TEXTO ÁUREO “Eis que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.” Habacuque 2.4 VERDADE APLICADA O discípulo de Cr...
“Eis que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.” Habacuque 2.4
VERDADE APLICADA
O discípulo de Cristo vem se perseverando em oração, confiando e esperando no agir do Senhor, enquanto cultiva o viver para a glória de Deus.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
TEXTOS DE REFERÊNCIAHABACUQUE 1
LEITURAS COMPLEMENTARES
MOTIVO DE ORAÇÃO
Ore a Deus pedindo para olhar para Ele e não para as circunstâncias.
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
O profeta Habacuque, além de trazer encorajamento para tempos difíceis, ensina o cristão a alegrar-se no Senhor também nos tempos de dificuldades.
PONTO DE PARTIDA
Devemos confiar na justiça de Deus.
1- CONHECENDO O CENÁRIO DO PROFETA HABACUQUE
O profeta Habacuque viveu no reino de Judá, aproximadamente 600 a.C. Nessa época havia uma desordem interna entre o povo, foi um período de grandes incertezas morais e espirituais. Ao mesmo tempo, as nações ao redor de Judá estavam em guerra. A Babilônia estava se fortalecendo cada vez mais sobre as grandes potências que eram a Assíria e o Egito.
1.1. Conhecendo um pouco mais o profeta. Pouco se sabe sobre a vida pessoal de Habacuque. Segundo os estudiosos, o profeta foi contemporâneo de Jeremias, possivelmente presenciou a morte do rei Josias, passou pelo impiedoso reinado de Jeoaquim, pelo exílio de Daniel na Babilônia, pela deportação do rei Joaquim, e, também, pode ter testemunhado a destruição de Jerusalém, evento sobre o qual profetizou com 20 anos de antecedência.
Comentário Beacon: “Embora Habacuque seja chamado profeta (nabi), não é um mensageiro no sentido tradicional. A função do profeta era falar com o povo em nome de Deus para proclamar a vontade divina que foi recebida em revelação especial. No caso dele, vemos justamente o inverso: Fala com o Senhor em nome do povo. Mantém um discurso com Deus e o faz de maneira tal que quase chegamos a classificá-lo de cético em vez de profeta.”
1.2. A mensagem do profeta. Habacuque difere de outros profetas no que diz respeito ao seu comissionamento. Ele é que se dirigiu a Deus com seus muitos questionamentos, por causa disso ele teve uma visão da parte do Senhor e recebe uma profecia que ele deveria anunciar aos seus compatriotas: “Então o Senhor me respondeu, e disse: Escreve a visão e torna-a bem legível sobre tábuas, para que a possa ler o que correndo passa.” [Hc 2.2]. Em suma, a mensagem de Habacuque foi uma mensagem de conserto para o povo da Aliança, mas também de esperança, quando Deus finalmente restaurasse o remanescente de Judá.
R. N. Champlin: “O aspecto subjetivo da mensagem de Habacuque é que os justos viverão por sua fé. À parte de Isaías [Is 7.9; 28.16], nenhum outro profeta salientara o significado da fé e da oração confiante, da maneira que o fez Habacuque. (…) O tema central da profecia de Habacuque é que o justo viverá por sua fé [Hc 2.4], o que reaparece no Novo Testamento, sendo aplicado em significativos contextos [Rm 1.17; G1 3.11; Hb 10.38-39].”
1.3. O ousado questionamento do profeta. O profeta Habacuque não conseguia entender a “demora” de Deus em punir os perversos que oprimiam ao Seu povo e, também, a infidelidade do povo de Deus. Algumas palavras de Habacuque dão a exata ideia do que acontecia naquela sociedade: “violência, iniquidade, opressão, destruição, contenda, litígio, a lei se afrouxa, a justiça nunca se manifesta, o ímpio cerca o justo, a justiça se manifesta distorcida” [Hc 1.2-4]. Ao observar tudo isso acontecendo o profeta se enche de coragem e se dirige a Deus, não com desrespeito ou arrogância, mas com sinceridade de coração, expondo-lhe as dúvidas que lhe angustiavam. Conhecedor do caráter de Deus, sabia que não havia qualquer concordância entre Deus e tudo que ele contemplava: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a vexação não podes contemplar; por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente, e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?” [Hc 1.13].
Comentário Warren W. Wiersbe Antigo Testamento: “Por que Deus está em silêncio e inativo? [Hc 1.1-4], Esse é o primeiro problema que confunde o profeta. Ele olhou para o mundo e viu violência [Hc 1.2-3, 9; 2.8, 17], iniquidade, opressão, contenda e litígio. A lei não era imposta, não havia proteção legal para o inocente que era sentenciado como culpado. As cortes eram manipuladas por advogados egoístas e juízes cruéis. Toda a nação sofria por causa da perversidade do governo. No entanto, parecia que Deus não fazia nada a respeito disso. Ao lado desses problemas internos, havia a ameaça do Império Babilônio que assolava o cenário político.”
