TEXTO PRINCIPAL “Assim veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da m...
TEXTO PRINCIPAL
“Assim veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta.” (Jr 1.4,5)
RESUMO DA LIÇÃO
Jeremias foi escolhido e separado para exercer o ministério profético desde o ventre de sua mãe.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Jeremias 1.4–5
1. Texto e contexto breve
O chamado de Jeremias começa com a fórmula profética clássica: “Veio-me a palavra do SENHOR, dizendo...” (v.4). O núcleo do chamado é a declaração divina em v.5: “Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta.” (versão comum).
Literariamente, este é um dos mais fortes chamados pré-natal na Bíblia (paralelos: Is 49.1; Gl 1.15; Sal 139). A narrativa estabelece três verdades teológicas fundamentais: iniciativa divina (Deus chama primeiro), eleição pessoal (Deus “conheceu” e “separou”), e missão pública (Jeremias é enviado “às nações”).
2. Análise lexical (hebraico) — termos-chave e suas nuances
(Apresento as raízes hebraicas mais relevantes e o significado teológico/pragmático que carregam.)
- דָּבָר־יְהוָה (dāvar-YHWH) — “a palavra do SENHOR” (v.4).
Dāvar indica comunicação divina eficaz: é anúncio que gera situação nova (a palavra-evento). Em vogar profético a “palavra do Senhor” não informa apenas; constitui vocação e comanda ação. - יָדַע (yādaʿ) — “conheci / te conheci” (v.5)
O verbo yadaʿ significa conhecimento, mas em contextos relacionais e teológicos implica conhecimento pessoal e pacto (Deus conhece — não apenas intelectualmente — mas relaciona-se). Aqui, “conhecer” é fundamento da eleição: Deus não chama um estranho, chama alguém já relacionado a Ele. - בֶּטֶן (bēṭen) / יֶרֶךְ / אִמָּה (womb, mother)
O uso da imagem do ventre materno sublinha a intensidade e intimidade do ato divino: a pessoa é conhecida e condicionada ao serviço desde o início da existência humana. - קָדַשׁ / קָדַשְׁתִּיךָ (qādash / qādashṯîka) — “santifiquei / te consagrei / te separei” (v.5)
Qādash é termo técnico: tornar santo = separar para serviço sagrado. Não meramente “moralizar” o indivíduo, mas colocá-lo na categoria de quem serve YHWH; implica consagração funcional (vocação). - נָבִיא (nāvîʾ) — “profeta”
O chamado concreto: a vocação é ministerial e pública. Jeremias não é chamado apenas para a experiência interior; é enviado com uma mensagem a ser proferida “לָגּוֹיִם” (la-goyim — “às nações” / povos). - נָתַן (nātan) / יִתַּתְךָ (yittatkha) — “dei/ponho/constituí” (por profeta)
Linguagem de delegação: Deus não só chama, Ele designa o ofício.
Síntese lexical: o quadro é de iniciativa divina (dāvar), relação e conhecimento pessoal (yādaʿ), consagração funcional (qādash) e missão pública (nāvîʾ → la-goyim).
3. Leitura teológica — teses centrais e implicações
- A vocação parte de Deus (chamada incondicionada e preventiva). Deus age antes da resposta humana: o “antes” temporaliza a iniciativa soberana. Não é um determinismo impessoal, mas um chamar pessoal que abre espaço para resposta moral do profeta.
- Eleição relacional, não abstrata. “Conhecer” aqui é relacional/pactal — fundamento de responsabilidade e confiança: a pessoa chamada tem dignidade e um vínculo com YHWH desde o início.
- Consagração = separação para serviço público. Ser “santificado” significa ser apartado para uma missão que será desafiadora (Jeremias profetizaria contra rei, sacerdotes e nação).
- Chamado implica envio para os outros (missão). Deus não chama para isolamento; chama para falar às nações — o profeta é porta-voz universal, e o ministério profético tem escopo social e político.
- Tensão entre soberania divina e responsabilidade humana. O texto afirma iniciativa divina sem esvaziar a exigência da resposta do profeta (v.6–10: “Ah, Senhor Deus!... Não sei falar”), onde Deus equipa e comanda — sistema de graça e vocação cooperante.
4. Paralelos bíblicos e confirmação canônica
- Isaías 49.1: “Ouvi-me, ó ilhas, e atentos vós, povos de longe; o SENHOR me chamou desde o ventre...” — outro exemplo de chamado pré-natal com missão universal.
- Salmo 139.13–16: fala da obra divina no ventre e do conhecimento divino das vidas humanas.
- Gálatas 1.15: Paulo — “quando aprouve a Deus... que desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou por sua graça” — eco nítido do tema jeremiano.
- Lucas 1 (João Batista): “ele será grande... e será cheio do Espírito desde o ventre de sua mãe” — o Novo Test. confirma o padrão de vocação pré-natal em figuras proféticas.
Esses paralelos mostram que a Bíblia apresenta repetidamente a ideia da vocação germinada na iniciativa divina.
5. Questões teológicas e pastorais (breve avaliação crítica)
- Predestinação vs. responsabilidade: Jeremias 1:5 é frequentemente citado por doutrinas da predestinação. A leitura equilibrada evita reducionismos: afirmar que Deus conhece e separa para missão não anula a chamada humana à obediência e ao arrependimento — o texto encena diálogo e formação.
- Dignidade humana e santidade da vida: o versículo sustenta argumentos teológicos contra a visão utilitarista da vida humana — cada pessoa é conhecida e valorizada por Deus antes do nascimento. Isso tem implicações éticas (bioética, valor da infância).
- Chamado não garante conforto: a consagração de Jeremias não o exime de sofrimento — pelo contrário, o prepara para resiliência e coragem.
6. Aplicações práticas / pastorais (diretas)
- Segurança vocacional: pessoas no ministério (pastores, professores, agentes) podem ser encorajadas: Deus nos conheceu e separou para serviço — há dignidade e propósito mesmo no sofrimento.
- Discernimento de chamada: use o texto como critério para orientar vocacionados: chamada interior + confirmação comunitária + oportunidade concreta de serviço (como Jeremias, que recebe missão clara).
- Proteção da vida e da maternidade: a ênfase no ventre sustenta o cuidado pastoral com grávidas, o ensino sobre valor intrínseco do nascituro e trabalho de acolhimento.
- Missão além das fronteiras: Jeremias foi dado “às nações” — a vocação cristã tem impulso missionário; igreja local não se contenta em auto-referência.
- Treinamento para a adversidade: consagração e missão frequentemente implicam tensão com estruturas sociais; preparar vocacionados para resistência e perseverança é essencial.
7. Tabela expositiva — Jeremias 1.4–5 (pronta para slides / folheto)
Expressão (v.5)
Raiz hebraica (translit.)
Tradução literal / nuance
Significado teológico
Aplicação prática
“Antes que eu te conhecesse”
ידע (yādaʿ)
“Conhecer” = relacionamento, conhecimento pactal
Eleição relacional: Deus conhece o profeta pessoalmente antes do nascimento
Conforto para vocacionados: seu chamado é pessoal e duradouro
“Antes que fosses formado no ventre” (imagem)
בטן (bēṭen) / רֶחֶם (reḥem)
Imagem do ventre materno; intimidade criacional
A vida humana é conhecida por Deus desde o início; reforça dignidade humana
Pastoral pró-vida; cuidado materno e perinatal
“Te santifiquei / te consagrei”
קדש (qādash)
Separar para serviço sagrado; consagração funcional
Vocação como separação para missão — não status, mas tarefa
Formação intencional de chamados; disciplinar e equipar
“Te dei por profeta”
נתן / שלח (natan / shalach)
Designação/ envio para ofício público
A vocação é também envio: falar aos povos (missão)
Incentivar missão além da comunidade local; preparar para o confronto profético
“Às nações (לגוים)”
גּוֹיִם (goyim)
Escopo universal do ministério profético
O chamado de Jeremias ultrapassa Israel — visão missional
Igreja mobilizada missionariamente; sensibilidade intercultural
8. Conclusão
Jeremias 1.4–5 revela que a vocação é um ato iniciado por Deus: antes do profeta existir, Deus já sabia, separara e designara sua missão. A passagem impõe dignidade ao nascituro, responsabilidade ao chamado e dinâmica missionária à vida profética. Para a igreja contemporânea: conforto e exigência — conforto porque nosso chamado vem de Deus; exigência porque esse chamado nos anula para o projeto de falar e servir mesmo quando isso nos custa.
Jeremias 1.4–5
1. Texto e contexto breve
O chamado de Jeremias começa com a fórmula profética clássica: “Veio-me a palavra do SENHOR, dizendo...” (v.4). O núcleo do chamado é a declaração divina em v.5: “Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta.” (versão comum).
Literariamente, este é um dos mais fortes chamados pré-natal na Bíblia (paralelos: Is 49.1; Gl 1.15; Sal 139). A narrativa estabelece três verdades teológicas fundamentais: iniciativa divina (Deus chama primeiro), eleição pessoal (Deus “conheceu” e “separou”), e missão pública (Jeremias é enviado “às nações”).
2. Análise lexical (hebraico) — termos-chave e suas nuances
(Apresento as raízes hebraicas mais relevantes e o significado teológico/pragmático que carregam.)
- דָּבָר־יְהוָה (dāvar-YHWH) — “a palavra do SENHOR” (v.4).
Dāvar indica comunicação divina eficaz: é anúncio que gera situação nova (a palavra-evento). Em vogar profético a “palavra do Senhor” não informa apenas; constitui vocação e comanda ação. - יָדַע (yādaʿ) — “conheci / te conheci” (v.5)
O verbo yadaʿ significa conhecimento, mas em contextos relacionais e teológicos implica conhecimento pessoal e pacto (Deus conhece — não apenas intelectualmente — mas relaciona-se). Aqui, “conhecer” é fundamento da eleição: Deus não chama um estranho, chama alguém já relacionado a Ele. - בֶּטֶן (bēṭen) / יֶרֶךְ / אִמָּה (womb, mother)
O uso da imagem do ventre materno sublinha a intensidade e intimidade do ato divino: a pessoa é conhecida e condicionada ao serviço desde o início da existência humana. - קָדַשׁ / קָדַשְׁתִּיךָ (qādash / qādashṯîka) — “santifiquei / te consagrei / te separei” (v.5)
Qādash é termo técnico: tornar santo = separar para serviço sagrado. Não meramente “moralizar” o indivíduo, mas colocá-lo na categoria de quem serve YHWH; implica consagração funcional (vocação). - נָבִיא (nāvîʾ) — “profeta”
O chamado concreto: a vocação é ministerial e pública. Jeremias não é chamado apenas para a experiência interior; é enviado com uma mensagem a ser proferida “לָגּוֹיִם” (la-goyim — “às nações” / povos). - נָתַן (nātan) / יִתַּתְךָ (yittatkha) — “dei/ponho/constituí” (por profeta)
Linguagem de delegação: Deus não só chama, Ele designa o ofício.
Síntese lexical: o quadro é de iniciativa divina (dāvar), relação e conhecimento pessoal (yādaʿ), consagração funcional (qādash) e missão pública (nāvîʾ → la-goyim).
3. Leitura teológica — teses centrais e implicações
- A vocação parte de Deus (chamada incondicionada e preventiva). Deus age antes da resposta humana: o “antes” temporaliza a iniciativa soberana. Não é um determinismo impessoal, mas um chamar pessoal que abre espaço para resposta moral do profeta.
- Eleição relacional, não abstrata. “Conhecer” aqui é relacional/pactal — fundamento de responsabilidade e confiança: a pessoa chamada tem dignidade e um vínculo com YHWH desde o início.
- Consagração = separação para serviço público. Ser “santificado” significa ser apartado para uma missão que será desafiadora (Jeremias profetizaria contra rei, sacerdotes e nação).
- Chamado implica envio para os outros (missão). Deus não chama para isolamento; chama para falar às nações — o profeta é porta-voz universal, e o ministério profético tem escopo social e político.
- Tensão entre soberania divina e responsabilidade humana. O texto afirma iniciativa divina sem esvaziar a exigência da resposta do profeta (v.6–10: “Ah, Senhor Deus!... Não sei falar”), onde Deus equipa e comanda — sistema de graça e vocação cooperante.
4. Paralelos bíblicos e confirmação canônica
- Isaías 49.1: “Ouvi-me, ó ilhas, e atentos vós, povos de longe; o SENHOR me chamou desde o ventre...” — outro exemplo de chamado pré-natal com missão universal.
- Salmo 139.13–16: fala da obra divina no ventre e do conhecimento divino das vidas humanas.
- Gálatas 1.15: Paulo — “quando aprouve a Deus... que desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou por sua graça” — eco nítido do tema jeremiano.
- Lucas 1 (João Batista): “ele será grande... e será cheio do Espírito desde o ventre de sua mãe” — o Novo Test. confirma o padrão de vocação pré-natal em figuras proféticas.
Esses paralelos mostram que a Bíblia apresenta repetidamente a ideia da vocação germinada na iniciativa divina.
5. Questões teológicas e pastorais (breve avaliação crítica)
- Predestinação vs. responsabilidade: Jeremias 1:5 é frequentemente citado por doutrinas da predestinação. A leitura equilibrada evita reducionismos: afirmar que Deus conhece e separa para missão não anula a chamada humana à obediência e ao arrependimento — o texto encena diálogo e formação.
- Dignidade humana e santidade da vida: o versículo sustenta argumentos teológicos contra a visão utilitarista da vida humana — cada pessoa é conhecida e valorizada por Deus antes do nascimento. Isso tem implicações éticas (bioética, valor da infância).
- Chamado não garante conforto: a consagração de Jeremias não o exime de sofrimento — pelo contrário, o prepara para resiliência e coragem.
6. Aplicações práticas / pastorais (diretas)
- Segurança vocacional: pessoas no ministério (pastores, professores, agentes) podem ser encorajadas: Deus nos conheceu e separou para serviço — há dignidade e propósito mesmo no sofrimento.
- Discernimento de chamada: use o texto como critério para orientar vocacionados: chamada interior + confirmação comunitária + oportunidade concreta de serviço (como Jeremias, que recebe missão clara).
- Proteção da vida e da maternidade: a ênfase no ventre sustenta o cuidado pastoral com grávidas, o ensino sobre valor intrínseco do nascituro e trabalho de acolhimento.
