvor e sinais (isto é, expressão extática).
Ponto narrativo de Lucas: independentemente do detalhe técnico (xeno- vs. glosso-), Luke focaliza a função do sinal: era um critério público e sensorial, suficiente para que os crentes da circuncisão reconhecessem que ali havia o mesmo dom do Espírito que experimentaram em Jerusalém. Assim, Pedro usa o paralelo para dissolver objeções rituais/étnicas. Comentadores como Craig Keener e Ben Witherington exploram essa intenção literária e social de Lucas (ver discussão sobre função e propósito do sinal).
4) Consequências teológicas e eclesiológicas
- Pneumatologia confirmadora: o Espírito atua para legitimar a inclusão dos gentios; a prova do agir divino é sensorial e pública (visível/sonoro), não meramente teórica.
- Critério para pertença: Luke apresenta o critério da pertença à comunidade cristã como pneumatológico, não étnico — quem recebe o Espírito é reconhecido pela comunidade. (At 10–11 é um caso paradigmaticamente usado por Pedro).
- Missão e sinal: os sinais não substituem a proclamação (Pedro pregou), mas acompanham e confirmam o resultado salvador em contextos de expansão missionária. Isto fornece um equilíbrio entre kerygma (proclamação) e pneuma (poder confirmador).
5) Aplicação pastoral e pessoal
- Discernimento comunitário: quando manifestações extraordinárias ocorrem, a igreja deve avaliar com humildade e critério (fé, fruto, ortodoxia), sabendo que Deus pode autenticar a obra por sinais.
- Não transformar o sinal em critério exclusivo: evitar reduzir “ser cristão” a um único fenômeno carismático; Lucas apresenta sinal como confirmação, não como substituto de fé e arrependimento.
- Missão com coragem: o padrão de Luke encoraja abrir portas missionárias sem medo de que Deus falhe em confirmar sua obra (Deus deu o Espírito aos gentios; a comunidade deve acolher).
6) Tabela expositiva (síntese — “visto” e “ouvido”)
Texto
Frase/Palavra grega (chave)
Tradução literal / Observação
Função teológica
Aplicação prática
At 2:3
ὤφθησαν … γλῶσσαι ὡσεὶ πυρός.
“apareceram-lhes línguas como de fogo” — percepção visual do sinal
Sinal visual que acompanha o derramar do Espírito (inauguração da igreja)
Valorizar sinais que apontam para a obra de Deus, sem absolutizá-los
At 2:6
ἤκουον… ἑκάστη τῇ ἰδίᾳ διαλέκτῳ.
“cada um os ouviu em sua própria língua” — percepção auditiva/inteligibilidade
Em Pentecostes o sinal é também comunicativo (xenoglossia possível)
Pregação que produz compreensão e fé — objetivo missionário
At 10:44
ἐπέπεσεν τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον enquanto Pedro falava.
“caiu o Espírito Santo” — evento decisivo e público
O Espírito confirma a inclusão dos gentios
Reconhecer a iniciativa divina antes dos rituais humanos
At 10:46
ἤκουον… λαλοὺντας γλώσσαις.
“ouviram-nos falar em línguas e louvar a Deus” — percepção auditiva e devocional
Evidência sonora que legitima a conversão gentílica
Integrar com catequese e batismo; não exigir sinais como única prova
At 11:15
ἐπέπεσεν … ὥσπερ καὶ ἐφ’ ἡμᾶς ἐν ἀρχῇ.
“o Espírito caiu sobre eles, assim como sobre nós no princípio” — Pedro equipara eventos
Parâmetro exegético/rhetórico para dissolver objeções
Usar experiência comunitária e dados bíblicos para orientar decisões eclesiais
7) Leituras recomendadas (para estudo aprofundado)
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
- George Eldon Ladd, Teologia do Novo Testamento
- Biblia de Estudo Palavra Chave Grego e Hebraico: consulte os textos críticos citados acima (Acts 2:3–6; 10:44–46; 11:15).
Conclusão
Lucas não apenas relata que os gentios “receberam o Espírito” — ele mostra que o evento foi visto e ouvido, exatamente como em Pentecostes. Por isso Pedro o invoca como prova irrefutável da obra de Deus entre os gentios (At 11:15). Esse paralelo narrativo sustenta a teologia lucana da inclusão: o critério de pertença é o Espírito, confirmado por sinais públicos que a comunidade reconhece.
