TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Romanos 10.8-15 8 - Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu cor...
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Sábado – Joel 2.32 Tem a salvação quem realmente crê em CRISTO
anunciação das boas novas de Cristo que as pessoas podem alcançar a salvação. A entrega da mensagem bíblica não pode ser reduzida ao comentário simples e aleatório de uma passagem das Escrituras. Deste modo, a tarefa do pregador consiste no estabelecimento de uma ponte entre o passado e o presente, que possibilite a comunicação de um conteúdo que seja relevante para o homem atual, com suas características, necessidades e desafios.
Excelente aula!
COMENTÁRIO: Palavra introdutória
A homilética é a arte de preparar e entregar mensagens bíblicas. Este ramo da Teologia Prática propõe um conjunto de técnicas para auxiliar o orador na preparação e comunicação da sua mensagem. O comunicador do evangelho será compreendido de forma mais clara, natural e fácil, quando fizer uso de princípios homiléticos. Jesus foi o maior pregador jamais visto. O evangelista Mateus declara que Ele percorria toda Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do Reino e curando o povo de suas doenças e enfermidades (Mt 4.23). Por onde Ele ia, as multidões corriam para ouvi-lo; a sua mensagem comovia as gentes sobremaneira, a ponto de muitos deixarem tudo para segui-lo (Lc 9.23; Mc 1.14,15).
1. O PREPARO DO PREGADOR
Nos subtópicos seguintes, serão apresentadas as áreas em que o mensageiro de Deus precisa estar preparado.
ao nível de consagração pessoal, materializados na oração e no amor pelos ouvintes da Palavra de Deus. O apóstolo Paulo, dominado pelo amor às almas perdidas, declarou: Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns (1 Co 9.22).
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO 1. O que é homilética?
R.: A homilética é a arte de preparar e entregar mensagens bíblicas.
LPD nº 70 - Central Gospel : PILARES DA TEOLOGIA PRÁTICA.
Lições Da Palavra De Deus. Professor: Fundamentos da Liderança Cristã - Pilares da Teologia Prática - Pr. Gilmar Chaves
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Indice Prefácio Introdução Capítulo um
j) Num culto evangelístico etc.
z) Tipo Bibliografia
Homilética - o pregador e o sermão (pastor SEVERINO PEDRO DA Silva)
É um verdadeiro MANUAL DE ORIENTAÇÃO para os semeadores da Palavra de Deus na Presente Dispensação. Nesta obra, o autor nos oferece princípios gerais e elementos funcionais na prática da dissertação e disciplina do pregador. "Procura... manejar bem a palavra da verdade", foram as recomendações finais do apóstolo Paulo a seu discípulo Timóteo (2 Tm 2.15). Isto significa, em outras palavras, que o Evangelho precisa ser pregado com conhecimento, convicção, determinação interior, boa disposição, propriedade verbal e coisas assim. Neste livro, a meu ver, o leitor encontrará todas estas orientações e muito mais. Recomendo sua leitura, meditação e prática. São Paulo, capital, 1992 José Wellington Bezerra da Costa
Introdução
Homilética é uma ciência vasta e mui valiosa. É uma ciência, quando considerada sob o ponto de vista de seus fundamentos. Pode também ser considerada uma arte, quando visualizada em seus aspectos estéticos. E não deixa de ser também concebida como uma técnica, quando aplicada no modo específico de sua execução ou ensino. Esta ciência nasceu como termo designativo, quando os pregadores cristãos começaram a estruturar suas mensagens, embasadas dentro dos princípios da retórica grega e da oratória romana. A partir do Quarto Século d.C., estes princípios foram sendo introduzidos lentamente na proclamação e ensino da Verdade Divina em reuniões regulares congregadas para o culto a Deus. Entretanto, somente no Sexto Século d.C., é que esta ciência assume um papel importante com suas técnicas e adaptações às habilidades humanas. São Paulo, Capital, 1992 - O Autor
Homilética é a ciência que se ocupa com a pregação cristã e, de modo particular, com o sermão proferido no culto, no seio da - comunidade reunida. O termo vem da palavra grega HE HOMILIA. O verbo HOMILEIN era usado pelos gregos sofistas para expressar o sentido de "relacionar-se, conversar". HE HOMILIA designa, especialmente no Novo Testamento, "o estar juntos, o relacionar-se", e, nos primeiros séculos da Era Cristã, o termo passou a ser usado para denominar a "arte de pregar sermão". Daí deriva o sentido "homilética" e suas formas de expressão. Desde então e muito cedo, a homilética passou a fazer parte da teologia prática.0) Sua tarefa não se limita apenas a princípios teóricos, mas concentra-se grandemente no treinamento prático.
a) Seu objetivo primordial
O objetivo principal da homilética desde o seu remoto princípio foi orientar os pregadores na dissertação de suas prédicas e, ao mesmo tempo, fazer que os mesmos adquiram princípios gerais corretos e despertá-los a terem ideia dos erros e falhas que os mesmos em geral cometem. São inúmeras as obras, boas e úteis, em diversos idiomas e de diferentes datas que tratam diretamente desta disciplina. Quando as lemos, descobrimos inúmeros defeitos - em nós mesmos e nos outros -, alguns deles até extravagantes e grosseiros. Com efeito, porém, à medida que vamos lendo estas obras; corrigimos essas falhas que se apresentam. Convém notar que a homilética não é a mensagem. Ela disciplina o pregador para melhor entregar a mensagem. Não nos esqueçamos: A mensagem é de Deus (Ef 6.19, etc). Entretanto, não devemos esquecer '"que para melhor compreensão e apresentação da mensagem deve haver um certo preparo e treinamento por parte do orador.
b) A homilética e a eloquência
A missão principal da homilética é conservar o pregador (pregador aqui tem sentido abrangente - inclui pessoas de ambos os sexos) na rota traçada pelo Espírito Santo. Ela ensina, onde (e como) se deve começar e terminar o sermão. O sermão tem por finalidade convencer os ouvintes, seja no campo político, forense, social ou religioso. Por esta razão a homilética encontra-se ligada diretamente à eloquência. A eloquência é a capacidade intelectual de convencer pelas palavras. As palavras esclarecem, orientam e movem as pessoas. O orador que consegue mover as pessoas, persuadindo-as a aceitar suas idéias, é eloquente, pois a eloquência é a capacidade de persuadir pela palavra. Fala-se de Apolo, um judeu, natural de Alexandria, que era "...eloquente e poderoso nas Escrituras" (At 18.24b). c) Como podemos convencer Existem várias maneiras de persuadirmos ou convencermos alguém a seguir nossa orientação: - Pela força moral (princípios e doutrinas) - regras fundamentais. - Pela força social (costumes, normas e leis) - o direito. - Pela força física (braços e armas) - a guerra. - Pela força pessoal (exemplo) - influência psicológica. - Pela força verbal (falada ou escrita) - retórica. - Pela força divina (atuação do Espírito Santo) - Ele "...convence...". O poder da persuasão pode convencer até o próprio Deus! Moisés, o grande legislador hebreu, pregou para que Deus se arrependesse e conseguiu! Com efeito, Deus se arrependeu e perdoou ao povo (Êx 32.7-14). Jonas, de igual modo, conseguiu o arrependimento do povo ninivita e o arrependimento de Deus (Jn 3.4-10).
2. Jesus e a homilética
No ministério de Cristo, a homilética ocupou o lugar central no que diz respeito a sua propagação plena. Embora fortemente ousado a dar primazia a outros métodos de abordar o povo, Jesus "...veio pregando" (Mc 1.14). Na sinagoga de Nazaré, o Mestre descreveu a si mesmo como divinamente enviado "...para evangelizar os pobres... a pregar liberdade aos cativos... a anunciar o ano aceitável do Senhor" (Lc 4.18,19). Os evangelhos nos apresentam quadros inesquecíveis do Pregador Itinerante, nas sinagogas, nos montes, nas planícies, à beira-mar, de vila em vila, de cidade em
cidade - finalmente em todo o lugar, trazendo após si multidões quase incontáveis, deixando o povo fascinado com suas palavras de graça e com autoridade do seu ensino. A pregação de Jesus continha todo o sabor da bondade divina: era um clamor insistente por sua compaixão, e poderoso por sua urgência. A pregação direta é, sem dúvida, um convite à consciência, à razão, à imaginação e aos sentimentos, mediante a declaração da verdade e da graça de Deus, pois produz um efeito mais urgente e eficaz.
3. O valor da homilética
A homilética contribuiu, no sentido geral, na propagação da Palavra de Deus. Duas coisas, contudo, influenciaram grandemente a pregação cristã, levando-a para as formas retóricas.
a) A primeira vantagem
A primeira foi a disseminação do Evangelho entre as nações gentílicas, em cujo seio as tradições e formas judaicas eram pouco conhecidas. Basta lembrarmos da crítica que de Paulo fizeram alguns coríntios, e como se deliciavam em ouvir Apolo, por ser "...eloquente e poderoso nas Escrituras".
b) A segunda vantagem
A segunda coisa que influiu foi a conversão de homens que já tinham sido treinados na retórica. Muitos deles, dia a dia, se tornavam pregadores, e naturalmente usavam seus dotes retóricos na proclamação do Evangelho. Acrescentemos a essa influência o declínio dos pregadores judeus não cristãos, e veremos como a homilia (a arte de pregar) cedeu lugar proeminente ao sermão elaborado. Por isso, naqueles dias já se definia a homilética "como a ciência que ensina os princípios fundamentais de discursos em público, aplicados na proclamação e ensino da verdade em reuniões regulares congregadas para o culto divino" (Hoppin).
4. A origem da homilética
A homilética propriamente dita, nasceu muito cedo na história humana, embora não como termo designativo homiletikos (arte de pregar sermão) e homilia (arte de falar elegantemente na oratória eclesiástica), mas como oratória pictográfica (sistema primitivo de escrita no qual as idéias são expressas por meio de desenhos das coisas ou figuras simbólicas). Ela surgiu na Mesopotâmia há mais de 3000 anos a.C., para auxiliar à necessidade que os sacerdotes tinham de prestar contas dos recebimentos e gastos às corporações a que pertenciam e faziam suas prédicas em defesa da existência miraculosa dos deuses do paganismo.
O sistema sumeriano viria a ser o protótipo (primeiro tipo ou exemplo) de outros importantes sistemas de escrita, como o egípcio, por exemplo.
a) Como termo designativo
Entretanto, homilética como termo designativo com suas técnicas, sistematização e adaptação às habilidades humanas, nasceu entre os gregos com o nome de retórica.
• A homilética, entretanto, passou a identificar o discurso sacro (religioso).
b) A partir do IV Século d.C.
A partir desta época os pregadores cristãos começaram a estruturar suas mensagens, seguindo as técnicas da retórica grega e da oratória romana. Com efeito, porém, desde o primeiro século da Era Cristã, esta influência estrutural da homilética já começava a ser sentida no seio do Cristianismo. Não é de se surpreender, portanto, que a maioria dos teólogos cristãos primitivos compunha- se dos que aceitavam as teorias gregas e romanas, pois muitos deles eram filósofos neoplatônicos convertidos ao Cristianismo ou estavam sob a influência dessas idéias (conforme foi o caso de Justino Mártir, de Clemente de Alexandria, de Orígenes, de Agostinho, de Ambrósio e muitos outros).
B. RETÓRICA
1. Noção e definição
a) As regras do discurso
Córax formulou uma série de regras para dividir o discurso em cinco partes: • Proêmio (prólogo) • Narração • Argumentação • Observações adicionais • Peroração (epílogo).
As regras estabelecidas por Córax tinham por finalidade orientar os advogados que se propunham a defender as causas das pessoas que desejavam reaver seus bens e propriedades tomados pelos tiranos. Os sofistas foram os primeiros a dominar com facilidade a palavra modulada nestes princípios; entre os objetivos que possuíam, visando a uma completa formação, três eram procurados com maior intensidade: adestrarem-se para julgar, falar e agir. Seu aprendizado na arte de falar consistia em fazer leituras em público, comentários sobre poetas famosos, improvisar e promover debates. A partir daí, a palavra retórica passou a ser usada no campo da comunicação para descrever o discurso persuasivo, quer escrito ou falado.
b) As qualidades exigidas
Os oradores sofistas, entre eles, Górgias, Sócrates (que viveu de 436 a 338 a.C., e implantou a disciplina da retórica no currículo escolar dos estudantes atenienses) e muitos outros, exigiam várias habilidades dos oradores. Entre todas, quinze são consideradas imprescindíveis: memória, habilidade, inspiração, criatividade, entusiasmo, determinação, observação, teatralização, síntese, ritmo, voz, vocabulário, expressão corporal, naturalidade e conhecimento. Filósofos destacados como Platão (430-347 a.C.), Aristóteles (382-322 a.C.) e Cícero (106-44 a.C.) deram muita atenção aos princípios a serem seguidos por quem desejasse levar os homens a crerem e agirem. Paulo, pelo que parece, observou que estes princípios retóricos levaram alguns oradores cristãos aos extremos, firmando-se apenas em "...sublimidade de palavras ou de sabedoria..." (1 Co 2.1). Era esta a época em que os "...gregos buscavam sabedoria".
c) O retor
O retor, entre os gregos, era o orador de uma assembleia. Entre nós, entretanto, a palavra rhetro veio a ter o significado pomposo de mestre de oratória. O objetivo do retor (orador retórico) era, através de seu discurso laureado, o de persuadir os sentimentos nas discussões e nas deliberações sobre os problemas na democracia grega. As reuniões eram processadas nas praças ou no Areópago. Logo se percebeu que os cidadãos falantes, de fácil verbo, se expressavam mais adequadamente, dominavam a situação, sentiam- se sempre vitoriosos, tornavam-se admirados pelas multidões e galgavam os melhores postos na comunidade. Não demorou para que todo o mundo desejasse conquistar os segredos dessa nova arte.
2. A divisão da retórica
• Apelos emocionais baseados nos impulsos e sentimentos.
c) Estilo
e) Entrega
Consistia no uso correto da voz e do corpo para apresentar a mensagem aos ouvintes. Depois, com a grande influência do Cristianismo, passou-se a distinguir a retórica da homilética e alguns princípios éticos foram incorporados a esta última.
C. ORATÓRIA
1. Sua extensão
Convém que o leitor saiba que a retórica inventada pelos gregos passou para o mundo romano com o nome de oratória e para o campo religioso com o nome de homilética. Entretanto, a partir do IV século d.C., a retórica e a oratória tornam-se sinônimos usados para identificar o discurso profano, e a homilética identifica o discurso sacro, religioso, cristão. A homilética, a partir daí, passou a ser a arte de pregar o Evangelho. Assim, a oratória (de oris, boca) passou a indicar mais a parte técnica do sermão; enquanto que a homilética, as partes práticas e dogmáticas cristãs, que vão do sermão à celebração do culto. 2. Os grandes m estres de oratória Os romanos sofreram extraordinária influência cultural dos gregos no século II a.C., inclusive na arte da oratória. Com efeito, porém, outros grandes mestres, de diferentes nacionalidades, deram também sua contribuição.
a) Cícero
Cícero foi o maior orador romano. Nascido no ano 106 a.C., preparou-se desde muito cedo para a arte da palavra. Com apenas dez anos de idade, seu pai o deixou aos cuidados de dois mestres da oratória. Aos quatorze anos, iniciou seu aprendizado retórico na escola do retor Plócio e já aos dezesseis anos abraçou a prática da fala, observando os grandes oradores da sua época, que se defrontavam nas assembleias do fórum.
b) Quintiliano
Depois de Cícero, merece atenção especial na história da Arte Oratória romana, Quintiliano. Nascido na metade do primeiro século da Era Cristã, na Espanha, foi para Roma logo nos primeiros anos de vida para estudar oratória. Seu pai e seu avô foram retores e o pai lhe ministrou as primeiras aulas de retórica.
c) Demóstenes
Demóstenes, orador grego de extraordinária eloquência, foi contemporâneo de Filipe da Macedónia, que através das Filípicas, Orações Violentas, atacava a sua política, denunciando-lhe as intenções de dominar a Grécia. Demóstenes, considerado um dos maiores e mais perfeitos oradores da antiguidade, obteve êxito na arte de falar, depois de ter superado dificuldades impostas pelas suas próprias deficiências naturais. Os problemas de respiração, dicção, articulação e postura não lhe creditavam as condições mínimas para que pudesse atingir seu objetivo de tornar-se um orador. Duas qualidades, porém, Demóstenes possuía: a determinação e a vontade.
• A determinação
Ao iniciar sua preparação, isolou-se num local onde ninguém pudesse perturbá-lo. Para que a sua concentração e meditação fosse completa... a sua dicção foi corrigida com seixos que colocava na boca e com os quais procurava pronunciar as palavras da forma mais correta possível. Outros maus hábitos, entre eles o de levantar um ombro quando falava, foi também corrigido com disciplina rígida.
• A força de vontade
Demóstenes parece ter tido um início difícil e sido filho do próprio esforço. Entretanto, superou todas essas dificuldades. Empregou todas as técnicas e meios engenhosos para conseguir ser o maior orador da antiguidade (declamar diante da praia vencendo com a voz o ruído e barulho das ondas; correr, subindo montanhas íngremes, recitando trechos de autores gregos para desenvolver o fôlego etc.). O resultado de seu esforço foi gratificante. Ele conseguiu aquilo que almejava!
Há muitos tipos de sermões e vários meios de classificá-los. Alguns mestres de oratória classificam os sermões de acordo com o conteúdo ou assunto; outros, segundo a estrutura, e ainda outros quanto ao método usado na dissertação da mensagem. Então, os sermões encontram-se classificados assim:
2. Sermões homiliastas
a) Sermão temático
Muitas vezes o sermão temático é também chamado de sermão tópico, em razão do mesmo principiar com um tópico tirado da Bíblia. Há diferença entre o sermão temático quando confrontado com os sermões textual e expositivo. O sermão temático não começa com um versículo, ou passagem (longa) especial da Bíblia como fazemos no caso dos sermões textual e expositivo. Salvo, quando se trata de versículos, tais como: "Não matarás" (Êx 20.13); "Jesus chorou" (Jo 11.35), etc. Geralmente, tem início com um assunto, tópico, ou tema. A dissertação do sermão temático não se concentra no texto, ou numa parte das Escrituras, a exemplo do textual e expositivo; e sim, em todas as partes das Escrituras onde aquele tema está em foco. O título principal em tal sermão, naturalmente, não se baseia na análise de um versículo ou passagem, como geralmente se faz nos outros sermões, mas na análise do assunto. A distinção que se faz entre sermões temáticos e sermões textuais diz respeito apenas ao plano do discurso, especialmente no que se refere à fonte de suas divisões. É somente isso que constitui as espécies diferentes; mas, no entanto, tal diferença é de considerável importância na prática. As frases em questão - que alguns substituem por sermões tópicos e sermões textuais, ou sermões sobre assuntos e sobre textos -, não têm sido geralmente empregadas com precisão ou uniformidade. Uma clara aplicação delas que pode ser bem defendida, é a seguinte: sermões tópicos, ou temáticos, são aqueles cujas divisões provêm do assunto, independentemente do texto; ao passo que sermões textuais são esses cujas divisões são tiradas do próprio texto. Não se pode determinar especificamente que se pregue sobre este tema ou aquele - isso depende do Espírito Santo e do pregador, a menos que tal pregador seja apenas um instrumento teórico e não prático. Há certos temas que foram sugeridos pelo Espírito Santo para atender uma necessidade ou necessidades prementes; entretanto, estes temas em outras ocasiões não chegam a produzir efeito ou edificação. A Bíblia trata de todas as fases concebíveis da vida e das atividades humanas. Também revela os propósitos de Deus na Graça para com os homens, no tempo e na eternidade. Assim, a Bíblia contém uma fonte inesgotável de temas, dentre os quais o pregador pode selecionar material para mensagens temáticas adequadas a toda ocasião e condição em que as pessoas se encontrem. Na seleção do tema, devemos buscar a direção do Senhor, que no-la dará à medida que passamos tempo em oração e meditação b) Sermão textual O sermão textual, de acordo com aquilo que sugere o termo, é aquele em que as divisões principais são derivadas de um texto constituído de uma breve porção da Bíblia. Essa porção pode ser, dependendo da natureza do sermão, um a linha, um versículo ou até mesmo dois ou três versículos. Não deve ser mais do que isto, pois nesse caso não se trata mais de uma porção para um sermão textual, e, sim, uma porção para um sermão expositivo.
