TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Lucas 15.11-13, 18-27 11 - E disse: Um certo homem tinha dois filhos; 12 - E o mais moço deles disse ao pai: Pai, d...
TEXTO BÍBLICO BÁSICO - Lucas 15.11-13, 18-27
18 - Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti;
19 - Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.
20 - E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. 21 - E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.
22 - Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vestilho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés;
23 - E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos;
26 - E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
27 - E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.
COMENTÁRIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
Versículos 11-13:
Nesses versículos, Jesus começa a contar a conhecida parábola do filho pródigo. Ele fala sobre um pai que tinha dois filhos, sendo o mais novo aquele que pediu sua parte da herança e a desperdiçou em uma terra distante, vivendo uma vida desregrada. Essa atitude do filho representa a busca pela independência, o afastamento dos valores familiares e a consequente experiência com as consequências de suas escolhas.
Raiz Grega:
A palavra-chave aqui é "dissolutamente" (v. 13), que vem do grego "aselgeia". Ela denota uma vida descontrolada, sem limites morais, caracterizada por indulgência nos prazeres e falta de restrição.
Versículos 18-20:
O filho pródigo, após vivenciar a miséria e o arrependimento, decide voltar para seu pai. Sua confissão é profunda, reconhecendo o pecado não apenas contra o pai, mas também contra Deus. Ele se vê como indigno de ser chamado filho, oferecendo-se para ser tratado como um dos jornaleiros do pai. A reação do pai é marcada por uma compaixão profunda e um gesto de amor incondicional ao abraçar e beijar o filho.
Raiz Grega:
O termo "compaixão" (v. 20) tem sua raiz no grego "splagchnizomai", que expressa uma emoção visceral, um sentimento profundo e compassivo que vem do âmago da pessoa.
Versículos 22-24:
Ao abraçar o filho, o pai ordena que tragam a melhor roupa, coloquem um anel em sua mão e sandálias em seus pés. Além disso, ele instrui a preparação de um bezerro cevado para celebrar o retorno do filho perdido. Esses gestos simbolizam a restauração, a honra e a festa pela volta do filho.
Raiz Grega:
A palavra "reviveu" (v. 24) vem do grego "anazao", que significa ser restaurado à vida, trazendo a ideia de renovação e ressurreição espiritual.
Versículos 25-27:
O filho mais velho, ao voltar do campo, ouve a celebração em casa e fica intrigado. Ao perguntar a um servo, ele descobre sobre o retorno e a festa preparada para o filho mais novo. Sua reação inicial é de ressentimento, revelando uma atitude de orgulho e falta de compreensão.
Raiz Grega:
A atitude do filho mais velho reflete a dificuldade em aceitar e celebrar o arrependimento e a restauração do irmão, revelando uma falta de compaixão e empatia.
Essa parábola do filho pródigo nos ensina sobre o amor incondicional e a misericórdia do Pai celestial, que está sempre disposto a receber de volta aqueles que se arrependem e retornam a Ele. Ela também nos desafia a cultivar uma atitude de compaixão, perdão e celebração pela restauração dos que estavam perdidos. A parábola nos lembra da imensidão da graça divina e a alegria que surge quando um pecador se volta para Deus.
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TEXTO ÁUREO
Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se. Lucas 15.24
COMENTÁRIO EXTRA
Comentário de Hubner Braz
O Texto Áureo de Lucas 15.24 é uma parte crucial da parábola do filho pródigo, destacando a restauração e a alegria após a volta do filho perdido. Vamos analisar a frase em detalhes, incluindo a raiz grega das palavras:
- "Porque este meu filho estava morto, e reviveu..."
- Raiz Grega:
- Morto (nekros): Refere-se a estar literalmente morto, mas aqui é usado de forma metafórica para descrever o estado espiritual do filho quando estava distante de seu pai. Indica a separação espiritual de Deus devido ao pecado.