EU ENSINEI QUE:
A exortação de Habacuque é que ainda que o fim da dor e a promessa demorem a se cumprir, certamente o melhor a ser feito é esperar – porque isso acontecerá e não haverá atraso algum em seu cumprimento.
2- O SILÊNCIO DE DEUS
Por que Deus fica em silêncio quando mais precisamos ouvir a Sua voz? Por vezes, por mais contraditório que pareça, são em situações assim como a vivida pelo profeta Habacuque é que há um verdadeiro encontro entre o homem e Deus. O silêncio de Deus também é pedagógico e pode trazer respostas que não se consegue perceber se a aflição superar a fé.
2.1. Até quando? A pergunta feita por Habacuque com a expressão “até quando” continua sendo feita por diferentes pessoas e em diferentes ocasiões. “Até quando?” é o desabafo daquele que busca uma resposta que o ajude a continuar firme independente das circunstâncias. Somente Deus tem e é a resposta que todos precisam, seja qual for a pergunta. Por isso é imprescindível que num ato de fé e confiança na soberania, no amor e na misericórdia de Deus, entreguemos a Ele, sem reservas, todo e qualquer questionamento que insista em perturbar o coração e fragilizar a fé.
Bispo Oídes José do Carmo (Revista Betel Dominical, 2° Trimestre de 2008, p. 41-42) escreveu sobre Habacuque 1.2: “Estas são expressões de desespero e angústia, de um cidadão que assiste, impotente, seu povo caindo no abismo profundo da impiedade. Seu único refúgio é o Senhor, o Justo e Santo Juiz. Mas onde está Ele? Onde está meu Santo [Hc 1.12]? São palavras proferidas em meio à agonia de um crente inconformado, íntegro, e intercessor, ansioso pela resposta de Deus (…) ao invés de abandonar o posto de intercessor, seus rogos se intensificaram dia a dia (…).”
2.2. Por que Deus não intervém? Ao ler o livro de Habacuque, é possível perceber pouco a pouco o quanto esse profeta, corajosamente, expôs sua humanidade. Muitas perguntas e pouco entendimento da ação de Deus sobre questões em que as pessoas O afrontam com seu estilo de vida: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a vexação não podes contem plar.” [Hc 1.13]. Diante dos acontecimentos que fogem ao entendimento humano e parecem claramente injustos e sem sentido, a impotência aflora e surge naturalmente a pergunta sobre como Deus pode permitir que o mal se alastre. Por que Deus não intervém? A limitação humana é um obstáculo à clara compreensão dos planos de Deus em toda a sua extensão.
Adilson Faria Soares (Lições Bíblicas, 2° Trimestre de 1993, CPAD, p. 29): “O profeta não compreende por que o Senhor não executa logo o juízo contra a ímpia nação judaica. (…) Quantas vezes temos dito: quem faz o mal não é punido, e prospera, mas quem é reto e faz o bem nunca prospera. Porém, Deus não dorme [SI 121.4] e o castigo dos ímpios há de vir [Pv 10.7,16,24-25,28-30; G16.7], O Senhor, no dia aprazado, mostrará a diferença entre o ímpio e o justo [Ml 3.13-18].”
2.3. Oração como via de intimidade com Deus. Diante do quadro da iminente invasão babilônica, um povo injusto e cruel, Habacuque questiona porque Deus nada fizera [Hc 1.13,17]. Sem obter qualquer resposta, o profeta decide subir a uma fortaleza (torre de vigia) para aguardar uma resposta de Deus, agora, em oração: “Pôr-me-ei na minha torre de vigia…para ver o que me dirá o Senhor.” [Hc 2.1]. Essa atitude foi um verdadeiro exercício de fé. Finalmente o profeta supera seu estado de perplexidade e angústias e toma uma decisão que, de fato, pode mudar todo aquele quadro de expectativas não correspondidas. Ele encontrou na oração uma via de intimidade com Deus. Só então Deus o responde e o convida a aguardar a promessa com esperança, ainda que demore. A resposta de Deus é um convite a viver pela fé [Hc 2.4], até que o livramento de Sua parte chegasse.
Bíblia de Estudo Plenitude, SBB, p. 989 – Verdade em ação no Livro de Habacuque: “Deus quer que façamos do nosso relacionamento com Ele a nossa maior prioridade, que nós coloquemos nossas mais profundas questões e perturbações diante dEle, esperando por respostas e suas orientações. Reserve um tempo e lugar habituais que sejam santos ao Senhor. Use tempo ouvindo Sua Palavra, à medida que você vai lendo, estudando e meditando sobre as Escrituras. Seja fiel na oração diária.”
