TEXTO ÁUREO “Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a minha petição, que eu lhe tinha pedido”, 1 Samuel 1.27 VERDADE APLICADA Na j...
“Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a minha petição, que eu lhe tinha pedido”, 1 Samuel 1.27
VERDADE APLICADA
Na jornada cristã, em todo o tempo, devemos expressar um viver marcado por humildade, oração, perseverança, fidelidade e gratidão ao Senhor.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
🕊️ TEXTO ÁUREO
“Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a minha petição, que eu lhe tinha pedido.”
📖 1 Samuel 1.27
📖 COMENTÁRIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
Este versículo é a expressão de gratidão e fé de Ana, mãe do profeta Samuel, e reflete uma das mais sublimes experiências de oração respondida na Escritura. Ana passou por humilhação, esterilidade e provação, mas não desistiu de buscar o Senhor. Sua história mostra o poder da oração perseverante, a fidelidade de Deus às promessas e o fruto da fé que descansa na soberania divina.
🔹 1. Análise do Texto Hebraico
🪶 “Por este menino orava eu”
Hebraico: עַל־הַנַּעַר הַזֶּה הִתְפַּלָּלְתִּי (‘al-hanna‘ar hazzeh hitpallalti)
- הִתְפַּלָּלְתִּי (hitpallalti) vem da raiz פָּלַל (palal), “interceder, suplicar, mediar”.
👉 Implica oração profunda e perseverante, com envolvimento emocional e espiritual.
Ana não apenas fez um pedido, mas lutou espiritualmente diante de Deus, confiando em Sua graça.
🪶 “E o Senhor me concedeu”
Hebraico: וַיִּתֶּן יְהוָה לִי (vayitten YHWH li)
- O verbo נָתַן (natan) – “dar, conceder, entregar” – denota ato voluntário e gracioso de Deus, indicando que o dom vem da misericórdia divina, não do mérito humano.
🪶 “A minha petição”
Hebraico: אֶת־שְׁאֵלָתִי (et-she’elati)
- Da raiz שָׁאַל (sha’al), “pedir, rogar, implorar”.
- Curiosamente, o nome Samuel (שְׁמוּאֵל – Shemu’el) vem dessa mesma raiz, significando “pedido a Deus” ou “ouvido por Deus”.
👉 Cada vez que Ana chamava o nome de seu filho, ela lembrava da fidelidade divina em ouvir sua oração.
🔹 2. Contexto Bíblico e Teológico
O nascimento de Samuel ocorre num tempo de crise espiritual em Israel — o período dos juízes, marcado por anarquia moral e ausência de direção espiritual (Jz 21.25).
Deus levanta Samuel como profeta, juiz e intercessor, e o instrumento de transição entre os juízes e a monarquia.
Ana, por sua fé e entrega, torna-se modelo de maternidade espiritual e devoção, pois:
- Orou com lágrimas (1Sm 1.10),
- Fez voto sincero (1Sm 1.11),
- Cumpriu fielmente o que prometeu (1Sm 1.24-28).
Assim, sua história é um testemunho da fidelidade de Deus e da importância da oração perseverante.
🔹 3. Conexões Teológicas
- Oração e soberania – Ana orou, mas reconheceu que somente o Senhor poderia agir (1Sm 2.1-10).
- Fidelidade e gratidão – Sua resposta não foi egoísta, mas devocional: “Pelo que também ao Senhor o entreguei.” (1Sm 1.28)
- Tipologia espiritual – Samuel, fruto da oração e da entrega, simboliza o serviço consagrado a Deus, assim como a Igreja, nascida da oração e entregue ao ministério do Senhor (Ef 5.25-27).
💎 VERDADE APLICADA
“Na jornada cristã, em todo o tempo, devemos expressar um viver marcado por humildade, oração, perseverança, fidelidade e gratidão ao Senhor.”
A história de Ana revela o modelo de fé madura que o crente deve viver:
- Humildade: Ana reconhece sua incapacidade e se humilha diante de Deus (1Sm 1.15).
- Oração: Ela insiste e ora com sinceridade e quebrantamento.
- Perseverança: Mesmo provocada por Penina, Ana não desiste (1Sm 1.6-7).
- Fidelidade: Cumpre seu voto, entregando Samuel ao Senhor.
- Gratidão: Canta ao Senhor com louvor e adoração (1Sm 2.1-10).
🔹 Aplicação Pessoal
- A história de Ana ensina que as orações feitas com fé e lágrimas nunca são esquecidas por Deus.
- Devemos orar com confiança, sabendo que Deus responde no tempo certo e de modo perfeito.
- Como Ana, precisamos transformar nossa dor em adoração, e nossos pedidos em testemunhos vivos da fidelidade divina.
- Cada bênção recebida deve nos levar à gratidão e à entrega, e não ao orgulho ou esquecimento de Deus.
📊 TABELA EXPOSITIVA – “A ORAÇÃO DE ANA E SUA CONSCIÊNCIA PURA DIANTE DE DEUS”
Aspecto
Termo Hebraico / Grego
Significado
Aplicação Espiritual
Referência
Oração
Palal (הִתְפַּלָּלְתִּי)
Interceder, rogar profundamente
Orar com fé e perseverança, não desistindo
1Sm 1.10-12
Pedido
Sha’al (שָׁאַל)
Pedir com intensidade e fé
Pedir conforme a vontade de Deus, confiando no Seu tempo
1Sm 1.27
Concessão divina
Natan (נָתַן)
Conceder graciosamente
Reconhecer que toda bênção vem do Senhor
1Sm 1.27
Gratidão
Todah (תּוֹדָה)
Louvor, ação de graças
Agradecer a Deus com coração sincero e adorador
1Sm 2.1-2
Fidelidade
’Emunah (אֱמוּנָה)
Firmeza, lealdade
Cumprir os votos e permanecer fiel ao Senhor
1Sm 1.28
✝️ Conclusão
A oração de Ana é o retrato de uma consciência pura e coração rendido ao Senhor.
Ela nos ensina que:
- Deus ouve orações sinceras, mesmo nas lágrimas;
- A fé perseverante supera a vergonha e a esterilidade espiritual;
- A gratidão transforma bênçãos em louvor e serviço.
Ana não apenas pediu um filho — ela entregou o fruto de sua oração a Deus, tornando Samuel um marco na história de Israel. Assim também, todo cristão deve entregar ao Senhor aquilo que recebeu d’Ele, para glória de Seu nome.
🕊️ TEXTO ÁUREO
“Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a minha petição, que eu lhe tinha pedido.”
📖 1 Samuel 1.27
📖 COMENTÁRIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
Este versículo é a expressão de gratidão e fé de Ana, mãe do profeta Samuel, e reflete uma das mais sublimes experiências de oração respondida na Escritura. Ana passou por humilhação, esterilidade e provação, mas não desistiu de buscar o Senhor. Sua história mostra o poder da oração perseverante, a fidelidade de Deus às promessas e o fruto da fé que descansa na soberania divina.
🔹 1. Análise do Texto Hebraico
🪶 “Por este menino orava eu”
Hebraico: עַל־הַנַּעַר הַזֶּה הִתְפַּלָּלְתִּי (‘al-hanna‘ar hazzeh hitpallalti)
- הִתְפַּלָּלְתִּי (hitpallalti) vem da raiz פָּלַל (palal), “interceder, suplicar, mediar”.
👉 Implica oração profunda e perseverante, com envolvimento emocional e espiritual.
Ana não apenas fez um pedido, mas lutou espiritualmente diante de Deus, confiando em Sua graça.
🪶 “E o Senhor me concedeu”
Hebraico: וַיִּתֶּן יְהוָה לִי (vayitten YHWH li)
- O verbo נָתַן (natan) – “dar, conceder, entregar” – denota ato voluntário e gracioso de Deus, indicando que o dom vem da misericórdia divina, não do mérito humano.
🪶 “A minha petição”
Hebraico: אֶת־שְׁאֵלָתִי (et-she’elati)
- Da raiz שָׁאַל (sha’al), “pedir, rogar, implorar”.
- Curiosamente, o nome Samuel (שְׁמוּאֵל – Shemu’el) vem dessa mesma raiz, significando “pedido a Deus” ou “ouvido por Deus”.
👉 Cada vez que Ana chamava o nome de seu filho, ela lembrava da fidelidade divina em ouvir sua oração.
🔹 2. Contexto Bíblico e Teológico
O nascimento de Samuel ocorre num tempo de crise espiritual em Israel — o período dos juízes, marcado por anarquia moral e ausência de direção espiritual (Jz 21.25).
Deus levanta Samuel como profeta, juiz e intercessor, e o instrumento de transição entre os juízes e a monarquia.
Ana, por sua fé e entrega, torna-se modelo de maternidade espiritual e devoção, pois:
- Orou com lágrimas (1Sm 1.10),
- Fez voto sincero (1Sm 1.11),
- Cumpriu fielmente o que prometeu (1Sm 1.24-28).
Assim, sua história é um testemunho da fidelidade de Deus e da importância da oração perseverante.
🔹 3. Conexões Teológicas
- Oração e soberania – Ana orou, mas reconheceu que somente o Senhor poderia agir (1Sm 2.1-10).
- Fidelidade e gratidão – Sua resposta não foi egoísta, mas devocional: “Pelo que também ao Senhor o entreguei.” (1Sm 1.28)
- Tipologia espiritual – Samuel, fruto da oração e da entrega, simboliza o serviço consagrado a Deus, assim como a Igreja, nascida da oração e entregue ao ministério do Senhor (Ef 5.25-27).
💎 VERDADE APLICADA
“Na jornada cristã, em todo o tempo, devemos expressar um viver marcado por humildade, oração, perseverança, fidelidade e gratidão ao Senhor.”
A história de Ana revela o modelo de fé madura que o crente deve viver:
- Humildade: Ana reconhece sua incapacidade e se humilha diante de Deus (1Sm 1.15).
- Oração: Ela insiste e ora com sinceridade e quebrantamento.
- Perseverança: Mesmo provocada por Penina, Ana não desiste (1Sm 1.6-7).
- Fidelidade: Cumpre seu voto, entregando Samuel ao Senhor.
- Gratidão: Canta ao Senhor com louvor e adoração (1Sm 2.1-10).
🔹 Aplicação Pessoal
- A história de Ana ensina que as orações feitas com fé e lágrimas nunca são esquecidas por Deus.
- Devemos orar com confiança, sabendo que Deus responde no tempo certo e de modo perfeito.
- Como Ana, precisamos transformar nossa dor em adoração, e nossos pedidos em testemunhos vivos da fidelidade divina.
- Cada bênção recebida deve nos levar à gratidão e à entrega, e não ao orgulho ou esquecimento de Deus.
📊 TABELA EXPOSITIVA – “A ORAÇÃO DE ANA E SUA CONSCIÊNCIA PURA DIANTE DE DEUS”
Aspecto | Termo Hebraico / Grego | Significado | Aplicação Espiritual | Referência |
Oração | Palal (הִתְפַּלָּלְתִּי) | Interceder, rogar profundamente | Orar com fé e perseverança, não desistindo | 1Sm 1.10-12 |
Pedido | Sha’al (שָׁאַל) | Pedir com intensidade e fé | Pedir conforme a vontade de Deus, confiando no Seu tempo | 1Sm 1.27 |
Concessão divina | Natan (נָתַן) | Conceder graciosamente | Reconhecer que toda bênção vem do Senhor | 1Sm 1.27 |
Gratidão | Todah (תּוֹדָה) | Louvor, ação de graças | Agradecer a Deus com coração sincero e adorador | 1Sm 2.1-2 |
Fidelidade | ’Emunah (אֱמוּנָה) | Firmeza, lealdade | Cumprir os votos e permanecer fiel ao Senhor | 1Sm 1.28 |
✝️ Conclusão
A oração de Ana é o retrato de uma consciência pura e coração rendido ao Senhor.
Ela nos ensina que:
- Deus ouve orações sinceras, mesmo nas lágrimas;
- A fé perseverante supera a vergonha e a esterilidade espiritual;
- A gratidão transforma bênçãos em louvor e serviço.
Ana não apenas pediu um filho — ela entregou o fruto de sua oração a Deus, tornando Samuel um marco na história de Israel. Assim também, todo cristão deve entregar ao Senhor aquilo que recebeu d’Ele, para glória de Seu nome.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
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TEXTOS DE REFERÊNCIA
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Leitura-chave
1 Samuel 1:10–11, 20–22 (BT):
10 — “Ela, pois, com amargura de alma, orou ao Senhor e chorou abundantemente.”
11 — “E votou um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.”
20 — “E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e teve um filho, e chamou o seu nome Samuel, porque, dizia ela, o tenho pedido ao Senhor.”
21 — “E subiu aquele homem Elcana, com toda a sua casa, a sacrificar ao Senhor o sacrifício anual e a cumprir o seu voto.”
22 — “Porém Ana não subiu, mas disse a seu marido: Quando o menino for desmamado, então o levarei, para que apareça perante o Senhor e lá fique para sempre.”
1 — Contexto e mensagem teológica geral
A cena de 1 Samuel 1 é central para entender oração perseverante, voto e consagração. Ana é a figura de fé que transforma angústia estéril em súplica ardente; Deus responde (nascimento de Samuel) e a resposta gera adoração e consagração (Ana cumpre o voto, entrega o menino ao Senhor). Teologicamente, o episódio enfatiza:
- A poderosa eficácia da oração sincera (oração que advém de angústia, não de formalismo).
- A soberania e graça de Deus: Deus concede conforme seu propósito e tempo.
- A ética do voto: Ana faz um voto público e o cumpre (honra e fidelidade).
- A vocação de Samuel: fruto da oração, Samuel é dedicado ao serviço divino (começa a transição em Israel: juízes → profetas → reis).
2 — Análise lexical (hebraica) — palavras e raízes importantes
Vou abordar termos-chave e suas cargas semânticas, identificando quando há alguma incerteza ou debate entre comentaristas.
- “Orou / intercedeu” — פָּלַל / הִתְפַּלֵּל (palal / hitpallel)
- Raiz פ־ל־ל (P-L-L) em hebraico é usada para “interceder”, “interpor-se” (verbo intensivo com prefixo reflexivo em hitpallel). Indica oração intensa, muitas vezes com sentido de juízo/mediador (como em 1Sm 12:23 sobre Samuel). Aqui aponta para uma oração fervorosa, carregada de sentimento.
- “Amargura de alma” / “chorou abundantemente”
- Termos hebraicos traduzidos por “amargura” e “chorar” enfatizam dor profunda, humilhação e quebrantamento — não mera tristeza social. O quadro lexical sugere quebrantamento interior que move a pessoa a buscar a Deus.
- “Voto” — נֶדֶר / נָדַר (neder / nadar)
- Raiz נ־ד־ר (N-D-R) = “fazer um voto”. É juridicamente sério no AT: o voto vincula moralmente quem o profere. Ana faz um compromisso solene: se Deus der um filho, ela o dedicará ao Senhor.
- “Senhor dos Exércitos” — יְהוָה צְבָאוֹת (YHWH Sabaoth)
- Título que expressa poder soberano. Ana invoca a autoridade e a compaixão do Deus guerreiro que governa e provê.
- “Deres um filho varão” — נָתַן (natan)
- נ-ת-ן (N-T-N) = “dar, conceder”. Enfase na graça de Deus ao conceder o pedido.
- “Chamou o seu nome Samuel” — שְׁמוּאֵל (Shemûʾēl / Shmuel)
- A etimologia do nome tem duas leituras correntes na tradição:
- Derivado de שָׁאֵל (shaʾal, “pedir”): “pedido a Deus / o que se pediu a Deus”.
- Derivado de שָׁמַע (shamaʿ, “ouvir”) + אֵל (El, ‘Deus’): “Deus ouviu”.
- Ambas realçam a ideia central do texto: pedido atendido por Deus. A tradição textual e teológica costuma aceitar a ideia geral: “nome que lembra o ouvir/atender divino”.
- “Não passará navalha sobre a sua cabeça”
- Expressão que lembra práticas de consagração (por exemplo, voto nazireu, Nm 6), indicando que a criança seria separada e dedicada ao serviço de Deus. Não necessariamente formaliza Samuel como nazireu no sentido técnico, mas marca consagração.
- “Desmamado” — גָּמַל (gamal / weaning)
- O ato de desmamar marca passagem para o cuidado dependente → menor independência: momento prático para entregar a criança ao serviço do templo.
3 — Observações exegéticas e teológicas detalhadas
- Oração em meio à dor — Ana não busca expedientes humanos (vingança, manipulação), mas derrama sua dor perante Deus com honestidade. O texto valoriza a transparência espiritual.
- Voto e responsabilidade ética — o voto de Ana é uma promessa moral que ela, depois, cumpre. Isso mostra que a fé responsável honra compromissos perante Deus — não é superstição, é consagração.
- Resposta de Deus e tempo divino — “passado algum tempo” (v.20) lembra que Deus pode responder em seu tempo; o crente deve perseverar na oração e na fé.
- Entrega do fruto da bênção — ao invés de reter Samuel, Ana o consagra ao Senhor. Isso demonstra prioridades espirituais: gratidão manifesta em entrega.
- Relação mãe-igreja-ministério — Samuel cresce no santuário sob a orientação de Eli, tornando-se líder. A narrativa liga vida devocional, formação espiritual e liderança religiosa.
- Dimensão comunitária — Elcana subiu “com toda a sua casa” a sacrificar: a crise de Ana se dá no contexto familiar; a restauração tem impacto comunitário e litúrgico.
4 — Aplicação pessoal e pastoral
- Oração honesta e persistente — quando a alma está ferida, dirija-se a Deus com verdade; lágrimas e súplicas são formas legítimas de oração. Não negligencie a oração em crise.
- Integridade no voto e promessas — se você fizer um voto ou compromisso espiritual, cumpra-o. A fé prática exige fidelidade.
- Gratidão que entrega — as bênçãos recebidas devem gerar entrega e serviço: não retenha bênçãos para egoísmo; ofereça-as de volta ao Senhor (ex.: tempo, filhos, talentos).
- Crescimento espiritual de gerações — assim como Samuel foi formado no tabernáculo, invista na educação espiritual de filhos e pupilos. A consagração do que recebemos gera serviço a Deus e transformação social.
- Pacência no tempo de Deus — nem sempre a resposta é imediata; persistência e fé são provas de maturidade espiritual.
5 — Tabela expositiva (para slide / folheto)
Verso
Palavra-chave (heb.)
Raiz / Nota lexical
Observação teológica
Aplicação prática
1Sm 1:10
Oração fervorosa — הִתְפַּלֵּל (hitpallel)
Raiz פ־ל־ל (interceder)
Oração intensa, intercessória — coração quebrantado
Ore com transparência; não esconda sua dor de Deus
1Sm 1:11
Voto — נֶדֶר / נָדַר (neder / nadar)
Raiz נ־ד־ר (votar)
Voto sério; compromisso moral diante de Deus
Honre promessas e consagrações feitas a Deus
1Sm 1:11
“Dar” — נָתַן (natan)
Raiz נ־ת־ן (conceder)
Graça divina em conceder o pedido
Reconheça a bênção como dom de Deus
1Sm 1:20
Nome: שְׁמוּאֵל (Shmuel/Shemuel)
Relacionado com שָׁאַל / שָׁמַע (pedir / ouvir)
Nome que lembra “pedido a Deus” / “Deus ouviu”
Lembre-se: bênção é resposta divina; viva em gratidão
1Sm 1:21–22
Consagração / não cortar navalha
Prática de separação (evoca nazireado)
Dedicação do menino ao serviço do Senhor
Entregue ao Senhor frutos de suas orações (tempo, filhos, dons)
6 — Conclusão (aplicada à Verdade)
O episódio de Ana é paradigma do cristão que vive em humildade, oração, perseverança, fidelidade e gratidão. Ana não apenas recebe o que pede — ela devolve o que recebe para a glória de Deus. Esse ciclo (dor → oração → resposta → consagração → serviço) mostra o caráter transformador da graça. Para o cristão hoje: ore com sinceridade, confie no tempo do Senhor, cumpra seus compromissos com Deus e agradeça servindo.