- Reviveu (anazao): Vem de "ana" (de novo) e "zao" (viver). Significa ser restaurado à vida, implicando uma transformação completa, não apenas física, mas também espiritual.
- Comentário:
- Esta parte ilustra vividamente a condição espiritual do filho quando estava longe de seu pai. Ele estava espiritualmente morto, sem comunhão com Deus. No entanto, ao voltar, ele experimentou uma ressurreição espiritual, uma restauração completa de sua relação com o Pai Celestial.
- "...tinha-se perdido, e foi achado."
- Raiz Grega:
- Perdido (apollumi): Significa estar perdido, arruinado, condenado à destruição. É usado para descrever a condição espiritual daqueles que estão separados de Deus.
- Foi achado (heurisko): Significa ser encontrado, descoberto, recuperado. Indica a alegria de encontrar algo que estava perdido.
- Comentário:
- Esta parte ressalta a realidade da perdição espiritual que todos enfrentam quando se afastam de Deus. O filho pródigo estava espiritualmente arruinado e condenado, mas ao retornar, ele foi restaurado e recuperado, trazendo grande alegria.
- "E começaram a alegrar-se."
- Raiz Grega:
- Alegrar-se (agalliao): Significa regozijar-se, estar extremamente alegre e jubilante.
- Comentário:
- Esta parte representa a resposta da família à restauração do filho. A alegria expressa é uma ilustração da alegria nos céus quando um pecador se arrepende e retorna a Deus (Lucas 15.7).
O Texto Áureo de Lucas 15.24 nos oferece uma visão profunda da redenção e restauração que Deus oferece a todos os que se voltam para Ele em arrependimento sincero. A raiz grega das palavras amplifica o significado espiritual desses eventos e nos lembra da maravilhosa graça de Deus. Essa passagem é um lembrete poderoso da alegria e celebração que ocorre no céu quando um pecador se volta para Deus.
SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
Comentário de Hubner Braz
Título da Dinâmica: "Descobrindo a Herança do Pai"
Objetivo:
Explorar a ideia de aceitação, perdão e amor incondicional do Pai Celestial, destacando a lição de que todos somos igualmente amados por Ele.
Materiais Necessários:
- Cartões com nomes de personagens bíblicos (por exemplo: Jacó, Esaú, José, Davi, Salomão, etc.)
- Papel e canetas para os participantes.
Passos:
- Introdução (5 minutos):
- Apresente o tema "Existe Filho Predileto?" e explique que a dinâmica ajudará a compreender melhor a parábola do filho pródigo.
- Faça uma breve introdução sobre a história de Jacó e Esaú, destacando a dinâmica de predileção entre os filhos.
- Distribuição dos Personagens (5 minutos):
- Distribua os cartões com nomes de personagens bíblicos entre os participantes. Cada pessoa será um personagem da história.
- Diálogo em Duplas (10 minutos):
- Peça aos participantes para formarem duplas. Cada dupla deve discutir como se sente em relação ao seu papel na história. Por exemplo, se alguém recebeu o personagem de Esaú, pode falar sobre seus sentimentos de ser "menos amado" ou "prejudicado".
- Encoraje uma conversa aberta e honesta sobre as emoções que cada personagem pode ter experimentado.
- Reflexão Individual (5 minutos):
- Distribua papel e canetas para que os participantes escrevam brevemente sobre como se sentiram ao assumir o papel de um dos personagens. Eles podem compartilhar suas reflexões ou optar por manter privado.
- Debriefing em Grupo (10 minutos):
- Conduza uma discussão em grupo para compartilhar as reflexões. Pergunte aos participantes como se sentiram ao se identificarem com os personagens e se perceberam semelhanças com a parábola do filho pródigo.
- Conclusão (5 minutos):
- Conclua a dinâmica enfatizando que, assim como o Pai Celestial ama cada um de nós de forma incondicional, Ele também ama todos os seus filhos na história da Bíblia, independentemente de suas falhas.