• A importância do texto
O vocabulário texto deriva-se do latim texere, cujo substantivo textus significa tecer, e que figuradamente quer dizer reunir, construir, compor, e expressa o pensamento em contínuo discurso ou escrita. O substantivo textus, então, indica o produto do tecer, o tecido, a trama, e assim, no uso literário, à trama do pensamento de alguém, uma
composição contínua. Os oradores romanos usavam a presente expressão para sugerir a tecedura ou o fundamento das idéias e pensamentos sobre os quais o discurso se baseia.
• Definição teológica
Teologicamente falando, o termo texto passou, então, a significar todo o passo, ou trecho bíblico lido pelo pregador, que pode ir de uma linha até um livro inteiro. Exemplo: Obadias (AT), Filemom, 2 e 3 Epístolas de João e a Epístola de Judas (NT).
• Na literatura
Na literatura, o sentido do texto passou a indicar qualquer porção escrita. A sistematização partiu da leitura de narrativas ou discussões contínuas de algum autor e da adição de comentários, principalmente explicativos, ou de se tomar o próprio escrito do autor e adicionar notas nas margens, ou na parte inferior da página. Assim, a própria obra do autor passou a ser chamada o texto, para distingui-lo das notas e comentários fragmentados do editor ou orador. A dissertação do sermão textual é inversa daquela que se apresenta no sermão temático; ali, aquela se baseia no tema e segue; aqui, esta se baseia no texto e segue. Uma das primeiras tarefas do pregador na preparação de um sermão textual é fazer um estudo completo do texto, descobrir nele a ideia dominante e, a seguir, estabelecer as divisões principais. Cada divisão se transforma, pois, numa ampliação ou desenvolvimento do assunto.
• A variação
No sermão textual, o pregador não se prende exclusivamente a um assunto como, por força de regra, acontece com o sermão temático, mas são tratados vários tópicos apresentados pela texto. Tais tópicos, mesmo que não admitam ser combinados num só assunto, devem ter tal relação mútua que dê unidade ao discurso.
c) Sermão expositivo
O sermão expositivo parece um pouco em sua estruturação com o sermão textual. Sendo que, necessariamente, ele assume um caráter mais extenso e progressivo. Define-se este tipo de sermão como aquela mensagem em que uma porção mais ou menos extensa das Escrituras é interpretada em relação a um tema ou assunto. O sermão temático gira em torno de um tema; o textual, em torno de um texto enquanto que o expositivo, em torno de um assunto. Especificamente, a unidade da mensagem expositiva consiste em um bom número de versículos dos quais emerge uma ideia central. Em outros casos, podemos tomar como base para nossa exposição um capítulo completo, ou um livro completo da Bíblia. Para exemplificar: Uma exposição sobre a vida do patriarca Jó. Deve-se, nesse caso, tomar como base todo o seu livro do capítulo 1 ao 42. É claro que não leremos no início do sermão todos estes capítulos. Entretanto, por força do argumento, aqui, ali e acolá, temos que fazer uma citação tópica, pois somente assim o sermão apresentaria unidade e estilo de natureza expositiva. Se nossa exposição tem como base o Sermão do Monte pregado por Jesus, é óbvio que tomaremos como base três capítulos do livro de Mateus (5,6,7)
e ainda uma pequena porção do capítulo 8. Numa exposição sobre lágrimas, ou sobre alguém que chorou, teríamos como base João 11.35: "Jesus chorou". Neste caso, o pregador exploraria a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do versículo em foco, e assim teria material substancial para toda a dissertação do sermão. Na apresentação dum sermão expositivo, requer-se maior preparo para o pregador. Razão por que uma mensagem desta natureza engloba assuntos de variados temas. Neste caso, a escolha do tema ou assunto, deve ser bem definida. Além desta escolha, o pregador deve se ater a uma série de recursos internos e externos que lhe possibilitem melhor apresentação do sermão. Durante a fase preparatória, o pregador precisa reunir todos os recursos que estiverem ao seu alcance.
Uma unidade literária.
• Deve ter integridade hermenêutica
- tudo que se expõe deve ser fiel ao texto e argumento principal.
• O contexto deve estar em sintonia direta com o texto e se coadunar em cada detalhe do subtexto e outras formas de expressão.
• Deve ter coesão
- um colar de pedras preciosas.
• Deve ter movimento e direção
- leva o ouvinte para a frente.
• Deve ter aplicação prática na vida.
2) Familiarização com o texto
• Ler o livro da Bíblia onde o texto está encravado várias vezes com o propósito de descobrir o sentido retrospectivo e prospectivo.
• Leitura sintética
- buscar o tema principal, o desenvolvimento do tema e subsídios para o esboço.
• Leitura biográfica
- tudo que lança luz sobre o autor e os indivíduos importantes mencionados no episódio.
• Leitura histórica
- buscar a situação histórica, social, geográfica e cultural do escritor e seus leitores (contemporâneos) originais.
• Leitura teológica
- buscar ensinamento doutrinário e pressuposições que levam o autor a argumentar tal como ele faz. • Leitura teórica - notar as figuras de linguagem, tantas a de cor como de forma. • Leitura tópica - buscar os assuntos principais no livro sagrado, tais como éticos, práticos ou doutrinários.
• Leitura analítica
- buscar o inter-relacionamento entre frases e palavras.
• Leitura devocional
- buscar o alimento espiritual com atenção à voz de Deus. Um sermão expositivo é, de fato, uma exposição por ordem, baseada no contexto duma acurada investigação! Eis a razão por que se recomenda ao pregador abstenção total para com a preguiça. A preguiça, como um dos pecados capitais, destrói a oportunidade e mata a alma, pois significa "aversão ao trabalho, indolência, vadiagem, negligência, ociosidade, descuido" (N.K.).
3. Sermão Inferencial
O sermão inferencial é também conhecido como sermão ilativo. São vários os elementos que constituem a natureza deste sermão; com efeito, porém, o elemento central nesta categoria de sermão é o da indução. A indução pode ser definida de duas maneiras: a formal e a bíblica.
a) Indução formal
Mills a define assim: "Indução é essa operação mental pela qual inferimos que aquilo que sabemos ser verdade num caso particular, ou em casos particulares, é também verdade em todos os casos semelhantes ao primeiro, nos mesmos alegados respeitos". N. K. Davis opina assim: "Indução é uma inferência imediata que se generaliza da experiência e além dela". Em termos mais claros e simples, indução é o processo de se extrair (obter) uma regra geral dum número suficiente de casos particulares. Indução assim definida, é um raciocínio pelo qual o espírito, de dados singulares suficientes, infere uma verdade universal. Esta verdade pode até mesmo ser falsa (empírica); entretanto, na imaginação é verdadeira. A indução é o inverso da dedução. Com efeito, está no raciocínio dedutivo a conclusão contida nas premissas como a parte no todo, enquanto que, no raciocínio indutivo, a conclusão está para as premissas como o todo para as partes. • Dedução - O metal conduz eletricidade. -
Ora, o ferro é um metal. - Logo, o ferro conduz eletricidade. • Indução - O ferro, o cobre e o zinco conduzem eletricidade. - Ora, o ferro, o cobre e o zinco são metais. - Logo, o metal conduz eletricidade.(3)
b) Indução bíblica
O Dr. Genung acha que indução bíblica deve ser entendida como uma forma de analogia. Assim entendida, podemos tirar alguns exemplos de sermões indutivos tanto no Antigo como no Novo Testamentos. No episódio entre Davi e Bate-Seba, a parábola do profeta Natã é sem dúvida um sermão indutivo. A referência aparece no versículo um e a inferência no versículo dois. No versículo um a expressão "um rico e outro pobre", não é analogia. Porque, de fato, Davi era rico; Urias era pobre em relação ao rei. Já no versículo dois, a expressão "muitíssimas ovelhas" é inferência. É inferência porque a expressão ovelhas, nesse caso, é tomada para representar as mulheres e concubinas de Davi. No versículo 3, a expressão "o pobre" continua sendo referência; enquanto que a expressão "pequena cordeira" é inferência. No decorrer da dissertação inferencial, o profeta levou o rei a despertar seu estado de consciência. A seguir, Natã fez a aplicação do sermão e o rei se arrependeu. O sermão inferencial ou indutivo também pode ser pregado através de uma circunstância, uma maravilha, um evento. No episódio de Lázaro, de Betânia, não foram propriamente as palavras proferidas por Jesus que convenceram os judeus, e, sim, o efeito extraordinário do milagre operado por Ele. Observemos a inferência entre linhas: "E os principais dos sacerdotes tomaram deliberação para matar também a Lázaro; porque muitos dos judeus, por causa dele, iam, e criam em Jesus". Ora, numa referência direta, se crê, por causa de Jesus; entretanto, numa inferência, afirma-se que os judeus criam em Jesus por causa de Lázaro (Jo 12.10,11). Com respeito a João Batista se diz o seguinte: "Na verdade João não fez sinal algum, mas tudo quanto João disse deste era verdade. E muitos ali creram nele" (Jo 10.41,42). Aqui, nesta passagem, encontramos um verdadeiro sentido de indução. Isto é, "..que aquilo que sabemos ser verdade num caso particular... é também verdade em todos os casos semelhantes ao primeiro".
4. Sermão Extemporâneo
Este tipo de sermão (o mais usado pelo povo de Deus em geral, especialmente pelos grupos pentecostais) é também chamado de sermão de enunciação livre. O sentido técnico deste termo significa, primeiramente, falar sem preparação prévia, simplesmente com os recursos do momento. A expressão coloquial para isso é falar de improviso, falar sem apoio. Com efeito, o sermão de enunciação livre não significa, de todo, que o pregador não tenha uma preparação de pensamento; pois, evidentemente, com o passar dos anos, o pregador consegue arrumar na imaginação uma bagagem imensa das experiências espirituais mais profundas. Com efeito, entretanto, o sermão extemporâneo deve ser sugerido diretamente pelo Espírito Santo. Quando assim acontece, não existe nenhuma desvantagem. Quando, porém, ele surge dentro de uma necessidade momentânea, pode trazer suas vantagens e
suas desvantagens, conforme estudaremos em secções posteriores. Spurgeon afirma que muitas vezes passou por experiências assim: pregar uma outra mensagem e não aquela que de antemão tinha preparado. Ele lembra ter passado por vários episódios desta natureza, mas um deles marcou terminantemente seu ministério de pregador. Ele narra o que segue: "Uma vez, na rua New Park, passei por experiência singular. Eu tinha passado com felicidade por todas as partes iniciais do culto de domingo à noite, e estava anunciando o hino anterior ao sermão. Abri a Bíblia para achar o texto que tinha estudado cuidadosamente como o tópico do discurso, quando na página oposta outra passagem da Escritura saltou sobre mim como um leão de uma moita, com muitíssimo mais poder do que eu sentira ao considerar o texto que havia escolhido. "O povo cantava e eu suspirava. Eu estava espremido de ambos os lados, e minha mente pendia como em pratos de balança. "Naturalmente, eu estava desejoso de seguir a trilha que tinha planejado cuidadosamente, mas o outro texto não queria aceitar recusa, e parecia puxar-me pela orla do casaco, gritando: Não, não! Você tem que pregar sobre mim. Deus quer que você me siga. Eu deliberava dentro de mim quanto ao meu dever, pois não queria ser nem fanático nem incrédulo, e por fim pensei comigo mesmo: Bem, eu gostaria de pregar o sermão que preparei, e é um grande risco meter-me a traçar nova linha de pensamento. M as como esse texto insiste em constranger-me, talvez seja do Senhor, e portanto me aventurei com ele, venha o que possa vir. Quase sempre anúncio as minhas divisões logo depois da introdução, mas nessa ocasião, contrariamente ao meu costume, não o fiz, pela razão que talvez alguns de vocês (seus alunos) adivinhem. "Passei pelo primeiro subtítulo com considerável liberdade, falando perfeitamente, de improviso, quanto ao pensamento e à palavra. O segundo ponto foi tratado com a consciência de um poder incomum, tranquilo e eficaz, mas eu não tinha ideia do que seria ou poderia ser o terceiro, pois o texto já não oferecia mais conteúdo, e eu nem poderia dizer agora o que teria feito, se não ocorresse um fato que eu nunca teria imaginado. Tinha me metido em grande dificuldade, obedecendo ao que julgava ser um impulso divino, e me sentia relativamente sossegado sobre isso, crendo que Deus me socorreria, e sabendo que ao menos poderia encerrar a reunião se não houvesse mais nada que dizer. Não tinha que ficar deliberando, pois de repente ficamos em completa escuridão. O gás se acabara, e os corredores da igreja estavam repletos de gente, e os lugares todos estavam superlotados; havia grande perigo, mas também houve grande bênção. Que deveria fazer eu então? Os presentes assustaram-se um pouco, mas eu os tranquilizei na hora, dizendo-lhes que não se alarmassem por faltar a luz, pois logo seria reacendida; e quanto a mim, como não tinha manuscrito, podia falar com luz ou sem luz, desde que eles tivessem a bondade de sentar-se e ouvir. Se o meu discurso fosse muito elaborado, seria absurdo continuá-lo. E assim, no aperto em que eu estava, fiquei livre do embaraço. Voltei-me mentalmente para o bem conhecido texto que fala do filho da luz andando nas trevas, e do filho das trevas andando na luz, e vi que se me derramavam observações e ilustrações apropriadas; e quando as luzes se acenderam, vi diante de mim um auditório tão arrebatado e subjugado como nenhum outro homem jamais viu em sua vida. O estranho nisso tudo foi que, passadas algumas reuniões da igreja, duas pessoas foram à frente para fazer a sua
confissão de fé, e declararam que foram convertidas naquela noite. A primeira deveu a sua conversão à primeira parte da pregação, sobre o novo texto que me viera, e a outra atribuiu o seu despertamento à última parte, ocasionada pela súbita escuridão. Todos os pregadores agrupando-se em torno do seu ministério. Portanto, digo: observem o curso da Providência... subam ao púlpito firmemente convictos de que receberão uma mensagem quando chegar a hora, mesmo que não tenham uma palavra naquele momento." Quando, porém, o sermão extemporâneo é pregado apenas por circunstâncias, não deixa de apresentar suas vantagens e desvantagens. O Dr. John A. Broadus apresenta estas vantagens e desvantagens. Elas são: a) As vantagens • Este método acostuma a pessoa a pensar mais rapidamente, e com menor dependência de recursos externos, do que habitualmente dependesse de um manuscrito. • Este método poupa tempo para o melhoramento geral e para outros deveres pastorais... (se se trata de um ministro).
• O pregador pode observar o efeito de suas palavras à medida em que vai falando, e pode propositadamente alterar suas formas de expressão, bem como o modo de enunciação, de acordo com o seu próprio sentir e de acordo com o sentir de seus ouvintes.
• Por último, ocorre o perigo do pregador se esquecer das linhas de imaginação. Diante destes argumentos, alguém perguntará: "Devemos pregar com ou sem esboço?" A Bíblia nos ensina que devemos "crescer na graça e no conhecimento...". Este pensamento da Bíblia aplicado no campo da homilética sagrada, ensina-nos o seguinte: Devemos pregar (ou ensinar), tendo como orientação técnica um esboço e como orientação divina o Espírito S anto. Jesus disse: "...deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas" (cf. Mt 23.23). Entretanto, se a "agradável, e perfeita vontade de Deus" é que preguemos sem nos determos a nenhum destes recursos apresentados, devemos seguir sua orientação, dizendo: "não se faça a minha vontade, mas a tua".
5. Sermões para ocasiões especiais
a) Sermão para casamento
O sermão para casamento trata-se mais de uma mensagem prática, cheia de várias recomendações, do que propriamente um sermão analítico com regras e técnicas preestabelecidas. Alguns pregadores fazem uma introdução, lendo partes selecionadas das Escrituras, e depois apresentam o conteúdo do sermão, trazendo reminiscências oportunas de exemplos bíblicos.
• O conteúdo:
O assunto principal num sermão para casamento, ou sermão nupcial, está baseado em passagens alusivas a tais acontecimentos. O pregador, nesse caso, deve ter ampla liberdade para escolher o texto ou passagem que melhor facilite sua dissertação.
b) Sermão para aniversários, bodas etc.
As associações de idéias do momento podem sugerir algumas vezes ligeiras modificações ou peculiaridades de alusão, de ilustração e de estilo; entretanto, Cristo deve ser o tema central do início ao fim.
c) Sermão acadêmico
d) Sermão para funeral
De todos os sermões é este o mais difícil de se pregar. Mormente porque foi este o único exemplo que nosso Senhor não nos deixou. Ele nunca foi a um sepultamento; portanto, nunca realizou uma cerimônia fúnebre! Com efeito, porém, os exemplos bíblicos de outras ocasiões e as evidências nos ensinam que este sermão deve ser breve, simples e de fácil compreensão, para não perder seu objetivo principal. Por ocasião de um sepultamento, o povo prefere quase sempre um ofício religioso simples, talvez com uma fala breve, em memória do falecido, ou várias falas em caso de interesse especial.
• O conteúdo:
Entristecidos e abrandados, os presentes sentem profunda necessidade da misericórdia e da graça de Deus; então, é uma oportunidade de meditação e consideração. Aproveitando este momento, o pregador pode prazerosamente (mais sóbrio) chamar a atenção de todos para o evangelho da consolação e incutir a necessidade da piedade pessoal, a fim de que todos estejam preparados para o viver e o morrer. E de grande importância, portanto, que o argumento central sirva para consolar os enlutados e levar os presentes a um momento de meditação sobre um futuro encontro com Deus.
e) Sermão para crianças
Em geral, o sermão para crianças deve produzir três coisas: • Interesse • Instrução • Impressão Frequentemente, dizem os pedagogos: "No infante predomina a imaginação; na criança de 10 a 12 anos a memória; e já até o seu maior desenvolvimento se tornam mais ativos os poderes de abstração e raciocínio". A criança não tem muita paciência, distrai- se com relativa facilidade; seus pensamentos mudam constantemente de lugar, e é difícil fazê-la prestar atenção num determinado assunto por tempo prolongado. Quanto mais rápido for o sermão, mais chances terá de atingir seus objetivos. Por esta razão, alguém aconselha pregar um sermãozinho e não um sermão retórico e prolongado.
• O conteúdo:
Nunca o pregador deve transmitir um sermão para crianças pensando apenas em diverti-las! Não! As crianças precisam entender que estão aprendendo alguma coisa e
precisam ver também que lhes estamos querendo fazer algum bem. Para alcançarmos tais objetivos, devemos, pois, falar a elas sobre fatos e verdades interessantes e instrutivas, usando palavras concretas e conhecidas delas, sem argumentação formal, sem processos analíticos, sem idéias abstratas.
O LIVRO SEM PALAVRAS
Um dos métodos mais atraente e instrutivo para se falar à imaginação da criança, ao seu coração e à sua consciência, é o livro sem palavras. Este livro, geralmente, é constituído de cartolina ou de outro material apropriado. Seu número de páginas, deve ser, no geral, cinco, pois em um sermão normal isso significaria cinco divisões especiais. Cada página deste livro contém uma cor diferente.
- Página dourada:
Esta página é tomada para representar o pecado. Nesse caso, o pregador deve contar para as crianças toda a história do pecado: sua origem, natureza e seus males sombrios. E depois, apresentar na página seguinte (a vermelha) a solução para estes males.
- Página vermelha:
Esta página representa o precioso sangue de Cristo. Então o pregador deve aqui contar toda a história da redenção.
- Página branca:
A página branca representa o coração limpo, a pureza da alma, que o Senhor Jesus já purificou. Nesse caso devemos falar às crianças da santificação, purificação etc.