Leitura-chave
1 Samuel 1:10–11, 20–22 (BT):
10 — “Ela, pois, com amargura de alma, orou ao Senhor e chorou abundantemente.”
11 — “E votou um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.”
20 — “E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e teve um filho, e chamou o seu nome Samuel, porque, dizia ela, o tenho pedido ao Senhor.”
21 — “E subiu aquele homem Elcana, com toda a sua casa, a sacrificar ao Senhor o sacrifício anual e a cumprir o seu voto.”
22 — “Porém Ana não subiu, mas disse a seu marido: Quando o menino for desmamado, então o levarei, para que apareça perante o Senhor e lá fique para sempre.”
1 — Contexto e mensagem teológica geral
A cena de 1 Samuel 1 é central para entender oração perseverante, voto e consagração. Ana é a figura de fé que transforma angústia estéril em súplica ardente; Deus responde (nascimento de Samuel) e a resposta gera adoração e consagração (Ana cumpre o voto, entrega o menino ao Senhor). Teologicamente, o episódio enfatiza:
- A poderosa eficácia da oração sincera (oração que advém de angústia, não de formalismo).
- A soberania e graça de Deus: Deus concede conforme seu propósito e tempo.
- A ética do voto: Ana faz um voto público e o cumpre (honra e fidelidade).
- A vocação de Samuel: fruto da oração, Samuel é dedicado ao serviço divino (começa a transição em Israel: juízes → profetas → reis).
2 — Análise lexical (hebraica) — palavras e raízes importantes
Vou abordar termos-chave e suas cargas semânticas, identificando quando há alguma incerteza ou debate entre comentaristas.
- “Orou / intercedeu” — פָּלַל / הִתְפַּלֵּל (palal / hitpallel)
- Raiz פ־ל־ל (P-L-L) em hebraico é usada para “interceder”, “interpor-se” (verbo intensivo com prefixo reflexivo em hitpallel). Indica oração intensa, muitas vezes com sentido de juízo/mediador (como em 1Sm 12:23 sobre Samuel). Aqui aponta para uma oração fervorosa, carregada de sentimento.
- “Amargura de alma” / “chorou abundantemente”
- Termos hebraicos traduzidos por “amargura” e “chorar” enfatizam dor profunda, humilhação e quebrantamento — não mera tristeza social. O quadro lexical sugere quebrantamento interior que move a pessoa a buscar a Deus.
- “Voto” — נֶדֶר / נָדַר (neder / nadar)
- Raiz נ־ד־ר (N-D-R) = “fazer um voto”. É juridicamente sério no AT: o voto vincula moralmente quem o profere. Ana faz um compromisso solene: se Deus der um filho, ela o dedicará ao Senhor.
- “Senhor dos Exércitos” — יְהוָה צְבָאוֹת (YHWH Sabaoth)
- Título que expressa poder soberano. Ana invoca a autoridade e a compaixão do Deus guerreiro que governa e provê.
- “Deres um filho varão” — נָתַן (natan)
- נ-ת-ן (N-T-N) = “dar, conceder”. Enfase na graça de Deus ao conceder o pedido.
- “Chamou o seu nome Samuel” — שְׁמוּאֵל (Shemûʾēl / Shmuel)
- A etimologia do nome tem duas leituras correntes na tradição:
- Derivado de שָׁאֵל (shaʾal, “pedir”): “pedido a Deus / o que se pediu a Deus”.
- Derivado de שָׁמַע (shamaʿ, “ouvir”) + אֵל (El, ‘Deus’): “Deus ouviu”.
- Ambas realçam a ideia central do texto: pedido atendido por Deus. A tradição textual e teológica costuma aceitar a ideia geral: “nome que lembra o ouvir/atender divino”.
- “Não passará navalha sobre a sua cabeça”
- Expressão que lembra práticas de consagração (por exemplo, voto nazireu, Nm 6), indicando que a criança seria separada e dedicada ao serviço de Deus. Não necessariamente formaliza Samuel como nazireu no sentido técnico, mas marca consagração.
- “Desmamado” — גָּמַל (gamal / weaning)
- O ato de desmamar marca passagem para o cuidado dependente → menor independência: momento prático para entregar a criança ao serviço do templo.
3 — Observações exegéticas e teológicas detalhadas
- Oração em meio à dor — Ana não busca expedientes humanos (vingança, manipulação), mas derrama sua dor perante Deus com honestidade. O texto valoriza a transparência espiritual.
- Voto e responsabilidade ética — o voto de Ana é uma promessa moral que ela, depois, cumpre. Isso mostra que a fé responsável honra compromissos perante Deus — não é superstição, é consagração.
- Resposta de Deus e tempo divino — “passado algum tempo” (v.20) lembra que Deus pode responder em seu tempo; o crente deve perseverar na oração e na fé.
- Entrega do fruto da bênção — ao invés de reter Samuel, Ana o consagra ao Senhor. Isso demonstra prioridades espirituais: gratidão manifesta em entrega.
- Relação mãe-igreja-ministério — Samuel cresce no santuário sob a orientação de Eli, tornando-se líder. A narrativa liga vida devocional, formação espiritual e liderança religiosa.
- Dimensão comunitária — Elcana subiu “com toda a sua casa” a sacrificar: a crise de Ana se dá no contexto familiar; a restauração tem impacto comunitário e litúrgico.
4 — Aplicação pessoal e pastoral
- Oração honesta e persistente — quando a alma está ferida, dirija-se a Deus com verdade; lágrimas e súplicas são formas legítimas de oração. Não negligencie a oração em crise.
- Integridade no voto e promessas — se você fizer um voto ou compromisso espiritual, cumpra-o. A fé prática exige fidelidade.
- Gratidão que entrega — as bênçãos recebidas devem gerar entrega e serviço: não retenha bênçãos para egoísmo; ofereça-as de volta ao Senhor (ex.: tempo, filhos, talentos).
- Crescimento espiritual de gerações — assim como Samuel foi formado no tabernáculo, invista na educação espiritual de filhos e pupilos. A consagração do que recebemos gera serviço a Deus e transformação social.
- Pacência no tempo de Deus — nem sempre a resposta é imediata; persistência e fé são provas de maturidade espiritual.
5 — Tabela expositiva (para slide / folheto)
Verso | Palavra-chave (heb.) | Raiz / Nota lexical | Observação teológica | Aplicação prática |
1Sm 1:10 | Oração fervorosa — הִתְפַּלֵּל (hitpallel) | Raiz פ־ל־ל (interceder) | Oração intensa, intercessória — coração quebrantado | Ore com transparência; não esconda sua dor de Deus |
1Sm 1:11 | Voto — נֶדֶר / נָדַר (neder / nadar) | Raiz נ־ד־ר (votar) | Voto sério; compromisso moral diante de Deus | Honre promessas e consagrações feitas a Deus |
1Sm 1:11 | “Dar” — נָתַן (natan) | Raiz נ־ת־ן (conceder) | Graça divina em conceder o pedido | Reconheça a bênção como dom de Deus |
1Sm 1:20 | Nome: שְׁמוּאֵל (Shmuel/Shemuel) | Relacionado com שָׁאַל / שָׁמַע (pedir / ouvir) | Nome que lembra “pedido a Deus” / “Deus ouviu” | Lembre-se: bênção é resposta divina; viva em gratidão |
1Sm 1:21–22 | Consagração / não cortar navalha | Prática de separação (evoca nazireado) | Dedicação do menino ao serviço do Senhor | Entregue ao Senhor frutos de suas orações (tempo, filhos, dons) |
6 — Conclusão (aplicada à Verdade)
O episódio de Ana é paradigma do cristão que vive em humildade, oração, perseverança, fidelidade e gratidão. Ana não apenas recebe o que pede — ela devolve o que recebe para a glória de Deus. Esse ciclo (dor → oração → resposta → consagração → serviço) mostra o caráter transformador da graça. Para o cristão hoje: ore com sinceridade, confie no tempo do Senhor, cumpra seus compromissos com Deus e agradeça servindo.
LEITURAS COMPLEMENTARES
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Segunda — 1 Samuel 2:1–10 — Ana exalta o Senhor
Leitura / sentido:
O cântico de Ana é um hino de ruptura: do vale da esterilidade e da humilhação ela sobe a um louvor que celebra a soberania de Deus sobre a vida e a história. O salmo de Ana exalta o Deus que levanta os abatidos, reverte situações e converte miséria em bênção (temas messiânicos e teocráticos).
Análise lexical / teológica:
- No hebraico poético do cântico, predominam antíteses (eleva/abaixa, farta/pobreia) — figura que sublinha a justiça reversiva de Deus.
- Termos-chave: qeren (força/exaltação simbólica), מָשַׁל / שָׁלִט (soberania/juízo) aparecem no campo semântico do cântico; o louvor de Ana coloca Deus como Senhor histórico que governa destino.
- O cântico antecipa temas do Magnificat (Lc 1.46–55): Deus que “derruba” e “exalta” — indicando linha de continuidade no plano redentor.
Aplicação pessoal:
- Quando a vida parece estéril, louvar antecipadamente transforma a perspectiva: em vez de fixar-se na falta, reconhece-se a ação soberana de Deus.
- Pratique um “cântico de memória”: recite ou escreva três sinais da graça de Deus em sua vida e louve semanalmente.
Terça — Salmo 37:5 — “Entrega o teu caminho ao Senhor e confia”
Leitura / sentido:
O versículo convoca à confiança ativa: não é um abandono passivo, mas delegar à direção de Deus (entregar um caminho, um propósito) e manter confiança paciente na sua providência.
Análise lexical / teológica:
- Hebraico: a ideia de “entregar/roll out” (cf. גָּלָה/גַּלֵּה em campos semânticos) sugere colocar o caminho nas mãos de Deus, como colocar um fardo no ombro do Senhor.
- Confiança (emunah / πίστις em paralelo no NT) não é mera esperança vaga, mas firme dependência no caráter do Senhor.
Aplicação pessoal:
- Prática: identifique uma decisão pendente (profissional, familiar) e “entregue” objetivamente a Deus em oração — escreva a decisão num papel e ore especificamente pedindo direção; depois espere e registre sinais da providência.
Quarta — Salmo 113:9 — “Faz a mulher estéril habitar em família”
Leitura / sentido:
O versículo celebra a ação restauradora de Deus: a infertilidade social é revertida — imagem poderosa da compaixão divina que restaura indivíduos ao seio comunitário.
Análise lexical / teológica:
- A linguagem é litúrgica e compacta: Deus “faz” (עָשָׂה / natan) transformar situação social e pessoal.
- Temática: Deus como aquele que restaura identidade e posição social — não apenas a “resposta” a um desejo individual, mas reintegração comunitária.
Aplicação pessoal:
- Lugar pastoral: oferecer acolhimento para quem vive perda (infertilidade, exclusão).
- Prática devocional: interceda especificamente por casais e pessoas que sofrem exclusão social ou emocional.
Quinta — Romanos 12:12 — “Perseverai na oração” (texto: alegria, esperança, paciência, oração)
Leitura / sentido:
Paulo sintetiza atitudes essenciais do cristão maduro: alegria na esperança, paciência na tribulação, constância em oração. A oração é apresentada como disciplina vital que acompanha a esperança e a perseverança.
Análise lexical / teológica (grego):
- Palavras-chave: ἐλπίδι / ὑπομονή / προσευχή (elpis, hypomonē, proseuchē) — esperança ativa, perseverança/longanimidade, e oração constante.
- ὑπομονή (hypomonē): perseverança enfrentando circunstâncias difíceis; προσευχή (proseuchē): prática relacional com Deus, meio de dependência.
Aplicação pessoal:
- Estabeleça “rotina de resistência”: 10 minutos diários de oração intercalando louvor, intercessão e silêncio; registre respostas de Deus em um diário para fortalecer a esperança.
Sexta — Tiago 4:10 — “Humilhai-vos diante do Senhor, e ele vos exaltará”
Leitura / sentido:
Tiago liga a humildade prática ao desfecho divino: quem se submete e se humilha diante do Senhor experimenta exaltação — não segundo critérios humanos, mas segundo a justiça e os tempos de Deus.
Análise lexical / teológica (grego):
- ταπεινώθητε (tapeinōthēte) — “humilhai-vos” (aoristo passivo imperativo): ação volitiva de se colocar em baixa-estima ética diante de Deus.
- ὑψώσει (hypsōsei) — “exaltará”: verbo futuro que vincula a ação humana de humildade à resposta soberana de Deus.
Aplicação pessoal:
- Exercício prático: semanalmente escolha uma atitude concreta de humildade (serviço sem busca de reconhecimento) e registre o impacto na sua comunidade.
Sábado — Apocalipse 21:4 — “Deus enxugará toda lágrima”
Leitura / sentido:
A promessa escatológica: o futuro plenamente restaurado implica fim do sofrimento, dor e morte. Palavra de esperança final para quem chora.
Análise lexical / teológica (grego):
- Termos: δάκρυον (dakruon) — lágrima; στυγεῖ (stygēi)? — o verbo do LXX/GNT traduz “enxugar” (ἐξαλεῖψει / exaleipsei) — ação transterrena de remoção do efeito do mal.
- A teologia escatológica mostra que a ação salvífica de Deus culmina numa presença onde sofrimento é removido — reafirma a soberania e bondade final de Deus.
Aplicação pessoal:
- Pastoral: proclamar Ap 21:4 como esperança real às famílias enlutadas; criar momentos litúrgicos de memória e esperança em cultos de consolo.
Tabela expositiva resumida (pronta para slide)
Dia
Texto
Tema curto
Palavra-chave (heb/gre)
Observação exegética
Aplicação prática
Seg
1Sm 2.1–10
Cântico de Ana — louvor reversivo
Hebraico poético (antíteses)
Deus reverte a miséria; tipo do Magnificat
Faça “cântico da graça”: registre bênçãos semanais
Ter
Sl 37.5
Entrega o caminho ao Senhor
(Heb.) confiança/entrega
Confiança ativa: delegar planos a Deus
Ore sobre decisões e “entregue” por escrito
Qua
Sl 113.9
Restauração social da estéril
(Heb.) restauração/integração
Deus reintegra excluídos à comunidade
Interceda por marginalizados; acolhimento prático
Qui
Rm 12.12
Perseverança em oração
(Gr.) hypomonē / proseuchē
Oração como disciplina integradora da esperança
10 minutos diários: louvor + intercessão + silêncio
Sex
Tg 4.10
Humilhação e exaltação
(Gr.) tapeinōthēte / hypsōsei
Humildade volitiva → resposta divina
Faça um ato concreto de serviço anônimo
Sáb
Ap 21.4
Esperança escatológica — fim do choro
(Gr.) dakruon / exaleipsei
Promessa da restauração final sem dor
Ofereça consolo escatológico em cultos de luto
Conclusão prática (síntese)
As leituras complementares orientam o crente a: (1) louvar antes da resolução; (2) entregar decisões a Deus; (3) confiar que Deus reintegra os excluídos; (4) perseverar em oração; (5) praticar humildade; e (6) guardar a esperança escatológica que consola. Aplicadas em conjunto, elas formam um percurso espiritual para cura emocional, maturidade ética e robusta esperança cristã.
Segunda — 1 Samuel 2:1–10 — Ana exalta o Senhor
Leitura / sentido:
O cântico de Ana é um hino de ruptura: do vale da esterilidade e da humilhação ela sobe a um louvor que celebra a soberania de Deus sobre a vida e a história. O salmo de Ana exalta o Deus que levanta os abatidos, reverte situações e converte miséria em bênção (temas messiânicos e teocráticos).
Análise lexical / teológica:
- No hebraico poético do cântico, predominam antíteses (eleva/abaixa, farta/pobreia) — figura que sublinha a justiça reversiva de Deus.
- Termos-chave: qeren (força/exaltação simbólica), מָשַׁל / שָׁלִט (soberania/juízo) aparecem no campo semântico do cântico; o louvor de Ana coloca Deus como Senhor histórico que governa destino.
- O cântico antecipa temas do Magnificat (Lc 1.46–55): Deus que “derruba” e “exalta” — indicando linha de continuidade no plano redentor.
Aplicação pessoal:
- Quando a vida parece estéril, louvar antecipadamente transforma a perspectiva: em vez de fixar-se na falta, reconhece-se a ação soberana de Deus.
- Pratique um “cântico de memória”: recite ou escreva três sinais da graça de Deus em sua vida e louve semanalmente.
Terça — Salmo 37:5 — “Entrega o teu caminho ao Senhor e confia”
Leitura / sentido:
O versículo convoca à confiança ativa: não é um abandono passivo, mas delegar à direção de Deus (entregar um caminho, um propósito) e manter confiança paciente na sua providência.
Análise lexical / teológica:
- Hebraico: a ideia de “entregar/roll out” (cf. גָּלָה/גַּלֵּה em campos semânticos) sugere colocar o caminho nas mãos de Deus, como colocar um fardo no ombro do Senhor.
- Confiança (emunah / πίστις em paralelo no NT) não é mera esperança vaga, mas firme dependência no caráter do Senhor.
Aplicação pessoal:
- Prática: identifique uma decisão pendente (profissional, familiar) e “entregue” objetivamente a Deus em oração — escreva a decisão num papel e ore especificamente pedindo direção; depois espere e registre sinais da providência.
Quarta — Salmo 113:9 — “Faz a mulher estéril habitar em família”
Leitura / sentido:
O versículo celebra a ação restauradora de Deus: a infertilidade social é revertida — imagem poderosa da compaixão divina que restaura indivíduos ao seio comunitário.
Análise lexical / teológica:
- A linguagem é litúrgica e compacta: Deus “faz” (עָשָׂה / natan) transformar situação social e pessoal.
- Temática: Deus como aquele que restaura identidade e posição social — não apenas a “resposta” a um desejo individual, mas reintegração comunitária.
Aplicação pessoal:
- Lugar pastoral: oferecer acolhimento para quem vive perda (infertilidade, exclusão).
- Prática devocional: interceda especificamente por casais e pessoas que sofrem exclusão social ou emocional.
Quinta — Romanos 12:12 — “Perseverai na oração” (texto: alegria, esperança, paciência, oração)
Leitura / sentido:
Paulo sintetiza atitudes essenciais do cristão maduro: alegria na esperança, paciência na tribulação, constância em oração. A oração é apresentada como disciplina vital que acompanha a esperança e a perseverança.
Análise lexical / teológica (grego):
- Palavras-chave: ἐλπίδι / ὑπομονή / προσευχή (elpis, hypomonē, proseuchē) — esperança ativa, perseverança/longanimidade, e oração constante.
- ὑπομονή (hypomonē): perseverança enfrentando circunstâncias difíceis; προσευχή (proseuchē): prática relacional com Deus, meio de dependência.
Aplicação pessoal:
- Estabeleça “rotina de resistência”: 10 minutos diários de oração intercalando louvor, intercessão e silêncio; registre respostas de Deus em um diário para fortalecer a esperança.