Observações:
- Certifique-se de criar um ambiente seguro e acolhedor para a discussão das emoções dos participantes.
- Incentive a empatia e a compreensão mútua durante a dinâmica.
- Reforce a mensagem de que todos somos igualmente amados e valiosos aos olhos de Deus.
OBJETIVOS
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Caro professor, para a lição de hoje, selecione imagens que mostrem pais e/ou mães privilegiando determinados filhos em detrimento de outros — é importante desenvolver a leitura imagética com seus alunos; uma imagem, às vezes, vale mais do que mil palavras. No decurso da aula, enfatize a importância da educação cooperativa na convivência entre irmãos, pois isto refletirá na fase adulta.
Cláudio Duarte
Palavra introdutória
Pesquisas apontam para o aspecto natural do chamado filho predileto. Porém, há de se destacar que, quando os pais demonstram predileção por um de seus rebentos, os irmãos, quase invariavelmente, experimentam invejas e ciúmes, em menor ou maior grau, pois tais emoções, por via de regra, são fortalecidas nesse ambiente. Problemas entre irmãos não são exatamente uma novidade.
Narrativas mitológicas de várias sociedades antigas trazem inúmeros casos de conflitos dessa natureza; dentre eles, destacamos: Remo e Rômulo (mito romano); Osíris e Set (mito egípcio); Thor e Loki (mito Nórdico) etc. A Bíblia, por sua vez, narra muitos casos de rivalidade fraterna, tais como: Caim e Abel; Ismael e Isaque; Esaú e Jacó; José e seus irmãos; Tamar e Amnom (filhos de Davi) etc. Seus dramas e dilemas, vivenciados no ambiente familiar, marcaram suas histórias.
Nesta lição avaliaremos, panoramicamente, alguns casos identificados no texto bíblico.
Comentário de Hubner Braz
Aspecto Natural do Filho Predileto:
- A tendência de um pai ou uma mãe ter uma inclinação especial por um dos filhos é um fenômeno que ocorre em muitas famílias, e isso não é necessariamente prejudicial. É natural que haja afinidades e conexões diferentes entre pais e filhos, o que pode levar a uma proximidade maior com um deles. No entanto, é essencial que os pais estejam atentos para não demonstrar favoritismo de forma explícita, pois isso pode causar ressentimentos entre os irmãos.
Conflitos e Rivalidades Fraternas na História:
- A narrativa bíblica está repleta de exemplos de rivalidade e conflitos entre irmãos, o que serve como um lembrete de que esses problemas não são exclusividade de uma época ou cultura específica. Desde Caim e Abel, vemos esse padrão repetido em várias famílias da Bíblia. Ismael e Isaque, Esaú e Jacó, José e seus irmãos, são apenas alguns exemplos emblemáticos.
Mitologia e Rivalidade Fraterna:
- A presença de histórias mitológicas que abordam a rivalidade entre irmãos em diversas culturas antigas indica que esse tema é uma preocupação recorrente na humanidade. Os mitos de Remo e Rômulo, Osíris e Set, Thor e Loki, servem como reflexões simbólicas sobre os desafios enfrentados por irmãos em suas relações.
Invejas e Ciúmes:
- É importante notar que a demonstração de predileção por um filho pode gerar sentimentos de inveja e ciúmes entre os irmãos. Essas emoções podem ser potencializadas pelo ambiente familiar, e é papel dos pais promover um ambiente de equidade e amor, onde cada filho se sinta valorizado e amado de maneira única.
Escritores Cristãos e a Importância da Harmonia Familiar:
- Diversos escritores cristãos têm abordado a importância da harmonia e do amor entre os membros da família. Eles destacam que a reconciliação e o perdão são elementos essenciais para superar os conflitos e rivalidades, seguindo o exemplo de Jesus Cristo em promover a unidade e a paz entre os irmãos.