- Missão além das fronteiras: Jeremias foi dado “às nações” — a vocação cristã tem impulso missionário; igreja local não se contenta em auto-referência.
- Treinamento para a adversidade: consagração e missão frequentemente implicam tensão com estruturas sociais; preparar vocacionados para resistência e perseverança é essencial.
7. Tabela expositiva — Jeremias 1.4–5 (pronta para slides / folheto)
Expressão (v.5) | Raiz hebraica (translit.) | Tradução literal / nuance | Significado teológico | Aplicação prática |
“Antes que eu te conhecesse” | ידע (yādaʿ) | “Conhecer” = relacionamento, conhecimento pactal | Eleição relacional: Deus conhece o profeta pessoalmente antes do nascimento | Conforto para vocacionados: seu chamado é pessoal e duradouro |
“Antes que fosses formado no ventre” (imagem) | בטן (bēṭen) / רֶחֶם (reḥem) | Imagem do ventre materno; intimidade criacional | A vida humana é conhecida por Deus desde o início; reforça dignidade humana | Pastoral pró-vida; cuidado materno e perinatal |
“Te santifiquei / te consagrei” | קדש (qādash) | Separar para serviço sagrado; consagração funcional | Vocação como separação para missão — não status, mas tarefa | Formação intencional de chamados; disciplinar e equipar |
“Te dei por profeta” | נתן / שלח (natan / shalach) | Designação/ envio para ofício público | A vocação é também envio: falar aos povos (missão) | Incentivar missão além da comunidade local; preparar para o confronto profético |
“Às nações (לגוים)” | גּוֹיִם (goyim) | Escopo universal do ministério profético | O chamado de Jeremias ultrapassa Israel — visão missional | Igreja mobilizada missionariamente; sensibilidade intercultural |
8. Conclusão
Jeremias 1.4–5 revela que a vocação é um ato iniciado por Deus: antes do profeta existir, Deus já sabia, separara e designara sua missão. A passagem impõe dignidade ao nascituro, responsabilidade ao chamado e dinâmica missionária à vida profética. Para a igreja contemporânea: conforto e exigência — conforto porque nosso chamado vem de Deus; exigência porque esse chamado nos anula para o projeto de falar e servir mesmo quando isso nos custa.
LEITURA SEMANAL
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Segunda — Salmo 139.1–18 — “Deus me conhece por inteiro”
Contexto e mensagem. Salmo profundamente pessoal: o salmista celebra a onisciência e a onipresença de Deus — Deus “sonda”, “conhece” e “teceu” a vida humana (incluindo o ventre materno). É texto de confiança diante da vulnerabilidade humana.
Palavra(s) hebraica(s) a notar.
- חָקַר (ḥāqar) — sondar/examinar. O salmista apresenta a ação divina como procura ativa: Deus investiga a pessoa, não por curiosidade fria, mas com atenção íntima.
- יָדַע (yādaʿ) — conhecer (num sentido relacional e ético, não apenas cognitivo): “Tu me conheces” = envolvimento pessoal e pacto.
Teologia principal. A vida humana está nas mãos de um Deus que conhece intimamente — não somos anônimos. Isso fundamenta a dignidade, a confiança em crises e a oração penitencial (Sl 139:23–24).
Aplicação prática.
- Pastoral: consolar os angustiados lembrando-lhes que não são invisíveis a Deus.
- Ética: responsabilidade diante do conhecimento divino — viver com coerência.
- Discernimento vocacional: a convicção que Deus nos conhece antes e chama com propósito (ligação direta a Jeremias 1.5).
Terça — Êxodo 3.10–14 — “Eu te envio… Eu Sou”
Contexto e mensagem. Deus chama Moisés para libertar Israel. No cerne do encontro está a promessa de presença (Deus envia) e a revelação do nome divino em 3.14.
Palavra(s) hebraica(s) a notar.
- שָׁלַח (šālaḥ) — enviar: vocação em forma de comissão; envio é a estrutura bíblica básica do ministério (Deus envia o servo).
- אֶהְיֶה אֲשֶׁר אֶהְיֶה (ʼEhyeh ʼasher ʼehyeh) — literalmente “EU SEREI/ESTAREI QUEM EU SEREI/ESTOU” (trad. “EU SOU O QUE SOU”). A declaração indica presença, fidelidade e autoexistência do Senhor; fundamenta a autoridade de quem envia.
Teologia principal. Chamar = enviar com a presença do Deus que se auto-revela. A missão cristã atua sob a autoridade do “Eu-sou” que promete estar com o mensageiro.
Aplicação prática.
- Antes de assumir tarefas, pedir confirmação e depender da presença do Senhor (oração, confirmação comunitária).
- Coragem missionária: não somos enviados sozinhos; o “Eu Sou” garante presença e poder.
Quarta — 2 Coríntios 1.3–4 — “O Deus das consolação”
Contexto e mensagem. Paulo apresenta Deus como “Pai das misericórdias e Deus de toda consolação”, que nos consola para que possamos consolar outros.
Palavra(s) gregas a notar.
- οἰκτιρμοί (oiktirmoi) — misericórdias/compaixões: qualidade do caráter divino.
- παράκλησις (paraklēsis) — consolo, encorajamento, ânimo: termo pastoral que descreve ação divina e humana de trazer consolo.
Teologia principal. Consolação divina é indicadora do carácter de Deus e tem dimensão comunitária: não é só receber — é para repartir. O consolo de Deus é formativo e enviariva (nos capacita a consolar).
Aplicação prática.
- Estruturar ministérios de cuidado (visitas, aconselhamento) como expressão do princípio paraklētikos.
- Formar líderes para “acompanhar” o sofredor com empatia, ora sabendo que Deus já consola.
Quinta — Marcos 3.13–19 — “Jesus escolhe e envia os Doze”
Contexto e mensagem. Jesus sobe ao monte, chama os que quer, os chama para estar com ele e os comissiona — desenho fundante de formação e envio.
Palavra(s) gregas a notar.
- καλέω (kaléō) — chamar: vocação pessoal; Jesus chama pelo nome e pela proximidade.
- ἀποστέλλω / ἀπόστολος (apostellō / apostolos) — enviar / enviado (apóstolo): o selecionado torna-se aquele com missão e autoridade enviada.
Teologia principal. A formação cristã tem duas fases articuladas: ser com Jesus (cura, aprendizagem, intimidade) e ser enviado (missão pública). A comunhão com o Mestre é pré-condição para o serviço frutífero.
Aplicação prática.
- Programas de liderança: priorizar formação e convivência com Cristo (estudo, oração, discipulado) antes do envio.
- Missiologia local: comunidade que envia (sustento, oração, envio) e não apenas consome.
Sexta — 1 Coríntios 9.16–18 — “Necessidade de proclamar”
Contexto e mensagem. Paulo expõe a compulsão moral que o impele a pregar: ele não tem escolha (ou melhor, sente uma necessidade invencível); o trabalho do anúncio é obrigação impregnada de amor.
Palavra(s) gregas a notar.
- ἀνάγκη (anágnkē / anagkē) — necessidade/obrigação: sentido ético de “ser obrigado” por causa da vocação.
- κήρυγμα / κηρύσσω (kērugma / kērussō) — proclamação / pregar: a atividade que Paulo não pode omitir.
- κέρδος (kerdos) — lucro/ganho (aparece noutras cartas): usado para distinguir motivação: nem tudo que dá “lucro” humano é a finalidade do pregador.
Teologia principal. O chamado pastoral é vivido como obrigação moral (não servilismo), movido pelo amor das almas e pela fidelidade à missão. A motivação autêntica nega o “ganho” externo como objetivo supremo.
Aplicação prática.
- Ministérios: relembrar formandos que vocação ministerial traz “necessidade” que precisa ser sustentada pela igreja (apoiada, não explorada).
- Prevenção de exploração: verificar motivações (evitar pregação por “lucro” e cultivar serviço por amor).
Sábado — Juízes 6.11–40 — “Chamado e sinais (Gideão)”
Contexto e mensagem. Deus chama Gideão no tempo da opressão midianita; o anúncio vem via “anjo do Senhor”; Gideão pede sinais (o famoso “cobertor e orvalho”). Narrativa de vocação acompanhada de hesitação e confirmação.
Palavra(s) hebraicas a notar.
- מַלְאַךְ יְהוָה (mal’akh YHWH) — Anjo/Sentado do Senhor: expressão teofânica freqüente, apontando para encontro divino que comissiona.
- קָרָא / קָרָאתָ (qārāʼ / qaraʼ) — chamar/convocar: Deus convoca um homem comum para missão extraordinária.
Teologia principal. Chamado divino pode surgir em situações de medo e incerteza; Deus concede sinais e confirmações (pacientes e pastorais), mas também exige obediência prática: Gideão é chamado a despojar-se de insegurança e agir.
Aplicação prática.
- Ao discernir chamada, é natural pedir confirmação; a comunidade deve fornecer orientação (diferente de maravilhamento supersticioso).
- Formação para a coragem: preparar vocacionados para passos práticos (obediência), mesmo em provações.
Tabela expositiva — Sumário prático (para slides / folheto)
Dia
Texto
Palavra-chave (heb/greco)
Núcleo teológico
Aplicação prática
Seg
Sl 139.1–18
ḥāqar / yādaʿ (sondar / conhecer)
Deus conhece intimamente; dignidade humana
Consolar os angustiados; afirmar valor da vida
Ter
Êx 3.10–14
šālaḥ (enviar); אֶהְיֶה (ʼEhyeh)
Chamado & presença: “Eu-Sou” envia
Coragem missionária baseada na presença divina
Qua
2Co 1.3–4
oiktirmoi / paraklēsis (misericórdia / consolação)
Deus consola para que consolemos
Estruturar ministérios de cuidado pastoral
Qui
Mc 3.13–19
kaléō (chamar); apostellō / apostolos
Ser com Jesus → ser enviado
Formar e enviar: discipulado antes do comissionamento
Sex
1Co 9.16–18
anagkē (necessidade); kērugma (pregação)
Precipitação moral da vocação; serviço sem busca de lucro
Cultivar motivações bíblicas no ministério; apoiar pregadores
Sáb
Jz 6.11–40
mal’akh YHWH; qaraʼ (anjo/chamar)
Chamado em fraqueza; sinais e confirmação divina
Aconselhar vocacionados; preparar para obediência corajosa
Conclusão
A semana de leituras convergente apresenta um tema único: Deus chama, conhece, consola e envia. Seja no ventre (Jeremias), na sarça (Moisés), no íntimo do salmista (Sl 139), no consolo que passa adiante (2Co), na formação e envio de discípulos (Mc), na obrigação do pregador (1Co) ou no Deus que confirma sinais na fraqueza (Jz), o padrão é claro: a vocação cristã nasce da iniciativa divina e se realiza na comunidade e na confiança obediente.
Segunda — Salmo 139.1–18 — “Deus me conhece por inteiro”
Contexto e mensagem. Salmo profundamente pessoal: o salmista celebra a onisciência e a onipresença de Deus — Deus “sonda”, “conhece” e “teceu” a vida humana (incluindo o ventre materno). É texto de confiança diante da vulnerabilidade humana.
Palavra(s) hebraica(s) a notar.
- חָקַר (ḥāqar) — sondar/examinar. O salmista apresenta a ação divina como procura ativa: Deus investiga a pessoa, não por curiosidade fria, mas com atenção íntima.
- יָדַע (yādaʿ) — conhecer (num sentido relacional e ético, não apenas cognitivo): “Tu me conheces” = envolvimento pessoal e pacto.
Teologia principal. A vida humana está nas mãos de um Deus que conhece intimamente — não somos anônimos. Isso fundamenta a dignidade, a confiança em crises e a oração penitencial (Sl 139:23–24).
Aplicação prática.
- Pastoral: consolar os angustiados lembrando-lhes que não são invisíveis a Deus.
- Ética: responsabilidade diante do conhecimento divino — viver com coerência.
- Discernimento vocacional: a convicção que Deus nos conhece antes e chama com propósito (ligação direta a Jeremias 1.5).
Terça — Êxodo 3.10–14 — “Eu te envio… Eu Sou”
Contexto e mensagem. Deus chama Moisés para libertar Israel. No cerne do encontro está a promessa de presença (Deus envia) e a revelação do nome divino em 3.14.
Palavra(s) hebraica(s) a notar.
- שָׁלַח (šālaḥ) — enviar: vocação em forma de comissão; envio é a estrutura bíblica básica do ministério (Deus envia o servo).
- אֶהְיֶה אֲשֶׁר אֶהְיֶה (ʼEhyeh ʼasher ʼehyeh) — literalmente “EU SEREI/ESTAREI QUEM EU SEREI/ESTOU” (trad. “EU SOU O QUE SOU”). A declaração indica presença, fidelidade e autoexistência do Senhor; fundamenta a autoridade de quem envia.
Teologia principal. Chamar = enviar com a presença do Deus que se auto-revela. A missão cristã atua sob a autoridade do “Eu-sou” que promete estar com o mensageiro.
Aplicação prática.
- Antes de assumir tarefas, pedir confirmação e depender da presença do Senhor (oração, confirmação comunitária).
- Coragem missionária: não somos enviados sozinhos; o “Eu Sou” garante presença e poder.
Quarta — 2 Coríntios 1.3–4 — “O Deus das consolação”
Contexto e mensagem. Paulo apresenta Deus como “Pai das misericórdias e Deus de toda consolação”, que nos consola para que possamos consolar outros.
Palavra(s) gregas a notar.
- οἰκτιρμοί (oiktirmoi) — misericórdias/compaixões: qualidade do caráter divino.
- παράκλησις (paraklēsis) — consolo, encorajamento, ânimo: termo pastoral que descreve ação divina e humana de trazer consolo.
Teologia principal. Consolação divina é indicadora do carácter de Deus e tem dimensão comunitária: não é só receber — é para repartir. O consolo de Deus é formativo e enviariva (nos capacita a consolar).
Aplicação prática.
- Estruturar ministérios de cuidado (visitas, aconselhamento) como expressão do princípio paraklētikos.
- Formar líderes para “acompanhar” o sofredor com empatia, ora sabendo que Deus já consola.
Quinta — Marcos 3.13–19 — “Jesus escolhe e envia os Doze”
Contexto e mensagem. Jesus sobe ao monte, chama os que quer, os chama para estar com ele e os comissiona — desenho fundante de formação e envio.
Palavra(s) gregas a notar.