Sexta — Tiago 4:10 — “Humilhai-vos diante do Senhor, e ele vos exaltará”
Leitura / sentido:
Tiago liga a humildade prática ao desfecho divino: quem se submete e se humilha diante do Senhor experimenta exaltação — não segundo critérios humanos, mas segundo a justiça e os tempos de Deus.
Análise lexical / teológica (grego):
- ταπεινώθητε (tapeinōthēte) — “humilhai-vos” (aoristo passivo imperativo): ação volitiva de se colocar em baixa-estima ética diante de Deus.
- ὑψώσει (hypsōsei) — “exaltará”: verbo futuro que vincula a ação humana de humildade à resposta soberana de Deus.
Aplicação pessoal:
- Exercício prático: semanalmente escolha uma atitude concreta de humildade (serviço sem busca de reconhecimento) e registre o impacto na sua comunidade.
Sábado — Apocalipse 21:4 — “Deus enxugará toda lágrima”
Leitura / sentido:
A promessa escatológica: o futuro plenamente restaurado implica fim do sofrimento, dor e morte. Palavra de esperança final para quem chora.
Análise lexical / teológica (grego):
- Termos: δάκρυον (dakruon) — lágrima; στυγεῖ (stygēi)? — o verbo do LXX/GNT traduz “enxugar” (ἐξαλεῖψει / exaleipsei) — ação transterrena de remoção do efeito do mal.
- A teologia escatológica mostra que a ação salvífica de Deus culmina numa presença onde sofrimento é removido — reafirma a soberania e bondade final de Deus.
Aplicação pessoal:
- Pastoral: proclamar Ap 21:4 como esperança real às famílias enlutadas; criar momentos litúrgicos de memória e esperança em cultos de consolo.
Tabela expositiva resumida (pronta para slide)
Dia | Texto | Tema curto | Palavra-chave (heb/gre) | Observação exegética | Aplicação prática |
Seg | 1Sm 2.1–10 | Cântico de Ana — louvor reversivo | Hebraico poético (antíteses) | Deus reverte a miséria; tipo do Magnificat | Faça “cântico da graça”: registre bênçãos semanais |
Ter | Sl 37.5 | Entrega o caminho ao Senhor | (Heb.) confiança/entrega | Confiança ativa: delegar planos a Deus | Ore sobre decisões e “entregue” por escrito |
Qua | Sl 113.9 | Restauração social da estéril | (Heb.) restauração/integração | Deus reintegra excluídos à comunidade | Interceda por marginalizados; acolhimento prático |
Qui | Rm 12.12 | Perseverança em oração | (Gr.) hypomonē / proseuchē | Oração como disciplina integradora da esperança | 10 minutos diários: louvor + intercessão + silêncio |
Sex | Tg 4.10 | Humilhação e exaltação | (Gr.) tapeinōthēte / hypsōsei | Humildade volitiva → resposta divina | Faça um ato concreto de serviço anônimo |
Sáb | Ap 21.4 | Esperança escatológica — fim do choro | (Gr.) dakruon / exaleipsei | Promessa da restauração final sem dor | Ofereça consolo escatológico em cultos de luto |
Conclusão prática (síntese)
As leituras complementares orientam o crente a: (1) louvar antes da resolução; (2) entregar decisões a Deus; (3) confiar que Deus reintegra os excluídos; (4) perseverar em oração; (5) praticar humildade; e (6) guardar a esperança escatológica que consola. Aplicadas em conjunto, elas formam um percurso espiritual para cura emocional, maturidade ética e robusta esperança cristã.
MOTIVO DE ORAÇÃO – Ore para que tenhamos propósitos claros diante de Deus.
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ESBOÇO DA LIÇÃO
DINAMICA EXTRA
Comentário de Hubner Braz
🎯 DINÂMICA: “O PODER DA ORAÇÃO QUE GERA VIDA”
🕐 Tempo estimado:
15 a 20 minutos
📖 Texto-base:
“Então Ana se levantou... e orou ao Senhor, com amargura de alma, e chorou abundantemente.”
(1 Samuel 1:9-10)
🎯 Objetivo da dinâmica:
Levar os alunos a compreenderem que a oração sincera e perseverante, feita com fé, pode gerar milagres, transformar situações impossíveis e trazer vida onde há esterilidade — seja física, emocional ou espiritual.
🧩 Materiais necessários:
- Balões (um por participante)
- Pedaços de papel e canetas
- Caixa ou saco grande
- Bíblia aberta em 1 Samuel 1:9-20
- Um pequeno vaso com flor (real ou artificial) para simbolizar o “milagre gerado pela oração”
🪄 Como realizar a dinâmica:
- Distribua um balão e um papel para cada participante.
Peça que escrevam um sonho, desejo ou causa impossível — algo que parece “estéril” na vida deles (sem esperança).
Depois, coloquem o papel dentro do balão e encham-no de ar, simbolizando uma oração que sobe a Deus. - Coloque todos os balões dentro de uma caixa ou saco, representando as orações entregues ao altar do Senhor.
- Leia com a turma 1 Samuel 1:9-20, destacando:
- A dor e perseverança de Ana;
- A oração silenciosa, mas fervorosa;
- A resposta de Deus — o nascimento de Samuel, um milagre.
- Depois da leitura, explique:
Assim como Ana apresentou ao Senhor o seu clamor mais profundo, nós também devemos entregar nossas causas nas mãos dEle.
Às vezes, a resposta demora, mas Deus ouve e age no tempo certo. - Estoure um dos balões e retire o papel (escolha um aleatoriamente).
Diga:
“Deus responde a oração no Seu tempo, e quando Ele age, o impossível acontece.”
Então, mostre o vaso com a flor, representando a vida que brota da oração fiel.
- Faça uma breve oração coletiva, pedindo que Deus transforme “esterilidade” em “frutificação” — assim como fez com Ana.
✝️ Aplicação espiritual:
Ana nos ensina que a força de quem ora não está nas palavras, mas na fé.
Sua oração não foi de desespero, mas de confiança — mesmo em lágrimas.
Quando ela deixou tudo aos pés do Senhor, a paz veio antes mesmo da resposta (1 Sm 1:18).
Da sua dor nasceu um profeta — do ventre estéril, Deus gerou vida e propósito.
💬 Reflexão final para o grupo:
- O que há em minha vida que parece “estéril”?
- Tenho realmente entregado isso nas mãos do Senhor, como Ana fez?
- Estou disposto a continuar orando até ver o milagre acontecer?
📖 Versículo para memorizar:
“A oração de um justo pode muito em seus efeitos.”
(Tiago 5:16b)
📊 Tabela expositiva da lição:
Elemento
Símbolo na dinâmica
Significado espiritual
Aplicação prática
Balão
Oração que sobe a Deus
Nossa fé que entrega o impossível ao Senhor
Ore com perseverança
Papel com o pedido
Causa pessoal
Áreas estéreis da vida (sonhos, projetos, curas)
Confie suas dores a Deus
Caixa
Altar de Deus
Lugar da entrega total e confiança
Deixe Deus agir no tempo certo
Flor no vaso
Milagre gerado
A resposta de Deus, vida que brota da fé
Creia: a oração produz fruto
O ato de estourar o balão
Resposta divina
Quando Deus fala, algo novo acontece
Espere com paciência e fé
💡 Conclusão:
Ana não teve apenas um filho; ela gerou um profeta que marcou uma nação.
A oração não apenas muda circunstâncias, ela nos transforma.
O milagre que Deus fez na vida de Ana é um lembrete eterno de que a oração sincera é a força que gera vida onde não há esperança.
🎁 Mensagem final:
“A força de quem ora está em quem ouve.”
Que cada jovem aprenda com Ana que os milagres nascem no altar da oração, e que Deus continua ouvindo o clamor daqueles que confiam nEle. 🙏✨
🎯 DINÂMICA: “O PODER DA ORAÇÃO QUE GERA VIDA”
🕐 Tempo estimado:
15 a 20 minutos
📖 Texto-base:
“Então Ana se levantou... e orou ao Senhor, com amargura de alma, e chorou abundantemente.”
(1 Samuel 1:9-10)
🎯 Objetivo da dinâmica:
Levar os alunos a compreenderem que a oração sincera e perseverante, feita com fé, pode gerar milagres, transformar situações impossíveis e trazer vida onde há esterilidade — seja física, emocional ou espiritual.
🧩 Materiais necessários:
- Balões (um por participante)
- Pedaços de papel e canetas
- Caixa ou saco grande
- Bíblia aberta em 1 Samuel 1:9-20
- Um pequeno vaso com flor (real ou artificial) para simbolizar o “milagre gerado pela oração”
🪄 Como realizar a dinâmica:
- Distribua um balão e um papel para cada participante.
Peça que escrevam um sonho, desejo ou causa impossível — algo que parece “estéril” na vida deles (sem esperança).
Depois, coloquem o papel dentro do balão e encham-no de ar, simbolizando uma oração que sobe a Deus. - Coloque todos os balões dentro de uma caixa ou saco, representando as orações entregues ao altar do Senhor.
- Leia com a turma 1 Samuel 1:9-20, destacando:
- A dor e perseverança de Ana;
- A oração silenciosa, mas fervorosa;
- A resposta de Deus — o nascimento de Samuel, um milagre.
- Depois da leitura, explique:
Assim como Ana apresentou ao Senhor o seu clamor mais profundo, nós também devemos entregar nossas causas nas mãos dEle.
Às vezes, a resposta demora, mas Deus ouve e age no tempo certo. - Estoure um dos balões e retire o papel (escolha um aleatoriamente).
Diga:
“Deus responde a oração no Seu tempo, e quando Ele age, o impossível acontece.”
Então, mostre o vaso com a flor, representando a vida que brota da oração fiel. - Faça uma breve oração coletiva, pedindo que Deus transforme “esterilidade” em “frutificação” — assim como fez com Ana.
✝️ Aplicação espiritual:
Ana nos ensina que a força de quem ora não está nas palavras, mas na fé.
Sua oração não foi de desespero, mas de confiança — mesmo em lágrimas.
Quando ela deixou tudo aos pés do Senhor, a paz veio antes mesmo da resposta (1 Sm 1:18).
Da sua dor nasceu um profeta — do ventre estéril, Deus gerou vida e propósito.
💬 Reflexão final para o grupo:
- O que há em minha vida que parece “estéril”?
- Tenho realmente entregado isso nas mãos do Senhor, como Ana fez?
- Estou disposto a continuar orando até ver o milagre acontecer?
📖 Versículo para memorizar:
“A oração de um justo pode muito em seus efeitos.”
(Tiago 5:16b)
📊 Tabela expositiva da lição:
Elemento | Símbolo na dinâmica | Significado espiritual | Aplicação prática |
Balão | Oração que sobe a Deus | Nossa fé que entrega o impossível ao Senhor | Ore com perseverança |
Papel com o pedido | Causa pessoal | Áreas estéreis da vida (sonhos, projetos, curas) | Confie suas dores a Deus |
Caixa | Altar de Deus | Lugar da entrega total e confiança | Deixe Deus agir no tempo certo |
Flor no vaso | Milagre gerado | A resposta de Deus, vida que brota da fé | Creia: a oração produz fruto |
O ato de estourar o balão | Resposta divina | Quando Deus fala, algo novo acontece | Espere com paciência e fé |
💡 Conclusão:
Ana não teve apenas um filho; ela gerou um profeta que marcou uma nação.
A oração não apenas muda circunstâncias, ela nos transforma.
O milagre que Deus fez na vida de Ana é um lembrete eterno de que a oração sincera é a força que gera vida onde não há esperança.
🎁 Mensagem final:
“A força de quem ora está em quem ouve.”
Que cada jovem aprenda com Ana que os milagres nascem no altar da oração, e que Deus continua ouvindo o clamor daqueles que confiam nEle. 🙏✨
INTRODUÇÃO
Nada é impossível para Deus, e Ana experimentou essa verdade. Sua história nos mostra a importância de perseverar na oração e de cumprir nossos votos a Deus, cuja bondade é de eternidade a eternidade.
PONTO DE PARTIDA: A oração persistente alcança Deus
1- A história de Ana
Ana é mencionada somente nos dois primeiros capítulos da Primeira Carta de Samuel, mas seu nome até hoje é lembrado no meio cristão. Do hebraico Hanah, seu nome significa “graça ; “benevolência” ou “favor’: Uma mulher atribulada de espírito por não conseguir engravidar, ela orou incessantemente até fazer um voto ao Senhor: “[…] e da tua serva te não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha’; 1 Sm 1.11.
1.1. Ana não tinha filhos. Casada com Elcana, um levita da tribo de Coate (1Cr 6.22-23,32-34), Ana não tinha filhos. Porém, a outra mulher de Elcana, Penina, já tinha filhos (1Sm 1.2). Por essa razão, Penina humilhava Ana constantemente. Elcana amava muito a Ana, tanto que ele subia a Siló todos os anos para adorar e sacrificar ao Senhor e dava a ela uma porção do sacrifício maior e melhor, embora desse porções do sacrifício também a Penina (1Sm 1.3-5).
Para muitos escritores, os sete filhos relatados por Ana na oração de exaltação em seu cântico de forma poética, no capítulo 2, verso 5, quando ela diz que a estéril teve sete filhos e a que tinha muitos filhos enfraqueceu, é tido como uma metáfora para representar que o milagre realizado por Deus foi perfeito. Pois, na cultura da época, o número sete representava a perfeição. O sacerdote Eli sempre abençoava Elcana e sua mulher Ana, dizendo: “O Senhor te dê semente desta mulher, pela petição que fez ao Senhor’: Então o Senhor abençoou Ana, que concebeu e deu à luz três filhos e duas filhas (1 Sm 2.20,2 1).
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Introdução — Ponto de partida
Nada é impossível para Deus. A experiência de Ana demonstra a eficácia da oração perseverante, a seriedade do voto e a resposta graciosa de Deus. Ana torna-se modelo de fé ativa: sofre, ora, promete, recebe e entrega — um ciclo de humildade, oração, gratidão e consagração.
1. A história de Ana — visão geral
Ana (hebraico חַנָּה — Ḥannāh, “graça”, “favor”) é figura-chave em 1 Samuel 1–2. Embora apareça apenas nesses capítulos, sua atitude de fé marcou o curso da história de Israel: do seu ventre nasceu Samuel, o último grande juiz e o profeta que ungiria o primeiro rei de Israel. A narrativa foca em:
- a dor pessoal (esterilidade, humilhação pública por Penina);
- a oração perseverante e o voto solene;
- a resposta divina (concepção de Samuel);
- a consagração do filho ao serviço do Senhor (entrega no tabernáculo).
É uma micro-história com implicações comunitárias e teológicas: Deus honra a oração humilde e usa o fruto dessa resposta para conduzir a redenção do povo.
2. Análise lexical (hebraica) — termos centrais
2.1. חנה — Ḥannāh (Ana) — “graça / favor”
- O próprio nome carrega teologia: Ana é “graça” recebida; seu filho será testemunho dessa graça. O nome aponta que a bênção vem por misericórdia divina, não por mérito humano.
2.2. פָּלַל / הִתְפַּלֵּל (palal / hitpallel) — orar / interceder
- Raiz פ־ל־ל: indica oração intensa, intercessória. A forma reflexiva (hitpallel) enfatiza a atitude contínua e pessoal de súplica — “oriou, rogou, intercedeu”. Não é petição casual, mas clamor persistente.
2.3. נֶדֶר / נָדַר (neder / nadar) — voto
- Voto no AT tem força jurídica e moral: compromete quem o profere. O voto de Ana inclui entrega total da criança (“ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida”) e um sinal de consagração (não passar navalha sobre sua cabeça). A seriedade do voto implica responsabilidade ética: Ana depois cumpre o voto (1Sm 1.24–28).
2.4. לֹא־יַעַבְדָהוּ נָעָר (não passará navalha) — consagração
- A expressão lembra práticas de separação/consagração (semelhante ao voto nazireu — Nm 6), sinalizando que o menino será dedicado ao serviço sagrado. A ideia é separação para Deus e serviço contínuo.
2.5. שָׁאַל / שֵׁאֵל (sha’al / she’el) e שְׁמוּאֵל (Shemu’el)
- A raiz shaʻal (“pedir”) aparece no motivo do nome Samuel: “o que foi pedido a Deus” / “Deus ouviu”. O próprio nome teologiza o acontecimento — toda vez que chamam Samuel, lembram-se da oração atendida.
2.6. נָתַן (natan) — dar / conceder
- Verbo que ressalta a ação graciosa de Deus ao conceder o pedido; sublinha a iniciativa divina.
3. Observações exegéticas e teológicas
- Perseverança na oração — Ana não recorreu a artifícios humanos; ela derramou sua alma diante de Deus (1Sm 1:10). A narrativa valoriza o clamor sincero e perseverante, que Deus vê e responde no seu tempo.
- Voto e ética religiosa — o voto é sério e deve ser honrado. Ana cumpriu o que prometera, mesmo quando foi doloroso entregar seu filho (compare 1Sm 1:24–28). A história ensina sobre compromisso e integridade frente à promessa feita a Deus.
- Restauração social e familiar — Deus transforma a situação de vergonha social (esterilidade) em serviço profético para o povo (Samuel). O milagre tem dimensões pessoais e comunitárias.
- Simbologia do número sete — no cântico (1Sm 2:5) “a estéril teve sete filhos” funciona como linguagem poética que indica perfeição/completude da intervenção divina — não é leitura literal, mas teológica.
- Eli e a dimensão sacerdotal — o sacerdote abençoa Ana (1Sm 1:17) e depois acolhe Samuel no tabernáculo, mostrando que a graça de Deus opera também por meios institucionais (culto, sacerdócio) para formar liderança espiritual.
4. Aplicação pessoal e pastoral
- Persevere na oração — quando você atravessar seasons de “esterilidade” (frustrações, portas fechadas), aprenda com Ana a trazer a dor ao Senhor com honestidade e perseverança.
- Cumpra seus votos e promessas — promessas feitas a Deus exigem integridade. Se você fez um compromisso espiritual, honre-o mesmo quando custe.
- Entregue o fruto ao Senhor — bênçãos não são apenas para usufruto pessoal; parte de nossa gratidão é “oferecer” ao Senhor o que recebemos (tempo, filhos, dons, ministério).
- Transforme humilhação em adoração — em vez de amargura amargurar, use a experiência para louvor (cf. cântico de Ana, 1Sm 2).
- Cuide da comunidade — o milagre de Deus tem impacto comunitário; invista em formação espiritual das próximas gerações (família, igreja).
5. Tabela expositiva (pronta para slide / folha de EBD)
Tópico
Texto-chave
Palavra (heb.)