- Página verde:
Esta fala da nova vida que recebemos quando aceitamos Jesus como Salvador. O pregador deve então falar sobre a vida eterna e tudo aquilo que diz respeito a uma vida feliz.
f) Palestras para outros eventos especiais
Entretanto, não devemos nos esquecer que o próprio evento, circunstâncias e local inspirarão o obreiro para criatividade e apresentação da mensagem coloquial. Recomendamos ao leitor que compre e faça uso de um manual que trate especificamente destes assuntos. O apóstolo Paulo, quando pensava nestes momentos, disse: "...O Senhor te dará entendimento em tudo" (2 Tm 2.7b).
• O conteúdo:
Algumas vezes, certas ocasiões facilmente podem tornar o pregador superficial. Entretanto, se ele é realmente um homem de Deus, nenhuma influência externa modificará sua personalidade. Então, como sempre, seu assunto central deve ser Cristo!
B. O ASSUNTO DO SERMÃO
1. Orientação geral
O sermão pode ter um texto, e pode também não o ter. Com efeito, porém, deve sempre ter um assunto. De modo definitivo, deve tratar de alguma coisa, de alguma verdade importante, relacionada com a vida religiosa. O assunto deve estar presente, especialmente quando o poder de Deus atua ininterruptamente na Igreja. Paulo diz, por amor de seu argumento: "Que fazes pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação... " (1 Co 14.26). Noutras palavras, o que não faltava na Igreja de Corinto era assunto para se falar. Dois princípios fundamentais devem estar presentes na escolha do assunto: a) A necessidade geral da Igreja As necessidades gerais da Igreja são vistas à primeira vista como um todo. Elas absorvem um assunto doutrinário, ou um princípio ético, um problema moral, pessoal, ou social, uma necessidade humana como a de ser salvo, encorajado, ou guiado na vida religiosa e daí por diante. Estes assuntos são desenvolvidos dentro do contexto de nossa experiência e preparo teórico. b) As necessidades individuais As necessidades individuais são de naturezas prementes. Na maioria das vezes, essas necessidades não estão expostas como as outras necessidades comuns da vida.
2. Devemos buscar a orientação divina
O pregador ideal e compassivo não confia apenas em suas habilidades e capacidades de discernimento, mas procura a todo custo, nos santos pés do Senhor, o lenitivo necessário de que a Igreja e o povo em geral precisam. O homem espiritual tem sempre esta experiência!
C. FORMA DE APRESENTAÇÃO DO SERMÃO 1. Definição geral
Sempre, uma vez por outra, escutamos esta pergunta: "Qual a melhor forma de se apresentar o sermão: ler, recitá-lo ou pregá-lo de improviso?" No caso de grupos especiais, tais como os surdos-mudos etc., adota-se a mímica (arte de exprimir o pensamento por meio de gestos). Entretanto, tratando-se de pessoas normais, pode- se, dependendo das circunstâncias, adotar estes métodos:
a) Ler o sermão
Esta maneira de apresentar um discurso tem grande valor e não deixa de ser válida na oratória, quando se trata dum discurso pronunciado numa assembleia, num parlamento, num fórum, em solenidades públicas ou privadas. Entretanto, tratando-se de homilia sagrada, torna-se monótono e cansativo. A leitura, por mais bem feita, não transmite empolgação e vibração nos ouvintes.
b) Recitar o sermão
Este método de se apresentar o sermão, pode trazer vantagem e desvantagem para o pregador. Vantagem, porque recitar, ou declamar sua própria composição, daria ao sermão uma apresentação tecnicamente perfeita. Nesse caso, também a memória do pregador desenvolve com domínio e coordenação. E, na verdade, a melhoria real da memória é coisa de grande valor. Desvantagem, porque mesmo que seja bem declamado, não deixa de tornar-se um sermão um pouco robotizado. A mensagem fica completamente mecanizada e o pregador estático. Também aqueles pensamentos e idéias preestabelecidas afastam os pensamentos e idéias que surgirem pela primeira vez. Há também o perigo da memória falhar, e assim o sermão naufragar, c) Falar de improviso Neste sentido, devemos ter em mente dois pontos importantes:
2. A versatilidade de Paulo
2. As diretrizes básicas da enunciação
Alguém poderá então perguntar: Por que tantos elementos funcionais na composição do sermão? Estabelecer uma ideia central como âmago do sermão nem sempre é fácil, especialmente quando se trata de sermões textuais e expositivos. É aí, segundo a divisão correta, que necessariamente deve o pregador fixar sua mente e a de seus ouvintes sobre as palavras, frases e cláusulas do título, do tema e do texto. Somente assim eles terão percepção correta do assunto em discussão.
B. O TÍTULO
1. Definição
O título, como sabemos, é a primeira parte do sermão. A função do título é chamar a atenção, interessar e atrair as pessoas. Ele dá nome ao sermão, como uma peça literária completa. Não devemos confundir o título com o tema. O título dá nome ao conteúdo. O tema dá nome ao assunto em discussão. O título deve ser bem sugestivo para que possa despertar atenção ou curiosidade. Tem de ser atraente, não pelo uso de mera novidade, mas por ser de vital interesse às pessoas. Para ser interessante, o título deve relacionar-se com as situações e necessidades da vida. Muitas circunstâncias, tanto internas como externas, influenciam a vida e o pensamento da Igreja, ou do auditório em geral. Épocas de bênçãos espirituais, dias de provações, prosperidade ou adversidade, sublevações sociais ou políticas, comemorações e aniversários, ocasiões de regozijos ou de lutas. Tudo isso, bem como os assuntos pessoais dos membros da congregação, influenciam as pessoas a quem o pregador ministra.
2. O título não deve ser negativo
O pregador nunca deve usar títulos extravagantes ou negativos. Embora procuremos criar interesse, usando um título atraente, é preciso manter sempre a dignidade devida
à Palavra de Deus. Certa feita tive o desprazer de ouvir um pregador transmitir um sermão baseado no seguinte título: "Cristo não pode". Enquanto que o tema trazia a seguinte frase: "Sete razões porque Cristo não salva". Título dessa natureza e tema extravagante assim, nem salva e nem converte a ninguém. Ele expressa uma mensagem negativa. "Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido" (Lc 19.10). Melhor seria pregar: "Três razões porque Cristo salva". Sem dúvida alguma, o resultado seria glorioso!
3. A divisão do título
O título pode ser, segundo a divisão correta, local, geral ou intermediário. • Local, quando se prende apenas a um assunto ou obra literária. • Geral, quando encabeça outros títulos. • Intermediário, quando transita entre o título local e o geral. O título intermediário também pode ser definido como sendo o subtítulo. O subtítulo, quando é uma parte apenas do título geral, também pode ser chamado de título parcial. De acordo com as regras homiliastas, o título deve ser breve. Há ocasiões em que é necessário usar uma sentença completa, mas concisa.
4. A natureza do título
A natureza do título pode ser declarativa, interrogativa, afirmativa ou exclamativa. Biblicamente falando, pode ser apresentado este gráfico assim: • Declarativa "O que Deus não pode fazer" (curiosidade) - Tito 1.2. • Interrogativa "Onde está Jesus?" (vontade de conhecer) - Mateus 2.2. • Afirmativa "Jesus foi e voltará" (a evidência e a certeza) - João 14.3. • Exclamativa "Para mim o viver é Cristo!" (determinação) - Filipenses 1.21.
5. A Escolha do Título
f) Sexta-Feira Santa
• "A morte de Cristo".
g) Sábado de Aleluia
• "O silêncio de Cristo".
h) Domingo de Páscoa
• "O Cristo Redivivo".
i) Por ocasião dum culto de missões
• "A Igreja e sua missão prioritária",
j) Num culto evangelístico
C. O TEMA
1. A síntese do assunto
O tema é a segunda parte do sermão e vem depois do título, pela ordem correta. É a síntese do assunto em discussão. Vem de uma raiz grega "théma" que significa ponho, coloco, guardo, deposito, trazendo assim a ideia de algo que está dentro, ou no meio de alguma coisa. Dentro do sermão (em síntese) é exatamente esta aposição do tema. Sua posição técnica no sermão encontra-se entre o título e o texto.
2. O tem a e sua função
A função do tema é sintetizar o assunto e personificá-lo. Por isso, tema é o nome do assunto que vamos tratar ou a síntese do conjunto deles, enquanto que o assunto (corpo do sermão propriamente dito), vai ser a argumentação (ou conteúdo do tema). Em razão do tema gravitar bem perto do título, alguns mestres da oratória chegaram até sugerir que o tema devia vir antes do título, e não depois. É verdade que em algumas passagens ou assuntos da Bíblia, isso parece lógico; mas em outras não. Portanto, o tema deve vir depois do título e não antes. Quando o tema é geral, pode servir de título. Em alguns casos, isso é natural. Exemplo: numa dissertação sobre a morte de Cristo, o tema geral seria A morte de Cristo, enquanto que, nesse caso, o título viria depois com a seguinte frase: Os sofrimentos de Cristo. Com efeito, portanto, o tema viria primeiro e o título depois, sem que alterasse as regras do procedimento. Mas, no contexto prático, o título deve vir mesmo, em primeiro lugar.
D. O TEXTO
1. Definição do texto
O texto, ou a porção, refere-se à passagem bíblica em síntese ou no seu todo, usado pelo pregador para fundamentação do sermão. O vocábulo deriva-se do latim texere, que significa tecer e, figuradamente, quer dizer reunir, construir, compor, expressar o
pensamento em contínuo discurso ou escrita. O substantivo textus, então, indica o produto do tecer, o tecido, a trama e, assim, no uso literário, a trama do pensamento de alguém, uma composição contínua (leia mais sobre texto, quando abordarmos uma importante definição sobre texto, contexto, subtexto etc., no capítulo quatro).
2. Dependendo da natureza do sermão
E. A INTRODUÇÃO
1. O exórdio
A introdução é a parte inicial do corpo do sermão. É o vestíbulo, ou a plataforma de acesso ao ponto central da argumentação. O propósito da introdução é despertar a atenção do povo e desadiar-lhe o pensamento de tal modo que se interesse ativamente pelo assunto. Alguém até comparou-a a fortes garras de ferro que prendem imediatamente a mente dos seus ouvintes. Podemos comparar a missão da introdução como uma comissão de recepção de um grande evento. Quando esta funciona mal, todo o curso fica prejudicado. No sermão, acontece também a mesma coisa; quando a introdução é malfeita, a tese se desenvolve defeituosa.
2. Deve visar diretamente o assunto
A introdução deve visar diretamente o assunto principal. Para tanto, as afirmativas nela contidas devem consistir em idéias progressivas que culminem no objetivo principal do sermão. Toda citação, explicação, exemplo ou incidente devem ser
apresentados com este propósito em mente. Os oradores antigos dividiam a introdução em duas espécies: a formal e a não-formal.
• A formal
A introdução formal consistia numa ligeira palavra distinta do verdadeiro assunto (início) do sermão.
• A não-formal
F. O CORPO DO SERMÃO
1. Definição
O corpo do sermão, conforme soa melhor em termos prático, entre os pregadores cristãos, é o conjunto de fatos, de idéias, de provas ou de argumentos arrolados pelo pregador. Esta argumentação deve ser bem apresentada e ao mesmo tempo mesclada com o sabor da graça de Deus (Mc 9.50; Cl 4.6). Somente assim, o pregador pode se enquadrar no exemplo típico do divino Mestre. Dele se diz: "...todos...se maravilhavam das palavras de graça que saíam da sua boca..." (Lc 4.22) e "...nunca homem algum falou assim como este homem" (Jo 7.46b). Dependendo da cultura geral ou ambiental, esta parte do sermão (ou este conjunto de idéias, fatos, provas e argumentação) pode ser chamada de:
- A descrição - A narração - A dissertação - A exposição - A discussão - A oração - A explanação - A argumentação -A tese - A proposição - A prédica - O assunto - O corpo do sermão - O conteúdo da mensagem - O calor da eloquência - O centro da pregação - O âmago da oratória - O corpo do discurso - O desenvolvimento - O tratado Algumas dessas expressões, são apenas termos designativos para classificar métodos gerais de exposição. Por exemplo: • A descrição A descrição é a exposição analítica, detalhada, particular e minuciosa de um objeto (coisa ou pessoa). A descrição é a forma de se dizer como uma coisa é, em detalhes.
• A dissertação A dissertação é a exposição discursiva onde os fatos são analisados, interpretados, as idéias elaboradas e os conceitos estabelecidos, segundo a visualização e a opinião do autor (pregador). No conceito geral, entretanto, todos esses termos apontam de uma maneira ou de outra para o corpo do sermão.
2. O objetivo do sermão
Em linhas gerais, o sermão tem dois objetivos: persuadir e dissuadir . O alvo do pregador, ou mesmo da mais humilde testemunha de Cristo, é salvar e edificar seus ouvintes. Tratando-se de pecadores, a missão daquele que ministra a Palavra de Deus é dissuadi-los do pecado e persuadi-los a crer em Jesus como Salvador (Lc 24.47,48; At 8.4,5; 14.15). No tocante aos salvos, segue-se a mesma sentença, isto é, dissuadi- los daquelas coisas que são contrárias à vontade divina e persuadi-los a "...permanecerem no Senhor com propósito do coração" (At 11.23). Para persuadir os ouvintes e levá-los à salvação ou edificação espiritual, todas as formas de sermão podem ser usadas.
3. As divisões do sermão
As divisões do sermão variam em número, dependendo do conteúdo e da capacidade do pregador. Aconselha-se a limitação de pontos a um máximo de cinco numa série. A memória tende a falhar, quando há mais de cinco pontos num sermão. Testes psicológicos no campo da educação revelaram que, quando há mais de cinco pontos dentre os quais escolher, o discernimento fica mais ou menos nebuloso e, por conseguinte, as escolhas são menos confiáveis. Sugere-se, portanto, para melhor compreensão do significado do pensamento, nos sermões temáticos e textuais, três divisões, e cinco para um sermão expositivo. Também as divisões não devem ser páreas e, sim, ímpares. É muito fácil para os ouvintes acompanhar uma mensagem falada, quando as idéias principais estão organizadas corretamente e proferidas com clareza, do que quando elas não têm organização ou não se relacionam. À medida que o pregador anuncia as divisões e passa de um ponto principal a outro, os ouvintes conseguem identificar as divisões das partes entre si e discernir a progressão da mensagem.
a) As divisões
No esquema apresentado, o leitor deve observar que algumas divisões principais são tão condensadas que não precisam sofrer subdivisões. Outras, porém, pelo contrário, são amplas e heterogêneas e, por isso, precisam. Outrossim, algumas divisões, por causa do seu conteúdo, podem exigir mais atenção, enquanto que outras não terão tanta importância em relação ao objetivo ou propósito da pregação. Em casos específicos, material que não foi necessário se aplicar numa divisão, podemos aplicar na outra, pois com a mesma ferramenta podemos usar vários tipos de atividade.
b) As subdivisões
As subdivisões de cada divisão principal devem derivar do tema da divisão e desenvolver-se dentro do assunto e argumento principal.
c) As transições
A função primordial das transições durante o sermão é fazer a ligação (ou junção) da passagem de um assunto para o outro. Na linguagem jornalística, chama-se de gancho e na linguagem homiliasta, de transições. Seja a transição mediata ou imediata, sempre é desejável empregar alguma forma de expressão que, juntamente com uma natural mudança de tom e de maneira, leve o ouvinte a observar que aí estamos passando para outra linha de pensamento. As transições usadas durante um sermão devem ser caracterizadas com palavras-chaves e nunca com palavras adversas. Observando bem, as transições funcionam entre uma divisão e outra, como uma espécie de minúsculas introduções. Nos sermões pregados por Jesus, encontramos estas transições em estilo natural, ligando um assunto ao outro. Tomemos como base: O Sermão do Monte No Sermão do Monte, pregado por nosso Senhor, "bem-aventurança" é a primeira palavra do assunto que irá ser desenvolvido. Nesse caso, não se trata de transição ainda e, sim, da introdução discurso. As transições começam na "bem-aventurança" seguinte:
G. A APLICAÇÃO DO SERMÃO
1. Convite ou apelo
A aplicação do sermão é um dos elementos mais importantes do nosso discurso. Mediante esse processo, obtemos o resultado negativo ou positivo daquilo que pregamos ou ensinamos. A aplicação do sermão deve ser de acordo com o tipo de mensagem que pregamos. Definimos a aplicação como sendo o apelo ou melhor posição correta, o convite oferecido aos ouvintes. Esta parte é a penúltima peça do sermão. Antecedendo assim a conclusão do discurso.
2. O objetivo da aplicação
O objetivo da aplicação no sermão visa o resultado positivo daquilo que ministramos. Por exemplo: quando pregamos a palavra da salvação aos pecadores, a aplicação deve ser o convite (o apelo). Se ministrarmos a palavra de Deus num auditório, mostrando a necessidade do crente ser batizado com o Espírito Santo, a aplicação, nesse caso, deve ser um convite para uma oração de poder, a fim de que nosso Salvador batize com o Espírito Santo; em outras palavras, conforme nosso dia a dia, convidamos para "vira frente". Quando o sermão se baseia na cura divina, a aplicação deve ser um apelo às pessoas doentes a participarem de uma oração, geralmente intitulada a oração da fé, a fim de que recebam saúde. Vamos observar estes exemplos na Bíblia, onde os sermões tiveram aplicação imediata:
• O sermão:
"Em nome de Jesus, o Nazareno, levanta-te e anda" (At 3.4,6). São inúmeras as passagens e os episódios na Bíblia, onde o sermão foi sequenciado pela aplicação. Portanto, numa linguagem clara e acessível, a aplicação do sermão é o convite (apelo) baseado naquilo que pregamos.
H. A CONCLUSÃO DO SERMÃO
1. Definição
A conclusão, como o próprio termo sugere, no sentido técnico, é a última parte do sermão; no sentido homiliasta, é uma síntese de todas as verdades que foram ditas no sermão. A conclusão torna-se a parte mais gratificante do sermão para o pregador, pois, segundo se diz, é o momento quando o pregador se obriga a fazer uma síntese de tudo o que disse, não só para destacar e fazer lembrar as verdades principais, mas para ajudar os ouvintes a se beneficiarem da mensagem. Por essa razão, ela deve ser breve. Lamentavelmente, alguns pregadores, porém, se esquecem da importância da conclusão, e, como resultado, seus sermões, embora cuidadosamente preparados
nas outras partes, fracassam no ponto crucial. Portanto, aconselha-se, por outro lado, uma boa conclusão; ela pode, às vezes, suprir as deficiências de outras partes do sermão, ou servir para aumentar o seu impacto.
2. A conclusão deve ser conclusiva
O objetivo da conclusão é suprir algumas falhas do sermão e concluí-lo no sentido restrito da palavra. Dependendo das circunstâncias (se o sermão for pregado pelo pastor ou dirigente local), a conclusão pode ser, salvo as exceções, o cântico de um hino, um corinho, uma oração, à bênção apostólica, ou mesmo o amém final.