Conclusão:
- Ao examinarmos as narrativas bíblicas e mitológicas, somos lembrados da universalidade dos desafios enfrentados pelas famílias em relação à rivalidade entre irmãos. A Palavra de Deus nos oferece não apenas os relatos dessas situações, mas também os princípios para lidar com elas de maneira sábia e amorosa, promovendo a paz e a unidade no seio familiar.
1. A HISTÓRIA DE DOIS IRMÃOS
Na parábola do filho pródigo, encontramos alguns elementos importantes sobre o tema relacionamento entre irmãos.Lucas 15.11-32.Antes de avançarmos, no entanto, é importante destacar que esta narrativa alegórica não se propõe a transmitir ensinamentos relacionados à criação de filhos; antes, aponta para a salvação enquanto fruto da imensurável graça divina; por essa razão, em momento algum Jesus menciona o modo como esse pai tratava seus filhos antes da partida do mais novo.
A Parábola do Filho Pródigo é assim introduzida: Um certo homem tinha dois filhos (Lc 15.11). Essa proposição foi motivada pelo embate travado entre o Mestre, os fariseus e os escribas — estes murmuravam o fato de Jesus assentar-se à mesa com publicanos e pecadores. O Salvador levou a discussão para o campo teológico, estabelecendo a diferença entre Lei e Graça: o irmão mais velho Simbolizando a mentalidade meritocrática da Antiga Aliança; e o irmão mais novo caracterizando a salvação pela graça na Nova Aliança.
Independentemente do tipo de interação estabelecida entre esses dois irmãos, o mais novo deles representa as pessoas que se voltam para Deus mediante o arrependimento; enquanto o mais velho retrata os legalistas que Mantêm um relacionamento com o Pai baseado no ciclo “devoção — recompensa” (Lc 15.29).
A despeito de o eixo principal da parábola ser a dispensação da graça, é possível analisar algumas questões presentes no texto, relativas à convivência entre irmãos: por que, afinal, vivendo debaixo de um mesmo teto, cada filho teve comportamentos tão diferentes?
1.1 O perfil do irmão mais moço
Nesta parábola de maneira inesperada, um rapaz pede ao seu pai a parte na herança que lhe cabe. Lucas 15.12; Deuteronômio 21.17. Diz o texto bíblico que, sem qualquer contra argumento, o filho tem seu pedido atendido. Tal cenário revela-nos um moço inquieto, inconformado com as restrições domésticas, ansioso e, sobretudo, inconsequente.
De fato, ele não considerava o ambiente familiar agradável; a busca por uma terra longínqua indica o seu desejo de manter certa distância do pai. No entanto, por fim, o jovem de temperamento intempestivo, a quem Jesus nomeou de mais moço, depois de agir prodigamente e perder tudo quanto recebera, quebrantou-se e reconheceu os seus equívocos. Lucas 15.17. Ele estava disposto a, dali por diante, recomeçar de onde havia parado.
Quando uma pessoa é tomada pelo engano da auto justificação e pelo ódio torna- se incapaz, mesmo fisicamente presente, de pertencer à casa paterna, de reconhecer seus verdadeiros irmãos, de alegrar-se quando a vida vence a morte e, principalmente, de reconhecer os atos graciosos do pai em seu favor.
1.2. O perfil do irmão mais velho
O coração do filho mais velho estava cheio de ódio, rancor, mágoas e frustrações. Lucas 15.29, em outras palavras, o irmão mais velho disse: Pai, não fui embora, não desobedeço às suas ordens, trabalho arduamente, e o senhor olha somente para esse seu filho ingrato? Dá tudo para ele, mas para mim nem um simples cabrito? Ele não reconhecia seus equívocos e buscava reconhecimento próprio. Diz o texto bíblico que, mesmo após a insistência do pai, ele não quis entrar em casa, reportando-se ao irmão, desdenhosamente, como esse teu filho. Esta pequena alocução permite-nos inferir que o jovem, sem fazer caso, rompeu com os vínculos paternos - e, quando alguém abandona as conexões do amor, passa a viver de aparências, assim como os fariseus e escribas da época de Jesus. Lucas 15.1.