Sentido / Observação
Aplicação
Nome e significado
1Sm 1
חַנָּה (Ḥannāh)
“Graça, favor” — a personagem representa a graça recebida
Lembrar que bênçãos são graça, não méritos
Oração perseverante
1Sm 1:10–12
הִתְפַּלֵּל (hitpallel)
Oração intercessória intensa — clamor contínuo
Persistir em oração honesta diante de Deus
O voto
1Sm 1:11
נֶדֶר (neder)
Voto solene com implicações morais
Honrar compromissos espirituais feitos a Deus
Resposta divina
1Sm 1:20
נָתַן (natan)
Deus concede o pedido por graça
Reconhecer a iniciativa divina em nossas bênçãos
Nome do filho
1Sm 1:20
שְׁמוּאֵל (Shemu’el)
“Pedido/Deus ouviu” — teologiza a experiência
Cada bênção nos chama à gratidão e lembrança da fidelidade
Entrega e consagração
1Sm 1:21–22
“Não passará navalha” (consagração)
Separação/serviço no tabernáculo (consagração para Deus)
Oferecer ao Senhor o fruto de nossas orações (tempo, dons)
Cântico de Ana
1Sm 2:1–10
linguagem poética (número 7)
Reversão divina: Deus eleva, humilha o orgulhoso
Louvor e memória: cantar a fidelidade de Deus
6. Síntese final
A história de Ana é um paradigma do evangelho na esfera da oração: a graça de Deus responde ao clamor sincero, mas a resposta não paralisa a gratidão — ela a gera e a orienta para serviço. Ana não retém o fruto; ela o oferece ao Senhor, mostrando que a experiência da graça amadurece em consagração e liderança espiritual (Samuel). Para a comunidade cristã: perseverança em oração, integridade nos votos e entrega das bênçãos à obra de Deus são práticas essenciais.
Introdução — Ponto de partida
Nada é impossível para Deus. A experiência de Ana demonstra a eficácia da oração perseverante, a seriedade do voto e a resposta graciosa de Deus. Ana torna-se modelo de fé ativa: sofre, ora, promete, recebe e entrega — um ciclo de humildade, oração, gratidão e consagração.
1. A história de Ana — visão geral
Ana (hebraico חַנָּה — Ḥannāh, “graça”, “favor”) é figura-chave em 1 Samuel 1–2. Embora apareça apenas nesses capítulos, sua atitude de fé marcou o curso da história de Israel: do seu ventre nasceu Samuel, o último grande juiz e o profeta que ungiria o primeiro rei de Israel. A narrativa foca em:
- a dor pessoal (esterilidade, humilhação pública por Penina);
- a oração perseverante e o voto solene;
- a resposta divina (concepção de Samuel);
- a consagração do filho ao serviço do Senhor (entrega no tabernáculo).
É uma micro-história com implicações comunitárias e teológicas: Deus honra a oração humilde e usa o fruto dessa resposta para conduzir a redenção do povo.
2. Análise lexical (hebraica) — termos centrais
2.1. חנה — Ḥannāh (Ana) — “graça / favor”
- O próprio nome carrega teologia: Ana é “graça” recebida; seu filho será testemunho dessa graça. O nome aponta que a bênção vem por misericórdia divina, não por mérito humano.
2.2. פָּלַל / הִתְפַּלֵּל (palal / hitpallel) — orar / interceder
- Raiz פ־ל־ל: indica oração intensa, intercessória. A forma reflexiva (hitpallel) enfatiza a atitude contínua e pessoal de súplica — “oriou, rogou, intercedeu”. Não é petição casual, mas clamor persistente.
2.3. נֶדֶר / נָדַר (neder / nadar) — voto
- Voto no AT tem força jurídica e moral: compromete quem o profere. O voto de Ana inclui entrega total da criança (“ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida”) e um sinal de consagração (não passar navalha sobre sua cabeça). A seriedade do voto implica responsabilidade ética: Ana depois cumpre o voto (1Sm 1.24–28).
2.4. לֹא־יַעַבְדָהוּ נָעָר (não passará navalha) — consagração
- A expressão lembra práticas de separação/consagração (semelhante ao voto nazireu — Nm 6), sinalizando que o menino será dedicado ao serviço sagrado. A ideia é separação para Deus e serviço contínuo.
2.5. שָׁאַל / שֵׁאֵל (sha’al / she’el) e שְׁמוּאֵל (Shemu’el)
- A raiz shaʻal (“pedir”) aparece no motivo do nome Samuel: “o que foi pedido a Deus” / “Deus ouviu”. O próprio nome teologiza o acontecimento — toda vez que chamam Samuel, lembram-se da oração atendida.
2.6. נָתַן (natan) — dar / conceder
- Verbo que ressalta a ação graciosa de Deus ao conceder o pedido; sublinha a iniciativa divina.
3. Observações exegéticas e teológicas
- Perseverança na oração — Ana não recorreu a artifícios humanos; ela derramou sua alma diante de Deus (1Sm 1:10). A narrativa valoriza o clamor sincero e perseverante, que Deus vê e responde no seu tempo.
- Voto e ética religiosa — o voto é sério e deve ser honrado. Ana cumpriu o que prometera, mesmo quando foi doloroso entregar seu filho (compare 1Sm 1:24–28). A história ensina sobre compromisso e integridade frente à promessa feita a Deus.
- Restauração social e familiar — Deus transforma a situação de vergonha social (esterilidade) em serviço profético para o povo (Samuel). O milagre tem dimensões pessoais e comunitárias.
- Simbologia do número sete — no cântico (1Sm 2:5) “a estéril teve sete filhos” funciona como linguagem poética que indica perfeição/completude da intervenção divina — não é leitura literal, mas teológica.
- Eli e a dimensão sacerdotal — o sacerdote abençoa Ana (1Sm 1:17) e depois acolhe Samuel no tabernáculo, mostrando que a graça de Deus opera também por meios institucionais (culto, sacerdócio) para formar liderança espiritual.
4. Aplicação pessoal e pastoral
- Persevere na oração — quando você atravessar seasons de “esterilidade” (frustrações, portas fechadas), aprenda com Ana a trazer a dor ao Senhor com honestidade e perseverança.
- Cumpra seus votos e promessas — promessas feitas a Deus exigem integridade. Se você fez um compromisso espiritual, honre-o mesmo quando custe.
- Entregue o fruto ao Senhor — bênçãos não são apenas para usufruto pessoal; parte de nossa gratidão é “oferecer” ao Senhor o que recebemos (tempo, filhos, dons, ministério).
- Transforme humilhação em adoração — em vez de amargura amargurar, use a experiência para louvor (cf. cântico de Ana, 1Sm 2).
- Cuide da comunidade — o milagre de Deus tem impacto comunitário; invista em formação espiritual das próximas gerações (família, igreja).
5. Tabela expositiva (pronta para slide / folha de EBD)
Tópico | Texto-chave | Palavra (heb.) | Sentido / Observação | Aplicação |
Nome e significado | 1Sm 1 | חַנָּה (Ḥannāh) | “Graça, favor” — a personagem representa a graça recebida | Lembrar que bênçãos são graça, não méritos |
Oração perseverante | 1Sm 1:10–12 | הִתְפַּלֵּל (hitpallel) | Oração intercessória intensa — clamor contínuo | Persistir em oração honesta diante de Deus |
O voto | 1Sm 1:11 | נֶדֶר (neder) | Voto solene com implicações morais | Honrar compromissos espirituais feitos a Deus |
Resposta divina | 1Sm 1:20 | נָתַן (natan) | Deus concede o pedido por graça | Reconhecer a iniciativa divina em nossas bênçãos |
Nome do filho | 1Sm 1:20 | שְׁמוּאֵל (Shemu’el) | “Pedido/Deus ouviu” — teologiza a experiência | Cada bênção nos chama à gratidão e lembrança da fidelidade |
Entrega e consagração | 1Sm 1:21–22 | “Não passará navalha” (consagração) | Separação/serviço no tabernáculo (consagração para Deus) | Oferecer ao Senhor o fruto de nossas orações (tempo, dons) |
Cântico de Ana | 1Sm 2:1–10 | linguagem poética (número 7) | Reversão divina: Deus eleva, humilha o orgulhoso | Louvor e memória: cantar a fidelidade de Deus |
6. Síntese final
A história de Ana é um paradigma do evangelho na esfera da oração: a graça de Deus responde ao clamor sincero, mas a resposta não paralisa a gratidão — ela a gera e a orienta para serviço. Ana não retém o fruto; ela o oferece ao Senhor, mostrando que a experiência da graça amadurece em consagração e liderança espiritual (Samuel). Para a comunidade cristã: perseverança em oração, integridade nos votos e entrega das bênçãos à obra de Deus são práticas essenciais.
1.2. Ana se humilhou diante de Deus. A humildade levou Ana à vitória tão esperada, uma vez que a humildade precede a honra (Pv 15.33). Com o coração amargurado e muito choro, Ana se humilhou diante de Deus por sua causa: ter um filho varão. A resposta à oração de Ana mostra que Deus tem poder para mudar circunstâncias, mesmo as que, aos olhos humanos, parecem impossíveis. O Senhor ouve e responde às nossas súplicas, e isso de acordo com a Sua vontade e no Seu tempo.
Dicionário Bíblico Universal (1957): “Humildade – uma humilde disposição espiritual. O paganismo não tinha qualquer palavra para significar a graça e beleza da humildade. Os termos correspondentes queriam dizer fraqueza e baixeza de alma. A humildade é preciosa aos olhos de Deus (1 Pe 3.4); revela que mais graça será dada a quem a possuir (SI 25.9; Tg 4.6) […] Jesus nos deu o grande exemplo de humildade (Fp 2.6-8)
1.3. Ana fez um voto com Deus. Uma mulher sem filhos, na cultura judaica da época, era um tipo de maldição, e Ana vivia essa dura realidade. Humilhada por Penina, embora Elcana a amasse mais, ela não se conformou com aquela situação. Certamente, Ana compreendia a seriedade de fazer um voto a Deus (Ec 5.5), mas ela foi ousada e disse que, se o Senhor lhe desse um filho varão, ela não só entregaria o menino para o serviço a Ele como também seus cabelos nunca seriam cortados (1 Sm 1.11).
Pr. Valdir Bícego: “Deus lhe concedeu outros cinco filhos: três homens e duas mulheres (1 Sm 2.21), dando-lhe, assim, a bênção que mais tarde o salmista registrou (Sl 113.9). Ana foi honrada pelo Senhor (1 Sm 2.30). Os que se humilham serão exaltados (Mt 23.12). Samuel foi um dos maiores personagens do Antigo Testamento, exercendo, como já foi dito, os ministérios de profeta, sacerdote e juiz. Ele marcou o fim da época dos juízes e o início do período dos reis de Israel, cabendo a ele ungir dois dos primeiros monarcas de Israel: Saul e Davi, para assim constar da galeria dos heróis da fé” (Hb 11.32).
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
🕊️ 1.2. Ana se humilhou diante de Deus
A oração de Ana é marcada por profunda humildade, pois ela se aproxima do Senhor sem exigir, mas suplicando. O texto de 1 Samuel 1:10 afirma:
“Levantou-se Ana, e com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou abundantemente.”
A expressão “amargura de alma” (hebraico מָרַת נָפֶשׁ – marat néfesh), literalmente “alma amarga”, indica dor interior intensa, mas também sinceridade diante de Deus — ela não esconde seu sofrimento, antes o transforma em oração.
🔍 Análise das palavras hebraicas
Palavra
Hebraico
Transliteração
Significado
Observação teológica
Alma amarga
מָרַת נָפֶשׁ (marat néfesh)
“alma aflita, amarga”
Reflete sofrimento profundo, mas sincero diante de Deus
Humildade
עֲנָוָה (ʿanavah)
“modéstia, submissão”
A humildade é uma virtude associada aos que reconhecem sua dependência total de Deus
Oração
הִתְפַּלֵּל (hitpallel)
“orar intensamente”
Expressa oração perseverante e pessoal — uma autointercessão diante de Deus
Resposta
שָׁמַע (shamaʿ)
“ouvir com atenção e responder”
Indica que Deus não apenas escuta, mas age em favor do que clama
🕯️ Aspecto teológico
O livro de Provérbios 15:33 afirma que “a humildade precede a honra”. Esse princípio espiritual é reiterado na vida de Ana: sua humilhação se transforma em exaltação.
O Dicionário Bíblico Universal (1957) destaca que o paganismo não tinha termo positivo para humildade; nas culturas antigas, humildade era associada à fraqueza. Mas, na teologia bíblica, ela é força espiritual — a condição que atrai a graça divina.
📖 “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.” (Tg 4:6)
Assim, Ana torna-se um modelo veterotestamentário da bem-aventurança que Jesus proclamaria séculos depois:
“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos céus.” (Mt 5:3)
✨ Aplicação pessoal
- A humildade é a chave da oração eficaz. Ana não questiona o amor de Deus, apenas entrega sua dor a Ele.
- Deus transforma lágrimas em resposta. O pranto que brota da fé sincera é ouvido no trono da graça (Sl 56:8).
- Humilhar-se é reconhecer a soberania divina. Quem ora humildemente, aceita o tempo e a vontade de Deus.
- Toda exaltação verdadeira vem depois da humildade. Deus exalta o contrito e abate o soberbo (Mt 23:12).
🕊️ 1.3. Ana fez um voto com Deus
O voto de Ana (1Sm 1:11) é um dos mais notáveis do Antigo Testamento, tanto por sua profundidade espiritual quanto por seu cumprimento fiel. Naquela cultura, a esterilidade era vista como maldição divina (Gn 30:1; Sl 113:9). A humilhação sofrida por Ana diante de Penina tornou-se o ponto de virada para sua fé amadurecida.
“E fez um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos, se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares [...] ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.” (1Sm 1:11)
🔍 Análise das palavras hebraicas
Palavra
Hebraico
Transliteração
Significado
Observação teológica
Voto
נֶדֶר (neder)
“promessa sagrada, voto solene”
Expressa compromisso formal e irrevogável com Deus
Fazer um voto
נָדַר (nadar)
“prometer solenemente”
É uma ação de fé e entrega total, devendo ser cumprida (Ec 5:4-5)
Serva
אֲמָתֶךָ (amateka)
“tua serva”
Indica humildade e submissão diante de Deus
Senhor dos Exércitos
יְהוָה צְבָאוֹת (YHWH Tzevaot)
“Senhor das hostes celestiais”
Título militar e majestoso de Deus — o Senhor soberano sobre toda força
Navalha
תַּעַר (taʿar)
“lâmina”
Sinal do voto de separação — remete ao voto nazireu (Nm 6)
🕯️ Aspecto teológico
O voto de Ana é ato de fé, não de barganha. Ela não negocia com Deus, mas promete que, se for abençoada, dedicará o fruto inteiramente a Ele.
Deus honra a sinceridade do coração e transforma o ventre estéril em berço de profeta.
O Pr. Valdir Bícego observa que Ana foi honrada pelo Senhor (1Sm 2:21) e cita Salmos 113:9 — “Faz com que a mulher estéril habite em família e seja alegre mãe de filhos.”
A humilhada foi exaltada. A mulher desprezada tornou-se mãe de Samuel, aquele que seria profeta, sacerdote e juiz, ungindo Saul e Davi, os primeiros reis de Israel.
Ana experimentou o princípio do Reino:
“Os que se humilham serão exaltados.” (Mt 23:12)
✨ Aplicação pessoal
- Fazer voto exige responsabilidade espiritual. É melhor não prometer do que prometer e não cumprir (Ec 5:5).
- Deus se agrada de compromissos sinceros. O voto deve vir de fé e amor, não de interesse.
- Entregar o que se ama é adoração. Ana devolveu a Deus o filho que tanto desejou — esse é o verdadeiro culto (Rm 12:1).
- O cumprimento do voto traz multiplicação. Ana recebeu não apenas Samuel, mas mais cinco filhos (1Sm 2:21).
- Votos sinceros geram legado espiritual. A obediência de Ana produziu Samuel, um dos maiores líderes espirituais de Israel.
📊 Tabela expositiva — Humildade e Voto de Ana
Tema
Referência
Palavra hebraica
Significado
Princípio espiritual
Aplicação prática
Humildade diante de Deus
Pv 15:33 / 1Sm 1:10
עֲנָוָה (ʿanavah)
Modéstia, submissão
A humildade precede a honra
Submeta-se à vontade de Deus em oração
Alma amargurada
1Sm 1:10
מָרַת נָפֶשׁ (marat néfesh)
Dor interior sincera
Deus transforma lágrimas em bênçãos
Ore mesmo na dor — Deus vê seu coração
Oração perseverante
1Sm 1:10-12
הִתְפַּלֵּל (hitpallel)
Orar intensamente
Oração sincera move o coração de Deus
Não desista — continue orando
O voto
1Sm 1:11
נֶדֶר (neder)
Promessa sagrada
Votos são compromissos espirituais
Cumpra o que promete ao Senhor
Consagração total
1Sm 1:11
תַּעַר (taʿar) – “navalha”
Sinal de separação
O filho seria inteiramente de Deus
Entregue seus dons e bênçãos a Deus
Exaltação divina
1Sm 2:21 / Sl 113:9
נָשָׂא (nasaʾ) – “elevar”
Deus exalta o humilde
A humildade é o caminho da honra
Seja fiel — Deus o exaltará no tempo certo
🕊️ Síntese final
A história de Ana revela a teologia da humildade e da consagração.
Ela se humilhou, orou e votou — e Deus respondeu com graça.
Seu testemunho ensina que a oração humilde é o caminho da vitória espiritual e que os votos cumpridos são sementes de novos milagres.
Deus transformou sua vergonha em honra, sua dor em cântico e seu clamor em ministério.
A mulher humilhada gerou o profeta que ungiu reis.
Assim, Ana se torna símbolo da fé que ora, confia, entrega e colhe — modelo de adoração sincera e obediência completa.
🕊️ 1.2. Ana se humilhou diante de Deus
A oração de Ana é marcada por profunda humildade, pois ela se aproxima do Senhor sem exigir, mas suplicando. O texto de 1 Samuel 1:10 afirma:
“Levantou-se Ana, e com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou abundantemente.”
A expressão “amargura de alma” (hebraico מָרַת נָפֶשׁ – marat néfesh), literalmente “alma amarga”, indica dor interior intensa, mas também sinceridade diante de Deus — ela não esconde seu sofrimento, antes o transforma em oração.
🔍 Análise das palavras hebraicas
Palavra | Hebraico | Transliteração | Significado | Observação teológica |
Alma amarga | מָרַת נָפֶשׁ (marat néfesh) | “alma aflita, amarga” | Reflete sofrimento profundo, mas sincero diante de Deus | |
Humildade | עֲנָוָה (ʿanavah) | “modéstia, submissão” | A humildade é uma virtude associada aos que reconhecem sua dependência total de Deus | |
Oração | הִתְפַּלֵּל (hitpallel) | “orar intensamente” | Expressa oração perseverante e pessoal — uma autointercessão diante de Deus | |
Resposta | שָׁמַע (shamaʿ) | “ouvir com atenção e responder” | Indica que Deus não apenas escuta, mas age em favor do que clama |
🕯️ Aspecto teológico
O livro de Provérbios 15:33 afirma que “a humildade precede a honra”. Esse princípio espiritual é reiterado na vida de Ana: sua humilhação se transforma em exaltação.
O Dicionário Bíblico Universal (1957) destaca que o paganismo não tinha termo positivo para humildade; nas culturas antigas, humildade era associada à fraqueza. Mas, na teologia bíblica, ela é força espiritual — a condição que atrai a graça divina.
📖 “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.” (Tg 4:6)
Assim, Ana torna-se um modelo veterotestamentário da bem-aventurança que Jesus proclamaria séculos depois:
“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos céus.” (Mt 5:3)
✨ Aplicação pessoal
- A humildade é a chave da oração eficaz. Ana não questiona o amor de Deus, apenas entrega sua dor a Ele.
- Deus transforma lágrimas em resposta. O pranto que brota da fé sincera é ouvido no trono da graça (Sl 56:8).
- Humilhar-se é reconhecer a soberania divina. Quem ora humildemente, aceita o tempo e a vontade de Deus.