- καλέω (kaléō) — chamar: vocação pessoal; Jesus chama pelo nome e pela proximidade.
- ἀποστέλλω / ἀπόστολος (apostellō / apostolos) — enviar / enviado (apóstolo): o selecionado torna-se aquele com missão e autoridade enviada.
Teologia principal. A formação cristã tem duas fases articuladas: ser com Jesus (cura, aprendizagem, intimidade) e ser enviado (missão pública). A comunhão com o Mestre é pré-condição para o serviço frutífero.
Aplicação prática.
- Programas de liderança: priorizar formação e convivência com Cristo (estudo, oração, discipulado) antes do envio.
- Missiologia local: comunidade que envia (sustento, oração, envio) e não apenas consome.
Sexta — 1 Coríntios 9.16–18 — “Necessidade de proclamar”
Contexto e mensagem. Paulo expõe a compulsão moral que o impele a pregar: ele não tem escolha (ou melhor, sente uma necessidade invencível); o trabalho do anúncio é obrigação impregnada de amor.
Palavra(s) gregas a notar.
- ἀνάγκη (anágnkē / anagkē) — necessidade/obrigação: sentido ético de “ser obrigado” por causa da vocação.
- κήρυγμα / κηρύσσω (kērugma / kērussō) — proclamação / pregar: a atividade que Paulo não pode omitir.
- κέρδος (kerdos) — lucro/ganho (aparece noutras cartas): usado para distinguir motivação: nem tudo que dá “lucro” humano é a finalidade do pregador.
Teologia principal. O chamado pastoral é vivido como obrigação moral (não servilismo), movido pelo amor das almas e pela fidelidade à missão. A motivação autêntica nega o “ganho” externo como objetivo supremo.
Aplicação prática.
- Ministérios: relembrar formandos que vocação ministerial traz “necessidade” que precisa ser sustentada pela igreja (apoiada, não explorada).
- Prevenção de exploração: verificar motivações (evitar pregação por “lucro” e cultivar serviço por amor).
Sábado — Juízes 6.11–40 — “Chamado e sinais (Gideão)”
Contexto e mensagem. Deus chama Gideão no tempo da opressão midianita; o anúncio vem via “anjo do Senhor”; Gideão pede sinais (o famoso “cobertor e orvalho”). Narrativa de vocação acompanhada de hesitação e confirmação.
Palavra(s) hebraicas a notar.
- מַלְאַךְ יְהוָה (mal’akh YHWH) — Anjo/Sentado do Senhor: expressão teofânica freqüente, apontando para encontro divino que comissiona.
- קָרָא / קָרָאתָ (qārāʼ / qaraʼ) — chamar/convocar: Deus convoca um homem comum para missão extraordinária.
Teologia principal. Chamado divino pode surgir em situações de medo e incerteza; Deus concede sinais e confirmações (pacientes e pastorais), mas também exige obediência prática: Gideão é chamado a despojar-se de insegurança e agir.
Aplicação prática.
- Ao discernir chamada, é natural pedir confirmação; a comunidade deve fornecer orientação (diferente de maravilhamento supersticioso).
- Formação para a coragem: preparar vocacionados para passos práticos (obediência), mesmo em provações.
Tabela expositiva — Sumário prático (para slides / folheto)
Dia | Texto | Palavra-chave (heb/greco) | Núcleo teológico | Aplicação prática |
Seg | Sl 139.1–18 | ḥāqar / yādaʿ (sondar / conhecer) | Deus conhece intimamente; dignidade humana | Consolar os angustiados; afirmar valor da vida |
Ter | Êx 3.10–14 | šālaḥ (enviar); אֶהְיֶה (ʼEhyeh) | Chamado & presença: “Eu-Sou” envia | Coragem missionária baseada na presença divina |
Qua | 2Co 1.3–4 | oiktirmoi / paraklēsis (misericórdia / consolação) | Deus consola para que consolemos | Estruturar ministérios de cuidado pastoral |
Qui | Mc 3.13–19 | kaléō (chamar); apostellō / apostolos | Ser com Jesus → ser enviado | Formar e enviar: discipulado antes do comissionamento |
Sex | 1Co 9.16–18 | anagkē (necessidade); kērugma (pregação) | Precipitação moral da vocação; serviço sem busca de lucro | Cultivar motivações bíblicas no ministério; apoiar pregadores |
Sáb | Jz 6.11–40 | mal’akh YHWH; qaraʼ (anjo/chamar) | Chamado em fraqueza; sinais e confirmação divina | Aconselhar vocacionados; preparar para obediência corajosa |
Conclusão
A semana de leituras convergente apresenta um tema único: Deus chama, conhece, consola e envia. Seja no ventre (Jeremias), na sarça (Moisés), no íntimo do salmista (Sl 139), no consolo que passa adiante (2Co), na formação e envio de discípulos (Mc), na obrigação do pregador (1Co) ou no Deus que confirma sinais na fraqueza (Jz), o padrão é claro: a vocação cristã nasce da iniciativa divina e se realiza na comunidade e na confiança obediente.
OBJETIVOS
APRESENTAR a natureza do chamado de Jeremias;
EXPLICAR o teor da mensagem de Jeremias;
DESTACAR a mensagem de Jeremias e os seus efeitos.
INTERAÇÃO
Prezado(a) professor(a), com a graça de Deus chegamos ao último trimestre do ano. Estudaremos treze lições a respeito do livro de Jeremias. Veremos o chamado e o teor da mensagem deste profeta que foi escolhido por Deus desde o ventre de sua mãe, para a missão de profetizar às nações. O comentarista das lições é o pastor Elias Torralbo. Ele é Mestre em Teologia Sistemática e especialista em Gestão Escolar. Diretor Executivo da FAESP – Faculdade Evangélica de São Paulo e atua como pastor na Assembleia de Deus Ministério do Belém, cidade de Mogi das Cruzes – SP. Que o estudo de cada lição possa nos encorajar a sermos como o profeta Jeremias, pregando a Palavra de Deus mesmo em meio às adversidades.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor(a), para esta primeira aula sugerimos que seja feito um resumo da biografia de Jeremias, enfatizando as suas dores e sofrimentos. Reproduza o esquema abaixo no quadro de escrever. Explique à classe que Jeremias não era nada popular, pois ele exortava Judá a se submeter à dominação do inimigo.
JEREMIAS, O PROFETA DAS LÁGRIMAS
Adaptado da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, CPAD, p. 956.
TEXTO BÍBLICO
Jeremias 1.1-10
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Jeremias 1.1–10
1. Contexto imediato e sintetizado
Jeremias 1 inaugura o livro com a fórmula do chamado profético: “Veio-me a palavra do SENHOR…” (v.4). O prólogo (vv.1–3) situa historicamente o ministério de Jeremias nos reinados de Josias, Jeoaquim e Zedequias e o estende até o exílio de Jerusalém (c. 627–587/86 a.C.). Os vv.4–10 registram o teofânico encontro em que Deus (a) revela a eleição pré-natal de Jeremias, (b) o consagra (santifica) e (c) o envia com autoridade: palavras dirigidas “às nações” com tarefa dupla — juízo e restauração.
2. Observações literárias importantes
- A expressão “veio a mim a palavra do SENHOR” é fórmula profética; não só informa, mas constitui vocação: a palavra divina é evento que cria a missão.
- O diálogo mostra a tensão característica entre a soberania divina (Deus chama, consagra e envia) e a resposta humana (hesitação de Jeremias, vv.6).
- Notável é a economia literária: em poucos versículos temos eleição pré-natal, consagração, comissão, capacitação e a dupla missão (arrancar/derrubar/destruir e edificar/plantar).
3. Análise lexical (hebraico — raízes e nuances)
(Apresento transliterações e sentidos teológicos-práticos.)
- דָּבָר (dāvar) — “palavra”. Em profetas, dāvar YHWH não é mero enunciado informativo, mas ato eficaz (a palavra que fala, faz e comissiona).
- יָדַע (yādāʿ) — “conhecer”. Em v.5, “antes que eu te formasse… eu te conheci”: yādāʿ carrega sentido relacional/pactal (não só cognitivo) — Deus conhece no sentido de estabelecer vínculo e responsabilidade.
- בֶּטֶן / רֶחֶם (beten / reḥem) — “ventre / útero”. A imagem do ventre sublinha intimidade criacional: a vocação é anterior ao nascimento humano.
- קָדַשׁ (qādash) — “santificar, consagrar, separar”. “Te santifiquei” indica que Deus separa Jeremias para serviço sagrado (função, não apenas estado moral).
- נָבִיא (nāvîʾ) — “profeta”. Vocação funcional: porta-voz público de YHWH.
- נְעַר (naʿar) — “criança/ jovem”. Jeremias usa a auto-descrição “sou criança” (v.6) para expor sua inadequação; este termo aponta fraqueza social e inexperiência.
- פֶּה (pî) / נָתַתִּי דְּבָרַי בְּפִיךָ (nātattî dĕvārāy bĕpîkha) — Deus “põe” (נָתַן, natan) suas palavras na boca do profeta (v.9): imagem da capacitação divina que garante autoridade e transparência da mensagem.
- דִּקְלֵל הַמְלַלֻת (verbs in v.10) — no hebraico há uma série verbal fortemente marcada: “arrancar, derribar, destruir, arruinar” e depois “edificar, plantar” — pares que mostram missão dúplice: juízo e restauração.
4. Temas teológicos centrais
A. Iniciativa divina na vocação
Deus toma a iniciativa: o profeta recebe chamada antes do nascimento. A eleição é relacional e soberana — fundamento da identidade e do mandato.
B. Eleição e dignidade da vida humana
O “conhecer” pré-natal e a imagem uterina reforçam a ideia bíblica de que a vida humana tem valor e propósito já no ventre — implicações claras para a teologia da vida e pastoral perinatal.
C. Consagração e envio
Ser “santificado” implica ser separado para serviço perigoso: não se trata de privilégio confortável, mas de separação funcional que capacita para a missão pública.
D. Capacitação divina para a fraqueza humana
A resistência de Jeremias (“sou criança”; “não sei falar”) encontra a resposta divina: presença, proteção e a ação de “tocar a boca” — paralelos ricos: Isaías 6 (carvão nos lábios), Ezequiel 2 (Deus põe palavras na boca). Deus supre insuficiência com sua graça e autoridade.
E. Missão dupla: juízo e restauração
O mandato (v.10) é ambivalente: arrancar/derrubar/destruir e edificar/plantar. O profeta anuncia condenação por infidelidade, mas também anuncia possibilidades de reconstrução — missão integral que abrange correção e esperança.
5. Parcerias canônicas e literárias (paralelos e ecos)
- Isaías 49.1 / Salmo 139 — outros textos que apresentam chamado pré-natal ou conhecimento divino no ventre.
- Isaías 6; Ezequiel 2–3 — paralelos de capacitação (toque/coaling ou colocação de palavras na boca).
- Gálatas 1.15 — Paulo refere-se a separação desde o ventre; o NT retoma essa lógica da iniciativa divina no chamado.
6. Aplicação pastoral e pessoal (prática)
- Acolher a vocação com humildade e coragem. Muitos que recebem chamado sentem insuficiência (como Jeremias). O modelo bíblico é confiar que Deus equipa: não se exige perfeição humana, mas disponibilidade.
- Apoiar vocacionados na formação e na coragem. Igrejas devem formar, consolar e confirmar chamados — preparar para ouvir palavras duras e anunciar esperança.
- Confiança na presença divina diante da oposição. A promessa “eu sou contigo para te livrar” (v.8) dá base para permanecer fiel mesmo quando o ministério é perigoso.
- Compreender a missão como dupla: confrontar o pecado e trabalhar pela restauração. O profeta não é apenas denunciador; é também responsável por plantar o futuro. Assim deve ser a igreja: profecia que corrige e reconstrói.
- Valorizar a vida desde o ventre. O texto reforça a vocação e o valor intrínseco da pessoa antes do nascimento — base para pastoral pró-vida, cuidado maternal e ética da proteção.
7. Tabela expositiva (síntese para uso em slides / folheto)
Verso
Expressão/Heb. (translit.)
Sentido literal / nuance
Ponto teológico
Aplicação prática
1
—
Prólogo: autoria e origem sacerdotal
Contexto: Jeremias, filho de Hilquias, de Anatote
Identificar contexto social do profeta (sacerdócio; oposição interna)
4
דָּבָר־יְהוָה (dāvar-YHWH)
“A palavra do SENHOR” — palavra-evento
Vocação nasce da palavra eficaz de Deus
Ouvir a Escritura como lugar de chamado
5
יָדַעְתִּיך (yādaʿtîka) / בֶּטֶן (beten)
“Antes que eu te formasse… eu te conheci”
Iniciativa divina; eleição pré-natal; dignidade da vida
Pastoral perinatal; segurança vocacional
5
קָדַשְׁתִּיךָ (qādashṯîkha)
“Eu te santifiquei / consagrei”
Separação funcional para serviço
Preparação e consagração de lideranças
6
נְעָר (naʿar)
“Sou criança / jovem” — auto-descrição de insuficiência
A fragilidade humana diante do chamado
Apoio pastoral; formação; coragem na fraqueza
8–9
אָנֹכִי עִמְּךָ (ʼănōkhî ʼimməkha) / נָתַתִּי דְּבָרַי בְּפִיךָ
“Eu sou contigo… pus as minhas palavras na tua boca”
Presença divina e capacitação autoritativa
Ensinar: ministério é vocação divina com capacitação
10
נָתַתִּיךָ עַל־גּוֹיִם (nātattîkha ʼal-goyim) & verbos de julgamento/edificação
“Ponha-te sobre nações…” — arrancar/derrubar/destruir ; edificar/plantar
Missão dupla: juízo e restauração
Profecia integral: corrigir injustiça e construir futuro
8. Conclusão breve
Jeremias 1.1–10 é um texto fundante sobre vocação, dependência e missão. Ele nos lembra que o ministério nasce da palavra eficaz de Deus, que escolhe e consagra pessoas mesmo antes do seu nascimento; mas também que essa escolha exige coragem, porque a missão envolve confrontar e reconstruir. Para quem é chamado (pastores, professores, leigos), o texto oferece consolo (Deus acompanha e capacita) e dever (a missão é dupla: advertir e edificar).