3 — Um Pentecostes “visto” e “ouvido” (Comentário bíblico-teológico aprofundado)
Tese curta: Lucas apresenta o derramamento do Espírito em Cesareia como o mesmo tipo de evento que inaugurou a igreja em Jerusalém no dia de Pentecostes: ambos foram acontecimentos sensoriais (as pessoas viram sinais e ouviram fala em línguas) e, por isso, Pedro usa essa experiência pentecostal como prova de que os gentios receberam autenticamente o Espírito, legitimando a sua inclusão. Essa estratégia narrativa é deliberada em Lucas e tem consequências teológicas e eclesiais profundas.
1) Evidência textual (o “visto” e o “ouvido”) — principais versos e palavras gregas
Luke usa vocabulário sensorial em ambos os episódios. Compare os núcleos textuais:
- Pentecostes (At 2:3–6):
καὶ ὤφθησαν αὐτοῖς διαμεριζόμεναι γλῶσσαι ὡσεὶ πυρός — “apareceram-lhes línguas como de fogo” (ὤφθησαν = foram vistas).
ἤκουον… ἑκάστη τῇ ἰδίᾳ διαλέκτῳ — “cada um os ouvia em sua própria língua” (ἤκουον = eles ouviam). - Cesareia (At 10:44–46):
ἔτι λαλοῦντος … ἐπέπεσεν τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον — “enquanto Pedro ainda falava, caiu o Espírito Santo”.
ἤκουον γὰρ αὐτῶν λαλοὺντας γλώσσαις — “pois os ouviram falando em línguas”. (ἤκουον / λαλοῦντας γλώσσαις = ouviram falando em línguas). - Pedro explicita o paralelo (At 11:15):
ἐν δὲ τῷ ἄρξασθαί με λαλεῖν ἐπέπεσεν τὸ Πνεῦμα τὸ Ἅγιον ἐπ’ αὐτούς, ὥσπερ καὶ ἐφ’ ἡμᾶς ἐν ἀρχῇ. — “quando comecei a falar, o Espírito Santo caiu sobre eles, assim como sobre nós no princípio.” Aqui Pedro literalmente equipara os dois eventos.
Esses textos mostram que Luke não apenas narra o Espírito agindo nos gentios, mas sublinha que o agir foi perceptível (visível/sonoro) — exatamente os mesmos traços que caracterizaram o Pentecostes judaico.
2) Análise léxica breve (palavras que sustentam o argumento)
- ὤφθησαν (ōphthēsan) — “foram vistos, apareceram” (At 2:3): indica percepção ocular do sinal (as “línguas como de fogo”).
- ἤκουον (ēkouon) — “ouviam/escutavam” (At 2:6; 10:46): indica percepção auditiva coletiva.
- ἐπέπεσεν / ἐπέπεσε (epépesen / epépese) — “caiu / desceu” (o Espírito; At 10:44; 11:15): verbo aoristo que assinala um acontecimento decisivo.
- γλώσσαι / λαλεῖν (glōssai / lalein) — “línguas / falar”: plural e o particípio evidenciam manifestações linguísticas múltiplas (sejam estas idiomas conhecidos por ouvintes, como em At 2, ou línguas extáticas — a discussão interpretativa segue abaixo).
3) Interpretação e debate (xenoglossia vs. glossolalia) — leitura equilibrada
Há duas leituras principais sobre o que Luke descreve quando fala de “línguas”:
- Xenoglossia (manifestação em línguas humanas conhecidas): Em At 2 o relato enfatiza que os ouvintes — peregrinos de várias línguas — entenderam a proclamação em sua própria língua (ἤκουον… τῇ ἰδίᾳ διαλέκτῳ). Isso favorece a leitura de línguas humanas inteligíveis no Pentecostes.
- Glossolalia (falar em línguas extáticas / carismáticas): Em outros contextos do NT (p.ex. 1 Cor 12–14) fala-se de linguagens espirituais cuja inteligibilidade varia; alguns intérpretes entendem Atos 10 como glossolalia análoga às manifestações carismáticas, acompanhadas de louvor e sinais (isto é, expressão extática).
Ponto narrativo de Lucas: independentemente do detalhe técnico (xeno- vs. glosso-), Luke focaliza a função do sinal: era um critério público e sensorial, suficiente para que os crentes da circuncisão reconhecessem que ali havia o mesmo dom do Espírito que experimentaram em Jerusalém. Assim, Pedro usa o paralelo para dissolver objeções rituais/étnicas. Comentadores como Craig Keener e Ben Witherington exploram essa intenção literária e social de Lucas (ver discussão sobre função e propósito do sinal).