- Toda exaltação verdadeira vem depois da humildade. Deus exalta o contrito e abate o soberbo (Mt 23:12).
🕊️ 1.3. Ana fez um voto com Deus
O voto de Ana (1Sm 1:11) é um dos mais notáveis do Antigo Testamento, tanto por sua profundidade espiritual quanto por seu cumprimento fiel. Naquela cultura, a esterilidade era vista como maldição divina (Gn 30:1; Sl 113:9). A humilhação sofrida por Ana diante de Penina tornou-se o ponto de virada para sua fé amadurecida.
“E fez um voto, dizendo: Senhor dos Exércitos, se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares [...] ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.” (1Sm 1:11)
🔍 Análise das palavras hebraicas
Palavra | Hebraico | Transliteração | Significado | Observação teológica |
Voto | נֶדֶר (neder) | “promessa sagrada, voto solene” | Expressa compromisso formal e irrevogável com Deus | |
Fazer um voto | נָדַר (nadar) | “prometer solenemente” | É uma ação de fé e entrega total, devendo ser cumprida (Ec 5:4-5) | |
Serva | אֲמָתֶךָ (amateka) | “tua serva” | Indica humildade e submissão diante de Deus | |
Senhor dos Exércitos | יְהוָה צְבָאוֹת (YHWH Tzevaot) | “Senhor das hostes celestiais” | Título militar e majestoso de Deus — o Senhor soberano sobre toda força | |
Navalha | תַּעַר (taʿar) | “lâmina” | Sinal do voto de separação — remete ao voto nazireu (Nm 6) |
🕯️ Aspecto teológico
O voto de Ana é ato de fé, não de barganha. Ela não negocia com Deus, mas promete que, se for abençoada, dedicará o fruto inteiramente a Ele.
Deus honra a sinceridade do coração e transforma o ventre estéril em berço de profeta.
O Pr. Valdir Bícego observa que Ana foi honrada pelo Senhor (1Sm 2:21) e cita Salmos 113:9 — “Faz com que a mulher estéril habite em família e seja alegre mãe de filhos.”
A humilhada foi exaltada. A mulher desprezada tornou-se mãe de Samuel, aquele que seria profeta, sacerdote e juiz, ungindo Saul e Davi, os primeiros reis de Israel.
Ana experimentou o princípio do Reino:
“Os que se humilham serão exaltados.” (Mt 23:12)
✨ Aplicação pessoal
- Fazer voto exige responsabilidade espiritual. É melhor não prometer do que prometer e não cumprir (Ec 5:5).
- Deus se agrada de compromissos sinceros. O voto deve vir de fé e amor, não de interesse.
- Entregar o que se ama é adoração. Ana devolveu a Deus o filho que tanto desejou — esse é o verdadeiro culto (Rm 12:1).
- O cumprimento do voto traz multiplicação. Ana recebeu não apenas Samuel, mas mais cinco filhos (1Sm 2:21).
- Votos sinceros geram legado espiritual. A obediência de Ana produziu Samuel, um dos maiores líderes espirituais de Israel.
📊 Tabela expositiva — Humildade e Voto de Ana
Tema | Referência | Palavra hebraica | Significado | Princípio espiritual | Aplicação prática |
Humildade diante de Deus | Pv 15:33 / 1Sm 1:10 | עֲנָוָה (ʿanavah) | Modéstia, submissão | A humildade precede a honra | Submeta-se à vontade de Deus em oração |
Alma amargurada | 1Sm 1:10 | מָרַת נָפֶשׁ (marat néfesh) | Dor interior sincera | Deus transforma lágrimas em bênçãos | Ore mesmo na dor — Deus vê seu coração |
Oração perseverante | 1Sm 1:10-12 | הִתְפַּלֵּל (hitpallel) | Orar intensamente | Oração sincera move o coração de Deus | Não desista — continue orando |
O voto | 1Sm 1:11 | נֶדֶר (neder) | Promessa sagrada | Votos são compromissos espirituais | Cumpra o que promete ao Senhor |
Consagração total | 1Sm 1:11 | תַּעַר (taʿar) – “navalha” | Sinal de separação | O filho seria inteiramente de Deus | Entregue seus dons e bênçãos a Deus |
Exaltação divina | 1Sm 2:21 / Sl 113:9 | נָשָׂא (nasaʾ) – “elevar” | Deus exalta o humilde | A humildade é o caminho da honra | Seja fiel — Deus o exaltará no tempo certo |
🕊️ Síntese final
A história de Ana revela a teologia da humildade e da consagração.
Ela se humilhou, orou e votou — e Deus respondeu com graça.
Seu testemunho ensina que a oração humilde é o caminho da vitória espiritual e que os votos cumpridos são sementes de novos milagres.
Deus transformou sua vergonha em honra, sua dor em cântico e seu clamor em ministério.
A mulher humilhada gerou o profeta que ungiu reis.
Assim, Ana se torna símbolo da fé que ora, confia, entrega e colhe — modelo de adoração sincera e obediência completa.
EU ENSINEI QUE:
A humildade levou Ana à vitória tão esperada, uma vez que a humildade precede a honra (Pv 15.33).
2- A oração de Ana
Ana ainda é lembrada como um exemplo de fé, oração e perseverança. Ela estava orando com amargura de alma e chorando muito quando fez o seguinte voto: se o Senhor lhe desse um filho varão, ela daria o menino para servir ao Senhor pela vida toda (1 Sm 1.10,11). Ana, após anos de esterilidade e angústia, recebeu a bênção de conceber Samuel, que mais tarde se tornaria um grande profeta e juiz em Israel.
2.1. Ana perseverou em oração. Ana entendeu que não podia retroceder nem abdicar de seu sonho (Hb 10.38,39), e a sua atitude de fé perseverante a faz ser lembrada até hoje. A história de Samuel também começa com a oração de sua mãe. A resposta veio, sugerindo que os dons de Deus muitas vezes vêm com um propósito maior: Samuel foi um presente para Ana, mas também um instrumento divino para o povo de Israel.
Bispo Samuel Ferreira (1998): “A vida de Ana traz até nós a realidade do Deus do impossível. Após anos vivendo uma situação difícil, Ana busca a presença do Senhor, lutando por um filho que nunca havia chegado por ser estéril. A perseverança de Ana diante do Senhor e a palavra profética do sacerdote Eli fizeram dela uma mulher vitoriosa. A vitória de Ana ainda hoje é motivo de inspiração e desafio para muitos que desejam uma bênção de Deus. Creia no Deus de Ana, pois Ele também é o seu Deus”.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
1. Texto e leitura sintética
1 Samuel 1:10–11, 20 conta a cena nuclear: Ana, com “amargura de alma” e em pranto, faz um voto ao Senhor pedindo um filho; Deus responde e ela concebe Samuel, a quem consagra ao Senhor segundo o voto. A narrativa sublinha três coisas: (a) oração perseverante em tempo de dor; (b) voto solene como forma de entrega/consagração; (c) a resposta de Deus que ultrapassa o pedido pessoal para realizar um propósito histórico.
2. Análise léxica e semântica (hebraico / grego)
2.1. חַנָּה — Ḥannāh (Ana)
- Significado: “graça”, “favor”. O próprio nome aponta para a ótica teológica do relato: a criança concebida é fruto da graça divina.
- Implicação teológica: a bênção é dom da graça, não recompensa merecida.
2.2. הִתְפַּלֵּל / פָּלַל — hitpallel / palal (orar, interceder)
- Forma: hitpallel — forma reflexiva/intensiva que indica oração profunda e repetida.
- Sentido: não é oração formal, mas súplica perseverante e pessoal (“orar com amargura de alma”).
- Paralelo no NT (termo/idéia): προσευχή (proseuchē) — oração; e ὑπομονή (hypomonē) — perseverança/constância na tribulação (Rm, Hb, etc.).
2.3. נֶדֶר / נָדַר — neder / nadar (voto)
- Significado: compromisso solene feito a Deus; juridicamente vinculante na cultura israelita.
- Observação: voto é sério — Ec 5:4–5 adverte contra juramentos levianos; Ana, contudo, faz e depois cumpre o voto, mostrando integridade.
2.4. שָׁאַל / שְׁמוּאֵל — shaʻal / Shemu’el
- Shaʻal (pedir) e a derivação no nome Shemuel (interpretações: “pedido a Deus” ou “Deus ouviu”). Toda vez que se pronuncia o nome, a família lembra-se que Deus ouviu.
2.5. נָתַן — natan (dar, conceder)
- Uso: indica a iniciativa graciosa de Deus ao conceder o pedido — forma simples de ação divina: Deus dá.
3. Observações exegéticas e teológicas
- Perseverança em contexto de humilhação: Ana ora em amargura (מָרַת נָפֶשׁ), o que torna sua oração expressão de confiança e combate espiritual: ela não desiste apesar da dor e da humilhação pública (Penina). A Bíblia valoriza esse tipo de oração que persiste (cf. Rm 12:12; Hb 10:36–39).
- O voto como expressão de entrega, não barganha: Ana promete entregar o filho “ao Senhor” e manter sua cabeça sem navalha — sinais de consagração. A prática não é superstição: é compromisso de gratidão e de dedicação ao serviço sacerdotal/profético. Cumprir voto demonstra coerência ética e espiritual.
- Resposta de Deus com propósito redentor: Samuel não é apenas “filho para Ana”; torna-se figura messiológica e institucional — profeta, juiz e formador do reino (ungiu Saul e Davi). Assim, a intervenção divina atende ao drama pessoal e realiza plano amplo para Israel.
- A oração que move — e o tempo divino: a narrativa mostra que Deus responde, mas “no tempo dele” (v.20 “passado algum tempo”); perseverança é chamada a confiar no tempo e na sabedoria de Deus.
4. Aplicação pessoal prática
- Não desista da oração em tempos longos de espera. A perseverança de Ana é modelo: ore com sinceridade, lágrima e firmeza. Estabeleça rotinas de oração e registre respostas (diário de oração).
- Se fizer um compromisso (voto), cumpra-o. Votos e promessas diante de Deus exigem responsabilidade — antes de prometer, ore; se prometeu, cumpra.
- Consagre o que você recebe. Quando Deus responde a uma oração, responda com entrega (tempo, talento, filho, ministério). Gratidão ativa é adoração.
- Pense além do seu pedido. Ore esperando que Deus faça algo maior do que você pediu; esteja disposto a que a bênção sirva a propósitos comunitários e eternos.
- Procure apoio pastoral e comunitário. Assim como Eli teve papel na confirmação da oração (1Sm 1:17), a comunidade de fé deve acolher, discernir e orientar em momentos de oração intensa e decisões de voto.
5. Tabela expositiva — A Oração de Ana (pronta para slide)
Item
Texto chave
Termo heb./grego
Significado/Nota
Implicação teológica
Aplicação prática
Nome
1Sm 1:20
חַנָּה (Ḥannāh)
“Graça / favor”
Bênção entendida como graça divina
Reconhecer bênçãos como dom, não mérito
Oração intensa
1Sm 1:10
הִתְפַּלֵּל (hitpallel)
Oração perseverante, clamor
Perseverança move o coração de Deus
Cultive rotina de oração; diário de súplicas
Voto / consagração
1Sm 1:11
נֶדֶר (neder)
Promessa solene a Deus
Votos são compromisso sério (Ec 5:4–5)
Reflita antes de prometer; cumpra o prometido
Resposta divina
1Sm 1:20
נָתַן (natan)
Deus concede por graça
Deus age segundo seu propósito e tempo
Espere no tempo de Deus; registre respostas
Nome do filho
1Sm 1:20
שְׁמוּאֵל (Shemu’el)
“Pedido a Deus / Deus ouviu”
Memória teológica: Deus ouve
Viva em gratidão; todo nome lembra graça
Propósito maior
1Sm 3; 1Sm 7–12
—
Samuel: profeta, juiz, formador de reis
Deus usa bênçãos pessoais para fins redentores
Disponha-se a servir para além da benção pessoal
6. Pequeno guia prático (3 passos) para aplicar a lição de Ana
- Orar com transparência: reserve momentos específicos para levar ao Senhor o “peso do ventre” (desejo profundo); não tenha medo de lágrimas ni de clamor sinceros.
- Decidir com sabedoria antes de prometer: se for fazer voto, escreva o compromisso, ore e peça conselho pastoral.
- Consagrar o fruto da bênção: quando Deus responder, devolva parte à obra d’Ele — tempo, serviço, testemunho — e convide a comunidade a participar da consagração.
7. Conclusão
Ana é modelo clássico de oração perseverante que confessa sua dor, assume compromisso sério e, ao receber a resposta, devolve ao Senhor o fruto da graça. O relato combina experiência íntima e propósito público: Deus ouve a humilde, concede conforme sua graça e usa a bênção para mover a história da redenção. Aprendemos a orar com constância, a prometer com responsabilidade e a servir com gratidão.
1. Texto e leitura sintética
1 Samuel 1:10–11, 20 conta a cena nuclear: Ana, com “amargura de alma” e em pranto, faz um voto ao Senhor pedindo um filho; Deus responde e ela concebe Samuel, a quem consagra ao Senhor segundo o voto. A narrativa sublinha três coisas: (a) oração perseverante em tempo de dor; (b) voto solene como forma de entrega/consagração; (c) a resposta de Deus que ultrapassa o pedido pessoal para realizar um propósito histórico.
2. Análise léxica e semântica (hebraico / grego)
2.1. חַנָּה — Ḥannāh (Ana)
- Significado: “graça”, “favor”. O próprio nome aponta para a ótica teológica do relato: a criança concebida é fruto da graça divina.
- Implicação teológica: a bênção é dom da graça, não recompensa merecida.
2.2. הִתְפַּלֵּל / פָּלַל — hitpallel / palal (orar, interceder)
- Forma: hitpallel — forma reflexiva/intensiva que indica oração profunda e repetida.
- Sentido: não é oração formal, mas súplica perseverante e pessoal (“orar com amargura de alma”).
- Paralelo no NT (termo/idéia): προσευχή (proseuchē) — oração; e ὑπομονή (hypomonē) — perseverança/constância na tribulação (Rm, Hb, etc.).
2.3. נֶדֶר / נָדַר — neder / nadar (voto)
- Significado: compromisso solene feito a Deus; juridicamente vinculante na cultura israelita.
- Observação: voto é sério — Ec 5:4–5 adverte contra juramentos levianos; Ana, contudo, faz e depois cumpre o voto, mostrando integridade.
2.4. שָׁאַל / שְׁמוּאֵל — shaʻal / Shemu’el
- Shaʻal (pedir) e a derivação no nome Shemuel (interpretações: “pedido a Deus” ou “Deus ouviu”). Toda vez que se pronuncia o nome, a família lembra-se que Deus ouviu.
2.5. נָתַן — natan (dar, conceder)
- Uso: indica a iniciativa graciosa de Deus ao conceder o pedido — forma simples de ação divina: Deus dá.
3. Observações exegéticas e teológicas
- Perseverança em contexto de humilhação: Ana ora em amargura (מָרַת נָפֶשׁ), o que torna sua oração expressão de confiança e combate espiritual: ela não desiste apesar da dor e da humilhação pública (Penina). A Bíblia valoriza esse tipo de oração que persiste (cf. Rm 12:12; Hb 10:36–39).
- O voto como expressão de entrega, não barganha: Ana promete entregar o filho “ao Senhor” e manter sua cabeça sem navalha — sinais de consagração. A prática não é superstição: é compromisso de gratidão e de dedicação ao serviço sacerdotal/profético. Cumprir voto demonstra coerência ética e espiritual.
- Resposta de Deus com propósito redentor: Samuel não é apenas “filho para Ana”; torna-se figura messiológica e institucional — profeta, juiz e formador do reino (ungiu Saul e Davi). Assim, a intervenção divina atende ao drama pessoal e realiza plano amplo para Israel.
- A oração que move — e o tempo divino: a narrativa mostra que Deus responde, mas “no tempo dele” (v.20 “passado algum tempo”); perseverança é chamada a confiar no tempo e na sabedoria de Deus.
4. Aplicação pessoal prática
- Não desista da oração em tempos longos de espera. A perseverança de Ana é modelo: ore com sinceridade, lágrima e firmeza. Estabeleça rotinas de oração e registre respostas (diário de oração).
- Se fizer um compromisso (voto), cumpra-o. Votos e promessas diante de Deus exigem responsabilidade — antes de prometer, ore; se prometeu, cumpra.
- Consagre o que você recebe. Quando Deus responde a uma oração, responda com entrega (tempo, talento, filho, ministério). Gratidão ativa é adoração.
- Pense além do seu pedido. Ore esperando que Deus faça algo maior do que você pediu; esteja disposto a que a bênção sirva a propósitos comunitários e eternos.
- Procure apoio pastoral e comunitário. Assim como Eli teve papel na confirmação da oração (1Sm 1:17), a comunidade de fé deve acolher, discernir e orientar em momentos de oração intensa e decisões de voto.
5. Tabela expositiva — A Oração de Ana (pronta para slide)
Item | Texto chave | Termo heb./grego | Significado/Nota | Implicação teológica | Aplicação prática |
Nome | 1Sm 1:20 | חַנָּה (Ḥannāh) | “Graça / favor” | Bênção entendida como graça divina | Reconhecer bênçãos como dom, não mérito |
Oração intensa | 1Sm 1:10 | הִתְפַּלֵּל (hitpallel) | Oração perseverante, clamor | Perseverança move o coração de Deus | Cultive rotina de oração; diário de súplicas |
Voto / consagração | 1Sm 1:11 | נֶדֶר (neder) | Promessa solene a Deus | Votos são compromisso sério (Ec 5:4–5) | Reflita antes de prometer; cumpra o prometido |
Resposta divina | 1Sm 1:20 | נָתַן (natan) | Deus concede por graça | Deus age segundo seu propósito e tempo | Espere no tempo de Deus; registre respostas |
Nome do filho | 1Sm 1:20 | שְׁמוּאֵל (Shemu’el) | “Pedido a Deus / Deus ouviu” | Memória teológica: Deus ouve | Viva em gratidão; todo nome lembra graça |
Propósito maior | 1Sm 3; 1Sm 7–12 | — | Samuel: profeta, juiz, formador de reis | Deus usa bênçãos pessoais para fins redentores | Disponha-se a servir para além da benção pessoal |
6. Pequeno guia prático (3 passos) para aplicar a lição de Ana
- Orar com transparência: reserve momentos específicos para levar ao Senhor o “peso do ventre” (desejo profundo); não tenha medo de lágrimas ni de clamor sinceros.
- Decidir com sabedoria antes de prometer: se for fazer voto, escreva o compromisso, ore e peça conselho pastoral.
- Consagrar o fruto da bênção: quando Deus responder, devolva parte à obra d’Ele — tempo, serviço, testemunho — e convide a comunidade a participar da consagração.
7. Conclusão
Ana é modelo clássico de oração perseverante que confessa sua dor, assume compromisso sério e, ao receber a resposta, devolve ao Senhor o fruto da graça. O relato combina experiência íntima e propósito público: Deus ouve a humilde, concede conforme sua graça e usa a bênção para mover a história da redenção. Aprendemos a orar com constância, a prometer com responsabilidade e a servir com gratidão.
2.2. Ana foi grata. Ao dizer: “O Senhor me concedeu a minha petição que eu lhe tinha pedido” (1 Sm 1.27), Ana expressa gratidão e reconhecimento pela bênção de Deus. Isso nos ensina a importância de dar o devido crédito a Deus pelas vitórias em nossa vida. Com aprendemos com Tiago, o líder da primitiva em Jerusalém: “Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação”, Tg 1.12 ARA. Ana suportou, perseverou, creu e, após receber a bênção pedida, expressou sua gratidão e cumpriu seu voto a Deus.