Jeremias 1.1–10
1. Contexto imediato e sintetizado
Jeremias 1 inaugura o livro com a fórmula do chamado profético: “Veio-me a palavra do SENHOR…” (v.4). O prólogo (vv.1–3) situa historicamente o ministério de Jeremias nos reinados de Josias, Jeoaquim e Zedequias e o estende até o exílio de Jerusalém (c. 627–587/86 a.C.). Os vv.4–10 registram o teofânico encontro em que Deus (a) revela a eleição pré-natal de Jeremias, (b) o consagra (santifica) e (c) o envia com autoridade: palavras dirigidas “às nações” com tarefa dupla — juízo e restauração.
2. Observações literárias importantes
- A expressão “veio a mim a palavra do SENHOR” é fórmula profética; não só informa, mas constitui vocação: a palavra divina é evento que cria a missão.
- O diálogo mostra a tensão característica entre a soberania divina (Deus chama, consagra e envia) e a resposta humana (hesitação de Jeremias, vv.6).
- Notável é a economia literária: em poucos versículos temos eleição pré-natal, consagração, comissão, capacitação e a dupla missão (arrancar/derrubar/destruir e edificar/plantar).
3. Análise lexical (hebraico — raízes e nuances)
(Apresento transliterações e sentidos teológicos-práticos.)
- דָּבָר (dāvar) — “palavra”. Em profetas, dāvar YHWH não é mero enunciado informativo, mas ato eficaz (a palavra que fala, faz e comissiona).
- יָדַע (yādāʿ) — “conhecer”. Em v.5, “antes que eu te formasse… eu te conheci”: yādāʿ carrega sentido relacional/pactal (não só cognitivo) — Deus conhece no sentido de estabelecer vínculo e responsabilidade.
- בֶּטֶן / רֶחֶם (beten / reḥem) — “ventre / útero”. A imagem do ventre sublinha intimidade criacional: a vocação é anterior ao nascimento humano.
- קָדַשׁ (qādash) — “santificar, consagrar, separar”. “Te santifiquei” indica que Deus separa Jeremias para serviço sagrado (função, não apenas estado moral).
- נָבִיא (nāvîʾ) — “profeta”. Vocação funcional: porta-voz público de YHWH.
- נְעַר (naʿar) — “criança/ jovem”. Jeremias usa a auto-descrição “sou criança” (v.6) para expor sua inadequação; este termo aponta fraqueza social e inexperiência.
- פֶּה (pî) / נָתַתִּי דְּבָרַי בְּפִיךָ (nātattî dĕvārāy bĕpîkha) — Deus “põe” (נָתַן, natan) suas palavras na boca do profeta (v.9): imagem da capacitação divina que garante autoridade e transparência da mensagem.
- דִּקְלֵל הַמְלַלֻת (verbs in v.10) — no hebraico há uma série verbal fortemente marcada: “arrancar, derribar, destruir, arruinar” e depois “edificar, plantar” — pares que mostram missão dúplice: juízo e restauração.
4. Temas teológicos centrais
A. Iniciativa divina na vocação
Deus toma a iniciativa: o profeta recebe chamada antes do nascimento. A eleição é relacional e soberana — fundamento da identidade e do mandato.
B. Eleição e dignidade da vida humana
O “conhecer” pré-natal e a imagem uterina reforçam a ideia bíblica de que a vida humana tem valor e propósito já no ventre — implicações claras para a teologia da vida e pastoral perinatal.
C. Consagração e envio
Ser “santificado” implica ser separado para serviço perigoso: não se trata de privilégio confortável, mas de separação funcional que capacita para a missão pública.
D. Capacitação divina para a fraqueza humana
A resistência de Jeremias (“sou criança”; “não sei falar”) encontra a resposta divina: presença, proteção e a ação de “tocar a boca” — paralelos ricos: Isaías 6 (carvão nos lábios), Ezequiel 2 (Deus põe palavras na boca). Deus supre insuficiência com sua graça e autoridade.
E. Missão dupla: juízo e restauração
O mandato (v.10) é ambivalente: arrancar/derrubar/destruir e edificar/plantar. O profeta anuncia condenação por infidelidade, mas também anuncia possibilidades de reconstrução — missão integral que abrange correção e esperança.
5. Parcerias canônicas e literárias (paralelos e ecos)
- Isaías 49.1 / Salmo 139 — outros textos que apresentam chamado pré-natal ou conhecimento divino no ventre.
- Isaías 6; Ezequiel 2–3 — paralelos de capacitação (toque/coaling ou colocação de palavras na boca).
- Gálatas 1.15 — Paulo refere-se a separação desde o ventre; o NT retoma essa lógica da iniciativa divina no chamado.
6. Aplicação pastoral e pessoal (prática)
- Acolher a vocação com humildade e coragem. Muitos que recebem chamado sentem insuficiência (como Jeremias). O modelo bíblico é confiar que Deus equipa: não se exige perfeição humana, mas disponibilidade.
- Apoiar vocacionados na formação e na coragem. Igrejas devem formar, consolar e confirmar chamados — preparar para ouvir palavras duras e anunciar esperança.
- Confiança na presença divina diante da oposição. A promessa “eu sou contigo para te livrar” (v.8) dá base para permanecer fiel mesmo quando o ministério é perigoso.
- Compreender a missão como dupla: confrontar o pecado e trabalhar pela restauração. O profeta não é apenas denunciador; é também responsável por plantar o futuro. Assim deve ser a igreja: profecia que corrige e reconstrói.
- Valorizar a vida desde o ventre. O texto reforça a vocação e o valor intrínseco da pessoa antes do nascimento — base para pastoral pró-vida, cuidado maternal e ética da proteção.
7. Tabela expositiva (síntese para uso em slides / folheto)
Verso | Expressão/Heb. (translit.) | Sentido literal / nuance | Ponto teológico | Aplicação prática |
1 | — | Prólogo: autoria e origem sacerdotal | Contexto: Jeremias, filho de Hilquias, de Anatote | Identificar contexto social do profeta (sacerdócio; oposição interna) |
4 | דָּבָר־יְהוָה (dāvar-YHWH) | “A palavra do SENHOR” — palavra-evento | Vocação nasce da palavra eficaz de Deus | Ouvir a Escritura como lugar de chamado |
5 | יָדַעְתִּיך (yādaʿtîka) / בֶּטֶן (beten) | “Antes que eu te formasse… eu te conheci” | Iniciativa divina; eleição pré-natal; dignidade da vida | Pastoral perinatal; segurança vocacional |
5 | קָדַשְׁתִּיךָ (qādashṯîkha) | “Eu te santifiquei / consagrei” | Separação funcional para serviço | Preparação e consagração de lideranças |
6 | נְעָר (naʿar) | “Sou criança / jovem” — auto-descrição de insuficiência | A fragilidade humana diante do chamado | Apoio pastoral; formação; coragem na fraqueza |
8–9 | אָנֹכִי עִמְּךָ (ʼănōkhî ʼimməkha) / נָתַתִּי דְּבָרַי בְּפִיךָ | “Eu sou contigo… pus as minhas palavras na tua boca” | Presença divina e capacitação autoritativa | Ensinar: ministério é vocação divina com capacitação |
10 | נָתַתִּיךָ עַל־גּוֹיִם (nātattîkha ʼal-goyim) & verbos de julgamento/edificação | “Ponha-te sobre nações…” — arrancar/derrubar/destruir ; edificar/plantar | Missão dupla: juízo e restauração | Profecia integral: corrigir injustiça e construir futuro |
8. Conclusão breve
Jeremias 1.1–10 é um texto fundante sobre vocação, dependência e missão. Ele nos lembra que o ministério nasce da palavra eficaz de Deus, que escolhe e consagra pessoas mesmo antes do seu nascimento; mas também que essa escolha exige coragem, porque a missão envolve confrontar e reconstruir. Para quem é chamado (pastores, professores, leigos), o texto oferece consolo (Deus acompanha e capacita) e dever (a missão é dupla: advertir e edificar).
INTRODUÇÃO
Neste trimestre, estudaremos a respeito da pessoa e do ministério do profeta Jeremias. Na lição deste domingo, veremos como se deu o chamado dele, a natureza do seu ministério e da sua mensagem, o conteúdo, os efeitos e desdobramentos da mensagem daquele que foi denominado de “profeta chorão”. Esta lição reafirma a importância do chamado divino e a fidelidade do Senhor em cumprir a sua Palavra e em guardar os seus escolhidos.
I- A NATUREZA DO CHAMADO DE JEREMIAS
1- A pessoa de Jeremias. A vida e o ministério de Jeremias são partes de uma mesma história (Jr 1.5). Ele nasceu em uma família de sacerdotes, na cidade de Anatote, nordeste de Jerusalém. A maioria dos estudiosos defende que o seu nascimento se deu entre 650 e 645 a.C., dentro do contexto da reforma espiritual dos dias do rei Josias (Jr 1.2). Jeremias é o profeta que mais expõe a sua humanidade e, consequentemente, a sua personalidade. Seu sofrimento expôs a sua sensibilidade e a sua personalidade introspectiva, mas não anulou a sua força, franqueza e sinceridade na entrega das mensagens (Jr 11.18-23; 26.16-18). O exercício ministerial exigiu de Jeremias uma atitude de renúncia.
2- A vida de Jeremias. A relação de Deus com Jeremias não começou a partir de seu chamado, mas remonta a um período no qual o profeta não tinha consciência de sua própria existência (Jr 1.5). Deus conhecia Jeremias antes que o formasse. A consciência da soberania do Eterno inibiria o profeta de apresentar quaisquer possíveis obstáculos para atender o seu chamado, afinal, Ele conhecia todas as suas limitações. A consagração de Jeremias ocorreu antes de seu nascimento. Antes que os seus pais tomassem alguma decisão sobre o futuro dele, Deus já o havia separado para profeta. A vida de Jeremias pertencia a Deus, por isso ele foi enviado “às nações por profeta”.
3- O ministério de Jeremias. Ele nasceu com o propósito de honrar a Deus, representando-o diante do povo (Jr 1.5.7,10,17,18). Os profetas eram levantados pelo Senhor e tinham o dever de transmitir a sua mensagem ao povo com fidelidade. Essa era a sua principal missão, distinguindo assim o verdadeiro profeta do falso (Jr 14.14; 23.16,26,30). No caso de Jeremias, vemos que as expressões “Disse-me o Senhor” e “Ouvi a palavra do Senhor” são recorrentes ao longo de todo o livro e, juntas, refletem a dinâmica do seu ministério. Jeremias recebia a mensagem do próprio Deus e a entregava ao povo que, quase sempre, a rejeitava. Com a rejeição da mensagem veio também as perseguições e a tristeza, causando-lhe grande sofrimento. No entanto, quanto mais sofria, mais se aproximava de Deus, conhecendo-o melhor e aprimorando ainda mais o exercício de seu ministério (15.10-21; 17.5-10). A vida e o ministério de Jeremias evidenciam a soberania de Deus em suas escolhas e na execução de seu propósito na vida de alguém, conforme Ele mesmo disse: “E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo, diz o Senhor, para te livrar” (1.19).
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
“I. A natureza do chamado de Jeremias”
1. Síntese: o que o texto afirma
Jeremias é apresentado desde o início como profeta chamado por Deus antes do nascimento (Jr 1.5). A narrativa do chamado articula quatro verdades que dominam todo o livro: (1) iniciativa divina (Deus chama primeiro), (2) eleição relacional (Deus “conhece” o profeta), (3) consagração funcional (santificação/separação para missão) e (4) envio com dupla tarefa (juízo e restauração). A vida pessoal de Jeremias — sensível, sofredora, persistente — é inseparável do conteúdo e do custo do seu ministério.
2. Observações teológicas centrais
A. Iniciativa e soberania de Deus sobre a vocação
O chamado começa com a “palavra do SENHOR”: dāvar YHWH — a palavra que não apenas informa, mas constitui realidade (v.4). Deus toma a iniciativa; o ministério não é projeto humano transformado em obra divina, mas dom primeiro de Deus.
B. Eleição relacional e a dignidade da vida humana
“Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci” (Jr 1.5). O verbo hebraico יָדַע (yâdaʿ) carrega sentido relacional/pactal: conhecer = estabelecer relação, compromisso. Isso tem duas implicações: (1) a vocação vem enraizada em um “conhecer” divino pessoal; (2) a vida humana possui dignidade e propósito já antes do nascimento—um ponto que molda pastoral e ética.
C. Consagração e separação para serviço
O verbo קָדַשׁ (qādash) — “santificar/ separar” — indica que Jeremias é apartado funcionalmente para falar por YHWH. Santidade aqui funciona como termo vocacional: “separado para o serviço público de Deus”.
D. Capacitação divina diante da insuficiência humana
Jeremias responde com veracidade humana: “sou menino/ jovem” (naʿar), “não sei falar” (v.6). Deus responde com promessa e ação: presença protetora (“Eu sou contigo” v.8), tocar na boca (v.9) e pôr as palavras na boca do profeta — paralelos ricos a Is 6 e Ez 2–3. A lição pastoral: Deus chama pessoas reais e as equipa; fraqueza não anula o chamado.
E. Missão dupla: juízo e restauração
O catálogo verbal do v.10 («arrancar… derribar… destruir… arruinar… edificar… plantar») mostra a amplitude da missão profética. O ofício profético é corretivo e também construtor — mensagem de crítica que não é apenas demolidora, mas aponta para futuro possível de restauração.
3. Análise lexical (hebraico) — termos decisivos
Indicarei as formas hebraicas (transliteração) + nuance teológica-prática.
- דָּבָר־יְהוָה (dāvar-YHWH) — “a palavra do SENHOR”
Nuance: palavra-evento; verbo performativo; não é comentário neutro, é vocação. - יָדַע (yâdaʿ) — “conheci/te conheci” (Jr 1.5)
Nuance: conhecimento relacional/pactal; fundamento da eleição. - בֶּטֶן / רֶחֶם (beten / reḥem) — “ventre / útero”
Nuance: imagem de intimidade criacional → vocação antes do nascimento. - קָדַשׁ (qādash) / קָדַשְׁתִּיךָ (qādashṯîkha) — “santifiquei / te consagrei”
Nuance: separação para o sagrado; capacitação vocacional. - נְעָר (naʿar) — “criança / jovem” (Jr 1.6)
Nuance: auto-descrição de vulnerabilidade; expressão honesta de limitação. - פֶּה (pē); נָתַתִּי דְּבָרַי בְּפִיךָ (pūt-dĕvarāy bĕpîkha) — “ponho as minhas palavras na tua boca” (v.9)
Nuance: garantia de autoridade e adequação do oráculo. - עַל-גּוֹיִם (ʿal-gōyim) — “sobre as nações” (v.10)
Nuance: missão que ultrapassa Israel; dimensão internacional/teopolítica. - ספר הפעולות (verb series v.10) — “להוציא, לשלח, להקים, לנטוע” (arrancar/derribar… edificar/plantar)
Nuance: linguagem de destruição e reconstrução — missão integral.