Comentário de Hubner Braz
- A Parábola do Filho Pródigo, embora não tenha como objetivo primário ensinar sobre a criação de filhos, nos oferece uma rica reflexão sobre o relacionamento entre irmãos e a dinâmica familiar. A narrativa serve como uma alegoria para destacar a imensurável graça divina na salvação.
O Embate Teológico:
- A introdução da parábola é motivada pelo conflito entre Jesus, fariseus e escribas, que questionavam o fato de Jesus se associar a publicanos e pecadores. Jesus, então, usa a história dos dois irmãos para ilustrar a diferença entre a mentalidade meritocrática da Antiga Aliança, representada pelo irmão mais velho, e a salvação pela graça na Nova Aliança, representada pelo irmão mais novo.
Perfil do Irmão Mais Moço:
- O filho mais novo é retratado como um jovem inquieto, ansioso e inconsequente. Sua decisão de pedir a parte da herança e partir para uma terra distante revela sua insatisfação com as restrições do lar. Sua busca por independência o leva a agir de forma imprudente, resultando na perda de tudo o que recebeu. No entanto, ao reconhecer seus erros, ele demonstra que está disposto a recomeçar.
O Engano da Autojustificação:
- A atitude do filho mais novo reflete o engano da autojustificação e a incapacidade de pertencer verdadeiramente à casa paterna. Sua busca pela independência o afasta da comunhão familiar e o impede de reconhecer a graça e os atos benevolentes do pai.
Perfil do Irmão Mais Velho:
- O irmão mais velho, por sua vez, é caracterizado pelo coração cheio de ódio, rancor, mágoa e frustração. Ele se sente injustiçado ao ver o pai demonstrar graça ao irmão mais novo. Sua busca por reconhecimento próprio o impede de reconhecer seus próprios equívocos e o mantém preso à mentalidade meritocrática.
A Ruptura dos Vínculos Paternos:
- Ao se referir ao irmão de forma desdenhosa como "esse teu filho", o irmão mais velho revela a ruptura dos vínculos paternos e o distanciamento emocional. Essa atitude reflete a vivência de aparências, algo semelhante ao comportamento dos fariseus e escribas da época de Jesus.
- A Parábola do Filho Pródigo nos oferece uma poderosa reflexão sobre os relacionamentos familiares, destacando a importância de reconhecermos nossos próprios equívocos e de acolhermos a graça de Deus, que transcende qualquer mentalidade meritocrática. A narrativa nos lembra da necessidade de reconciliação e amor entre irmãos, independentemente das diferenças e conflitos que possam surgir.
SUBSÍDIO 1.2
Quando uma pessoa é tomada pelo engano da autojustificação e pelo ódio torna-se incapaz, mesmo fisicamente presente, de pertencer à casa paterna, de reconhecer seus verdadeiros irmãos, de alegrar-se quando a vida vence a morte e, principalmente, de reconhecer os atos graciosos do Pai em seu favor.
2. UMA CASA E VÁRIOS CAMINHOS
A escolha dos pais por determinado filho — seja manifesta em palavras ou atitudes — pode produzir cisões históricas, como no caso dos irmãos Ismael e Isaque e Jacó e Esaú. Nesta conhecida trama bíblica, ofensas não perdoadas na infância permaneceram ativas na juventude, foram potencializadas na fase adulta, vindo a provocar danos irreparáveis às famílias envolvidas.
Mais do que fornecer orientações práticas aos pais quanto à criação de filhos, pretendemos fazê-los compreender a importância de promover a comunhão entre os irmãos. Há muitas pessoas que, mesmo na igreja, alimentam ódios passados; deste modo, é preciso aprender a liberar o perdão histórico a quem, de algum modo, nos ofendeu, assim como Jesus o fez em relação aos samaritanos (Jo 4.1-30).