Bispo Samuel Ferreira (1998): “Ana perseverou diante do Senhor. A vitória de Ana se deu também devido a sua perseverança: “E sucedeu que, perseverando ela em orar perante o Senhor, Eli fez atenção à sua boca” (1 Sm 1.12). Diante de tantas dificuldades à sua volta, Ana precisou lutar com Deus em oração: isso é perseverança. O Apóstolo Paulo nos ensina que devemos perseverar na oração (Rm 12.12). Foi pela perseverança que a Igreja Primitiva triunfou diante das lutas e tribulações (At 2.42). Jesus nos ensinou a orar sempre e nunca desfalecer (Lc 18.1)”.
2.3. O choro sincero de Ana. O choro de Ana expressou a dor de sua alma. Seu pranto não era apenas por tristeza, mas um clamor profundo a Deus: “Ela, pois, com amargura de alma, orou ao Senhor e chorou abundantemente”; 1 Sm 1.10. Seu choro revelou sua vulnerabilidade, mas também sua confiança absoluta em Deus, e a resposta veio em 1 Sm 1.27, quando o Senhor transformou suas lágrimas em alegria. O choro de Ana nos ensina que, mesmo em meio ao sofrimento, a súplica sincera encontra eco no coração de Deus: “Os justos clamam, e o Senhor os ouve”; Sl 34.17.
Bispo Samuel Ferreira (1998): “Ana, uma mulher de lágrimas. O marido de Ana via toda sua situação, se condoía por ela, mas nada podia fazer: “Então Elcana, seu marido, lhe disse: Ana, por que choras? E por que não comes? E por que está mal o teu coração?”, 1 Sm 1.8. Ana era uma mulher de lágrimas e angústias, mas suas lágrimas eram anotadas no livro de Deus (Sl 56.8). Deus vê quando choramos em sua presença: “…e vi as tuas lágrimas…”, Is 38.5. Por isso, Jesus afirmou: “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados”, Mt 5.4.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
2.2 — A GRATIDÃO DE ANA (1 Sm 1.27)
Texto-base
“Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a minha petição, que eu lhe tinha pedido.” (1 Sm 1.27)
1) Observação exegética e teológica
Ana articula gratidão explícita: ela reconhece que o que recebeu foi resposta divina à sua súplica. Esse reconhecimento não é meramente emocional; é teológico — ela confessa a iniciativa e graça de Deus (não mérito humano). A resposta divina cumpre-se “no tempo do Senhor”, e Ana responde com louvor e cumprimento do voto (1 Sm 1.24–28). A atitude de gratidão encadeia o ciclo bíblico: dor → oração → resposta → consagração → louvor.
2) Análise lexical (hebraico / grego paralelo)
- שָׁאַל / שְׁאוֹלוּת (shaʻal / she’elah) — “pedir/oração” (hebraico). “O Senhor me concedeu a minha petição” lembra que o pedido foi ouvido.
- נָתַן (natan) — “dar/conceder”: verbo que destaca a iniciativa graciosa de Deus.
- תּוֹדָה / תּוֹדָה לַיהוָה (todah / todah la-YHWH) — “ação de graças / dar graças ao Senhor”: tema recorrente pós-resposta.
- No NT, a perseverança ligada à oração aparece em termos como προσευχή (proseuchē) — oração — e ὑπομονή (hypomonē) — perseverança/longanimidade (Rm 12.12; Lc 18.1; Tg 1.12). Estes termos iluminam a dimensão ativa da espera e da confiança.
3) Aplicação pastoral e pessoal
- Cultive memória de graça: registre bênçãos e proclame louvor; agradecer evita idolatria do que foi alcançado.
- Faça da gratidão resposta prática: cumpra votos (quando legítimos), consagre tempo e talentos ao serviço de Deus.
- Ensine a comunidade: celebre testemunhos de resposta à oração para fortalecer fé coletiva.
2.3 — O CHORO SINCERO DE ANA (1 Sm 1.10; Sl 34.17; Sl 56.8; Is 38.5; Mt 5.4)
1) Observação exegética e teológica
O texto enfatiza que Ana orou “com amargura de alma e chorou abundantemente” (מָרַת נָפֶשׁ; הִתְפַּלֵּל). Seu pranto é autêntico — expressão de vulnerabilidade, não teatralidade. A Bíblia valoriza a lágrima sincera como linguagem do coração que Deus acolhe (Salmos, Isaías, e os ensinamentos de Jesus: “Bem-aventurados os que choram…”). O choro, quando acompanhado de fé, é porta de consolação e transformação: Deus “vira as lágrimas em alegria”.
2) Análise lexical (hebraico / grego)
- מָרַת נָפֶשׁ (marat néfesh) — “amargura de alma”: termo que aponta dor profunda do ser.
- בָּכָה / בְּכִי (bakah / bechah) — “chorar, prantear”: ação repetida e intensa.
- Δάκρυον (dakruon) — “lágrima” (grego); no NT, a lágrima aparece como símbolo de dor legítima e esperança escatológica (Ap 21:4).
- “As tuas lágrimas estão no livro” (Salmo 56:8 — Heb. דִּמְעָתֶיךָ dim‘atecha): ideia de que Deus registra e valoriza lágrimas — não são perdidas.
- Isaías 38:5 (Deus “viu” o pranto) — a linguagem profética assegura que o Senhor percebe a lágrima humana.
3) Dimensão pastoral e hermenêutica
- O choro autêntico tem valor sacramental: é forma de oração que derruba máscaras e revela dependência.
- A tradição cristã (salmos, profetas, Jesus) conecta o pranto ao consolo divino. Que a comunidade aprenda a acolher o que chora — pastoral de presença.
- O choro é também pedagógico: mostra limites humanos, convida à esperança e à espera confiada.
4) Aplicação pessoal
- Não reprima o pranto: leve ao Senhor suas lágrimas; pratique oração honesta e quebrantada.
- Mantenha um “diário de lágrimas e graças”: escreva pedidos e, quando forem respondidos, registre e agradeça.
- Cultive ambientes na igreja onde o lamento é permitido (culto de cura, grupo de oração, aconselhamento).
- Lembre-se: lágrimas não são sinais de fraqueza definitiva, mas passos no caminho da restauração.
TABELA EXPOSITIVA — Gratidão e Lamento (uso em slide / folheto)
Item
Texto(s)
Palavra-chave (Heb./Gr.)
Sentido / Observação
Aplicação prática
Gratidão de Ana
1Sm 1.27; 1.24–28
נָתַן (natan) — “dar” / תּוֹדָה (todah) — “ação de graças”
Reconhecimento teológico: o dom vem de Deus (não mérito)
Registre bênçãos; devolva com consagração (tempo, talento, filhos)
Perseverança
Rm 12.12; Lc 18.1; Tg 1.12
προσευχή (proseuchē) / ὑπομονή (hypomonē)
Oração contínua + perseverança na tribulação
Estabeleça rotina de oração; diário de súplica; peça orientação pastoral
Oração em pranto
1Sm 1.10
מָרַת נָפֶשׁ (marat néfesh) — “alma amarga”
Choro sincero que expressa vulnerabilidade e confiança
Permita lágrimas na oração; pratique oração de lamentação
Lágrimas anotadas
Sl 56.8
דִּמְעָה (dim‘ah) — “lágrima”
Deus recolhe e lembra as lágrimas (valor registrado)
Consolação pastoral: reconhecer e orar pelas lágrimas
Consolação
Mt 5.4; Sl 34.17
μακάριοι οἱ πενθῶντες / צָעַק (tsa‘aq) — clamar
“Bem-aventurados os que choram; serão consolados”
Pastoral de presença e esperança; culto de cura
Propósito maior
1Sm 1.20 e seq.
שְׁמוּאֵל (Shemu’el) — “pedido/ Deus ouviu”
A bênção pessoal integra um propósito comunitário (Samuel: profeta/julgador)
Disponha bênçãos recebidas ao serviço do Reino
Pequenas conclusões práticas (resumidas)
- A gratidão consciente reinterpreta a bênção: dizer “o Senhor me concedeu” é transformar o benefício em testemunho — e isso edifica a fé da comunidade.
- O choro é linguagem legítima diante de Deus: traga lágrimas à oração; Deus “ouve” e tem memória das nossas dores.
- Perseverança e humildade caminham juntas: choro sincero + oração perseverante + entrega (voto/consagração) abrem caminho para respostas que muitas vezes têm alcance muito maior do que o desejado inicialmente.
- Prática comunitária: crie espaço na igreja para testemunhos de resposta e para liturgias de lamentação e consolação.
2.2 — A GRATIDÃO DE ANA (1 Sm 1.27)
Texto-base
“Por este menino orava eu; e o Senhor me concedeu a minha petição, que eu lhe tinha pedido.” (1 Sm 1.27)
1) Observação exegética e teológica
Ana articula gratidão explícita: ela reconhece que o que recebeu foi resposta divina à sua súplica. Esse reconhecimento não é meramente emocional; é teológico — ela confessa a iniciativa e graça de Deus (não mérito humano). A resposta divina cumpre-se “no tempo do Senhor”, e Ana responde com louvor e cumprimento do voto (1 Sm 1.24–28). A atitude de gratidão encadeia o ciclo bíblico: dor → oração → resposta → consagração → louvor.
2) Análise lexical (hebraico / grego paralelo)
- שָׁאַל / שְׁאוֹלוּת (shaʻal / she’elah) — “pedir/oração” (hebraico). “O Senhor me concedeu a minha petição” lembra que o pedido foi ouvido.
- נָתַן (natan) — “dar/conceder”: verbo que destaca a iniciativa graciosa de Deus.
- תּוֹדָה / תּוֹדָה לַיהוָה (todah / todah la-YHWH) — “ação de graças / dar graças ao Senhor”: tema recorrente pós-resposta.
- No NT, a perseverança ligada à oração aparece em termos como προσευχή (proseuchē) — oração — e ὑπομονή (hypomonē) — perseverança/longanimidade (Rm 12.12; Lc 18.1; Tg 1.12). Estes termos iluminam a dimensão ativa da espera e da confiança.
3) Aplicação pastoral e pessoal
- Cultive memória de graça: registre bênçãos e proclame louvor; agradecer evita idolatria do que foi alcançado.
- Faça da gratidão resposta prática: cumpra votos (quando legítimos), consagre tempo e talentos ao serviço de Deus.
- Ensine a comunidade: celebre testemunhos de resposta à oração para fortalecer fé coletiva.
2.3 — O CHORO SINCERO DE ANA (1 Sm 1.10; Sl 34.17; Sl 56.8; Is 38.5; Mt 5.4)
1) Observação exegética e teológica
O texto enfatiza que Ana orou “com amargura de alma e chorou abundantemente” (מָרַת נָפֶשׁ; הִתְפַּלֵּל). Seu pranto é autêntico — expressão de vulnerabilidade, não teatralidade. A Bíblia valoriza a lágrima sincera como linguagem do coração que Deus acolhe (Salmos, Isaías, e os ensinamentos de Jesus: “Bem-aventurados os que choram…”). O choro, quando acompanhado de fé, é porta de consolação e transformação: Deus “vira as lágrimas em alegria”.
2) Análise lexical (hebraico / grego)
- מָרַת נָפֶשׁ (marat néfesh) — “amargura de alma”: termo que aponta dor profunda do ser.
- בָּכָה / בְּכִי (bakah / bechah) — “chorar, prantear”: ação repetida e intensa.
- Δάκρυον (dakruon) — “lágrima” (grego); no NT, a lágrima aparece como símbolo de dor legítima e esperança escatológica (Ap 21:4).
- “As tuas lágrimas estão no livro” (Salmo 56:8 — Heb. דִּמְעָתֶיךָ dim‘atecha): ideia de que Deus registra e valoriza lágrimas — não são perdidas.
- Isaías 38:5 (Deus “viu” o pranto) — a linguagem profética assegura que o Senhor percebe a lágrima humana.
3) Dimensão pastoral e hermenêutica
- O choro autêntico tem valor sacramental: é forma de oração que derruba máscaras e revela dependência.
- A tradição cristã (salmos, profetas, Jesus) conecta o pranto ao consolo divino. Que a comunidade aprenda a acolher o que chora — pastoral de presença.
- O choro é também pedagógico: mostra limites humanos, convida à esperança e à espera confiada.
4) Aplicação pessoal
- Não reprima o pranto: leve ao Senhor suas lágrimas; pratique oração honesta e quebrantada.
- Mantenha um “diário de lágrimas e graças”: escreva pedidos e, quando forem respondidos, registre e agradeça.
- Cultive ambientes na igreja onde o lamento é permitido (culto de cura, grupo de oração, aconselhamento).
- Lembre-se: lágrimas não são sinais de fraqueza definitiva, mas passos no caminho da restauração.
TABELA EXPOSITIVA — Gratidão e Lamento (uso em slide / folheto)
Item | Texto(s) | Palavra-chave (Heb./Gr.) | Sentido / Observação | Aplicação prática |
Gratidão de Ana | 1Sm 1.27; 1.24–28 | נָתַן (natan) — “dar” / תּוֹדָה (todah) — “ação de graças” | Reconhecimento teológico: o dom vem de Deus (não mérito) | Registre bênçãos; devolva com consagração (tempo, talento, filhos) |
Perseverança | Rm 12.12; Lc 18.1; Tg 1.12 | προσευχή (proseuchē) / ὑπομονή (hypomonē) | Oração contínua + perseverança na tribulação | Estabeleça rotina de oração; diário de súplica; peça orientação pastoral |
Oração em pranto | 1Sm 1.10 | מָרַת נָפֶשׁ (marat néfesh) — “alma amarga” | Choro sincero que expressa vulnerabilidade e confiança | Permita lágrimas na oração; pratique oração de lamentação |
Lágrimas anotadas | Sl 56.8 | דִּמְעָה (dim‘ah) — “lágrima” | Deus recolhe e lembra as lágrimas (valor registrado) | Consolação pastoral: reconhecer e orar pelas lágrimas |
Consolação | Mt 5.4; Sl 34.17 | μακάριοι οἱ πενθῶντες / צָעַק (tsa‘aq) — clamar | “Bem-aventurados os que choram; serão consolados” | Pastoral de presença e esperança; culto de cura |
Propósito maior | 1Sm 1.20 e seq. | שְׁמוּאֵל (Shemu’el) — “pedido/ Deus ouviu” | A bênção pessoal integra um propósito comunitário (Samuel: profeta/julgador) | Disponha bênçãos recebidas ao serviço do Reino |
Pequenas conclusões práticas (resumidas)
- A gratidão consciente reinterpreta a bênção: dizer “o Senhor me concedeu” é transformar o benefício em testemunho — e isso edifica a fé da comunidade.
- O choro é linguagem legítima diante de Deus: traga lágrimas à oração; Deus “ouve” e tem memória das nossas dores.
- Perseverança e humildade caminham juntas: choro sincero + oração perseverante + entrega (voto/consagração) abrem caminho para respostas que muitas vezes têm alcance muito maior do que o desejado inicialmente.
- Prática comunitária: crie espaço na igreja para testemunhos de resposta e para liturgias de lamentação e consolação.
EU ENSINEI QUE:
Ana ainda é lembrada como um exemplo de fé, oração e perseverança.
3- A fidelidade de Ana
Quando Samuel foi desmamado, Ana não hesitou em levar o menino ao Templo para servir sob a tutela do sacerdote Eli (1 Sm 1.24-27). Em vez de recuar diante do sacrifício de deixar ali seu tão desejado filho, ela declarou: “Ao Senhor eu o entreguei”; 1 Sm 1.28. Ao cumprir seu voto, Ana mostrou sua fidelidade e obediência ao Deus que ouviu seu clamor (Ec 5.4).
3.1. Não faça voto de tolo. O Senhor não se agrada de quem vota e não cumpre, fazendo voto de tolo (Ec 5.1-5). No hebraico, o termo neder significa “voto”; “promessa”; e está ligado, pela mesma raiz, à nadir, que significa “raro”; “incomum’: Assim, fazer um voto a Deus é assumir o raro compromisso e cumprir a promessa, conforme o propósito específico pretendido pelo votante. Essa atitude é essencial para manter o vínculo de fidelidade com Deus: “Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o. Melhor é que não votes do que votes e não pagues”; Ec 5.4,5).
Bispo Samuel Ferreira (1998): “Ana cumpre seu voto perante o Senhor. Era desejo de Ana cumprir o seu voto; mas, como uma mãe cuidadosa, ela esperou o tempo determinado para que Samuel fosse desmamado (1 Sm 1.22). Só então o levou à Casa de Deus: “E, havendo- -o desmamado, o levou consigo… e o trouxe à casa do Senhor, a Siló, e era o menino ainda muito criança”, 1 Sm 1.24. Ana trouxe consigo uma oferta ao Senhor e, diante de Eli, ela declarou a razão do seu voto e da sua alegria (1Sm 1.26-28). O verdadeiro crente se alegra quando paga seus votos ao Senhor (Sl 116.12-14).
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
3. A fidelidade de Ana (1Sm 1.24–28)
A cena do desmame e da entrega de Samuel é o clímax da narrativa: Ana recebe a bênção que pediu, mas — ao contrário de quem retém o fruto para si — cumpre fielmente o voto que fizera a Deus. Sua atitude revela quatro dimensões teológicas e práticas: 1) fidelidade ao Senhor; 2) integridade ética no cumprimento do voto; 3) entrega sacrificial (consagração ao serviço sagrado); 4) paciência pastoral (esperar o desmame antes de cumprir). Essas dimensões modelam a conduta cristã diante de bênçãos e compromissos.
1. Leitura exegética rápida
Quando Samuel é desmamado Ana leva-o ao tabernáculo em Siló, apresenta oferta — e diz a Eli: “Por este menino eu orei; e o Senhor me deu a minha petição. Por isso também eu o emprestei ao Senhor; todos os dias que viver ele será emprestado ao Senhor.” (1Sm 1.24–28, paráfrase). A entrega é pública, acompanhada de sacrifício e de uma declaração verbal que confirma o voto cumprido.
2. Análise lexical (hebraico) — termos-chave
- נֶדֶר (neder) — voto, promessa solene
- Raiz: נ־ד־ר. No AT o neder é juridicamente sério: quem vota deve pagar / cumprir; Ec 5.4–5 adverte contra votos levianos. Um neder é “raro” no sentido de solene: é uma categoria moral e religiosa distinta do dia-a-dia.
- נָדַר / נָדַרְתִּי (nadar / nadarti) — fazer voto
- Verbo que expressa o ato voluntário e deliberado de assumir compromisso diante de Deus.
- תְּשַׁלֵּם (tashlem) / שָׁלַם (shalam) — cumprir, pagar, restituir/entregar (campo semântico de “pagar o voto”)
- Cumprir o neder tem uma dimensão de restituição / prestação: Ana “paga” sua promessa entregando o filho.
- לוּד / לָקַח (laqach) vs. תָּקַר (takor?) — entrega/consagração:
- Ana “leva” (הָבִיאָה — hava’ah) o menino ao Senhor; verbo de levar/introduzir no âmbito do culto.
- מְנוּחָה / נְדָנִים — o elemento do sacrifício/oferta (ela trouxe uma oferta conforme suas posses) — demonstração de gratidão pública.