4. Contexto histórico e literário curto
- Jeremias nasce em Anatote (priestly family), provavelmente entre ca. 650–645 a.C.; chama em reinado de Josias (c. 627/26 a.C.), mas profetiza até o exílio (587/86).
- A reforma de Josias (2 Kings 22–23) é pano de fundo histórico: as promessas e os juízos se entrelaçam com esforços reformistas e resistências. Jeremias atua em cenário de crise política, teológica e social — daí o tom pesado e sofrido do livro.
5. Leituras acadêmicas recomendadas (breve)
- J. A. Thompson, The Book of Jeremiah (NICOT) — comentário exegético-histórico, útil para vocabulário e forma.
- Walter Brueggemann, A Commentary on Jeremiah: Exile and Homecoming / The Prophetic Imagination — leitura teológica e profética.
- John Goldingay, Jeremiah (OT commentaries) — atenção literária e teológica.
- Brevard S. Childs, Jeremiah and Lamentations (OTL) — leitura canônica.
- Léxicos: BDB / HALOT — para estudo das raízes citadas.
6. Aplicação pessoal e pastoral (prática)
- Vocação: ouvir a iniciativa de Deus — quem sente chamado deve começar por reconhecer que a iniciativa primeiro veio de Deus; portanto, humildade e dependência são primeiras respostas.
- Acolher fraqueza e buscar capacitação — se você se sente “como Jeremias” (incerto, inseguro), lembre-se: Deus equipa; a vocação não pede perfeição imediata, pede disponibilidade.
- Ministério profético hoje = confrontar e construir — a igreja precisa tanto de palavras que denunciem injustiças quanto de ações que edifiquem: justiça social + trabalho de reconstrução.
- Sustentar quem sofre no ministério — Jeremias é “profeta chorão”: proteja e acompanhe vocacionados (aconselhamento, apoio comunitário) para que não se consumam no desânimo.
- Valorizar a vida desde o ventre — a linguagem de Jeremias sustenta práticas de cuidado materno, pastoral perinatal e defesa da dignidade humana.
Práticas concretas: grupos de apoio a líderes; formação teológica orientada para fragilidade; agenda missionária que combine profecia (voz de denúncia) e programas de reconstrução social.
7. Tabela expositiva (síntese para aula / slide)
Item
Texto / Hebraico
Núcleo teológico
Aplicação prática
Iniciativa divina
דָּבָר-יְהוָה (dāvar-YHWH) — v.4
A vocação nasce da palavra-evento de Deus
Ouvir a Escritura como lugar de chamado; cultivar escuta comunitária
Eleição relacional
יָדַעְתִּיךָ (yādaʿtîka) — v.5
Deus “conhece” antes do nascimento → eleição relacional
Segurança vocacional e dignidade da vida humana
Consagração
קָדַשְׁתִּיךָ (qādashṯîkha) — v.5
Separação para serviço sagrado
Formação e discipulado intencionais para chamados
Fraqueza humana
נְעָר (naʿar) — v.6
Jeremias se declara jovem/indefeso
Acolher e equipar vocacionados frágeis
Capacitação
נָתַתִּי דְּבָרַי בְּפִיךָ — v.9
Deus põe Suas palavras na boca do profeta
Confiança: providência divina para o ministério
Missão integral
עַל-גּוֹיִם + verb series — v.10
Juízo e restauração (arrancar/edificar)
Sermão profético que denuncia + programas de reconstrução
8. Conclusão
A «natureza do chamado de Jeremias» nos apresenta uma vocação que é ao mesmo tempo dom de Deus e missão custosa. Deus conhece, separa e envia; o profeta responde com humanidade (medo, hesitação), recebe presença e capacitação e realiza uma obra que corrige e reconstrói. Para a igreja contemporânea, Jeremias é chamado à fidelidade corajosa: a palavra de Deus liberta, denuncia e reconstrói — e cuida daqueles que a proclamam.
“I. A natureza do chamado de Jeremias”
1. Síntese: o que o texto afirma
Jeremias é apresentado desde o início como profeta chamado por Deus antes do nascimento (Jr 1.5). A narrativa do chamado articula quatro verdades que dominam todo o livro: (1) iniciativa divina (Deus chama primeiro), (2) eleição relacional (Deus “conhece” o profeta), (3) consagração funcional (santificação/separação para missão) e (4) envio com dupla tarefa (juízo e restauração). A vida pessoal de Jeremias — sensível, sofredora, persistente — é inseparável do conteúdo e do custo do seu ministério.
2. Observações teológicas centrais
A. Iniciativa e soberania de Deus sobre a vocação
O chamado começa com a “palavra do SENHOR”: dāvar YHWH — a palavra que não apenas informa, mas constitui realidade (v.4). Deus toma a iniciativa; o ministério não é projeto humano transformado em obra divina, mas dom primeiro de Deus.
B. Eleição relacional e a dignidade da vida humana
“Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci” (Jr 1.5). O verbo hebraico יָדַע (yâdaʿ) carrega sentido relacional/pactal: conhecer = estabelecer relação, compromisso. Isso tem duas implicações: (1) a vocação vem enraizada em um “conhecer” divino pessoal; (2) a vida humana possui dignidade e propósito já antes do nascimento—um ponto que molda pastoral e ética.
C. Consagração e separação para serviço
O verbo קָדַשׁ (qādash) — “santificar/ separar” — indica que Jeremias é apartado funcionalmente para falar por YHWH. Santidade aqui funciona como termo vocacional: “separado para o serviço público de Deus”.
D. Capacitação divina diante da insuficiência humana
Jeremias responde com veracidade humana: “sou menino/ jovem” (naʿar), “não sei falar” (v.6). Deus responde com promessa e ação: presença protetora (“Eu sou contigo” v.8), tocar na boca (v.9) e pôr as palavras na boca do profeta — paralelos ricos a Is 6 e Ez 2–3. A lição pastoral: Deus chama pessoas reais e as equipa; fraqueza não anula o chamado.
E. Missão dupla: juízo e restauração
O catálogo verbal do v.10 («arrancar… derribar… destruir… arruinar… edificar… plantar») mostra a amplitude da missão profética. O ofício profético é corretivo e também construtor — mensagem de crítica que não é apenas demolidora, mas aponta para futuro possível de restauração.
3. Análise lexical (hebraico) — termos decisivos
Indicarei as formas hebraicas (transliteração) + nuance teológica-prática.
- דָּבָר־יְהוָה (dāvar-YHWH) — “a palavra do SENHOR”
Nuance: palavra-evento; verbo performativo; não é comentário neutro, é vocação. - יָדַע (yâdaʿ) — “conheci/te conheci” (Jr 1.5)
Nuance: conhecimento relacional/pactal; fundamento da eleição. - בֶּטֶן / רֶחֶם (beten / reḥem) — “ventre / útero”
Nuance: imagem de intimidade criacional → vocação antes do nascimento. - קָדַשׁ (qādash) / קָדַשְׁתִּיךָ (qādashṯîkha) — “santifiquei / te consagrei”
Nuance: separação para o sagrado; capacitação vocacional. - נְעָר (naʿar) — “criança / jovem” (Jr 1.6)
Nuance: auto-descrição de vulnerabilidade; expressão honesta de limitação. - פֶּה (pē); נָתַתִּי דְּבָרַי בְּפִיךָ (pūt-dĕvarāy bĕpîkha) — “ponho as minhas palavras na tua boca” (v.9)
Nuance: garantia de autoridade e adequação do oráculo. - עַל-גּוֹיִם (ʿal-gōyim) — “sobre as nações” (v.10)
Nuance: missão que ultrapassa Israel; dimensão internacional/teopolítica. - ספר הפעולות (verb series v.10) — “להוציא, לשלח, להקים, לנטוע” (arrancar/derribar… edificar/plantar)
Nuance: linguagem de destruição e reconstrução — missão integral.
4. Contexto histórico e literário curto
- Jeremias nasce em Anatote (priestly family), provavelmente entre ca. 650–645 a.C.; chama em reinado de Josias (c. 627/26 a.C.), mas profetiza até o exílio (587/86).
- A reforma de Josias (2 Kings 22–23) é pano de fundo histórico: as promessas e os juízos se entrelaçam com esforços reformistas e resistências. Jeremias atua em cenário de crise política, teológica e social — daí o tom pesado e sofrido do livro.
5. Leituras acadêmicas recomendadas (breve)
- J. A. Thompson, The Book of Jeremiah (NICOT) — comentário exegético-histórico, útil para vocabulário e forma.
- Walter Brueggemann, A Commentary on Jeremiah: Exile and Homecoming / The Prophetic Imagination — leitura teológica e profética.
- John Goldingay, Jeremiah (OT commentaries) — atenção literária e teológica.
- Brevard S. Childs, Jeremiah and Lamentations (OTL) — leitura canônica.
- Léxicos: BDB / HALOT — para estudo das raízes citadas.
6. Aplicação pessoal e pastoral (prática)
- Vocação: ouvir a iniciativa de Deus — quem sente chamado deve começar por reconhecer que a iniciativa primeiro veio de Deus; portanto, humildade e dependência são primeiras respostas.
- Acolher fraqueza e buscar capacitação — se você se sente “como Jeremias” (incerto, inseguro), lembre-se: Deus equipa; a vocação não pede perfeição imediata, pede disponibilidade.
- Ministério profético hoje = confrontar e construir — a igreja precisa tanto de palavras que denunciem injustiças quanto de ações que edifiquem: justiça social + trabalho de reconstrução.
- Sustentar quem sofre no ministério — Jeremias é “profeta chorão”: proteja e acompanhe vocacionados (aconselhamento, apoio comunitário) para que não se consumam no desânimo.
- Valorizar a vida desde o ventre — a linguagem de Jeremias sustenta práticas de cuidado materno, pastoral perinatal e defesa da dignidade humana.
Práticas concretas: grupos de apoio a líderes; formação teológica orientada para fragilidade; agenda missionária que combine profecia (voz de denúncia) e programas de reconstrução social.
7. Tabela expositiva (síntese para aula / slide)
Item | Texto / Hebraico | Núcleo teológico | Aplicação prática |
Iniciativa divina | דָּבָר-יְהוָה (dāvar-YHWH) — v.4 | A vocação nasce da palavra-evento de Deus | Ouvir a Escritura como lugar de chamado; cultivar escuta comunitária |
Eleição relacional | יָדַעְתִּיךָ (yādaʿtîka) — v.5 | Deus “conhece” antes do nascimento → eleição relacional | Segurança vocacional e dignidade da vida humana |
Consagração | קָדַשְׁתִּיךָ (qādashṯîkha) — v.5 | Separação para serviço sagrado | Formação e discipulado intencionais para chamados |
Fraqueza humana | נְעָר (naʿar) — v.6 | Jeremias se declara jovem/indefeso | Acolher e equipar vocacionados frágeis |
Capacitação | נָתַתִּי דְּבָרַי בְּפִיךָ — v.9 | Deus põe Suas palavras na boca do profeta | Confiança: providência divina para o ministério |
Missão integral | עַל-גּוֹיִם + verb series — v.10 | Juízo e restauração (arrancar/edificar) | Sermão profético que denuncia + programas de reconstrução |
8. Conclusão
A «natureza do chamado de Jeremias» nos apresenta uma vocação que é ao mesmo tempo dom de Deus e missão custosa. Deus conhece, separa e envia; o profeta responde com humanidade (medo, hesitação), recebe presença e capacitação e realiza uma obra que corrige e reconstrói. Para a igreja contemporânea, Jeremias é chamado à fidelidade corajosa: a palavra de Deus liberta, denuncia e reconstrói — e cuida daqueles que a proclamam.
PENSE! Qual a natureza e o propósito da vida e do ministério de Jeremias?
PONTO IMPORTANTE! Deus foi a fonte da vida de Jeremias e o seu ministério foi o cumprimento de seu propósito.
SUBSÍDIO 1
Professor(a), explique que “Jeremias foi chamado (isto é, nomeado, encarregado, investido, conscientizado do seu propósito) por Deus para ser um profeta, um porta-voz a respeito dos planos e propósitos futuros de Deus para o seu povo. A mensagem de Jeremias e o seu ministério estavam voltados ao reino do sul, Judá (separada do reino do norte, de Israel, por volta de 930 a.C.; veja 2 Rs 12-14; 2 Cr 10,11). O ministério de Jeremias abrangeu os últimos 40 anos da história de Judá, incluindo o período imediatamente anterior e posterior à destruição de Jerusalém, e a deportação do seu povo à Babilônia (627-586 a.C). Ele serviu durante os reinados de Josias, Joacaz, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias. Durante a maior parte desse período, a nação estava se rebelando contra Deus e confiando em alianças políticas com outras nações, visando a sua segurança e proteção de seus inimigos. Jeremias incentivou o povo a se arrepender – a se afastar de seus próprios caminhos desafiadores e a renovar a sua devoção a Deus -, advertindo-os de que certamente sofrem punição por rejeitar a Deus e sua lei. Devido à sua mensagem e à sua devoção ao Senhor, Jeremias sofreu grande oposição e muito sofrimento pelas mãos de seus concidadãos e da liderança da nação.” (Extraído da Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023. p. 909.)
II- A MENSAGEM DE JEREMIAS
1- Os dias de Jeremias. O profeta desempenhou o seu ministério durante um dos períodos mais sombrios da história de Judá. Jerusalém foi destruída pelo exército babilônico como juízo de Deus, fruto da má escolha do povo em trocar o Senhor, “manancial de águas vivas” por “cisternas rotas, que não retêm águas” (Jr 2.13). Historicamente, os profetas surgiam em épocas de apostasia em que o povo se afasta de Deus. Eles eram usados pelo Senhor para advertência, renovação da esperança e de chamado ao arrependimento, a fim de evitar o juízo divino. Nos dias de Jeremias, Judá buscava pelos seus ídolos e a mancha do pecado era tão grande e profunda que não tinham como removê-la (2.20-35). Ninguém poderia salvá-los ou livrá-los da situação em que se encontravam. O povo estava em profunda rebeldia contra Deus e foi chamado a um concerto. O contexto da sociedade em que viveu o profeta Jeremias era difícil.