Os elementos técnicos (ou funcionais) que são usados pelo pregador durante o tempo da dissertação, referem-se aos elementos bíblicos e a outras formas de expressão. São eles: A Bíblia no seu todo O texto O contexto O subtexto Os paralelos - Os de palavras - Os de idéias - Os de ensinos gerais A referência A inferência As variantes As evidências A dedução As ilustrações etc. Analisemos os elementos bíblicos e depois os gramaticais.
a) A Bíblia
O primeiro elemento (ou fonte) primordial do pregador é a Bíblia. Ela é, portanto (e deve ser), o primeiro recurso a ser usado na apresentação do discurso. Pregador que não coloca a Bíblia em primeiro lugar (sentido espiritual e físico), seu sermão torna-se medíocre e arqueológico.
b) O texto
No sentido universal, o texto passou a significar todo o passo ou trecho lido pelo pregador, que pode ir de uma linha até um livro inteiro (ver notas sobre isso em o capítulo dois - definição do texto). No sentido local (restrito), entretanto, o texto significa uma porção bíblica que, junto ao contexto, auxiliará na interpretação e amarração do sermão. O Dr. Henry Sloane apresenta três vantagens de se ter um texto:
• Conserva o pregador na linha do passado espiritual histórico a que ele está procurando dar sequência.
indispensável O texto sem o contexto se torna num aperto, e sem a confirmação do subtexto, num pretexto!
c) O contexto
O contexto é uma porção bíblica que se torna num encadeamento de idéias de tudo aquilo que está escrito antes ou depois do texto, mas que tem como ponto pacífico a composição do texto. O contexto pode ser antecedente ou consequente, próximo ou remoto, prospectivo (apontando para frente) ou retrospectivo (apontando para trás). Entretanto, o contexto sempre aponta em direção ao texto e nele se consolida. Ele ajuda na interpretação do texto. d) O subtexto O subtexto é uma porção bíblica que se encontra entre o texto e o contexto. O texto, por exemplo, é interpretado à luz do contexto, a ideia particular, e o subtexto, a ideia universal. Assim, em outras palavras, as duas primeiras composições (texto e contexto), que compõem coletivamente o antecedente, se chamam premissas, e a terceira (o subtexto), conclusão. 2. Outras formas de expressão As outras formas de expressão, que são utilizadas pelo pregador durante a apresentação da mensagem, são os paralelos, a referência, a inferência, a citação, as variantes, as evidências, a dedução etc. Existem também as ilustrações e as figuras de retórica, mas estas estudaremos em secções e capítulo à parte. Os paralelos são porções ou expressões bíblicas que marcham na mesma proporção. Os paralelos usados para esta regra são três: os de palavras, os de idéias e os de ensinos gerais.
a) Os paralelos de palavras
Os paralelos de palavras surgem quando o conjunto da frase ou o contexto não bastam para explicar uma palavra duvidosa. Procura-se, às vezes, adquirir seu verdadeiro significado, consultando outros textos em que ela ocorre; e, outras vezes, tratando-se de nomes próprios, apela-se para o mesmo procedimento, a fim de fazer ressaltar fatos e verdades que de outro modo perderiam sua importância e significado.
b) Os paralelos de idéias
Os paralelos de idéias são invocados para se conseguir idéias completas e exatas do que ensinam as Escrituras neste ou naquele texto determinado, talvez obscuro ou discutível; consultam-se não só as palavras paralelas, mas os ensinos, as narrativas e fatos contidos em textos ou passagens aclaratórias que se relacionem com o dito texto obscuro ou discutível.
c) Os paralelos de ensinos gerais
Seguindo o exemplo dos paralelos precedentes, os paralelos de ensinos gerais ocorrem na interpretação de determinadas passagens em que os paralelos de palavras e de idéias não são suficientes para interpretação geral do texto ou da porção bíblica. Nesse caso, é preciso se recorrer ao Teor Geral, ou seja, aos ensinos gerais das Escrituras.
d) A referência
. a referência é usada como fonte indicativa no confronto de fatos e palavras iguais ou paralelas registradas na Bíblia. A referência, neste sentido, torna-se uma espécie de contexto ilustrativo.
e) A inferência
• A inferência técnica, entretanto, pode ser inferida como uma investigação nos fatos e nas passagens envolvidos antes e depois de ensinos e acontecimentos. A inferência, assim definida, transforma os fatos em evidências e busca o sentido natural da passagem bíblica e situa a mensagem no tempo e no espaço.
f) A citação
A citação infere também dois sentidos: o forense e o retórico. Com efeito, porém, nos referimos aqui ao sentido retórico. A citação invocada como regra técnica, define-se como aquela parte que o pregador (ou estudioso da Bíblia) usa para se apoiar. ao descrever um texto em afirmação daquilo de que afirma. E a referência direta que se faz com autoridade e exemplo.
g) As variantes
As variantes bíblicas são usadas no auxílio de palavras e expressões com sentido obscuro. Às vezes, as variantes traduzem o sentido destas palavras, através de sinônimos regionais e contemporâneos... Em algumas Bíblias, as variantes são encontradas no rodapé; em outras no meio da página; outras, no final do capítulo e ainda outras no final do livro. Tomando-se como exemplo a Bíblia Edição Revista e Corrigida, editada em português pela Editora Vida (outras publicadas anteriormente trazem também a mesma fórmula), 1981, as variantes iniciam assim: "...tempos determinados” (Gn 1.14), no rodapé lemos: ou, estações", e daí por diante. Na apresentação do sermão , se o pregador tem pelo menos noção das línguas originais em que a Bíblia foi escrita, este material pode lhe servir como variantes para esclarecer as partes obscuras do texto ou da passagem que está em foco.
h) As evidências
As evidências consubstanciam os fatos e os fatos consubstanciam as provas. As evidências bíblicas consubstanciam os elementos inerentes da certeza. A evidência é o que fundamenta a certeza. Definimo-la como a clareza plena pela qual o verdadeiro não deve ser rogado à adesão e sim imposto. A certeza é o estado do espírito que consiste na adesão firme à verdade conhecida, sem temor do engano. O pregador não
pode ter dúvidas quanto a Deus e a sua Palavra, pois as evidências bíblicas e outras fontes consubstanciam que ambos são verdadeiros.
i) A dedução
O raciocínio dedutivo é o inverso do raciocínio indutivo. O raciocínio indutivo faz numa espécie de análise através de dados singulares suficientes, e infere uma verdade ou um princípio universal. O raciocínio dedutivo, pelo contrário. Ele parte de um movimento de pensamentos que vai de uma verdade universal a uma outra verdade menos universal (ou singular). A dedução assim definida, torna-se uma espécie de síntese, uma vez que consiste em ir dos princípios às consequências ou, em outras palavras, do geral para os detalhes. Este método é muito importante para o pregador, especialmente na dissertação do sermão expositivo, se a porção bíblica textual tratar de uma parábola. Esta necessidade existe, não por causa de uma parábola isolada e, sim, pelo conjunto geral das parábolas - especialmente quando se trata de parábolas narradas nos evangelhos sinóticos. Em algumas parábolas há acréscimo de detalhes e em outras há omissões na descrição. Tanto os acréscimos como as omissões são significativos na interpretação geral. Através do raciocínio dedutivo, o pregador descobre algumas verdades singulares que enriquecerão ao sermão. Outrossim, o raciocínio dedutivo traz também coragem para o pregador, especialmente na interpretação. Podemos tirar algumas conclusões deste raciocínio em alguns episódios das Escrituras.
• Em meio a tempestade no mar da Galileia, Pedro e seus companheiros ouviram uma voz que bradou: “Tende bom ânimo, sou eu, não temais” (Mt 14. 27). Então Pedro respondendo, disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas”. Em resposta à solicitação do apóstolo, a voz do personagem bradou: "VEM!". Observe que a voz não se identificou, mas apenas disse: "VEM!" (Mt 14.29). Baseado nas duas expressões, Pedro fez uma síntese e deduziu: "...é o Senhor". E de fato era mesmo.
• O apóstolo Paulo exemplifica também este tipo de raciocínio dedutivo, quando dá seu parecer sobre o casamento na igreja de Corinto. O apóstolo não tinha, como ele mesmo declara, "nenhum mandamento do Senhor" para disciplinar tal assunto. Mas dedutivamente se aventurou a dar seu parecer. E conclui dizendo: "...cuido que tenho o Espírito de Deus" (1 Co 7.40). Com efeito, a dedução leva o pregador, mediante uma síntese dos detalhes, a uma conclusão aprimorada.
B. AS ILUSTRAÇÕES
1. O valor da ilustração
Ilustrar, conforme nos dá a entender o étimo do vocábulo, é lançar luz (ou como infere o sentido latino, ilustrare) sobre o assunto. A ilustração, portanto, serve para iluminar, esclarecer, tornar evidente. Ela é, com efeito, a substância que lustra, ou dá brilho ao sermão. É verdade que no sentido lato quem torna a mensagem bem interessante é o Espírito Santo. Entretanto, a linguagem ilustrativa pode e deve ter sua participação na
2. A capacidade de ilustrar
Quem deseja ilustrar, bem precisa aprender métodos, práticas e colocações que demonstrem o equilíbrio e o conhecimento para transmitir as suas idéias, usando forma e estilo que traduzam capacidade e domínio da parte do ilustrador na hora da comunicação. A base principal de um bom pregador, que deseja enriquecer seu sermão com ilustrações cabíveis a sã doutrina e ao comportamento geral da Igreja, é firmada numa série de elementos; dentre eles, estes são os mais essenciais:
• Domínio pessoal, otimismo, educação da voz, gesticulação, saber olhar, saber sorrir, ter ecletismo cultural (cultura aqui não se refere à intelectualidade), ter excelente memória, saber colocar a voz quanto à altura, ao timbre, e ao ritmo, e vontade de falar ao auditório.
• É evidente, porém, que quando o Espírito Santo nos ilumina numa ilustração, pintamos o quadro com maior lucidez e perfeição.
Os gregos e depois os romanos já diziam: "O pregador (orador) precisa saber usar o corpo e a voz". O exercício corporal, quando visto do lado divino da observação, diz Paulo "...para pouco aproveita" (1 Tm 4.8), mas quando analisado do ponto de vista profissional, não deixa de ser importante. Nossos corpos, estilos e vozes, mesmo que não sejam de todo aperfeiçoados, pelo menos, devem melhorar. Há, portanto, necessidade de fazermos alguma coisa em favor de nós mesmos em direção aquilo que é decente e proveitoso. Exemplo: um dos maiores obstáculos para o pregador ou orador, é sem dúvida seu timbre de voz. Alguns têm o timbre da voz grave, médio, agudo, nasal, rouco etc. A qualidade da voz de uma pessoa é tão marcante que determina o seu estilo sonoro. Para alcançarmos o alvo desejado neste campo, é necessário empregar muita força de vontade e determinação. Dizem os especialistas em seleção de vozes que apenas 1 em 1000 pessoas nascem com boa voz em som, estilo e apresentação. Mas, de forma alguma, aqueles que não pertencem a esta
classe privilegiada, devem ficar desanimados ou desencorajados, pois da mesma forma que não é necessário nascer músico para aprender a tocar um instrumento, também não é necessário nascer pregador.
a) Treinamentos adequados
Existem tantos treinos que abrem boas perspectivas para todos aqueles que querem melhorar a arte de pregar, usando corretamente sua voz, método, talento etc., que não se faz necessário alguém pensar definitivamente que não seja capaz para tal aperfeiçoamento. No meio secular, há grande conscientização para a importância da voz. Usar a voz corretamente é, no dizer de alguém, "a forma mais adequada para se atrair os ouvintes". Usá-la inadequadamente, afirma-se: "os ouvintes desaparecerão imediatamente". Nos filmes, nos teatros, na televisão e no rádio, gastam-se enormes somas de dinheiro e tempo com a arte de falar até chegar a resultados brilhantes. No meio cristão, entretanto, isso é um tanto negligenciado. É surpreendente como certas pessoas gastam (do lado positivo aproveitam) tantos anos da sua vida em estudos teológicos e muitas horas a escrever, sem pensarem como devem usar os seus poderes vocais. Parece que o apóstolo Paulo tinha bastante cuidado com sua locução. Então ele diz: "Todavia eu antes quero falar na igreja (auditório) cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida" (1 Co 14.19).
c) Falar com sentimento e inspiração
Falar com sentimento e inspiração, ajuda bastante no uso adequado dos órgãos de comunicação verbal. Qualquer auditório sempre deseja e gosta de ouvir alguém que fale com sentimento da alma e com inspiração divina. Todos os pregadores devem estar cônscios de que o microfone não transmite as expressões visuais, mas que, apesar disto, não devem evitar o sorrir e o estar animados quando estão em frente do mesmo. Um lindo sorriso nos lábios é transmitir otimismo no discurso, ao mesmo tempo, pode abrir um campo magnético onde todos entram sem resistências, dobrando-se à vontade de quem fala. "...A doçura dos lábios aumentará o ensino" (Pv 16.21b), disse um mestre de oratória (Ec 1.1,2,12). É também muito importante usar gesticulações naturais e expressões faciais, pois elas afetam o ritmo das palavras e dão ao discurso um sabor natural e agradável.
d) Não falar demasiadamente rápido
Muitas vezes a razão pela qual os novos pregadores falam demasiadamente rápido, é devido a um certo grau de nervosismo. Isto torna-se muito cansativo para os ouvintes, pois estes têm de esforçar-se bastante para apanhar todo o conteúdo do discurso. Isto faz que os ouvintes sintam dor de cabeça, irritação, vertigem e até desmaio. b) Usar curtas_ frases O pregador deve usar curtas frases de palavras e breves passagens de pensamento, especialmente quando se está pregando ao Ar Livre. Longos parágrafos e grandes argumentos é melhor reservar para outras ocasiões. Nas grandes reuniões feitas no sossego... há muito poder no silêncio eloquente introduzido de vez em quando. Dá ao povo tempo para tomar fôlego, e para refletir, é bastante gratificante.
As pausas são muito eficientes, e úteis de várias maneiras, tanto para o orador como para os ouvintes. Mas há um grupo de pessoas que passam, e que não estão inclinadas a nada que se pareça a um culto, é mais adequado um discurso rápido, curto e inciso.
c) As qualificativas para o "Ar Livre "
B. A VOZ E SEU USO CORRETO
1. Pode ser fraca e pode ser poderosa
O homem dotado de voz excelente mas destituído de cabeça bem-informada e de coração fervoroso, é apenas "uma voz que clama no deserto", ou, para usar a expressão de Plutarco, "Vox et praeterea nihil" (Voz, e nada mais). Tal homem (argumentava Spurgeon) pode brilhar no coro, mas é inútil no púlpito. A voz de Whitefield, sem o poder do coração, não teria deixado sobre os seus ouvintes efeitos mais duradouros do que os do violino de Paganini. Irmãos, vocês não são cantores, mas pregadores; sua voz é de secundária importância; não se envaideçam com ela, nem se lamentem como se fossem inválidos por causa dela, como tantos o fazem. Uma trombeta não precisa ser feita de prata; um chifre de carneiro basta. É preciso, porém, que aguente rude uso, pois as trombetas são para os conflitos bélicos, não para os salões de recepção da moda. "Porque (diz Paulo), se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha? assim também vós, se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz? porque estareis como que falando ao ar" (1 Co 14.8,9). Torna-se necessário, portanto, que a voz do pregador seja mesclada com a graça divina. Somente assim - ela seja forte ou seja fraca, contudo, à semelhança de uma velha trombeta, dará sonido certo para aqueles que nos ouvem. Outro fator bastante negativo, tanto para o pregador como para seus ouvintes, é falar devagar ou paulatinamente. Falar muito devagar é serviço bastante desagradável. É impossível ouvir um homem que rasteja a um quilômetro por
hora. Uma palavra hoje, outra amanhã: é uma espécie de fogo lento de que somente os mártires poderiam gostar. Há um outro perigo: falar depressa demais, com violência e furor que resultam numa linguagem bombástica. As ondas de ar podem chocar-se com os ouvidos em tão rápida sucessão que nenhuma impressão compreensível causa ao nervo auditivo. A tinta é necessária para a escrita, mas se você derramar o tinteiro numa folha de papel, não transmitirá com isso nada que tenha algum significado. Assim é com o som. O som é a tinta, mas, requer-se manejo (não quantidade), para produzir uma escrita inteligível para o ouvido, afirmam os grandes mestres de oratória.
2. A intensidade da voz
Uma das coisas mais palpitantes para um pregador é a intensidade da voz. O pregador precisa saber que a intensidade ou volume de sua voz deve ser proporcional à distância que ele se posiciona ou se encontra diante de seus assistentes. A sua voz deve chegar em sons perfeitos ao seu mais distante ouvinte. Metodicamente falando, isso pode ser também sistematizado de acordo com o auditório em que se encontra o pregador. Não somente o auditório, mas também as circunstâncias ocasionais, locais, regionais e situações momentâneas, que vão desde, o auditório físico ao comportamento humano. No auditório físico, as circunstâncias que muitas vezes podem prejudicar o uso correto da voz do pregador, é que a maioria de nossos templos, estádios, ginásios, salões etc., é construída sem a mínima consideração acústica. Então, é aí que o pregador deve ter a sensibilidade para perceber quando deve elevar ou baixar o volume de sua voz. Fica bastante deselegante para o orador falar baixo a ponto de seus ouvintes distantes não o ouvirem, como falar tão alto, num auditório pequeno ou de acústica sensível. Diante de tal situação, aquele que ministra a Palavra de Deus deve usar suas habilidades naturais e culturais para debelar tais revezes contrários à perfeição da voz e da mensagem.
a) O uso da voz na introdução
Cícero, o grande orador romano, recomendava que a introdução seja pronunciada com voz bem pausada e baixa, porque se lesam as artérias, se forem dilatadas por clamor violento antes de serem primeiro afagadas por uma voz branda. Então ele recomendava:
b) Falar com ousadia
Duas coisas de vital importância para o pregador no momento da pregação da mensagem divina: é ser usado e ter ousadia. Quando estas duas virtudes caminham juntas, tanto a voz como os movimentos do pregador são controlados exclusivamente pelo Espírito Santo. No púlpito, ele representa a Trindade divina e a coletividade humana. Embora ele seja o agente humano da mensagem, ao entregá-la, ele é um veículo da graça de Deus e do amor da Igreja. Ele tem que falar em nome de Deus e da Igreja.
c) O cuidado pela voz
A voz humana abarca uma larga área de sons e, por isso, devemos fazer uso dela todos os dias quando falamos. Cada pessoa deve esforçar-se por uma voz melodiosa e agradável. Tendo em mente a grande importância da voz na pregação, todos os pregadores devem aprender a treinar a sua voz para melhor apresentarem seu discurso e isso pode e deve ser feito através de uma terapia vocal. Sabemos que nem todos os pregadores têm possibilidades de obter cursos sobre discurso ou terapia da voz; entretanto, isso poderá ser feito mesmo em casa ou numa escola teológica. 3. A forma correta Para que bem falemos, três coisas são necessárias para este momento:
a) Abrir bem a boca
Este conceito é tanto homiliasta como divino. "...Abre bem a tua boca..." (SI 81.10).
b) Falar com muita força
4. Os lábios tensos
São inúmeras as pessoas que têm dificuldades de se expressar devido terem os dois lábios, um lábio, ou ainda parte de um lábio sob tensão. O desenvolvimento e a flexibilidade dos lábios consistem tão-somente em pronunciar muitas vezes (pela manhã em jejum) a palavra: "SOPA", estendendo os lábios de maneira exagerada ao dizer: "SO" e recolhendo-os ao dizer: "PA". A mandíbula inferior fica tensa, ao pronunciar "so"; e completamente caída, ao dizer "pa". A corrente do discurso toma a sua forma final na cavidade oral. Uma pronúncia correta é obtida ajustando os órgãos ativos da fala, palatas, lábios, e língua. Os dois sons então produzidos são as vogais e as consoantes. As vogais são sons que toma a sua tonalidade devido à largura do maxilar e à posição dos lábios e língua. As consoantes, por sua vez, são formadas pela contração e bloqueio do ar inspirado. Se os lábios estiverem tensos, todo esse processo será prejudicado. Devemos, portanto, esforçar-nos por produzir sons puros e lembrar-nos de que a articulação deve tornar-se a mais harmoniosa possível. Articule, pois, de maneira clara, natural e distinta.