- בְּרִית / עֲבוֹדָה — o sentido de “serviço” — Samuel para “servir” ao Senhor (עָבַד) — consagração de vida ao ministério.
3. Questões teológicas e éticas
- O voto é sério: A Escritura reconhece o voto como legítimo, mas o disciplina (Ec 5). Ana não faz voto leviano; sua petição vem do coração aflito e ela cumpre o que prometeu — isso enfatiza a integridade cristã: compromisso feito a Deus é compromisso a ser honrado.
- Entrega voluntária ≠ desumanização: Entregar Samuel ao templo não é abandonar a paternidade/maternidade, mas consagrar o fruto ao serviço divino. Essa entrega era praticada no contexto do culto do AT e simboliza que o dom recebido pertence a Deus. Ana demonstra prioridade teológica: bênçãos são para glória de Deus e para serviço comunitário.
- Tempo e sabedoria pastoral: Ana espera o desmame (1Sm 1.22) — ato de prudência maternal — e só então cumpre o voto. O cumprimento do voto é, portanto, responsável, não impulsivo. A obediência a Deus alia-se à sabedoria humana.
- Consequências comunitárias: A consagração de Samuel resulta em formação espiritual que beneficia toda a nação. A fé pessoal gera ministério público. Deus muitas vezes responde para além do pedido particular: o dom tem finalidade redentora comunitária.
4. Aplicação pessoal e pastoral
- Não prometas levianamente. Antes de firmar um voto (ou compromisso público), ore, avalie e peça orientação. A Bíblia prefere que não se jure do que se jure e não cumpra (Ec 5.4-5; Mt 5.33-37).
- Se prometeste, cumpre. Cumprir promessas a Deus edifica caráter e testifica da seriedade de nossa fé. Honre compromissos, mesmo se custarem.
- Consagração prática: Quando Deus responde a uma oração, devolva uma parcela em serviço: tempo, talento, testemunho, contribuição. A gratidão transforma bênção em bênção para outros.
- Equilíbrio entre devoção e sabedoria: Ana esperou o desmame — aprenda a cumprir compromissos com sensatez pastoral e amor familiar. Não confunda zelo espiritual com precipitação.
- Prepare gerações: Dedicar o fruto da bênção ao Senhor pode implicar em investir na formação espiritual das próximas gerações (caso de Samuel). Educar e consagrar filhos e discípulos é forma atual desse princípio.
5. Tabela expositiva — “Fidelidade de Ana: voto, entrega e integridade”
Item
Texto / Palavra
Sentido lexical
Observação teológica
Aplicação prática
Voto (neder)
1Sm 1.11; Ec 5.4–5 — נֶדֶר
Promessa solene, juridicamente vinculante
Votos são sérios; não devem ser proferidos levianamente
Reflita antes de prometer; busque conselho pastoral
Cumprimento do voto
1Sm 1.24–28 — שָׁלַם / הָבִיאָה
“pagar / levar / apresentar”
Cumprir demonstra integridade moral e gratidão
Honre o compromisso mesmo se houver custo pessoal
Consagração do filho
1Sm 1.22,28 — “ao Senhor o dei”
Entrega ao serviço sagrado (עָבַד)
A bênção é para Deus; o fruto é consagrado para o Reino
Ofereça tempo/dons/filhos ao serviço da igreja e formação
Tempo e prudência
1Sm 1.22 — esperar o desmame
Sensatez humana aplicada ao voto
Obediência a Deus com sabedoria materna/pastoral
Cumpra votos com responsabilidade (não precipitação)
Comunidade e ministério
1Sm 2-3 — Samuel como profeta/juiz
Resposta individual com finalidade pública
Bênçãos pessoais podem servir ao bem comum
Disponha-se a servir além do benefício pessoal
6. Conclusão sintética
A fidelidade de Ana é exemplar: ela ora com intensidade, faz um voto consciente, espera com prudência e cumpre com alegria. Sua conduta nos lembra que a vida espiritual é prática — as promessas a Deus exigem honestidade e entrega. O fruto recebido de Deus não é mera posse privada: é oportunidade para consagração e serviço. A história de Ana convoca a igreja a cultivar integridade na oração, responsabilidade nos votos e generosidade no uso das bênçãos para o avanço do Reino.
3. A fidelidade de Ana (1Sm 1.24–28)
A cena do desmame e da entrega de Samuel é o clímax da narrativa: Ana recebe a bênção que pediu, mas — ao contrário de quem retém o fruto para si — cumpre fielmente o voto que fizera a Deus. Sua atitude revela quatro dimensões teológicas e práticas: 1) fidelidade ao Senhor; 2) integridade ética no cumprimento do voto; 3) entrega sacrificial (consagração ao serviço sagrado); 4) paciência pastoral (esperar o desmame antes de cumprir). Essas dimensões modelam a conduta cristã diante de bênçãos e compromissos.
1. Leitura exegética rápida
Quando Samuel é desmamado Ana leva-o ao tabernáculo em Siló, apresenta oferta — e diz a Eli: “Por este menino eu orei; e o Senhor me deu a minha petição. Por isso também eu o emprestei ao Senhor; todos os dias que viver ele será emprestado ao Senhor.” (1Sm 1.24–28, paráfrase). A entrega é pública, acompanhada de sacrifício e de uma declaração verbal que confirma o voto cumprido.
2. Análise lexical (hebraico) — termos-chave
- נֶדֶר (neder) — voto, promessa solene
- Raiz: נ־ד־ר. No AT o neder é juridicamente sério: quem vota deve pagar / cumprir; Ec 5.4–5 adverte contra votos levianos. Um neder é “raro” no sentido de solene: é uma categoria moral e religiosa distinta do dia-a-dia.
- נָדַר / נָדַרְתִּי (nadar / nadarti) — fazer voto
- Verbo que expressa o ato voluntário e deliberado de assumir compromisso diante de Deus.
- תְּשַׁלֵּם (tashlem) / שָׁלַם (shalam) — cumprir, pagar, restituir/entregar (campo semântico de “pagar o voto”)
- Cumprir o neder tem uma dimensão de restituição / prestação: Ana “paga” sua promessa entregando o filho.
- לוּד / לָקַח (laqach) vs. תָּקַר (takor?) — entrega/consagração:
- Ana “leva” (הָבִיאָה — hava’ah) o menino ao Senhor; verbo de levar/introduzir no âmbito do culto.
- מְנוּחָה / נְדָנִים — o elemento do sacrifício/oferta (ela trouxe uma oferta conforme suas posses) — demonstração de gratidão pública.
- בְּרִית / עֲבוֹדָה — o sentido de “serviço” — Samuel para “servir” ao Senhor (עָבַד) — consagração de vida ao ministério.
3. Questões teológicas e éticas
- O voto é sério: A Escritura reconhece o voto como legítimo, mas o disciplina (Ec 5). Ana não faz voto leviano; sua petição vem do coração aflito e ela cumpre o que prometeu — isso enfatiza a integridade cristã: compromisso feito a Deus é compromisso a ser honrado.
- Entrega voluntária ≠ desumanização: Entregar Samuel ao templo não é abandonar a paternidade/maternidade, mas consagrar o fruto ao serviço divino. Essa entrega era praticada no contexto do culto do AT e simboliza que o dom recebido pertence a Deus. Ana demonstra prioridade teológica: bênçãos são para glória de Deus e para serviço comunitário.
- Tempo e sabedoria pastoral: Ana espera o desmame (1Sm 1.22) — ato de prudência maternal — e só então cumpre o voto. O cumprimento do voto é, portanto, responsável, não impulsivo. A obediência a Deus alia-se à sabedoria humana.
- Consequências comunitárias: A consagração de Samuel resulta em formação espiritual que beneficia toda a nação. A fé pessoal gera ministério público. Deus muitas vezes responde para além do pedido particular: o dom tem finalidade redentora comunitária.
4. Aplicação pessoal e pastoral
- Não prometas levianamente. Antes de firmar um voto (ou compromisso público), ore, avalie e peça orientação. A Bíblia prefere que não se jure do que se jure e não cumpra (Ec 5.4-5; Mt 5.33-37).
- Se prometeste, cumpre. Cumprir promessas a Deus edifica caráter e testifica da seriedade de nossa fé. Honre compromissos, mesmo se custarem.
- Consagração prática: Quando Deus responde a uma oração, devolva uma parcela em serviço: tempo, talento, testemunho, contribuição. A gratidão transforma bênção em bênção para outros.
- Equilíbrio entre devoção e sabedoria: Ana esperou o desmame — aprenda a cumprir compromissos com sensatez pastoral e amor familiar. Não confunda zelo espiritual com precipitação.
- Prepare gerações: Dedicar o fruto da bênção ao Senhor pode implicar em investir na formação espiritual das próximas gerações (caso de Samuel). Educar e consagrar filhos e discípulos é forma atual desse princípio.
5. Tabela expositiva — “Fidelidade de Ana: voto, entrega e integridade”
Item | Texto / Palavra | Sentido lexical | Observação teológica | Aplicação prática |
Voto (neder) | 1Sm 1.11; Ec 5.4–5 — נֶדֶר | Promessa solene, juridicamente vinculante | Votos são sérios; não devem ser proferidos levianamente | Reflita antes de prometer; busque conselho pastoral |
Cumprimento do voto | 1Sm 1.24–28 — שָׁלַם / הָבִיאָה | “pagar / levar / apresentar” | Cumprir demonstra integridade moral e gratidão | Honre o compromisso mesmo se houver custo pessoal |
Consagração do filho | 1Sm 1.22,28 — “ao Senhor o dei” | Entrega ao serviço sagrado (עָבַד) | A bênção é para Deus; o fruto é consagrado para o Reino | Ofereça tempo/dons/filhos ao serviço da igreja e formação |
Tempo e prudência | 1Sm 1.22 — esperar o desmame | Sensatez humana aplicada ao voto | Obediência a Deus com sabedoria materna/pastoral | Cumpra votos com responsabilidade (não precipitação) |
Comunidade e ministério | 1Sm 2-3 — Samuel como profeta/juiz | Resposta individual com finalidade pública | Bênçãos pessoais podem servir ao bem comum | Disponha-se a servir além do benefício pessoal |
6. Conclusão sintética
A fidelidade de Ana é exemplar: ela ora com intensidade, faz um voto consciente, espera com prudência e cumpre com alegria. Sua conduta nos lembra que a vida espiritual é prática — as promessas a Deus exigem honestidade e entrega. O fruto recebido de Deus não é mera posse privada: é oportunidade para consagração e serviço. A história de Ana convoca a igreja a cultivar integridade na oração, responsabilidade nos votos e generosidade no uso das bênçãos para o avanço do Reino.
3.2. O legado de Ana. O legado de Ana transcende sua história pessoal e se eterniza como um testemunho de fé, oração e propósito divino. De sua angústia e clamor (1 Sm 1.10), nasceu Samuel, um dos maiores profetas e juízes de Israel, que ungiu os primeiros reis da nação, Saul e Davi (1 Sm 10.1; 16.13). Assim, sua fidelidade a Deus expressa na entrega de Samuel ao Senhor, teve participação e reflexos no desenvolvimento do Plano Redentor, pois o estabelecimento da monarquia e a unção de Davi estavam conectados com a vinda do Messias.
Joyce G. Baldwin (1997, p. 65) comenta 1 Samuel 2.10, o cântico de Ana: “Embora Israel não tenha tido rei até alguns anos depois disso, a necessidade que sentiam disso já havia sido expressa na época dos juízes (Jz 8.22; 9). Contudo, a esperança de um rei era tão antiga quanto a aliança abraâmica (Gn 17.6). […] Portanto, não há nada anacrônico no discernimento de Ana de que estava para raiar uma era de realeza mediante o ministério de seus filho, pois ela desempenha um papel profético aqui”
3.3. O louvor de Ana. O cântico de louvor de Ana (1 Sm 2.1-10) exalta a soberania divina e prenuncia o cântico de Maria, no NT (Lc 1.46- 55), refletindo uma espiritualidade profunda e que inspirou gerações. O legado de Ana é um exemplo de como nossa fidelidade pode ecoar na Salvação Eterna, mostrando que Deus usa corações quebrantados para cumprir Seus grandes propósitos.
Lawrence Richards (2004, pp.233- 234) comenta o cântico de Ana, pontuando que muitos poderiam considerar a situação de abrir mão do filho tão desejado como angustiante, mas Ana louva ao Senhor: `Ana era capaz de olhar além de si mesma e de suas necessidades. Conseguia sentir o amor de Deus e confiar nele. E estava conseguindo enxergar o futuro que Deus preparara para aquele filho que ela amava tão intensamente. Visto que Ana havia de fato entregado o filho ao Senhor, confiava que Deus iria cuidar dele e proporcionar-lhe uma vida plena e realizada.
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
3.2–3.3 O legado e o louvor de Ana
A história de Ana (1 Sm 1–2) ultrapassa o episódio privado da maternidade: dela nasce Samuel, figura decisiva na transição de Israel (juízes → profecia → monarquia). O legado de Ana contém dimensões teológicas (soberania de Deus; cumprimento histórico do plano redentor), espirituais (humildade, oração perseverante, consagração) e litúrgicas (um cântico que antecipa o Magnificat). A seguir, comentamos estes aspectos com atenção lexical, teológica, aplicação prática e uma tabela expositiva.
1. Leitura sintética e ideia-mestra
De sua angústia nasceu um instrumento do Senhor: Samuel. Ao dedicar o filho ao templo e louvar a Deus (1 Sm 2.1–10), Ana não só celebra a resposta pessoal, mas profetiza — em prática poética — realidades nacionais: reversões divinas, juízo sobre os poderosos e exaltação dos humilhados. Seu cântico anuncia linhas do plano redentor que culminarão na monarquia davídica e, em último plano, no Messias.
2. Análise lexical e intertextual (hebraico e notas gregas/NT)
2.1. Nome e memória teológica
- שְׁמוּאֵל (Shemuʾel / Samuel) — provável sentido: “pedido a Deus” ou “Deus ouviu”. O nome é teologicamente programático: toda a biografia de Samuel recorda que Deus ouviu e agiu. Cada pronúncia do nome redimensiona a experiência de Ana para a história de Israel.
2.2. O cântico de Ana (1 Sm 2.1–10) — termos-chave (hebraico)
- רָם / הֵרִים (ram / herim) — “eleva, exalta / ergue”: Paulo e Lucas usam a linguagem de elevação em salmos e Magnificat; a ideia é a reviravolta divina (os altivos humilhados, os humildes exaltados).
- הָרָעָה / שָׁלוֹם — oposição “mal/tristeza” vs “bem/paz” aparece em imagens antitéticas do poema.
- צִדְקָה / דִּין (tsedakah / din) — justiça/juízo: Deus é agente reto que julga e reconstitui a ordem social.
2.3. Paralelo LXX / NT (Magnificat)
- O cântico de Ana guarda afinidades temáticas com o Magnificat (Lc 1.46–55): ambos cantam reversões sociais, a ação soberana de Deus e a misericórdia que cumpre a aliança. Em grego o Magnificat usa verbos como ὑψόω / ἐκκαταβάλλω — traduzem o hebraico de elevar/derrocar. A presença do mesmo motivo teológico confirma que a inspiração de Ana ocupa lugar canônico na memória messiânica.
2.4. Vocação profética de Samuel
- Samuel exerce funções sacerdotais, proféticas e judiciais; por isso o “legado” de Ana não é apenas materno, é institucional: sua obediência gerou formação de liderança e mudou a trajetória política e religiosa de Israel. A unção de Saul e Davi (1Sm 10; 16) são frutos indiretos do voto de Ana porque o Senhor “ouviu” e preservou aquele instrumento.
3. Observações teológicas
- Providência e propósito — A graça pessoal (um filho) encaixa-se no propósito divino mais amplo: Deus usa bênçãos particulares para realizar desígnios coletivos.
- Maternidade espiritual — Ana é “mãe” não só biologicamente, mas espiritualmente: sua entrega forma um líder que moldará a nação. Assim, santas escolhas parentais têm peso escatológico.
- Profetismo feminino — o cântico de Ana é profético-poético; ela “fala” em nome da história: a fé feminina aqui é voz inspiradora para o povo.
- Tipologia messiânica — a linha sacramental/typológica liga Samuel a Davi e, mais adiante, ao Messias; o ato de consagração e a ideia da reviravolta profetizada no cântico apontam para o reino definitivo de Deus.
4. Aplicação pessoal e comunitária
- Entregar o fruto ao Senhor — quando Deus responde a uma necessidade, a resposta convida à consagração: filhos, dons, ministérios e conquistas são para o Reino.
- Legado intencional — decisões de fé têm impacto histórico; educar filhos na fé e oferecer-lhes formação espiritual é plantar sementes para o plano redentor.
- Cânticos que formam comunidade — recitar e ensinar o cântico de Ana fortalece a memória teológica: Deus vira a história. Use-o em liturgia e no discipulado para cultivar esperança.
- Esperança ativa — a reversão que Ana louva nos encoraja a crer que Deus age nas estruturas sociais (justiça, educação, liderança) — orar por líderes, formar profetas contemporâneos.
5. Tabela expositiva — Legado e louvor de Ana
Aspecto
Texto-chave
Palavra (Heb./NT)
Significado teol./prático
Aplicação
Nome como memória
1Sm 1.20
שְׁמוּאֵל (Shemu’el)
“Pedido/Deus ouviu” — cada nome lembra a escuta divina
Viva na gratidão — cultive memória de graças
Cântico de reversões
1Sm 2.1–10
רָם / הֵרִים (ram / herim)
Deus exalta os humildes e derruba os orgulhosos
Estimule liturgia de louvor que proclame justiça
Profecia e monarquia
1Sm 2 / Jz / Gn
theme: קוּם / מָשִׁיחַ (levantar / ungir)
O nascimento de Samuel conecta-se ao surgimento de reis
Ore e forme líderes alinhados à vontade de Deus
Maternidade consagrada
1Sm 1.24–28
נֶדֶר (neder) / עָבַד (avad)
Consagração do fruto para serviço divino
Consagre filhos/dons: prioridade ao Reino
Parentesco com o Magnificat
Lc 1.46–55
ὑψόω / ἐκβάλλω vs Heb. הֵרִים / הַשְׁפִּיל
Continuidade teológica: reversões como sinal messiânico
Use em ensino: continuidade AT–NT sobre o reino
Legado institucional
1Sm 3–16
προφητεία / κριτήριον (profecia/juízo)
Samuel como mediador da transição histórica
Investir em formação: escola profética e discipulado
6. Conclusão breve
O legado de Ana é dupla herança: pessoal (fé, gratidão, obediência) e histórica (um instrumento para a realização do plano redentor). O cântico que ela entoa cristaliza teologia: Deus age em favor dos humildes e cumpre a aliança. A entrega de Samuel demonstra que a bênção deve sempre ser vista em perspectiva sacrificial e comunitária — não apenas posse, mas missão. Assim, Ana permanece modelo para cristãos que oram, esperam e, ao receberem resposta, consagram o fruto para o serviço maior de Deus.
3.2–3.3 O legado e o louvor de Ana
A história de Ana (1 Sm 1–2) ultrapassa o episódio privado da maternidade: dela nasce Samuel, figura decisiva na transição de Israel (juízes → profecia → monarquia). O legado de Ana contém dimensões teológicas (soberania de Deus; cumprimento histórico do plano redentor), espirituais (humildade, oração perseverante, consagração) e litúrgicas (um cântico que antecipa o Magnificat). A seguir, comentamos estes aspectos com atenção lexical, teológica, aplicação prática e uma tabela expositiva.