EU ENSINEI QUE:
Ser íntimo do Senhor é apresentar-se ou estar diante dEle despojado de si mesmo; é desvelar- -se, tirar as máscaras; esvaziar-se totalmente; apresentar-se como dependente unicamente dEle, do Seu amor, graça e misericórdia.
3- HABACUQUE PARA HOJE
Embora, inicialmente, Habacuque não conseguisse encontrar qualquer explicação que o ajudasse na compreensão da continuidade da opressão e da prosperidade dos seus inimigos sobre o seu povo, apesar de suas queixas e inconformismo, ele foi capaz de aprender lições que o fizeram ressignificar seu relacionamento com Deus.
3.1. Contentamento apesar do sofrimento. Conviver com infortúnios, sofrimentos e provações, apesar de fazer parte da caminhada de todo ser humano, pode levar qualquer pessoa à armadilha da murmuração e da amargura. Habacuque ensina que duas importantes atitudes ajudam a escapar desse caminho de desânimo e desesperança: “…ainda que… Todavia eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação.” [Hc 3.17-18]. Eis aí a receita: alegria no Senhor e louvor a Deus (exultar). Olhar para Deus e não para as circunstâncias é o segredo de encontrar contentamento apesar do sofrimento.
Adilson Faria Soares (Lições Bíblicas, 2° Trimestre de 1993, CPAD, p. 31) escreve: “Habacuque confia e se regozija em Deus [Hc 3.16-19]. Apesar da ameaça da iminente invasão babilônica (…) o profeta confia no Senhor, e nessa fé descansa e exulta no Deus da sua salvação. Infunde-nos respeito a confiança do profeta, e incita-nos à fé inabalável nas promessas e misericórdias do Senhor.”
3.2. O cântico de Habacuque. Finalmente, Habacuque caminha em direção ao reconhecimento da soberania de Deus. O profeta não recebeu uma resposta direta sobre os problemas mencionados por ele, assim como aconteceu também com Jó. O cântico de Habacuque foi escrito mesmo que as mudanças almejadas por ele não tivessem acontecido. As questões sociais que lhe trouxeram tanto incômodo não desapareceram, o nível espiritual do povo não se elevou, as crises socioeconômicas não deixaram de existir, nem a opressão do povo babilônico enfraqueceu ou acabou. Nada naquele cenário foi mudado, a não ser o próprio profeta. Habacuque clama por misericórdia, pelo avivamento da obra do Senhor e sua manutenção ao longo dos anos [Hc 3.2], Foi ele quem experimentou a maior e melhor de todas as mudanças: deixou de ser um homem movido pela angústia e tornou-se um homem confiante na soberania de Deus.
Ev. Valdilon Ferreira Brandão (Revista Betel Dominical, 2° Trimestre/1994, p. 39): “O terceiro capítulo de Habacuque é perfeitamente uma das mais belas expressões de fé e confiança no Deus da Bíblia. Este capítulo é um louvor, no qual o profeta canta os grandes feitos do Senhor para com o seu povo, e expressa a profunda esperança daqueles que confiam em Deus [SI 125.1], mesmo que tudo aparentemente pareça ao contrário, e as chances de vitórias sejam as mais remotas. Este cântico começa com o clamor do profeta – 3.2, ou seja, reaviva-nos. Em outras palavras: Volte a manter conosco as mesmas relações de outrora.”
3.3. O justo viverá da sua fé. “Eis que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.” [Hc 2.4]. Duas características importantes se encontram nesta declaração. A primeira é que o soberbo confia em si, e a segunda é que o justo vive pela sua fé, ou seja ele afirma a necessidade de o cristão permanecer fiel e viver diferentemente dos padrões impostos pelo mundo. Os servos de Deus não devem promover ou compactuar com a maldade, com a violência, com a ganância, com a libertinagem ou com a idolatria. Ao final de tudo o ímpio será condenado e o justo será preservado por causa da sua confiança no Senhor
EU ENSINEI QUE:
Apesar de os tempos de sofrimento parecerem não ter fim, o importante é saber que o Senhor sempre está atento a tudo que acontece e, por isso, podemos descansar seguros de Sua providência.
CONCLUSÃO
Diante das mazelas que nos cercam, muitos tendem a perder a esperança e a fé em Deus, que tem o controle de todos os acontecimentos. A mensagem do profeta Habacuque nos serve de advertência a sempre mantermos nossa fé na Palavra de Deus, jamais nas circunstâncias.
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