5. Exercícios para desprender a mandíbula
Para que bem falemos em público é necessário abrir suficientemente a boca. E, para se fazer isso, torna-se necessário relaxar a mandíbula inferior. O Dr. Thomas Hawkins diz: "Não são poucas as pessoas que têm a mandíbula inferior sempre tensa". O exercício para acostumar-se a relaxá-la é demasiadamente fácil, mas exige prática, e por bastante tempo. São várias as técnicas e métodos oferecidos neste campo pelos mestres de oratória, porém passaremos a descrever aqui aqueles que são reconhecidos em termos gerais e universais.
a) Movimentação da mandíbula
Este exercício consiste simplesmente em inspirar profundamente e, com a garganta relaxada, dizer "A" - "A" - "A" - "A" - "A" - "A" com a mandíbula inferior caída. Este exercício corrige as alterações nítidas que são transmitidas pelo sistema nervoso abalado. Sem essa flexibilidade da mandíbula, pode ocorrer o perigo de se falar tão rapidamente que se emendem as palavras. Outro perigo é o de baixar a voz e, ao mesmo tempo, juntar as palavras no final das frases. Se alguém comete uma dessas falhas, facilmente pode ser corrigida com um pouco de esforço e alguma
b) Exercícios progressivos
Estes consistem nas técnicas de articular, pronunciar e diccionar:
Observação
grupos de LETRAS mais altas, elevar o som e tentar musicá-lo como se estivesse solfejando, O A E.....
c) A dicção
O Dr. Polito (professor de Expressão Verbal) diz, quanto à dicção, que é a pronúncia dos sons das palavras; que a sua deficiência é quase sempre provocada por problemas de negligência. E costume quase generalizado omitir os r e os s finais. Por exemplo: levá, no lugar de levar; trazê no lugar de trazer; fizemo, no lugar de fizemos; da mesma forma que se omitem comumente os is intermediários: janero em lugar de janeiro; tercero em lugar de terceiro etc. Outros erros de dicção provocados pela negligência são a troca do u pelo 1 e omissões de sílabas: Brasiu, no lugar de Brasil; pcisa, no lugar de precisa etc. Além destes erros, produzidos pela negligência, existem também outros, provocados por alterações fonéticas:
6. A ressonância nasal
• O segundo consiste em exercício, enfatizando especialmente o som ng, usando palavras como araponga, pingo, Hong-Kong etc.
7. A respiração adequada
Dois pontos importantes devem aqui ser analisados: a respiração e a expiração.
a) A respiração
C. A LINGUAGEM MATERNA
1. Conhecimento dos ditames da língua
Para ser capaz de falar corretamente, não é somente suficiente controlar a fala e a técnica de respirar, expirar etc.; temos também de conhecer bem a nossa língua, de modo que possamos construir as frases de maneira correta. Devemos também nos proteger contra os maus hábitos que facilmente se introduzem na linguagem cotidiana falada. Exemplo: muitas vezes temos o hábito de preencher as pausas, intrometendo sons e repetições. Este mau hábito resulta muitas vezes da falta de lembrança. Então, surge a dúvida e, através dela, a incerteza.
a) A dúvida
A dúvida é um estado de equilíbrio entre a afirmação e a negação, resultando daí que os motivos de afirmar contrabalançam os motivos de negar. A dúvida pode ser: • Espontânea, que consiste na abstenção do espírito por falta de exame do "pró" e do "contra";
b) A certeza e a evidência
A certeza é o estado do espírito que consiste na adesão firme a uma verdade conhecida, sem temor do engano. A evidência é o que fundamenta a certeza. Jesus disse aos saduceus: "Errais, não conhecendo..." (Mt 22.29). O pregador, portanto, deve ter certeza daquilo que está falando. Os artistas gastam muito tempo para treinar a dicção dos seus textos. Da mesma forma, nós, que temos uma mensagem tão urgente, como a de proclamar o Evangelho, não devemos negligenciar o cuidado de persistir em ler e meditar (1 Tm 4.13-15).
c) Evitar os vícios de linguagem
d) Evitar os jargões
O pregador deve manter-se o cuidado, durante a pregação, de procurar aproximar-se o máximo possível do nível da linguagem comum, a fim de se tornar acessível ao maior número de ouvintes. É claro que o conceito da linguagem comum é bastante flexível. Os seus limites variam conforme a situação. Com isso, excluímos da prédica as "gírias" e os "jargões" especializados. Ambos são tipos de linguagem grupai; exatamente o oposto da linguagem comum. A gíria sempre é restrita a certa época, a certo ambiente, a certo grupo. Devemos, portanto, evitar o dialeto e o calão. Linguagem sã e irrepreensível! em todo o tempo e lugar.
Um fator bastante negativo para o pregador, em relação aos ouvintes, é à sua maneira extravagante de se portar no púlpito, ou em qualquer outro lugar ocupado por ele durante a pregação. Paulo recomendava aos seus leitores que evitassem tal prática e ação. Então ele diz: "Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus" (1 Co 10.32). E o próprio Deus nos recomenda: "Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos" (Zc 4.6b). O pregador deve tentar vencer o mal, em vez de procurar um meio de esconder as suas manifestações externas, como gestos grosseiros e deselegantes. Para esse fim, a prática é um grande remédio, e um tratamento mais poderoso é a fé em Deus. E preciso também, de acordo com sua personalidade, que o pregador se acostume com o povo; então ele fica à vontade, porque está à vontade, sente-se em casa.
2. Os maus hábitos
Spurgeon fala-nos destes maus hábitos e nos adverte contra eles. Ele afirma ter conhecido um pregador que, quando perdia a pronúncia correta de uma palavra, invariavelmente, esfregava com cuidado o canto interno do olho esquerdo, com o dedo médio da mão direita. Outro, coçava ferozmente o nariz com o nó do polegar dobrado. Um terceiro, curvava os joelhos, separando-os, até suas pernas ficarem parecendo uma elipse. Depois, enfiando as mãos nos bolsos até o fundo, lançava com vivacidade a seção superior do corpo para a frente. Ora, frequentemente, o hábito
pode levar os pregadores a movimentos singulares, e a estes ficam tão apegados que não podem falar sem eles. Alguns mexem num botão do paletó, ou brincam com os dedos, outros ajeitam o nó da gravata dezenas de vezes. Eu mesmo, já vi um pregador dando chutes com os dois pés, dizendo que estava chutando a cabeça do Diabo.
3. A postura do pregador
A postura do pregador deve ser natural, mas sua natureza não deve ser do tipo grosseiro; deve ser uma natureza bem-educada e elegante. Deve, o pregador, evitar especialmente aquelas posições nada naturais, num orador, por obstruírem os órgãos de comunicação e por comprimirem os pulmões.
B. POSIÇÃO CORRETA
1. O corpo
Todo o nosso corpo fala quando nos comunicamos. A posição dos pés e das pernas, o movimento do tronco, dos braços, das mãos e dos dedos, a postura dos ombros, o balanço da cabeça, as contrações do semblante e a expressão do olhar, cada gesto possui um significado próprio, e encerra em si uma mensagem. Por esta e outras razões, deve o pregador usar o senso comum e não dificultar o seu falar, inclinando-se para a frente sobre a Bíblia ou sobre o púlpito; inclinando-se como se fosse falar confidencialmente com as pessoas que estão imediatamente embaixo. Alguns outros oradores erram na outra direção, e atiram a cabeça para trás, como se estivessem discursando aos anjos, ou como se estivessem olhando um manuscrito no teto. Isso também é prejudicial tanto ao pregador como aos ouvintes.
2. A posição da cabeça
John Wesley opina quanto esta parte, e diz: "A cabeça do orador não deve ser mantida muito para cima, nem comicamente lançada muito para a frente, nem deve descair e ficar pendendo, por assim dizer, sobre o peito; nem deve ficar inclinada para um lado ou para o outro; mas deve ser mantida modesta e decentemente ereta, em seu estado de posição natural".
3. A posição do pescoço
Esticar o pescoço durante a pregação é antiético e penoso para a voz.
4. O rosto
O semblante talvez seja a parte mais expressiva de todo o corpo. Funciona como uma espécie de tela, onde as imagens do nosso interior são apresentadas em todas as suas dimensões. Cada sentimento possui formas diferentes para ser apresentado pelo semblante. O queixo, a boca, as faces, o nariz, os olhos, a sobrancelha e a testa trabalham isoladamente, ou em conjunto, para demonstrar idéias e sentimentos
transmitidos pelas palavras e, muitas vezes, sem a existência delas. A boca semiaberta, com os olhos abertos, indicará estado de espanto, surpresa, sem que uma única palavra seja pronunciada. O semblante trabalha também como indicador de coerência e de sinceridade das palavras. Deve demonstrar exatamente aquilo que estamos dizendo. Se falamos de um assunto que deveria provocar tristeza, não podemos demonstrar uma fisionomia alegre ou indiferente...
5. Os olhos
6. Mexer com os ombros
O hábito de encolher, levantar e abaixar os ombros, chega a dominar alguns pregadores. Certo número de homens tem ombros largos por natureza, e muitos outros mais parecem determinados a dar essa impressão, pois quando não têm algo de peso para transmitir, apoiam-se, elevando as costas. Spurgeon afirma ter visto um pregador em Bristol, que quando falava fazia ressaltar a corcova. Quintiliano diz que "algumas pessoas levantam os ombros quando falam, mas isso é um erro na gesticulação. Para curar-se disso, Demóstenes costumava ficar numa tribuna estreita e praticar a oratória com um a lança pendurada sobre o ombro de modo que, se no calor da elocução ele deixasse de evitar aquele defeito, seria corrigido ferindo-se contra a ponta". Este método de disciplina é perigoso, mas se assemelha àquele recomendado para os glutões. Aqui é mais rigoroso: "...põe um a faca à tua garganta, se és homem glutão" (Pv 23.2b).
C. OS MOVIMENTOS DO PREGADOR
1. A estética
A estética na oratória torna-se um dos elementos de extrema beleza. O pregador bem disciplinado não deve permanecer imóvel como se fosse uma estátua, nem estar continuamente em movimento e lançando-se para todos os lados como se fosse um palhaço. Para evitar ambos os extremos, deve voltar-se gentilmente, conforme a ocasião, ora para um lado, ora para outro; noutras ocasiões deve permanecer fixo, olhando direto para a frente, para o meio do auditório. Algumas técnicas são necessárias, conforme já tivemos ocasião de estudá-las; mas nunca nos esqueçamos que a naturalidade se torna o primeiro elemento a ser usado pelo pregador. A mensagem do pregador deve estar baseada na inspiração e não unicamente na gesticulação. A verdadeira veemência nunca se degenera, transformando-se em violência e vociferação. É a força da inspiração que deve predominar, e não a do furor. Não se manifesta nos guinchos, no espumar frenético, no bater dos pés e nas contrações do excesso vulgar. Em seu mais intenso entusiasmo, é varonil e nobre; eleva, não degrada. Nunca se rebaixa ao tom dos gritos. É vulgaridade dos sons guturais? À ênfase dos berros esganiçados, ao histórico êxtase da entonação, às atitudes de valentão, e aos punhos cerrados da paixão extravagante.
2. O uso das mãos
Outro fator importante para o pregador é saber usar suas mãos para a glória de Deus. John Wesley em sua obra Orientações Sobre Pronúncias e Gestos, orienta o pregador quanto ao uso correto das mãos, dizendo: "Nunca deve bater palmas, nem esmurrar o púlpito. Já pensou Moisés esmurrando e dando pontapés na Arca, ou no Propiciatório? Raramente as mãos devem elevar-se acima dos olhos". Quando o seu sermão exigir um pouco de ação imitativa, seja vigilante para não usar alguma parte do seu corpo (especialmente as mãos) de maneira incorreta. Em nossa própria cultura universal, determinados gestos com partes de nosso corpo transmitem aquilo que queremos expressar. É verdade que a movimentação expressa menos coisas do que a linguagem, mas é possível expressar essas poucas coisas com maior força ainda. Por exemplo: Abrir com indignação uma porta e apontar para ela é uma ação quase tão enfática como dizer: "Saia da sala!" Negar a mão quando outro estende a sua é marcante declaração de má vontade, e provavelmente produzirá amargor mais duradouro do que as palavras mais severas. Um pedido para fazer silêncio sobre certo assunto, pode ser transmitido muito bem cruzando os lábios com o dedo. Um meneio de cabeça indica desaprovação de modo marcante. Sobrancelhas erguidas expressam surpresa em estilo categórico. E cada parte do rosto tem sua eloquência, exprimindo prazer ou pesar. Que volumes podem ser condensados num encolher de ombros, e que lamentáveis danos esse mesmo encolher tem produzido!
a) Os gestos e a entonação das palavras
Os gestos e as expressões do pregador devem se harmonizarem em cada detalhe! Por exemplo, um pregador que prega uma mensagem sobre acontecimentos futuros,
não deve colocar constantemente suas mãos para trás; como, de igual modo, se seu sermão está baseado num fato histórico do passado, não deve usar suas mãos apontando para a frente. Tudo deve ser compatível com o acontecimento. Isso deve ser feito para evitar os extremos. Já vi pregador falar sobre o inferno apontando para cima: o céu; enquanto que, ao falar sobre o céu, apontava para baixo. Que contraste!
b) Direção correta
Alguns pregadores sempre dão ordens com as mãos espalmadas, que continuam movendo para cima e para baixo ao ritmo de cada sentença. Ora, este movimento é excelente a seu modo, se não for executado de maneira muito monótona, mas infelizmente está sujeito a acidente. Se o orador continua a mover a mão para cima e para baixo, corre grande perigo de apresentar uma aparência com implicações deploráveis. O objetivo da ação é o simbolismo, mas, infelizmente, o símbolo está um tanto vulgarizado, e tem sido descrito como "pôr o dedão do despeito no nariz da desfeita". Daí, visto que a gesticulação e a postura podem falar poderosamente, devemos ter o cuidado de fazê-las falar de modo correto.
c) No contexto da visualização
d) O uso dos dedos
D. O ESTILO EM GERAL
1. O estilo propriamente dito
O vocábulo estilo do grego styles e do latim stylus - instrumento pontiagudo, de feno, com que os romanos escreviam sobre tabuinhas cobertas de cera - foi muitas vezes empregado por Cícero para denotar a maneira de se escrever, o modo de se expressar o pensamento na escrita; e, em época posterior, mui naturalmente se estendeu tal vocábulo ao discurso. Na obra O Estilo na Comunicação, de autoria de M. R. Nunes, Rio de Janeiro, 1973, ele apresenta sete qualidades essenciais quanto ao estilo de qualquer comunicação, quer oral, quer escrita. Então ele diz em alusão ao orador:
• Correção
Concisão em lugar de prolixidade, de pormenores abundantes, de generalidades, de condoreirismos, de sinonímias ou repetições desnecessárias, de copiosas adjetivações etc. E preciso, todavia, não exagerar a preocupação de ser conciso, para não incorrer no vício da estéril secura, como defeito da concisão.
• Vivacidade
• Naturalidade
Naturalidade em lugar de preciosismos, (te arcaísmos pedantes, de neologismos extravagantes e desnecessários, de formas rebuscadas, de exageros petulantes, de imagens ou metáforas ridículas. Qualquer mensagem que tenha o caráter de novidade, chamamos de mensagem informativa. A comunicação escrita pode restringir-se a um estilo meramente informativo, já que o leitor tem condições de, constantemente, retomar a uma passagem anterior para conferir detalhe. O mesmo, entretanto, não acontece na comunicação oral, seja de que gênero for. Tanto a conversa informal quanto a aula, a prédica ou a conferência carecem de redundância, já que o ouvinte não tem condições de reescutar o que já foi dito. Na comunicação oral é preciso que haja um equilíbrio entre informação e redundância. O bom senso ditará a dimensão da redundância, que, evidentemente não deve levar a uma comunicação enfadonha. Redundância ocorre quando a informação é remastigada (ruminada pela ovelha), comentada, reenfocada sob diversos aspectos e de diversas formas. A tendência da grande maioria dos pregadores modernos é exagerar a informação e negligenciar a redundância.
Recursos de redundâncias são:
- Metáforas - Ilustrações - Comparações - Citações - Narrações e outras formas de expressão.
O estilo de um homem pode ser fascinante como o de alguém que disse escrever com pena de cristal molhada em orvalho, em papel de prata, e para secá-lo usava pó de asa de borboleta. Mas para um auditório cujas almas estão em perigo iminente, o que será a mera elegância, se esta não se encontrar mesclada pela graça divina? Nada! Spurgeon costumava dizer: "Não se julgam cavalos por suas campainhas e por seus arreios, e sim, por suas pernas, sua estrutura óssea e por seu sangue; e sermões, quando criticados por ouvintes judiciosos, em grande parte são avaliados pela proporção de verdade do Evangelho e pelo poder do Espírito da graça que eles contêm. Irmãos, ponderem os seus sermões! Não os avaliem por retalhos, por peças. Não façam as contas pela quantidade de palavras que pronunciam, mas lutem para serem avaliados pela qualidade, estilo e substância que apresentam. É loucura ser pródigo (esbanjador) em palavras e avarento (mesquinho) quanto à verdade..." Um outro fator que deve ser preponderante em nossas mensagens é a exatidão. Devemos também usar palavras e frases que expressem exatamente aquilo que pensamos. Os termos podem ser inteligíveis ao auditório e mesmo assim não terem para ele o significado que lhes damos. Podem ser vocábulos ambíguos e, assim, o ouvinte pode
entendê-los nos dois sentidos, ou num deles, e daí não compreenderá prontamente o que desejamos dizer. Até mesmo os escritores sagrados, empregando um estilo fácil e coloquial, às vezes nos legaram "...pontos difíceis de entender..." Torna-se importante, portanto, que o pregador, por amor a Deus e as almas, use expressões coloquiais, pois somente assim haverá receptividade na teoria e na prática.
2. A beleza
Tomás de Aquino define o belo como id quod visum placet - o que agrada ver. Os filósofos aristotélicos faziam uma definição do belo, encerrando dois elementos essenciais: • A beleza é o objeto de inteligência ou de conhecimento intuitivo, enquanto que resulta de condições que não são acessíveis senão à inteligência. Essas condições são:
• A beleza é fonte de satisfação, defendia Tomás de Aquino.
O belo é deleitável; encanta e arrebata; gera o desejo e o amor. A saciedade que pode produzir, às vezes, não vem senão das condições subjetivas de sua percepção. Em si mesmo, o belo é fonte de satisfação constantemente renovada. No Antigo Testamento, era exigência de Deus que seus ministros (os sacerdotes) fossem um tipo de beleza. Os requisitos para tal seleção estão declarados em Levítico 21.16-21, onde lemos: "Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: fala a Arão, dizendo: Ninguém da tua semente, nas suas gerações, em quem houver alguma falta, se chegará a oferecer o pão do seu Deus. Pois nenhum homem em quem houver alguma deformidade se chegará: como homem cego, ou coxo, ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente compridos, ou homem que tiver o pé quebrado, ou quebrada a mão, ou corcovado, ou anão, ou que tiver belida no olho, ou sarna, ou impigens, ou que tiver testículo quebrado. Nenhum homem da semente de Arão, o sacerdote, em quem houver alguma deformidade, se chegará para oferecer as ofertas queimadas do Senhor; falta nele há; não se chegará para oferecer o pão do seu Deus". Em o Novo Testamento, o conceito em relação a isso, não mudou. O apóstolo Paulo diz que a perfeição deve estar em foco naqueles que desejam o episcopado. "...Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra" (2 Tm 3.17). E claro, evidentemente, que esta beleza, hoje, não se trata de dotes físicos, e, sim, de beleza espiritual. Contudo, é indispensável que o pregador se apresente com elegância e respeito para com o auditório e para com Deus.
Quando aplicamos a beleza para o campo homiliasta, especialmente no que tange ao estilo, clareza e vigor na pregação da Palavra de Deus, ela produz três coisas importantes no auditório:
1a - Satisfação:
3a - Simpatia:
O sentimento estético aparece como eminentemente social. Ele é fator de simpatia ou de gozo em comum. Quem quer que goze a influência que a beleza traduz, aspira a comunicar a outro sua emoção, a compartilhar sua admiração. A beleza duma mensagem inspirada por Deus e bem apresentada pelo pregador, consegue realmente fazer vibrar as almas sedentas, criar uma espécie de unidade espiritual, em virtude justamente de seu caráter gratuito. A beleza, como tal, está além das causas de diversões e de conflitos.