4) Consequências teológicas e eclesiológicas
- Pneumatologia confirmadora: o Espírito atua para legitimar a inclusão dos gentios; a prova do agir divino é sensorial e pública (visível/sonoro), não meramente teórica.
- Critério para pertença: Luke apresenta o critério da pertença à comunidade cristã como pneumatológico, não étnico — quem recebe o Espírito é reconhecido pela comunidade. (At 10–11 é um caso paradigmaticamente usado por Pedro).
- Missão e sinal: os sinais não substituem a proclamação (Pedro pregou), mas acompanham e confirmam o resultado salvador em contextos de expansão missionária. Isto fornece um equilíbrio entre kerygma (proclamação) e pneuma (poder confirmador).
5) Aplicação pastoral e pessoal
- Discernimento comunitário: quando manifestações extraordinárias ocorrem, a igreja deve avaliar com humildade e critério (fé, fruto, ortodoxia), sabendo que Deus pode autenticar a obra por sinais.
- Não transformar o sinal em critério exclusivo: evitar reduzir “ser cristão” a um único fenômeno carismático; Lucas apresenta sinal como confirmação, não como substituto de fé e arrependimento.
- Missão com coragem: o padrão de Luke encoraja abrir portas missionárias sem medo de que Deus falhe em confirmar sua obra (Deus deu o Espírito aos gentios; a comunidade deve acolher).
6) Tabela expositiva (síntese — “visto” e “ouvido”)
Texto | Frase/Palavra grega (chave) | Tradução literal / Observação | Função teológica | Aplicação prática |
At 2:3 | ὤφθησαν … γλῶσσαι ὡσεὶ πυρός. | “apareceram-lhes línguas como de fogo” — percepção visual do sinal | Sinal visual que acompanha o derramar do Espírito (inauguração da igreja) | Valorizar sinais que apontam para a obra de Deus, sem absolutizá-los |
At 2:6 | ἤκουον… ἑκάστη τῇ ἰδίᾳ διαλέκτῳ. | “cada um os ouviu em sua própria língua” — percepção auditiva/inteligibilidade | Em Pentecostes o sinal é também comunicativo (xenoglossia possível) | Pregação que produz compreensão e fé — objetivo missionário |
At 10:44 | ἐπέπεσεν τὸ πνεῦμα τὸ ἅγιον enquanto Pedro falava. | “caiu o Espírito Santo” — evento decisivo e público | O Espírito confirma a inclusão dos gentios | Reconhecer a iniciativa divina antes dos rituais humanos |
At 10:46 | ἤκουον… λαλοὺντας γλώσσαις. | “ouviram-nos falar em línguas e louvar a Deus” — percepção auditiva e devocional | Evidência sonora que legitima a conversão gentílica | Integrar com catequese e batismo; não exigir sinais como única prova |
At 11:15 | ἐπέπεσεν … ὥσπερ καὶ ἐφ’ ἡμᾶς ἐν ἀρχῇ. | “o Espírito caiu sobre eles, assim como sobre nós no princípio” — Pedro equipara eventos | Parâmetro exegético/rhetórico para dissolver objeções | Usar experiência comunitária e dados bíblicos para orientar decisões eclesiais |
7) Leituras recomendadas (para estudo aprofundado)
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
- George Eldon Ladd, Teologia do Novo Testamento
- Biblia de Estudo Palavra Chave Grego e Hebraico: consulte os textos críticos citados acima (Acts 2:3–6; 10:44–46; 11:15).
Conclusão
Lucas não apenas relata que os gentios “receberam o Espírito” — ele mostra que o evento foi visto e ouvido, exatamente como em Pentecostes. Por isso Pedro o invoca como prova irrefutável da obra de Deus entre os gentios (At 11:15). Esse paralelo narrativo sustenta a teologia lucana da inclusão: o critério de pertença é o Espírito, confirmado por sinais públicos que a comunidade reconhece.
SINOPSE III
O Espírito Santo foi derramado sobre os gentios como confirmação divina de que eles também fazem parte da Igreja.
AUXÍLIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“DEUS NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS
‘Deus mostrou-me que a nenhum homem chame comum ou imundo. Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas’. Há pessoas de certas nações que consideram os habitantes de todas as outras um amontoado de raças inferiores. Outras, até crentes, pensam que seu pequeno grupo é a esfera limitada do favor de Deus. O racismo, ou preconceito racial, não pode ser adotado por crentes. Ninguém foi consultado, antes de nascer, quanto à raça à qual gostaria de pertencer. Portanto, não é base para alguém se orgulhar ou desprezar seu próximo. Deus ‘de um só fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra’ (At 17.26). Nenhum cientista verá diferença entre amostras de sangue de pessoas de todas as raças. Cristo veio oferecer a salvação a todos aqueles que creem, independentemente de raça (Gl 3.28). A Igreja é uma fraternidade espiritual em que não se reconhecem distinções dessa natureza. Todos somos um em Cristo.” (PEARLMAN, Myer. Atos: Estudo do Livro de Atos e o Crescimento da Igreja Primitiva. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.126).
CONCLUSÃO
A graça de Deus se manifestou trazendo salvação a todas as pessoas (Tt 2.11). A missão da igreja na casa do gentio Cornélio mostra como o amor de Deus pode alcançar todas a pessoas, independentemente de cor e raça, que abrem o seu coração à poderosa mensagem da cruz. Aqui também vemos que a fé evangélica não é algo subjetivo, mas marcada pela ação e presença real do Espírito Santo na vida daquele que crer.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Conclusão
O apóstolo Paulo declara que “a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11). A palavra χάρις (cháris), traduzida como “graça”, designa o favor imerecido de Deus, uma dádiva que transcende qualquer mérito humano (Ladd, Teologia do Novo Testamento). Essa graça é universal em alcance, mas condicional em aplicação, pois só se concretiza na vida daqueles que respondem em fé à mensagem de Cristo (Ef 2.8).
A experiência relatada em Atos 10 é o marco histórico-teológico que rompe a barreira entre judeus e gentios, mostrando que a salvação não está condicionada a etnia, lei cerimonial ou status social, mas ao relacionamento com Jesus Cristo. O verbo usado em At 10.43, πιστεύω (pisteúō), “crer”, indica uma fé ativa, confiança pessoal e entrega que resultam em transformação de vida.
A fé cristã, portanto, não é abstrata ou subjetiva, mas existencial e prática, marcada pelo selo do Espírito Santo (Ef 1.13). Lucas demonstra que o derramamento do Espírito sobre os gentios (At 10.44-46) valida a autenticidade da experiência, confirmando que a promessa de Joel 2.28 e a bênção de Abraão (Gl 3.14) estavam agora se cumprindo de forma plena.
Referências acadêmicas
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
- Biblia de Estudo Palavra Chave Grego e Hebraico
- George Eldon Ladd, Teologia do Novo Testamento
Aplicação Pessoal
- Graça inclusiva: A graça de Deus não tem fronteiras culturais, raciais ou sociais. Isso nos desafia a romper preconceitos e abraçar a diversidade no corpo de Cristo.
- Fé viva: Crer em Cristo não é apenas aderir a uma doutrina, mas experimentar transformação pelo poder do Espírito.
- Missão contínua: Assim como Pedro foi enviado a Cornélio, a Igreja é chamada a levar a mensagem de salvação a todos, em qualquer contexto.
- Identidade no Espírito: Nossa fé é confirmada pela presença do Espírito Santo, que nos dá testemunho interior de que pertencemos a Deus (Rm 8.16).
Tabela Expositiva — Conclusão
Tema
Texto Bíblico
Termo Grego/Hebraico
Comentário Teológico
Aplicação
A graça de Deus
Tt 2.11
χάρις (cháris)
Favor imerecido, universal em alcance, mas recebido pela fé
Reconhecer que não há mérito humano na salvação
A fé que salva
At 10.43
πιστεύω (pisteúō)
Fé ativa e confiante em Cristo como único Salvador
Crer de forma pessoal e transformadora
Inclusão dos gentios
At 10.34-35
πᾶς (pas) = “todo, todos”
Deus não faz acepção de pessoas; todos podem ser salvos
Superar preconceitos e acolher a todos
Presença do Espírito
At 10.44-46
πνεῦμα ἅγιον (pneûma hágion)
O Espírito é o selo da aceitação divina e confirma a fé
Buscar viver cheio do Espírito diariamente
Conclusão
O apóstolo Paulo declara que “a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11). A palavra χάρις (cháris), traduzida como “graça”, designa o favor imerecido de Deus, uma dádiva que transcende qualquer mérito humano (Ladd, Teologia do Novo Testamento). Essa graça é universal em alcance, mas condicional em aplicação, pois só se concretiza na vida daqueles que respondem em fé à mensagem de Cristo (Ef 2.8).