2- As duas visões de Jeremias. No momento de seu chamado, Jeremias recebeu duas visões e cada uma com um significado segundo a missão para a qual fora designado pelo Senhor (Jr 1.11.13). A primeira visão foi a de uma vara de amendoeira (1.11). Amendoeira vem das expressões hebraicas shaqed (acordado) e shoqed (velar). Essa visão mostrou o compromisso de Deus com a sua palavra e consolidou a certeza de que o ministério de Jeremias sinalizaria que o Senhor estava acordado e atento às más obras do povo (1.15-18). A segunda visão foi a de uma panela a ferver inclinada para o norte, indicando a mensagem de juízo que Deus derramaria sobre o seu povo por meio da invasão dos babilônios (1.13; 21.8-10). As mensagens de arrependimento e juízo são características das mensagens de Jeremias. Podem ser encontradas em toda a sua jornada profética (1.13-16; 4.5-8,13-22,27-31). As suas últimas palavras foram de condenação em vista à apostasia daquele povo (43.8-13; 44). Enquanto a primeira visão indicou o caráter do ministério de Jeremias, a segunda apontou para o conteúdo da mensagem a ser entregue.
3- Destinatário e conteúdo da mensagem de Jeremias. Jeremias foi enviado ao povo de Judá, Reino do Sul, cuja capital era Jerusalém, embora, há momentos em que ele é visto se dirigindo ao Reino do Norte, Israel, com a capital em Samaria (3.12; 31.2-6,15-22). A mensagem de Jeremias foi entregue com ênfase e grande amor (9.1). Seu conteúdo foi de oposição à apostasia e de denúncia contra a ingratidão do povo diante de Deus (2.14.13: 5.20-25:18.13-17). Ela também lembrou o povo a respeito do amor, da bondade e do cuidado de Deus ao longo da história, na intenção de despertar o arrependimento. A sua mensagem foi um apelo para que o povo se arrependesse e voltasse para Deus (3.12,13, 19-22; 4.1-9). A mensagem de Jeremias revelava o interesse de Deus em perdoar o seu povo, renovar a sua aliança e cumprir as suas promessas feitas desde Abraão.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
II — A MENSAGEM DE JEREMIAS (comentário bíblico-teológico)
1) Contexto histórico e caráter sombrio dos dias de Jeremias
Jeremias profetou numa época de grave apostasia e crise nacional: reformas e recuos em tempos de Josias, instabilidade política, ascensão da Babilônia e, por fim, a queda de Jerusalém (exílio, 587/6 a.C.). O cenário explica o tom severo e o repetido chamado ao arrependimento: a nação trocara o “manancial de águas vivas” por “cisternas rotas” (imagem da traição relacional a YHWH). Esse pano de fundo ajuda a entender por que as palavras de Jeremias soam tão duras e por que suas advertências culminam em julgamento nacional.
Implicação teológica curta: profecia não é só predição; é instrumento pastoral-covenantal: advertir para restaurar a aliança e, se necessário, anunciar as consequências da infidelidade.
2) As duas visões iniciais (Jr 1.11–13) — símbolo e sentido
a) A vara/ramo de amendoeira (שָׁקֵד — shaqed) — “o que vigia / que despierta”
Em Jr 1.11 Jeremias vê um ramo de amendoeira. No hebraico há jogo de palavras: shaqed (שָׁקֵד) aparece próximo à ideia de “vigiar/velar” (shaqad), porque a amendoeira é das primeiras a florir — sinal de vigilância e vigilância de Deus sobre a sua palavra. A visão tranquiliza o profeta: Deus está “acordado”, atento e fiel a cumprir a palavra que chamou Jeremias a anunciar.
Teologia prática: a primeira visão é promessa de fidelidade divina: mesmo quando o profeta se sente só e rejeitado, a eficácia da palavra de Deus não depende do tempo humano — Deus vela por sua promessa.
b) A panela fervente inclinada para o norte (כְּדִי רָותֵחַ מִצָּפוֹן — kĕdî roteach miṣāfôn)
A segunda visão (Jr 1.13) mostra um caldeirão fervente cujo bordo aponta para o norte. A imagem é óbvia: algo vai transbordar do norte sobre Judá — isto é, invasão e juízo que virão “do norte” (na linguagem profética, locus do perigo; historicamente corresponde à potência neo-babilônica/assírio-babilônica). A panela fervente simboliza o juízo divino iminente que será derramado sobre a terra por causa da infidelidade.
Teologia prática: a cena explica o conteúdo principal da mensagem de Jeremias: não só consolação, mas advertência — Deus usa nações como instrumento de seu juízo quando a aliança é abandonada.
3) Destinatários e conteúdo da mensagem
a) Destinatário(s)
- Primariamente: Judá e Jerusalém (o sul; o livro do profeta é direcionado à comunidade do templo e do trono).
- Pontualmente: mensagens estendem-se ao norte (Israel/Samaria) e às nações (v.10 e passagens posteriores), revelando uma preocupação que ultrapassa fronteiras étnicas.
A missão de Jeremias é, portanto, tanto pastoral-nacional quanto de alcance internacional.
b) Conteúdo dominante
- Admoestação contra idolatria e infidelidade — Jeremias denuncia o abandono do Senhor, lembrando o povo da história redentora e chamando ao arrependimento (cf. Jr 2.13; 3.12-14).
- Anúncio de juízo histórico (político) — instrumento: potências do norte — o juízo é apresentado como consequência relacional: escolha humana → castigo soberano, frequentemente mediado por nações estrangeiras (a “panela” do norte).
- Chamado ao arrependimento e oferta de restauração — não só condenação: Jeremias insiste no desejo divino de perdoar, renovar a aliança e restaurar a comunhão (promessas proféticas, ex.: restauração pós-exílica e promessa futura de novo coração).
- Profecia social e ética — o profeta denuncia injustiças, falsos pastores, vícios religiosos que tornam improdutiva a vida social; sua mensagem é tanto teológica quanto social.
4) Análise lexical (hebraica) — palavras-chave para o ensino
- שָׁקֵד / שָׁקַד (shaqed / shaqad) — “amendoeira / vigiar”: pun intencional; o amendoeira anuncia que Deus “vigia” (Jr 1:11–12).
- כְּדִי / רָותֵחַ / צָפוֹן (kĕdî / roteach / ṣāfôn) — “vasilha/pote fervente / norte”: imagem do juízo que vem do norte (Jr 1:13).
- מָקוֹר מַיִם חַיִּים / בְּאֲרוֹת נִשְׁבָּרוֹת (māqôr mayim ḥayyim / bĕʾĕrôt nishbārōt) — “fonte/ manancial de águas vivas / cisternas quebradas” (Jr 2:13): contraposição da fidelidade divina (fonte viva) e as buscas humanas infrutíferas (cisternas que não retêm).
- לָגּוֹיִם (la-goyim) — “às nações” (v.10): o alcance da vocação de Jeremias não é exclusivamente étnico; sua mensagem tem dimensão universal.
5) Leituras teológicas / implicações práticas
- Profecia como chamado à responsabilidade relacional. Jeremias mostra que o pecado nacional é primariamente quebra de aliança (relacional) e só secundariamente questão de rito: a ênfase é no abandono do Deus vivo.
- Dupla face do ministério profético: juízo e esperança. O profeta é voz de confronto mas também de promessa — a dobra do livro contém gritos de denúncia e flashes de promessa restauradora (ex.: novo concerto, novo coração).
- Teologia política: Deus usa — e limita — as nações. A visão do caldeirão e várias passagens mostram que Deus soberanamente orienta a história (inclusive através de nações), com finalidade redentora e disciplinadora.
- Profeta chorão e a pastoral do sofrimento. A sensibilidade de Jeremias (o “profeta que chora”) é modelo pastoral: comunicar a verdade divina pode custar, e o ministério exige cuidado comunitário para não queimar o mensageiro.
6) Aplicação pessoal e eclesial (prática, imediata)
- Confissão comunitária e reforma contínua: igrejas devem usar a crítica profética para autocorrigir — vínculos com justiça social, cuidado com corrupção e idolatrias modernas (dinheiro, poder, segurança).
- Ouvir a Palavra mesmo quando dói: como Jeremias, a igreja deve acolher mensagens que confrontem sua comodidade; isto exige humildade e disposição ao arrependimento.
- Formar profetas e pastores sensíveis: cuidar emocional e espiritualmente de quem anuncia verdades difíceis; criar redes de suporte pastoral.
- Missão pública: lembrar que o cuidado com a justiça social, com os pobres e com a verdade é parte da fidelidade profética — não “apolítica” mas ética-transformadora.
- Esperança fundamentada: ainda que haja juízo, a mensagem de Jeremias mantém a promessa de restauração — cristãos vivem na tensão entre julgamento e promessa, entre presente doloroso e futuro redentor.
7) Tabela expositiva (resumo prático para slides ou folheto)
Ponto
Texto-chave
Palavra hebraica
Sintese do sentido
Aplicação prática
Contexto histórico
Jr (Josias → Zedequias; exílio)
—
Tempo de apostasia, crise e queda de Jerusalém.
Ensinar história para contextualizar a profecia; preparar a igreja para fidelidade em crise.
Visão 1
Jr 1:11–12
שָׁקֵד / שָׁקַד (shaqed)
Amendoeira = Deus que vigia; promessa de cumprimento da palavra.
Confortar vocacionados: Deus vela por sua promessa.
Visão 2
Jr 1:13–14
כְּדִי רָותֵחַ מִצָּפוֹן (kĕdî roteach miṣāfôn)
Pote fervente do norte = juízo vindo via nações (hist. : Babilônia).
Chamar à seriedade: pecado tem consequências históricas.
Imagem religiosa
Jr 2:13
מָקוֹר מַיִם חַיִּים / בְּאֲרוֹת נִשְׁבָּרוֹת
Fonte viva (Deus) vs cisternas quebradas (idolatria)
Pastorais práticas: reavivar dependência de Deus; denunciar substitutos falsos.
Conteúdo da mensagem
(var.)
לָגּוֹיִם (la-goyim)
Juízo + apelo ao arrependimento + promessa de restauração; alcance nacional e transnacional.
Equilibrar pregação: denúncia ética + anúncio de esperança; missão pública
conclusão
A mensagem de Jeremias é direta e pastoral: Deus chama seu povo ao arrependimento e, por amor de sua aliança, disciplina quando o povo se enreda em idolatrias e injustiças. As duas visões iniciais condensam o perfil do ministério: Deus vigia (almedroeiro) e o juízo vem (panela fervente) quando a aliança é abandonada — mas junto com o juízo permanece a promessa de restauração. Para hoje: a igreja é chamada a ouvir, a confundir o falso consolo das “cisternas rotas” e a proclamar a Palavra que corrige e reconstrói.
II — A MENSAGEM DE JEREMIAS (comentário bíblico-teológico)
1) Contexto histórico e caráter sombrio dos dias de Jeremias
Jeremias profetou numa época de grave apostasia e crise nacional: reformas e recuos em tempos de Josias, instabilidade política, ascensão da Babilônia e, por fim, a queda de Jerusalém (exílio, 587/6 a.C.). O cenário explica o tom severo e o repetido chamado ao arrependimento: a nação trocara o “manancial de águas vivas” por “cisternas rotas” (imagem da traição relacional a YHWH). Esse pano de fundo ajuda a entender por que as palavras de Jeremias soam tão duras e por que suas advertências culminam em julgamento nacional.
Implicação teológica curta: profecia não é só predição; é instrumento pastoral-covenantal: advertir para restaurar a aliança e, se necessário, anunciar as consequências da infidelidade.
2) As duas visões iniciais (Jr 1.11–13) — símbolo e sentido
a) A vara/ramo de amendoeira (שָׁקֵד — shaqed) — “o que vigia / que despierta”
Em Jr 1.11 Jeremias vê um ramo de amendoeira. No hebraico há jogo de palavras: shaqed (שָׁקֵד) aparece próximo à ideia de “vigiar/velar” (shaqad), porque a amendoeira é das primeiras a florir — sinal de vigilância e vigilância de Deus sobre a sua palavra. A visão tranquiliza o profeta: Deus está “acordado”, atento e fiel a cumprir a palavra que chamou Jeremias a anunciar.
Teologia prática: a primeira visão é promessa de fidelidade divina: mesmo quando o profeta se sente só e rejeitado, a eficácia da palavra de Deus não depende do tempo humano — Deus vela por sua promessa.
b) A panela fervente inclinada para o norte (כְּדִי רָותֵחַ מִצָּפוֹן — kĕdî roteach miṣāfôn)
A segunda visão (Jr 1.13) mostra um caldeirão fervente cujo bordo aponta para o norte. A imagem é óbvia: algo vai transbordar do norte sobre Judá — isto é, invasão e juízo que virão “do norte” (na linguagem profética, locus do perigo; historicamente corresponde à potência neo-babilônica/assírio-babilônica). A panela fervente simboliza o juízo divino iminente que será derramado sobre a terra por causa da infidelidade.
Teologia prática: a cena explica o conteúdo principal da mensagem de Jeremias: não só consolação, mas advertência — Deus usa nações como instrumento de seu juízo quando a aliança é abandonada.
3) Destinatários e conteúdo da mensagem
a) Destinatário(s)
- Primariamente: Judá e Jerusalém (o sul; o livro do profeta é direcionado à comunidade do templo e do trono).
- Pontualmente: mensagens estendem-se ao norte (Israel/Samaria) e às nações (v.10 e passagens posteriores), revelando uma preocupação que ultrapassa fronteiras étnicas.
A missão de Jeremias é, portanto, tanto pastoral-nacional quanto de alcance internacional.
b) Conteúdo dominante
- Admoestação contra idolatria e infidelidade — Jeremias denuncia o abandono do Senhor, lembrando o povo da história redentora e chamando ao arrependimento (cf. Jr 2.13; 3.12-14).
- Anúncio de juízo histórico (político) — instrumento: potências do norte — o juízo é apresentado como consequência relacional: escolha humana → castigo soberano, frequentemente mediado por nações estrangeiras (a “panela” do norte).