2.1. Cada um com a sua história
A história de Ismael e Isaque é emblemática, pois revela como o ódio pode nascer e crescer no contexto familiar. Vejamos a seguir.
2.1.1. Ismael e seus dilemas
O contexto do nascimento de Ismael foi marcado por aflições e conflitos. Gênesis 21.14- 21, enquanto que o de Isaque foi caracterizado por banquetes, festas e risos. Gênesis 21.1- 13. Eis os dramas de Ismael: o filho de uma serva contempla sua mãe sendo maltratada por sua senhora, Sara.
Tendo sido expulso da casa de seu pai, o rapaz viu sua mãe quase morrer no deserto. Mesmo sendo o primogênito biológico de Abraão, o jovem foi deserdado. Ismael carregou esses dilemas dentro do seu coração por toda vida.
2.1.2. Isaque e as atenções dos pais
O nascimento de Isaque foi aguardado com grande expectativa, pois ele representava a concretização de uma poderosa promessa Gênesis 12.1-13. Não é de se estranhar, deste modo, que todas as atenções de Abraão e Sara estivessem voltadas para o menino.
Na idade adulta, Isaque casou-se com Rebeca Gênesis 24.58-67. Ele herdou todos os bens de Abraão, quando este morreu. Gêneses 25.5. Do relacionamento com Rebeca, nasceram-lhe Esaú e Jacó Gênesis 25.24-26. Em função das tramoias de Jacó, Esaú tornou-se seu inimigo. Gênesis 27.
2.2. Traumas e mágoas
Gênesis 25.8,9 é a única bíblica que menciona um reencontro entre Isaque e Ismael, desde que ele fora expulso da casa de seu pai. Este é exatamente o dia do sepultamento de Abraão, ou seja, décadas após Agar, a serva, partir da casa do patriarca para o meio de um deserto com um adolescente.
Fico imaginando o filme que se passou na cabeça de Ismael e de Isaque neste dia: uma sepultura e duas histórias. As mágoas de Ismael, de certa forma, foram somadas às mágoas de Esaú - após o desentendimento com seus pais, este filho de Isaque, para aborrecer seus pais, casou-se com descendentes de Ismael. Gênesis 28.6-9. Houve, na realidade, um somatório de rancores históricos.
Comentário de Hubner Braz
- A escolha dos pais por determinado filho, mesmo que não seja explicitamente declarada, pode ter um impacto significativo nas dinâmicas familiares, como vemos nos casos dos irmãos Ismael e Isaque, e Jacó e Esaú. Essas histórias bíblicas destacam como ofensas não perdoadas na infância podem gerar conflitos duradouros, resultando em danos irreparáveis às famílias.
Base Bíblica: Gênesis 16.1-16; Gênesis 21.1-21; Gênesis 25.19-34
Promovendo a Comunhão entre Irmãos:
- A lição busca não apenas orientar os pais na criação de filhos, mas também enfatiza a importância de promover a comunhão entre irmãos. Muitas pessoas, mesmo na igreja, carregam ódios do passado, e é essencial aprender a liberar o perdão histórico, assim como Jesus fez em relação aos samaritanos (João 4.1-30).
Base Bíblica: João 4.1-30
Ismael e Isaque:
- A história de Ismael e Isaque ilustra como o ódio pode surgir e se desenvolver no seio da família. Ismael, filho de uma serva, testemunhou a opressão de sua mãe por Sara e foi eventualmente expulso da casa de seu pai, carregando esse trauma consigo ao longo da vida.
Base Bíblica: Gênesis 16.1-16; Gênesis 21.1-21
Isaque e as Atenções dos Pais:
- Isaque, por outro lado, foi recebido com grande expectativa, sendo considerado a concretização de uma promessa poderosa. Ele recebeu toda a atenção de Abraão e Sara. Na idade adulta, casou-se com Rebeca, herdou os bens de Abraão e teve dois filhos, Esaú e Jacó. Por conta de manobras de Jacó, nasceu uma rivalidade entre os irmãos.