1. Leitura sintética e ideia-mestra
De sua angústia nasceu um instrumento do Senhor: Samuel. Ao dedicar o filho ao templo e louvar a Deus (1 Sm 2.1–10), Ana não só celebra a resposta pessoal, mas profetiza — em prática poética — realidades nacionais: reversões divinas, juízo sobre os poderosos e exaltação dos humilhados. Seu cântico anuncia linhas do plano redentor que culminarão na monarquia davídica e, em último plano, no Messias.
2. Análise lexical e intertextual (hebraico e notas gregas/NT)
2.1. Nome e memória teológica
- שְׁמוּאֵל (Shemuʾel / Samuel) — provável sentido: “pedido a Deus” ou “Deus ouviu”. O nome é teologicamente programático: toda a biografia de Samuel recorda que Deus ouviu e agiu. Cada pronúncia do nome redimensiona a experiência de Ana para a história de Israel.
2.2. O cântico de Ana (1 Sm 2.1–10) — termos-chave (hebraico)
- רָם / הֵרִים (ram / herim) — “eleva, exalta / ergue”: Paulo e Lucas usam a linguagem de elevação em salmos e Magnificat; a ideia é a reviravolta divina (os altivos humilhados, os humildes exaltados).
- הָרָעָה / שָׁלוֹם — oposição “mal/tristeza” vs “bem/paz” aparece em imagens antitéticas do poema.
- צִדְקָה / דִּין (tsedakah / din) — justiça/juízo: Deus é agente reto que julga e reconstitui a ordem social.
2.3. Paralelo LXX / NT (Magnificat)
- O cântico de Ana guarda afinidades temáticas com o Magnificat (Lc 1.46–55): ambos cantam reversões sociais, a ação soberana de Deus e a misericórdia que cumpre a aliança. Em grego o Magnificat usa verbos como ὑψόω / ἐκκαταβάλλω — traduzem o hebraico de elevar/derrocar. A presença do mesmo motivo teológico confirma que a inspiração de Ana ocupa lugar canônico na memória messiânica.
2.4. Vocação profética de Samuel
- Samuel exerce funções sacerdotais, proféticas e judiciais; por isso o “legado” de Ana não é apenas materno, é institucional: sua obediência gerou formação de liderança e mudou a trajetória política e religiosa de Israel. A unção de Saul e Davi (1Sm 10; 16) são frutos indiretos do voto de Ana porque o Senhor “ouviu” e preservou aquele instrumento.
3. Observações teológicas
- Providência e propósito — A graça pessoal (um filho) encaixa-se no propósito divino mais amplo: Deus usa bênçãos particulares para realizar desígnios coletivos.
- Maternidade espiritual — Ana é “mãe” não só biologicamente, mas espiritualmente: sua entrega forma um líder que moldará a nação. Assim, santas escolhas parentais têm peso escatológico.
- Profetismo feminino — o cântico de Ana é profético-poético; ela “fala” em nome da história: a fé feminina aqui é voz inspiradora para o povo.
- Tipologia messiânica — a linha sacramental/typológica liga Samuel a Davi e, mais adiante, ao Messias; o ato de consagração e a ideia da reviravolta profetizada no cântico apontam para o reino definitivo de Deus.
4. Aplicação pessoal e comunitária
- Entregar o fruto ao Senhor — quando Deus responde a uma necessidade, a resposta convida à consagração: filhos, dons, ministérios e conquistas são para o Reino.
- Legado intencional — decisões de fé têm impacto histórico; educar filhos na fé e oferecer-lhes formação espiritual é plantar sementes para o plano redentor.
- Cânticos que formam comunidade — recitar e ensinar o cântico de Ana fortalece a memória teológica: Deus vira a história. Use-o em liturgia e no discipulado para cultivar esperança.
- Esperança ativa — a reversão que Ana louva nos encoraja a crer que Deus age nas estruturas sociais (justiça, educação, liderança) — orar por líderes, formar profetas contemporâneos.
5. Tabela expositiva — Legado e louvor de Ana
Aspecto | Texto-chave | Palavra (Heb./NT) | Significado teol./prático | Aplicação |
Nome como memória | 1Sm 1.20 | שְׁמוּאֵל (Shemu’el) | “Pedido/Deus ouviu” — cada nome lembra a escuta divina | Viva na gratidão — cultive memória de graças |
Cântico de reversões | 1Sm 2.1–10 | רָם / הֵרִים (ram / herim) | Deus exalta os humildes e derruba os orgulhosos | Estimule liturgia de louvor que proclame justiça |
Profecia e monarquia | 1Sm 2 / Jz / Gn | theme: קוּם / מָשִׁיחַ (levantar / ungir) | O nascimento de Samuel conecta-se ao surgimento de reis | Ore e forme líderes alinhados à vontade de Deus |
Maternidade consagrada | 1Sm 1.24–28 | נֶדֶר (neder) / עָבַד (avad) | Consagração do fruto para serviço divino | Consagre filhos/dons: prioridade ao Reino |
Parentesco com o Magnificat | Lc 1.46–55 | ὑψόω / ἐκβάλλω vs Heb. הֵרִים / הַשְׁפִּיל | Continuidade teológica: reversões como sinal messiânico | Use em ensino: continuidade AT–NT sobre o reino |
Legado institucional | 1Sm 3–16 | προφητεία / κριτήριον (profecia/juízo) | Samuel como mediador da transição histórica | Investir em formação: escola profética e discipulado |
6. Conclusão breve
O legado de Ana é dupla herança: pessoal (fé, gratidão, obediência) e histórica (um instrumento para a realização do plano redentor). O cântico que ela entoa cristaliza teologia: Deus age em favor dos humildes e cumpre a aliança. A entrega de Samuel demonstra que a bênção deve sempre ser vista em perspectiva sacrificial e comunitária — não apenas posse, mas missão. Assim, Ana permanece modelo para cristãos que oram, esperam e, ao receberem resposta, consagram o fruto para o serviço maior de Deus.
EU ENSINEI QUE:
O cântico de louvor de Ana exalta a soberania divina e prenuncia o cântico de Maria, no NT.
CONCLUSÃO
COMENTARIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
A cena final de 1 Samuel 1 sintetiza a grande lição de toda a narrativa: Deus ouve o clamor humilde e transforma dor em adoração. Três elementos - centrais e interligados - merecem destaque teológico: (1) a leitura inadequada de Eli; (2) o choro e o voto de Ana; (3) a entrega de Samuel como ato de gratidão e consagração.
- A incompreensão de Eli (1 Sm 1.14).
Eli observa Ana no santuário e, vendo seu comportamento tenso, pergunta: “Até quando estarás tu embriagada?” (Heb. עַד־מָתַי תִּשְׁכִּרִי — ʿad-matai tishkiri?; verbo שָׁכַר / shākhar = “estar embriagado”). A reação do sacerdote mostra duas coisas: a limitação de um observador externo que julga a partir de efeitos (gesto, aparência) e a necessidade pastoral de escuta. Eli é, inicialmente, incapaz de interpretar lágrimas como oração; ele pensa em excesso visível (bebedeira) em vez de ardor espiritual. Isso nos alerta: muitas manifestações religiosas ou emocionais exigem sensibilidade pastoral — olhar atento, pergunta cuidadosa, não julgamento precipitado. - O choro, a amargura e o voto de Ana (1 Sm 1.10–11; 1.26–28).
Ana ora “com amargura de alma” (Heb. מָרַת נֶפֶשׁ — marat néfesh) e “chorou abundantemente” (בָּכָה — bākhā). Seu pranto é súplica sincera — expressão de quebrantamento, não espetáculo. Em resposta ela faz um voto (נֶדֶר — neder): se Deus lhe desse um filho varão, ela o dedicaria ao Senhor e não passaria navalha sobre sua cabeça (sinal de consagração). Linguisticamente, o neder é sério e juridicamente vinculante. Ana não faz barganha impensada; faz um compromisso de gratidão e serviço que, depois, cumprirá. O voto, portanto, é o ponto onde oração, confiança e ética se encontram. - A resposta divina e a entrega como adoração (1 Sm 1.20,24–28).
Deus נָתַן — natan (deu/concedeu). A palavra sublinha que a ação é iniciativa divina — dom, não pagamento humano. Ao desmamar Samuel, Ana cumpre seu voto e o leva ao tabernáculo; oferece sacrifício, proclama diante de Eli: “Ao Senhor eu o entreguei” (Heb. וַאֲשֶׁר־נָדַרְתִּי — va'asher-nadarti). A entrega é adoração: transformar o recebido em oferta. Essa devolução profética mostra que a verdadeira gratidão não retém, mas consagra. A prática modela uma ética cristã: bênçãos geram missão.
Teologicamente: a narrativa afirma a soberania de Deus (YHWH responde no tempo e segundo o propósito), exalta a humildade (Prov 15.33; Tg 4.6) e indica que a experiência pessoal de Deus pode ter repercussões históricas: do ventre de Ana vem o homem que moldará o destino de Israel — portanto a piedade particular insere-se no drama redentor do povo.
Análise lexical (seleção relevante — hebraico)
Hebraico (translit.)
Palavra/oração
Tradução / Observação
עַד־מָתַי תִּשְׁכִּרִי (ʿad-matai tishkiri)
שָׁכַר (shākhar)
“Até quando estarás embriagada?” — Eli interpreta o pranto como intoxicação; verbo = “embriagar”
מָרַת נֶפֶשׁ (marat néfesh)
—
“Amargura de alma” — dor profunda, quebrantamento interior
הִתְפַּלֵּל (hitpallel)
—
“Orar/Interceder” (forma intensiva/reflexiva): oração persistente
נֶדֶר (neder)
—
Voto, promessa solene — vínculo ético e religioso
נָתַן (natan)
—
“Dar/Conceder” — ação graciosa de Deus
שְׁמוּאֵל (Shemuʾel)
—
“Pedido a Deus / Deus ouviu” — nome que memorializa a graça
הָבִיאָה (hava'ah)
—
“Trouxe/levou” — ato de levar Samuel ao tabernáculo (entrega efetiva)
Aplicação pessoal e pastoral (prática, direta)
- Pastoral: ouvir antes de julgar. Líderes e irmãos devem aprender a distinguir teatro religioso de clamor sincero — perguntar, escutar e discernir (Evite julgamentos precipitados como o de Eli).
- Permita a expressão do lamento. Na vida cristã há lugar para lágrimas; o choro sincero é forma legítima de oração. Crie espaços litúrgicos e pastorais para lamentação e cura.
- Se fizer voto, cumpra-o com responsabilidade. Promessas a Deus exigem integridade; pense bem antes de prometer e cumpra com prudência e amor (como Ana esperou o desmame).
- Transforme bênçãos em serviço. Quando Deus responde, responda com consagração: tempo, dons, filhos e recursos podem ser ofertados ao Reino. Gratidão verdadeira gera missão.
- Confie no tempo e no propósito de Deus. Nem sempre a resposta é imediata; perseverança (hypomonē/תַּחַת) é virtude cristã. Registre testemunhos para fortalecer a fé comunitária.
Tabela expositiva (para slide / folheto)
Item
Verso(s)
Palavra Hebraica
Significado
Aplicação prática
Julgamento precipitado
1Sm 1.14
שָׁכַר (shākhar)
“Estar embriagada” — Eli interpreta mal as lágrimas
Antes de julgar, pergunte; pratique escuta pastoral
Choro sincero
1Sm 1.10
מָרַת נֶפֶשׁ (marat néfesh)
“Amargura de alma” — quebrantamento genuíno
Permita lamentação; oração honesta junto a Deus
Oração perseverante
1Sm 1.10–12
הִתְפַּלֵּל (hitpallel)
Intercessão intensa e continuada
Desenvolva disciplina de oração; diário de súplica
Voto solene
1Sm 1.11
נֶדֶר (neder)
Promessa séria — compromisso religioso
Reflita antes de prometer; cumpra com integridade
Resposta de Deus
1Sm 1.20
נָתַן (natan)
Deus concede — iniciativa graciosa
Agradeça e consagre o recebido ao serviço divino
Entrega/consagração
1Sm 1.24–28
הָבִיאָה (hava'ah)
Levar Samuel ao tabernáculo — fidelidade prática
Ofereça bênçãos: tempo, dons, filhos, ministério
Soberania e propósito
1Sm 2; 10; 16
שְׁמוּאֵל (Shemuʾel)
Nome memorial: Deus ouviu — plano redentor
Registre testemunho: bênçãos participam do plano de Deus
Síntese final
A história de Ana nos ensina que a fé perseverante é reconhecida por Deus; que o choro sincero não é vergonha, mas linguagem de oração; que votos firmes exigem fidelidade; e que a gratidão se expressa em entrega e serviço. Eli, como figura inicialmente míope pastoralmente, lembra-nos que o líder precisa de sensibilidade; Ana, por sua vez, permanece como paradigma de fé humilde que transforma dor em adoração e produz legado histórico (Samuel) no desígnio divino. Em resumo: Deus ouve, concede e convida a consagrar — transformando o pranto em propósito.
A cena final de 1 Samuel 1 sintetiza a grande lição de toda a narrativa: Deus ouve o clamor humilde e transforma dor em adoração. Três elementos - centrais e interligados - merecem destaque teológico: (1) a leitura inadequada de Eli; (2) o choro e o voto de Ana; (3) a entrega de Samuel como ato de gratidão e consagração.
- A incompreensão de Eli (1 Sm 1.14).
Eli observa Ana no santuário e, vendo seu comportamento tenso, pergunta: “Até quando estarás tu embriagada?” (Heb. עַד־מָתַי תִּשְׁכִּרִי — ʿad-matai tishkiri?; verbo שָׁכַר / shākhar = “estar embriagado”). A reação do sacerdote mostra duas coisas: a limitação de um observador externo que julga a partir de efeitos (gesto, aparência) e a necessidade pastoral de escuta. Eli é, inicialmente, incapaz de interpretar lágrimas como oração; ele pensa em excesso visível (bebedeira) em vez de ardor espiritual. Isso nos alerta: muitas manifestações religiosas ou emocionais exigem sensibilidade pastoral — olhar atento, pergunta cuidadosa, não julgamento precipitado. - O choro, a amargura e o voto de Ana (1 Sm 1.10–11; 1.26–28).
Ana ora “com amargura de alma” (Heb. מָרַת נֶפֶשׁ — marat néfesh) e “chorou abundantemente” (בָּכָה — bākhā). Seu pranto é súplica sincera — expressão de quebrantamento, não espetáculo. Em resposta ela faz um voto (נֶדֶר — neder): se Deus lhe desse um filho varão, ela o dedicaria ao Senhor e não passaria navalha sobre sua cabeça (sinal de consagração). Linguisticamente, o neder é sério e juridicamente vinculante. Ana não faz barganha impensada; faz um compromisso de gratidão e serviço que, depois, cumprirá. O voto, portanto, é o ponto onde oração, confiança e ética se encontram. - A resposta divina e a entrega como adoração (1 Sm 1.20,24–28).
Deus נָתַן — natan (deu/concedeu). A palavra sublinha que a ação é iniciativa divina — dom, não pagamento humano. Ao desmamar Samuel, Ana cumpre seu voto e o leva ao tabernáculo; oferece sacrifício, proclama diante de Eli: “Ao Senhor eu o entreguei” (Heb. וַאֲשֶׁר־נָדַרְתִּי — va'asher-nadarti). A entrega é adoração: transformar o recebido em oferta. Essa devolução profética mostra que a verdadeira gratidão não retém, mas consagra. A prática modela uma ética cristã: bênçãos geram missão.
Teologicamente: a narrativa afirma a soberania de Deus (YHWH responde no tempo e segundo o propósito), exalta a humildade (Prov 15.33; Tg 4.6) e indica que a experiência pessoal de Deus pode ter repercussões históricas: do ventre de Ana vem o homem que moldará o destino de Israel — portanto a piedade particular insere-se no drama redentor do povo.
Análise lexical (seleção relevante — hebraico)
Hebraico (translit.) | Palavra/oração | Tradução / Observação |
עַד־מָתַי תִּשְׁכִּרִי (ʿad-matai tishkiri) | שָׁכַר (shākhar) | “Até quando estarás embriagada?” — Eli interpreta o pranto como intoxicação; verbo = “embriagar” |
מָרַת נֶפֶשׁ (marat néfesh) | — | “Amargura de alma” — dor profunda, quebrantamento interior |
הִתְפַּלֵּל (hitpallel) | — | “Orar/Interceder” (forma intensiva/reflexiva): oração persistente |
נֶדֶר (neder) | — | Voto, promessa solene — vínculo ético e religioso |
נָתַן (natan) | — | “Dar/Conceder” — ação graciosa de Deus |
שְׁמוּאֵל (Shemuʾel) | — | “Pedido a Deus / Deus ouviu” — nome que memorializa a graça |
הָבִיאָה (hava'ah) | — | “Trouxe/levou” — ato de levar Samuel ao tabernáculo (entrega efetiva) |
Aplicação pessoal e pastoral (prática, direta)
- Pastoral: ouvir antes de julgar. Líderes e irmãos devem aprender a distinguir teatro religioso de clamor sincero — perguntar, escutar e discernir (Evite julgamentos precipitados como o de Eli).
- Permita a expressão do lamento. Na vida cristã há lugar para lágrimas; o choro sincero é forma legítima de oração. Crie espaços litúrgicos e pastorais para lamentação e cura.
- Se fizer voto, cumpra-o com responsabilidade. Promessas a Deus exigem integridade; pense bem antes de prometer e cumpra com prudência e amor (como Ana esperou o desmame).
- Transforme bênçãos em serviço. Quando Deus responde, responda com consagração: tempo, dons, filhos e recursos podem ser ofertados ao Reino. Gratidão verdadeira gera missão.
- Confie no tempo e no propósito de Deus. Nem sempre a resposta é imediata; perseverança (hypomonē/תַּחַת) é virtude cristã. Registre testemunhos para fortalecer a fé comunitária.
Tabela expositiva (para slide / folheto)
Item | Verso(s) | Palavra Hebraica | Significado | Aplicação prática |
Julgamento precipitado | 1Sm 1.14 | שָׁכַר (shākhar) | “Estar embriagada” — Eli interpreta mal as lágrimas | Antes de julgar, pergunte; pratique escuta pastoral |
Choro sincero | 1Sm 1.10 | מָרַת נֶפֶשׁ (marat néfesh) | “Amargura de alma” — quebrantamento genuíno | Permita lamentação; oração honesta junto a Deus |
Oração perseverante | 1Sm 1.10–12 | הִתְפַּלֵּל (hitpallel) | Intercessão intensa e continuada | Desenvolva disciplina de oração; diário de súplica |
Voto solene | 1Sm 1.11 | נֶדֶר (neder) | Promessa séria — compromisso religioso | Reflita antes de prometer; cumpra com integridade |
Resposta de Deus | 1Sm 1.20 | נָתַן (natan) | Deus concede — iniciativa graciosa | Agradeça e consagre o recebido ao serviço divino |
Entrega/consagração | 1Sm 1.24–28 | הָבִיאָה (hava'ah) | Levar Samuel ao tabernáculo — fidelidade prática | Ofereça bênçãos: tempo, dons, filhos, ministério |
Soberania e propósito | 1Sm 2; 10; 16 | שְׁמוּאֵל (Shemuʾel) | Nome memorial: Deus ouviu — plano redentor | Registre testemunho: bênçãos participam do plano de Deus |
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