- Chamado ao arrependimento e oferta de restauração — não só condenação: Jeremias insiste no desejo divino de perdoar, renovar a aliança e restaurar a comunhão (promessas proféticas, ex.: restauração pós-exílica e promessa futura de novo coração).
- Profecia social e ética — o profeta denuncia injustiças, falsos pastores, vícios religiosos que tornam improdutiva a vida social; sua mensagem é tanto teológica quanto social.
4) Análise lexical (hebraica) — palavras-chave para o ensino
- שָׁקֵד / שָׁקַד (shaqed / shaqad) — “amendoeira / vigiar”: pun intencional; o amendoeira anuncia que Deus “vigia” (Jr 1:11–12).
- כְּדִי / רָותֵחַ / צָפוֹן (kĕdî / roteach / ṣāfôn) — “vasilha/pote fervente / norte”: imagem do juízo que vem do norte (Jr 1:13).
- מָקוֹר מַיִם חַיִּים / בְּאֲרוֹת נִשְׁבָּרוֹת (māqôr mayim ḥayyim / bĕʾĕrôt nishbārōt) — “fonte/ manancial de águas vivas / cisternas quebradas” (Jr 2:13): contraposição da fidelidade divina (fonte viva) e as buscas humanas infrutíferas (cisternas que não retêm).
- לָגּוֹיִם (la-goyim) — “às nações” (v.10): o alcance da vocação de Jeremias não é exclusivamente étnico; sua mensagem tem dimensão universal.
5) Leituras teológicas / implicações práticas
- Profecia como chamado à responsabilidade relacional. Jeremias mostra que o pecado nacional é primariamente quebra de aliança (relacional) e só secundariamente questão de rito: a ênfase é no abandono do Deus vivo.
- Dupla face do ministério profético: juízo e esperança. O profeta é voz de confronto mas também de promessa — a dobra do livro contém gritos de denúncia e flashes de promessa restauradora (ex.: novo concerto, novo coração).
- Teologia política: Deus usa — e limita — as nações. A visão do caldeirão e várias passagens mostram que Deus soberanamente orienta a história (inclusive através de nações), com finalidade redentora e disciplinadora.
- Profeta chorão e a pastoral do sofrimento. A sensibilidade de Jeremias (o “profeta que chora”) é modelo pastoral: comunicar a verdade divina pode custar, e o ministério exige cuidado comunitário para não queimar o mensageiro.
6) Aplicação pessoal e eclesial (prática, imediata)
- Confissão comunitária e reforma contínua: igrejas devem usar a crítica profética para autocorrigir — vínculos com justiça social, cuidado com corrupção e idolatrias modernas (dinheiro, poder, segurança).
- Ouvir a Palavra mesmo quando dói: como Jeremias, a igreja deve acolher mensagens que confrontem sua comodidade; isto exige humildade e disposição ao arrependimento.
- Formar profetas e pastores sensíveis: cuidar emocional e espiritualmente de quem anuncia verdades difíceis; criar redes de suporte pastoral.
- Missão pública: lembrar que o cuidado com a justiça social, com os pobres e com a verdade é parte da fidelidade profética — não “apolítica” mas ética-transformadora.
- Esperança fundamentada: ainda que haja juízo, a mensagem de Jeremias mantém a promessa de restauração — cristãos vivem na tensão entre julgamento e promessa, entre presente doloroso e futuro redentor.
7) Tabela expositiva (resumo prático para slides ou folheto)
Ponto | Texto-chave | Palavra hebraica | Sintese do sentido | Aplicação prática |
Contexto histórico | Jr (Josias → Zedequias; exílio) | — | Tempo de apostasia, crise e queda de Jerusalém. | Ensinar história para contextualizar a profecia; preparar a igreja para fidelidade em crise. |
Visão 1 | Jr 1:11–12 | שָׁקֵד / שָׁקַד (shaqed) | Amendoeira = Deus que vigia; promessa de cumprimento da palavra. | Confortar vocacionados: Deus vela por sua promessa. |
Visão 2 | Jr 1:13–14 | כְּדִי רָותֵחַ מִצָּפוֹן (kĕdî roteach miṣāfôn) | Pote fervente do norte = juízo vindo via nações (hist. : Babilônia). | Chamar à seriedade: pecado tem consequências históricas. |
Imagem religiosa | Jr 2:13 | מָקוֹר מַיִם חַיִּים / בְּאֲרוֹת נִשְׁבָּרוֹת | Fonte viva (Deus) vs cisternas quebradas (idolatria) | Pastorais práticas: reavivar dependência de Deus; denunciar substitutos falsos. |
Conteúdo da mensagem | (var.) | לָגּוֹיִם (la-goyim) | Juízo + apelo ao arrependimento + promessa de restauração; alcance nacional e transnacional. | Equilibrar pregação: denúncia ética + anúncio de esperança; missão pública |
conclusão
A mensagem de Jeremias é direta e pastoral: Deus chama seu povo ao arrependimento e, por amor de sua aliança, disciplina quando o povo se enreda em idolatrias e injustiças. As duas visões iniciais condensam o perfil do ministério: Deus vigia (almedroeiro) e o juízo vem (panela fervente) quando a aliança é abandonada — mas junto com o juízo permanece a promessa de restauração. Para hoje: a igreja é chamada a ouvir, a confundir o falso consolo das “cisternas rotas” e a proclamar a Palavra que corrige e reconstrói.
PENSE! Para quem Jeremias profetizou?
PONTO IMPORTANTE! Jeremias profetizou a um povo distante de Deus e a sua mensagem foi de exortação e de chamado ao arrependimento.
SUBSÍDIO 2
“Antes que Jeremias nascesse, Deus já havia determinado que ele seria um profeta. Da mesma maneira como Deus tinha um plano para a vida de Jeremias, também tinha um plano específico para cada pessoa. O seu objetivo é que nós vivamos em conformidade com tais planos, permitindo que Ele cumpra os seus propósitos em nós e por nosso intermédio. Como aconteceu com Jeremias, a vida em conformidade com o plano de Deus pode envolver dificuldades e sofrimentos. Independentemente do que encontramos quando seguimos a Deus, Ele sempre opera para o nosso maior bem (Rm 8.28). Jeremias era um jovem, na época em que Deus revelou o seu plano, deixando o rapaz ciente da missão de sua vida: transmitir uma difícil mensagem de Deus. A princípio, Jeremias sentiu intensa ansiedade e temor, diante da impressionante ideia e responsabilidade de transmitir a palavra de Deus aos líderes de Judá (v. 7). Deus respondeu às preocupações de Jeremias, prometendo estar com ele e capacitá-lo para o seu propósito, que fora ordenado pelo próprio Deus. O Senhor assegura a Jeremias que a sua mensagem profética seria inspirada por Deus. A mensagem viria diretamente do Senhor, e o que Jeremias falasse seria exatamente o que Deus desejava que ele falasse. Literalmente, as palavras de Jeremias seriam as palavras de Deus (cf. Rm 10.8). Plenamente convencido disto, Jeremias nunca fez concessões, nunca recuou nem tentou modificar o significado da mensagem de Deus para o povo.” (Extraído da Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p. 909.)
III- A MENSAGEM DE JEREMIAS E OS SEUS EFEITOS
1- A resposta do povo. Toda mensagem divina é um chamado e requer uma resposta dos que a ouvem. Diante da mensagem de Jeremias, o povo foi indiferente e maldoso, vindo, inclusive, a persegui-lo. Ao convidar o povo a andar nos caminhos do Senhor e a ouvir as suas palavras, a resposta foi: Não andaremos e não escutaremos (6.16,17). O povo ainda maquinou o mal contra o mensageiro, conforme Jeremias 18.18: “[…] vinde, e maquinemos projetos contra Jeremias […]; vinde, e firamo-lo com a língua e não escutemos nenhuma das suas palavras. Esta é uma pequena amostra do tratamento que deram a Jeremias e à sua mensagem. Esse comportamento do povo levou o profeta a um profundo sofrimento (20.7).
2- O sofrimento de Jeremias. A humanidade e as limitações de Jeremias podem ser observadas em seu sofrimento ao longo de sua trajetória. O sofrimento do profeta se manifestou, externamente, na perseguição de seus inimigos (Jr 20.1-3) e nas dúvidas provocadas pela injustiça e a maldade humana. Jeremias teve de lidar com a solidão, a dor permanente e com dúvidas profundas. Contudo, ele sempre clamou por amparo e contou com a direção e o cuidado constantes de Deus (15.15-21). O sofrimento é parte inevitável da vida de um crente fiel e tem um papel pedagógico, contribuindo com uma vida cristã mais madura (Rm 5.3), repleta da esperança eterna (2 Co 4.16-18). Timóteo foi convidado a sofrer com o apóstolo Paulo na condição de bom soldado de Cristo (2 Tm 2.3). A adversidade permite o amadurecimento da fé em Deus e consolida as bases do ministério cristão.
3- O cumprimento das profecias de Jeremias. Jeremias chorou pela condição espiritual do povo de seus dias (Jr 9.1), antecipando cerca de 600 anos o que Jesus faria em seu ministério terreno (Lc 19.41). Ele falou a respeito da tristeza de Deus pela condição espiritual de seu povo, sobre a iminente destruição de Jerusalém e chamou o povo ao arrependimento. Pregar o arrependimento era a principal missão do ministério de Jeremias (Jr 18.7-11). Parte das profecias dele se cumpriram e parte delas ainda se cumprirão (Jr 33.14-18). O desejo do profeta, de que o povo se convertesse a Deus, será cumprido (Jr 32.38-41).
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Jeremias: mensagem e efeitos
Síntese rápida
Jeremias pregou uma mensagem dura e amorosa: chamamento ao arrependimento, denúncia da idolatria e injustiça, anúncio do juízo (histórico e teológico) e, ao mesmo tempo, promessa de restauração. Essa pregação produziu três efeitos principais: resistência e hostilidade populares (indiferença, maquinação contra o profeta), profundo sofrimento pessoal de Jeremias (material, emocional, espiritual) e o subsequente cumprimento parcial e pleno (histórico e escatológico) das suas profecias. Esses efeitos mostram a tensão permanente entre a fidelidade profética e a recusa humana, bem como a fidelidade final de Deus.
1) A resposta do povo — recusa, hostilidade e perseguição
Exegese
Textos como Jr 6.16–17 e Jr 18.18 documentam uma reação clara: o povo (e as suas lideranças) recusam voltar ao Senhor, desprezam a palavra e congeminam traiças contra Jeremias. O profeta é acusado, ridicularizado, perseguido e silenciado — a reação não é apenas teológica, mas também política e social. O “não andaremos / não escutaremos” expressa uma decisão coletiva contra a voz de Deus.
Análise lexical (hebraico)
- מֶרֶד (mered) — campo semântico: rebelião/revolta (a atitude do povo frente à voz do Senhor).
- רָדַף (radaph) — “perseguir” / “persecução” — verbo usado amplamente no AT para descrever perseguidores; resume a ação social contra o profeta.
- בָּעַר / שָׂרַף (baʿar / sârāp) — imagens de queima/consumação usadas em denúncias (contextual), lembrando que a recusa gera consequências severas.
Implicação teológica
A reação humana aponta a gravidade do pecado: há uma cegueira deliberada que rejeita a própria vida dada por Deus. O profeta é então marginalizado porque a mensagem desafia presunções de poder, interesse e idolatria.
Aplicação prática
- Pastoral: preparar comunidades para receber palavras difíceis e distinguir entre crítica construtiva e rejeição cerrada.
- Igreja: desenvolver espaços para ouvir vozes proféticas e mecanismos de proteção para quem fala a verdade.
- Pessoal: perguntar honestamente — quando a Palavra confronta, qual é minha reação? Resistência defensiva ou humildade?
2) O sofrimento de Jeremias — humano, pedagógico e transformador
Exegese
Jeremias é o “profeta chorão”: o livro registra sua dor (Jr 20.7–18; 9.1; 12.1–4). O sofrimento assume múltiplas formas: perseguições (Jr 20:1–3), rejeição popular, isolamento, ameaças de morte e prisões. O texto também registra as lutas interiores do profeta — perguntas, amargura, dúvidas — mas sempre com retorno à confiança em Deus (Jr 15.15–21).
Análise lexical (hebraico) e paralelos gregos (NT)
- בָּכָה (bakah) — “chorar, lamentar” (Jer 9:1 é exemplar: o profeta chora pela condição de Israel).
- צָרָה (tsarah) / עָנָה (anah) — termos ligados a angústia e opressão.
- No NT (paralelos teológicos): θλῖψις (thlipsis) — tribulação/aflição; ὑπομονή (hypomonē) — perseverança (Rm 5:3; 2Co 4:16-18 usam essa linguagem para transformar sofrimento em formação).
Implicação teológica
O sofrimento do profeta não é mero masoquismo; é elemento pedagógico: pela provação, a fé é provada e purificada (Rm 5.3); o profeta modela a fidelidade que a comunidade deveria ter. Jeremias também revela que a intimidade com Deus não isenta do sofrimento, mas dá sentido e resistência.
Aplicação prática
- Perspectiva pastoral: acolher e cuidar dos que sofrem por fidelidade — não romantizar o sofrimento, mas oferecer sustentação (oração, hospitalidade, cuidados).
- Discipulado: ensinar que sofrer por fidelidade é parte da caminhada (2 Tm 2:3), e que a fé madura se forma em combate.
- Ferramentas práticas: grupos de apoio, aconselhamento, retiros de lamentação e práticas litúrgicas de confissão e consolo.
3) Cumprimento das profecias — parcial, histórico e escatológico
Exegese
Muitas profecias jeremianas receberam cumprimento imediato/histórico (a queda de Jerusalém em 587/6 a.C., exílio, vitupérios políticos), enquanto outras antecipam restauração futura e manifestação última do concerto de Deus (cf. Jr 33.14–18; 32.36–44). Jeremias combina anúncio de juízo com promessa de novo coração (Jr 31.31–34) — o “duplo” aspecto do ministério profético.
Análise lexical (hebraico)
- שָׁלֵם / קִיּוּם (shālem / kiyyūm) — no campo semântico do cumprimento/realização; Jeremias fala de “acontecer” das palavras de Deus — a fidelidade divina garante que a palavra se cumpra (כִּי-יֵאָמֵר וְיֵהָיֶה etc.).
- בְּרִית חֲדָשָׁה (berît ḥadashâ) — “novo concerto” (Jr 31) — termo-chave para a promessa de revestimento interior e renovação da relação com Deus.