Base Bíblica: Gênesis 24.58-67; Gênesis 25.5; Gênesis 25.24-26; Gênesis 27
Traumas e Mágoas:
- O encontro entre Isaque e Ismael, no dia do sepultamento de Abraão, representa décadas de separação e ressentimento. Imaginamos as emoções que surgiram naquele momento, com uma sepultura e duas histórias distintas. As mágoas de Ismael se somaram às de Esaú, que por descontentamento com seus pais, casou-se com descendentes de Ismael, intensificando o ciclo de ressentimentos.
Base Bíblica: Gênesis 25.8,9; Gênesis 28.6-9
- As histórias de Ismael e Isaque, assim como de Esaú e Jacó, nos lembram da importância de lidar com conflitos familiares e de buscar a reconciliação. O perdão e a liberação de ressentimentos são essenciais para manter a comunhão entre irmãos e para evitar que mágoas do passado contaminem as relações presentes e futuras. Esses relatos bíblicos nos convidam a refletir sobre a forma como lidamos com as relações familiares e a importância de promover a paz e o perdão.
Base Bíblica: Gênesis 16.1-16; Gênesis 21.1-21; Gênesis 25.19-34; João 4.1-30; Gênesis 24.58-67; Gênesis 25.5; Gênesis 25.24-26; Gênesis 27; Gênesis 25.8,9; Gênesis 28.6-9
3. CONSELHOS AOS PAIS
Muitos profissionais da educação infantil têm-se dedicado aos estudos da rivalidade fraterna (conflitos entre irmãos). Pesquisas comprovam que o relacionamento entre irmãos adultos são, na verdade, reflexo do ambiente familiar cultivado na infância; outros sinalizam, ainda, que as crianças estão mais propensas a tornarem-se vítimas de abuso por parte de um irmão do que por qualquer outro membro da família.
Independentemente dos resultados das pesquisas, sabe-se que, para estabelecer relacionamentos profundos e duradouros, é necessário haver, no mínimo, afinidade entre os envolvidos. Sendo assim, pergunto: o que os pais podem fazer tanto para evitar conflitos quanto para promover a comunhão entre seus filhos?
SUBSÍDIO 3
3.1. Invista em uma educação pautada no companheirismo
De acordo com Judith Dunn, especialista em desenvolvimento sócio emocional e sociocognitivo da criança e ex-professora de Psicologia no King's College (Londres), os irmãos competem pela atenção dos pais desde a primeira infância e, mesmo na fase adulta, esta competição tende a continuar.
Por essa razão, segundo a psicóloga, é importante desenvolver uma educação pautada no companheirismo e na cumplicidade, pois, com o passar dos anos, tal comportamento tende a consolidar-se.
3.2. Aceite seus filhos como eles são
- algumas vezes um filho passa a desfrutar de posição privilegiada dentro de casa, pelo fato de ter optado pela mesma profissão do pai, enquanto o outro que resolveu seguir uma carreira diferente é tratado com desdém. Não importam quais sejam os temperamentos dos seus filhos ou o modo como eles agem diante das grandes questões da vida; todos são, indistintamente, heranças do Senhor. Salmos 127.3,4. Deste modo, é de extrema importância que os pais fiquem atentos ao modo como tratam sua maior riqueza (Ef 6.4; Cl 3.21). Aprenda a lidar com suas características e crie condições favoráveis para que todos sejam como flechas na mão do valente, isto é, para que todos sejam lançados para uma vida vitoriosa na presença de Deus.
Comentário de Hubner Braz
3.1. Invista em uma educação pautada no companheirismo:
- A orientação de Judith Dunn ressalta a importância de promover um ambiente de cooperação entre irmãos desde a infância. O fato de irmãos competirem pela atenção dos pais é uma dinâmica comum, e é crucial que os pais incentivem a colaboração e o companheirismo entre os filhos. Essa atitude, ao longo do tempo, tende a solidificar laços fraternos.