A experiência relatada em Atos 10 é o marco histórico-teológico que rompe a barreira entre judeus e gentios, mostrando que a salvação não está condicionada a etnia, lei cerimonial ou status social, mas ao relacionamento com Jesus Cristo. O verbo usado em At 10.43, πιστεύω (pisteúō), “crer”, indica uma fé ativa, confiança pessoal e entrega que resultam em transformação de vida.
A fé cristã, portanto, não é abstrata ou subjetiva, mas existencial e prática, marcada pelo selo do Espírito Santo (Ef 1.13). Lucas demonstra que o derramamento do Espírito sobre os gentios (At 10.44-46) valida a autenticidade da experiência, confirmando que a promessa de Joel 2.28 e a bênção de Abraão (Gl 3.14) estavam agora se cumprindo de forma plena.
Referências acadêmicas
- R. T. France, Lucas - Série Comentário Expositivo.
- D. A. Carson, O Comentário de Mateus.
- F. F. Bruce, História do Novo Testamento.
- Craig S. Keener, Comentário Histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento.
- David G. Peterson, Teologia Bíblica da Adoração.
- Ben Witherington III, Por Tras da Palavra: o Caráter Sociorretórico do Novo Testamento em Nova Perspectiva .
- Stanley M. Horton (ed.), French L. Arrington (Autor), Roger Stronstad (Autor), Comentário Bíblico Pentecostal do NT (CPAD).
- Grant R. Osborne, Apocalipse: Comentário Exegético.
- G. K. Beale, Teologia Bíblica do Novo Testamento.
- Craig R. Koester, Revelation (AYB).
- John Stott — A Mensagem de Atos.
- Biblia de Estudo Palavra Chave Grego e Hebraico
- George Eldon Ladd, Teologia do Novo Testamento
Aplicação Pessoal
- Graça inclusiva: A graça de Deus não tem fronteiras culturais, raciais ou sociais. Isso nos desafia a romper preconceitos e abraçar a diversidade no corpo de Cristo.
- Fé viva: Crer em Cristo não é apenas aderir a uma doutrina, mas experimentar transformação pelo poder do Espírito.
- Missão contínua: Assim como Pedro foi enviado a Cornélio, a Igreja é chamada a levar a mensagem de salvação a todos, em qualquer contexto.
- Identidade no Espírito: Nossa fé é confirmada pela presença do Espírito Santo, que nos dá testemunho interior de que pertencemos a Deus (Rm 8.16).
Tabela Expositiva — Conclusão
Tema | Texto Bíblico | Termo Grego/Hebraico | Comentário Teológico | Aplicação |
A graça de Deus | Tt 2.11 | χάρις (cháris) | Favor imerecido, universal em alcance, mas recebido pela fé | Reconhecer que não há mérito humano na salvação |
A fé que salva | At 10.43 | πιστεύω (pisteúō) | Fé ativa e confiante em Cristo como único Salvador | Crer de forma pessoal e transformadora |
Inclusão dos gentios | At 10.34-35 | πᾶς (pas) = “todo, todos” | Deus não faz acepção de pessoas; todos podem ser salvos | Superar preconceitos e acolher a todos |
Presença do Espírito | At 10.44-46 | πνεῦμα ἅγιον (pneûma hágion) | O Espírito é o selo da aceitação divina e confirma a fé | Buscar viver cheio do Espírito diariamente |
REVISANDO O CONTEÚDO
1- De acordo com a lição, qual era o propósito da revelação feita a Cornélio?
A inclusão dos gentios à Igreja do Senhor.
2- Para quem Pedro levaria o Evangelho?
Pedro levaria as Boas-Novas do Evangelho a um povo a quem para ele estava excluído do plano salvífico de Deus.
3- De acordo com a lição, quais são os principais eixos que podemos perceber na pregação de Pedro na casa de Cornélio?
Deus ama a todos, quer salvar a todos e Cristo é o Senhor de todos.
4- Segundo a lição, qual foi um dos fatos mais marcantes da Igreja Primitiva?
O Batismo no Espírito experimentado pelos gentios na casa de Cornélio.
5- O que marcou o Pentecostes Gentílico?
Foi marcado pela experiência do Espírito. Em ambos os casos, foi um Pentecostes “visto” e “ouvido”.
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EBD 3° Trimestre De 2025 | CPAD Adultos – TEMA: A IGREJA EM JERUSALÉM: Doutrina, Comunhão e Fé: A Base para o Crescimento da Igreja em meio às Perseguições | Escola Biblica Dominical | Lição 11 - Uma Igreja hebreia na casa de um estrangeiro
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