Implicação teológica
A profecia não é mero prognóstico; é ação performativa da palavra divina que, quando não aceita, produz consequências históricas, e quando aceita, dá lugar à restauração. O cumprimento parcial reforça a necessidade de escatologia: há já-mas-ainda (already-not-yet) em Jeremias — juízo e promessa coexistem.
Aplicação prática
- Pregação: combinar urgência do arrependimento com a consolação da promessa; não reduzir a profecia a sensacionalismo.
- Missão: anunciar responsabilidade ética e também esperança transformadora — trabalhar para justiça social como antecipação do novo concerto.
- Esperança pastoral: sustentar comunidades em crise com a promessa de Deus (Jr 32; 33) — memória da fidelidade passada garante esperança futura.
Aplicações práticas e perguntas para reflexão (breve lista)
- Quando a pregação confronta, qual é minha reação? Rejeição, ódio, silêncio ou arrependimento?
- Como a igreja pode proteger e cuidar de mensageiros que sofrem por falar a verdade? Que redes de apoio nós temos?
- De que maneiras a nossa comunidade está sendo “seduzida por cisternas rotas” (ídolos modernos)?
- Onde podemos praticar hoje o “arrancar/derrubar” de estruturas injustas e ao mesmo tempo “edificar/plantar” alternativas justas?
- Como incorporar práticas de lamento (liturgia, confissão pública) que ajudam a saúde espiritual da comunidade?
Tabela expositiva — resumo prático (use em slides / folheto)
Tema
Texto-chave
Palavra (heb/grec.)
Significado teológico
Aplicação prática
Resposta do povo
Jr 6.16–17; 18.18
מרד (mered) = rebelião ; רדף (radaph) = perseguir
Rejeição deliberada da Palavra; perseguição do mensageiro
Criar canais para ouvir correção; proteger profetas/denunciadores
Sofrimento do profeta
Jr 20; 9.1
בכה (bakah) = chorar ; NT: θλῖψις (thlipsis) = tribulação
Sofrimento como consequência da fidelidade; pedagógico para a fé
Acolhimento pastoral, grupos de suporte, práticas de lamentação
Cumprimento profético
Jr 25; 32; 33
ברית חדשה (berîth ḥadashâ) = novo concerto; קיום (kiyyūm) = cumprimento
Profecia: juízo histórico + promessa escatológica
Pregação equilibrada: aviso + esperança; ação social e missionária
Missão dupla
Jr 1.10
verb series: arrancar/derrubar/ destruir // edificar/plantar
Profecia é corretiva e construtiva
Ação profética atual: denunciar injustiça e construir alternativas reais
Pastoral
vários
נחמה / παράκλησις (nechamah / paraklēsis)
Deus consola; missão de consolar também recai sobre a igreja
Ministérios de cuidado que substituam ostracismo por consolação
Conclusão
A mensagem de Jeremias produz efeitos dolorosos — rejeição, perseguição, solidão —, mas revela a fidelidade soberana de Deus: a palavra de advertência é justa e a promessa de restauração é real. O ministério profético exige coragem e cuidado: denunciar o pecado sem desesperar do pecador; sofrer sem abandonar a esperança; e trabalhar para a reconstrução enquanto se denuncia a corrupção. Para a igreja contemporânea a lição é dupla: aceitar a crítica que corrige e praticar a compaixão que sustenta.
Jeremias: mensagem e efeitos
Síntese rápida
Jeremias pregou uma mensagem dura e amorosa: chamamento ao arrependimento, denúncia da idolatria e injustiça, anúncio do juízo (histórico e teológico) e, ao mesmo tempo, promessa de restauração. Essa pregação produziu três efeitos principais: resistência e hostilidade populares (indiferença, maquinação contra o profeta), profundo sofrimento pessoal de Jeremias (material, emocional, espiritual) e o subsequente cumprimento parcial e pleno (histórico e escatológico) das suas profecias. Esses efeitos mostram a tensão permanente entre a fidelidade profética e a recusa humana, bem como a fidelidade final de Deus.
1) A resposta do povo — recusa, hostilidade e perseguição
Exegese
Textos como Jr 6.16–17 e Jr 18.18 documentam uma reação clara: o povo (e as suas lideranças) recusam voltar ao Senhor, desprezam a palavra e congeminam traiças contra Jeremias. O profeta é acusado, ridicularizado, perseguido e silenciado — a reação não é apenas teológica, mas também política e social. O “não andaremos / não escutaremos” expressa uma decisão coletiva contra a voz de Deus.
Análise lexical (hebraico)
- מֶרֶד (mered) — campo semântico: rebelião/revolta (a atitude do povo frente à voz do Senhor).
- רָדַף (radaph) — “perseguir” / “persecução” — verbo usado amplamente no AT para descrever perseguidores; resume a ação social contra o profeta.
- בָּעַר / שָׂרַף (baʿar / sârāp) — imagens de queima/consumação usadas em denúncias (contextual), lembrando que a recusa gera consequências severas.
Implicação teológica
A reação humana aponta a gravidade do pecado: há uma cegueira deliberada que rejeita a própria vida dada por Deus. O profeta é então marginalizado porque a mensagem desafia presunções de poder, interesse e idolatria.
Aplicação prática
- Pastoral: preparar comunidades para receber palavras difíceis e distinguir entre crítica construtiva e rejeição cerrada.
- Igreja: desenvolver espaços para ouvir vozes proféticas e mecanismos de proteção para quem fala a verdade.
- Pessoal: perguntar honestamente — quando a Palavra confronta, qual é minha reação? Resistência defensiva ou humildade?
2) O sofrimento de Jeremias — humano, pedagógico e transformador
Exegese
Jeremias é o “profeta chorão”: o livro registra sua dor (Jr 20.7–18; 9.1; 12.1–4). O sofrimento assume múltiplas formas: perseguições (Jr 20:1–3), rejeição popular, isolamento, ameaças de morte e prisões. O texto também registra as lutas interiores do profeta — perguntas, amargura, dúvidas — mas sempre com retorno à confiança em Deus (Jr 15.15–21).
Análise lexical (hebraico) e paralelos gregos (NT)
- בָּכָה (bakah) — “chorar, lamentar” (Jer 9:1 é exemplar: o profeta chora pela condição de Israel).
- צָרָה (tsarah) / עָנָה (anah) — termos ligados a angústia e opressão.
- No NT (paralelos teológicos): θλῖψις (thlipsis) — tribulação/aflição; ὑπομονή (hypomonē) — perseverança (Rm 5:3; 2Co 4:16-18 usam essa linguagem para transformar sofrimento em formação).
Implicação teológica
O sofrimento do profeta não é mero masoquismo; é elemento pedagógico: pela provação, a fé é provada e purificada (Rm 5.3); o profeta modela a fidelidade que a comunidade deveria ter. Jeremias também revela que a intimidade com Deus não isenta do sofrimento, mas dá sentido e resistência.
Aplicação prática
- Perspectiva pastoral: acolher e cuidar dos que sofrem por fidelidade — não romantizar o sofrimento, mas oferecer sustentação (oração, hospitalidade, cuidados).
- Discipulado: ensinar que sofrer por fidelidade é parte da caminhada (2 Tm 2:3), e que a fé madura se forma em combate.
- Ferramentas práticas: grupos de apoio, aconselhamento, retiros de lamentação e práticas litúrgicas de confissão e consolo.
3) Cumprimento das profecias — parcial, histórico e escatológico
Exegese
Muitas profecias jeremianas receberam cumprimento imediato/histórico (a queda de Jerusalém em 587/6 a.C., exílio, vitupérios políticos), enquanto outras antecipam restauração futura e manifestação última do concerto de Deus (cf. Jr 33.14–18; 32.36–44). Jeremias combina anúncio de juízo com promessa de novo coração (Jr 31.31–34) — o “duplo” aspecto do ministério profético.
Análise lexical (hebraico)
- שָׁלֵם / קִיּוּם (shālem / kiyyūm) — no campo semântico do cumprimento/realização; Jeremias fala de “acontecer” das palavras de Deus — a fidelidade divina garante que a palavra se cumpra (כִּי-יֵאָמֵר וְיֵהָיֶה etc.).
- בְּרִית חֲדָשָׁה (berît ḥadashâ) — “novo concerto” (Jr 31) — termo-chave para a promessa de revestimento interior e renovação da relação com Deus.
Implicação teológica
A profecia não é mero prognóstico; é ação performativa da palavra divina que, quando não aceita, produz consequências históricas, e quando aceita, dá lugar à restauração. O cumprimento parcial reforça a necessidade de escatologia: há já-mas-ainda (already-not-yet) em Jeremias — juízo e promessa coexistem.
Aplicação prática
- Pregação: combinar urgência do arrependimento com a consolação da promessa; não reduzir a profecia a sensacionalismo.
- Missão: anunciar responsabilidade ética e também esperança transformadora — trabalhar para justiça social como antecipação do novo concerto.
- Esperança pastoral: sustentar comunidades em crise com a promessa de Deus (Jr 32; 33) — memória da fidelidade passada garante esperança futura.
Aplicações práticas e perguntas para reflexão (breve lista)
- Quando a pregação confronta, qual é minha reação? Rejeição, ódio, silêncio ou arrependimento?
- Como a igreja pode proteger e cuidar de mensageiros que sofrem por falar a verdade? Que redes de apoio nós temos?
- De que maneiras a nossa comunidade está sendo “seduzida por cisternas rotas” (ídolos modernos)?
- Onde podemos praticar hoje o “arrancar/derrubar” de estruturas injustas e ao mesmo tempo “edificar/plantar” alternativas justas?
- Como incorporar práticas de lamento (liturgia, confissão pública) que ajudam a saúde espiritual da comunidade?
Tabela expositiva — resumo prático (use em slides / folheto)
Tema | Texto-chave | Palavra (heb/grec.) | Significado teológico | Aplicação prática |
Resposta do povo | Jr 6.16–17; 18.18 | מרד (mered) = rebelião ; רדף (radaph) = perseguir | Rejeição deliberada da Palavra; perseguição do mensageiro | Criar canais para ouvir correção; proteger profetas/denunciadores |
Sofrimento do profeta | Jr 20; 9.1 | בכה (bakah) = chorar ; NT: θλῖψις (thlipsis) = tribulação | Sofrimento como consequência da fidelidade; pedagógico para a fé | Acolhimento pastoral, grupos de suporte, práticas de lamentação |
Cumprimento profético | Jr 25; 32; 33 | ברית חדשה (berîth ḥadashâ) = novo concerto; קיום (kiyyūm) = cumprimento | Profecia: juízo histórico + promessa escatológica | Pregação equilibrada: aviso + esperança; ação social e missionária |
Missão dupla | Jr 1.10 | verb series: arrancar/derrubar/ destruir // edificar/plantar | Profecia é corretiva e construtiva | Ação profética atual: denunciar injustiça e construir alternativas reais |
Pastoral | vários | נחמה / παράκλησις (nechamah / paraklēsis) | Deus consola; missão de consolar também recai sobre a igreja | Ministérios de cuidado que substituam ostracismo por consolação |
Conclusão
A mensagem de Jeremias produz efeitos dolorosos — rejeição, perseguição, solidão —, mas revela a fidelidade soberana de Deus: a palavra de advertência é justa e a promessa de restauração é real. O ministério profético exige coragem e cuidado: denunciar o pecado sem desesperar do pecador; sofrer sem abandonar a esperança; e trabalhar para a reconstrução enquanto se denuncia a corrupção. Para a igreja contemporânea a lição é dupla: aceitar a crítica que corrige e praticar a compaixão que sustenta.
PENSE! Como Deus via e vê o pecado do seu povo?
PONTO IMPORTANTE! Deus é amoroso, mas Ele é santo e vê o pecado como uma agressão a sua santidade e pureza. O peса-do necessita de punição e Deus puniu o seu povo com o cativeiro babilônico.
SUBSÍDIO 3
“A mensagem de Jeremias continha elementos de advertência (sobre juízo) e esperança (para restauração). No entanto, por causa do seu lugar na história de Judá, a mensagem de Jeremias se concentrou principalmente em juízo e condenação. A nação corrupta de Israel tinha que ser destruída antes que Deus pudesse construí-la e restaurá-la à sua glória anterior e ao seu lugar, no plano de Deus. O reino do norte, Israel, já havia caído (diante dos assírios, em 722 a.C.) como resultado de sua constante rebelião e do juízo de Deus. Agora Judá, o reino do sul, seguia rumo a um desastre similar. Na antiga nação de Israel, a amendoeira era a primeira árvore a florescer na primavera. Esta visão indicava duas coisas: (1) A palavra de Deus, proferida por intermédio de Jeremias, seria cumprida rapidamente, e (2) o povo iria reconhecer que Deus estava vivo, ativo e conduzindo o curso da história para cumprir os seus propósitos (compare com a referência à vara de Arão, que produziu amêndoas, Nm 17.1-10).” (Extraído da Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023. p. 909.)
CONCLUSÃO
Aprendemos a respeito do chamado divino e da mensagem de Jeremias. A vida e o ministério deste profeta evidenciam a soberania de Deus quanto à origem e ao propósito da vida. Esta lição reafirma ainda o compromisso de Deus com a sua Palavra e com os que Ele chama para a sua obra.
HORA DA REVISÃO
1- O que o exercício ministerial exigiu de Jeremias? O exercício ministerial exigiu de Jeremias uma atitude intencional de auto anulação.
2- O que a vida e o ministério de Jeremias evidenciam? A vida e o ministério de Jeremias evidenciam a soberania de Deus em suas escolhas e na execução de seu propósito na vida de alguém, conforme Ele mesmo disse: “E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo, diz o Senhor, para te livrar” (1.19).
3- Como eram os dias em que o profeta Jeremias desempenhou o seu ministério? Ele desempenhou seu ministério durante um dos períodos mais sombrios da história de Judá
4- Historicamente, quando surgiam os profetas? Os profetas surgiram em épocas de apostasia em que o povo se afasta de Deus. Eles eram usados pelo Senhor para advertência, renovação da esperança e de chamado ao arrependimento, com vistas a evitar o juízo divino.
5- Quem era o destinatário da mensagem de Jeremias? Jeremias foi enviado ao povo de Judá, Reino do Sul, cuja capital era Jerusalém, embora, há momentos em que ele é visto se dirigindo ao Reino do Norte, Israel, com a capital em Samaria.
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