3. A clareza
O pregador, mais que qualquer outra pessoa, tem a sagrada obrigação de usar linguagem muito clara. Isso é de suma importância, quando se expressa uma lei, quando se escreve um título de propriedade ou coisas assim. Com efeito, tem maior importância ainda na proclamação da Palavra de Deus. Os escribas responsáveis pelo ensino divino no Antigo Testamento, eram homens dotados de grande saber. Entretanto, exigia-se deles que, ao ministrar seus ensinamentos, fossem claros e objetivos. Observe o que diz esta passagem: "E leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e, explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse" (Ne 8.8). "Seja o pregador um poliglota ou não, deverá conhecer pelo menos duas línguas - a dos livros e a da vida comum" (Spurgeon). "O pregador deve pensar como os letrados, mas falar como o povo comum fala" (Wesley). A clareza, portanto, depende de três coisas, que são:
4. O vigor
O termo vigor foi tomado pelos oradores como designativo, aplicado ao estilo, para denotar a animação, a força, a energia, a paixão, a vivacidade e animação do pregador durante o tempo em que está transmitindo o discurso. Um dos fatores bem ligado ao vigor do pregador é a "paixão". A paixão - que em suas formas mais ternas e mais fracas chamamos de "ênfase" e em suas formas mais elevadas constituem o "sublime" -, exerce seu efeito sobre os sentimentos, muitas vezes por meio da imaginação; e tanto a força como a paixão por fim visam influenciar a vontade. Vê-se claro, pois, que a propriedade característica do estilo eloquente é a "energia". Precisa- se da clareza no estilo filosófico ou didático; precisa-se da elegância no estilo poético; mas precisa-se também da energia (ou vigor), isto é, animação, força ou paixão, que é a sua característica principal.
E. A IMITAÇÃO
1. A consciente e a inconsciente
O Dr. John Broadus apresenta dois tipos de imitação: a consciente e a inconsciente. Esta última não é coisa censurável, mas não deixa de prejudicar, é mal sutil contra o que devemos nos precaver com bastante cautela. Sempre se observa que os imitadores têm grande habilidade para imitar as faltas dos outros. E a razão é clara: as boas qualidades do bom orador são simétricas, regulares, metódicas; ao passo que suas faltas são mui salientes e dão na vista. Por isso, estas últimas mais facilmente atraem a imitação inconsciente. Quanto ao imitador consciente, não passa de um observador superficial que se empolga com aquilo que ele mais nota no seu orador predileto. Alguns se fascinam pelo uso da voz; outros pelos gestos do pregador; ainda outros, apenas pelo sacudir da cabeça. Um estilo bom, certo, positivo pode ser tão- somente admirado e não imitado. O estilo pode ser natural para aquela pessoa que
fala, porque a pessoa está expressando aquilo que ela é, sem nenhuma elaboração. Entretanto, para um outro ser individual, torna-se ridículo, pois o maior perigo da imitação é a perda da autenticidade. A imitação passa a ser, neste caso, uma espécie de plágio disfarçado.
2. Naturalidade
De acordo com o código genético, o ser humano herda 40% das características do pai; 40% da mãe e 20% são dele. Estes 20% formam sua individualidade e personalidade. Tal segredo forma uma combinação original de traços e de ocultas experiências que nenhuma imitação consegue reproduzir. Portanto, deve o pregador ter sua própria voz, pessoal, o seu tom (grave ou agudo), e deve obedecer às suas emoções próprias, ao seu modo de enfatizar as verdades; seus sermões devem seguir o caminho traçado por seu próprio pensamento. Segue-se que o pregador nunca deve pregar apenas baseado na prática. Se assim o fizer, sua mensagem não tem sabor; e nada há tão enfadonho como se ouvir um pregador sem a graça de Deus. Sua mensagem torna-se tipo espada na invocação do jargão: "comprida e chata". A originalidade, tanto no pregador como na mensagem, é de suma importância; sua mensagem não se apoia apenas em "...palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina..." (1 Co 2.13). Não devemos pensar, ao adotar os métodos retóricos, que já conseguimos tudo. Não! Paulo não se apoiava simplesmente no poder da retórica, e, sim, no poder de Deus. Então ele diz: "...a minha pregação não consistiu em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder. Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus" (1 Co 2.4,5). O assunto da pregação é a verdade divina, centralizada no Evangelho revelado e oferecido em Jesus Cristo. O objetivo é a vida eterna, conforme as palavras de Jesus: "...para que tenham vida, e a tenham com abundância".
Não tão-somente o sermão precisa ter seus elementos funcionais, para facilitar a transmissão verbal do pregador, mas também se torna necessário que o próprio auditório, seus utensílios e comportamento ético das massas condigam com as exigências cabíveis ao procedimento. Isso significa que o local (seja templo, estádio, ginásio, salão, praça etc.), sistema de som, púlpito e o povo, onde e a quem se vai ministrar, estejam preparados para tal evento. São vários os locais onde o pregador é convidado para transmitir a mensagem divina; entretanto, é no templo onde ele já pregou e irá pregar a maior parte de sua vida. Portanto, o auditório físico, onde ele vai pregar, tem muito que haver com seu sermão.
2. O auditório
De acordo com o testemunho dos evangelhos, Jesus sempre pregava ao ar livre; mas a maior parte de sua vida também foi encontrada nas sinagogas e no Templo, pregando e ensinando a ; Palavra de Deus. Não nos esqueçamos que o último sermão pregado por nosso Senhor, em seu ministério terreno, foi "...num grande cenáculo mobilado e preparado" (Mc 14.15). Em nossos dias, alguns obreiros (não são todos), não se preocupam com o modelo, estética e estrutura do templo. "Tendo as quatro paredes", dizem alguns, "já está muito bom!". Com efeito, a vontade de Deus é que façamos sempre um santuário modelo e, nalgumas vezes, este modelo é mostrado pelo próprio Deus (Êx 25.40; 40.16, 19.33; 1 Cr 28.10-12,19). Após sua consagração e dedicação para o serviço divino, o templo é concebido como sendo a "casa de Deus" e a "porta dos céus" (Gn 28.17). Não nos referimos aqui apenas a templos suntuosos. Não! Pois o templo deve ser construído de acordo com as circunstâncias regionais e possibilidades da Igreja. Entretanto, grande ou pequeno, seja como for, deve ser edificado com zelo e capricho. Um bom templo também inspira o pregador a entregar uma boa mensagem.
3. O púlpito
Por incrível que pareça, era esta aparte do auditório que mais intrigava Spurgeon. E, com efeito, ele tinha razão. O púlpito (tomamos aqui o móvel central para representar a base e a extensão de toda tribuna) é, sem dúvida, o lugar central do auditório. Dependendo do local da concentração, ele deve ser chamado, conforme a definição correta de:
a) O formato do púlpito
O formato do púlpito, quando bem delineado, traz uma certa vantagem para o pregador. Spurgeon faz referência a determinados púlpitos em que pregou, e passou por maus momentos. Ele os descreve assim: "Notáveis são as formas que os púlpitos têm assumido de acordo com os caprichos da fantasia e da tolice humanas. Há anos alcançaram provavelmente a sua pior forma. Quais poderiam ter sido o seu propósito e a sua finalidade, seria difícil conjecturar. Um alto púlpito de madeira, no velho estilo, podia bem lembrar ao ministro a sua moralidade, pois não passa de um caixão posto em pé. Muitas dessas construções assemelham-se a barris; outras são de forma de taças, para os copos. Uma terceira categoria evidentemente seguia o modelo de um paiol sobre quatro pernas. Uma quarta variedade pode comparar-se a ninhos de andorinha cravados na parede... Alguns deles são tão altos que fazem rodar as cabeças dos ocupantes, quando estes se atrevem a olhar para as temíveis profundidades abaixo deles, e dão torcicolo naqueles que olham durante qualquer
espaço de tempo para o pregador lá no alto..." Numa secção declara Spurgeon: "Geralmente são altos estes púlpitos que uma pessoa de. baixa estatura como eu (Spurgeon era de pequena estatura), mal pode ver por cima deles... e são estas pequenas coisas que fazem a nossa mente saltar da engrenagem, embaralham os nossos pensamentos e perturbam o nosso espírito... "
b) O púlpito e sua estética
Segundo minha visualização neste sentido, o obreiro, ao construir um templo, deve, com muito cuidado, zelar por esta parte do santuário. No Antigo Testamento, Deus falava com Moisés "...de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins..." (Êx 25.22). O propiciatório (a cobertura da Arca) era uma espécie de púlpito d'onde Deus falava a Moisés. Dali, Moisés saía com a mensagem para o povo. Nos nossos dias, o púlpito é o lugar onde Deus sempre fala ao seu povo; por isso, o mesmo deve ser bem planejado, ter estética e ser confortável. O móvel central deve ser bem delineado. Em algumas igrejas, ele é acabado em cima em sentido horizontal e, na parte inferior, colocado um suporte, para dar sustentação a Bíblia. A meu ver, este modelo de púlpito é o mais bem pensado; pois, muitas vezes, o pregador se preocupa bastante em ver sua Bíblia deslizando em direção ao solo; entretanto, se o púlpito tem este formato descrito acima, não é necessária tal preocupação; e, além disso, há também lugar confortável para se colocar o esboço ou mesmo um sermonário.
TABELA DE RUÍDOS (DECIBÉIS) EFEITOS NO ORGANISMO
Janelas abertas para rua (60) Possível interferência no sono. de circulação média.
Discoteca (Boite), Clube, (110) Pagodão
a) O microfone
Limite de desconforto. Alguma irritação.
Risco de surdez, problemas nervosos etc.
Rua de circulação intensa no horário do rush. |
(90) |
Risco de problemas auditivo e nervoso com exposição prolongada. |
Britadeira, buzina, veículo com escapamento aberto, ônibus acelerando. |
(100) |
Risco de surdez com exposição de 8 ou mais horas por dia. |
Avião a jato decolando a 100 metros de distância. |
(120) |
Início de dor, problemas variados com exposição frequente. |
O microfone é um pequeno instrumento sensível dentro do sistema eletrônico, que capta os sons a serem enviados aos ouvintes. Ele converte a energia mecânica do som - as ondas originárias do som e outros barulhos - em energia eléctrica. Fundamentalmente, o microfone é constituído de duas partes: o diafragma e o sistema de conversão. A missão principal do microfone é aumentar a intensidade
b) A direção do microfone
Em alguns auditórios, a mensagem torna-se defeituosa devido a direcionabilidade do microfone. Alguns microfones de alta categoria não sofrem tanto com este processo, mas outros sim. A direcionabilidade dos microfones está dividida em três grupos principais:
c) A distância entre o pregador e o microfone
Outro fator importante para o pregador e sua postura ética é manter a distância apropriada entre si e o microfone. Dependendo da capacidade dos dois, na introdução deve ser mantida a distância entre 10 e 15 centímetros e no calor da eloquência, entre 20 e 50 centímetros. As curtas distâncias dão ao pregador um certo sentimento de intimidade e tornam-se mais clara e distinta a sua voz. Contudo, deve haver cuidado em não se aproximar demasiado, pois, do contrário, o som dos lábios e a respiração podem perturbar. d) A altura do microfone Ao acertar a altura do microfone, procure não o deixar na frente do rosto, para não dificultar o auditório a ver o seu semblante. Deixe-o ao nível do queixo na introdução e a um ou dois centímetros abaixo dele na dissertação. Se for preciso segurar o microfone com a mão para se movimentar no púlpito, o cuidado com o jato de voz deverá ser o mesmo; nesse caso não movimente a mão que segura o microfone e deixe-o sempre à mesma distância.
5. A massa humana
Outro elemento fundamental no auditório é o comportamento do povo em geral. A parte ética ou moral diz respeito à ordem e maneira de estar, postura, prática e obediência em todos os trabalhos que são realizados pela Igreja - dentro ou fora de suas portas. É bom lembrar que uma das coisas que mais impressionou a rainha Makeda de Akssun (conhecida na Bíblia como a rainha de Sabá), quando visitou Salomão, foi a maneira de estar ou a ética disciplinar dos servos do rei. Eis o que diz a narrativa: "Vendo, pois, a rainha de Sabá toda a sabedoria de Salomão, e a casa que edificara, e a comida da sua casa, e o assentar de seus servos, e o estar de seus criados e os vestidos deles, e os seus copeiros, e a subida, pela qual subia à casa do Senhor, não houve mais espírito nela" (1 Rs 10.4,5). 6. Levantar-se durante o culto Outra coisa deselegante, e que demonstra grande falta de disciplina, é alguém se levantar durante a mensagem. Pessoas há que se levantam mais de duas vezes durante a pregação. Isso não somente chama a atenção de muitos, que voltam os seus olhares, como também desnorteia o pregador e pode até tirar-lhe a linha de raciocínio. Portanto, o cristão ou mesmo o ouvinte comum, no auditório onde irá se processar a pregação, deve manter um espírito de adoração, ético e reverente. Isso não só impressiona e comove o visitante, mas é também agradável a Deus. Evidentemente, para se manter o auditório nesta disciplina, deve haver antes da mensagem uma fase de preparação. Isso trará bons resultados ao pregador e aos ouvintes.
B. O LOCAL DEVE SER EXTRATÉGICO
1. Escolha do local
Segundo o critério geral da homilética, a escolha e direção correta do local da pregação é significativo. Devemos evitar cuidadosamente localizações que possibilitem graves acidentes. Uma cabeça machucada ou uma perna fraturada não qualifica ninguém para desfrutar as belezas, ou as consolações da graça. É aconselhável que durante uma concentração, mesmo que o local seja uma praça, todas as vias de acesso devem permanecer livres fechado, este cuidado deve ser
aumentado. É viável que durante uma concentração de grande porte, a comissão organizadora, através do locutor de preparação, preste todas as orientações necessárias ao povo, especialmente assinalando as direções onde se encontram as entradas e as saídas do auditório. Sem dúvida alguma, isso evitará algum acidente desagradável.
2. Pregar sob a influência de barulhos e ruídos
À primeira vista, o barulho das árvores parece inofensivo para o som e a dicção da voz do pregador. Spurgeon e outros pregadores do passado detestavam ministrar a Palavra de Deus debaixo de tais inimigos. Então ele diz: "Tenham como seu pior inimigo a proximidade de árvores... estas árvores fazem perpétuo ruído (especialmente onde o vento sopra forte) de silvo e rangido, quase como o barulho do mar. "Cada uma das folhas de certas espécies de arvoredos está em permanente movimento, como a língua do tagarela. Pode ser que o ruído não pareça muito alto, mas apaga a melhor voz... Pregadores experimentados cuidam para que o sol não dê diretamente nos seus rostos. Tampouco desejam que seus ouvintes sejam molestados de igual modo. Portanto, parece tão insignificante; todavia, eles tomam estes itens em consideração quando planejam um culto".
3. Pregar contra o vento
Este é outro detalhe importante que quase passa desapercebido pelos pregadores. Entretanto, será conveniente averiguar onde baterá o sol no horário estabelecido para apresentação, isto porque, dependendo da sua posição, poderá atrapalhar a visão de quem fala e de quem ouve. Não é somente o sol que deve ser observado neste ponto, mas a direção do vento, a interferência repentina de sons externos, como o de motores e máquinas, a acomodação das massas e até mesmo a previsão meteorológica. Spurgeon recomendava aos seus alunos: "Não tentem pregar contra o vento, pois será uma vã tentativa. Poderão lançar a voz a uma curta distância com um esforço espantoso, mas não poderão ser bem ouvidos nem sequer por poucas pessoas. Não é frequente eu adverti-los a considerarem o lado para o qual o vento sopra, mas nesta ocasião os exorto a fazê-lo, caso contrário trabalharão inutilmente. Preguem de modo que o vento leve sua voz em direção ao povo, em vez de soprá-la de volta à sua garganta, ou terão que engolir suas próprias palavras. Não há como medir quão longe um homem pode ser ouvido com o vento a seu favor. Em certas atmosferas e climas, como por exemplo nos da Palestina, as pessoas podem ser ouvidas a algumas milhas de distância. Consta que Whitefield foi ouvido quando pregava a favor do vento a uma milha e me afirmaram que eu mesmo (Spurgeon) fui ouvido àquela distância. "Não sei se exageraram um pouco, mas foram pessoas sérias que me afirmaram tal coisa... "
C. IDENTIFICAÇÃO DO AUDITÓRIO 1. Os ouvintes
É necessário o conhecimento prévio do auditório, pois nunca é demais enfatizar quão importante é para o pregador discerni-lo à luz do contexto. Se queremos ganhá-lo e mantê-lo durante nossa pregação, o discurso tem que ser suficientemente interessante, convidativo e emocionante para que os ouvintes decidam escutar e não mudar de atitude ou de lugar. Noutras palavras, o pregador tem que cativar seus ouvintes. Nesse sentido, Jesus Cristo foi o maior pregador de todos os tempos. Seu falar não só atraía os ouvidos das pessoas, mas, de modo todo especial, também seus olhares. Veja a passagem de Lucas 4.20 "...e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele". Há inúmeras formas de se obter o conhecimento do auditório em que nos encontramos; porém, o mais valioso de todos é sem dúvida aquele que o próprio pregador adquire através do contacto direto com os ouvintes. Com efeito, é necessário que o pregador chegue alguns minutos antes do momento em que vai pregar (no mínimo 30 minutos). Durante este período o pregador deve fazer para si as seguintes perguntas:
2. A importância da mensagem
Quem fala precisa ter a sensibilidade suficientemente desenvolvida para entender as intenções dos ouvintes. A nossa mensagem deve ser apresentada de maneira tal que as pessoas sintam nelas a orientação adequada. Em termos de rádios, todas as vozes são severamente medidas na escala dos profissionais e graduada de acordo com o seu peso. Os gregos faziam distinção entre o professor e o pregador. O primeiro se preocupa apenas com o conteúdo de sua comunicação, pois o mestre convence apenas pela lógica, pela verdade em si, que transmite a seus alunos. O pregador tem que falar à inteligência, provocar a imaginação e despertar os sentimentos. A pregação, portanto, não pode ser apenas peça fria, contida de razão e arte. Ela tem que ser uma expressão real da vida, uma expressão real de experiências vividas pelo pregador e dosada pelo Espírito Santo.
Capítulo Oito
A. FIGURAS DE LINGUAGEM
1. Divisão e definição
Conforme já tivemos ocasião de ver em outros capítulos, o pregador deve ser um grande observador e possuir uma noção geral da cultura secular e dos segredos da vida. Também se faz necessário que ele esteja familiarizado com a linguagem gramatical das Escrituras, tendo em vista a significação correta das palavras, a forma
das frases, e as particularidades idiomáticas da língua empregada. Outrossim, deve o mesmo estar informado e conhecer a natureza que cada figura de linguagem, à luz do contexto lógico, representa. No entanto, quem torna a mensagem bem interessante é o Espírito S anto; todavia, a linguagem figurada da Bíblia, quando bem interpretada e apresentada, torna mais transparente o sermão. Figuras de linguagem, também chamadas figuras de estilo, são recursos especiais de que se vale quem fala ou escreve, para comunicar a expressão com mais força e colorido, intensidade e beleza. Dividiremos em três grupos, a saber:
B. DIVISÃO GERAL DE CADA FIGURA
Em termos gerais, consiste em tomar a figura pela realidade. Este gênero de sofisma é frequente, principalmente quando se fala de coisas espirituais. Na metáfora não se usa termos de aproximação, como "semelhante", "como", "parecido", etc. E, sim, usa- se afirmação, tais como "é", "sou", etc. - "Judá (é) um leãozinho" (Gn 49.9) - "Vós (sois) o sal da terra..." (Mt 5.13) - "Vós (sois) a luz do mundo..." (Mt 5.14) - "Eu (sou) o pão da vida..." (Jo 6.35) - "Eu (sou) a luz do mundo..." (Jo 8.12) - "Eu (sou) a porta..." (Jo 10.9) - "Eu (sou) o caminho..." (Jo 14.6) - "Eu (sou) a videira..." (Jo 15.1) - "Vós (sois) as vara...” (Jo 15.5) - "Vós (sois) lavoura de Deus..." (1 Co 3.9) - "Deus (é) amor..." (1 Jo 4.16), etc.
b) Metonímia (Do gr. metonymía).
c) Perífrase (Do gr. periphrasis).
2. Figuras de construção
a) Anacoluto (Do gr. anakolouthus).
b) Elipse (Do gr. élleipsis).
• Local, horário e data (do evento?), etc.
c) Inversão ou Hipérbato (Do gr. hyperbatón).
d) Onomatopéia (Do gr. onomatopoiía).
e) Pleonasmo (Do gr. pleonasmós).
f) Polissíndeto (Do gr. polysyndeton).