Base Bíblica: Provérbios 27.17; Filipenses 2.3-4
3.2. Aceite seus filhos como eles são:
- Este ponto destaca a importância de os pais aceitarem e amarem seus filhos incondicionalmente, sem fazer comparações depreciativas entre eles. Cada filho é uma dádiva de Deus, e suas características individuais devem ser valorizadas. Não importa a diferença de temperamento ou escolhas de vida, todos são heranças do Senhor e merecem ser tratados com amor e respeito.
Base Bíblica: Salmos 127.3-4; Efésios 6.4; Colossenses 3.21
Conclusão:
- A orientação dada aos pais nestes conselhos é de suma importância para o cultivo de relacionamentos saudáveis entre os filhos. Investir no companheirismo desde cedo e aceitar cada filho como um presente único de Deus são princípios que promovem a união e a harmonia familiar. Ao seguir esses ensinamentos, os pais contribuem para o desenvolvimento de uma atmosfera de amor e respeito, onde cada filho é encorajado a trilhar o seu caminho na presença de Deus.
Base Bíblica: Provérbios 22.6; Efésios 6.4; Colossenses 3.21
CONCLUSÃO
Como tratar pessoas diferentes da mesma maneira? Como usar de isonomia em um contexto plural? Para estabelecer regras iguais para todos e, ao mesmo tempo, não anular as especificidades de cada indivíduo precisamos de sabedoria e discernimento. Tal capacidade é fruto da maturidade e da ação do Espírito Santo em nós. Portanto, ore em prol de cada filhos. 1 Tessalonicenses 5.17. A melhor receita continua sendo o amor, o companheirismo e a igualdade no tratamento com os filhos. O ambiente de competição deve ser substituído pelo ambiente da cooperação mútua.
Comentário de Hubner Braz
A conclusão destaca a importância de tratar cada filho de maneira justa e equitativa, reconhecendo ao mesmo tempo suas individualidades.
- Tratar pessoas diferentes da mesma maneira:
- Esse desafio é apresentado como uma busca pela isonomia, ou seja, tratar de forma justa mesmo diante da diversidade de personalidades e necessidades. A sabedoria e o discernimento são apontados como essenciais para alcançar esse equilíbrio, e são vistos como frutos da maturidade e da orientação do Espírito Santo.
- Base Bíblica: Tiago 3.17; Colossenses 1.9
- O papel da oração:
- O texto ressalta a importância da oração pelos filhos, reconhecendo que interceder por eles é uma prática que pode trazer discernimento e orientação divina para os desafios da educação e do relacionamento entre irmãos.
- Base Bíblica: 1 Tessalonicenses 5.17; Tiago 1.5
- A receita do amor, companheirismo e igualdade:
- A conclusão reitera a premissa de que o amor é a base fundamental para a convivência harmoniosa entre os filhos. Além disso, destaca a importância do companheirismo e da igualdade no tratamento, respeitando as particularidades de cada filho.
- Base Bíblica: Efésios 5.2; Filipenses 2.1-4
- Substituir competição por cooperação:
- A última parte enfatiza a necessidade de substituir a dinâmica competitiva entre os irmãos por uma abordagem de cooperação mútua. Isso implica encorajar o apoio e a colaboração entre eles, em vez de alimentar rivalidades e comparações.
- Base Bíblica: Filipenses 2.3; 1 Coríntios 12.25-26
A conclusão destaca a centralidade do amor, do companheirismo e da igualdade, oferecendo uma perspectiva bíblica valiosa sobre como os pais podem promover relações saudáveis e edificantes entre os filhos.
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Cite algumas diferenças entre o nascimento de Ismael e Isaque:
R.: O contexto do nascimento de Ismael foi marcado por aflições e conflitos (Gn 21.14- 21), enquanto o de Isaque foi caracterizado por banquetes, festas e risos (Gn 21.1-13).
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