É a repetição intencional do conectivo coordenativo. É particularmente próprio para sugerir movimentos contínuos ou séries de ações que se sucedem rapidamente: • "Vão chegando as burguesinhas pobres, e as criadas das burguesinhas ricas, e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza" (M.B.)
g) Repetição (Do lat. repetitione).
h) Silepse (Do gr. syllepsis).
• De pessoa - "Os que procuram são inúmeros, pois todos sofremos de alguma coisa; esta água insípida tem uma vastíssima órbita de ação" (R.Q.), etc.
3. Figuras de pensamento: retórica geral:
a) Acróstico (Do gr. akróstichon). E uma composição poética em que o conjunto das letras iniciais (e, às vezes, as mediais ou finais) dos versos compõe verticalmente uma palavra ou frase. No livro de Ester Deus está presente em mistério e não em manifestação. Seus efeitos são evidentes, mas Ele fica oculto. Contudo, tem sido observado que as quatro letras Y H V H, que no hebraico representam Jeová, ocorrem na narrativa quatro vezes na vertical em forma acrostica: - Y - Et 1.20 - H - Et 5.4 - V- Et5 . 1 3 - H - Et 7.7 O Salmo 119, com 176 versículos, está representado em forma acrostica. Exceto os versículos 90 e 122; suas 22 secções no começo e no fim decantam-se em dois grupos:
b) Alegoria (Do gr. allegoría).
Indica uma figura de linguagem usada na exposição de um pensamento sob forma figurada. Não é uma parábola, ainda que Hebreus 9.9 traduza este sentido. Entretanto, um símbolo, quando visto no seu desenvolvimento particularizado, e especialmente quando toma um caráter narrativo, passa a ser alegoria. Na alegoria, as personagens fictícias são dotadas das mesmas características das reais, sem qualquer tentativa para ocultar ou para ilustrar metaforicamente o oposto daquilo que elas não são. A parábola diverge assim, portanto, da alegoria. A parábola ilustra por meio de símbolos, como por exemplo: - "O campo é o mundo", - "O inimigo é o diabo", - "A boa semente são os filhos do reino", etc. A regra essencial de interpretação é compreender o escopo duma alegoria, ou pelo contexto, ou pelas passagens paralelas e ter-se-á a verdade principal que se procurou realçar, em harmonia com a verdade central. Jesus, ao afirmar: "Eu sou o pão que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne... porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele" (Jo 6.51,55,56), estava expondo analogicamente uma verdade central. O pensamento central desta analogia do Senhor é interpretado no contexto antecedente, que diz: "Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede" (Jo 6.35). Portanto, comer a carne e beber o sangue do Filho do homem significa, no pensamento de Jesus, tomar posse da vida eterna. Qualquer narrativa alegórica esboça, através de uma passagem, um trecho ou mesmo um versículo, o pensamento central. Quando a Bíblia descreve qualquer figura com sentido alegórico, ou no início
ou no fim da narrativa, encontramos um versículo, uma frase ou mesmo uma palavra, contendo o pensamento central. Exemplo: Em Isaías 5, o profeta descreve por expressa ordem de Deus o perfil da nação judaica. Primeiro ele faz a figura (de uma vinha) e depois dá a interpretação dizendo: "Porque a vinha do Senhor dos Exércitos ("é") a casa de Israel" (Is 5.7b). Em Ezequiel 37, na descrição do vale de ossos secos, o profeta mostra-nos o pensamento central no versículo 11, dizendo: "Estes ossos são toda a casa de Israel", etc.
c) Antítese (Do gr. antíthesis).
d) Antítipo (Do gr. antítypon).
Esta expressão significa tipo ou figura que representa outra. A preposição grega aqui inferida é um pouco irregular. Alguns rabinos opinam que ant (i) pode significar "ação contrária", "oposição", "contra", "oposto", etc. E, assim, seria mais correto dizer-se: pro-tipo, isto é, "pro" - traz a ideia de "movimento para adiante", "posição em frente", ou "aquilo que jaz adiante". Entretanto, como a tradução geral deste termo chegou até nós com o sentido de "figura que representa outra", devemos aceitar tal sentido sem hesitação.
e) Apóstrofe (Do gr. apostrophé).
Indica uma figura de linguagem que consiste em dirigir-se o orador ou escritor, em geral fazendo uma interrupção, parêntese ou interrogação, a uma pessoa, a coisa real ou fictícia. Na oratória, muitas vezes, o apóstrofe entra em evidência para dar ênfase ao argumento. Biblicamente falando, temos vários exemplos de apóstrofes, tanto no Antigo como no Novo Testamento. No Salmo 114 o escritor sagrado invoca na poesia este tipo de linguagem. Então ele pergunta: "Que tiveste, ó mar, que fugiste, e tu, ó Jordão, que tomaste atrás? E vós, montes, que saltastes como carneiros, e vós outeiros, como cordeiros?" (vv. 5,6). Em o Novo Testamento, Paulo, fazendo sua defesa sobre a probabilidade da ressurreição, invoca também esta linguagem figurada da Bíblia, dizendo: "Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?" (1 Co 15.55), etc.
f) Dramatização (Do gr. dramatizo).
Consiste numa figura de linguagem que dá ao discurso mais vida, vigor e encanto, coisa que outros expedientes não conseguem tanto. Personificar um caráter, bíblico ou não, e falar de seus sentimentos, introduzir no discurso um contraditor e formular suas objeções, e depois respondê-las ponto por ponto, sustentar um diálogo entre duas pessoas supostas, reproduzir uma cena mediante descrição dramática, são métodos que muitos pregadores eficientes empregam. Com efeito, porém, esta dramatização não deve ser apresentada de maneira extravagante ou deselegante. No
púlpito, a dramatização deve permanecer dentro de limites um tanto estreitos, e deve sempre ser regulada pelo bom gosto e sobriedade de sentimentos. E preciso, especialmente, usar bem as limitações de ação e de tonalidade, para que o pregador não se torne ridículo ou, quiçá, desconchavada a dramatização dentro do discurso religioso.
g) Enigma (Do gr. aínigma).
Esta figura consiste numa descrição, às vezes, obscura, ambígua, de alguma coisa, para que seja difícil decifrá-la. Este tipo de linguagem enigmática era bastante usado pelos sábios orientais. Sansão usou de enigmas para provar a capacidade dos filisteus (Jz 14.12-18). A rainha Makeda de Akssum, ouvindo a fama de Salomão, "...veio prová-lo por enigmas" (1 Rs 10.1). Algumas vezes, os enigmas eram decifrados ao som de instrumentos (SI 49.4). Algumas parábolas foram vistas pelos circunstantes de Jesus como verdadeiros enigmas (SI 49.4; 78.2; Mt 13.34,35) e, de igual modo, os dons espirituais (1 Co 13.12).
h) Eufemismo (Do gr. euphemismós).
Esta figura consiste em suavizar a expressão de uma ideia molesta, substituindo o termo exato por palavras ou circunlocuções menos desagradáveis ou mais polidas: - "...A menina não está morta, mas dorme" (Mc 5.39b). - "...Tendo desejo de partir (morrer)..." (F11.23). - "...Rómulo contraíra o mal-de-Lázaro (= a lepra)", etc.
i) Exclamação (Do lat. exclamatione).
Refere-se a uma figura de linguagem em que o pregador emotivo se inclina a usá-la livremente. Alguns em qualquer parte do discurso dizem: Oh! Ah! Ai! Outros pregadores dizem "Quão grande!", "Momentoso dito!", "Pensamento atroz!", e coisas assim. Em alguns casos o pregador ou escritor usa esta figura de retórica para expressar grandeza. "Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos!" (SI 84.1) "Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!" (Rm 11.33) E coisas semelhantes a estas.
j) Fábula (Do gr. mythos).
minha gordura, que Deus e os homens em mim prezam, e iria a labutar sobre as árvores ? Então disseram as árvores à figueira: Vem tu, e reina sobre nós. Porém a figueira lhes disse: Deixaria eu a minha doçura, o meu bom fruto, e iria labutar sobre as árvores? Então disseram as árvores à videira: Vem tu, e reina sobre nós. Porém a videira lhes disse: Deixaria eu o meu mosto, que alegra a Deus e aos homens, e iria labutar sobre as árvores? Então todas as árvores disseram ao espinheiro: Vem tu, e reina sobre nós. E disse o espinheiro às árvores: Se, na verdade, me ungis rei sobre vós, vinde, e confiai-vos debaixo da minha sombra; mas, se não, saia fogo do espinheiro que consuma os cedros do Líbano" (Jz 9.7-15).
• Amazias e Jeoás: "Então Amazias enviou mensageiros a Jeoás, filho de Jeoacaz, filho de Jeú, rei de Israel, dizendo: Vem, vejamo-nos cara a cara. Porém Jeoás, rei de Israel, enviou a Amazias, rei de Judá, dizendo: O cardo que está no Líbano enviou ao cedro que está no Líbano, dizendo: Dá tua filha por mulher a meu filho; mas os animais do campo, que estava no Líbano, passaram e pisaram o cardo" (2 Rs 14.8,9). Existem, sem dúvidas, outras passagens similares na Bíblia. Entretanto, estas são as que mais exemplificam o significado do argumento.
l) Hipérbole (Do gr. hyperbolé).
Consiste numa figura de linguagem que engrandece ou diminui exageradamente a verdade das coisas: mas não se trata de mentira e, sim, de uma expressão momentânea. Por exemplo, quando o número de pessoas numa concentração não chega a atingir a cifra esperada, se diz: "apenas quatro gatos pingados" (jargão). Outro exemplo: "Passou correndo com mais de mil", quando, na verdade, ia apenas a 10 km por hora.
• 'Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo" (Mt 23.24). E outros exemplos similares.
m) Interrogação (Do lat. interrogatíone).
Refere-se a uma forma de linguagem que serve para animar o discurso. Nesse caso, o pregador pode pensar num antagonista, que pode ser real ou imaginário, e questionar com ele, interrogando-o, de tal maneira que se desperte vivo interesse nos ouvintes; podendo- se fazer também perguntas constantes ao próprio auditório. Assim se despertará a mente deles, como se tivessem de responder a perguntas feitas. Por exemplo: "Quem deu crédito à nossa pregação? e a quem se manifestou o braço do Senhor?" (Is 53.1). "O que dizem os homens ser o Filho do homem?... E vós, o que dizeis que eu sou?" (Mt 16.14,15), etc.
n) Ironia (Do gr. eiróneia).
o) Parábola (Do gr. parabolé).
Por derivação esta palavra significa "por coisas a lado", ou "colocar ao lado de". Assim, parábola é algo que se coloca ao lado de outra coisa para efeito de comparação. A parábola típica utiliza- se de um evento comum da vida natural para acentuar ou esclarecer uma importante verdade espiritual. No conceito geral da Bíblia, parábola indica, literalmente, "comparação", e é comumente usada para indicar uma história breve, um exemplo esclarecedor, que ilustra uma verdade qualquer (Ez 17.2; Mt 13.31,44,45,47; Mc 4.30).
• A parábola não é um mito,
pois este narra uma história como se fosse verdadeira, mas não adiciona nem a probabilidade nem a verdade. Com efeito, quando o termo "parábola" parte diretamente do hebraico mashal, tem uma significação mais lata. Assim em Mateus 15.14,15 e Lucas 4.23, parábola é usada por provérbios; em João 10.6, provérbio é traduzido por parábola; em Hebreus 9.9, parábola é traduzida no grego por alegoria etc.
• Parábola também não é fábula.
Alguém já imaginou que parábola fosse uma fábula. Entretanto, no contexto geral, não é, porque a fábula é uma história fictícia que ensina através da fantasia, mediante apresentação que vai além da probabilidade. A parábola, mesmo ensinada mediante ocorrências imaginárias, jamais foge à realidade das coisas. A despeito disto, temos os ensinamentos didáticos de Cristo. Cerca de sessenta deles foi por meio de parábolas.
p) Paradoxo (Do gr. parádoxon).
Infere em um conceito que é ou parece contrário ao comum: "Ninguém faz o mal voluntariamente, mas por ignorância, pois a sabedoria e a virtude são inseparáveis" (Sócrates). O vocábulo procede do grego e chega até nós por intermédio do latim. Está formado de duas expressões: para, que significa contra e doxa, opinião ou crença. Soa ao ouvido como algo incrível, ou impossível, se não absurdo. Jesus deu- nos lições paradoxais, quando advertiu os discípulos do fermento dos fariseus e quando mostrou a um candidato ao discipulado a urgência da missão (cf. Mt 8.21,22; 16.6, etc.).
q) Personificação (Do gr. prosopon?)
Esta figura consiste na maneira como o pregador se dirige a uma coisa inanimada como se tivesse vida. Isso dá ao discurso grande animação e beleza, e mesmo uma apaixonante energia. A personificação da sabedoria dos Provérbios de Salomão é muito notável. Jesus personificou as pedras como se fossem seres animados. Então ele disse: "Se estes se calarem, as próprias pedras clamarão" (Lc 19.40). Os apóstolos Paulo e João usaram também esta figura ao se referirem à morte e ao inferno (1 Co 15.26,55; Ap 6.8; 20.13,14).
r) Prosopopeia (Do gr. prosopopaiía).
Esta figura, segundo a divisão correta, indica uma linguagem em que se dá vida, ação, movimento e voz a coisas inanimadas. Exemplos: "A perdição e a morte dizem: Ouvimos com os nossos ouvidos a sua fama" (Jó 28.22); "A terra geme e pranteia, o Líbano se envergonha e se murcha: Sarom se tornou como um deserto; e Basã e Carmelo foram sacudidos" (Is 33.9); "Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?" (1 Co 15.55); "E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava assentado sobre ele tinha por nome morte; e o inferno o seguia..." (Ap 6.8a). Nestas passagens, e em outras similares, são usadas verdadeiras figuras de linguagem, cujo sentido técnico denomina-se prosopopeia, onde os seres e trastes são personificados.
s) Reticência (Do lat. reticentia).
t) Retificação (s.f. do v. retificar).
pregador, quando ocorrer um engano mental, ou quando houver exagero numa afirmação comprometedora; ela deve ser usada em lugar de desculpa.
u) Símbolo (Do gr. symbolon).
v) Símile (Do lat. símile).
O sentido da divisão correta expressa a ideia do que é semelhante; comparação de coisas semelhantes. Dois dos mais simples artifícios literários são o símile e a metáfora. Símile é uma comparação, onde a expressão "semelhante", "como" e "assim" estão em foco. No símile a ênfase recai sobre algum ponto de similaridade entre duas idéias, grupos, ações etc. "O reino dos céus (é semelhante)..." "Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem" (SI 103.13). "...Como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos..." (Is 55.9) Devemos observar que a ênfase recai nas expressões "é semelhante", "como", "assim", etc. Podemos entender a parábola como sendo uma símile ampliada. Pelo menos é este o sentido geral da Bíblia onde a palavra está presente (Os 12.10).
x) Sinédoque (Do gr. synedoché).
Esta figura de pensamento consiste na relação de compreensão e consiste no uso do "todo" pela "parte", do "plural" pelo "singular", do "gênero" pela "espécie". A sinédoque se assemelha muito com a metonímia, levando alguns até pensarem que estas duas figuras de retórica fossem a mesma coisa, ou pelo menos expressassem o mesmo sentido. Com efeito, porém, não se trata da mesma coisa. Partindo de uma premissa tanto particular como geral, a sinédoque expressa o conceito final dentro das mesmas regras da natureza da primeira. Biblicamente falando, isso pode ser depreendido de várias passagens das Escrituras. Exemplificando: "Todas as almas, pois, que procederam da coxa de Jacó, foram setenta almas..." (Ex 1.5) As almas aqui são tomadas para indicar as pessoas. "...A minha carne repousará segura" (SI 16.9b). A palavra carne, nesse caso, é tomada para indicar o todo que seria o corpo. E outros exemplos similares,
z) Tipo (Do gr. typos).
Significa aquilo que inspira fé como modelo. Como a alegoria é uma dupla representação por meio de palavras, assim o tipo é uma dupla representação por meio de fatos. A linguagem tipológica da Bíblia, funciona como "...sombra dos bens
futuros...". Conforme já tivemos ocasião de expor noutra secção, o tipo é prefigurativo, enquanto o símbolo é ilustrativo do que já existe. Alguns personagens, animais, objetos e fatos, foram, ao mesmo tempo, símbolos e tipos, pois comemoravam um acontecimento e prefiguravam outro. Eles eram sombras de um sacrifício perfeito, do qual Cristo havia de ser a realidade!
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HOMILÉTICA 3
Pesquisa e Organização do Conteúdo: Instituto de Teologia Logos, EA Gráficos, Edição e Finalização: Instituto de Teologia Logos, EEG DADOS DE CATALOGAÇÃO INTERNA DA PUBLICAÇÃO – DCIP CÓDIGO DCIP: 001-027-2021-1 CÓDIGO DISCIPLINA: ITLON27 LOGOS, Instituto de Teologia (ORG). HOMILÉTICA. MARANHÃO: PUBLICAÇÕES ITL, 2021. 130 pgs.
APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo(a), caro(a) aluno(a)! Parabéns pela sua decisão de transformação, pois isso também mostra o quanto você está compromissado em contribuir com a transformação da igreja e da sociedade onde você está inserido. O Instituto de Teologia Logos acompanhará você durante todo este processo, pois “os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem simples, completa e de rápida assimilação, contribuindo para o seu desenvolvimento bíblico, teológico e ministerial, para desenvolver competências e habilidades e aplicar os conceitos, fundamentos e prática na sua área ministerial, possibilitando você atuar em favor do Reino de Deus com mais excelência. Nosso objetivo com este material é levar você a aprofundar-se no conteúdo, possibilitar o desenvolvimento da sua autonomia em busca de outros conhecimentos necessários para a sua formação bíblica, teológica e ministerial. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize todos os materiais didáticos e recursos pedagógicos que disponibilizamos para você. Acesse regularmente a Área do Aluno, participe no grupo online com o tutor online que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica.
Na homilética fundamental, referimo-nos ao conceito de homilética, ou seja, abordamos questões introdutórias, tais como: origem, significado, tarefa, desenvolvimento histórico, problemas, características, conteúdo e importância da homilética evangélica. O segundo capítulo trata da homilética material, relativa ao material básico para se fazer homilética. O aluno aprende a lidar com as versões em português da Bíblia, incluindo a Bíblia Vida Nova, chaves bíblicas, concordâncias, dicionários, léxicos, comentários, harmonias e panoramas bíblicos. Exemplos práticos e exercícios ajudam o aluno a utilizar o material auxiliar disponível na preparação de mensagens baseadas na Palavra de Deus. O último capítulo refere-se à homilética formal, que analisa a estrutura, a apresentação e as formas alternativas da pregação bíblica. Seguem exemplos e exercícios. Uma bibliografia selecionada conscientiza o estudante a dar prioridade às obras básicas na compra de material evangélico acerca de homilética. O desejo ardente e a oração contínua do autor são no sentido de que o estudante da Palavra de Deus prepare suas mensagens com dedicação, sinceridade e fidelidade, sob a orientação indispensável do Espírito Santo e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo (2 Co 10.5), para que o evangelho eterno de Jesus Cristo seja pregado, ouvido, entendido e obedecido em nossos dias. "Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê..." (Rm 1.16) 1.1.
1.1- Abreviaturas Encontram-se aqui as abreviaturas remissivas e teológicas com as quais o estudante deve se familiarizar.
· J. Braga, Como Preparar Mensagens Bíblicas, São Paulo, Editora Vida, 1987.
A homilética fundamental trata das questões introdutórias da matéria, visando uma compreensão objetiva de seus aspectos, tais como: origem, significado, tarefa, desenvolvimento histórico, problemas, características, conteúdo, importância e alvo da prédica evangélica
1.2. Origem, Significado e Tarefa da Homilética O termo (homilética) deriva do substantivo grego "homilia", que significa literalmente "associação", "companhia", e do verbo homileo, que significa "falar", "conversar". O Novo Testamento emprega o substantivo homilia em 1 Coríntios 15.33: “as más conversações corrompem os bons costumes”. O termo "homilética" surgiu durante o Iluminismo, entre os séculos XVII e XVIII, quando as principais disciplinas teológicas receberam nomes gregos, como, por exemplo, dogmática, apologética e hermenêutica. Na Alemanha, Stier propôs o nome Keríctica, derivado de keryx, que significa "arauto". Sikel sugeriu haliêutica, derivado de halieos, que significa "pescador". O termo "homilética" firmou-se e foi mundialmente aceito para referir-se à disciplina teológica que estuda a ciência, a arte e a técnica de analisar, estruturar e entregar a mensagem do evangelho. "A homilética é ciência, quando considerada sob o ponto de vista de seus fundamentos teóricos (históricos, psicológicos e sociais); é arte, quando considerada em seus aspectos estéticos (a beleza do conteúdo e da forma); e é técnica, quando considerada pelo modo específico de sua execução ou ensino." O termo "homilética" tem suas raízes etimológicas em 3 palavras da cultura grega:
· Homilos, que significa "multidão", "turma", "assembleia do povo" (cf. At 18.17); · Homilia, que significa "associação", "companhia" (cf. 1 Co 15.33); e
· Homileo, que significa "falar", "conversar" (cf. Lc 24.14s.; At 20.11,24.26). 1.3. A Relação Entre a Homilética e as Outras Disciplinas Como disciplina teológica, a homilética pertence à teologia prática. As disciplinas que mais se aproximam da homilética são a hermenêutica e a exegese. Enquanto a hermenêutica é a ciência, arte e técnica de interpretar corretamente a Palavra de Deus, e a exegese a ciência, arte e técnica de expor as idéias bíblicas, a homilética é a ciência, arte e técnica de comunicar o evangelho. A hermenêutica interpreta um texto bíblico à luz de seu contexto; a exegese expõe um texto bíblico à luz da teologia bíblica; e a homilética comunica um texto bíblico à luz da pregação bíblica.
e morta. A homilética deve valer-se dos recursos da retórica (assim como da eloquência), utilizar os meios e métodos da comunicação moderna e aplicar a avançada estilística. Não se pode ignorar o perigo de substituir a pregação do evangelho pelas disciplinas seculares e de adaptar a pregação do evangelho às demandas do secularismo. A relação entre a homilética e as ciências modernas é de caráter secundário e horizontal; pois as Escrituras Sagradas são a fonte primária, a revelação vertical, o fundamento básico de toda a homilética evangélica. Por isso, o apóstolo Paulo escreveu aos coríntios: (Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem, ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana; e sim, no poder de Deus) (1 Co 2.1-5). 1.4. O Desenvolvimento Histórico da Homilética O modelo predominante no período profético era a palavra vinda diretamente do Senhor ("assim diz o Senhor") que os profetas anunciavam e ilustravam em suas próprias vidas: uma prostituta como esposa (Oséias); nomes dos filhos (Is 7.3, 8.3); cinto (Jr 13.1- 11); o vaso do oleiro (Jr 18.1- 17); a botija quebrada (Jr 19.1-15); a morte da mulher de Ezequiel (Ez 24.15-27). Após o exílio, desenvolveu-se a homilia primitiva, em que passagens das Escrituras Sagradas eram lidas em público ou nas sinagogas (Ne 8.1-18). Por volta de 500-300 a. C., os gregos Córax, Sócrates, Platão e Aristóteles desenvolveram a retórica, aperfeiçoada pelos romanos na forma da oratória (principalmente Cícero, em cerca de 106-43 a. C.). Jesus, no entanto, pregou o evangelho do reino de Deus com simplicidade, utilizando principalmente parábolas (Mt 13.34s.; Mc 4.10-12, 33, 34) e aplicando textos do Antigo Testamento à Sua própria vida (Lc 4.16-22). Uma análise do livro de Atos revela cinco elementos básicos comuns às mensagens apostólicas: o Messias prometido no Antigo Testamento; a morte expiatória de Jesus Cristo; Sua ressurreição pelo poder do Espírito Santo; a gloriosa volta de Cristo; e o apelo ao ouvinte para que se arrependesse e cresse no evangelho.
A maioria dos cristãos antigos, portanto, seguiu o exemplo da sinagoga, lendo e explicando de modo simples e popular as Escrituras do Antigo Testamento e do Novo. Não se percebe muito esforço em estruturar um esboço homilético ou um tema organizador. A homilia cristã apenas (segue a ordem natural do texto da Escritura e visa meramente ressaltar, mediante a elaboração e aplicação, as sucessivas partes da passagem como esta se apresenta). C. W. Koller, Pregação Expositiva sem Anotações (São Paulo: Mundo Cristão, 1984), p. 21.
As primeiras teorias homiléticas encontram-se nos escritos de Crisóstomo (345-407 A. D.), o mais famoso pregador da igreja primitiva. A primeira homilética foi escrita por Agostinho, em De Doctrina Christiana. Agostinho dividiu-a em de inveniende (como chegar ao assunto) e de proferendo (como explicar o assunto). Na prática, esta divisão sistemática corresponde hoje às homiléticas material e formal. A Idade Média
não foi além de Agostinho, mas produziu coletâneas famosas de sermões, atualmente publicadas em forma de livros devocionais. (A homilética era quase a única forma de oratória conhecida.) O maior pregador latino da Idade Média foi Bernardo de Claraval (1090-1153). Graças a Carlos Magno (768-814), a pregação era feita na língua do povo e não exclusivamente em latim. A grande inovação da Reforma Protestante foi tornar a Bíblia o centro da pregação. Os discursos éticos e litúrgicos foram substituídos pela pregação evangélica das grandes verdades bíblicas, versículo por versículo. Martinho Lutero e João Calvino expuseram quase todos os livros da Bíblia em forma de comentários que, ainda hoje, possuem vasta aceitação acadêmica e espiritual. Os líderes da Reforma Protestante deram à pregação um novo conteúdo (a graça divina em Jesus Cristo), um novo fundamento (a Bíblia Sagrada) e um novo alvo - a fé viva. Enquanto Lutero enfatizava o conteúdo da pregação do evangelho (a justificação pela fé), Melanchthon ressaltava o método e a forma da pregação. Como humanista convertido, Melanchthon escreveu, em 1519, a primeira retórica evangélica, seguida de duas publicações homiléticas, em 1528 e 1535, respectivamente. Melanchthon sugeriu enfatizar a unidade, um centro organizador, um pensamento principal (loci) para o texto a ser pregado. A pregação evangélica deveria incluir: introdução, tema, disposição, exposição do texto e conclusão. Instituto de
HOMILÉTICA
1.5. Os Problemas da Homilética A palavra de Deus afirma que "a fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cristo" (Rm 10.17). Como é possível, então, que surjam dificuldades quando esta palavra é proclamada? O problema não está na palavra em si, porque 2a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração" (Hb 4.12). O problema não está na Palavra de Deus, mas em sua proclamação, quando feita por pregadores que não admitem suas imperfeições homiléticas pessoais!
Atualmente, as dificuldades mais comuns da pregação bíblica encontram-se nas seguintes áreas:
· Falta de preparo adequado do pregador. Na maioria das vezes, a pregação pobre tem sua raiz na falta de estudo do orador. Muitos julgam ter condições de preparar uma mensagem bíblica em menos de seis horas, sem o árduo trabalho exegético e estilístico. Pensam que basta ter um esboço de três ou quatro pontos para edificar a igreja, ou acham suficiente manipular as Quatro Leis Espirituais para levar um indivíduo perdido à obediência a Cristo.
· Falta de unidade corporal na prédica. Os ouvintes do sermão dominical perdem o interesse pelo recado do pastor quando este apresenta uma mensagem que consiste numa mera junção de versículos bíblicos, às vezes até desconexos, pulando de um
livro para outro, sem unidade interior, sem um tema organizador. A falta de unidade corporal na prédica leva o ouvinte a depreciar até a mais correta exposição da Palavra de Deus.
· Falta de vivência real do pregador na fé cristã. O pior que pode acontecer ao pregador do evangelho é proclamar as verdades libertadoras de Cristo e, ao mesmo tempo, levar uma vida arraigada no pecado e em total desobediência aos princípios da Palavra de Deus. Por isso, Paulo escreveu: "... esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado" (1 Co 9.27). Em outras ocasiões, o pregador talvez esteja vivendo em santificação, mas, ainda assim, quando suas mensagens são apresentadas de forma muito teórica, empregando termos técnicos, latinos e gregos que o povo comum não entende, elas se tornam enfadonhas. No fim do culto, o rebanho admite que seu pastor falou bem e bonito, mas se queixará de não ter entendido nada.
Falta de aplicação prática às necessidades existentes na igreja. Muitas mensagens são boas em si mesmas, mas se tornam pobres na prática, na edificação do povo de Deus. Constituem verdadeiros castelos doutrinários, mas não mostram como colocar em prática, de maneira viável, o ensino da Palavra de Deus, negligenciando, por exemplo, oferecer ajuda concreta a uma senhora que, após 35 anos de vida conjugal feliz, perdeu o esposo num acidente de trânsito, na semana anterior. Falta de equilíbrio na seleção dos textos bíblicos. A maior parte das Escrituras foi praticamente abandonada na pregação eficiente do evangelho. Mais de 95% dos sermões evangélicos pregados no Brasil baseiam-se no Novo Testamento e, em geral, limitam- se a textos evangelísticos, tais como: Lc 19.1-10; Jo 1.12; 3.16; 14.6; Rm 8.28; 2 Co 5.15-21 etc. Prega-se a verdade, mas não toda a verdade! O alvo do apóstolo Paulo era pregar "o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo" (Ef 3.8). É bom lembrar que os apóstolos, e com eles a primeira geração da igreja primitiva, utilizavam quase sempre o Antigo Testamento. Eles baseavam suas mensagens naqueles 39 livros, que constituem mais de dois terços de nossa Bíblia atual. Falta de prioridade da mensagem na liturgia. O culto teve início pontualmente às 19h30, com um belo programa musical seguido de muitos testemunhos empolgantes, várias orações e diversos avisos. Finalmente, às 21h30, quando toda a congregação já estava cansada, o dirigente anunciou: (Vamos agora para a parte mais importante de nosso culto. Com a palavra, nosso pastor, que vai pregar o santo evangelho). O pastor, então, fica constrangido de pregar 40 minutos, pois sabe que ninguém irá aguentar.
A característica principal de um culto evangélico é a pregação da palavra de Deus. Números especiais bem ensaiados, testemunhos autênticos, avisos, tudo isso é útil e necessário, desde que em seu devido lugar. Devemos zelar para que nossos cultos não se tornem festivais de música popular ou reuniões para avisos, mas, sim, encontros com Deus em Sua palavra! Lutero era muito enfático em afirmar que, onde se prega a palavra de Deus e são ministrados o batismo e a ceia, é ali que se encontra a verdadeira igreja. Falta de um bom planejamento ministerial. "O pregador
eficiente tem de planejar sua pregação com antecipação. Muitos pastores falam sem nenhum plano ou propósito. Eles simplesmente decidem, a cada semana, quais os tópicos para os sermões do domingo seguinte. Algumas vezes, a decisão é feita na sexta-feira ou no sábado. A pregação sem um plano de longo alcance produz diversos resultados negativos:
O pregador é colocado sob tensão e ansiedade desnecessárias;
· Aqueles que não planejam sua pregação, geralmente cedem à tentação do plágio. O bom pregador deve fazer um planejamento anual, incluindo mensagens para os dias especiais (Natal, Páscoa, aniversário da igreja etc.). Dessa forma, ele alimentará a seu rebanho com uma dieta sadia e balanceada. Outros motivos que resultam em problemas para a homilética. Além das dificuldades já mencionadas, devemos lembrar que a pregação vem sendo desvalorizada pela secularização que atinge nossas igrejas. Muitas famílias preferem assistir ao "Fantástico", em vez de ouvir uma mensagem simplesmente exortativa e moralista. Há também a questão da grande diversidade de igrejas e pregadores evangélicos, o que facilita à família recém- chegada optar entre o pregador eloquente e popular e a igreja com status. Além disso, o estresse do dia a dia faz com que, mesmo no domingo, não haja mais o sossego necessário para reflexões espirituais profundas.
1.6. As Características da Homilética Charles W. Koller apresenta o conceito bíblico de pregação como (aquele processo único pelo qual Deus, mediante Seu mensageiro escolhido, Se introduz na família humana e coloca pessoas perante Si, face a face). C. W. Koller, op. cit., p. 9. Em sua tese, Koller refere-se ao mensageiro (vocação, caráter, função) e à mensagem (conteúdo, poder, objetivo). Na realidade, porém, as características da homilética evangélica não devem restringir-se somente aos polos mensageiro - mensagem. Três elementos, no mínimo, participam da prédica: o pregador, o(s) ouvinte(s) e Deus. Podemos representá-los por meio de um triângulo, cujos vértices simbolizam o autor, o comunicador e o receptor:
DEUS PREGADOR OUVINTE/COMUNIDADE Para os evangélicos, Cristo é o centro da Bíblia. Lutero ensinou enfaticamente: “A Escritura deve ser entendida a favor de Cristo, não contra Ele; sim, se não se refere a Ele não é verdadeira Escritura. Tire-se Cristo da Bíblia, e que mais se encontrará nela?
1.7. O Conteúdo da Homilética Com a Palavra de Deus, é-nos dado o conteúdo da pregação. Pregamos esta Palavra, e não meras palavras humanas. Na comunicação da Palavra de Deus, lembramo-nos de que nossa pregação deve consistir nessa mesma Palavra: "Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus..." (1 Pe 4.11). Este falar não é o nosso falar, sendo antes um dom de Deus, um charisma. No poder de Deus, nosso falar torna-se o falar de Deus: "... tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de homem, e, sim, como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes" (1 Ts 2.13; cf. 1 Co 2.4s.; 2 Co 5.20; Ef 1.13). CRISTO.
Concluímos, pois, que o conteúdo da homilética evangélica é a Palavra de Deus. Com ela, é-nos confiado um "tesouro em vasos de barro" (2 Co 4.7). É a responsabilidade dos "ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus" (1 Co 4.1), que anunciam "todo o desígnio de Deus" (At 20.27). O conteúdo da pregação apostólica testifica a plenitude do testemunho bíblico. Isto se torna evidente ao analisarmos os sermões de Pedro e de Paulo, no livro de Atos (mensagens de Pedro: At 2.14-40; 3.12-26; 4.8-12; 5.29-33; 10.34-43; mensagens de Paulo: At 13.16-41; 14.15-17; 17.22-31; 20.18-35; 22.1-21; 24.10-21; 26.1- 23; 26.25-29).
1.8. A Importância da Homilética A igreja viva de nosso Senhor Jesus Cristo origina- se, vive e é perpetuada pela Palavra de Deus (Rm 10.17). Pregar o evangelho significa despertar, confirmar, estimular, consolidar e aperfeiçoar a fé (Ef 4.11ss.). Por essa razão, a prédica é a característica marcante do cristianismo. "Nenhuma outra religião jamais tornara a reunião frequente e regular de massas humanas para ouvir instrução religiosa e exortação uma parte integrante do culto divino". Para o
seminarista e futuro pregador do evangelho, "a homilética constitui a coroa da preparação ministerial" porque para ela convergem todas as matérias teológicas, a fim de originar, vivificar, caracterizar, renovar e perpetuar o cristianismo autêntico. Instituto de Teologia Logos – “Preparando cristãos para a defesa da fé
Além de importante, a homilética é também nobre, "porque se interessa exclusivamente pelo bem das almas", A. Nobre, Manual do Pregador (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1955), p. 7. que são objeto do amor infinito, da graça remidora e do poder renovador de Jesus Cristo. Durante o COMIBAM 87 (Congresso Missionário Iberoamericano), o líder evangélico René Zapata (El Salvador) disse :"A pregação é o principal meio de difusão do cristianismo, mais poderosa do que a página escrita, mais efetiva do que a visitação e o aconselhamento, mais importante do que as cerimônias religiosas. É uma necessidade sobrenatural, convence a mente, aviva a imaginação, move os sentimentos, impulsiona poderosamente a vontade. Mas, depende do poder do Espírito Santo. É um instrumento divino; não é resultado da sabedoria humana, não descansa na eloquência, não é escrava da homilética". Ultimato no 192, fevereiro de 1988, p. 7.
A homilética é importante devido a seu conteúdo (a proclamação do evangelho como característica fundamental do cristianismo autêntico), seu lugar central na preparação do ministro evangélico e seu objeto (o bem-estar do homem, criado por Deus). 1.9. A Natureza da Homilética É a teoria e prática da pregação do evangelho de nosso bendito Senhor Jesus Cristo, que revela o poder e a justiça de Deus para todo homem que nEle crê (Rm 1.16). O teólogo alemão Trillha as define a natureza prática da homilética como "a voz do evangelho na época atual da igreja de Cristo". Os termos pregação e pregar vêm do latim praedicare, que significa (proclamar).
O Novo Testamento emprega quatro verbos para exemplificar a natureza da pregação:
A. Kerysso, proclamar, anunciar, tornar conhecido (61 ocorrências no Novo Testamento). Está relacionado com o arauto (keryx), "que é comissionado pelo seu soberano... para anunciar em alta voz alguma notícia, para assim torná-la conhecida". NDITNT, vol. III, p. 739. Assim, pregar o evangelho significa fazer o serviço e cumprir a missão de um arauto. João Batista era o arauto de Deus. Para sua atividade, os sinópticos empregam o termo kerysso: Mt 3.1; Mc 1.4; Lc 3.3.Jesus, por Sua vez, era arauto de Seu Pai: Mt 4.17, 23; 11.1; e os doze discípulos, Paulo e Timóteo, arautos de Jesus: Mt 10.7, 27; Mc 16.15; Lc 24.47; At 10.42; Rm 10.8; 1 Co 1.23; 15.11; 2 Co 4.5; Gl 2.2; 1 Ts 2.9; 1 Tm 3.16; 2 Tm 4.2.
· O receptor da mensagem do arauto bíblico é o mundo inteiro: Mt 24.14; 26.13; Mc 16.15; Lc 24.47; Cl 1.23; 1 Tm 3.16.
B. Euangelizomai, evangelizar. Quem evangeliza transmite boas novas, uma mensagem de alegria. Assim se caracteriza a natureza da prédica evangélica. O pregador do evangelho é o portador de boas novas, de uma mensagem de salvação e alegria. Ele anuncia estas boas novas de salvação ao homem corrompido por seu pecado (Is 52.7; Rm 10.15). O conteúdo do evangelho é a salvação realizada por Jesus Cristo (Lc 2.10; At 8.35; 17.18; Gl 1.16; Ef 3.8; Rm 1.16; 1 Co 15.1ss.), e seu alcance é o mundo inteiro. O evangelho não deve limitar-se a uma classe especial. Ele é para todos. Todos têm direito de ouvir a mensagem de Jesus Cristo (At 5.42; 11.20; 1 Co 1.17; 9.16). C. Martyrein, testemunhar, testificar, ser testemunha. O testemunho de Jesus Cristo é outra característica autêntica da prédica evangélica. Jesus convidou seus discípulos para serem Suas testemunhas do poder do Espírito Santo (Lc 24.48; At 1.8). Neste sentido, os apóstolos compreenderam e executaram seu ministério (At 2.32; 3.15; 5.32; 10.39; 13.31; 22.15; 23.11; 1 Jo 1.2; 4.14). A testemunha qualifica-se através da comprovação de sua experiência. Isto lhe dá credibilidade, convicção e liberdade no cumprimento de sua missão. O evangelista diz: (... e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus) (Jo 6.69). Isto significa que somente aquele que experimentou pessoalmente o poder salvador e transformador de Cristo, por meio da fé em Sua pessoa e obra, é qualificado para ser testemunha evangélica. Por isso, a testemunha do Novo Testamento testifica para outras pessoas aquilo que apropriou pela fé. (E o que de minha parte ouviste, através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e idôneos para instruir a outros) (2 Tm 2.2). D. Didaskein, ensinar. Encontramos este verbo 95 vezes no Novo Testamento. Seu significado é sempre ensinar ou instruir. O Novo Testamento apresenta-nos Jesus como um grande educador: (Quando Jesus acabou de proferir estas palavras [o Sermão do Monte], estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas. Mt 7.28-29.
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